Os sertões

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Dois olhares para o mesmo conflito Euclides da Cunha, no final de Os sertões , registrava: [...] Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até o esgotamento completo. Expugnado palmo a palmo, [...] caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram seus últimos defensores, que todos morreram. Eram apenas quatro: um velho, dois homens feitos, e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados. CUNHA, Euclides da. Os sertões. In: Obra completa . Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1995. v 2, p. 513 (Fragmento). Já Olavo Bilac, escrevendo sobre o mesmo episódio, comemorava: Enfim, arrasada a cidadela maldita! Enfim, dominado o antro negro, cavado no centro do adusto sertão, onde o Profeta das longas barbas sujas concentrava sua força diabólica, fe fé e de patifaria, alimentada pela superstição e pela rapinagem! [...] BILAC, Olavo. Cidadela maldita. In: Vossa insolência : crônicas. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. p. (Fragmento). Discuta com seus colegas as questões a seguir. Que visão cada trecho manifesta sobre o episódio? O que pode explicar duas visões tão diferentes a respeito de um mesmo acontecimento histórico? Vocês se lembram de outro acontecimento mais recente da história do Brasil que tenha sido alvo de interpretações opostas? Qual?

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Dois olhares para o mesmo conflito

Euclides da Cunha, no final de Os sertes, registrava:

[...] Canudos no se rendeu. Exemplo nico em toda a histria, resistiu at o esgotamento completo. Expugnado palmo a palmo, [...] caiu no dia 5, ao entardecer, quando caram seus ltimos defensores, que todos morreram. Eram apenas quatro: um velho, dois homens feitos, e uma criana, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados.

CUNHA, Euclides da. Os sertes. In: Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1995. v 2, p. 513 (Fragmento).

J Olavo Bilac, escrevendo sobre o mesmo episdio, comemorava:

Enfim, arrasada a cidadela maldita! Enfim, dominado o antro negro, cavado no centro do adusto serto, onde o Profeta das longas barbas sujas concentrava sua fora diablica, feita de f e de patifaria, alimentada pela superstio e pela rapinagem! [...]

BILAC, Olavo. Cidadela maldita. In: Vossa insolncia: crnicas. So Paulo: Companhia das Letras, 1996. p. (Fragmento).

Discuta com seus colegas as questes a seguir. Que viso cada trecho manifesta sobre o episdio? O que pode explicar duas vises to diferentes a respeito de um mesmo acontecimento histrico? Vocs se lembram de outro acontecimento mais recente da histria do Brasil que tenha sido alvo de interpretaes opostas? Qual?