OS VÃOS NA ARQUITECTURA CONSTRUÇÃO...
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C2LAB Laboratório de Construção da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto Prof. Nuno Lacerda Lopes e Profª. Ana Costa Silva [email protected]
OS VÃOS NA ARQUITECTURA CONSTRUÇÃO METÁLICA
Ano lectivo 2012/2013 Beatriz Teixeira I Inês Reis I Isabel Torres
OS VÃOS NA ARQUITECTURA CONSTRUÇÃO METÁLICA
01 O vão: definição e origem
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“Espaço vazio ou desocupado; intervalo. O espaço da parede onde está aberta uma janela ou uma porta” (1980). “Divisão vertical de um edifício que não é preenchida por uma parede, mas por qualquer outro meio, como uma janela, coluna ou contraforte” (2003). “Abertura ou rasgo na parede que permite relacionar o interior com o exterior” (2009). “Termo utilizado em engenharia e arquitectura para designar a distância entre os apoios consecutivos de uma estrutura” (2012).
SILVA, António de Morais – Novo dicionário compacto da Língua Portuguesa. Volume 5. Confluência/Livros Horizonte. 1980. COLE, Emily – A Gramá8ca da Arquitectura. Livros e Livros. Maio de 2003. 1ª edição (página 341)
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OS VÃOS NA ARQUITECTURA CONSTRUÇÃO METÁLICA
O vão, tal como o definimos, apresenta-se de várias formas, encontrando-se, até, na paisagem natural. Na Arquitectura, o vão é o espaço vazio deixado numa construção, com um fim, que se foi modificando ao longo dos tempos e que tiveram repercurssões na sua forma. Num estado mais avançado de desenvolvimento, as aberturas foram aumentando de tamanho e frequência para permitir, para além da ventilação, a entrada de luz.
Panteão Romano, Roma, 118-‐128 d.C.
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O vão foi desenvolvido na antiguidade clássica e amplamente usado em toda a sua arquitectura, desde a de carácter mais público até à mais privada. Os gregos usavam o vão formado por três elementos básicos (designado por trílitico), constituída por dois mainéis verticais e um lintel horizontal que os unia. No Império Romano, as descobertas feitas ao nível da construção permitiram ampliar a dimensão dos vãos e construir espaços mais amplos, através da utilização do arco romano, cuja utilização se prolongou para o estilo românico. Os arcos em ogiva surgiram da vontade de fazer construções cada vez mais altas e de vencer maiores vãos.
! ! !Abóboda de berço (formada pela união de dois arcos romanos) I arco ogival I contrafortes das construções góYcas
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02 A construção metálica no vão
A utilização do ferro na construção é um dado antigo, embora tenha desempenhado funções bem distintas ao longo dos tempos. As suas primeiras utilizações eram bastante reduzidas, principalmente de cariz decorativo, em balaustradas e portões de ferro forjado. De igual modo, era utilizado em pequenas peças, como grampos ou tirantes, que ajudavam a reforçar as treliças de madeira das coberturas. As barras em secção de I, ligadas por tiras metálicas, formavam estruturas resistentes e fáceis de montar e de reduzido custo.
UYlização do ferro forjado I Barras em secção de I I Arcos mistos a parYr de Yrantes
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A primeira obra totalmente em ferro foi a ponte de Coalbrookdale, em 1779, vencendo um vão de 30,5 m. “Esta ponte representa, assim, uma transição entre a construção tradicional de madeira e o novo sistema de construção com ferro”. Traduzido de STRIKE, James –De la construcción a los proyetos. Editorial Reverté, Barcelona. 2004 (página31) A utilização de pilares de ferro fundido permitia criar espaços mais amplos, onde não eram necessárias paredes e, por isso, foram primeiramente utilizados em contextos fabris.
Ponte de Coalbrookdale, Hulbert, Inglaterra, 1779 I Pormenores construYvos
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A construção em ferro esteve sempre intimamente ligada à indústria do vidro, tendo sido de enorme contributo J. S. Loudon. A sua utilização resumia-se, por vezes a estufas hortícolas e outras infraestruturas industriais. Apesar das suas potencialidades técnicas, o uso do ferro teve uma grande resistência inicial, pelo que as vigas ficavam, muitas vezes, invisíveis atrás de estruturas de pedra, mármore e tijolo. O auge da Arquitectura em ferro e em vidro atinge-se com a construção do Palácio de Cristal de Joseph Paxton, em 1850.
Joseph Paxton, Palácio de Cristal, Londres, 1850
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A descoberta do aço impulsionou a construção em altura, aliada à inovação tecnológica dos elevadores, dando origem a um novo skyline das cidades com a introdução dos arranha-céus. A cidade pioneira na adopção do aço enquanto elemento estrutural, fácil e barato de usar, foi Chicago.
Gaiola equilibrada I William Jenney, Ediecio Leiter, Chicago, 1889 I William Jenney, HomeInsurance Building, Chicago, 1885
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Com a exposição universal de Paris assume-se a construção em aço, sem motivos decorativos a escondê-lo. Jean Prouvé foi o pioneiro da construção ligeira em aço desenvolvendo, em 1931, uma patente de um sistema de paredes divisórias removíveis pré-fabricadas em chapa de aço.
Desenho de Jean Prouvé para uma fachada
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03 Construção metálica
O elemento-base da construção metálica é o perfil. Estes, de diferentes formas e dimensões, podem ser associados de diversas maneiras, consoante o tipo de união e o efeito pretendido.
Tipos de perfis existentes no mercado I Desenhos esquemáYcos da junção de dois perfis em “I”
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Estrutura de colunas contínuas
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Estrutura duplicada
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Dobragem do metal
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“Steel Frame”
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“Space Frame”
! !Buckminster Fuller; Construção do USA Pavilion, EXPO 1967
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Estruturas lineares
Shabolovka, em Moscovo, 1922, Vladimir G. Suchov. Estrutura interna
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Estruturas em dossel
Hall of Labour, Turin, 1961. Pier Luigi Nervi
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Ligação a partir de parafusos
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Rebitagem
Método de cavilhas
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04 Potencialidade Estrutural e Expressividade do Vão
Frank Ghery, Fred and Ginger, Praga, 1996 I Frank Ghery, Luo Ruvo Center, Las Vegas, 2009
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Frank Ghery, Museu Guggenheim, Bilbao, 1992
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05 O Autor – Jean Nouvel
Jean Nouvel I Institut du Monde Arabe, Paris, 1987 I Guthrie Theater, Minesota, 2006
Jean Nouvel nasceu em 1945 em Fumel, uma vila no sudoeste de França. Estudou na escola de Belas Artes de Paris. Em 1975, abriu o seu próprio atelier e parYcipou em diversos concursos. Foi protagonista-‐chave no debate sobre a arquitectura em França, e foi membro fundador da “Mars 1976” e do Syndicat de l'Architecture. Desde o princípio, Nouvel trabalhou para criar uma linguagem arquitectónica diferente do modernismo e do pós-‐modernismo. Nouvel dá muita importância ao desenho harmonioso entre os ediecios e os locais em que estes se encontram. Contudo, é possível idenYficar alguns elementos chave como os jogos de transparência e luz.
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1983 – Recebeu o rtulo de Chevalier dans l'Ordre des Arts et Lesres. Premiado com uma medalha de prata pela
Academie d'Architecture.
1987 – Premiado com o Grand Prix d'Architecture. Premiado com o "Equerre d'Argent" para o InsYtut de Monde
Arabe. Recebe uma menção honrosa para o Prémio Aga Khan.
1988 – Faz uma parceria com o arquitecto suíço Emmanuel Casani.
1991 – Torna-‐se vice-‐presidente do InsYtut d'Frençais Architecure.
1993 – Nomeado membro honorário do InsYtuto Americano de Arquitectos.
1993 – Premiado com o "Equerre d'Argent" para a Ópera de Lyon.
2000-‐ Premiado com o “Golden Lion” na bienal de Veneza.
2005-‐ Premiado com o “Wolf Prize”
2006-‐ Recebe o “InternaYonal Highrise Award 2006” pela Torre Agbar em Barcelona.
2008-‐ Premiado com Prémio Pritzker.
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06 A Obra – Fundação Cartier
Jean Nouvel, Fundação Cartier, Paris, 1994
Os escritórios da Cartier estão localizados numa zona de grande valor sentimental e histórico para a cidade de Paris, pois ai se encontra um cedro plantado pelo poeta francês Chateaubriand. A Fundação Cartier, Jean Nouvel leva ao extremo a ideia de desmaterialização, através de uma delicada estrutura e do amplo uso do vidro transparente e metal. Estética oposta à palpável sensação da vegetação do parque no interior do edifício. Assiste-se a grandes jogos de luz e transparência. Em termos construtivos, a obra é constituída por catorze pisos, sendo metade deste subterrâneos e a outra metade acima da cota da rua. Existe uma galeria/sala de exposições no piso da entrada.
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! !Fachada Este I Corte transversal
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Corredor interior I Vista do terraço da cobertura !!
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Fotografias do interior, respectivamente do rés-do-chão e um piso superior
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Pormenor da fachada I Vista geral da obra I Integração das árvores na construção
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Corte representativo da ligação entre a estrutura metálica do edifício e a fachada
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07 Um corte construtivo
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Pormenor 1, Escala 1:2 I Planta da Fachada I Ligação do caixilho a laje I Sistema de telas
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Pormenor 2, Escala 1:2 I Corte da Fachada I Ligação do caixilho a laje I Sistema de telas !
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Esboço 3D, à escala 1:2 I Esboço da fachada, caixilho e ligação à estrutura metálica do edifício; Possível utilização do sistema de “cortina de vidro”, na fachada I modelos tridimensionais ilustrativos do caixilho gerados a partir de software informático
08 Pormenores 3D
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09 Bibliografia
BOISSIÈRE, Olivier – Jean Nouvel. São Paulo: Martins Fontes, 1998 COLE, Emily – A Gramática da Arquitectura. Livros e Livros. Maio de 2003. 1ª edição DEPLAZES, Andrea – Constructing Architecture: materials, processes structures. Birkäuser, Berlim. 2008. 2ª edição MENDES, José Amado. “O Ferro na História: das artes mecânicas às Belas-artes” em Gestão e Desenvolvimento. Volume 9. 2000 PINTO, Ana Lídia; MEIRELES, Fernanda; CAMBOTAS, Manuela Cernadas – História da Cultura e das Artes 11º ano (2ª e 3ª partes). Porto Editora.1ª edição. 2008 SCHULITZ, Helmut C.; SOBEK, Werner; HABERMANN, Karl J. – Construire en acier. Presses polytechniques et universitaires romandes, Suiça, 2003. 1ª edição SILVA, António de Morais – Novo dicionário compacto da Língua Portuguesa. Volume 5. Confluência/Livros Horizonte. 1980. STRIKE, James – Construction into design - The influence of new methods of construction on architectural design 1690-1990. Butterworth Architecture 1991 STRIKE, James. De la construcción a los proyetos. Editorial Reverté, Barcelona. 2004 Tratado de Construcción - Sistemas. Editorial Munilla - Leria. 2ª edição. Fevereiro 2002 VILLALBA, António Castro – Historia de la construcción arquitectónica. Edicions de la Universitat Politècnica de Catalunya, SL. Barcelona, Setembro 1995. 1ª edição Portal Metalica, disponível em http://www.metalica.com.br/
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