Os novos Sete Pecados
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Os Novos Sete Pecados
PorRogério Dias de Andrade
Há muito tempo se ouvia
O Mal, em sete se dividia
Mas hoje, qual o quê, quem diria
Que a gula, preguiça e avareza,
Inveja, luxúria e soberba,
Não causam rubor ou desonra, certeza!
A Ira, tadinha, coitada
De tão corriqueira, banalizada
Outrora violento pecado
Ostenta plural significado
Ora banda de rock, balada
No particípio, ação elogiada
Apologia moderna, destreza!
O homem, eterno inconformado,
Contumaz animal insatisfeito,
Querendo, cada vez mais, com efeito
Em seu inesgotável senso criativo
Criando às claras e nada furtivo
Ser autor do próprio pecado
Mas um só pecado não lhe apetece,
Diante de um ser tão dominante
De história vitoriosa e triunfante
Dono do mundo e dele protagonista,
Um só não basta, faça-se lista,
Criou mais seis, agora são sete.
Abandono, Intolerância, Fanatismo e Corrupção
Negligência, Indiferença e por fim Omissão
Parecem mansinhos, como caseiro cão,
Adocicados venenos, verdadeiramente são
Ministrados dia a dia, como se fossem ração
Consomem mente, alma, entranhas, coração.
Ato consciente de deixar alguém na mão,
Deliberadamente deixar pra trás, sem opção
Causar a quem se abandona, a sensação
De objeto descartável, embalagem papelão
É como abandonar seu barco, o capitão
Deixar morrer aos poucos, uma tripulação.
ABANDONO
INTOLERÂNCIANão basta apenas perceber o diferente,
Tem ainda que ofender, violentamente
Negar de modo hostil e intransigência
Qualquer tipo de pensar, ser ou aparência
Intolerância que destrói e discrimina
Ação e sentimento, como vírus, contamina.
No seio religioso é mais que conhecido,
Mas campo fértil tem tal pecado compulsivo,
Fanatismo, um divino estelionato,
Que em nome dele executa tal pecado,
Pois o dos outros é sempre injustificado,
É quando a seita, clube ou partido,
Subverte e inverte seu sentido
Fica acima do original objetivo.
FANATISMO
Corrupção é um pecado interessante,Pois quase nunca se comete solitário,Quase sempre se completa, solidário,Um ator protagonista, outro coadjuvante;
Onipresente e cotidiano,Que nem se faz mais escondido:
Na carta de motorista, no condomínioNa venda desenquadrada, juro enrustido,
No sorteio viciado, dirigidoInté na escola, na cola da provaO que vale é resultado bem sucedido.Levar vantagem, sem mérito ou honra,De qualquer forma, conquanto se ganha,Que faz de tod'alma, um fim degradante.
CORRUPÇÃO
Tem gente que erra porque não sabe, ignora
Tem gente que erra porque acredita, que acerta
Tem gente, contudo, que mesmo sabendo,
Tem gente, entretanto, que mesmo podendo,
A despeito do dever, em fazer a contento,
Se furta, recusa, sonega fazer o que é direito,
Negligente pecado de quem pode mas não faz a hora.
NEGLIGÊNCIA
INDIFERENÇA“Não me interessa, pra mim tanto faz
Não estou nem aí, nada me compraz”
Se o mundo desaba, se o vizinho bambeia,
Se a bala perdida no bairro campeia
Só vê importância num único amigo:
Silencioso, indiferente, seu próprio umbigo...
Por fim, a prima - irmã da Negligência,
Omissão, talvez carente de certa inteligência,
Talvez pelo medo que assombra a consciência
Mesmo quando se esconde ou se abstém
Sempre acaba definindo ou escolhendo alguém
Pois no fundo sabe, seu silêncio lhe convém.
OMISSÃO
E assim, por enquanto, saciado
O ser humano, de pecados enfastiado
Enrubesce, de vergonha o Coisa Ruim
Rebaixado a malfeitor, pé de chinelo ou coisa assim
Que sobrevive, vez ou outra, de delito até chinfrim
Admitido sem concurso, como aprendiz de secretário,
Na Capital, menos que estagiário
Pois sabem ele e todos, aprender aqui é muito caro...