Os maias capítulo xviii ficha manual

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OS MAIAS CAPÍTULO XVIII

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OS MAIAS

CAPÍTULO XVIII

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FICHA DE TRABALHO

Plural 11 (pp. 223-224)

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1.

• A estátua de Camões simboliza a grandeza passada,

o tempo de descobertas, conquistas e de edificação

de um império e de uma cultura pujantes. Sendo

caracterizada como «triste», realça-se a distância

que vai desse passado glorioso para o presente

decadente, em que a toda a grandeza se perdeu.

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2.

• A repetição do determinante «mesmo» acentua a

ideia de imobilidade, de estagnação:

– «A mesma sentinela sonolenta» (l. 2);

– «Os mesmos reposteiros vermelhos» (l. 3);

– «o mesmo ar mudo e deserto» (O Hotel Aliança) (ll. 4-5);

– «às mesmas portas» (l. 14);

– «das mesmas ombreiras» (ll. 16-17).

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2.1.

• Outras repetições ou construções anafóricas com a

mesma intencionalidade:

– «Nada mudara.» (l. 2);

– «conservava» (l. 4);

– «reconhecia […] sujeitos que lá deixara havia dez anos, já assim encostados, já assim melancólicos.» (ll. 14-15);

– «lá estacionavam ainda» (l. 16).

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3.**

• Os dois grupos de vadios distinguem-se sobretudo

pela roupa, e só em parte pela ocupação e pela

localização:

– «A uma esquina, vadios em farrapos fumavam» (l. 7);

– «e na esquina defronte, na Havaneza, fumavam outros

vadios, de sobrecasaca, politicando.» (l. 8).

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3.**

• O que traça a linha de separação dos dois tipos de vadios é a condição social, expressa pela aparência e pela associação a uma atividade e a um espaço só em parte diferenciados.

• Tanto os vadios pobres como os ricos são taxados de inúteis, mas os mais afortunados mascaram-se (com uma vestimenta luxuosa) e fingem-se empenhados em missões importantes (a política), sendo, por isso, ainda mais depreciados.

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4.****

• Notações de cor e de luz:

– «um obelisco, com borrões de bronze no pedestal» (l. 20);

– «erguia um traço cor de açúcar na vibração fina da luz de

inverno» (ll. 20-21);

– «os largos globos dos candeeiros que o cercavam, batidos do

sol, brilhavam, transparentes e rutilantes, como grandes bolas

de sabão suspensas no ar.» (ll. 21-23);

– «os pesados prédios […], repintados de fresco, com vasos nas

cornijas onde negrejavam piteiras de zinco e pátios de pedra,

quadrilhados a branco e preto» (ll. 23-25).

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4.****

• A referência ao arbusto (não se encontra nas linhas

citadas):

– «Aqui e além um arbusto encolhia na aragem a sua

folhagem pálida e rara.»

• A adjetivação disfórica:

– «hirtos renques de casas ajanotadas» (l. 26);

– «no catitismo domingueiro» (l. 28).

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4.****

• A impressão global deixada pela última frase (trata-

se da última frase do parágrafo, que não se encontra

no texto):

– «E ao fundo a colina verde, salpicada de árvores, os

terrenos de Vale de Pereiro, punham um brusco remate

campestre àquele curto rompante de luxo barato — que

partira para transformar a velha cidade, e estacara logo,

com o fôlego curto, entre montões de cascalho.»

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4.****

• Globalmente, a descrição aponta para uma imagem

ao mesmo tempo mesquinha e pretensiosa das

inovações arquitetónicas do Passeio Público («luxo barato», «catitismo domingueiro», «casas ajanotadas»), de gosto duvidoso e aspeto inacabado

(«curto rompante», «fôlego curto»), desenquadrado

da natureza, que parece mirrada e sem vida.

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5.

• Este passeio do Loreto aos Restauradores torna

patente, às personagens e ao leitor, o estado de

estagnação social e política e a anemia cultural que

vigoravam em Portugal nas últimas décadas de

oitocentos.

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FICHA DE TRABALHO

Plural 11 (pp. 224-225)

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A VISITA AO RAMALHETE

• Trata-se de uma visita com uma carga afetiva e

simbólica significativa.

• Alencar descreve-a como «romagem sagrada» (p.

696).

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1./2.*****

• Vocábulos/expressões/frases associados à morte que se desprende dos objetos:

– «caixões» (l. 7);

– «a mancha lívida de uma caveira» (ll. 10-11);

– «embrulhados em lençóis brancos, como amortalhados, exalando um cheiro de múmia a terebentina e cânfora.» (ll. 12-14);

– «a memória ainda mais triste […] de Afonso da Maia» (l. 19),

– «os móveis desapareciam sob os largos sudários brancos» (l. 37-38).

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1./2.*****

• Vocábulos/expressões/frases associados à morte ou à passagem do tempo na natureza:– «morria um resto de sol» (l. 32);

– «o jardim […] na sua nudez de inverno» (l. 41);

– «uma ferrugem verde, de humidade» (l. 42);

– «o cipreste e o cedro envelheciam juntos, como dois amigos num ermo» (ll. 43-44),

– «e mais lento corria o prantozinho da cascata, esfiado saudosamente» (ll. 44-45);

– «um raio de sol morria, lentamente sumido, esvaído na primeira cinza do crepúsculo» (ll. 50-51).

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1./2.*****

• Sensação tátil do frio, associada à morte:

– «Uma friagem regelava.» (l. 11);

– «o jardim […] limpo e frio» (l. 41);

– «o moinho parara, transido na larga friagem do ar» (ll. 49-

50)

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1./2.*****

• As comparações religiosas:

– «os bancos feudais de carvalho lavrado, solenes como coros de catedral» (ll. 1-2);

– «os seus passos soaram como num claustro abandonado» (ll. 8-9);

– «Nos quadros devotos, de um tom mais negro, destacava aqui e além, sob a luz escassa, um ombro descarnado de eremita» (ll. 9-10);

– «Ega apressou aquela peregrinação» (l. 17);

– «tinha a melancolia de um retiro esquecido» (ll. 41-42).

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1./2.*****

• Sentimentos e sensações associados à separação e

à morte:

– «entristecia» (l. 3);

– «mais triste» (l. 19);

– «estrangulados» (ll. 28-29);

– «névoa de lágrimas» (l. 29);

– «melancolia» (l. 41);

– «saudosamente» (ll. 44-45).

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2.

• Outras referências textuais associadas ao

desmoronar da família:

– A condessa de Runa que aparenta «dar um passo, sair do

caixilho» para «consumar a dispersão da sua raça» (ll. 14-

16);

– As tristes memórias evocadas no escritório de Afonso da

Maia.

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3.

• A cor branca está associada aos lençóis que parecem «amortalhar» o mobiliário, dando-lhes um ar de defuntos;

• Os «quadros devotos», povoados de figuras religiosas e símbolos de morte, predominam em tons escuros, contrastados apenas pelo livor da caveira (ll. 9-11);

• A luz decadente do dia (o resto de sol que morre e a «cinza do crepúsculo» — l. 51) evoca a ideia de fim;

• O verde da ferrugem que cobre a estátua assinala a humidade e a degradação dos materiais.

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4.

• A crise de espirros provocada pela pimenta serve de

contraponto cómico ao dramatismo da situação.

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FICHA DE TRABALHO

Plural 11 (pp. 225-227)

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1.

• O excerto corresponde ao final do

romance.

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2.

• Carlos considera que fracassar é inevitável, pois,

o que quer que se faça, a vida nunca

corresponde ao que dela se espera, os nossos

projetos e sonhos jamais se concretizam

exatamente como os tínhamos imaginado.

• Registe-se que esse fatalismo não tem,

necessariamente, um cariz negativo, pois admite-

se que esse lado inesperado da vida possa ter

uma face risonha, promissora.

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3.1.

• Concorrem para a ideia de decadência os seguintes

recursos estilísticos:

– Adjetivação: «frio e melancólico» (l. 7); «com um ar baço

de ferrugem, a panóplia de velhas armas» (l. 9); «sombrio

casarão […] mudo, para sempre desabitado» (ll. 10, 12-

13).

– Personificação: casarão «mudo»;

– Metáfora: «cobrindo-se já de tons de ruína».

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3.2.

• A decadência da casa espelha perfeitamente as

ideias transmitidas pelas personagens, que

recordam um tempo passado, povoado de figuras

que morreram, envelheceram, se afastaram ou se

transformaram, em muitos casos para pior.

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4.1.

• O desfasamento evidenciado por Carlos da Maia prende-se com a diferença entre o tempo cronológico e o tempo psicológico. Os anos que passaram foram poucos, mas a intensidade das vivências, dos sentimentos, o investimento subjetivo naquele período da sua existência fizeram com que o protagonista os sentisse como muito mais duradoiros e preciosos que o resto da sua vida.

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4.2.

• — Não me admiro. Só aqui, no Ramalhete,

viveste realmente daquilo que dá sabor e relevo

à vida — a paixão.

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5.

• Ser romântico, no entender de ambos, equivalia a

ser insensato, dominado pelos sentimentos, pelos

impulsos, não pela razão.

• Inversamente, ser racional implicava viver sem emoções, orientando-se por uma lógica inflexível e

constrangedora, que tornava a existência «sem sabor».

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6.

• Considerando, como o faz Carlos, que o percurso

das nossas vidas é sempre frustrante relativamente

às expectativas que temos, na verdade, mais vale

não termos esperanças, aceitarmos tudo com

tranquilidade, refrear os apetites, não ter

contrariedades e esforçarmo-nos o mínimo.

Page 32: Os maias capítulo xviii ficha manual

7.

• Depois de terem chegado à conclusão de que a felicidade consistia em nada desejar, em não ter apetites, em não fazer nenhum esforço para alcançar coisa alguma, lembram-se, de repente, de que estavam cheios de apetite, contrariados pelo «paiozinho» de que Carlos se esquecera, desejando sentar-se à mesa rapidamente, não hesitando em apressar o passo, em fazer todos os esforços para alcançar o americano e chegar ao Bragança a horas do jantar.

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7.1.

• O último episódio da obra resume e explicita a

incoerência marcante no percurso dos dois amigos:

realistas que na verdade eram românticos, fatalistas

que afinal eram rebeldes e foram vivendo a vida na

alegre discordância entre a teoria e a prática,

gozando dos prazeres que a riqueza lhes

proporcionava.

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7.1.

• Assim, Os Maias, para lá da oposição entre

romantismo e realismo, entre filosofias de vida

díspares, entre tragédia e comédia (ou farsa),

acabam por transmitir-nos a ideia de que a vida e a

obra estão para lá dos (pre)conceitos que delas

temos.

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8.

• A ironia resulta do contraste entre as palavras e os

movimentos das personagens, como se pode ver no

quadro em baixo:

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A IRONIA

resultante da contradição entre

A TEORIA A PRÁTICA

«Não se abandonar a uma esperança […]» (p. 715)«E foi em Carlos e em João da Ega uma esperança […]» (p.

716)

(Não se abandonar) «a um desapontamento […] deixar […] o

Eu ir-se deteriorando e decompondo […]» (p. 715)

«Que ferro!» (p. 715)

«Que raiva ter esquecido o paiozinho!» (p. 716)

«Sobretudo não ter apetites […]» (p. 715)«E eu que vinha desde Paris com este apetite!» (pp. 715-

716)

«E, mais que tudo, não ter contrariedades.» (p. 715) «Carlos teve um largo gesto de contrariedade» (p. 715)

A «inutilidade de todo o esforço» (p. 715)

«Com efeito, não vale a pena fazer um esforço […]» (p. 716)

«E foi em Carlos e em João da Ega […] outro esforço» (p.

716)

«Não valia a pena dar um passo […]» (p. 715)

«[…] eu não apressava o passo…» (p. 715)

«Não saía deste passinho lento, prudente, correto, que é o

único que se deve ter na vida.» (p. 715)

«E ambos retardaram o passo […]» (p. 715)

«Os dois amigos lançaram o passo, largamente.» (p. 716)

«Ega, ao lado, ajuntava, ofegante, atirando as pernas

magras» (p. 716)

«[…] os dois amigos romperam a correr desesperadamente

[…]» (p. 716)