Os Templários

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OS TEMPLRIOSO Contexto que levou ao Golpe de 1307 Contexto:No comeo de seu papado Bonifcio VIII mantinha excelentes relaes com Filipe IV. Alguns conflitos menores conduziram, entretanto, pouco a pouco, a uma guerra aberta. Em guerra com Flandres, Filipe tinha necessidades de dinheiro. E a preocupao que tinha de fortalecer seu reino no lhe permitia deter-se ante escrpulos financeiros. Possuindo o monoplio da cunhagem de moedas em circulao pagava suas dvidas com moeda que no possua sua exata correspondncia em ouro. Prejudicada j pelas emisses de moeda falsa, a Santa S no quis admitir, em 1294 e 1296, que o rei ordenasse um imposto especial incidindo sobre o clero francs. Bonifcio VIII protestou, enviando ao rei uma bula. Seu tom altaneiro recordava a pretenso pontifcia da supremacia sobre os reis. Filipe replicou, proibindo toda sada de dinheiro do reino. A medida, tomada a pretexto da guerra em Flandres, impedia a Santa S de obter sua parte dos impostos eclesisticos.Os pequenos desentendimentos acumulados fortaleciam Filipe na ideia de que precisava, de uma vez para sempre pr fim s intromisses pontifcias nos negcios do reino. Era preciso que a Igreja da Frana fosse francesa, em vez de universal. Confiou o assunto a Guilherme de Nogaret, que revolveu a velha histria da abdicao de Celestino V. Nogaret fazia pois uma boa jogada, transformando um fato anormal num fato suspeito e, da num fato criminoso. Uma vez que o papa ameaava lanar um interdito sobre o reino da Frana Nogaret conseguiu impor a ideia de uma espcie de Guerra preventiva: era preciso apoderar-se da pessoa do papa, leva-lo a Lyon e ali destrona-lo. Em tal contexto, Bonifcio VIII fez redigir uma bula de excomunho contra o rei da Frana, intitulada Super. Petri solio, que deveria ser publicada em 8 de setembro de 1303; mas uma expedio guiada por Guillaume Nogaret, o mais notvel entre os juristas do Conselho, uniu-se a um bando de homens dos Colonna, na cidade de Anagni, onde se encontrava Bonifcio VIII. Na noite de 7 de setembro, o pontfice foi agredido e tornou-se vtima de uma tentativa de captura, para posteriormente ser levado a Paris, onde seria finalmente deposto e declarado herege. No entanto, uma imprevista revolta da populao da cidade, cansada dos saques executados pelos soldados dos Colonna, libertou o papa, que acabou sendo salvo do sequestro e reconduzido a Roma. Todavia Bonifcio VIII morreu pouco depois, agravado pela terrvel noite de Anagni. A bula de excomunho que privava Felipe, o Belo, de todos os seus poderes no chegou a ser publicada em razo da sucesso dos eventos, mas permaneceria ainda como uma terrvel espada de Dmocles sobre o destino dos anos vindouros. O conclave, a fim de agradar ao rei da Frana, escolheu ento um francs que sempre dera provas de independncia: Clemente V. Este bispo que fora pobre, apesar de no desprezar o fausto da corte pontifcia, no quis morar na cidade do Tibre, para evitar a presso das famlias romanas, mudando sua corte para Avignon.O interesse da fuso das ordens dos Templrios e dos HospitalriosFilipe reeditando o Papa Nicolau IV, que anunciou publicamente que as disputas entre o Templo e o Hospital haviam contribudo para a runa de Acre, acreditava que uma condio prvia para uma cruzada bem sucedida, o que lhe daria a hegemonia sobre o ocidente e o Oriente, era a fuso das ordens militares, no s pelo custeio financeiro da empreitada que a fuso representaria, mas tambm pela viso de poder que ele deslumbrava, a partir do momento que ele pretendia comandar a ordem resultante desta fuso legando posteriormente a seu filho este comando.Praticamente, o nico homem que se ops ideia foi o gro-mestre do Templo, Jaques de Molay. Em resposta a uma solicitao do papa Clemente V, ele elaborou um memorando expondo seus pontos de vista. Ele comeou com a origem da proposta de fundir as ordens, remontando-a ao Segundo Conclio de Lyon em 1274 e relacionando os papas, entre eles Bonifcio VI, que tinham decidido contra ela. Jaques de Molay reconhecia que haveria algumas vantagens numa fuso uma ordem unida estaria em condies mais slidas de se defender contra seus inimigos mas, levando tudo em considerao, ele julgava que elas seriam mais eficazes se continuassem separadas. A competio entre o Templo e o Hospital era benfica, e embora seus objetivos fossem semelhantes, cada uma delas tinha um ethos distinto: o Hospital dava precedncia a sua obra de caridade, ao passo que o Templo era antes de tudo uma fora militar fundada especialmente como uma ordem de cavalaria. Alm do mais, ele achava que as duas ordens tinham maior probabilidade de alcanar seus objetivos de dar esmolas, proteger os peregrinos e travar guerra contra os sarracenos, se preservassem sua intependncia.

FRALE, Brbara. Os Templrios e o Pergaminho de Chinon encontrado nos arquivos secretos do Vaticano / Barbara Frale; traduo Roberto Carlos Pintucci. 2. Ed. So Paulo: Madras, 2007, p. 111.READ Piers Paul, 1941 Os Templrios / Piers Paul Read: traduo Marcos Jos da Cunha Rio de Janeiro, Imago, Ed. 201 p. 268-269.

Outras informaes histricas:O rei da Frana tinha, at certo ponto, o papado em suas mos. Podia ento aproveitar para investir contra a segunda fora que ameaava sua autoridade a ordem dos Templrios. Seu poderio inquietava o rei; sua riqueza, que nenhuma ao presente justificara, atraia a inveja at da monarquia; o mistrio de que se cercavam, atrs das altas muralhas de sua fortaleza em Paris, justificava todas as insinuaes. E Filipe tinha razes bem definidas para desejar-lhes mal. Filipe tentou fazer-se nomear Gro Mestre da ordem, o que lhe foi negado. No podendo dirigir o templo, o rei precisava destru-lo. Nogaret, uma vez mais, encarregou-se do assunto. Tinha que se vingar do fracasso de Anagnia. A surpresa foi total: o Gro-Mestre Jacques de Molay, foi detido por Nogaret pessoalmente, que tinha carta branca do rei. Os templrios foram imediatamente interrogados, isto , torturados. E confessaram o que se lhes imputava: os iniciados deviam cuspir no crucifixo, concordando que se entregavam, com outros monges, a prticas indignas. O prprio De Molay confessou, aniquilado pela violncia. O assunto havia sido conduzido com rapidez. As confisses justificavam a ao real. A sagrada f havia sido bem defendida. O Papa Clemente V foi posto ao corrente da situao, depois do fato consumado. Como protestar, se os prprios templrios haviam confessado? Estabelecida a verdade, tudo o que podia criticar eram alguns vcios de forma, que eram graves: a Ordem dependia da justia eclesistica, o rei da Frana no tinha o direito de intervir diretamente no assunto. O protesto foi feito num tom que lembrava o de Bonifcio VIII. Ento, uma vez mais, entram em cena os legalistas, preparando os Estados Gerais: no refutam os argumentos de papa mas contra-atacam com a calnia. Acusavam-no de inativo e de proteger hereges cujos crimes eram provados. Nogaret, como antes os ctaros, sugere que o prprio papa estimulava Satans contra a f. Clemente V no se curva e ordena ao rei que lhe remeta os templrios. Filipe aceita, mas como nos seria fcil transportar os templrios o rei da Frana os manter detidos, em nome do papa. Clemente V comea a instruir, ento o processo; pessoalmente recebe e interroga numerosos templrios.

Acabou convencido de sua culpa? Quis que um processo mostrasse a inocncia dos acusados para no o acusassem mais de proteger hereges? No se sabe. Os representantes do papa esforavam-se por tranquilizar os templrios. No lhes causariam danos. Alguns negaram suas confisses esse apressaram a esclarecer que, se fossem torturados de novo, voltariam a confessar tudo uma vez que toleravam muito mal ser queimados em fogo lento. Outras mantiveram suas confisses. Eram mesmo culpados ou temiam que os agentes do rei no cumprissem sua palavra e depois do processo, se vingassem deles? Algumas testemunhas, com cuidado, declararam que nada viram do mal nos negcios do Templo, mas logo afirmavam que podiam ter acontecido coisas de que no haviam tomado conhecimento. O Gro-Mestre De Molay, pelo contrrio, parece confessar, mas suas palavras so confusas. Talvez tivesse tido conhecimento de fatos que julgara de pouca monta. Mas pode ser que esse homem honesto tenha acreditado, durante o processo, que os fatos de pouca monta que havia descoberto eram s uma parte de espantosa verdade que havia, at ento, ignorado. Nessa mistura de confisses e medo, como conhecer a verdade exata? Numerosas sentenas, frequentemente benignas, foram pronunciadas. Alguns, julgando-se em segurana, negaram suas confisses. O Poder temporal encarregou-se deles e foram queimados, depois de condenados como relapsos. Cinquenta e nove cavaleiros morreram como relapsos, e no pelo fato de o Templo se caracterizar realmente como culpado. Mas a honra conta muito para algumas pessoas: assim, De Molay, preso, prefere morrer. Recriminou-se de haver condenado a Ordem inteira por suas declaraes e quis fazer uma reparao, Gritando que a Ordem era pura, caminhou tambm para a fogueira. Em 1311 no concilio de Viena, a Ordem dos Templrios foi suprimida. Inventariar os bens do Templo era, por certo, uma operao de grande envergadura; o poder real contentou-se em pagar, mui generosamente por certo, os pesados gastos ocasionados pelo processo. O resto foi doado Ordem dos Hospitaleiros. Assim, Filipe, o Belo, embora o tenha esperado, no pde apossar-se dos tesouros do Templo. Mas pelo menos, havia destrudo um Estado dentro de seu Estado. Aparentando sempre defender a f, sua justia e sua fora, vangloriava-se de ter dobrado a mais orgulhosa da espinhas. Assim terminou o maior processo da idade mdia.

Guy DAuvernieA histria diz pouco sobre Guy Dauvernie, na verdade Godfredo de Charney. Registrado est apenas que foi preceptor do Templo na Normandia na ocasio da priso dos templrios, e sua lealdade s suas virtudes, sua coragem frente as acusaes dos inquisidores, negando as acusaes feitas contra a ordem e sua determinao junto com Jacques de Molay em rebater as infmias imputadas pelo tribunal aos membros da ordem. No ltimo interrogatrio, Godofredo de Charney caminhou resoluto em suas convices e junto com Jacques de Molay foi levado ser queimado em fogo lento.Fala-se que no comeo do grau de Ex-Templrio, Guy DAuvernie foi adversrio de Jacques de Molay na eleio de Gro Mestre da ordem do Templo; contrastando com as obras histricas que apontam Hugo de Pairand como o competidor direto de Jaques de Molay para o cargo de Gro Mestre. Essas posies acabam divergindo do que apresentado no grau de Cavaleiro da Cruz de Salm, o que deve ter ocorrido em virtude dos autores desses dois graus no serem os mesmos.