OS SENTIDOS DA CONSTRUÇÃO SOCIAL: O CONVITE CONSTRUCIONISTA PARA A PSICOLOGIA

9
OS SENTIDOS DA CONSTRUÇÃO SOCIAL: O CONVITE CONSTRUCIONISTA PARA A PSICOLOGIA 1 Emerson Fernando Rasera 2 Universidade Federal de Uberlândia Marisa Japur FFCLRP-Universidade de São Paulo Resumo: O construcionismo social é um movimento que tem ganhado destaque na literatura interna- cional em Psicologia na última década e encontra seus primeiros passos no Brasil. O objetivo deste texto é descrever os múltiplos sentidos do convite construcionista, apresentando as histórias da origem deste movi- mento, suas contribuições e as principais tensões e questionamentos aí produzidos. Partindo de um conjunto de críticas ao fazer científico, as propostas construcionistas buscam ressaltar a especificidade cultural e histórica das formas de conhecermos o mundo, a primazia dos relacionamentos humanos na produção e sustentação do conhecimento, a interligação entre conhecimento e ação e a valorização de uma postura crítica e reflexiva. Estas propostas convidam assim a uma prática científica que se implique culturalmente e que promova a ampliação dos vocabulários relacionais. Palavras-chave: construcionismo social; ciência; Psicologia; teoria. THE MEANINGS OF SOCIAL CONSTRUCTION: THE CONSTRUCTIONIST INVITATION TO PSYCHOLOGY Abstract: The social constructionist movement has been in prominence in the international psychological literature in the last decade and it is now rising in Brazil. The objective of this text is to describe the multiple meanings of the constructionist invitation through the histories of its origin, its contributions and the main tensions and debates produced. Considering a set of critics to scientific practice, constructionist’s proposals emphasize the historical and cultural specificities of our ways of knowing the world, the primacy of human relationships in the production and maintenance of knowledge, the link betweeen knowledge and activity and the valorization of a reflexive and critical stance. These proposals invite a culturally sensitive scientific practice that promotes the enhancement of our relational vocabularies. Key-words: social constructionism; science; Psychology; theory. O construcionismo social é um movimento que tem ganhado destaque na literatura internacional em Psicologia na última década e encontra seus pri- meiros passos no Brasil (Spink, 1999; Grandesso, 2000; Rasera & Japur, 2001, 2003). Buscando contribuir com a difusão da perspectiva construcionista no Bra- sil, o objetivo deste texto é descrever os múltiplos sen- tidos do convite construcionista, apresentando as his- tórias da origem deste movimento, suas contribuições e as principais tensões e questionamentos relativos às propostas construcionistas. Histórias da origem A tentativa de definir o que vem a ser o construcionismo social tal como presente na literatu- ra em Psicologia é uma tarefa difícil, seja pelas ques- tões envolvidas, seja pela crescente produção que tem ocorrido. É possível tentar iniciar esta tarefa afir- mando que não há uma definição única, amplamente 1 Artigo recebido para publicação em 18/03/2004; aceito em 04/05/ 2005. 2 Endereço para correspondência: Marisa Japur, Faculdade de Filoso- fia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo – Departamento de Psicologia e Educação, Avenida dos Bandeiran- tes, 3900, CEP: 14090-910, Ribeirão Preto – SP, E-mail: [email protected] Paidéia, 2005, 15(30), 21-29

description

Emerson Fernando Rasera.Resumo: O construcionismo social é um movimento que tem ganhado destaque na literatura internacional em Psicologia na última década e encontra seus primeiros passos no Brasil. O objetivo deste texto é descrever os múltiplos sentidos do convite construcionista, apresentando as histórias da origem deste movimento, suas contribuições e as principais tensões e questionamentos aí produzidos.

Transcript of OS SENTIDOS DA CONSTRUÇÃO SOCIAL: O CONVITE CONSTRUCIONISTA PARA A PSICOLOGIA

21

OS SENTIDOS DA CONSTRUÇÃO SOCIAL: O CONVITE CONSTRUCIONISTA PARA APSICOLOGIA 1

Emerson Fernando Rasera 2

Universidade Federal de UberlândiaMarisa Japur

FFCLRP-Universidade de São Paulo

Resumo: O construcionismo social é um movimento que tem ganhado destaque na literatura interna-cional em Psicologia na última década e encontra seus primeiros passos no Brasil. O objetivo deste texto édescrever os múltiplos sentidos do convite construcionista, apresentando as histórias da origem deste movi-mento, suas contribuições e as principais tensões e questionamentos aí produzidos. Partindo de um conjunto decríticas ao fazer científico, as propostas construcionistas buscam ressaltar a especificidade cultural e históricadas formas de conhecermos o mundo, a primazia dos relacionamentos humanos na produção e sustentação doconhecimento, a interligação entre conhecimento e ação e a valorização de uma postura crítica e reflexiva.Estas propostas convidam assim a uma prática científica que se implique culturalmente e que promova aampliação dos vocabulários relacionais.

Palavras-chave: construcionismo social; ciência; Psicologia; teoria.

THE MEANINGS OF SOCIAL CONSTRUCTION: THE CONSTRUCTIONIST INVITATIONTO PSYCHOLOGY

Abstract: The social constructionist movement has been in prominence in the international psychologicalliterature in the last decade and it is now rising in Brazil. The objective of this text is to describe the multiplemeanings of the constructionist invitation through the histories of its origin, its contributions and the maintensions and debates produced. Considering a set of critics to scientific practice, constructionist’s proposalsemphasize the historical and cultural specificities of our ways of knowing the world, the primacy of humanrelationships in the production and maintenance of knowledge, the link betweeen knowledge and activity andthe valorization of a reflexive and critical stance. These proposals invite a culturally sensitive scientific practicethat promotes the enhancement of our relational vocabularies.

Key-words: social constructionism; science; Psychology; theory.

O construcionismo social é um movimentoque tem ganhado destaque na literatura internacionalem Psicologia na última década e encontra seus pri-meiros passos no Brasil (Spink, 1999; Grandesso, 2000;Rasera & Japur, 2001, 2003). Buscando contribuircom a difusão da perspectiva construcionista no Bra-sil, o objetivo deste texto é descrever os múltiplos sen-

tidos do convite construcionista, apresentando as his-tórias da origem deste movimento, suas contribuiçõese as principais tensões e questionamentos relativosàs propostas construcionistas.

Histórias da origem

A tentativa de definir o que vem a ser oconstrucionismo social tal como presente na literatu-ra em Psicologia é uma tarefa difícil, seja pelas ques-tões envolvidas, seja pela crescente produção quetem ocorrido. É possível tentar iniciar esta tarefa afir-mando que não há uma definição única, amplamente

1 Artigo recebido para publicação em 18/03/2004; aceito em 04/05/2005.2 Endereço para correspondência: Marisa Japur, Faculdade de Filoso-fia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo– Departamento de Psicologia e Educação, Avenida dos Bandeiran-tes, 3900, CEP: 14090-910, Ribeirão Preto – SP, E-mail:[email protected]

Paidéia, 2005, 15(30), 21-29

22

aceita, do que vem a ser o construcionismo social.Alguns definem o construcionismo como um movi-mento (Gergen, 1985, 1997), outros afirmam que osautores considerados construcionistas têm entre siapenas uma ‘semelhança familiar’ (Burr, 1995), eoutros ainda afirmam não existir uma psicologiaconstrucionista social (Potter apud Nightingale &Cromby, 1999).

O surgimento do construcionismo na Psicolo-gia é, segundo alguns autores (Burr, 1995), datado de1973, com a publicação do artigo de Kenneth Gergen“Social psychology as history” (Gergen, 1973). Con-tudo, este mesmo autor questiona a possibilidade decircunscrever desta forma o surgimento do constru-cionismo. Segundo ele, a história do construcionismosocial está inserida no contexto do desenvolvimentoda ciência, pautada por três críticas ao fazer científi-co que contribuíram para a construção de uma con-cepção alternativa ao pressuposto do conhecimentocomo posse do indivíduo: a crítica social, a ideológicae a retórico-literária.

A crítica social emergiu de autores tais comoMarx, Weber, Scheler e Karl Mannheim, os quaisestavam preocupados com a gênese social do pensa-mento científico, ou seja, de como o conhecimento écultural e historicamente situado. De particular im-portância para o construcionismo foram os estudosdos processos micro-sociais presentes na produçãocientífica, seja na construção do fato científico, naspráticas discursivas de autolegitimação, ou na influ-ência do grupo na forma como os dados são interpre-tados.

Já a crítica ideológica possui uma forte identi-ficação com ‘teoria crítica’ da Escola de Frankfurt -Horkheimer, Adorno, Marcuse, Benjamim e outros.Esta crítica, para além de sua orientação marxistaoriginal, está presente atualmente em diversos seto-res das ciências humanas. Ela busca explicitar os vi-eses presentes na construção de determinadas teori-as, decorrentes de seu compromisso com grupos soci-ais específicos. Dessa forma, a teoria crítica rejeita aidéia de neutralidade na ciência e sua possibilidadede descrição objetiva e acurada do mundo.

A crítica retórico-literária, por sua vez, buscamostrar como as descrições e explicações científicassão determinadas pelas regras de apresentação lite-

rária, as quais absorvem o objeto de tais descrições,fazendo-o perder seus status ontológico, sua indepen-dência do processo descritivo. Em paralelo aos estu-dos literários, a investigação retórica aponta as for-mas pelas quais tais descrições ganham seu poderpersuasivo, através do uso de determinadas metáfo-ras, e formas específicas de apresentação da relaçãoautor/leitor e do objeto descrito. Ela desloca a inves-tigação do objeto para os meios de sua apresentação.A partir desta crítica, o texto científico fica então aber-to para análise de suas metáforas, as quais não sãoderivadas da observação, mas “servem como estru-turas retóricas através das quais o mundo observa-cional é construído” (Gergen, 1997, p. 41).

Assim, estas três críticas redimensionam asteorias científicas, explicitando seu caráter compro-metido, sua determinação histórico-cultural e enfra-quecendo uma visão da ciência como uma descriçãoobjetiva e acurada da realidade, na qual a linguagemé sustentadora da verdade. É no bojo do pensamentopautado por estas críticas que emerge o constru-cionismo. Para Gergen (1997), buscar uma históriada gênese do construcionismo é remontar à históriade cada um destes empreendimentos. Dado que estatarefa está para além dos objetivos deste trabalho, éimportante retornar agora para as idéias que carac-terizam o construcionismo social.

Congruências descritivas nas perspectivasconstrucionistas

Neste texto, o construcionismo se refere a umaperspectiva multifacetada e a um discurso que buscase articular em torno de algumas questões centrais.Apesar da dificuldade em determinar um conjuntoúnico de descrições que agregue todos aqueles quepossam ser chamados de construcionistas, parecehaver um certo consenso entre diversos autores (Burr,1995; Nightingale & Cromby, 1999; Gergen, 1999)em torno de quatro descrições centrais para o desen-volvimento de uma perspectiva construcionista, quaissejam:

1. A especificidade cultural e histórica dasformas de se conhecer o mundo.

A realidade não demanda formas específicasde descrevê-la. Ou seja, não há uma relação de ne-

Emerson Fernando Rasera

23

cessidade entre as palavras e a realidade que elasdescrevem. Contudo, ao se utilizar determinada pala-vra em uma situação dada, realiza-se uma opção quedefine tal realidade de formas específicas. Para osconstrucionistas, as descrições do mundo não guar-dam correspondência com uma realidade situada paraalém das formas de dizê-la, mas são, elas próprias,maneiras de construção desta realidade. Assim, a lin-guagem não reflete um mundo independente, mas oconstrói a todo momento. Esta construção da reali-dade através da utilização de determinadas descri-ções e explicações se dá a partir das condições só-cio-históricas concretas dos sistemas de significação.Assim, estudos sociológicos, antropológicos e históri-cos mostram de que maneira o que vem a ser enten-dido como, por exemplo, criança, beleza, maternida-de pode variar conforme o tempo e o lugar.

2. A primazia dos relacionamentos humanosna produção e sustentação do conhecimento.

As explicações sobre o mundo são resultadoda coordenação da ação humana, ou seja, dos signifi-cados construídos em relacionamentos. Para osconstrucionistas, o significado das palavras é decor-rente do seu uso social, das formas pelas quais sãoutilizadas nos relacionamentos existentes. SegundoGergen (1999, p. 48), “o relacionamento antecede tudoque é inteligível”. Assim, as descrições sobre o mun-do não são o resultado da observação objetiva danatureza, mas a construção de uma comunidade lin-güística que, a partir de processos sociais - negocia-ção, comunicação, conflito e consenso -, pode produ-zir significados locais duráveis no tempo.

3. A interligação entre conhecimento e ação.As diferentes formas de descrever o mundo

implicam diferentes formas de ação social. Confor-me Nightingale e Cromby (1999), “nós procuramosativamente explorar aspectos do nosso mundo, deformas específicas segundo motivos específicos, eassim o fazendo criamos conhecimento, o qual entãotomamos como a ‘verdade’ sobre o mundo” (p. 05).Estas descrições e explicações compartilhadas, ‘ver-dadeiras’, servem para sustentar determinadas for-mas de viver e agir no mundo, determinadas institui-ções, e tradições. Assim, a manutenção de determi-nadas tradições depende do processo contínuo deprodução de sentido. Nas palavras de Gergen (1999),“o passado não garante nada”(p. 49).

4. A valorização de uma postura crítica ereflexiva.

Ao considerar o conhecimento como sendorelativo e dependente do conjunto de práticas e con-dições sócio-históricas no qual surge o constru-cionismo, o mesmo promove uma postura crítica cons-tante sobre as formas de descrever o mundo. É ne-cessário repensar aquilo que é dado como certo nasformas de pensar e perceber o mundo: compreendero mecanismo de determinadas descrições e manei-ras de pensar, para que servem, em que situações epara quem. Gergen (1999) alerta que neste exercícioé importante não perder de vista que ele sempre é fei-to a partir da inserção em uma tradição que possuideterminados valores e promove determinadas açõese formas de viver. A própria tradição deve ser entãoanalisada através de uma postura reflexiva, que convi-de a múltiplas descrições das coisas, que suspeite doóbvio, e que legitime outras tradições, afirmando-as talcomo a sua própria, apenas enquanto uma tradição.

Como vários autores apontam (Burr, 1995;Gergen, 1997, 1999), estas descrições constru-cionistas têm uma série de implicações, das quaispode-se destacar:

a. O antiessencialismo. À medida que oconstrucionismo destaca o processo de construçãodo mundo social, ele se posiciona contrário à visão deque haja uma essência no interior das coisas que de-termina e explica o que estas coisas são. Vale desta-car que o essencialismo pode se apresentar sob aforma de determinações biológicas ou culturais, ambasquestionadas pelo construcionismo social.

b. O anti-realismo. Esta postura se traduz pelarejeição da idéia de que o conhecimento possa serproduzido por uma apreensão direta da realidade, aqual existe independente de nossa percepção e podeser acessada através de determinados procedimen-tos que revelarão a verdadeira natureza do real. Paraos construcionistas, o conhecimento é gerado por pro-cessos sociais que constroem o real a partir de dife-rentes descrições.

c. A linguagem como forma de ação social. Osconstrucionistas não definem a linguagem como meiopassivo de expressão e transmissão de informações,mas a consideram em seus aspectos performáticos,de construção ativa do mundo. À medida que se des-crevem determinadas situações usando um vocabu-

Os sentidos da construção social

24

lário e uma forma específica, daí decorrem diferen-tes ações e construções do real.

d. O foco na interação e nas práticas sociais.Dadas as implicações anteriores, o construcionismoprivilegia as interações sociais, os relacionamentos entreas pessoas como foco de investigação. São nestas re-lações que as negociações sobre as definições a res-peito do mundo ocorrem e, portanto, onde se pode apre-ender o processo de construção social do mesmo.

e. O foco no processo. Decorrente desta últi-ma implicação, a pesquisa construcionista não des-creve o que as coisas são, mas o processo pelo qualsão ativa e continuamente construídas entre as pes-soas. O foco deixa de ser as estruturas relativamenteestáveis do indivíduo ou da sociedade, para ser os pro-cessos de construção do conhecimento e do mundo.

Construcionismos sociais: diferenças e seme-lhanças

Este conjunto de descrições e implicações per-mite circunscrever relativamente os autores constru-cionistas como um grupo que partilha um conjunto deposicionamentos. Na tentativa de definir melhor estegrupo, é possível buscar pelas semelhanças e dife-renças que ele tem em relação a outros pensadores,bem como entre si.

Entre o grupo de autores que se aproximam doconstrucionismo e merecem uma maior atenção,pode-se destacar aqueles que se filiam a um pensa-mento construtivista. O construtivismo, tal como oconstrucionismo, constitui uma alternativa às dificul-dades trazidas pelo pensamento empirista e racio-nalista. O construtivismo busca redefinir a relaçãosujeito-objeto, ressaltando o papel ativo do conhece-dor no processo de construção do conhecimento. Entreas diferentes versões de construtivismo tem-se oconstrutivismo radical, o crítico, o moderado, odialético, o social, o terapêutico, o epistemológico e ohermenêutico (Grandesso, 2000). Cada uma destasdiferentes versões enfatiza ou subestima um ou outroaspecto do processo de construção do conhecimen-to, seja, por exemplo, na definição de conhecimento,como correspondendo, ou como se adaptando ao real;seja, no fato de considerar a realidade no processode construção do conhecimento, afirmando-a ou ne-gando-a.

Segundo alguns autores (Gergen, 1997;Grandesso, 2000), as duas principais semelhançasentre as perspectivas construtivistas econstrucionistas são: a) a ênfase na naturezaconstruída do conhecimento, a partir da qual ambasquestionam a possibilidade de garantias fundacionaispara a ciência empírica; e b) a crítica à visão damente humana como refletindo um mundo indepen-dente, o que as leva a questionar a construção doconhecimento como algo edificado na mente isola-da através da observação.

Já as diferenças se iniciam pela definição demente e mundo, as quais constituem as bases doconstrutivismo, enquanto para o construcionismo nemà mente, nem ao mundo é garantido status ontológico,pois estas são expressões construídas nos relaciona-mentos, constituintes de práticas discursivas, que sãonegociadas entre as pessoas. Além disso, segundoGergen (1997), o construtivismo preserva a tradiçãoindividualista, buscando os processos intrínsecos aoindivíduo, enquanto o construcionismo enfatiza as ori-gens sociais do conhecimento, mantendo um foco nosprocessos micro-sociais.

Esta busca pelas semelhanças e diferençasentre estas perspectivas e o debate sobre as ques-tões aí subjacentes têm causado grandes polêmicasneste campo. Uns olham apenas para a semelhançaentre tais perspectivas, ou simplesmente, não fazemdistinção entre ambas, tais como Efran e Clarfield(1998) e Niemeyer (1998). Outros afirmam a impor-tância em se ressaltar a diferença, tais como Hoffman(1990), Leppington (1991), Dickerson e Zimmerman(1996), Fried Schnitman e Fuks (1996), e Anderson(1997). Gergen (1997), apesar de propor uma descri-ção do construcionismo como diferente do constru-tivismo, alerta para o cuidado em se estabelecer for-mulações fixas e finais, nas quais se impeça o diálogocom o outro. Ele ressalta que o exercício da purezaconceitual pode, às vezes, ser importante, mas namaioria delas, ele não se faz necessário e uma visãohíbrida pode ser útil e produtiva.

O próprio Gergen (1997) aponta que em rela-ção, especificamente, ao construtivismo social, é pos-sível reconhecer uma semelhança no que se refere àvisão do conhecimento como determinado por pro-cessos sociais, tal como no construcionismo. Contu-do, para ele, os autores do construtivismo social ain-

Emerson Fernando Rasera

25

da objetificam um mundo mental específico, diferen-temente do proposto pelo construcionismo.

Além destas diferenças com outros grupos, hátambém as diferenças internas ao próprio constru-cionismo. As diferenças entre os diversos autoresconstrucionistas podem ser observadas através dealgumas classificações de seus trabalhos propostaspor Danziger (1997) e Zuriff (1998).

Danziger (1997) em uma análise de onze li-vros da coleção ‘Inquiries in Social Construction’ pro-põe uma classificação dos textos produzidos nestacoleção como ‘light constructionism’ e ‘darkconstructionism’. O primeiro se refere àqueles auto-res para os quais a vida pode ser transformada atra-vés de uma abertura à multiplicidade do discurso, nãohavendo muitas referências a questões de poder, eestruturas sociais, e privilegiando o nível microssocialpara o estudo da construção do conhecimento. Já osautores classificados dentro do ‘dark constructionism’enfatizariam os aspectos não-discursivos dos relaci-onamentos humanos, especialmente aqueles relativosàs questões de poder. Estes autores buscam entãoanalisar de que maneira o corpo e as estruturas soci-ais se constituem em locais de produção deste poder,privilegiando as estruturas macrossociais no estudoda produção do conhecimento.

A classificação proposta por Zuriff (1998) di-vide o construcionismo em duas partes: o constru-cionismo empírico e o construcionismo metafísico. Oconstrucionismo empírico distingue o mundo naturaldo mundo construído e considera os resultados dapesquisa em Psicologia como descrições do mundonatural. O construcionismo metafísico nega estasposições, rejeitando a visão de que o mundo naturalconsiste de uma realidade externa, objetiva e inde-pendente da mente humana. A proposta de Zuriff estáacompanhada de uma crítica na qual o autor propõeque se deva eliminar o construcionismo metafísicoem favor de um construcionismo empírico. Ela afir-ma que a maior parte dos trabalhos construcionistassão empíricos apesar de muitas vezes serem consi-derados metafísicos. Trata-se de uma classificaçãoque aponta para algumas tensões existentes nestecampo, e explicita algumas interpretações diferentesde uma proposta construcionista.

Além disso, outra forma de construcionismo éa proposta por Shotter (1993), o construcionismo

responsivo-retórico. Shotter, baseado em uma visãodialógica tal como proposta por Bakhtin, afirma que éatravés do estudo de momentos interativos entre aspessoas, nos quais elas têm que continuamente rea-gir umas às outras espontaneamente e praticamente,através de uma compreensão ativa e responsiva, queserá possível compreender como as pessoas se cons-troem. A ênfase é posta no estudo do processo deconhecer e responder ativamente às outras pessoas.

Conforme apontam Rasera, Guanaes e Japur(2004), em uma análise das descrições do processode construção do self na obra de Gergen e Harré,ambos auto-intitulados e reconhecidos comoconstrucionistas, esses autores apresentam diferen-tes descrições do que vem a ser ciência, Psicologia,construcionismo e self, alertando para o cuidado dese situar o construcionismo do qual se fala, de formaa evitar a afirmação de uma única versão e reconhe-cer a multiplicidade existente nesse campo.

Críticas e reflexões sobre as propostasconstrucionistas

O conjunto de diferenças, sejam elas internasou externas, que foi apontado até o momento, anteci-pa as principais divergências e tensões existentes emtorno do construcionismo (Parker, 1998; McNamee,no prelo). O conjunto de críticas e defesas doconstrucionismo ao mesmo tempo em que o colocano centro das discussões atuais, levando à publica-ção de dois números especiais da revista Theory andPsychology (junho/2001 e outubro/2002), parece ge-rar um aprisionamento em um ritual de teoria-crítica-e-debate interminável (Shotter & Lanamman, 2002).Evitando trazer para este trabalho os labirintos destedebate, serão apresentadas as considerações deGergen (1997, 1999) a respeito dessas críticas quepermitem entender os principais questionamentospostos ao construcionismo social. Dentre eles desta-cam-se aqueles referentes:

1) Ao lugar da experiência pessoal. Aquelesque defendem a primazia da experiência pessoal seviram ameaçados frente às proposiçõesconstrucionistas de uma ontologia relacional, na quala mente individual perde sua base ontológica, trans-formando todos os constituintes do self em constru-ções culturais historicamente contingentes. Para

Os sentidos da construção social

26

Gergen, contudo, esta proposição construcionista nãotorna ilegítima a preocupação teórica e cotidiana coma experiência pessoal, mas redefine esta preocupa-ção como um discurso utilizado para desenvolver osrelacionamentos humanos e não como uma afirmaçãoda verdade referente a um outro plano da realidade - omundo mental.

2) À definição do real. Muitos afirmam que oconstrucionismo nega a realidade e qualquer preocu-pação com esta. Porém, como diz Gergen, oconstrucionismo é ontologicamente mudo. Ele nemnega a realidade, nem faz qualquer afirmação sobrea mesma. Para os construcionistas não há uma des-crição fundacional sobre o mundo, e sempre que háuma busca por fazê-la, ocorre a entrada no mundo dodiscurso, em um processo de construção lingüísticapermeado pelas condições sociais, históricas e cultu-rais daquele momento. Com isto, o construcionismoafirma que não há uma descrição universalmentemelhor. Cada descrição é sempre produto de con-venções locais, pois está inserida em uma tradição,em uma comunidade que privilegia certas formas devida, que utiliza determinados vocabulários, que in-centiva práticas definidas e promove valores especí-ficos. Aqueles construcionistas insatisfeitos com es-tas explicações de Gergen, tais como Nightingale eCromby (1999), buscam incorporar questões relati-vas à materialidade, à corporeidade e ao poder emseus trabalhos .

3) Ao relativismo ontológico. Alguns pesquisa-dores criticaram o construcionismo acusando-o de in-coerente, afirmando que as idéias por ele promovidastambém eram simplesmente construções, não carre-gando um status de verdade. Em acordo com seus crí-ticos, para os construcionistas, suas idéias são artefa-tos sociais, construções histórico-culturais utilizadas porum conjunto de pessoas ao se relacionarem. Assim,tais críticos, ao buscarem estabelecer o caráter social-mente construído das explicações construcionistas sócontribuíram para afirmar o que propõe esta perspec-tiva. Por outro lado, para os construcionistas, a buscade uma verdade objetiva transcendental é irrelevantepara a aceitação de suas idéias, mesmo porque “nãohá teoria do conhecimento que possa coerentementefornecer garantias de sua própria verdade ou valida-de” (Gergen, 1997, p. 77). As concepções constru-cionistas não buscam uma verdade superior que elimi-

ne outras teorias, mas incentivam o questionamentocontínuo sobre como estas teorias contribuem para osrelacionamentos humanos.

4) Ao relativismo moral. Uma forma feroz decrítica ao construcionismo tem sido feita por aquelesque afirmam que ele desencoraja o comprometimen-to com qualquer conjunto de valores, incentivando umapermissividade generalizada. A consistência destaafirmação é, contudo, questionável: uns afirmam queo construcionismo é feminista, outros, o contrário; unsdestacam os legados marxistas, outros os rejeitam;uns o percebem como profundamente moral, outroscomo promotor de uma irresponsabilidade moral.Apesar de não haver defesas explícitas sobre umconjunto de valores nos escritos construcionistas, éfácil reconhecer alguns valores existentes em suasconcepções. Contudo, segundo Gergen (1997), “a pos-tura construcionista não defende um conjunto de con-cepções morais sobre outro” (p. 81). Ao fazer isto,ela não deveria ser criticada, pois não há fundamen-tos de uma moralidade bem definida e amplamenteaceita contra a qual opor o relativismo construcionista.Ao adotar tal postura, de abandono de fundamentostranscendentais sobre a realidade e a moralidade, oconstrucionismo convida a uma deliberação moral,buscando refletir sobre as posições morais vigentesem nossa sociedade.

5) Ao relativismo conceitual. Dado que oconstrucionismo convida a uma multiplicidade de for-mas de descrição do mundo, questionando qualquerpossibilidade de se estabelecer uma ontologia de base,ou uma base epistemológica para um priorizar uni-versal de qualquer realidade, alguns críticos afirma-ram a impossibilidade de se reconhecer as diferen-ças entre diversas construções ou formas de pensar.Frente a esta crítica, Gergen propõe duas respostas.Primeiro, se por um lado, os críticos afirmam que oconstrucionismo não permite uma clara distinção dasdiferenças, por outro lado, eles próprios também nãotêm como afirmar o conhecimento de semelhançascompartilhadas universalmente, o que só seria possí-vel, conforme Gergen (1997), a partir de “uma visãodo olho de Deus do verdadeiro e do racional”(p. 83).Segundo, para o construcionismo, que privilegia umavisão pragmática da linguagem, o significado dos ter-mos é dependente do seu uso social. Assim, afirmara semelhança ou a diferença entre sistemas de signi-

Emerson Fernando Rasera

27

ficado depende de acordos locais que variam sócio-historicamente, e não de fatos empíricos. “Declara-ções construcionistas de diferenças contextuais nãose baseiam em fatos empíricos, mas são simplesmentemais compatíveis com nossas formas contemporâne-as de argumentação do que o seu contrário” (Gergen,1997, p.84).

6) Ao problema do progresso científico. À me-dida que o construcionismo questiona as visõesfundacionais sobre a racionalidade científica, o pro-gresso da ciência e o estabelecimento de provas dateoria através da observação, os críticos perguntamcomo ele explica o desenvolvimento da ciência, asnovas tecnologias e produtos criados nas últimas dé-cadas. Primeiramente, Gergen (1997) afirma que oconstrucionismo não nega que aconteçam fatos naciência, mas questiona o processo de descrever algocomo se este resultasse num reflexo do que estásendo descrito, como se ele informasse sobre a na-tureza do real. Em segundo lugar, ao analisar o pa-pel da teoria na ciência, Gergen (1997) afirma queem um contexto de predição, esta funciona comoum jargão comum que possibilita aos cientistas de-senvolverem relacionamentos uns com os outros.Neste sentido, uma teoria não faz previsões, mas évalorizada por suas capacidades pragmáticas, pos-sibilitando critérios específicos para sua avaliação.Em terceiro lugar, Gergen (1997) questiona o quechamamos como ‘progresso’ científico. Segundo ele,o construcionismo mostra que a ciência não buscauma proximidade com a ‘verdade’, que não há umateoria científica que ‘capture os contornos’ do queexiste e que o abandono desta retórica de progressopode ser vantajoso, ao evitar a postura competitivana ciência e promover uma consideração pelas prá-ticas e disciplinas desacreditadas pela ausência deprogresso. Conforme Gergen (1997).

“Apesar de nossas teorias não semoverem inexoravelmente em di-reção a uma maior fidelidade coma natureza e nós não chegarmosmais perto da ‘verdade’ neste pro-cesso, oferecemos então para acultura (...) uma amplitude cres-cente de inteligibilidades e práti-cas” (p. 92).

7) Ao perigo de elitismo. Se por um lado, oconstrucionismo aponta para o risco de se estabeleceruma descrição única do real através de um conjuntoespecífico de teorias que se pretendem verdadeiras esuperiores, por outro, este mesmo risco pode ser atri-buído às contribuições construcionistas, com seus pro-ponentes afirmando o que é semelhante e isolando pers-pectivas diferentes. Frente a este risco, Gergen (1999)destaca três aspectos da perspectiva construcionistaque podem contribuir para preveni-lo: a) a despretensãoconstrucionista por buscas fundacionais, o que não lhefornece justificativas transcendentais, nem a afirma-ção de supostas superioridades; b) o interesse naspotencialidades de orientações alternativas existentesem diferentes tradições; e c) o reconhecimento da fra-gilidade dos significados e seu caráter negociado, o quedificulta a afirmação de limites rígidos e estáveis entreas formas de pensamento e proporciona a ampliaçãodo diálogo.

Além destes questionamentos, aos quaisGergen (1997, 1999) busca responder, há uma críticaespecífica, não considerada por ele, que seria impor-tante apontar. Esta crítica se refere à inter-relaçãoentre os níveis micro e macrossociais. Danziger (1997),ao estabelecer as diferenças entre o ‘light’ e o ‘darkconstructionism’, aponta que o primeiro se preocupacom o nível microssocial e o segundo com o macro,não havendo, contudo, nos estudos construcionistas,uma reflexão mais atenta sobre a relação entre estesdois níveis.

Michael (1997) faz o mesmo tipo de alerta aorealizar sua crítica à definição de mudança nos tex-tos construcionistas. Para este autor, muitos traba-lhos construcionistas que descrevem a construção doself em um contexto local, institucional e histórico,apesar de apontarem a conexão entre os diferentesníveis, não teorizam a inter-relação entre os mesmos.Este autor defende então que o construcionismo deveproduzir uma teoria microssocial da mudança na qualse enfatize o aspecto criativo deste nível da interaçãohumana, para além do processo de reprodução decertas práticas discursivas.

A preocupação destes autores, diferente deuma crítica que busca apontar contradições ou pro-blemas nas proposições construcionistas, convida auma reflexão radical sobre o significado do contextorelacional na construção da realidade. Neste sentido,

Os sentidos da construção social

28

suas indagações apontam para a necessidade de seteorizar a inter-relação entre esses diferentes con-textos, e trazem o desafio de analisar as implicaçõese reverberações mais longínquas das negociações docontexto local.

Considerações finais

Estas definições, distinções e críticas aqui apre-sentadas visam ajudar a mapear o campo de vocabu-lários e questões no qual o construcionismo social estáinserido. Este mapeamento não abrange a riqueza ea pluralidade aí existentes, mas serve como orientadorna compreensão dos diferentes textos e propostasconstrucionistas.

No campo da produção do conhecimento, aproposta construcionista é a de produzir inteligibilidadesteóricas que sustentem a coordenação da ação hu-mana a partir de valores e convenções já legitimadossocialmente, bem como promover uma série de críti-cas às convenções sociais, seja através de uma críti-ca da prática científica, ou de outras práticas da cul-tura, ou mesmo de uma crítica que leve à rupturageral do convencional.

Dessa forma, o construcionismo promove oreconhecimento da imersão cultural dos conhecimen-tos científicos e das práticas por eles sustentadas, econvida à transformação e inovação cultural. É nestecontexto que o construcionismo enfatiza a responsa-bilidade relacional (McNamee & Gergen, 1999) dopesquisador, questionando sua retórica da verdade ea autoridade aí pretendida. Como ciência e práticaprofissional, cabe à Psicologia uma reflexão críticasobre as teorias por ela promovidas, e uma redescriçãode conceitos que enfatizem a construção relacionaldas pessoas e do mundo, ampliando os vocabuláriosexistentes e as formas de relacionamento possíveis.

Referências Bibliográficas

Anderson, A. (1997). Conversation, language andpossibilities. New York: BasicBooks.

Burr, V. (1995). An introduction to socialconstructionism. Londres: Routledge.

Danziger, K. (1997). The varieties of socialconstruction. Theory and Psychology, 7, 399-416.

Dickerson, V. & Zimmerman, J. (1996). Myths,misconceptions, and a word or two about politics.Journal of Systemic Therapies, 15, 79-88.

Efran, J. S. & Clarfield, L.E. (1998). Terapiaconstrucionista: sentido e contra-senso (C. O.Dornelles, Trad.). Em S. Mcnamee & K. J.Gergen (Orgs.), A terapia como construção so-cial (pp.239-260). Porto Alegre: Artes Médicas.

Fried Schnitman, D. & Fucks, S. I. (1996). Metáfo-ras da mudança: terapia e processo (J. H.Rodrigues, Trad.). Em D. F. Schnitman (Org.),Novos paradigmas, cultura e subjetividade(pp. 377-391). Porto Alegre: Artes Médicas.

Gergen, K.J. (1973). Social Psychology as history.Journal of Personality and Social Psychology,26, 309-320.

Gergen, K.J. (1985). The social constructionistmovement in modern psychology. AmericanPsychologist, 40, 266-275.

Gergen, K.J. (1997). Realities and relationships.Cambridge: Harvard University Press.

Gergen, K.J. (1999). An invitation to socialconstruction. Londres: Sage.

Grandesso, M. (2000). Sobre a reconstrução do sig-nificado. São Paulo: Casa do Psicólogo.

Hoffman, L. (1990). Constructing realities: an art oflenses. Family Process, 29, 1-12.

Leppington, R. (1991). From constructivism to socialconstructionism and doing critical therapy. HumanSystems, 2, 79-103.

Mcnamee, S. (no prelo). Bridging IncommensurateDiscourses: A response to Mackay . Theory inPsychology, 13.

Mcnamee, S. & Gergen, K. J. (1999). Relationalresponsibility. Londres: Sage.

Michael, M. (1997). Individualistic humans: socialconstructionism, identity and change. Theory andPsychology, 7, 311-336.

Nightingale, D. J. & Cromby, J. (1999). Socialconstructionist psychology. Buckingham: OpenUniversity Press.

Emerson Fernando Rasera

29

Niemeyer, R. A. (1998). Social constructionism in thecounselling context. Counselling PsychologyQuarterly, 11, 135-150.

Parker, I. (1998). Social constructionism, discourseand realism. Londres: Sage.

Rasera, E. F. & Japur, M. (2001). Contribuições dopensamento construcionista para o estudo da prá-tica grupal. Psicologia: Reflexão e Crítica, 14,201-209.

Rasera, E. F. & Japur, M. (2003). Grupo de apoioaberto para pessoas portadoras do HIV: a cons-trução da homogeneidade. Estudos de Psicolo-gia, 8, 55-62.

Rasera, E. F., Guanaes, C. & Japur, M. (2004). Psi-cologia, ciência e construcionismos: dando senti-do ao self. Psicologia: Reflexão e Crítica, 17,157-165.

Shotter, J. (1993). Conversational realities. Londres:Sage.

Shotter, J. & Lannamann, J. W. (2002). The situationof social constructionism. Theory andPsychology, 12, 577-609.

Spink, M. J. (1999). Práticas discursivas e produ-ção de sentido no cotidiano. São Paulo: Cortez.

Zuriff, G. (1998). Against metaphysical socialconstructionism in psychology. Behavior andPhilosophy, 26, 5-28.

Os sentidos da construção social