Os sentidos construídos pelos adolescentes sobre a violência midiatizada no MMA

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0 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO LINHA DE PESQUISA: MÍDIA E PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADE EUGÊNIO CARLOS DO REGO ARAÚJO OS SENTIDOS CONSTRUIDOS POR ADOLESCENTES SOBRE A VIOLÊNCIA MIDIATIZADA NO MMA Teresina, 24 de janeiro de 2015

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Projeto de mestrado em comunicação do PPGCOM-UFPI, na linha de pesquisa Mídia e Produção de Subjetividades

Transcript of Os sentidos construídos pelos adolescentes sobre a violência midiatizada no MMA

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAU

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM COMUNICAO

    LINHA DE PESQUISA: MDIA E PRODUO DE SUBJETIVIDADE

    EUGNIO CARLOS DO REGO ARAJO

    OS SENTIDOS CONSTRUIDOS POR ADOLESCENTES SOBRE A VIOLNCIA MIDIATIZADA NO MMA

    Teresina, 24 de janeiro de 2015

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    EUGNIO CARLOS DO REGO ARAJO

    OS SENTIDOS CONSTRUIDOS POR ADOLESCENTES SOBRE A VIOLNCIA MIDIATIZADA NO MMA

    Projeto de Pesquisa apresentado Coordenao doPrograma de Ps-Graduao em Comunicao linha de pesquisa Mdia e Produo de Subjetividades para aprovao do Comit de tica da Pesquisa desta Universidade Federal do Piau.

    Orientadora: Profa. Dra. Ana Maria da Silva Rodrigues

    Teresina, mar. 2015

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    SUMRIO

    1. INTRODUO ................................................................................................................................. 3

    1.1. Problemtica de pesquisa .............................................................................................................. 3

    1.2. Justificativa ................................................................................................................................... 5

    1.3. Hiptese ......................................................................................................................................... 6

    1.2. Objetivos ....................................................................................................................................... 6

    2. FUNDAMENTAO TERICA .................................................................................................... 7

    3. METODOLOGIA ............................................................................................................................ 14

    4. ORAMENTO ................................................................................................................................ 18

    5. CRONOGRAMA ............................................................................................................................ 19

    6. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .......................................................................................... 19

    ANEXOS .............................................................................................................................................. 20

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    1. INTRODUO 1.1 PROBLEMTICA DE PESQUISA

    Um fenmeno cultural vem ganhando espao entre as vrias camadas sociais do Brasil

    nos ltimos cinco anos: os combates das Artes Marciais Mistas, o MMA, tornaram-se a mais

    nova atrao do entretenimento transmitido pela televiso no pas. Seja nos canais pagos ou

    abertos, o esporte que apresenta confrontos violentos em um ambiente espetacular de luzes,

    msica, cmeras de vdeo e excitao da platia despertou o interesse do telespectador

    mediano, provocando uma nova paixo no pblico nacional que fez at a prpria refletir se o

    MMA no seria o segundo esporte nacional (AGOSTINI, 2011). Em entrevista edio

    brasileirade n 59 da revista Rolling Stone, considerada a bblia da cultura pop, o lutador

    Minotauro comentou que quando tem jogo de vlei voc no v os bares lotados para assistir

    como na luta do Anderson Silva com o Vitor Belfort, por exemplo. O UFC s menor que o

    futebol.

    Ainda de acordo com Agostini (2011), o interesse o pblico brasileiro pelo esporte de

    combate pode ser observado no aumento do nmero de assinantes de canais de televiso

    pagos especializados nesse tipo de atrao. Segundo o autor, entre 2010 e 2011 o canal

    Combate registrou um aumento de 46% no nmero de assinantes, atingindo 138 mil

    assinaturas. As lutas deMMA so transmitidas para 145 pases, incluindo o Brasil, e estima-se

    que cada combate seja transmitido por cerca de 354 milhes de aparelhos de televiso.

    Na composio desse novo fenmeno miditico mundial e brasileiro h dois elementos

    que acreditamos a razo para o interesse do pblico. O primeiro a presena da violncia

    durante o combate, que embora controlada por regras, desperta e mantm a excitao da

    audincia que assiste s disputas tanto na platia que cerca o octgono quanto pela televiso.

    ParaWeinberg (2008), o grande pblico sentea necessidade de sublimao dos

    instintos por meio do esporte que, no caso do MMA, tem sua base na violncia. Esta, por sua

    vez, faz parte do cotidiano do homem desde a Pr-Histria quando ele passou a fazer uso dela

    para sobreviver, defender-se, ganhar posio no grupo ao qual pertencia, conquistar e manter

    territrios, entre tantos outros usos que fez e faz da fora fsica ou psicolgica sobre o seu

    semelhante com o intuito de sobrepuj-lo ou provocar seu apagamento.

    H que se considerar tambm a violncia como um estimulante cujo efeito mais

    importante seria despertar o homem mediano da letargia provocada pelas tarefas de trabalho

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    repetitivas e espaos fsicos e temporais controlados, nos quais se desenrola a sua vivncia

    cotidiana.(WEINBERG, 2008)

    A nosso ver, trs fatores podem estar relacionados com a escalada do MMA como

    esporte midiatizado. O primeiro, refere-se televiso que se aproveita dessa necessidade de

    excitao do telespectador para criar programas que promovam a sensao de estar

    participando da ao in loco apesar de a viverem de forma remota por meio das imagens

    captadas pelo televisor. Ao assistir a jogos de futebol e lutas, o pblico jogado pela televiso

    para dentro do estdio ou ringue e graas s cmeras pode ainda compartilhar ilusoriamente

    da viso da arquibancada e at mesmo do rbitro ou esportista. Esses recursos so usados para

    efeito de aumento, manuteno e reforo da excitao e do interesse o telespectador pelo

    desenrolar da ao.

    O segundo fator que desperta o interesse do pblico pelo MMA a identificao do

    telespectador nacional com os dolos do esporte que so na sua grande maioria brasileiros.

    Constituindo-se como olimpianos modernos (MORIN, 1997), atletas como o lutador

    Anderson Silva ou o jogador de futebol Neymar tem constantemente suas vidas e feitos

    celebrados pela mdia bem como suas trajetrias de pessoas comuns aladas ao estrelato por

    meio do esporte como foco de extensa cobertura dos meios de comunicao. Como pblico, o

    espectador, internauta, leitor, ouvinte e telespectador so passveis de desenvolver certa

    admirao por encontrar, em tese, alguma identificao com os dolos midiatizados.

    Um terceiro fator na popularizao do MMA como esporte midiatizado o engenhoso

    trabalho da mdia para transformar um esporte violento em um produto palatvel de

    entretenimento. Na sua misso de vender a ateno do pblico para os anunciantes, a mdia

    televisiva criou processos de atenuao simblica da violncia nos combates de Artes

    Marciais Mistas, transformando-o num espetculo cuja capacidade de despertar paixo e

    repulsa pode se igualar de telenovelas, talkshows, reality shows, telefilmes e seriados. Ainda

    e para alm de transformar violncia em espetculo, a televiso um veculo de comunicao

    onipresente na vida do homem contemporneo e est presente nos lares brasileiros em quase

    sua totalidade. Sua importncia e capacidade de afetao das relaes sociais tamanha que

    ela considerada tambm como incentivadora de socializao, dilogo, comunicao,

    convvio e aprendizado assim como a escola, a famlia e o trabalho. (WAINBERG, 2008 e

    NJAINE, 2004).

    Com tantas nuances envolvidas em sua composio, nos leva a formular a seguinte

    questo: como o pblico adolescente constri os sentidos sobre a violncia contida no MMA

    televisionado? Outras questes que tambm nos ocorre a respeito do tema so: Que afetaes

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    ela provocaria em sua subjetividade no decorrer do processo de internalizao desses sentidos

    produzidos? Que caractersticas e/ou padres possuem os sentidos construdos pela audincia

    do espectador adolescente?

    1.2 JUSTIFICATIVA

    Como professor de escola pblica h quase 20 anos, a periferia de Teresina sempre

    foi um ambiente que chamou a ateno deste pesquisador pela rapidez com que os meios de

    comunicao, em especial a televiso, afetam o comportamento, a produo de sentidos e a

    construo das subjetividades do pblico que nela habita, com nfase nos adolescentes.

    Novelas, notcias, programas de entretenimentos e esporte lanam novos parmetros e valores

    para conviver em sociedade; o que mostrado na tela , em grande parte, internalizado por

    um pblico cuja capacidade de crtica insuficiente frente estratgias sedutoras de sua mais

    importante fonte de informao e diverso.

    Uma observao que sempre nos chamou a ateno a de que entre os adolescentes,

    os exemplos de dolos a serem seguidos vo mudando ao sabor do que faz sucesso na

    televiso: de jogadores de futebol a lutadores de MMA e tantos outros esportistas, incluindo

    tambm cantores e participantes de reality shows. Apesar de virem de reas diferentes, esses

    dolos novos e muitas vezes de fama fugaz, tem algo em comum: so personagens

    midiatizados que devem televiso a construo de suas carreiras e a efetivao de sua fama

    e glria pelo pblico.

    Nos cerca de 20 de docncia pudemos observar que os cones miditicos influenciam

    o comportamento de adolescentes e jovens no falar, no vestir e nas escolhas de mercadoria

    artstica e material a consumir. Suas subjetividades eram e presumimos que ainda o so

    fortemente influenciadas pela mdia, em especial pela televiso, veiculo fcil de ser

    consumido pelo poder de invaso e linguagem extremamente acessvel.

    Numa nao cuja assistncia populao carente qual nos referimos est baseada

    na ampliao contnua do alcance de projetos assistenciais de distribuio de renda, outros

    aspectos da construo do cidado crtico so deixados de lado, como o acesso variedade e

    qualidade de fontes de informao, uma vez que esses dois aspectos afetam diretamente a

    formao do esprito crtico do sujeito (DEMO, 2000), faz-se necessrio observar como age

    um veculo poderoso como a televiso sobre o pblico quando, para a seduo da audincia e

    bons resultados de publicidade, passa a exibir combates de luta de livre em que a exibio da

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    violncia sem filtro justificada por meio de sua transformao em espetculo de

    entretenimento televisivo usando como atrativo o esporte de combate MMA.

    Esta pesquisa torna-se relevante por fazer um registro pioneiro da construo da

    subjetividade do adolescente da periferia de Teresina a partir da popularizao da transmisso

    dos combates de MMA pela televiso no Brasil. A contribuio desta pesquisa jaz na anlise

    dos sentidos construdos a partir da violncia explcita contida em um produto televisivo que

    vem ganhando importncia e destaque na televiso brasileira sendo transmitido em rede ou

    por meio de canais pagos como um espetculo miditico no qual o espao de luta um misto

    de arena, teatro e palco para apresentar um espetculo-produto que atrai o pblico e vende sua

    audincia para patrocinadores e anunciantes.

    1.3 HIPTESE

    Os adolescentes constroem um sentido teatralizado de violncia ao assistir aos combates de

    MMA transmitidos pela televiso que o transforma em espetculo, reforando a excitao

    provocada pelo esporte no pblico por meio de estratgias de midiatizao. Esse sentido

    construdo de violncia afeta sua capacidade de controle e redirecionamento dos instintos, que

    pode lev-los a usar a fora fsica em situaes de tenso ou confronto. Ao usar da violncia

    como mtodo para a resoluo de conflitos, os adolescentes reproduzem psicologicamente e

    fisicamente os padres de agressividade, banalizao advinda relativizao do processo de

    midiatizao do MMA transmitido pela televiso.

    1.4 OBJETIVOS GERAL Estudar os sentidos construdos pelos adolescentes sobre a violncia inerente nas lutas do

    esporte de combate UFC/MMA transmitidas pela televiso.

    ESPECFICOS

    a) Explorar a construo do MMA como espetculo midiatizado pela televiso.

    b) Conhecer os sentidos produzidos pela audincia a partir do consumo do MMA como

    produto miditico de televiso;

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    c) Analisar de que maneira os sujeitos se apropriam dos sentidos construdos a partir do

    MMA;

    d) Refletir sobre que conceito de violncia os sujeitos constroem a partir da recepo

    miditica do MMA

    2. FUNDAMENTAO TERICA

    O conflito algo comum nas relaes em sociedade. O enfrentamento aparece nos

    espaos nos espaos sociais, quer seja nos espaos de convivncia privados como famlia ou

    coletivos como a escola e o trabalho. No raro, as relaes conflituosas que ocorrem nesses

    grupos podem extrapolar seu modo de manifestao e gerar situaes de violncia fsica,

    verbal ou psicolgica. No entanto, necessrio ter cautela ao classificar uma ao como

    violenta porque o termo de difcil definio e depende de uma srie de critrios para o

    enquadramento. Como avisa Chau (1999), a violncia multideterminada e multifacetada.

    Pescarolo et al (2008) salientam que para classificar uma ao como violenta

    necessrio ter como parmetros trs fatores: a) o momento histrico em que ela acontece; b) a

    cultura na qual est inserida; e c) o contexto social no qual se desenrolou. Os critrios

    enumerados tiveram como base os reflexos do processo civilizador relatado e analisado pelo

    socilogo Norbert Elias (1992) que provocaram o forte abrandamento das pulses e maneiras

    do indivduo, a polidez dos costumes, o refinamento da cultura e a desbrutalizao do homem

    a partir do sculo XIX, na Inglaterra.

    O socilogo afirma que at o presente nenhum grupo social humano sobreviveu sem a

    existncia de uma atividade que tivesse o mesmo peso do desporto moderno, haja vista que

    estudiosos como Durkheim encontram nele a mesma excitao, emoo e efervescncia

    coletiva provocada pelos rituais religiosos desde a antiguidade.

    Ao construir a atividade esportiva ao longo da histria, Elias (1992) compara que

    desporto e guerra, por exemplo, so formas de conflito nas quais se verificaram sutilmente

    formas de interdependncia, cooperao e diviso bem delimitadas do ns (nosso grupo)

    contra eles (grupo deles).

    A teoria sociolgica de Elias objetiva avaliar o significado do desporto e estabelecer

    uma teoria sociolgica das emoes cujo foco o destaque para o controle individual e social

    da violncia e o tempo de durao de seus processos. Ele prope um modelo cientfico-

    humanista para a compreenso das redes e sistemas complexos que formam a sociedade

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    humana. O socilogo afirma que os jogos na Grcia Antiga eram menos civilizados que na

    sociedade atual e isso se dava devido ausncia do Estado que desempenhava o papel de

    controlar a violncia.

    Segundo ele, o processo de civilizao inicia-se a partir do sculo XVI quando o

    domnio da conduta pessoal tornou-se mais rigoroso, banindo excessos de autopunio e/ou

    autocomplacncia. Contriburam tambm para o processo civilizatrio a formao do Estado,

    a dominao da classe guerreira e a transformao da nobreza em classe social nos

    continentes. Nessa mesma esteira de acontecimentos histricos, a sensibilidade com relao

    aos esportes praticados desde a Idade Mdia como o rugby e o futebol ingleses aumentou;

    naquela poca o pugilato j seguia determinao das regras com vistas proteo dos

    praticantes.

    Ao lanarmos luz sobre o processo de doma de violncia por meio do esporte, torna-se

    mais fcil enxergar os limites entre a selvageria e a competio. Um exemplo bsico da

    importncia da contextualizao no processo de classificao de um ato como violento

    acontece quando observamos uma briga na rua e o confronto entre dois boxeadores num

    ringue: na primeira situao, o intuito dos envolvidos o apagamento do oponente, sua

    subjugao por meio da fora fsica, se possvel causando ferimentos e at mesmo sua morte;

    j na luta de boxe, os lutadores medem foras e usam tcnicas para enfrentar seu adversrio

    em um ambiente controlado pelas regras do esporte e vigiado por juzes. H ainda o desejo do

    confronto pelo pblico, o que no acontece na briga de rua.

    Pescarolo et al (2008) afirma que os reflexos das aes relatadas por Elias e presentes

    no ambiente esportivo, provocaram a progressiva pacificao do espao social e aumento da

    percepo do que encarado como um ato violento. A pacificao, por sua vez, completa o

    autor, foi alcanada por meio do aumento expressivo do autocontrole (controle das pulses)

    pelo indivduo e mudanas na manifestao de sua agressividade.

    Por outro lado, a criao do Estado contribuiu enormemente tambm para o processo

    civilizador visto que, a partir do seu surgimento, houve a monopolizao do poder por uma

    autoridade nica que se investiu da capacidade e direito de usar a violncia em muitos casos

    por meio de exrcito, a polcia e leis de desarmamento do indivduo que concorreram para a

    pacificao geral dos costumes, afirma Wolff (2004).

    O autor relata que o controle social exercido pelo Estado a partir de sua criao

    provocou mudanas de natureza psicolgica e comportamental nos indivduos da sociedade.

    A mais importante delas foi a sublimao das pulses, ou seja, a satisfao dos estmulos

    psquicos por meio de outros meios que no os fsicos ou seu desvio para outra atividade que

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    as compensem ou realizem. Assim, criaram-se atividades que passaram a dar vazo

    agressividade de maneira menos controlada, a exemplo do esporte e guerra em escala maior.

    Com base nos autores podemos afirmar, ento, que controlar e/ou sublimar os instintos

    retirou o homem de sua dimenso animalesca e lhe concedeu o status de sujeito civilizado,

    capaz de conviver em uma sociedade evoluda no mbito da convivncia dos indivduos em

    seus grupos. Nas sociedades atuais e ditas civilizadas, a vazo dada aos afetos sofre o

    atravessamento do autocontrole dos indivduos, ou seja, o fenmeno da violncia sempre

    atravessado pela percepo, que moldada pela cultura, histria, posio social, experincias

    individuais, etc. No possvel falar em violncia, mas em violncias. (PESCAROLO et al,

    2008, p.13)

    Como se percebe, dizer o que violncia uma tarefa que requer mais a observao

    do desenrolar dos fatos em contexto do que propriamente a assuno de um conceito fechado.

    Tambm necessrio perceber que a violncia, por assim dizer, praticamente inapreensvel

    enquanto conceito, mas observvel enquanto acontecimento na sociedade. o que sugere

    Minayo e Souza (1998) ao dizerem que a violncia se manifesta atravs das aes humanas

    realizadas por indivduos, grupos, classes, naes, numa rede de relaes, ocasionando danos

    fsicos, letais, morais, espirituais a outrem.

    Espelhos da sociedade na qual esto inseridos, os meios de comunicao reproduzem

    de forma espetacularizada os acontecimentos, comportamentos e tendncias do cotidiano da

    humanidade. Apesar da internet ter se estabelecido como mdia poderosa e popular no exterior

    e no Brasil, a televiso ainda o veculo mais importante do pas estando presente em 94.5%

    dos lares (WAINBERG, 2010). O autor refora a importncia do veculo no processo de

    comunicao dos brasileiros porque promove, atravs de sua programao, uma unificao

    simblica da nao. Assistindo aos mesmos programas de entretenimento, noticiosos, jogos e

    demais produtos televisivos, os telespectadores brasileiros compartilham interesses, assuntos,

    opinies e a viso que essa ou aquela mdia constri sobre os fatos.

    Para o autor, a televiso promove o agendamento poltico ao fazer repercutir o

    contedo dos seus noticirios e programas de entretenimento; ela tambm pauta as conversas

    e interaes entre os telespectadores e desempenha ainda um papel de fonte primria de

    socializao e informao. Alm de influenciar o comportamento de grupo dos

    telespectadores, o autor afirma que, no campo psicolgico, a televiso permite e incentiva o

    envolvimento emocional e cognitivo do telespectador como os temas do cotidiano que

    apresenta.[...] Afeta ainda as atitudes e comportamentos, contribuindo no processo de

    elaborao da identidade cultural do pblico (WAINBERG, 2010, p. 148)

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    O autor categrico ao afirmar que o objetivo principal da televiso bem como dos

    demais meios de comunicao de massa capturar os sentidos do pblico e vend-los aos

    anunciantes, uma tarefa difcil porque os receptores estariam desinteressados pelo quem

    vem, lem ou ouvem na mdia ou teriam dificuldade de entender e processar a informao

    que lhes repassada atravs dela. nesse contexto que a violncia transformada em notcia

    e/ou entretenimento com funo de despertar, estimular e reter a ateno do grande pblico.

    Na mdia quase tudo ao persuasiva, premeditada, visando produzir no pblico um efeito e um impacto calculado pelo produtor-emissor-manipulador. [...] Por isso, por instinto e vocao, a mdia gosta, e muito, da violncia que desperta a paixo. (WAINBERG, 2010, p.139).

    Segundo ele, a forma como a violncia mostrada pela mdia no Brasil preocupante

    porque privilegia o sensacionalismo ao passo que o entretenimento ocupa-se em transformar a

    violncia gratuita em diverso, apesar do esforo das telenovelas, sries e programas para

    adolescentes promoverem uma contextualizao do assunto.

    Em sua tese sobre violncia e mdia, Njaine (2004) aponta que adolescentes e crianas

    esto em situao de maior vulnerabilidade aos apelos miditicos da propaganda, imagens e

    valores que vo contribuir para a construo de sua subjetividade e realidade. Ela classifica a

    adolescncia como um processo fundamentalmente biolgico no qual acontecem a acelerao

    do desenvolvimento cognitivo e a estruturao da personalidade. Divide-se em pr-

    adolescncia (dos 10 aos 14 anos) e adolescncia propriamente dita que se inicia nos 15 e

    terminar aos 19 anos.

    Para a pesquisadora a abordagem do papel da mdia na construo do significado de

    violncia importante dada a sua funo socializadora (NJAINE, 2004, p. 10). J Pescarolo

    (2008) v mais claramente o papel socializador no veculo televiso pois ela incentiva o

    dilogo, a comunicao e o convvio de crianas e adolescentes. No entanto, a autora afirma

    que os adolescentes possuem uma viso crtica dos contedos televisivos pois conseguem

    identificar neles padres sociais e a disseminao de esteretipos raciais.

    Guattari (1992) considera que a mdia, em especial a americana, a principal

    responsvel por recolonizar ideologicamente os sujeitos das mais variadas naes ao redor do

    mundo. Usando a imagem como munio simblica, os meios de comunicao de massa,

    sugere o autor, apresentou para as massas uma nova maneia de existir enquanto indivduo e

    coletividade. A razo para a eficcia da atuao da mdia junto ao pblico jaz na sua

    capacidade de agir no ncleo da subjetividade humana, no apenas no seio de suas

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    memrias, da sua inteligncia, mas tambm de sua sensibilidade, dos seus afetos, dos seus

    fantasmas inconscientes (GUATTARI, 1992, p. 14).

    O filsofo e psicanalista define subjetividade como

    O conjunto das condies que torna possvel que instncias individuais e/ou coletivas estejam em posio de emergir como territrio existencial auto-referencial de delimitao com uma alteridade ela mesma subjetiva,[...] produzida por instncias individuais, coletivas e institucionais. [...] plural e polifnica. (IDEM, p. 19)

    O conceito de subjetividade de Guattari assemelha-se em parte ao que Gonzalz-Rey

    (2003) afirma tratar-se de um sistema complexo e plurideterminado, que sofre afetaes do

    prprio curso da sociedade e dos demais sujeitos que a formam e que fazem parte do fluxo

    infinito do movimento das redes de relao que geram as caractersticas do desenvolvimento

    social.

    Apesar de ser um processo principalmente humano, a subjetividade, afirma o autor,

    tambm pode ser produzida a partir da afetao das mdias por meio de seus suportes como o

    rdio, a televiso, a revista, o jornal e a internet; ele afirma que esses veculos de

    comunicao, alm das mquinas com as quais interagimos no nosso cotidiano, afetam a

    construo do indivduo como sujeito por fabricarem e veicularem elementos cujo contedo

    carregado de significaes e denotaes. Televiso e esporte, na viso de Guattari, so

    exemplos de como mquina e contedo concorrem para a formao da subjetividade nos

    espectadores e telespectadores.

    Cumprindo seu papel de veculo miditico de entretenimento por excelncia, a

    televiso um dos fatores para a transformao do esporte em espetculo e mercadoria

    simblica. Prdiga em detectar novas tendncias que possam ser transformadas em produtos

    miditicos, a televiso a grande responsvel pela transformao do MMA (Arte Marciais

    Mistas) em esporte de grande audincia no Brasil e no mundo.

    A partir de 1993 a luta, ainda desconhecida do pblico brasileiro, ganhou o status de

    esporte ao incorporar uma srie de regras de conduta para seus participantes como parte do

    processo de institucionalizao ao qual atividades fsicas necessitam se adequar para ser

    aceitas como prticas desportivas.

    Barbanti esclarece sobre esse processo ao dizer que

    Em resumo, a transformao de uma atividade fsica competitiva em esporte, geralmente envolve a padronizao e imposio de regras e o desenvolvimento formal de habilidades. Em outras palavras, atividade se

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    torna padronizada e regularizada. Em termos sociolgicos, ela passa por um processo de institucionalizao.(BARBANTI, 2006, p. 6)

    Para tornar-se um esporte oficial e, portanto, ser aceito pelo grande pblico em

    especial os telespectadores o MMA necessitou assumir uma postura condizente com a

    imagem que os esportes institucionalizados projetam para a sociedade. Abandonar e afastar-se

    da representao antiga de luta sem regras que denotava selvageria foi o primeiro passo na

    caminhada para o esporte viesse a alcanar legitimidade conferida pela audincia e o status de

    que gozam tantas outras modalidades esportivas cujo sucesso atestado pelas transmisses

    televisivas.

    No Brasil, o fenmeno popular no qual vem se transformando o MMA relativamente

    novo e uma prova do fato a transmisso dos combates pela TV Globo, maior emissora de

    televiso do pas, da Amrica Latina e terceira do mundo. A emissora da famlia Marinho

    entrou na disputa decidida a ganhar o direito de transmitir os combates como afirmam Sandas

    e Forti (2012)

    Betti (2005) destaca o fato de que a luta, ao assumir a dimenso de produto de

    entretenimento televisivo, colocada na mesma prateleira de programas produzidos pelo

    veculo miditico como espetculo, tornando-se assim esporte espetculo e afastando-se do

    conceito original de prtica da atividade fsica ou lazer.

    O mesmo autor tambm enfatiza que qualquer esporte na televiso regido pela lgica da espetacularizao, ligada, por sua vez, aos interesses econmicos das grandes empresas miditicas e s possibilidades tecnolgicas deproduo e emisso de imagens, tendo como conseqncia a fragmentao/descontextualizao do fenmeno esportivo e a sua transformaoem texto predominantemente imagtico e relativamente autnomo da prtica real do esporte. (BETTI, 2005. p. 85)

    Para Bourdieu (1997) a representao televisiva, que acontece durante as transmisses

    esportivas, em especial as Olimpadas, reconfiguram as disputas entre atletas de qualquer

    nacionalidade em um confronto entre campees de diferentes naes (e acrescentamos que o

    mesmo pode se dar em regies de um ms pas, haja vista a rivalidade entre torcidas dos times

    de futebol brasileiros).

    O socilogo tambm destaca que a imagem televisiva do espetculo obedece as

    lgicas de mercado porque suporte para a publicidade de marcas de patrocinadores e

    apoiadores do evento em transmisso. de suma importncia que a imagem do esporte na

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    televiso seja atraente e cativante para o pblico para quem ser exibida em horrios de

    grande audincia para as emissoras de TV.

    Entenda-se como espetculo aquilo que Debrd (1992) diz que no se tratar de um

    grupo de imagens, mas o fato de elas estarem massivamente presente nas relaes pessoais na

    atualidade, tornando-as mediatizadas. O autor pondera que o espetculo

    o resultado e o projeto do modo de produo existente. o corao da irrealidade da sociedade real. Sob todas as suas formas particulares de informao e propaganda, publicidade ou consumo direto do entretenimento, o espetculo constitui o modelo presente vida socialmente domimante. (DEBRD, 1992, p.15)

    A visibilidade da modalidade esportiva depende seminalmente do seu sucesso

    miditico e televisional; o MMA, assim como o futebol, tem atrado bastante pblico levando-

    se em conta a quantidade de transmisses e reprises de embates nos canais abertos e fechados

    de televiso e ainda o grande nmero de canais especializados neste tipo de combate na

    televiso paga no Brasil.

    preciso, no entanto, atentar para o fato que de por trs do espetculo da transmisso

    esportiva h toda uma cadeia de produo invisvel, compartilhada por quem

    transmite/retransmite tal programao, cujo direcionamento d-se pela explorao simblica e

    econmica da competio, das vitrias e da industrializao do esporte e suas implicaes na

    vida do atleta, para o bem e para o mal.

    Veculo de comunicao que est presente na maioria dos lares brasileiros, como dito

    antes, a nosso ver, a televiso como disseminadora de novos formatos transnacionais de

    produtos informacionais e de entretenimento, posicionando-se como uma vitrine do processo

    de homogeneizao cultural de produtos que tem ocorrido como desdobramento da

    globalizao (EWALD E SOARES, 2007, p, 24).

    Acreditamos que esses novos formatos, permeados por estratgias comunicacionais

    que os tornem mais atrativos enquanto produtos miditicos, esto prenhes de mensagens que

    falam direta ou subliminarmente subjetividade de sua audincia. As novas representaes

    miditicas do cotidiano que fazem parte do entretenimento midiatizado dos quais podemos

    citar reality shows, a transmisso espetacularizada de eventos esportivos, novelas, sries e

    minissries e, dentre eles o MMA consolida-se como um produto de sucesso de audincia e

    patrocnio podem provocar alguma afetao nos sujeitos que as consomem em seus

    momentos de lazer midiatizado, principalmente os pr-adolescentes e adolescentes que esto

  • 14

    em pleno processo de busca e agregao de referncias para sua construo como indivduo e

    grupo.

    3. METODOLOGIA

    O tipo de pesquisa escolhido para o desenvolvimento desse projeto o qualitativo por,

    de acordo com Goldenberg (1999), preocupar-se com o aprofundamento da compreenso de

    um grupo social, de uma organizao, etc., na tentativa de explicar a causa dos fatos

    pesquisados.

    A pesquisa de natureza qualitativa, afirma Godoy (1995), utiliza-se do ambiente

    natural como fonte direta de produo de dados, alm de ter o pesquisador como o

    instrumento fundamental para a sua realizao; alm de ser descritiva, a pesquisa qualitativa

    ainda consegue capturar o ( s ) significado ( s ) que os sujeitos do s suas vidas e s coisas

    que a povoam.

    Quanto ao objetivo, a pesquisa ser exploratria porque pretendemos a priori uma

    familiarizao com o problema para torn-lo mais claro e/ou construir hipteses a partir dele,

    alm de permitir o aprimoramento de idias e a descoberta de intuies (GIL, 2002, p. 41).

    Trivios (2007) tambm nos orienta para a escolha desse tipo de estudo por permitir ao

    pesquisador partir de uma hiptese e aprofund-la numa realidade especfica e delimitada no

    intuito de buscar mais conhecimento a seu respeito e, em seguida, planejar a pesquisa.

    Nossa amostra ser formada por adolescentes de 12 a 14 anos, estudantes de uma

    escola pblica localizada no bairro Parque Piau, zona sul de Teresina. Inicialmente

    entraremos em contato com a direo da escola onde a pesquisa ser desenvolvida e com os

    pais dos sujeitos apresentando um documento explicando os objetivos do nosso estudo a fim

    de obter autorizao para a realizao dos procedimentos de produo dados. Nesta mesma

    ocasio, nos apresentaremos aos alunos, explicando a eles o trabalho cientfico que estamos

    desenvolvendo ao passo que lhes entregaremos o documento explicando aos pais dos

    participantes menores do que se trata e as condies nas quais ser feita a pesquisa de que

    faro parte.

    Os participantes sero escolhidos a partir de sua vontade de contribuir para a pesquisa

    e da faixa etria, de ambos os sexos. No que concerne a escolha dos entrevistados que

    compem a amostra desta pesquisa, nos baseamos no que Costa (2012) sugere que levemos

    em conta para criar seu perfil: a significao e a capacidade que eles tm de fornecer

  • 15

    informaes confiveis e relevantes sobre o tema em escrutnio, caracterizando-se como uma

    seleo por convenincia ou acidental.

    Este pesquisador possui livre acesso escola pblica onde se desenvolver a pesquisa,

    alm da instituio localizar-se no mesmo bairro em que reside e ser prxima de sua

    residncia o que torna bastante vivel o contato e a interao com os sujeitos escolhidos.

    Escolhemos como estratgia para coleta de dados a tcnica do Grupo Focal porque

    altamente recomendvel quando se quer ouvir as pessoas, explorar temas de interesse em que

    trocas de impresso enriquecem o produto esperado, quando se quer aprofundar o

    conhecimento de um tema. (COSTA, 2012, p. 183).

    A amostra ser formada de 6 a 8 participantes divididosem03 (trs) grupos que tero

    participaes em encontros distintos para cada grupo, em datas diferentes. Segundo Costa

    (2012) o nmero de 6 a 12 participantes o recomendado para a aplicao da tcnica de

    Grupo Focal. Nossa delimitao se justifica pelo fato de os sujeitos serem jovens e este

    quantitativo permitir a participao mais efetiva dentro do grupo.

    O procedimento de coleta de dados ser realizado com o uso da tcnica de Grupo

    Focal por ser um tipo de pesquisa qualitativa que tem como objetivo perceber os aspectos

    valorativos e normativos que so referncia de um grupo particular de entrevista coletiva que

    busca identificar tendncias (COSTA, 2012, p. 181). Krueger e Kasey (2009) acrescentam

    que o grupo esta tcnica de coleta de dados tem sua base num planejamento cuidado de uma

    srie de discusses que iro produzir percepes sobre a rea de interesse do pesquisador, em

    ambiente no qual os participantes se sintam vontade, seguros.

    A produo de dados do grupo focal constar nesta pesquisa da realizao de uma

    entrevista em profundidade guiada por um roteiro-base de questes mistas (abertas e

    fechadas) referentes aos meios pelos quais os participantes conheceram o MMA/UFC e que

    sentidos eles constroem a partir da audincia das lutas do esporte. A entrevista em

    profundidade um recurso metodolgico que busca, com base em teorias e pressupostos

    definidos pelo investigador, recolher respostas a partir da experincia subjetiva de uma fonte

    selecionada por deter informaes que se quer conhecer, conceitua Duarte (2012, p. 62). O

    autor tambm destaca que o uso de perguntas permite a explorao e aprofundamento de um

    assunto, alm da descrio de processos e fluxos, alm da realizao de anlises e discusses

    sobre ele.

    Entre os tipos de entrevista em profundidade, escolhemos a entrevista semi-estruturada

    por estar fundada no que Trivios (1987, p. 146) questionamentos bsicos, apoiados em

    teorias e hipteses que interessam pesquisa, [...] oferecem amplo campo de interrogativas,

  • 16

    fruto de novas hipteses que vo surgindo medida que se recebem as respostas dos

    informantes. O autor tambm ressalta que esta modalidade de coleta de dados d nfase ao

    papel do entrevistador durante o ato, mas o coloca to importante quanto o entrevistado por

    dar a este total liberdade de expresso para que possa se expressar livre e espontaneamente

    sobre of ato em questo, enriquecendo, assim, a investigao. Duarte, por sua vez, esclarece

    que a entrevista semi-estruturada d flexibilidade para explorar ao mximo determinado

    tema, exigindo subordinao dinmica ao entrevistado (...) e parte de um roteiro-base com

    questes-guia que do cobertura ao interesse da pesquisa. (DUARTE, 2012, p. 66)

    Todo o processo de produo de dados ser gravado em vdeo e/ou udio para o

    registro literal e integral das falas dos sujeitos, como delimita Duarte (2012). Ele esclarece

    que esse procedimento permite que o pesquisador ter acesso total ao contedo das respostas a

    qualquer momento e quantas vezes necessitar, observar nuances, detalhes, padres e at

    mesmo editar seu roteiro-guia de perguntas para adequao aos rumos que a produo de

    dados possa levar. (p. 77)

    O processo de coleta dos dados se dar em momentos distintos. Acontecer uma

    entrevista preliminar para entender a compreenso dos sujeitos sobre o MMA e o seu universo

    miditico. Em seguida os sujeitos sero estimulados por meio da exibio de um vdeo com

    uma sequncia de trs lutas, com durao de 10 a 15 minutos. Este corpus ser editado a partir

    de diferentes combates, escolhidos por serem bastante representativos daquilo que estamos

    nos propondo a estudar. Assim sendo, o corpus conter uma luta terminada por nocaute com

    durao de 4 minutos e 20 segundos; trechos de uma luta que teve durao de 28 minutos,

    finalizada por nocaute tcnico na qual o vencedor definido por contagem de pontos e a luta

    emblemtica, realizada em 28 de dezembro de 2013, na qual o lutador perdeu a luta para o

    americano Chris Weidman ao ferir-se gravemente quebrando a tbia da perna direita. Esta luta

    possui durao total de 8 minutos, mas, para efeito de otimizao do tempo, exibiremos

    apenas o segundo round com durao de cerca de 4 minutos.

    Logo aps a exibio, realizaremos a outra rodada de perguntas dessa vez voltadas

    para o entendimento da apropriao dos sentidos do MMA/UFC pelos participantes aps a

    audincia. O roteiro-guia das entrevistas, como explicitado anteriormente, ser composto de

    questes mistas (abertas e fechadas) para permitir que os entrevistados se manifestem

    livremente sobre os estmulos das perguntas aos quais foram expostos.

    Aps a etapa de coleta dos dados junto amostra, procederemos transcrio das

    informaes que foram produzidas, como recomenda Duarte (2012). Logo em seguida,

    seguindo os passos sugeridos pelo autor, realizaremos a anlise das informaes e sua

  • 17

    classificao. O estudo mais aprofundado dos dados produzidos e coletados por este

    pesquisador ser feito por meio da Anlise de Contedo cujo mtodo promove um

    enriquecimento da explorao dos dados, aumentado a possibilidade de descobertas. A AC

    tambm se configura como anlise dos significados e dos significantes das falas

    produzidas pelos sujeitos participantes da pesquisa. (BARDIN, 1977); de acordo com a

    autora, nossa anlise ser de natureza qualitativa por buscarmos a compreenso exata dos

    sentidos manifestados nos dados produzidos pela amostra detectados a partir da elaborao de

    dedues e inferncias advindas do contedo produzido pelos informantes.

    Duarte (2012) sugere que faamos uma anlise interpretativa dos dados coletados

    tendo como suporte os argumentos e evidncias baseadas nas diversas fontes de informaes

    consultadas pelo pesquisador como o exame de documentos, reviso bibliogrfica, observao

    e contexto dos entrevistados. (DUARTE, 2012, p. 80) Bardin (1977) considera que esta etapa

    configura-se como a pr-anlise, ou seja, a fase de organizao dos dados na qual se faz uma

    primeira leitura que vai aprofundando-se ao dar margem ao surgimento de hipteses e teorias

    sobre o tema em questo.

    Uma vez de posse dos resultados brutos obtidos na pr-anlise, iniciaremos ao seu

    tratamento para que se tornem significativos e vlidos, ou seja, codific-los como determina a

    autora. Feito isto poderemos ento propor inferncias e adiantar interpretaes a propsito

    dos objetivos previstos ou que digam respeito a outras descobertas inesperadas. (BARDIN,

    1977, p. 101) Dando continuidade anlise, procederemos categorizao dos dados e,

    finalmente, promoveremos sua anlise temtica em busca das significaes manifestas nos

    discursos produzidos pelos sujeitos participantes desta pesquisa.

    4. ORAMENTO

    Esta pesquisa no possui nenhum tipo de financiamento pblico ou privado. O

    pesquisador que a desenvolve tambm no recebe nenhum tipo de incentivo, seja ele bolsa ou

    equivalente, de nenhuma instituio pblica ou privada. Todos os custos de realizao desta

    pesquisa no tocante ao perodo de sua operacionalizao e aplicao sero de

    responsabilidade do prprio pesquisador. Isso inclui os gastos com todo o material fsico

    utilizado na pesquisa e que sero utilizados em atividades preliminares, durante e posteriores

    ao desenvolvimento da pesquisa.

  • 18

    5. CRONOGRAMA

    ETAPAS DA PESQUISA

    Perodo: ano/meses

    2015 2016 mar -mai jun jul - dez jan fev mar

    Submisso ao CEP /UFPI

    X

    Produo dos dados

    24/06

    Anlise dos dados produzidos

    X

    Redao da dissertao

    X

    Correo da dissertao

    X

    X

    Defesa da dissertao

    X

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    AGOSTINI, Tiago. O Esporte Nmero 2 do Brasil?Rolling Stones, Rio de Janeiro, ago 2011. Disponvel em: . Acesso em: 22 jan. 2015 BARBANTI, Valdir. O que esporte. In: Revista Brasileira de Atividade Fsica & Sade, Vol. 11, No 1 (2006) BARDIN, Laurence. Anlise de Contedo. Lisboa: Edies 70, 1977. BETTI, Mauro. Esporte, Entretenimento e Mdias: implicaes para uma poltica de esporte e lazer. Revista Impulso, V. 16 (39), p. 83-89, 2006. BOURDIEU, Pierre. Sobre a Televiso. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997. CHAU, M. Introduo Filosofia. Porto Alegre: ed. Bertrand Brasil, 1999. DEBORD, Guy. A sociedade do espetculo. Rio de Janeiro: Ebook Brasil, 2003. ELIAS, Norbert. A busca da excitao. Lisboa: Difel, 1992. EWALD, Ariane Patrcia; SOARES, Jorge Coelho. Identidade e subjetividade numa era de incerteza. Estudos de Psicologia, Natal, v. 12, n. 1, p. 23-30, 2007.

  • 19

    COSTA, Maria Eugnia B. C. Grupo Focal. In: DUARTE, J; BARROS, A. (orgs.) Mtodos e Tcnicas de Pesquisa em Comunicao. 2. ed. So Paulo: Atlas, 2012. DEMO, Pedro. Ambivalncias na Sociedade da Informao. Cincia da Informao, Braslia, v. 29, n. 2, p. 37-42, 2000. DUARTE, Jorge. Entrevista em profundidade. In: DUARTE, J; BARROS, A. (orgs.) Mtodos e Tcnicas de Pesquisa em Comunicao. 2. ed. So Paulo: Atlas, 2012.

    GIL, Antnio Carlos. Mtodos e tcnicas de pesquisa social. So Paulo: Atlas, 1987. GONZLEZ- REY, Fernando. Sujeito e subjetividade. So Paulo: Thomson, 2003. GUATTARI, Felix. Caosmose. Um novo paradigma esttico. Rio de Janeiro: Editora 34, 1992; KRUEGER, R.A; CASEY, M.A. Focus groups: A practical guide for applied research. Thousand Oaks: Sage Publications, 2009. MINAYO, M. C. de S; SOUZA, E. R.de.Violncia e sade como um campo interdisciplinar e de ao coletiva. Histria, Cincias, Sade, Rio de Janeiro, n.3, p. 513 531. Disponvel em: Acesso em: 12, mar.2015. MORIN, Edgar. A cultura de massa no sculo XXI. Neurose. Rio de Janeiro: Forense Universitria, 1997. NJAINE, Kathie. Violncia na mdia e seu impacto na vida dos adolescentes: Reflexes e propostas de preveno sob a tica da sade pblica. 2004. 144 f. Tese (Doutorado em Cincias da Sade Pblica) Escola Nacional da Sade Pblica, Faculdade Osvaldo Cruz, Rio de Janeiro.

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    WOLFF, F. Quem brbaro?In: NOVAES, Adalto. Civilizao e Barbrie. So Paulo: Companhia das Letras, 2004.

  • 20

    ANEXOS