Os óleos essenciais

68
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL JARAGUAENSE – FERJ CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JARAGUÁ DO SUL – UNERJ CURSO DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS ÓLEOS ESSENCIAIS – SEUS MÉTODOS DE OBTENÇÃO

Transcript of Os óleos essenciais

Page 1: Os óleos essenciais

1

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL JARAGUAENSE – FERJ

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JARAGUÁ DO SUL – UNERJ

CURSO DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS

ÓLEOS ESSENCIAIS – SEUS MÉTODOS DE OBTENÇÃO

JARAGUÁ DO SUL

2009

Page 2: Os óleos essenciais

2

ELAINE ZUMBACH

ÓLEOS ESSENCIAIS – SEUS MÉTODOS DE OBTENÇÃO

Trabalho apresentado à disciplina de Operações Unitárias IIII. Centro Universitário de Jaraguá do Sul – UNERJ. Orientador: Jaisson Potrich dos Reis

JARAGUÁ DO SUL

2009

Page 3: Os óleos essenciais

3

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Classificação das Operações Unitárias em Engenharia Química...................27

Figura 2 - Classificação das operações difusionais segundo Treybal..............................28

Figura 3 - Processos utilizados e produtos provenientes de plantas aromáticas.............31

Figura 4 - Representação esquemática do equipamento tipo CISRIL..............................32

Figura 5 - Equipamento piloto de extração de óleos essenciais tipo CIATEJ...................38

Figura 6 - Equipamento tradicional de destilação de vapor – água..................................41

Figura 7 - Esquema de um destilador com sistema de coobação....................................42

Figura 8 - Esquema de um extrator por degradação térmica............................................45

Page 4: Os óleos essenciais

4

LISTA DE TABELAS

Tabela 01- História das detecções dos principais componentes aromáticos da essência de rosa

Búlgara................................................................................................................................................ 11

Tabela 02 - Principais componentes da essência de limão em função de sua qualidade olfativa........21

Tabela 03 - Partes de plantas empregadas na obtenção de produtos aromáticos...............................29

Tabela 04 - Principais vegetais onde e localizam os produtos aromáticos...........................................29

Tabela 05 - Exemplos de óleos essenciais produzidos por reações enzimáticas.................................43

Page 5: Os óleos essenciais

5

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 3

1. OBJETIVOS 3

2.1 OBJETIVO GERAL...........................................................................................................................3

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...............................................................................................................3

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3

3.1 ÓLEOS ESSENCIAIS........................................................................................................................3

3.1.1 Propriedades físico-químicas destacáveis 3

3.1.2 Qualidades 3

3.1.3 Processamento industrial 3

3.1.4 Aproveitamento dos óleos essenciais na química fina 3

3.2 RESUMO HISTÓRICO 3

3.3 GENERALIDADES SOBRE OPERAÇÃO DAS UNIDADES EXTRATIVAS 3

3.3.1 Extração de produtos naturais aromáticos 3

3.3.2 Tipos de estruturas celulares nos materiais vegetais aromáticos 3

3.3.3 Métodos de obtenção de óleos essenciais3

3.3.3.1 Destilação com água (hidrodestilação) 3

3.3.3.2 Destilação por arraste de vapor 3

3.3.3.2.1 Formação de emulsões no processo de arraste por vapor 3

3.3.3.3 Destilação com água-vapor 3

3.3.3.4 Aplicação da coobação 3

3.3.3.5 Destilação com prévia Maceração 3

3.3.3.6 Destilação submetida a uma degradação térmica 3

3. CONCLUSÃO 3

REFERENCIAS 3

Page 6: Os óleos essenciais

6

1. INTRODUÇÃO

A destilação é a operação que consiste na separação de líquidos de suas

eventuais misturas, por passagem de vapor e posterior condensação com retorno ao

estado líquido, com auxílio de calor e ou por redução de pressão.

Os compostos orgânicos, quimicamente puros, apresentam pontos de

ebulição distintos e definidos, daí o uso generalizado da destilação, não somente

para separá-los de misturas, como para purificá-los e caracterizá-los.

Se as substâncias quimicamente puras apresentam ponto de ebulição

constante e definido, destilam a esta temperatura, o mesmo não podemos dizer das

substâncias impuras ou das misturas de substâncias voláteis. Nas soluções, a

presença de um soluto menos volátil que o solvente impõe uma elevação no ponto

de ebulição do solvente, e que ocorre o inverso quando o soluto é mais volátil.

Em teoria, não se pode purificar substâncias até 100% de pureza através

da destilação. Para conseguir uma pureza bastante alta, é necessário fazer uma

separação química do destilado posteriormente.

Os óleos essenciais são substâncias voláteis extraídas de plantas aromáticas,

constituindo matérias-primas de grande importância para as indústrias cosméticas,

farmacêuticas e alimentícias.

Presentes em várias partes das plantas (folhas, flores, madeiras, ramos,

galhos, frutos, rizomas), são compostos formados por várias funções orgânicas,

como álcoois, aldeídos, ésteres, fenóis e hidrocarbonetos, havendo sempre a

prevalência de uma ou duas delas, que assim irão caracterizar os aromas.

São obtidos pelos processos de destilação a vapor, extração por solvente ou

por pressão. Em geral, a matéria-prima na extração de óleos essenciais é

diversificada. Pode ser utilizado qualquer vegetal que apresenta óleos voláteis

odoríferos.

Na extração de óleos essenciais, o método a ser utilizado deve ser bem

escolhido antes de ser aplicado. Alguns pontos significativos deve-se ter em mente:

Matéria-prima, Qualidade do produto final e Quantidade/hora.

Page 7: Os óleos essenciais

7

1. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Pesquisar e conhecer como ocorre a destilação na obtenção de óleos

essenciais.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Pesquisar sobre os processos extrativos utilizados na obtenção de

óleos essenciais;

Descrever os principais métodos utilizados para obter óleos essenciais

a partir de plantas aromáticas.

Page 8: Os óleos essenciais

8

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 ÓLEOS ESSENCIAIS

Como uma forma de generalizar ao máximo este termo e tratando de não

confundir conceitos, definiremos um óleo essencial ou essência (ambos os termos

consideraremos sinônimos), como uma parte do metabolismo de um vegetal

composto geralmente por terpenos, que estão associados ou não a outros

componentes, a maioria destes voláteis e geram em conjunto o odor do dito vegetal.

Iremos dissecar esta definição para compreendê-la melhor e ver suas exceções

(BANDONI, A; CZEPAK, M, 2008).

Parte do metabolismo de uma planta: Esse é o conceito mais importante a se

levar em conta, quando se vai trabalhar com essências. Quando se fala de um

alcalóide, de um flavonóide ou de um açúcar, se está mencionando um produto

puro, quimicamente definido, como uma fórmula característica. Porém, quando se

fala de uma essência, como um óleo fixo, ou um resinóide, deve-se ter presente que

se está mencionando uma mistura de produtos, isolado em uma proporção e com

uma composição muito variável, dependendo este de uma série muito grande de

fatores que se verá mais adiante em detalhe. Deve-se dizer que quase sempre não

é um metabólito que compõe a essência, senão uma combinação de metabólitos

que tem alguma particularidade comum. Esta particularidade geralmente deve-se ao

fato de que os produtos são voláteis em condições normais, ou pelo menos com

urna pressão de vapor abaixo de 150°C. Porém, também pode ter em comum não

sua volatilidade, mas sua solubilidade em determinado solvente. (BANDONI, A;

CZEPAK, M, 2008).

A característica que dá unicidade à composição de uma essência é seu

método de obtenção. Uma essência de laranja é todo lipossolúvel, que se volatiliza a

menos, de 120°C, ou tudo que é proveniente do seu epicarpo. Ambas são essências

de laranja, ambas são partes do metabolismo da fruta de laranja, porém com

diferenças notáveis de composição química entre si, devido ao distinto método de

obtenção utilizado.

Page 9: Os óleos essenciais

9

Outro conceito que deve ser levado em conta é que sendo uma parte do

metabolismo de uma planta, a composição química de uma essência está

permanentemente variando, modificando-se as proporções de seus constituintes ou

transformando-se uns constituintes em outros, segundo a parte da planta, o

momento de seu desenvolvimento ou o momento do dia. Mais ainda, deve-se ter em

conta que dada sua normalmente complexa composição, apresenta uma alta

probabilidade de sofrer modificações físico-químicas devido às reações entre seus

próprios constituintes ou entre estes e o meio (a luz, a temperatura, a presença de

enzimas, os componentes do reservatório onde se armazena a essência etc.)

(BANDONI, A; CZEPAK, M, 2008).

Em resumo, é evidente que uma essência está em permanente mudança, não

somente durante o metabolismo da planta, mas também depois de extraída. Isto nos

fala de uma estabilidade reduzida e de um processo de transformação continuo, que

gera três etapas na vida de uma essência: a maturação, a estabilidade ou a vida útil

e a decomposição ou a rancidez. Cada essência tem distintos tempos para cada

etapa. Inclusive segundo o caso, a etapa intermediária; onde se considera que as

mudanças ocorridas não modificam significativamente a qualidade da mesma, pode

ter uma tendência positiva ou negativa. Em uma lavanda, por exemplo, se observa

uma permanente maturação, trazendo notas cada vez mais redondas e resinosas,

tornando-se mais agradáveis ou naturais. Ainda, que urna essência cítrica,

continuamente vai se oxidando, detectam cada vez mais notas amargas ou graxas,

típicas das transformações dos aldeídos (citral, decanal, nonanal, etc.) em seus

respectivos ácidos ou cetonas (BANDONI, A; CZEPAK, M, 2008).

Composto geralmente por terpenos, que estão associados ou não, a outros

componentes: como parte do íntrincado metabolismo de uma planta, as essências

abrangem urna gama muito variada de constituintes. Normalmente associados aos

monos e sesquiterpenos, aparecem também em suas composições ésteres, álcoois,

aldeídos, cetonas, acetais, fenóis, glicosídeos, ceras, hidrocarbonetos lineares,

ácidos graxos, alcalóides, cumarinas, esteróides, e uma cada vez mais heterogênea

variedade de compostos heterocíclicos, à medida que se avança o conhecimento de

sua composição. A esta riqueza estrutural se acrescenta ainda a reconhecida

especificidade isornérica em toda biossíntese natural, o mesmo deve-se dizer da

capacidade que tem.a natureza para produzir estruturas químicas com urna

Page 10: Os óleos essenciais

10

conformação espacial particular, algo muito mais complexo para ser obtido por

síntese na química tradicional (BANDONI, A; CZEPAK, M, 2008).

É característica das essências a presença de terpenos, fundamentalmente

mono (dez carbonos) e sesquiterpenos (quinze carbonos). Sem dúvida, convêm

saber que assim como existem essências compostas exclusivamente por terpenos

(terebintina), existem essências que praticamente carecem deles (a essência de

amêndoas, por exemplo), e estão compotas por derivados benzênicos, fenóis

(essência de cravo) ésteres e hidrocarbonetos lineares (essências de frutas), ou até

por componentes dificilmente relacionáveis com essências, corno alcalóides

(THOMAS et al, 1992), glicosídeos e urna grande variedade de compostos

heterocíclicos como derivados piridínicos, pirazínicos, sulfurosos, aminas, etc.

(BANDONI, A; CZEPAK, M, 2008)

Devido a esta complexidade em sua composição, é aconselhável fazer urna

discriminação entre os compostos contidos em urna essência. Fala-se-então dos

compostos majoritários, quando estão na essência em urna proporção, maior que 1

ou 0,51%, e os minoritários, que em alguns casos podem contar-se por centésimos,

como nas essências de flores (jasmim, rosa, inmortelle, tuberosa) (BANDONI, A;

CZEPAK, M, 2008).

Esta classificação dos constituintes, em função do conteúdo presente em

cada essência, é fundamental tanto para determinar a qualidade da essência como

para preservar suas características organolépticas ou seus efeitos fisiológicos. Em

muitos casos, as notas olfativas características das essências são dadas pelos

componentes minoritários e não pelos principais: pelít grain, gálbano, rosa,

mandarim, laranja (OHLOFF 1977, MOOKHERJEE 1992, BOELENS 1996).

O mesmo ocorre com os efeitos sobre os seres vivos, pelo que as aplicações

na terapêutica, indústria ou na farmacologia podem ser devido à presença de

componentes minoritários; o efeito rubefaciente da terentina, por seu conteúdo de 3-

careno, ou o acorde morno e animal que outorgam traços de indol ao jasmim.

Também é importante ter em conta que em algumas plantas os terpenos não

estão livres, senão unidos quimicamente a açúcares, formando os chamados

glicosídeos ou heterosídeos. É importante conhecer esta particularidade para

otimizar a técnica de extração destas essências, pois deverá favorecer uma hidrólise

prévia destes glicosídeos, para conseguir um bom rendimento de essência

(BANDONI, A; CZEPAK, M, 2008).

Page 11: Os óleos essenciais

11

Quanto aos compostos heterocíclicos, convém recordar que sua solubilidade

pode alterar a qualidade de uma essência, pois dependendo do pH do meio

extrativo, ou da temperatura utilizada, estes compostos permanecerão na essência

ou poderão ser eliminados nas águas residuais do processo extrativo, que

normalmente tem um resto de acidez produzido pelos ácidos presentes nas plantas

ou por decomposição de outros metabólitos como os aminoácidos ou açúcares

(BANDONI, A; CZEPAK, M, 2008).

Não existe um óleo essencial do qual se conheça de forma absoluta sua

composição química. Tudo depende do grau de sensibilidade com que é analisado.

Algumas essências tão conhecidas como as cítricas, continuam sendo fonte de

novos compostos, à medida que se tornam maiores quantidades de amostras e se

analisam as frações com maior sensibilidade de detecção. A cromatografia em fase

gasosa foi uma ferramenta analítica que ampliou exponencialmente o horizonte

conhecido de seus componentes. Em seguida, a cromatografia em fase gasosa

acoplada ao detector de absorção atômica. E, assim, continuarão aparecendo

sistemas cada vez mais sofisticados e sensíveis que nos darão informações mais

precisas (BANDONI, A; CZEPAK, M, 2008).

Na Tabela 1 se descrevem os avanços obtidos ao longo do século XX no

conhecimento da essência de rosa búlgara, segundo OHLOFF (1977). Detalham-se

os principais componentes em função de sua influência sobre o odor da flor e em

que anos foram encontrados. Ainda em nossos dias e apesar de conhecer-se quase

90% dessa essência, não foi possível obter o conhecimento cabal dos componentes

preponderantes em seu odor, e uma essência de rosa natural continua sendo

insubstituível por, sua qualidade olfativa.

Tabela 1. História das detecções dos principais componentes aromáticos da essência de rosa

búlgara

Constituinte % na essência Detectado em % conhecido

Parafinas C14 – C23 16.0 1870 16.0

(-) citronelol 38.0 1894 54.0

Geraniol 14.0 1894 68.0

(-) linalol 1.5 1900 .9.4

Nerol 7.0 1904 76.4

Álcool feniletílico 2.8 1903 79.2

Page 12: Os óleos essenciais

12

Metil Eugenol 2.4 1949 82.6

Eugenol 1.2 83.8

Farnesol 1.2 85.0

(-) óxido de rosa 0.5 1959 85.5

(-) carvona 0.4 85.9

Beta-damascenona 0.1 1970 86.2

Beta-ionona 0.03 86.3

(OHLOFF, 1977)

Analisaremos com detalhes outro exemplo publicado na literatura, para

compreender até que ponto se complica a análise dê um óleo essencial.

A essência do óleo de laranja é o óleo essencial de maior produção

internacional (aproximadamente umas 30.0000t ano), utilizado fundamentalmente

pela indústria de bebidas não alcoólicas. E fácil supor que existam inumeráveis

trabalhos detalhando a composição química da essência de laranja. Porém, ainda

em nossos dias são isolados novos constituintes.

A maioria deles voláteis: ainda que seja o que ocorre em quase todas as

essências, existem também exceções a estes. Por exemplo, é freqüente a presença

de lipídios em essências de flores, devido a que se utiliza para sua extração,

solventes não polares, que dissolvem a parte lipídica da planta. O mesmo ocorre

com as essências cítricas extraídas por expressão ou raspagem, onde a parte

lípossolúvel dos frutos se dissolve na essência, sendo posteriormente separada da

fase aquosa. Também se deve considerar que quando os terpenos estão

glícolizados (quimicamente unidos a açúcares), estes não são voláteis à temperatura

normal, e só são extraídos depois de hidrolisados. (BANDONI, A; CZEPAK, M, 2008)

De acordo com BANDONI, A; CZEPAK, M (2008) , o odor que tem urna

planta, viva não é, o mesmo que o de sua essência isolada. Isto se deve a muitos

fatores, porém os mais importantes são:

a) volatilidade e solubilidade: para poder sentir o cheiro em uma planta do produto

aromático pesado, deve-se deixar secar a planta para eliminar os mais leves isso

não ocorre normalmente. Isso não ocorre normalmente, devido à presença dos mais

voláteis, que mascaram continuadamente os constituintes aromáticos pesados.

Coisa que não ocorre com a essência pura: à medida que se vão evaporando as

Page 13: Os óleos essenciais

13

frações mais leves, se vão detectando os componentes mais pesados. Por outro

lado os produtos com alta volatilidade vão perdendo-se durante os processos

extrativos, sobre tudo quando se utiliza a destilação por arraste de vapor de água.

Nestes casos, alguns constituintes, como o cis-3-hexenol, um álcool com um potente

odor de grama recém-cortada e presente em inumeráveis espécies vegetais, podem

desaparecer, ou somente é extraído em traços devido à temperatura alcançada em

urna destilação por arraste de vapor de água. Além disso, deve-se levar em conta

que quando se obtém uma essência por arraste de vapor, alguns compostos ficam

parcialmente retidos na fase aquosa, como ocorre com o álcool fenil etílico na

essência de rosa, ou com alguns ácidos e ésteres leves.

b) fatores metabólicos: uma vez que a planta seja colhida para ser extraída a

essência, o metabolismo da mesma não permanece inalterado ou estático, mas

continua evoluindo na medida em que não se elimine a maior quantidade de água, o

que finalmente inibe os processos enzimáticos. Foi demonstrado,

experimentalmente, que não é igual o odor de uma flor em uma planta viva, ao odor

de uma flor cortada (BRUNKE 1993). O aroma tão agradável de uma flor de

camomila alemã (Matricaria recutita), quase desaparece por completo na essência

obtida por arraste com vapor. Uma vez que se extraiu a essência, logo o

metabolismo fica como se estivesse congelado, dando uma relativa estabilidade na

qualidade olfativa do produto. Sem dúvida se diz uma relativa estabilidade, porque,

como já se explicou, se produz uma permanente transformação de sua composição,

algumas vezes desejada, muitas outras indesejáveis.

c) localização nos tecidos: em função do que se disse anteriormente, que cada parte

da planta pode ter urna essência distinta em sua qualidade olfativa parece lógico

pensar que exista uma essência nas partes mais externas da planta, a que

sentimos, e outras essências nas partes mais internas que não podemos sentir,

porém, quando são extraídas se misturam e produzem um aroma distinto do

detectado na planta viva. Mais ainda, se há visto, por exemplo, que nas folhas

basais das mentas, que ainda, não recebem tanta luz como nas apicais, tem um

conteúdo de terpenos oxigenados (mentona e acetato de metila) distinto das folhas

superiores, muito mais expostas ao sol. Obviamente estas composições se

manifestam com seus diferentes aromas.

De forma sucinta se pode dizer que um óleo essencial, por definição, é um

produto volátil e, portanto, de uso extemporâneo, de composição química

Page 14: Os óleos essenciais

14

extremamente complexa e com uma enorme variabilidade no que se refere à sua

qualidade, propriedades e estabilidade, qualidades comuns a muitos produtos

naturais.

3.1.1 Propriedades físico-químicas destacáveis

As mais importantes já foram citadas através de outros parágrafos anteriores,

como sua volatilidade, sua instabilidade ante a luz e o oxigênio, ante a presença de

oxidantes, redutores, meios com pH extremos, ou meios com traços de metais que

podem catalisar reações de decomposição etc. Esta instabilidade, que resulta de um

problema para a conservação ou formulação das essências, pode ser um fator

interessante quando se trata de utilizá-las para a semi-síntese química, pois uma

molécula instável é uma molécula reativa, sendo necessário somente fixar as

condições para ser possível aproveitar esta reatividade química dos produtos

aromáticos e orientar sua transformação em produtos desejáveis (BANDONI, A;

CZEPAK, M, 2008).

Outra propriedade destacável dos constituintes de uma essência é sua

variabilidade estrutural, o que permite gerar por semi-síntese estruturas novas.

Quanto à sua solubilidade, tem a particularidade de que, se são solúveis em

meio não polar (são mais lipossolúveis quanto maior conteúdo de monoterpenos

apresentam), também podem ter urna alta solubilidade em etanol, o que é

amplamente explorado na elaboração de fragâncias e extratos hidro-alcoólicos para

as indústrias farmacêutica e cosmética. Para estes fins também se pode aproveitar

sua solubilidade em água: água de rosas e azaho (BANDONI, A; CZEPAK,

M.,2008).

Os óleos essenciais refratam a luz polarizada, propriedade que é usada para

seu controle de pureza, pois tem um índice de refração característico. Também

apresentam um poder rotatório característico, em razão de que possuem em sua

composição produtos oticamente ativos. Possuem urna densidade normalmente

menor que da água, exceto algumas essências como o cravo, o sassafrás etc, e em

geral, líquidos (a essência de pau-santo: Bulnesia sarmientoi, é uma exceção),

translúcidos e amarelos ou pardo-amarelados. Algumas essências possuem uma cor

Page 15: Os óleos essenciais

15

muito particular, como o azul da camomila alemã (Matricaria recutita) ou o verde da

bergamota (BANDONI, A; CZEPAK, M, 2008).

3.1.2 Qualidades

Em uma seção anterior descreveram-se os principais fatores que influem

sobre a qualidade das plantas aromáticas. Falando especificamente das essências

obtidas destas plantas, todas as particularidades descritas são novamente válidas,

porém deve-se aqui agregar os fatores relacionados com o processo extrativo

(BANDONI, A; CZEPAK, M, 2008).

Em primeiro lugar deve-se ter em conta que uma mudança na escala dos

processos de extração pode significar uma modificação na qualidade da essência.

Alguns dos fatores que produzem mudanças são: a falta de homogeneidade no

aquecimento, o tempo de umidecimento antes da destilação, a velocidade de

agitação, a utilização de distintos materiais como reservatórios: vidro ou metais, que

podem reagir com as essências; o grau de compactação do material extraído; o pH

da água etc. E por este motivo, deve-se analisar com cautela os ensaios de

laboratórios, sendo imprescindível, na maioria das vezes, utilização de uma escala

piloto ou intermediária, onde muitos destes parâmetros podem ser mais

representativos de um processo industrial normal e, portanto, são mais bem

avaliados do ponto de vista tanto da engenharia de processamento como na

avaliação analítica do produto obtido (BANDONI, A; CZEPAK, M.,2008).

Porém ainda assim existem outras variáveis próprias do processo extrativo

que repercutem ostensivamente sobre a qualidade do produto obtido. Por exemplo,

deve-se contemplar a ordem de saída dos componentes importantes da essência. Já

foi dito que nem todo componente de uma essência tem o mesmo valor comercial e

considerando que em urna destilação não saem todos simultaneamente, mas existe

uma determinada, ordem de extração (em função de sua solubilidade em água ou

sua volatilidade), pode-se utilizar esta particularidade para melhorar a qualidade da

essência. Foi publicado com grande detalhe para o coentro, por exemplo, a

influência do grau de moagem do grão, a agitação, a densidade de carga e o tempo

de destilação na qualidade da essência obtida. (PERINEAU et al, 1991;

Page 16: Os óleos essenciais

16

SMAILFIELD et al, 2001). No caso da alcarávia ou cominho-de-pão (Carum carvi) e

do cominho, por exemplo, se extraem primeiro a carvona e o cuminaldeído antes

dos terpenos, porque alguns destes estão presentes no vegetal como glicosídeos,

portanto, unidos a moléculas açucaradas, sendo mais fácil extraí-los com uma prévia

hidrólise ou maceração em água, por serem estruturas com um alto ponto de

ebulição. Esses terpenos aumentam o rendimento, porém baixam a qualidade: pode

produzir ácidos livres, o que baixaria o pH do meio e poderia favorecer a hidrólise de

outros compostos. Para otimizar o processo segundo a essência desejável, convém

realizar primeiramente ensaios, fracionando o destilado nas primeiras fabricações e

analisar cada fração. Por análise de cada porção se poderá conhecer cada

participação, que deve ser feita entre,as frações, e assim se otimizará a qualidade

do produto final. Outros parâmetros que devem ser controlados de forma

imprescindível para homogeneizar a qualidade são: o desenho do equipamento

extrator (tipos, de dispersores de vapor, capacidade e forma do extrator e do cabeçal

do mesmo, material de construção etc.), a homogeneidade, dureza e grau de

compactação do produto, a granulometria e umidade residual do material vegetal

que se carrega, a forma de carregamento e descarga do material, o volume de carga

de cada extrator e a quantidade de água introduzida, a pressão de vapor

empregada, o tempo de destilação e a necessidade ou não de agitação. Se bem

que a destilação por arraste de vapor é uma. técnica muito simples, deve ser

realizada por operários experimentados, devido às numerosas variáveis envolvidas

(BANDONI, A; CZEPAK, M, 2008).

3.1.3 Processamento industrial

De acordo com BANDONI, A; CZEPAK, M (2008), as essências que se

oferecem no mercado podem ser submetidas a uma série de processos industriais

com o objetivo de melhorar suas características organolépticas, concentrar seus

componentes úteis, facilitar seu processamento industrial ou simplesmente

homogeneizar sua qualidade. Os tratamentos, mais comumente utilizados são:

Retificação: é o processo mais comum. Consiste em fracionar, mediante uma

coluna de retificação, o óleo essencial, obtendo-se porções que são

Page 17: Os óleos essenciais

17

analisadas individualmente. Aquelas que tenham uma mesma qualidade se

juntam. Normalmente um óleo essencial se fraciona em três partes: a cabeça

ou frações leves, o coração ou parte média da essência e as frações mais

pesadas. Isto se faz para eliminar produtos não desejáveis que aparecem

durante o processo de extração, por decomposição térmica do material

vegetal, e que se eliminam nas primeiras e últimas frações.

Fracionamento: É similar à retificação, porém, neste caso, se faz uma

partição mais específica em função da composição da essência. Por exemplo,

os óleos essenciais ricos em citral são fracionados por coluna de retificação,

tratando de eliminar todos os componentes que acompanham o citral. Se

pode assim partir de uma essência que contenha de 65 a 70% de citral, e

obter um citral com 90 a 97 % de pureza.

Desterpenado: as essências cítricas possuem urna alta porcentagem de

monoterpenos, principalmente limoneno. A solubilidade das essências em

água ou em soluções hidro-alcóolicas é inversamente proporcional ao seu

conteúdo em monoterpenos, portanto, para permitir uma fácil dissolução das

essências cítricas em meios aquosos, devem ser processadas previamente

para eliminarem-se estes monoterpenos. Confirma-se desta forma que as

características organolépticas das essências cítricas não provém de seus

monoterpenos, mas sim da porção restante. Dessa forma reduzindo

drasticamente o conteúdo de monoterpenos se obtém um duplo propósito:

facilitar a solubilização, a manipulação destas essências em formulações

aquosas por um lado e concentrar o odor e o sabor das mesmas, o que

redunda em um melhor aproveitamento de suas propriedades organolepticas.

Existem diversas técnicas para o desterpenamento, porém as mais comuns

são por intercâmbios entre dois solventes, com uma ma coluna de destilação

molecular, ou por extração com fluídos supercríticos.

Desceramento: as essências cítricas apresentam outro problema: quando são

extraídas em meio frio por expressão, e não por arraste de vapor, contêm,

além da fração volátil terpênica, outros compostos que são dissolvidos na

essência da mesma, como certas ceras do epicarpo dos frutos. Estas ceras

podem trazer certa fixação ao odor dos cítricos agregados em uma fragrância.

No entanto, tem o inconveniente de ser muito pouco solúveis, pelo que

podem precipitar. Para evitar isto, nas essências cítricas obtidas por

Page 18: Os óleos essenciais

18

expressão, devem ser separadas estas ceras, o que normalmente se realiza

por simples resfriamento (à temperatura ambiente ou menor tornam-se

substâncias sólidas ou semi-sólidas), facilitando sua precipitação, sendo

finalmente filtradas.

Filtração: muitos óleos essenciais crus contêm impurezas, como partes de

plantas, insetos, restos de água, sedimentos das paredes dos vasilhames

utilizados etc. Para elimina-los se realiza uma filtração, muitas vezes com a

ajuda de terras filtrantes, ou materiais que retêm a água residual (sulfato de

sódio anidro, carbonato de magnésio, cloreto de cálcio etc.).

Reações: sem pretender fazer uma verdadeira síntese de química fina a partir

de uma essência, existem muitas reações químicas elementares que

permitem obter novos produtos aromáticos, com maior valor agregado, com

notas olfativas mais agradáveis e sem necessidade de muita tecnologia ou

trabalhosa reação. Algumas destas reações são:

a) Esterificação: as essências de cedro, vetiver e menta podem ser utilizadas para

produzir os acetatos a partir dos álcoois presentes nas mesmas. Para isso não se

isolam estes álcoois (em alguns casos como no vetiver isto seria muito difícil, pela

complexidade da essência e porque existem dezenas de álcoois presentes usando

dessa forma a essência completa para a reação.

b) Hidrogenação: nesse caso, o que se pretende é transformar cetonas ou aldeídos

nos álcoois correspondentes. Um caso típico é a hidrogenação da essência de

citronela para obtenção para obtenção do geraniol e citronelol.

c) Hidratação: ainda que seja um processo pouco utilizado (requerem a ajuda de

catalisadores ou meios específicos para reação), merece destaque pela importância

que tem a hidratação dos pinenos na essência de terenbitina, como uma primeira

etapa para a semi-síntese de inumeráveis substâncias aromáticas.

Descoloração: como as essências de patchuli, pau-rosa ou cravo, que

apresentam uma cor demasiadamente forte para ser empregado em alguns produtos

devido ao lado de ser submetido à uma descoloração com ácido tartárico diluído,

carvão ativado ou algum outro sequestrante. É um processo muito delicado porque

muitas vezes são eliminados simultaneamente compostos, presentes na forma de

traços, porém, transcedente para a definição de um bom perfil aromático. Por esse

motivo usa-se cada vez mais a destilação molecular ou a destilação tipo flash, onde

o que se evapora é concentrado rapidamente, evitando o aquecimento prolongado, e

Page 19: Os óleos essenciais

19

portanto a decomposição de substâncias termolábeis. É utilizado para obter

produtos semelhantes aos originais porém, descoloridos quase totalmente (patchuli,

vetiver, alguns resinóides etc).

Lavagem: é outra técnica muito sensível para melhorar a qualidade de

algumas essências cruas que podem ter um odor desagradável devido à presença

de ácidos e fenóis. Estes compostos se formam por oxidação e hidrólise de

alguns metabólitos das plantas e podem ter um forte odor de queimado, ranço ou

medicamentoso.São comuns por exemplo,quando se destilam frutos e sementes

ricas em materiais de reserva: proteínas, mucilagos, açucares etc. Para elimina-los

basta lavar a essência com uma solução de hidróxido de sódio a 1% ou carbonato

de cálcio a 10%.

Estandardização: não é u processo industrial em si, surge com a necessidade

de uniformizar a qualidade de um produto como as essências, devido à sua origem

natural ou a infinidade de variáveis que modificam suas características. Para cumprir

com as exigências da indústria, cada partida de uma essência deverá ter as mesmas

especificações, independente do ano ou época de colheita. Para isso podem se

fazer meselas de distintas qualidades ou agregar compostos presentes na essência

para garantir uma qualidade determinada. Estas essências podem ser consideradas

ainda como naturais, se os compostos que se adicionam também são, porém deve-

se ter muito cuidado nesta caracterização, porque pode ser muito difícil identificar se

os compostos ou a essência ou as essências agregadas a uma natural também o

são. Ainda que pareça um mero problema acadêmico o determinar se uma essência

é natural ou não, do ponto de vista comercial existem casos onde essa

caracterização é crucial. Não somente pela diferença de preço que possam ter entre

si por exemplo, um óleo essencial de rosa natural pode ser até 100 vezes mais caro

que um sintético, mas por outros motivos que fazem a sua estabilidade ou seu

destino comercial (por exemplo, em produtos que devem ser utilizados em rituais

religiosos: Kosher o halal).

Isolamento de produtos específicos: algumas essências são comercializadas

em grandes volumes para o isolamento de alguns de seus compostos majoritários,

como o eugenol da essência de cravo ou o cedrol da essência de cedro. Nesses

isolamentos utilizam-se distintas e especificas técnicas, como a diferença de

solubilidade e ou a extração por modificações de pH no caso dos fenóis. A

cristalização para separar constituintes de algumas essências que tenham um ponto

Page 20: Os óleos essenciais

20

de fusão relativamente baixo, como o mentol. A essência de menta japonesa, que

normalmente possui ao redor de 60-70% de mentol, é empregada para isolar este

composto, o resfriamento e posterior cristalização.

3.1.4 Aproveitamento dos óleos essenciais na química fina

O óleo essencial tem dois grandes mercados. O primeiro é definido peIas

suas características orgânolépticas, utilizado primordialmente indústria de sabores e

fragrâncias: O segundo é o que se nutre de seus distintos componentes, isolados ou

não (BANDONI, A; CZEPAK, M, 2008).

Os extratos naturais são os mais complexos pela sua composição porém são

os mais fáceis de isolar ou purificar por sua baixa temperatura de ebulição.

Conseguindo-se uma planta com uma essência contendo poucos componentes

majoritários; dispõe-se de um material facilmente purificável, de relativa alta pureza

e obtido de uma fonte renovável, portanto, de custo baixo e disponível em

quantidade suficiente. Estas características, somadas à alta variabilidade genotípica

das plantas aromáticas, fazem, dos óleos essenciais unia fonte ideal de matérias-

primas, para a indústria (BANDONI, A; CZEPAK, M, 2008).

Parece lógico pensar que muitos óleos essenciais sejam à base de uma

infinidade de perfumes e sabores conhecidos. Talvez não seja tão comum conhecer

até que ponto essas essências dão forma a um perfume e até que ponto pode existir

uma fonte de inspiração para novas notas olfativas ou sápidas (que tem sabor)

(BANDONI, A; CZEPAK, M, 2008).

Recordemos que as essências são utilizadas em sua grande maioria por seu

odor ou seu sabor. E os compostos responsáveis por estas propriedades

organolépticas nem sempre são as que estão presentes em grande proporção. Na

Tabela 2 detalham-se quais são os principais componentes do óleo essencial de

limão que lhe outorgam suas propriedades olfativas. Observa-se que compostos

presentes em menos de 0,2% na essência de limão são fundamentais para definir

seu bom odor (BANDONI, A; CZEPAK, M, 2008).

O que realmente importa é identificar qual ou quais dos constituintes

presentes são os responsáveis pela qualidade organoléptica de uma essência. Se

Page 21: Os óleos essenciais

21

os constituintes valiosos são os principais; bastará isolá-los pelos processos

industriais clássicos, para obter um produto concentrado ou enriquecido em suas

propriedades olfativas ou saborizantes. Porém, se os constituintes valiosos são os

que se encontram em mínimas quantidades, componentes minoritários, seu

isolamento torna-se pouco rentável. Para que serve então toda essa informação

minuciosa para detectar traços de constituintes? Muito dificilmente a indústria poderá

detectar traços destes produtos presentes muitas vezes em menos de partes pó

milhão, com uma rentabilidade aceitável. Por que então a indústria se interessa e se

empenha em seguir na busca destes traços?

Tabela 2. Principais componentes da essência de limão em função de sua qualidade olfativa.

Composto % na essência Substância relativa do odor na

essência

Geranial 2.00 164.0

Neral 1.30 88.2

Linalol 0.18 48.1

Nonanal 0.12 10.7

Citronelal 0.13 9.4

Octanal 0.10 9.4

Acetato de Nerilo 0.52 7.3

(OHLOFF, 1977)

Aqui vemos a primeira necessidade da indústria de sabores e fragrâncias de

desenvolver a química fina. Uma química orientada a sintetizar substâncias muito

bem definidas, normalmente estereoquímica e ísomericamente puras e que possam

obter-se de, matérias-primas e com mecanismos de síntese tais que resultem

competitivos ao nível do mercado internacional. Isto é algo que nem sempre se

obtém. E quando não se pode obter, é quando se valoriza a matéria-prima natural,

biossintetizadora de ditos produtos e insubstituível pela indústria química. É o caso,

por exemplo, da essência de vetiver ou do patchuli (BANDONI, A; CZEPAK, M,

2008).

Porém, todo esse arsenal de compostos naturais, também representam uma

fonte de inspiração para o químico orgânico. 0 reconhecimento de uma estrutura

química como geradora de uma propriedade organoléptica é a fonte para que outras

Page 22: Os óleos essenciais

22

estruturas similares sejam exploradas, buscadas ou modificadas para conseguir o

mesmo efeito ou ter uma vantagem comparativa. Se o produto natural olfativamente

valioso está em pequenas quantidades na essência, a identificação de sua estrutura

permitirá ao químico de sínteses produzi-los por outras vias. Um exemplo histórico

na perfumaria foi o isolamento do jasmonato de metila a partir do absoluto de

jasmim. Como este composto está em produto está em ínfimas quantidades na

natureza, foi desenvolvida a síntese de um derivado: o dihidro-jasmonato, com um

odor semelhante (sendo comercializado com o nome de Hedione) para dispor de

quantidades apropriadas para indústria de fragâncias. Inicialmente o produto

sintético era uma mescla de dois isômeros, atualmente se pode conseguir ambos

isômeros separados. O descobrimento do jasmonato na natureza foi um avanço

importante do ponto de vista acadêmico. Porém a disponibilidade do derivado

sintético, obtido por imitação do natural, resultou em uma das mais significativas

revoluções o mundo da perfumaria, com seu conseqüente e espetacular êxito

comercial (BANDONI, A; CZEPAK, M, 2008).

Outro exemplo é a síntese de vários derivados de tióis patenteados para

serem usados como realçadores de sabores de pomelo: ainda que todos tenham

uma força odorífica inferior ao homólogo que fora isolado da essência natural de

pomelo (DEMOLE, 1992).

Entre os ramos clássicos da química fina sempre é citado o caso das

indústrias consumidoras de óleos essenciais. A via catalítica como solução para a

síntese de compostos a partir de produtos isolados de essências é um dos recursos

mais empregados na literatura existente. Praticamente toda a gama de

disponibilidade da química orgânica tem sido pesquisada neste sentido. Não

obstante, dos milhares de novos produtos ou novos processos publicados e

patenteados, são muito poucos os que tem sido transferidos ao mercado. Nos

últimos 30 anos estima-se que apareceram uns 200 produtos realmente novos para

a perfumaria ou para indústria de sabores e os laboratórios mais avançados neste

sentido foram das empresas líderes internacionais no setor, Givaudan, Firmenich,

Symrise, Mane e Duas Rodas Industrial Ltda (BANDONI, A; CZEPAK, M, 2008).

Nos últimos anos, esta geração de novos produtos sofreu uma notável

desaceleração devido as exigências legais, que existem em quase todos os países

desenvolvidos, para incorporar ao mercado novos produtos químicos. Pode-se dizer

que dois ou três produtos de cada mil sintetizados chegam a ser comercializados na

Page 23: Os óleos essenciais

23

atualidade, sendo este valor, sem dúvida, dez vezes superior ao obtido na pesquisa

de produtos farmacologicamente ativos. Os motivos desta limitação são além dos

legais, também aspectos econômicos, complexidade do processo de síntese,

dificuldade em obter matérias primas adequadas em qualidade e ou quantidade,

presença de impurezas no produto final, com odores inaceitáveis, impossibilidade de

separar racêmicos ou isolar isômeros, baixa margem de segurança toxicológica,

falta de competitividade do produto obtido em comparação com outros similares já

comercializados com menores custos, mais estáveis, mais solúveis, de melhores

características olfativas ou aromáticas etc (BANDONI, A; CZEPAK, M, 2008).

Neste último parâmetro, as características olfativas ou aromáticas são as

mais difíceis de avaliar por não existir uma medida ou uma unidade de comparação

que as definam e, portanto resultam absolutamente em uma subjetiva avaliação. É o

elemento mais crítico para a inclusão de um novo produto no mercado. Temos como

exemplo clássico, o linalol. É um dos compostos mais usados na perfumaria e

sabores (com um consumo mundial estimado de 6000 t ano). É um álcool

monoterpênico amplamente distribuído no mundo vegetal. Algumas das espécies

mais usadas para sua extração comercial são o pau-rosa no Brasil (70 a 90% de

riqueza) e o coentro (60 a 80%) (BANDONI, A; CZEPAK, M, 2008).

Existem duas estruturas de linalol: o isômero levo e o dextro. O proveniente

da essência de pau-rosa é levo e o do coentro é dextro. A nota olfativa de ambos é

distinta: o dextro é mais terroso e forte, pelo que uma síntese deste produto deveria

manter uma determinada isomeria; Devido a grande demanda internacional de

linalol, desenvolveram-se vários procedimentos de síntese. O processo empregado

pela BASF e Givaudan parte de acetileno-acetona, via metil-heptona e dihidrolinalol.

Este processo normalmente deixa traços dos derivados dihidro e tetrahidrolinalol

(limalol de 92 a 95%) por isso que começaram a utilizar outros métodos de síntese.

Hoje existem qualidades de linalol sintético com pureza maior que 99%, livres de

derivados hidrogenados. O interesse em conseguir um produto com alta pureza

derive de que em grande parte este linalol é usado para produzir óleos essenciais

sintéticos (bergamota, lavandas, lima etc), tanto do ponto de vista olfativo como

analítico, é desejável que não apareçam os derivados que os tornem impuros.

Observa-se como uma molécula tão simples, tão difundida na natureza e conhecida

desde muitas décadas, tem exigido constantes melhorias nos processos sintéticos e

ainda assim as fontes naturais continuam tendo uma significativa demanda,

Page 24: Os óleos essenciais

24

fundamentalmente por suas características organlépticas. Exatamente o mesmo

pode-se dizer para outros produtos como aldeído benzóico ou o geraniol (STUART

CLARK, 1998).

A única cartada que permite orientar em sua cega busca de produtos

comercialmente interessantes é explorar a relação estrutura/efeito desejada,

podendo ser este um odor, um sabor, uma ação alelopática ou um efeito

farmacológico. E por isso na indústria de perfumes, torna-se indubitavelmente

vantajoso o trabalho em equipe entre o químico orgânico e o perfumista. Por um

lado deve-se reconhecer uma estrutura ou função química e sua relação com uma

propriedade organoléptica, ou modifica-la para conseguir um objetivo prático de odor

ou sabor. Também se deve ter o critério e a experiência necessária para reconhecer

em um produto natural a potencialidade e as limitações da variabilidade biológica, e

até avaliar o risco toxicológico. E, por último, deve-se ter o conhecimento necessário

para avaliar a qualidade olfativa, de todo novo produto ou de algum substituto de

produtos naturais (BANDONI, A; CZEPAK, M.,2008).

O espectro de notas olfativas e saborizantes têm chegado a um grau de

desenvolvimento tão importante que existem realmente poucos recursos

inexplorados. Muitas das novas essências estudadas tem que competir com as já

existentes e com o amplo arsenal de materiais sintéticos ou semi-sintéticos que

limitam enormemente as possibilidades de encontrar-lhes um nicho comercial. Os

sintéticos, devido sua escala de produção, sua homogeneidade em qualidade e seu

preço relativamente baixo e estável, tornam-se o padrão de referência na hora de

determinar uma aplicação industrial de uma essência natural (BANDONI, A;

CZEPAK, M, 2008).

As grandes expectativas de encontrar novos acordes de odores e

saborizantes centram-se atualmente na exploração mais detalhada de determinados

produtos naturais. Os aromas de frutas tropicais, os odores de flores vivas (ainda

não cortadas e nem extraídas), o odor da pele humana em distintos momentos,

segundo as raças ou os estados de ânimo, o estudo da vegetação aromática dos

países em desenvolvimento com floras ,quase desconhecidas e a análise das

variações produzidas nos alimentos processados, são algumas das fontes mais

comuns na bibliografia atual. Fica sempre aberta a alternativa de caracterizar as

matérias-primas que possam imitar as essências naturais de difícil obtenção, como

Page 25: Os óleos essenciais

25

urna essência de morango, melão ou de muguet (Convalaria majalis) (BANDONI, A;

CZEPAK, M, 2008).

Existe outra possibilidade de aproveitamento dos óleos essenciais. Ainda que

alguns componentes majoritários não sejam portadores de odores ou sabores

comercialmente buscados, não quer dizer que os mesmos não sejam úteis para a

indústria. Será visto no transcorrer deste texto vários exemplos de produtos isolados

de óleos essenciais que servem de matéria-prima para outras aplicações industriais.

Novamente o que se aproveita é a fácil obtenção de abundante matéria-prima de

origem renovável por um lado e a especifica pureza isomérica por outro, que permite

orientar para reações isômero-seletivas. Como desvantagem manifesta, deve-se

assinalar que se parte de uma matéria-prima não patenteável em muitos paises em

função do que se desestimula o desenvolvimento industrial pela não possibilidade de

controlar o produção, o preço e o mercado (BANDONI, A; CZEPAK, M, 2008).

Ainda quando o uso final de uma essência seja para uma semi-síntese de

produtos industriais, o processo primário de sua obtenção a partir do material

vegetal significa um desafio e um ponto critico quanto à sua otimização tendo em

conta as múltiplas variáveis que podem afetar sua qualidade (BANDONI, A;

CZEPAK, M, 2008).

Temos analisado as possibilidades que oferecem os óleos essenciais para a

indústria. Não obstante e não para gerar falsas expectativas, deve-se ter em conta

que o mercado internacional de essências pode ter grandes variações de preço. E

estas mudanças são um desafio para o pesquisador que deverá constantemente

buscar novas fontes ou novos produtos alternativos ou substitutos. Os

pesquisadores sempre tem conseguido novos avanços neste sentido, como a

quimiotaxonomia ou a etnobotânica, com a fitoquímica ou a farmacognosia, com a

química ou a biotecnologia. A indústria química tem a missão de seguir na busca do

incomensurável universo de compostos naturais e com suas ferramentas de ouro, a

catálise, e a biotecnologia, que deverá competir na velocidade, na homogeneidade

e na especificidade da biossíntese natural (BANDONI, A; CZEPAK, M, 2008).

Page 26: Os óleos essenciais

26

3.2 RESUMO HISTÓRICO

A queda do império romano fez com que a utilização dos óleos essenciais

fosse esquecida. Recentemente, na Idade Média, os árabes redescobriram a

destilação de plantas e no século XIII, graças aos trabalhos de Gerberen, inventou-

se a serpentina como meio de resfriamento (BANDONI, A; CZEPAK, M, 2008).

No século XVII, quase todas as plantas aromáticas da Europa e do Oriente

Médio já eram destiladas. Demandy, em sua obra “A arte de destilação de águas

fortes”, em 1775, descreve um equipamento para a destilação de plantas

empregando o vapor d’água (BANDONI, A; CZEPAK, M, 2008).

Em meados do século XIX, as primeiras análises químicas e a produção de

óleos essenciais comerciais começaram a aparecer. Do final do século XX até os

dias atuais, o desenvolvimento da ciência e da tecnologia permitiu ampliar

enormemente o conhecimento das propriedades e da composição dos óleos

essenciais (BANDONI, A; CZEPAK, M, 2008).

Hoje graças ao notório interesse de nossa sociedade pelos produtos naturais

e com o respaldo de toda a experiência e informação cientifica disponível, o

mercado de óleos essenciais voltou a ter um renovado impulso, o que faz esperar

novas e melhores perspectivas de crescimento (BANDONI, A; CZEPAK, M, 2008).

3.3 GENERALIDADES SOBRE OPERAÇÃO DAS UNIDADES EXTRATIVAS

O objetivo da aplicação das operações extrativas unitárias no campo da

engenharia química e bioquímica para a extração de produtos naturais é efetuar

uma troca no material sólido e ou líquido para obter a separação de um conjunto de

substâncias, as quais podem tratar-se de essências, taninos, alcalóides, vitaminas,

etc (BANDONI, A; CZEPAK, M, 2008).

Dentro destas operações e de acordo com o método empregado para a

separação, estas podem classificar-se como do tipo mecânico ou difusional. As

operações mecânicas são empregadas para separar misturas e as difusionais para

as soluções. Um exemplo clássico de uma separação mecânica é a classificação de

Page 27: Os óleos essenciais

27

sólidos por peneiramento, uma difusional é a destilação. Na figura 1 resume-se uma

classificação das operações unitárias.

Figura 1. Classificação das Operações Unitárias em Engenharia Química - BANDONI, A; CZEPAK,

2008.

Nas operações unitárias difusionais, a separação se realiza devido a

transferência por difusão de um ou vários componentes. Quando duas fases entram

em contato, por “difusão”, se entende o movimento em escala molecular de

componentes químicos dentro de uma substância de uma região de alta

concentração para uma de baixa concentração (BANDONI, A; CZEPAK, M, 2008).

Levando em conta que dentro das operações difusionais uma fase pode ser

líquida, gasosa ou sólida, Treybal realizou estudo destas, classificando-as em seis

grandes grupos, segundo o estado de agregação, conforme a Figura 2.

Page 28: Os óleos essenciais

28

Figura 2. Classificação das operações difusionais segundo Treybal - BANDONI, A; CZEPAK, 2008.

3.3.1 Extração de produtos naturais aromáticos

Desde tempos imemoráveis, o home utiliza o reino vegetal para a obtenção

de produtos de uso alimentício, curativo ou cosmético. O método de isolamento dos

materiais aromáticos a partir de plantas é função, entre outros fatores, do tipo de

material a ser processado (BANDONI, A; CZEPAK, M, 2008).

Na Tabela 3 apresenta-se uma lista de alguns tipos destes materiais vegetais

que se utilizam atualmente na indústria de produtos de origem natural.

Tabela 3. Partes de plantas empregadas na obtenção de produtos aromáticos.

TIPO DE MATERIAL EXEMPLO

Botões florais Cravo

Flores Jasmim, rosa

Plantas herbáceas Sálvia, menya

Folhas Eucalipto

Page 29: Os óleos essenciais

29

Casca Canela

Madeira Sândalo, sassafrás, candeia

Raízes Angélica, vetiver

Rizomas Gengibre

Bulbos Cebola

Frutas frescas Lima

Cascas de frutas Laranja, Limão

Frutos secos Coentro, funcho

Sementes Cenoura

BANDONI, A; CZEPAK, M.,2008

Associado a isso, é importante considerar o lugar de localização da

substâncai aromática dentro da estrutura celular, a qual é, a sua vez, independente

do tip de material vegetal e da família botânica da mesma (BANDONI, A; CZEPAK,

M, 2008).

3.3.2 Tipos de estruturas celulares nos materiais vegetais aromáticos

Na tabela 4, são mostrados alguns exemplos do tipo de estruturas celulares onde se

localizam os óleos essenciais em certas famílias do reino vegetal.

Tabela 4. Principais vegetais onde e localizam os produtos aromáticos.

ESTRUTURA CELULAR EXEMPLOS

Pêlos glandulares Labiate, Verbenaceae, Geraniaceae

Cavidades esquizógenas Myrtaceae, Poaceae, Asteraceae

Canais lisígenos Rutaceae

Canais resinosos Conifeae

Canais gomosos Cistaceae, Burseraceae

(De Silva, 1995)

Page 30: Os óleos essenciais

30

Infelizmente, não existem muitas informações sobre estas estruturas a fim de

formar um critério válido de seleção do processo a utilizar em função do material

vegetal trabalhado. Porém, nos casos onde se conhece, o processo extrativo pode

ser otimizado, selecionando a técnica e a metodologia mais adequada para cada

caso. Como regra geral, para aquelas partes vegetais que contenham o óleo

essencial em elementos celulares superficiais (caso da menta e da lavanda) a

extração pode ser realizada a pressões normais, enquanto que os materiais que

contenham as frações aromáticas em elementos mais internos (caso do vetiver,

frutos de Umbelíferas e candeia por exemplo) deverão ser processadas

possivelmente com uma maior pressão (DENNY, 1991).

3.3.3 Métodos de obtenção de óleos essenciais

De acordo com BANDONI, A; CZEPAK, M, os principais métodos utilizados

para obter óleos essenciais a partir de plantas aromáticas são:

Destilação com água;

Destilação por arraste com vapor;

Destilação com água e vapor (Coobação);

Destilação com maceração prévia;

Destilação submetida a uma degradação térmica;

Expressão.

Na Figura 3 estão representados os processos utilizados e os produtos

provenientes de materiais vegetais aromáticos.

Page 31: Os óleos essenciais

31

Figura 3. Processos utilizados e produtos provenientes de plantas aromáticas - BANDONI, A;

CZEPAK, 2008

3.3.3.1 Destilação com água (hidrodestilação)

O princípio da destilação com água é levar ao estado de ebulição uma

suspensão aquosa de um material vegetal aromático, de tal maneira que os vapores

gerados possam ser condensados e coletados. O óleo, que é imiscível em água, é

posteriormente separado (SILVA, 1995).

Na desilação com água, o material vegetal sempre deve entrar em contato

com a mesma. um fator importante é que, se o aquecimento do destliador é feito

com fogo direto, a água presente no destilador deverá ser suficiente e permanente

para levar a cabo toda a destilação, a fim de evitar superaquecimento e

carbonização do material vegetal, o que provocaria a formação de odores

desgradáveis no produto final (SILVA, 1995).

O material vegetal n destilador deve ser mantido sob costante agitação para

evitar aglomerações e sedimentações do mesmo no fund do recipiente, o que pode

provocar sua degradação térmica (SILVA, 1995).

O tempo total de destilação é função dos componentes presentes no óleo

essencial. Se o óleo contém compostos de alto ponto de ebulição, o tempo de

Page 32: Os óleos essenciais

32

destilação deverá ser maior. Dado que geralmente não é possível colocar água

suficiente para sustentar todo ciclo de destilação, desenvolveram-se equipamentos

que apresentam um tudo de ligação lateral que permite o retorno da água para o

recipiente. Um exemplo deste tubo de ligação em escala de produção pode ser visto

na Figura 4, o qual é um esquema representativo de um equipamento tipo CISIRILL

desenvolvido no Instituto de Pesquisa Científica e Industrial do Sri Lanka (SILVA,

1995).

Figura 4. Representação esquemática do equipamento tipo CISRIL – Silva 1995.

De acordo com KOEDAM, 1980, os óleos essenciais obtidos mediante

destilação em água, normalmente apresentam notas mais fortes e uma cor mais

escura quando comparados com os produzidos por outros métodos. É possível

dizer, em geral, que os óleos produzidos por destilação em água são de menor

qualidade que os produzidos por outros métodos pelas seguintes razões:

Alguns componentes, como os ésteres, são sensíveis á hidrólise, enquanto

outros, tais como os hidrocarbonetos monoterpênicos acíclicos ou os

aldeídos, são suscetíveis de polimerização (o pH da água frequentemente é

baixo, o que facilita a realização de reações hidrolíticas ou conversões.

Os compostos oxigenados, tais como fenóis, tendem a ser parcialmente

solúveis em água de destilação, o que impede a remoção completa dos seus

compostos.

Page 33: Os óleos essenciais

33

Os tempos de destilação requeridos são demasiadamente longos, o qual se

associa a um detrimento da qualidade do óleo obtido.

Por outro lado, este sistema apresenta a desvantagem de apresentar uma

menor eficiência energética com respeito á destilação com vapor ou vapor/água,

além do que, ao ser realizada como uma arte, normalmente não se opera sob

condições ótimas de tempo e temperaturas, tendo como ponto de controle a

qualidade do óleo obtido (SANTOS et al, 1993).

No entanto, este método é útil quando o material vegetal tende aglomerar-

se enquanto o vapor passa através dele (SANTOS et al, 1993).

Uma vantagem adicional é que o custo envolvido para a fabricação do

equipamento é dos mais baixos, comparado com os outros métodos, além de sua

operação não requerer o uso de energia elétrica, vapor, ar ou outros (SANTOS et

al, 1993).

A duração da destilação é longa nestes equipamentos por causa da

concepção do sistema de aquecimento e de resfriamento que limitam os

rendimentos da essência (SANTOS et al, 1993).

O tempo de destilação é muito variável e deve definir-se m função da

qualidade do produto que se quer obter (SANTOS et al, 1993).

Para determinar estes tempos convém saber que em uma hidrodestilação

ou destilação por arraste com vapor, os primeiros componentes voláteis que se

extraem são os mais solúveis em água. Desta maneira, durante a extração se

realiza uma aleatória destilação fracionada da essência contida na planta

(SANTOS et al, 1993).

Assim, por exemplo, no cominho-de-pão (Carum carvi) observou-se que se

extrai primeiro a carvona (com um ponto de ebulição de 230oC) e logo após o

limoneno (com ponto de ebulição de 178oC). Este fenômeno é muito menos

notável quando se usa extração por arraste com vapor de água (FERNANDES

COSTA, 1994).

Page 34: Os óleos essenciais

34

3.3.3.2 Destilação por arraste de vapor

A extração por arraste com vapor de água pode ser considerada a mais

simples e segura e, inclusive a mais antiga. Técnicamente o processo está ligado

a produção de álcool e está baseado no princípio de que a maior parte das

substâncias oleosas que se encontram em uma matéria vegetal, podem ser

arrastadas pelo vapor d’água (BANDONI, A; CZEPAK, M, 2008).

A destilação por arraste com vapor, empregada para extração da maioria

dos óleos essenciais é uma destilação de mistura de dois líquidos imiscíveis e

consiste, em uma vaporização a temperaturas inferiores as de ebulição de cada

um dos componentes voláteis, por efeito de uma corrente direta de cada um dos

componentes voláteis, por efeito de uma corrente direta de vapor d’água, a qual

exerce a dupla função de aquecer a mistura direta de vapor d’água até seu ponto

de ebulição e diminuir a temperatura de ebulição por adicionar pressão de vapor,

que se injeta nos componentes voláteis dos óleos essenciais. Os vapores que

saem do pescoço de ganço se esfriam em um condensador de onde regressam a

fase líquida, os produtos imiscíveis, água e óleo essencial e finalmente se

separam em um decantador ou vaso florentino (BANDONI, A; CZEPAK, M,

2008).

A destilação por arraste com vapor d’água não pode se substituída pela

extração com solventes orgânicos ou com aquecimento direto pelas inúmeras

vantagens que apresenta em relação a estes dois últimos sistemas e que podem

ser resumidas em:

O vapor d’água é muito econômico em comparação ao custo dos

solventes orgânicos;

Assegura que não ocorra super aquecimento do óleo essencial;

Não requer a utilização de equipamentos sofisticados.

O cálculo da quantidade de vapor necessária para separar uma

determinada quantidade de óleo essencial é função da temperatura e da pressão

a que se realiza a destilação e se efetua usando as equações clássicas

empregadas na destilação de líquidos imiscíveis (BANDONI, A; CZEPAK, M,

2008).

Page 35: Os óleos essenciais

35

No momento do arraste com vapor, a soma das pressões parciais PA e

PH2O (óleo essencial e água) é igual à pressão total existente no destilador que

neste caso é a atmosférica. A equação fundamental do arraste com vapor se

deduz da lei dos gases perfeitos, segundo as quais as pressões de vapor dos

componentes de uma mistura gasosa são proporcionais ao número de moléculas

presentes (BANDONI, A; CZEPAK, M, 2008).

(1)

Sendo Q a quantidade total de água em moles, necessária para realizar o

arraste, e A o número de moles do óleo essencial volátil existente no destilador.

Para integrar a equação anterior, é necessário conhecer a relação entre

PH2O e PA e o restante das variáveis existentes. A pressão de vapor do óleo

depende da concentração de óleo na carga e pode se calculada em função de A

e de C (sendo C os moles dos componentes não voláteis na carga) e da tensão

de vapor do componente puro (óleo essencial).

Deve-se elevar em conta a evaporação do óleo essencial, que ocorre

durante a imediata passagem do vapor d’água através da carga (folhas,

sementes, parte aérea, raízes, tubérculos, etc) e em conseqüência da pressão de

vapor de A na fase gasosa, será menor que a correspondente pressão de

equilíbrio a essa temperatura.

Para resolver esse desvio, se corrigie a Lei de Raoult com um coeficiente

de eficiência, que sempre será inferior á unidade e será função das condições

reinantes dentro do destilador e sendo (A) a pressão de vapor do óleo essencial,

obteremos:

(2)

Page 36: Os óleos essenciais

36

A pressão de vapor d’água, que é constante quando se estabelece as

condições operacionais e existe condensação, é igual á pressão de vapor da

água á temperatura da mesma dentro do destilador e que se expressa em todo

momento como a diferença entre a pressão total (a atmosférica) e a do

componente volátil.

(3)

Relacionando as três equações anteriores 1, 2, 3 podemos deduzir a

equação correspondente ao processo de arraste com vapor d’água:

(4)

Se multiplicarmos ambos os membros pelos Pesos Moleculares

respectivos da água e do óleo essencial, teremos:

Sendo Wágua a relação em peso da quantidade de vapor d’água necessária

para obter uma determinada quantidade de óleo essencial mediante arraste com

vapor. Como é impossível determinar o peso molecular de um do óleo essencial,

o que se faz na prática é estabelecer uma média ponderada dos pesos

moleculares dos componentes majoritários presentes no óleo essencial. Além

disso, é necessário dispor de uma curva onde se relacione a pressão de vapor do

óleo essencial a distintas temperaturas.

Page 37: Os óleos essenciais

37

Se não se dispõe destes dados, se calcula a relação em separado para

cada um dos componentes principais.

A determinação do coeficiente de eficiência de arrastes com vapor,

tratando-se de líquidos, foi estudado por Carey e este deduziu que era função da

espessura da capa líquida “I”, do diâmetro médio da bolha de uma constante “K”,

característica da substância destilada, que esta relacionada com a difusividade

da mesma em estado gasoso. A relação exponencial proposta foi: para cálculos

práticos e tratando-se de líquidos oscila entre 0,5 e 0,7.

(5)

Cabe assinalar que quando se efetua o arraste com vapor d’água de um

óleo essencial encerrado em uma parede vegetal de uma planta, os coeficientes

dependerão não só da compactação do material, mas de fatores como, a

permeabilidade do material celulósico para permitir a passagem do óleo volátil.

Para dar um exemplo de como se calcula a relação entre o gasto de vapor

necessário e a quantidade do óleo obtido, se analisará o caso do óleo de

terenbitina. Seus componentes principais são o alfa e beta pineno (53% e 35%

respectivamente), razão pela qual o peso molecular a utilizar será 136

(correspondente ao dos isômeros pineno) e 18 para água. A 95oC a pressão de

vapor (p) do óleo de terentina é de 11,4mm de Hg, e da água é de 646 mm de

Hg. Levando em conta com um valor de eficiência de 0,6, teremos: (BADGE E

Mc CABE, 1936).

Na Figura 5 é mostrado o esquema de um equipamento de extração por

arraste com vapor d’água, desenvolvido no CIATEJ.

Nos desenhos mais modernos de destiladores deste tipo, o vapor é gerado

dentro de uma camisa no corpo do destilador, o que significa uma importante

Page 38: Os óleos essenciais

38

economia de energia, pois o calor que irradia esta camisa para dentro serve para

pré-aquecer o material vegetal no interior do alambique, reduzindo a quantidade

de vapor necessária para chegar a temperatura de destilação do óleo essencial.

A destilação de plantas aromáticas e medicinais se efetua freqüentemente

com vapor direto, em alambique onde as capacidades variam de 50 litros para os

de nível de laboratório e de 1.000 a 6.000 litros para as destilarias de grande

produção. Vários recipientes podem ser colocados em uma destilaria, segundo a

importância da produção e o ritmo da destilação.

Figura 5. Equipamento piloto de extração de óleos essenciais tipo CIATEJ.

A maioria dos equipamentos são compostos de dois recipientes de

capacidade de 1.500 litros, os quais podem ser ocupados alternadamente,

enquanto uma unidade está em processo de extração, a outra está em operação

de descarga de material vegetal, proporcionando uma economia de tempo

importante nos custos de produção.

A destilação de plantas se efetua geralmente sobre baixas pressões, com o

fim de não deteriorar os constituintes do óleo essencial, pelo efeito de temperaturas

muito elevadas.

Page 39: Os óleos essenciais

39

No entanto, é necessário para certo tipo de essência, operar com pressões de

1 a 2 bar. Com isso, se consegue reduzir o tempo de destilação, com um melhor

rendimento, sem prejudicar a qualidade da essência.

3.3.3.2.1 Formação de emulsões no processo de arraste por vapor

Quando se realizam destilações hetero-azeotrópicas de plantas aromáticas

utilizando unidades de extração com vapor, uma vez efetuada a condensação dos

líquidos não miscíveis, se obtém, geralmente no recipiente de decantação emulsões

do tipo direto, isto é, óleo em água e emulsões imersas de água em óleo, que são

muito estáveis e difíceis de separar. Estas emulsões, chamadas “térmicas”, de

aspecto leitoso têm diâmetro de gotas de alguns microns (BANDONI, A; CZEPAK,

M, 2008).

Durante a destilação de uma planta aromática ocorre um fenômeno de

separação de fases que nem a simples decantação permite a recuperação dos óleos

essenciais. Além disso é pertinente indicar que as emulsões que se formam,

representam um duplo interesse para que sejam tratadas, uma vez que, por um

lado, se recupera a essência que se perde, sobretudo, quando são de alto custo e,

por outro, contribuir com o ecossistema mediante a um tratamento que permite a

descontaminação da água de condensação. Nas empresas destiladoras de óleos

essenciais a separação é efetuada em um recipiente denominado “vaso florentino”

(BANDONI, A; CZEPAK, M, 2008).

A maior parte das técnicas de separação de fases de uma emulsão é

baseada na equação de Stokes, que expressa a relação que existe entre a

velocidade ascensional ou de sedimentação de uma microgota da fase dispersa no

meio de uma fase contínua (BANDONI, A; CZEPAK, M, 2008).

Page 40: Os óleos essenciais

40

De acordo com BANDONI, A; CZEPAK, M (2008), na lei de Stokes se

encontram os conjuntos de técnicas de separação acelerados que podem ser

aplicados para separar emulsões de tipo secundário. Para acelerar a velocidade

ascencional ou de sedimentação da fase dispersa, se pode influir direta ou

indiretamente sobre os 4 parâmetros que condicionam esta última:

a) Se a influência for sobre a viscosidde da fase contínua, seu valor

é diminuído pela elevação da temperatura (tratamento témico);

b) Se a influência for sobre a diferença de densidade entre as fases

pode-se aumentar, em certos casos, de maneira artificial, pela técnica de

flotação com ar. Também se pode provocar isto saturando a fase aquosa com

sal (agregando um excesso de sal de cozinha, por exemplo), causando a

separção de qualquer elemento que permaneça na fase aquosoa em

equilíbrio metaestável.

c) Quando se deseja influir sobre a aceleração da gravidade se

substitui por uma aceleração centrífuga. Nestes casos, emprega-se a

centrifugação mediante o uso de hidrociclones.

d) Influir sobre o diâmetro das microgotsas da emulsão que se

deseja separar. Pode-se notar que neste caso se trata do parâmetro de ação

mais sensível já que se encontra elevado ao quadrado. Dessa forma se

provoca uma alglomeração de microgostas de fase dispersa, para obter

macrogotas que são fáceis de separar.

3.3.3.3 Destilação com água-vapor

Neste caso, o vapor pode ser gerado mediante uma fonte externa ou dentro

do próprio corpo do destilador, ainda que separado do material vegetal. A diferença

radical existente entre este sitema e o anterior é que o material vegetal se encontra

Page 41: Os óleos essenciais

41

suspenso sobre um fundo falso que impede o contato do material vegetal com o

meio líquido em ebulição. Este sitema reduz a capacidade nata de carga de matéria-

prima dentro do destilador, melhorando a qualidade do óleo essencial (BANDONI, A;

CZEPAK, M, 2008).

Na Figura 6 é mostrado um equipamento tradicional de um processo de

destilação vapor-água.

Se a quantidade de água contida no destilador não é suficiente para sustentar

o processo de destilação, é conveniente utilizar um sistema de coobação através do

qual a água já condensada retorna ao corpo do destilador para voltar a ser aquecida

(BANDONI, A; CZEPAK, M, 2008).

Figura 6. Equipamento tradicional de destilação de vapor – água. BANDONI, A; CZEPAK, M.,2008

3.3.3.4 Aplicação da coobação

A coobação é um procedimento que somente pode ser utilizado para a

destilação de vapor e destilação água-vapor. O sistema de coobação envolve o

retorno da água condensada (uma vez separado o óleo essencial) ao corpo do

destilador, como mostra a Figura 7. (BANDONI, A; CZEPAK, M, 2008).

Page 42: Os óleos essenciais

42

Figura 7. Esquema de um destilador com sistema de coobação. BANDONI, A; CZEPAK, M.,2008

Esta forma permite minimizar as perdas de componentes oxigenados,

particularmente os fenóis, que apresentam uma grande solubilidade em água. A

reutilização da água condensada permitirá que esta chegue a saturar-se com

constituintes soltos, de tal maneira que não será capaz de dissolver maior número

de componentes. (BANDONI, A; CZEPAK, M, 2008).

Para a maioria dos óleos, as perdas reportadas utilizando este sistema não

ultrapassa, para óleos ricos em fenóis, mais que 0,2% (BANDONI, A; CZEPAK, M,

2008).

A destilação com água-vapor de plantas aromáticas se efetua, há muitos

anos, em equipamentos artesanais de pequenas capacidades que trabalham a “fogo

direto”, os quais não estam muito difundidos a não ser em países em

desenlvolvimento (BANDONI, A; CZEPAK, M, 2008).

Page 43: Os óleos essenciais

43

3.3.3.5 Destilação com prévia Maceração

Em alguns casos, as plantas aromáticas necessitam ser submetidas a um

processo de maceração em água quente, para favorecer a separa do seu óleo

essencial, uma vez que seus componentes voláteis estão ligados a

componentes glicolisados. O método se aplica para extrair o óleo da semente

de amêndoas amargas, bulbos de cebolas, bulbos de alho sementes de

mostarda, folhas de gaulteria (GauItheria procumbens), folhas e córtex de abedul ou

vidoeiro (Bétula sp) Na Tabela 5 são mostradas as reações enzimáticas prévias,

descritas Guenther (1952) e Block (1985) para os referidos materiais vegetais.

Tabela 5. Exemplos de óleos essenciais produzidos por reações enzimáticas.

PLANTA PRECURSOR ENZIMA PRODUTO

AROMÁTICO

Gaulteria Gaulterina

(ormootgropiside)

Primaverasidase Salicilicato de

metila +

primaverosa

Amêndoa amarga Amigdalina

(mandelonitrilo

gentiobiósido)

Emulsinase Benzaldeido +

glicose + HCN

Mostarda negra Sinigrina

(mirosinato de

potássio)

Mirosinanase Isotiocianato de

alilo + glicoses +

KHSO4

Cebola Cebola alilos

mescla de

sulfóxido de s-

alquil cisteína

Alilase Disulfeto de

dipropilo +

propionaldeído

Page 44: Os óleos essenciais

44

Alho Alho alilos

sulfóxido de s-alil

cisteína

Alilase Disulfeto de

dialilo (maior)

Guenther (1952) e Block (1985)

3.3.3.6 Destilação submetida a uma degradação térmica

É utilizado, por exemplo, para produzir o breu de albedo e para obter óleo-de-cade

ou zimbro (cedro-da-Espanha ou zimbro-bravo), em um processo no qual se

sucede uma degradação térmica.

Segundo Guenther (1952), para o caso da produção do óleo-de-cade, a madeira do

tronco, os ramos e as raízes da espécie Juniperus oxycedrus L. são fragmentadas

em pedaços que se amontoam em uma prancha côncava que possui no centro um

tubo condutor com orientação para baixo do coletor. E outro recipiente de ferro é

colocado o carvão, o qual é queimado até alcançar uma cor vermelha intensa, o

resultado do calor extremo que é gerado pela combustão se transmite para os

fragmentos de madeira, esta sofre uma decomposição térmica que permite a

liberação do óleo essencial, Uma vez extraída esta essência se mistura com

as substâncias piro-lenhosas da madeira carbonizada dando como produto um

líquido viscoso homogêneo de cor marrom escuro com um forte odor de fumo. Na

Figura 8 está a representação esquemática.

Page 45: Os óleos essenciais

45

Figura 8. Esquema de um extrator por degradação térmica. Guenther (1952)

Recentemente Chalchat (1990) demonstraram que muitos

hidrocarbonetos sesquiterpênicos suportam estas condições drásticas de

destilação. Como resultado, a quantidade de óleo essencial que se

decompõe não é tão grande. No entanto, para certos hidrocarbonetos

sesquiterpênicos ocorrem certas recomendações. Finalmente é de interesse

mencionar que o óleo de cade ou zimbro é produzido por esta técnica com a

espécie Juniperus oxycedrus L., da mesma maneira que o óleo de zimbro-

espanhol ou cade, a partir da espécie Juniperus phoenicea L.

Page 46: Os óleos essenciais

46

3. CONCLUSÃO

Baseando-se nos processos extrativos que foram mostrados de forma muito geral no

presente trabalho, e que atualmente se aplicam para a obtenção de óleos

essenciais, queremos assinalar que somente levamos em consideração aqueles

processos nos quais as farmacopéias e as normas internacionais reconhecem como

um óleo essencial de origem 100% natural. Além do que, a implementação desta

gama de alternativas de processos é factível de aplicar-se na pequena e média

indústria dos países em vias de desenvolvimento.

Cabe mencionar que atualmente se desenvolvem, em escala mundial, novas

tecnologias de extração em âmbito experimental, tais como: microondas, fluídos

supercríticos, extrusão etc. No entanto, estas novas técnicas ainda se encontram em

fase de ser aprovadas e reconhecidas, oficialmente, pelos comitês internacionais

que lesgilam estes tipos de produtos para seu consumo na indústria alimentícia,

químico-farmacêutica e de perfumaria.

Page 47: Os óleos essenciais

47

REFERENCIAS

ARNALDO B. & MARCIO C. Os Recursos Vegetais Aromáticos no Brasil: seu aproveitamento industrial para a produção de aroma e sabores. Editora da Universidade Federal do Espírito Santo, 2008.

BLOCK, E. The Chemistry of garlic and onions. Sci. American. 1985

BOELENS, M.H. Chemical and sensory evaluation of trace compounds in naturals. Perfm.& Flavor Magazine. 1996

BRUNKE, E.J. Analyses “headspace” de plantes médicinales. Parfum. Cosmet. Aromes. 1993

CHALCHAT, j.c. Chemical Composition of Natural and empyreumatic Oils and Extract from Juniperus oxycedrus ond Juniperus phonicea wood. J. Essential Oil. 1990

DEMOLE, E. Parfums et chimie: une symbiose exemplaire. L´actualité chimique. 1992

DENNY, E.F.K. Field Distillation for herbaceous oils. 1991

FERNANDES C.A. Farmacognosia. Ed. Fundación C. Gulbenkian, Lisboa. 1994

GUNTHER, E. The Essencial Oils. Ed. Krieger Publishing. 1952

KOEDAM, A.&A. Looman. Effect of pH during distillation on the composition of the volatile oil from Juniperus Sabina. Planta Medica. 2000

MCCABE, Warren L; SMITH, Julian C; HARRIOTT, Peter. Unit operations of chemical engineering. 6th ed. New York: McGraw-Hill, 2001.

Page 48: Os óleos essenciais

48

MOOHERJEE, B.D. New insight in the three most important natural fragrance products: wood, amber and musk. In Proceedings of the 12th Internacional Congress of Essencial Oils. Viena (Austria). 1993

OHLOFF, G. The importance of minor componets in flavors and fragrances. In: Proceedings of the 7th Internacional Congress of Essencial Oils, Kyoto (Japan). 1977

PERINEAU, F. Hydrodistillation du fruit de conriandre. Parfums cos. Métiques arômes. 1991

SANTOS, F.A & RAO, V.S.N. Antiinflammatory and antionociceptive effects of 1,8-cineole a Terpenoid oxide present in many essential oils. Phytotheraphy Research. 2000

SMALLFIELD, B.M. Coriander spice oil: effects of fruit crushing and distillation time on yield and composition. J. Agric. Food Chemical. 2001

STUART CLARKI IV, G. Menthol. Perfum & Flav. 1998