Os Lusiadas, A Mensagem, Felizmenta Há Luar

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TRÊS ÉPOCAS, TRÊS AUTORES, TRÊS OBRAS LITERÁRIAS Segunda metade do século XVI Primeiras décadas do século XX Anos 60-70 do século XX OS LUSÍADAS (1572), Luís de Camões Expressar artisticamente a euforia do Renascimento: elogio a um povo arrojado – que enfrentou perigos reais, medos e lendas – e foi protagonista de feitos grandiosos… MENSAGEM (1934), Fernando Pessoa Promover a regeneração de Portugal e a recuperação da nossa identidade perdida. FELIZMENTE HÁ LUAR! (1961), Luís de Sttau Monteiro Fazer com que, através da distanciação histórica, o leitor (ou o público) tome consciência das realidades do mundo e desenvolva uma atitude socialmente empenhada. TEXTO ÉPICO / EPOPEIA TEXTO ÉPICO- LÍRICO TEATRO ÉPICO S I T U A Ç Ã O S O C I A L Segunda metade do século XVI Primeiras décadas do século XX - A expansão marítima continua, mas há sinais que apontam para a decadência do império português. - Em 1560, é implantado o Tribunal da Inquisição. - Portugal perde a independência (1580) e o domínio dos mares. - Os motivos que levam à ruína económica e social são: o grave endividamento externo; a ostentação e o luxo excessivos; a corrupção e a perda de valores morais. O que resta do nosso império de outrora continua a desmoronar-se. Desde 1890, com o Ultimato inglês, os movimentos republicanos contestam abertamente o regime monárquico. A população está descontente porque a economia afunda-se e o país está perto da bancarrota. Em 1908, o rei D. Carlos I e o príncipe herdeiro são assassinados pela Carbonária (braço armado da Maçonaria). Em 5 de outubro de 1910, é implantada a Iª República. Em 1914, Portugal entra na Iª Guerra Mundial, ao lado dos Aliados, para garantir a posse das colónias ultramarinas. Em 1926, devido à grave instabilidade político e ao atraso económico, houve um golpe de estado e foi instaurada uma ditadura

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Português 12ªAno , Obras de Estudo

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TRS POCAS, TRS AUTORES, TRS OBRAS LITERRIAS

Segunda metade do sculo XVIPrimeiras dcadas do sculo XXAnos 60-70 do sculo XX

OS LUSADAS (1572), Lus de Cames

Expressar artisticamente a euforia do Renascimento: elogio a um povo arrojado que enfrentou perigos reais, medos e lendas e foi protagonista de feitos grandiosos

MENSAGEM (1934), Fernando Pessoa

Promover a regenerao de Portugal e a recuperao da nossa identidade perdida.FELIZMENTE H LUAR! (1961), Lus de Sttau Monteiro

Fazer com que, atravs da distanciao histrica, o leitor (ou o pblico) tome conscincia das realidades do mundo e desenvolva uma atitude socialmente empenhada.

TEXTO PICO / EPOPEIATEXTO PICO- LRICOTEATRO PICO

SITUAO SOCIALSegunda metade do sculo XVIPrimeiras dcadas do sculo XX

- A expanso martima continua, mas h sinais que apontam para a decadncia do imprio portugus.

- Em 1560, implantado o Tribunal da Inquisio.

- Portugal perde a independncia (1580) e o domnio dos mares.

- Os motivos que levam runa econmica e social so: o grave endividamento externo; a ostentao e o luxo excessivos; a corrupo e a perda de valores morais. O que resta do nosso imprio de outrora continua a desmoronar-se. Desde 1890, com o Ultimato ingls, os movimentos republicanos contestam abertamente o regime monrquico. A populao est descontente porque a economia afunda-se e o pas est perto da bancarrota. Em 1908, o rei D. Carlos I e o prncipe herdeiro so assassinados pela Carbonria (brao armado da Maonaria). Em 5 de outubro de 1910, implantada a I Repblica. Em 1914, Portugal entra na I Guerra Mundial, ao lado dos Aliados, para garantir a posse das colnias ultramarinas. Em 1926, devido grave instabilidade poltico e ao atraso econmico, houve um golpe de estado e foi instaurada uma ditadura militar. Terminava, assim, a I Repblica (1910-1926).

SITUAO

CULTURAL

OBRAS

LITERRIAS- poca brilhante a nvel do desenvolvimento da lngua portuguesa, da literatura, da cincia e da cultura em geral

- Uma trilogia a recordar:O HUMANISMO filosofia que defende a dignidade do ser humano, valorizando as suas capacidades (Humanitas, atis = o amor pelos nossos semelhantes).

O RENASCIMENTO (1480-1580) poca histrica que se caracteriza pela revalorizao da cultura da Antiguidade Clssica. A nova mentalidade est centrada, no homem, na vida, no conhecimento, na experincia e na razo.

O CLASSICISMO perodo artstico e literrio que recupera modelos, temas, normas e elementos relacionados com os autores gregos e romanos. Os grandes valores que norteiam a arte so os seguintes: harmonia, equilbrio, serenidade, simplicidade e proporo.- poca marcada por um extraordinrio desenvolvimento cultural: difuso de muitos jornais e revistas; edio de livros baratos e sua divulgao; fundao de universidades populares; reforma de arquivos e bibliotecas - A nvel do sistema oficial de ensino, escasseia o dinheiro para abrir escolas e recrutar professores.

- Um movimento esttico a relembrar: o MODERNISMO.

. Este perodo abrangeu as primeiras dcadas do sculo XX. . Os escritores e artistas contestavam os valores estticos estabelecidos pela tradio e procuravam libertar-se de todas as regras e convenes. . Manifestavam tambm uma forte confiana no progresso, nas potencialidades das mquinas e nas invenes tecnolgicas.

OS LUSADAS (1572), Lus de Cames

EPOPEIA / TEXTO PICO: Narrativa em verso cuja intriga principal contada in medias res. Apresenta, ao nvel da estrutura e do estilo, caractersticas clssicas. Referncia a feitos grandiosos dignos de serem cantados em poesia. Tom grandioso e hiperblico. Imitao de modelos greco-romanos. Interveno divina para mitificao dos heris. Reflexes do poeta em tom didtico. Sebastianismo inicial exaltao do jovem rei D. Sebastio, a quem a obra dedicada e para quem se anuncia um destino glorioso. Assunto: louvar o povo portugus (o heri coletivo), os lusadas (termo da autoria do eborense Andr de Resende); celebrar a Histria de Portugal (entrelaada no plano da viagem de Vasco da Gama) e a memria do nosso passado glorioso. Finalidade: louvar e celebrar todos os heris que engrandeceram Portugal; refletir sobre comportamentos ticos; criticar condutas reprovveis. Recompensa: acesso dos heris Ilha dos Amores, prmio simblico da heroicidade conquistada.MENSAGEM (1934), Fernando Pessoa

TEXTO PICO- LRICO: Tem uma dimenso pica porque, partindo de uma base histrica, exalta heris (individuais; simblicos) e acontecimentos da Histria ptria. Mas um relato fragmentrio, sem continuidade. Tem um carter mais interpretativo que narrativo. Pessoa escolhe apenas alguns heris os que funcionam como smbolos (mitos) de um imprio que desapareceu. O poeta constata a destruio do nosso imprio de outrora e, exprimindo estados de esprito que vo da ansiedade esperana, manifesta o desejo de que o pas renasa das cinzas. A dimenso lrica est presente quando o poeta revela a sua emotividade sonhadora, sentimental e mticaem suma, a sua subjetividade. Recupera o mito sebastianista a partir do mistrio da morte do rei D. Sebastio e da incerteza sobre o seu paradeiro ou destino e a profecia de um futuro de esperana: a construo de um imprio espiritual e cultural. Assunto: descobrir a essncia e a identidade de um pas chamado Portugal; glorificar a sua misso futura. Finalidade: provocar em ns uma tomada de conscincia e suscitar o nimo, o sonho, a esperana, a utopia, o mito Recompensa: o acesso Verdade (o herosmo leva a uma recompensa do domnio espiritual).

Algumas semelhanas entre OS LUSADAS e MENSAGEM Poemas sobre Portugal e os portugueses. D. Sebastio visto como ser eleito. Exaltao pica da ao humana. Destaque da superioridade dos marinheiros portugueses face aos da Antiguidade. Elogio do sacrifcio em nome da ptria.

ANOS 60-70 DO SCULO XXO ESTADO NOVO(Portugal passou metade do sculo XX em ditadura.)L FORA

SITUAO POLTICA, ECONMICA, SOCIAL E CULTURAL(Ditadura: 1926-1974)

Estabilidade poltica e econmica conseguida com medidas repressivas e ditatoriais desencadeadas pela governao de Antnio de Oliveira Salazar. Falta de liberdade e de respeito pelos direitos fundamentais dos cidados. Oposio e combate contra o regime totalitrio por parte de alguns setores da sociedade (intelectuais, polticos exilados). Represso (priso, tortura e morte) sobre os que se opunham ao governo exercida pela polcia poltica (PIDE). Existncia de censura prvia sobre todo o tipo de publicao, emisso de rdio, televiso ou espetculo. Os censores utilizavam o clebre lpis azul para alterar, riscar ou proibir a publicao de textos ou obras. Desigualdades sociais muito fortes. Percentagem muito elevada de analfabetismo. Incio da guerra colonial (ndia; Angola, Moambique, Guin).

1961 Yuri Gagarine, austronauta russo, realiza a primeira viagem espacial.

1961 A plula contracetiva lanada em massa no mercado.

1962 A Alemanha Oriental fecha a fronteira que divide Berlim e constri o Muro de Berlim, conhecido como a cortina de ferro.

1963 John F. Kennedy assassinado, em Dallas.

1963 O disco dos Beatles Please please me atinge o topo das vendas.

1966 Na China, Mao Ts-Tung inicia a Revoluo Cultural.

1968 Em Frana, inicia-se uma revolta estudantil de grandes repercusses (maio de 68).

1968 As reformas polticas iniciadas na antiga Checoslovquia so violentamente abafadas.

1968 Marcelo Caetano substitui Salazar no cargo de Presidente do Conselho de Ministros.

1969 A Apolo 11 pousa na Lua.1970 Morre Antnio de Oliveira Salazar.1974 Revoluo do 25 de Abril.1975 Inicia-se o processo de independncia das antigas colnias portuguesas de frica.1975 Bill Gates cria a Microsoft. 1977 Morre o general Franco e Juan Carlos I sobe ao trono, restabelecendo a monarquia em Espanha.

O TEATRO PICO

Muito do teatro escrito e representado na Europa na poca em que Sttau Monteiro escreveu esta pea teatro a que o autor assistiu quando viveu no estrangeiro reflete a influncia do dramaturgo alemo Berthold Brecht (1898-1956) e do chamado teatro pico ou no aristotlico.

Pela natureza do texto e da interpretao, este tipo de teatro no uma simples forma de entretenimento tem uma finalidade pedaggica O teatro pico brechtiano serve-se do chamado efeito de distanciao entre o palco e a plateia, levando o espetador a reagir de forma crtica e no emocional. O objetivo do dramaturgo despertar a conscincia crtica do leitor ou do auditrio, provocando nele uma reflexo sobre o presente a pretexto de acontecimentos do passado. A obra Felizmente H Luar!, de Lus de Sttau Monteiro, joga com o paralelismo entre duas pocas: - o passado representado na pea (1817);- o presente em que a obra foi escrita (1961). O autor parte, portanto, de acontecimentos histricos recuados no tempo para denunciar situaes de opresso e de violncia da realidade presente.