Os mitos do pecado sujo

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Os Mitos do Pecado Sujo Poesias, Prosas e Demências Primeira Edição Por Julio Cezar Dosan

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Page 1: Os mitos do pecado sujo

Os Mitos do Pecado Sujo Poesias, Prosas e Demências

Primeira Edição

Por Julio Cezar Dosan

Page 2: Os mitos do pecado sujo

Apresentação

Por favor,eu sei que vocês estão se divertindo, mas me parem

agora! Me parem porque não quero ir mais alem! Não sei

distinguir o falso do real!

A fronteira e os preceitos me são totalmente desconhecidos, me

parem, pois quero ficar só para ver o sol nascer... Não sou

decadente e nem comum, e esta desgraça de olhar maldades e

devaneios me assusta!

Eu me encolho nas cobertas. Penso em delírios risonho e faceiro,

esperando insano pelo jantar. Arrependimentos? Talvez eu até os

tenha.

Há, sim, eu lhe furei a burca do olho esquerdo com uma colher.

Foi tão fascinante aparar o sangue quente com a boca! Ele

gritava e eu me deliciava em gargalhadas com seu desespero...

Éramos apenas crianças. Apanhei muito de meu pai por conta

deste feito. O menino cresceu e hoje carrega uma burca de vidro

no olho esquerdo. Soube que ele tem pesadelos comigo, o insano

que devorou seu olho enquanto ria banhado em sangue. Acho que

neste momento eu toquei o inferno.

Mas por favor, eu lhes imploro que me parem agora... Não posso

ir mais longe que isto! Não quero ir mais longe porque sei que o

próximo passo é um abismo, e diferente de Aristeu, eu não sei

despencar...

E ontem eu sonhei que era livre. Sonhei que um anjo branco me

soprou a face e o macabro despencou de mim.

Eu sou só um cara comum de pensamentos estranhos. A febre diz

por mim, e por Deus, ela mente. Eu só preciso mesmo de uma

xícara de café e do por do sol.

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A Queda Do Herói

Sou um herói solto no vazio do tempo Sou seguro de minhas proezas mas pouco sei

Pouco sei das intenções alheias Do inimigo que cobiça minha queda

Sou só o herói que despenca O pesadelo amargo

Que atormenta o alheio na escuridão da noite

Eu sou morto o caído Eu sou

Sou o cara derrotado

Que insiste em respirar Eu sou

Sou o atrevido, severo em audácias Eu sou

Nada importa quando se tem o céu Quando tudo a sua volta explode

Quando você não pode voltar atrás

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Nada importa Sou apenas o morto caído O herói abatido pela gana

O derrotado O herói finalmente vencido

Eu sou Eu sou apenas a esperança que brilhou

Que se acendeu o quanto pode A esperança que de súbito se apagou

Eu sou e fui Eu fui

Fui e ninguém viu

Tombei sem capa e sem glórias Sem os poderes Sem ninguém

Derrotado Fatalmente vencido pela gana alheia

Eu resgatei a princesa das garras do vilão

Mas agora fui abatido Do que importa?

Não mais importa Sou o morto caído

O esquecido na memória dos cultuados Dos que me apedrejaram

Dos que me venceram Eu fui

Simplesmente fui Eu sou

E agora entendo

Eu agora sou O morto caído

Um morto caído

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Bons Frutos

É sempre assim

Dias de sol e de chuva

Pessoas que vem e vão

Arvores que caem

Arvores que dão frutos Pessoas que as colhem

Pessoas comuns Com problemas e planos

Desejos secretos Distantes e firmes

Nos braços do Divino

Na ânsia do desenvolver

É tão sempre assim

Tudo comum e pacato

Os carros na rua

As pessoas nas calçadas Os frutos das arvores

Alguns vingam

Outros apodrecem antes de cair

Vivemos um dia pelo outro

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Nascemos, crescemos e amamos Somos cobertos com nossas razões

Nossas convicções Nossa fé

Comemos do fruto

Nos lembramos do sagrado

Cortamos a arvore

Palitamos com ela nossos dentes E caminhamos nas calçadas

Sempre será assim

A vida imposta

A vida planejada

A vida mal vivida

A nova arvore plantada

Os frutos podres Uma nova colheita

Outro homem comum

Nossos filhos e netos Outros carros nas avenidas Outras pessoas nas calçadas

Nossos nomes esquecidos Ecoando em uma lapide

Nunca mais serão lidos E os olhos de passagem

Irão simplesmente ignora-los

Somos tal qual os frutos Vigorosos e fortes

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Apodrecemos às vezes ainda na arvore

E despencamos, no esquecimento

Nossas lembranças apagadas Nossos nomes como os de nossos ancestrais

Outras arvores crescendo

Outros frutos Podres ou saldáveis Dizem ser o ciclo

Não é É apenas o fim que insiste em recomeçar

Documentado em uma lapide velha

Do pó ao pó

E os carros ainda passam

As calçadas são restauradas E as arvores

Elas ainda dão bons frutos Tudo em nome do recomeço

Tudo em nome da fé

Tem que ter fé

Fé, certeza e bom animo

Sempre em frente

Lapidando nossas próprias lapides Comendo dos frutos bons

Torcendo para não cairmos no esquecimento

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Inconveniente Pesar

Essa noite eu vou viver a vida

Vou mostrar ao mundo á que vim

Subirei no palco da vida e gritarei bem alto

“Eu nasci pra te fazer feliz”

Eu sou o sujeito meticuloso

Que mente e engana

Eu sou a verdade da serpente

Sou a maldade trajada em desafio

Eu sou o pó do pó

Eu renasci e voltei

Eu voltei para gritar

Grito que esta tudo errado

E que nada é melhor que eu

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Eu sou a mentira escarrada

Eu sou o sujeito faceiro

Eu sou a morte anunciada

A verdade enfim revelada

Eu sou apenas o que você sonha ser

Sim eu sou!

Eu sou a mais pura verdade

Sou o mito e a lenda contorcidos em palavras

Sou o sujeito atrevido

Que subiu num palco escuro

Que brilhou para o mundo ver

Eu sou do céu

Mas estive de passagem nas trevas

Eu sou

Eu sou o bem e o mal reencarnados em um só

Ei, eles não fizeram tudo isto sozinhos

Eu estive lá e vi

Os Maias e os Incas

Nós bebemos juntos e erguemos monumentos

Eu estive lá e sei

Eu sei

Simplesmente sei

Sim, sim, sim

Eu sou a mentira mal contada

A verdade que você nunca saberá

Eu sou e agora vou

Vou com a certeza que brilhei

Vou com a certeza que sei

Eu sei, e como sei

Eu bem sei que você quer que eu volte

Pois deixe a porta entreaberta

Sim, deixe a porta entre aberta

Caso eu decida voltar

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Vencendo o Invencível

A sabedoria que me cobre

A divindade que me trás conforto

Que me faz ter fé

Que me faz crer no impossível

Nesses dias de luta

De vitórias e conquistas

Brindarei ao derrotado

Ao caos que se desfaz

Ao vilão humilhado

A minha vitória

Vitória!

Brindarei a nova vida

Aos planos maquinados

Aos batalhões vencidos

Ao doce sabor da vitória

Vitória!

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Somos tão únicos

Tão corretos e disciplinados

Tão cheios de boas e más intenções

E acima de tudo

Trazemos a coragem no peito

Ela floresce em nossa alma

E grita em nosso nome

Vitória!

E se algum dia as forças me faltarem

Se a árdua jornada calejar meus pés

Mesmo assim de joelhos irei sorrir

E diante da foice escura do inimigo

Brindarei com meu sangue o hoje

Eu me lembrarei do dia

Do dia em que me tornei campeão

Do dia em que venci o invencível

Do de dia de minha vitória!

Vitória!

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Viva o Rei!

Embora bebesse água na latrina dos Fariseus, decidiu de imediato afiar sua espada e tomar o castelo. O sangue derramado não foi em vão, ele lambeu a lamina que lhe conduziu até a coroa e ouviu o hino dos vencedores...

Esta é apenas as desventuras de um rei, mas bem poderia ser as nossas...

O inimigo agora esta no chão

Morto caído

Agora você é um vencedor

Empunhe sua espada e grite

Grite selvagemmente

A conquista é toda sua

E esse mundo vasto é pouco

Você é rei!

Rei de sua vida

De seus costumes

De suas decisões

E de todas suas conquistas

Você é nobre rei!

Então empunhe mais alto sua espada

E rosne como um leão

Pois você não tem limites

O mundo é sujo

Sua mente é vasta

E agora você não é só um vencedor

Agora você é rei!

O inimigo é só um morto caído

Deixe-o para trás

No rastro de sua vitoria

Onde estão todos os outros

Viva o rei!

Viva o rei!

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Testemunhos do Algoz

Quando o céu se abrir Quando o tudo acontecer

Quando ele voltar Pra cumprir com o seu dever Trazendo todos os seus filhos

De um lance astral Malditos aliens escrotos Com poder fenomenal

Será que Deus permite

Eu só vim pra olhar Sentado aqui de cima Vendo o fim começar

Cabeças rolando

Pecados esclarecidos O céu clareando

E a revolta dos oprimidos O pecado e a fé

Cruzando o limite da vida Padres pedófilos e criancinhas

Se tornando suicidas A peste negra cobrindo Toda a pele bronzeada

Índios pacíficos e inocentes Comendo nossa carne sagrada

No limite do tempo Do tempo que não mais existe Doenças e pragas dominam

E a carnificina persiste

Será que Deus permite

Page 14: Os mitos do pecado sujo

Eu só vim pra olhar Sentado aqui de cima Vendo o fim começar

O inferno borbulha

Sobre nossa terra abençoada Demônios vagam decadentes

Em meio à fogueira organizada Religiões desfavorecidas

Se unindo a Jesus E o messias caminha

Já despregado da cruz As imagens de santos

Sangram clamando por atenção E os fiéis indecentes

Decadentes em beatificação E o papa chora

Por todas as crianças mortas São lagrimas puras e sinceras

De uma vida tão torta A bíblia sagrada explica

Tudo que não conseguimos dizer Enquanto o mundo complica

Se entregando ao prazer

Adolf Hitler podre lidera O exercito de amaldiçoados

Enquanto a gente espera Os quatro cavaleiros alados

Da lama a gloria E toda a gloria manchada Com sangue impuro e sujo De uma raça amaldiçoada

Será que Deus permite

Eu só vim pra olhar Sentado aqui de cima Vendo o fim começar

Page 15: Os mitos do pecado sujo

Tempo o tempo todo sem tempo para o todo

Meu tempo é curto

Meu braço é forte

De peito aberto

A sustentar sua sorte

Com pouco dinheiro

E muita coragem

Com plano de fuga

Pra lugar nenhum

Espírito livre

E o pensamento preso

Com meu delírio

Em ser imortal

Eu me atrevendo a ser padrão

Em mais um dia no seu plano banal

Sou seu progresso

Você a minha ordem

Meu tempo é seu relógio

E nunca posso parar

Compre minhas ideias

Ignore o meu conceito

Me pague o que quiser

Eu sou seu trouxa perfeito

De boca cheia se diga Cidadão

Me sugue e se sustente

Pra manter o seu padrão

O seu padrão

O seu maldito padrão

O seu padrão

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Os textos aqui publicados são da autoria de

Julio Cezar Dosan

A fonte das imagens é do bom e velho Google

Leia mais

Vomite menos

Erga-se e conquiste

Beije a moça

Vai por mim

Ela é tão bonitinha

Você é tão... Você!

Julio Cezar Dosan

Março de 2013