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Os Lusíadas, Consílio dos deuses no Olimpo Profª Maria Rodrigues

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Os Lusíadas,

Consílio dos deuses

no Olimpo Profª Maria Rodrigues

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Bibliografia: • Manual (Para)textos 9, Porto Editora

• Os Lusíadas – Luís de Camões, Org. do texto e notas de Amélia Pinto Pais, Areal Editores

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Início da narração “in media res”

1143 – Independência de Portugal. 1497 – Partida a armada de Vasco da Gama rumo à Índia 1498 – Chegada à Índia 1499 – Chegada a Lisboa 1572- Publicação de Os Lusíadas.

Estância 19, Canto I – Início da Narração (in media res**) A narração da viagem de Vasco da Gama (ação principal) começa quando, no plano da viagem, a frota já se encontra a navegar em alto mar, e no plano mitológico os deuses se preparam para reunir... “ Já no largo Oceano navegavam” (19, v.1)/ Quando os deuses no Olimpo luminoso,” (20,v.1)- ação no presente em simultâneo

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Plano da Viagem

Na estância 19, os navegadores / Portugueses avançavam no Oceano Índico, aspeto realçado pela utilização das formas verbais “navegavam”; “apartando”, “respiravam”, “inchando”, “mostravam” e “cortando”. A ideia de continuidade é, assim, transmitida pelo uso do pretérito imperfeito e do gerúndio.

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Episódio do Consílio dos Deuses no Olimpo

Estrutura: a) Introdução: narração do modo como os deuses foram convocados,

como se deslocaram e como chegaram ao Olimpo. b) Descrição dos participantes no consílio. c) Intervenção de Júpiter. d) Narração da tomada de posições relativamente ao discurso de

Júpiter. e) Caracterização de Marte. f) Intervenção de Marte. g) Decisão final de Júpiter. Indica as estâncias a que correspondem cada um dos momentos.

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Consílio dos deuses – Educação Literária /Leitura (p. 136-137)

2.2 Júpiter solicita a Mercúrio, o mensageiro dos deuses, que convoque os

deuses. As divindades vêm de todo o cosmos, para, em conselho, decidirem

se os nautas portugueses devem chegar à Índia.

3.1 A omnipotência dos deuses olímpicos é transmitida, sobretudo, por dois

recursos: a adjetivação expressiva e a comparação hiperbólica. A primeira

está presente em expressões como “Olimpo luminoso”; “consílio glorioso”,

cristalino Céu fermoso”, “Alto poder”...

A segunda está presente nos versos “ Com hua coroa e ceptro rutilante/ De

outra pedra mais clara que diamante”.

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4.2 Júpiter dirige-se aos deuses do Olimpo ( “Eternos moradores do Luzente/

Estelífero Polo e claro Assento”)

4.3. De acordo com Júpiter, estava traçado pelo destino que os Portugueses

deveriam chegar à Índia, construindo um grande império, que destronaria em

mérito e fama os quatro grandes impérios do mundo.

4.4 Júpiter, no seu discurso, refere que, no passado, os Portugueses ganharam

fama “com Viriato, na inimiga/ Guerra Romana” e com Sertório, “que ,

peregrino, / Fingiu na cerva espírito divino”. No presente, os lusos,

“cometendo/ o duvidoso mar num lenho leve”arriscam-se “ Por vias nuncas

usadas, não temendo / De Áfrico e Noto a força”, de modo a chegar ao Oriente

(“A ver os berços onde nasce o dia”).

Vida e obra de Luís de Camões

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4.5 O pai dos deuses profetiza que está predestinado ao povo Português o

domínio do oceano Índico e a chegada à “nova terra que deseja”, depois de tão

dura viagem.

4.6 Júpiter determina que, considerando o valor dos Portugueses e os perigos e

adversidades que enfrentaram até àquele momento, os nautas merecem ser

bem recebidos na costa africana antes de prosseguirem viagem até à Índia.

Vida e obra de Luís de Camões

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5.1

Interveniente Posição (adjuvante / oponente)

Argumentos e /ou razões

Baco oponente •Teme que, no Oriente, os seus feitos sejam esquecidos

Vénus

adjuvante

•Os Portugueses são parecidos com o povo romano; •O povo luso cultiva o amor pelo próximo e pelas boas causas; •A língua portuguesa deriva do latim; •A deusa Vénus seria celebrada onde os portugueses chegassem.

Marte adjuvante •A argumentação de Baco é suspeita, já que está de “estâmago danado”; •Acha que estes merecem o seu apoio e toma o partido de Vénus

Decisão final de Júpiter: apoiar os Portugueses

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6. Face à intervenção de Vénus, intensifica-se o tumulto entre os deuses

6.1. Trata-se da estância 35.

6.2.1. O primeiro termo de comparação é introduzido por “Qual” (v.1) e o segundo “Tal” (v. 7)

6.2.2 O poeta compara o tumulto que se gera entre os deuses do Olimpo a uma forte

tempestade, realçando a fúria dos ventos, a movimentação do arvoredo e os sons

tempestuosos.

6.2.3.1. O recurso expressivo é a aliteração (repetição de sons consonânticos).

7.1

a) Perífrase;

b) Enumeração;

c) Antítese e dupla adjetivação;

d) Sinédoque;

e) Anáfora

(Cf. Recursos Expressivos - página 91)

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8.1 A estância é uma oitava. O esquema rimático é ABABABCC ( a rima é cruzada nos seis

primeiros versos e emparelhada nos dois últimos).

8.2 Escansão dos versos:

a. “Es/te/lí/fe/ro /Po/lo e/ cla/ro A/ssen (to)”;

b. “ Co/mo é /dos/ Fa/dos/ gran/des/ cer/to in/ten(to)”;

c. “De A/ssí/rios/, Per/sas/, Gre/gos /e /Ro/ma(nos)”.

8.2.1 Os versos são decassilábicos.

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ESTRUTURA EXTERNA

• 10 Cantos Correspondem a 10 partes, do Canto I ao Canto X. • Estrofes A estrofe em Os Lusíadas recebe o nome de estância. Os Lusíadas são compostos por 1102 estrofes. Cada estrofe é uma oitava, isto é, tem oito versos. • Versos Cada verso tem dez sílabas métricas - decassílabos, predominando o decassílabo heróico (acentos na 6.ª e 10.ª sílabas). Ex.: As / ar /mas / e os / ba / rões / a / ssi / na / la / dos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

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Glorificação dos Portugueses no episódio

Este episódio glorifica e engrandece os feitos dos Portugueses, desde logo porque o próprio Júpiter elogia a coragem e a ousadia do povo luso.

Por outro lado, a referência às descobertas e aos sofrimentos e dificuldades enfrentados engrandece também os Portugueses, tendo em conta o facto de o consílio se realizar unicamente para tomar uma decisão sobre o apoio a dar aos navegadores que procuram chegar à Índia.

Os próprios receios e oposição de Baco engrandecem o feito, já que uns simples humanos conseguem provocar o temor e a inveja de um deus.