Otimização Logística e a Integração Vertical de Processos Produtivos - Estudo de Caso CT -...

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Otimização Logística e a Integração Vertical de Processos Produtivos - Estudo de Caso CT - Pedro

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  • Instituto Politcnico de Setbal

    Escola Superior de Cincias Empresariais Otimizao Logstica e a Integrao Vertical de Processos Produtivos Estudo de caso Continental Teves Portugal Pedro Miguel Santana Gaivo Dissertao apresentada para cumprimento dos requisitos necessrios obteno do grau de

    MESTRE EM CINCIAS EMPRESARIAIS RAMO LOGSTICA Orientador: Professora Doutora Dulce Matos Setbal, 2013

  • II

    Dedicado aos meus pais, Eduardo e Margarida, pelos valores e exemplo de vida que representam. Obrigado por tudo

  • III

    Agradecimentos

    A toda a minha famlia, em especial aos meus pais, Eduardo e Margarida, meu irmo Eduardo e

    mulher Soraia por terem possibilitado o meu percurso acadmico e profissional.

    empresa Continental Teves Portugal e colegas, pela experincia profissional que me tem proporcionado ao longo dos ltimos dez anos, em especial ao Dr. Pedro Pinto, Dr. Manuela

    Manita, Eng. Stephan Oberthuer e Dr. Nuno Sobral.

    professora orientadora, Doutora Dulce Matos pela ajuda e colaborao na realizao deste

    trabalho.

    A todos os professores, que lecionaram no Mestrado em Cincias Empresariais enaltecendo a

    colaborao do Doutor Silva Ribeiro.

    Aos meus colegas de mestrado, destacando o Dr. Jos Pinheiro e Eng. Paulo Almeida.

    Escola Superior de Cincias Empresariais, por tudo o que esta instituio representa a nvel pessoal e para a regio de Setbal.

    A todos, MUITO OBRIGADO.

  • IV

    ndice Geral

    Lista de Figuras............................................................................................................................................. VII

    Lista de Tabelas ............................................................................................................................................ VII

    Lista de Grficos .......................................................................................................................................... VIII

    Lista de Siglas e Abreviaturas ................................................................................................................... VIII

    Resumo ............................................................................................................................................................ X

    Abstract ........................................................................................................................................................... XI

    1.1 Enquadramento ............................................................................................................................... 1

    1.2 Objetivos da Investigao ............................................................................................................. 2

    1.3 Estrutura da dissertao ............................................................................................................... 3

    2. Reviso da Literatura .......................................................................................................................... 4

    2.1 Gesto Logstica ......................................................................................................................... 4

    2.1.1 Dimenses da Gesto Logstica ........................................................................................ 5

    2.1.2 Logstica Interna e Criao de Valor ................................................................................. 6

    2.2 Integrao Vertical ...................................................................................................................... 7

    2.2.1 Estratgias de Integrao Vertical ..................................................................................... 7

    2.2.1.1 Benefcios da Integrao Vertical .................................................................................. 8

    2.2.1.2 Riscos da Integrao Vertical ......................................................................................... 9

    2.2.1.3 Custos da Integrao Vertical ...................................................................................... 10

    2.3 Outsourcing Estratgico ......................................................................................................... 10

    2.3.1 Riscos adjacentes ao Outsourcing Estratgico ............................................................. 11

    2.3.2 Evoluo do Outsourcing Estratgico para Cadeia de Abastecimento ...................... 12

    2.4 Gesto da Cadeia de Abastecimento ................................................................................... 13

    2.4.1 Evoluo para Rede de Abastecimento Interligada ...................................................... 13

    2.4.2 Cadeias de Abastecimento Globais ................................................................................. 14

    2.4.3 Interligao de Processos Modularidade .................................................................... 14

    2.4.4 Investigao & Desenvolvimento na Cadeia de Abastecimento ................................. 15

    2.4.5 Organizao Cadeia de Abastecimento.......................................................................... 16

    2.5 Otimizao de Processos e Operaes na Gesto da Cadeia de Abastecimento ... 17

    2.5.1 Tipologia de Armazenagem .............................................................................................. 19

    2.5.2 Lean Management na Gesto Logistica ......................................................................... 19

    2.6 As Tecnologias de Informao na Gesto da Cadeia de Abastecimento .................. 20

    3. Caracterizao da Continental Teves Portugal .......................................................................... 23

    3.1 Identificao ............................................................................................................................... 23

  • V

    3.1.1 Enquadramento na multinacional Continental AG......................................................... 23

    3.1.2 Localizao .......................................................................................................................... 24

    3.2 Organizao ............................................................................................................................... 25

    3.2.1 Direo de Logstica .......................................................................................................... 26

    3.2.1.1 Vendas ............................................................................................................................. 26

    3.2.1.2 Planeamento de Produo ........................................................................................... 26

    3.2.1.3 Procurement e Gesto de Transportes ...................................................................... 26

    3.2.1.4 Gesto de Armazns e Movimentao Interna de Material..................................... 27

    3.2.2 Campos de atividade estratgicos ................................................................................... 27

    3.2.3 Fluxos de valor da Continental ......................................................................................... 28

    3.3 Produtos e Mercados ............................................................................................................... 29

    3.3.1 Maxila para travo de disco .............................................................................................. 29

    3.3.2 Clientes ................................................................................................................................ 29

    3.3.3 Potencial de Mercado ........................................................................................................ 30

    3.4 Fornecedores ............................................................................................................................. 30

    3.5 Instalaes .................................................................................................................................. 32

    3.6 Processo Produtivo (Maquinao, Galvanizao e Montagem) ................................... 33

    3.6.1 Maquinao ......................................................................................................................... 33

    3.6.2 Galvanizao....................................................................................................................... 34

    3.6.3 Montagem ............................................................................................................................ 35

    3.7 Volume de produo e capacidade instalada .................................................................... 36

    3.8 Servios de Apoio ..................................................................................................................... 37

    3.8.1 Manuteno, Engenharia, Ferramentaria & Dispositivos e CBS ................................ 37

    3.8.2 Qualidade ............................................................................................................................ 38

    3.8.3 Administrativos .................................................................................................................... 38

    3.9 Recursos Humanos .................................................................................................................. 38

    3.9.1 Valores e cultura da empresa ........................................................................................... 38

    3.10 Sistema de Informao ERP ................................................................................................... 39

    3.11 Investigao & Desenvolvimento ......................................................................................... 39

    3.12 Servios Coordenados Globalmente ................................................................................... 39

    4. Metodologia ......................................................................................................................................... 41

    4.1 Mtodos e tcnicas de abordagem ...................................................................................... 41

    4.2 Instrumentos e procedimentos utilizados .......................................................................... 41

    5. Estudo de Caso .................................................................................................................................. 43

    5.1 Introduo ................................................................................................................................... 43

  • VI

    5.2 Caracterizao atual da Cadeia de Abastecimento .......................................................... 43

    5.2.1 Organizao e Recursos do Departamento Logstica .................................................. 43

    5.2.2 Matrias-primas, Armazenagem e Fluxo Logstico ....................................................... 44

    5.2.3 Value Stream Mapping Atual ............................................................................................ 45

    5.2.4 Inventrio ............................................................................................................................. 47

    5.3 Anlise crtica ao atual processo de Galvanizao ......................................................... 47

    5.4 Proposta de melhoria Integrao Vertical do Processo de Galvanizao .............. 49

    5.4.1 Caractersticas e montante do investimento .................................................................. 49

    5.4.2 Futuro Layout proposto...................................................................................................... 51

    5.4.3 Otimizao de Recursos Logsticos ................................................................................ 52

    5.4.4 Value Stream Mapping Futuro .......................................................................................... 53

    5.4.5 Otimizao de Inventrio ................................................................................................... 54

    5.5 Resultados da aplicao da proposta elaborada neste estudo .................................... 55

    5.5.1 Anlise financeira do projeto de investimento ................................................................ 56

    5.6 Propostas de melhoria futura ................................................................................................ 58

    6. Concluso ............................................................................................................................................ 60

    6.1 Sntese e concluses ............................................................................................................... 60

    6.2 Limitaes do estudo .............................................................................................................. 62

    6.3 Sugestes de futuras linhas de investigao ................................................................... 63

    Bibliografia ..................................................................................................................................................... 64

  • VII

    Lista de Figuras

    Figura 1 Estrutura Continental Corporation .................................................................................. 23

    Figura 2 Vendas 2011 Continental AG & Diviso Chassis & Safety............................................. 24

    Figura 3 Localizaes a nvel mundial da unidade de negcios Chassis & Safety ...................... 25

    Figura 4 Organograma Continental Teves Portugal (2013) .......................................................... 26

    Figura 5 Quatro iniciativas bsicas para o fluxo de valor ............................................................. 28

    Figura 6 Componente Automvel: Travo de Disco ..................................................................... 29

    Figura 7 Estimativa de vendas por cliente Continental Teves Portugal 2012 .............................. 29

    Figura 8 Unidades fabris localizadas na Europa Construtores Automveis .............................. 30

    Figura 9 Componentes de uma maxila de travo ......................................................................... 31

    Figura 10 Localizao dos fornecedores Continental Teves Portugal ......................................... 32

    Figura 11 Vista Area das Instalaes da Continental Teves Portugal ........................................ 33

    Figura 12 Aspeto (sugesto) dos componentes carcaa e suporte.............................................. 33

    Figura 13 Layout do Edificio (1) da Maquinao........................................................................... 34

    Figura 14 Sugesto de apresentao de uma maxila de travo de disco .................................... 35

    Figura 15 Layout do Edificio (2) da Montagem ............................................................................. 36

    Figura 16 Evoluo anual do nmero de colaboradores Continental Teves Portugal.................. 38

    Figura 17 Fluxo logstico operacional na Continental Teves Portugal .......................................... 45

    Figura 18 Value Stream Mapping Atual ........................................................................................ 45

    Figura 19 Proposta novo layout com linha de galvanizao de componentes ............................. 52

    Figura 20 Fluxo logstico operacional (hiptese integrao processo galvanizao)................... 53

    Figura 21 Value Stream Mapping futuro ....................................................................................... 54

    Figura 23 Valor ideal de inventrio em vias de fabrico (WIP) ....................................................... 55

    Figura 24 Impacto no Inventrio com a Internalizao da Operao de Galvanizao ............... 55

    Lista de Tabelas

    Tabela 1 Capacidade Instalada para Maquinao de Componentes (unidades) ......................... 36

    Tabela 2 Capacidade Instalada para Montagem de Maxilas de Travo (unidades) .................... 37

    Tabela 3 Atividades logsticas e recursos humanos ..................................................................... 43

    Tabela 4 Estrutura operacional por turno ...................................................................................... 44

    Tabela 5 Investimento instalao de linha de galvanizao ......................................................... 50

    Tabela 6 Plano de investimento e depreciao ............................................................................ 56

    Tabela 7 Anlise financeira do projeto de instalao da linha de galvanizao ........................... 57

  • VIII

    Lista de Grficos

    Grfico 1 Nvel de Inventrio por categoria de material ................................................................ 47

    Lista de Siglas e Abreviaturas

    5Ss Seiri (utilizao), Seiton (ordenao), Seiso (limpeza), Seiketsu (higiene) e Shitsuke (autodisciplina);

    AGVs Automatic Guided Vehicles;

    CAE Classificao das Atividades Econmicas;

    CBS Continental Business System;

    CEO Chief Executive Officer;

    CLM Council of Logistics Management;

    CNC Controlo Numrico Computorizado;

    CPFR Collaborative, Planning, Forecasting and Replenishment;

    CRM Customer Relationship Management;

    CSCMP Council of Supply Chain Management Professionals;

    DRP Distribution Resource Planning;

    EDI Electronic Data Interchange;

    ERP Enterprise Resource Planning;

    EUA Estados Unidos da Amrica;

    FIFO First-in First-out

    GM General Motors;

    HBS Hydraulic Brake Systems;

    I&D Investigao e Desenvolvimento;

  • IX

    IT Information Technology;

    LTT Lead time total;

    MRP Materials Requirements Planning;

    MRP II Manufacturing Resource Planning;

    OEE Original Equipment Effectiveness;

    OEM Original Equipment Manufacturer;

    PMEs Pequenas e Mdias Empresas;

    QFD Quality Function Development;

    SAP Systemanalyse and Programmentwicklung sistemas, aplicaes e produtos;

    SMED Single Minute Exchange of Die;

    SCM Supply Chain Management;

    TIR Taxa Interna de Rentabilidade;

    TPM Total Productive Maintenance;

    TPS Toyota Production System;

    TQM Total Quality Management;

    TVA Total de Valor Acrescentado;

    VAL Valor Atual Lquido;

    VSM Value Stream Mapping;

    VW Volkswagen;

    WIP Work in Progress;

    WMS Warehouse Management System.

  • X

    Resumo

    A indstria automvel enfrenta um ambiente de enorme presso sobre os custos de

    produo. So os fornecedores de componentes que sentem a grande parte da mesma. Num

    mercado extremamente competitivo, as empresas que atingem um sucesso sustentado, sero

    aquelas que mantm a aposta na melhoria contnua e na seleo de uma correta estratgia de

    Gesto da Cadeia de Abastecimento no sentido de melhorar a sua produtividade.

    O propsito deste estudo, efetuado com o objetivo de obter o grau acadmico de mestre,

    foi o de analisar e identificar os impactos no desempenho logstico utilizando a integrao vertical

    como estratgia para um determinado processo produtivo em detrimento da atual em regime de

    outsourcing.

    Baseado no estudo do caso da Continental Teves Portugal, a adoo de uma estratgia

    diferente para o processo de galvanizao acarreta alteraes atual estrutura da cadeia de

    abastecimento e recursos utilizados. As abordagens qualitativa e quantitativa foram ambas

    utilizadas, com recurso a princpios de lean management e suas ferramentas de diagnstico no

    processo de investigao.

    Em termos operacionais foram identificadas na atual estratgia de outsourcing

    constrangimentos ao nvel do planeamento de produo, balanceamento do fluxo, elevados

    inventrios, dependncia do fornecedor, custos de transporte, interrupes por problemas de

    qualidade e uma logstica inversa complexa. Os tradicionais desperdcios e ineficincia dos

    processos estiveram em anlise durante o presente trabalho.

    As concluses retiradas so particularmente relevantes para a empresa em anlise. A

    proposta apresentada para a instalao de um linha de galvanizao que permitir efetuar este

    processo produtivo internamente, permitindo efeitos diretamente relacionadas na otimizao de

    processos logsticos apenas vlida nos pressupostos apresentados.

    A gesto da empresa em estudo poder utilizar a presente proposta e suas concluses, na

    conceo e operacionalizao de uma soluo alternativa ao atual fornecedor em regime de

    outsourcing.

    Palavras-Chave: Integrao Vertical, Outsourcing, Logstica Interna, Indstria Automvel,

    Processo de Galvanizao.

  • XI

    Abstract

    Enormous production cost pressure is weighing on the entire automotive industry.

    Suppliers are feeling most of this pressure. In the highly competitive supplier market, companies

    achieving sustainable success, will be those that are focused on continuous improvement and

    selecting the correct Supply Chain Management strategies on the pursuit of competiveness.

    The purpose of this study, which is framed within the objective of obtaining the academic

    master degree, is to analyze and identify the impacts in logistics performance using a strategy of

    vertical integration instead of outsourcing a manufacturing operation.

    Based on case study of Continental Teves Portugal, the influence of using a different

    strategic choice for plating process would bring changes to actual supply chain procedures and

    needed resources. To conduct this investigation both qualitative and quantitative approaches were

    chosen using lean management principles and tools.

    The operational constrains identified on the present outsourcing strategy concerned

    production planning, flow balance, high inventories, supplier dependence, transport costs, quality-

    caused interruptions and complex reverse logistics. Typical waste of resources and process

    inefficiencies were on scope.

    All findings will be mainly relevant for this particular company used as case study. The

    proposal for an internal galvanic line, to enable plating process and correlated impacts on logistics

    optimization, will only be valid for mentioned assumptions.

    Company management might be able to use this document in order to design and operate

    an alternative solution to actual outsourcing supplier considering study conclusions.

    Keywords: Vertical Integration, Outsourcing, Internal Logistics, Automotive Industry, Plating Process.

  • 1

    Introduo

    1.1 Enquadramento

    Na atual situao econmica e financeira da Europa, muitos estudos e artigos mencionam

    a falta de competitividade das empresas, na generalidade dos setores, como uma das origens do

    problema face s suas congneres localizadas noutro mbito geogrfico.

    Competitividade pode ser compreendida como a caracterstica ou capacidade de uma

    organizao em lograr cumprir a sua misso, com mais xito do que outras, em determinado

    ambiente empresarial. Ser competitivo significa apresentar-se ao mercado melhor que a

    concorrncia em algum aspeto ou rea.

    A procura de competitividade, pressiona cada vez mais os gestores a assumirem

    estratgias com preocupaes focadas na eficincia e eficcia. O perfil de consumidor associado

    a produtos em que existem alternativas no mercado, est cada vez mais exigente em termos de

    qualidade do produto e servio prestado.

    O aumento da concorrncia entre organizaes, em parte explicado pela crescente

    globalizao dos mercados, direciona as empresas a focar a sua estratgia em atividades

    geradoras de valor para o ciente.

    Com o objetivo de diminuir recursos afetos produo (custos), sem afetar qualidade, as

    empresas reorganizam os seus processos para combater os denominados desperdcios. A Gesto

    da Cadeia de Abastecimento assume um papel fundamental neste processo.

    A indstria de componentes para veculos automveis, marcada pelo excessivo poder

    negocial dos clientes (grandes construtores automveis mundiais), um exemplo de presso

    constante em busca de vantagens competitivas, demonstrando elevada capacidade de inovao,

    reduo de custos de produo e distribuio.

    O outsourcing, principalmente a partir dos anos 90 (sc. XX), assumiu papel principal em

    detrimento da Integrao Vertical nas grandes organizaes, justificado por fatores como, a

    eliminao de desperdcios, agilidade e flexibilidade da Cadeia de Abastecimento. Esta teoria

    assenta sobretudo em transformar custos fixos em variveis, de acordo com a procura por parte

    dos clientes.

    Nos ltimos cinco anos observmos, em empresas mundialmente relevantes, alguns

    casos de inverso em termos de estratgia, tendo em vista a integrao vertical para obteno de

    vantagens competitivas em vez de seguirem a tendncia do outsourcing.

  • 2

    Surpreendentemente algumas empresas de cariz tecnolgico como por exemplo a Oracle

    e a Apple esto a tentar aumentar o seu nvel de integrao vertical tendo em vista uma elevada

    taxa de inovao e proteo das suas patentes. A indstria do petrleo, por questes de

    estabilidade no processo, apresenta uma quase total integrao vertical nos seus processos como

    por exemplo a ExxonMobil, Shell e BP. A Pepsi, General Motors ou a Boeing esto gradualmente

    a recuperar o controlo das matrias-primas, distribuio e produo de alguns componentes via

    integrao vertical.

    Neste contexto justifica-se a realizao de um estudo para avaliar possveis impactos na

    logstica atual de uma determinada empresa resultante da integrao vertical de um processo

    produtivo.

    1.2 Objetivos da Investigao

    O objetivo geral do presente trabalho ser o de avaliar os impactos em termos de

    Logstica e Cadeia de Abastecimento atual na Continental Teves Portugal Sistemas de

    Travagem, Lda., da integrao vertical de um dos processos produtivos, apresentando no final

    uma proposta para a sua efetivao.

    Com o objetivo de aferir os impactos sero analisados inventrios, organizao do fluxo

    logstico, planeamento logstico e custos operacionais como: mo de obra, transportes e obteno

    do processo produtivo a integrar na prpria empresa.

    O processo produtivo atual efetuado na seguinte ordem: maquinao de componentes,

    galvanizao de componentes (outsourcing) e montagem final. O estudo implica o hipottico

    cenrio de internalizar o processo de galvanizao e avaliar o impacto que o mesmo ter em

    termos de logstica interna e otimizao dos recursos acima mencionados.

    Para abordar este tema, existe a necessidade de efetuar uma reviso bibliogrfica de

    temas associados a integrao vertical, outsourcing, logstica, gesto da Cadeia de Abastecimento

    e otimizao de recursos numa perspetiva de lean management1. Aps o entendimento das

    matrias em estudo ser necessrio efetuar uma descrio e anlise do atual processo. No que se

    refere aos objetivos especficos do presente trabalho pretende-se:

    Compreender as opes de integrao vertical versus outsourcing em termos

    estratgicos, nomeadamente suas vantagens e desvantagens;

    Descrever o processo produtivo e logstico atual, com o objetivo de identificar

    principais desperdcios e vantagens recorrendo a ferramentas e mtodos numa tica

    de lean management;

    1 Lean Management Gesto empresarial tendo em vista o aperfeioamento de procedimentos e diminuio de desperdcios.

  • 3

    Caracterizar a opo de integrao vertical do processo de galvanizao como uma

    hiptese exequvel a considerar e seu impacto em termos de organizao logstica na

    empresa em questo.

    Esta dissertao tem dois objetivos em paralelo. Permitir a obteno do grau acadmico a

    que me proponho, mas tambm apresentar a hiptese de integrao vertical do processo

    produtivo de galvanizao de componentes Continental Teves Portugal, no sentido de aumentar

    a sua eficincia de processos, reduo de custos e consequente aumento de produtividade da

    empresa e sua afirmao no Grupo Continental.

    A seleo deste estudo de caso est perfeitamente enquadrada na tipologia de

    multinacionais existentes em Portugal, no setor de componentes para automvel, sendo de todo o

    interesse compreender se a integrao vertical de processos pode de facto contribuir para a

    competitividade do setor ao contrrio da tendncia habitual dos ltimos anos.

    1.3 Estrutura da dissertao

    Em termos de estrutura a dissertao est dividida em seis captulos com os seguintes

    contedos:

    No captulo 1. Procura-se introduzir e contextualizar o tema, descrever brevemente a

    problemtica em estudo e definir-se objetivos gerais e especficos a atingir.

    No captulo 2. efetuada a reviso da literatura, sendo abordados conceitos

    fundamentais para a realizao deste estudo, nomeadamente, integrao vertical, outsourcing,

    otimizao logstica, cadeia de abastecimento e filosofia lean management.

    No captulo 3. efetuada a apresentao e descrio da empresa a utilizar como estudo

    de caso - Continental Teves Portugal Sistemas de Travagem Lda.

    No captulo 4 descreve-se os mtodos e tcnicas de abordagem, os instrumentos e

    procedimentos utilizados para a recolha de dados e informao necessria realizao da

    dissertao.

    No captulo 5 recorrendo ao caso de estudo em anlise, efetua-se uma descrio do

    processo atual com posterior anlise crtica, resultando numa proposta de melhoria e anlise dos

    respetivos resultados esperados e sua viabilidade, concluindo com propostas de melhoria futura.

    Por ltimo no captulo 6 procede-se a uma concluso do estudo, descrevendo

    sinteticamente todo o contedo da dissertao e consideraes sobre o trabalho realizado,

    apontando algumas limitaes do estudo e sugestes para futuras linhas de investigao.

  • 4

    2. Reviso da Literatura

    Primeiramente, procedemos a uma reviso da literatura, com o objetivo de contextualizar a

    problemtica em estudo identificando uma linha terica com origem em autores e estudos

    anteriores.

    O conceito de globalizao tem por base a ideia que o mundo tende a tornar-se cada vez

    mais homogneo () como consequncia dessa convico, as empresas deveriam globalizar as

    suas estratgias, do que resultaria nomeadamente o crescimento das quotas de mercado, a nvel

    mundial e significativas economias de escala (Teixeira, 2010).

    2.1 Gesto Logstica

    O conceito de logstica evoluiu desde que foi assumida a sua importncia nas organizaes empresariais. A partir de 1985 com a criao do Council of Logistics Management a

    logstica foi sintetizada como o processo de planeamento, implementao e controlo de eficincia

    e eficcia dos custos, fluxos e armazenamento de matrias-primas, produtos em curso e acabados

    e informao relacionada, desde o ponto de origem at ao ponto de consumo em conformidade

    com os requisitos dos clientes (CLM, 1985). Respeitando o reconhecimento da importncia que o

    conceito de logstica foi obtendo nas organizaes, em 1992 foi adicionado o conceito de servio,

    em 1998 o de Cadeia de Abastecimento, em 2002 fluxo inverso, e finalmente em 2003 a

    alterao de Logstica para Gesto Logstica (Moura, 2006).

    Carvalho (2010), resume as atividades logsticas como:

    Transporte e Gesto do Transporte atividade estruturante e responsvel por boa

    parte dos custos logsticos;

    Armazenagem e Gesto da Armazenagem papel central da logstica em encontrar o

    correto equilbrio (trade-off2) entre o custo (tempo) de transporte, localizao dos

    stocks e nvel de servio pretendido;

    Embalagem (industrial) e Gesto da Embalagem proteo das matrias durante

    transporte e armazenagem bem como a sua gesto (dos vrios tipos disponveis);

    Manuseamento de Materiais (matrias-primas, produtos em vias de fabrico e produtos

    finais) e Gesto de Materiais;

    Controlo e Gesto de Stocks - avaliar o impacto do custo da posse de materiais no

    capital circulante, sendo que o seu nvel de gesto depende muito do prprio valor dos

    materiais e cobertura de ineficincias internas da organizao;

    2 Trade-off Traduz-se por uma relao de compromisso ou perde-e-ganha. Geralmente significa perder uma qualidade ou aspecto de algo, mas ganhando em troca outra qualidade ou aspecto. Implica que uma deciso seja tomada com a completa compreenso dos efeitos negativos e positivos em todos os vrtices de determinada problemtica.

  • 5

    Gesto do ciclo de Encomenda o papel da logstica pode ser a nvel interno ou

    externo colocando os materiais disponveis de acordo com o contratualizado ou

    acordado;

    Planeamento da Produo / Programao o impacto da produo e o seu

    sequenciamento tm implicaes a montante no procurement e a jusante nos stocks

    de produtos em vias de fabrico e/ou produto final;

    Procurement e Gesto do Ciclo de Procurement qualificar fornecedores e garantir

    um fluxo fsico de acordo com as premissas;

    Servio ao cliente atividade que reflete o output de um sistema logstico;

    Localizao e Gesto de Instalaes definir as instalaes necessrias para as

    operaes logsticas e gesto do equipamento afeto s suas atividades;

    Manuseamento de Materiais Retornados lgica inserida na logstica inversa;

    Suporte ao Servio ao Cliente servios ps venda;

    Eliminao, Recuperao e Reaproveitamento de Materiais e Gesto Logstica Inversa

    assegurar que a lgica de um ciclo direto ao cliente ser flexvel quando o fluxo

    invertido bem como o tratamento e/ou reaproveitamento dos mesmos.

    Em 2010 o Council of Supply Chain Management Professionals, menciona que o conceito

    de Gesto da Cadeia de Abastecimento envolve o planeamento e a gesto de todas as atividades

    de sourcing e procurement, converso e todas as atividades logsticas () a coordenao e a

    procura de colaborao entre parceiros de cadeia ou de canal, sejam eles fornecedores,

    intermedirios, prestadores de servios Logsticos ou clientes. Em essncia a Gesto da Cadeia

    de Abastecimento integra as componentes de abastecimento e a procura dentro e entre

    empresas ou seja o conceito evolui na sua abrangncia (Carvalho,2010).

    2.1.1 Dimenses da Gesto Logstica

    Segundo Moura (2006) a logstica um fator chave para o sucesso empresarial principalmente no contexto competitivo atual. A sua potencialidade de reduzir custos, tempo de

    resposta ao cliente e melhorar servio tende numa perspetiva de celeridade (conceito de tempo de

    resposta) a dar/receber informaes, chegar primeiro ao mercado, servir melhor, entender

    expectativas e necessidades, ganhar a preferncia por parte dos clientes, obtendo com isso maior

    nmero de encomendas.

    De acordo com Carvalho (2010) as dimenses centrais da gesto logstica so o tempo, o

    custo e a qualidade do servio. Conjugando estes trs elementos podemos definir o nvel de uma

    cadeia de abastecimento em termos de agilidade, capacidade de resposta e leveza (conceito lean

    management que se define por uma gesto sem desperdcios). Cada organizao deve ajustar o

    trinmio acima descrito e encontrar trade-offs compensatrios (servio a mais baixo custo) para o

    nvel de sistema logstico em que se pretende posicionar no mercado.

  • 6

    Na conceo de sistema logstico o que o cliente (interno ou externo) espera da logstica

    em qualquer ponto da cadeia a satisfao das suas necessidades, na quantidade certa, na

    condio certa, no cliente certo, no lugar certo, no tempo certo e ao custo certo (Moura, 2006).

    2.1.2 Logstica Interna e Criao de Valor

    A organizao interna de uma empresa foca a sua atuao na componente recursos e

    competncias. adquirida uma racionalidade prpria que advm de proporcionar trabalho, horas,

    tecnologia, equipamentos e outros ativos necessrios criao de valor, no produto ou servio, de

    forma mais eficiente e otimizada possvel tendo em vista vantagens competitivas face

    concorrncia. A logstica interna desempenha um papel integrador de todos os recursos

    necessrios (Carvalho, 2010).

    O conceito de lead time pois um fator que define o tempo total necessrio para

    completar um processo de negcio. No entanto e como verificado por autores como Handfiel et al

    (1999, citado por Moura, 2006), apenas uma pequena parte do tempo utilizado em atividades

    geradoras de valor. Assim sendo a reduo dos tempos mortos representa uma das principais

    oportunidades na gesto da cadeia de abastecimento.

    Muitas organizaes apresentam um problema fundamental denominado lead time gap.

    Este gap designa-se pela diferena entre o tempo necessrio para o procurement, produzir e

    entregar o produto e o tempo que efetivamente o cliente est disposto a esperar (Carvalho e

    Carvalho, 2001).

    Porter (1991, citado por Moura, 2006) analisou o conceito de cadeia de valor

    desagregando a empresa em atividades de relevncia estratgica em termos primrios e de apoio:

    Atividades primrias envolvidas diretamente na criao fsica de produtos

    (tradicionalmente): logstica de entrada, operaes, logstica de sada, marketing e

    vendas e servio;

    Atividades de apoio que contribuem para a execuo das tarefas acima mencionadas:

    aprovisionamento (procurement), desenvolvimento tecnolgico, gesto de recursos

    humanos e infraestruturas da empresa.

    O autor identifica a vantagem competitiva no apenas como o resultado do desempenho

    individual de cada uma destas atividades, mas sim o resultado do conjunto de todas as atividades

    funcionais na criao da denominada margem de lucro (Moura, 2006).

    Segundo Freire (1997) a cadeia de valor deve ser gerida como um sistema de atividades

    interdependente e dinmico sendo que as mesmas podem ser identificadas pela organizao

  • 7

    como estratgicas, tticas ou de base de acordo com a estratgia global da empresa e margem a

    obter.

    2.2 Integrao Vertical

    A integrao vertical consiste na execuo de vrias funes da cadeia operacional de

    um negcio sob a gide de uma s empresa Freire (1997).

    De acordo com o mesmo autor a integrao vertical na cadeia operacional pode acontecer

    de montante para jusante nas diferentes operaes: (1) Investigao & Desenvolvimento, (2)

    Compras, (3) Produo, (4) Marketing, (5) Distribuio e finalmente (6) Servio.

    A partir das atividades centrais deve ser definido o mbito da integrao a montante e a

    jusante (Freire, 1997).

    Em termos histricos, a teoria de integrao vertical de operaes comea a ser abordada

    pelo menos a partir de Adam Smith atravs da diviso de tarefas (Langlois & Robertson, 1989).

    Autores tradicionais como Young ou Stigler assumiram que a integrao vertical se justificava

    sempre que o output gerado fosse suficiente em termos de economia de escala, no entanto a

    evoluo para a diferenciao de alguns produtos e a sua consequente especializao tornaram

    rentvel a sua atribuio a fornecedores externos de menor dimenso (Langlois & Robertson,

    1989).

    2.2.1 Estratgias de Integrao Vertical

    Zhang (2013) refere que Harrigan (1984) e Steingraber (1990) consideram que o setor

    transformador (indstria) sempre procurou ao longo do tempo um elevado nvel de integrao

    vertical das suas operaes. No mesmo estudo, os benefcios de uma integrao vertical so

    teoricamente justificados por investigadores como DAveni e Ravenscraft (1994, citado por Zhang,

    2013) pela Teoria de Custos de Transao. No entanto verificou-se uma crescente tendncia para

    o outsourcing em detrimento da integrao vertical. Este ltimo dominou durante duas dcadas

    especialmente a partir dos anos 90, sendo que estudos efetuados por Mpoyi e Bullington (2004,

    citado por Zhang, 2013), demonstraram que principalmente grandes empresas estavam a inverter

    a tendncia e a integrar progressivamente operaes num ambiente empresarial em crescente

    competitividade que procura custos de produo cada vez mais reduzidos.

    Tendo por base estas duas perspetivas (integrao vertical vs. outsourcing) podemos

    relacionar as opes adotadas com o tipo de estratgia empresarial e posicionamento no mercado

    das organizaes. Recordando as estratgias identificadas por Porter (1980) para obter vantagens

    competitivas, explicitamos em seguida a liderana de custos versus diferenciao.

  • 8

    Estratgia baseada em liderana de custos pressupe que, determinada organizao seja

    a produtora a mais baixo custo presente no mercado, possibilitando a obteno de lucro mdio

    superior mdia do mercado, mesmo que o seu preo final de venda se situe na mdia do

    mercado. A estratgia de diferenciao pressupe que, o cliente est disposto a pagar um preo

    acima de mdia de mercado (preo premium), pois a sua perceo de determinado produto face

    concorrncia de outras organizaes, coloca-o num nvel superior, seja pela marca, qualidade ou

    desempenho segundo Porter (1985 citado por Snowdown e Stonehouse, 2007).

    Zhang (2013) no seu estudo emprico verificou que as empresas que perseguem uma

    estratgia de liderana pelo custo esto tendencialmente a caminhar no sentido de voltar a

    internalizar operaes para reduzir custos. Os resultados demonstram que tem de existir um trade-

    off entre o desempenho operacional e custos de produo inferiores para seguir no sentido da

    integrao vertical.

    Estudos recentes da Universidade de Chicago, em mltiplas empresas e setores

    produtivos, demonstram que uma integrao vertical acentuada pode no estar relacionada com o

    fluxo fsico de bens na cadeia de abastecimento, quer a montante ou jusante, das operaes

    produtivas. Segundo dados recolhidos e analisados, a no transferncia de ativos intangveis,

    como segredos industriais, patentes ou simples tcnicas de gesto, o principal fator motivador

    para as empresas no seguirem estratgias de outsourcing. Este padro est presente em

    empresas que apostam na diferenciao, logo procuram proteger o segredo industrial integrando

    verticalmente os seus processos (Atalay et al, 2013).

    Ambas as abordagens estratgicas, anteriormente descritas, consideram que o grau de

    integrao vertical deve contribuir para o reforo da vantagem competitiva da empresa. Na

    definio do nvel de integrao vertical a seguir devem ser definidas pela empresa as atividades

    estratgicas e no estratgicas na cadeia operacional. Tendencialmente as atividades estratgicas

    devem estar integradas na prpria empresa (Freire, 1997).

    2.2.1.1 Benefcios da Integrao Vertical

    Freire (1997) identificou como benefcios potenciais da integrao vertical por parte das

    organizaes:

    Economias na produo e distribuio;

    Economias de informao e coordenao (planeamento integrado);

    Economias de estabilidade de relacionamento;

    Expanso da base tecnolgica;

    Aumento da capacidade de diferenciao;

    Aumento das barreiras entrada;

  • 9

    Proteo contra o declnio;

    Entrada em negcios de elevada atratividade.

    Considerando que a integrao vertical efetuada a montante das competncias centrais

    da empresa (abrangem principalmente Investigao & Desenvolvimento, Compras e Produo), o

    mesmo autor, identifica as seguintes vantagens:

    Manuteno do sigilo sobre tecnologias prprias;

    A garantia da regularidade dos fornecimentos;

    O acrscimo de diferenciao do produto.

    A jusante (abrangem principalmente Marketing, Distribuio e Servio):

    Obter informao direta no mercado;

    Aumentar o preo de venda;

    Ganhar acesso aos canais de distribuio;

    Complementar a sua oferta aos clientes;

    Aumentar a diferenciao do produto.

    Na indstria automvel norte-americana (Monteverde & Teece, 1982) podemos concluir

    que, por exemplo, a GM e FORD optaram por preservar a integrao vertical no que diz respeito

    ao design de componentes e seu desenvolvimento, quando a sua transferncia para o fornecedor

    implica uma posio negocial desfavorvel, ou o seu desenvolvimento est imperativamente

    ligado a outro tipo de componente presente no produto final.

    2.2.1.2 Riscos da Integrao Vertical

    Existem riscos associados a integrao vertical de operaes (Freire, 1997):

    Perpetuao de ineficincias;

    Aumento do risco operacional;

    Perca de acesso a tecnologias externas;

    Reduo da ligao ao mercado;

    Menor flexibilidade operacional.

    Se verificarmos a evoluo histrica no mercado automvel norte-americano (tendo como

    exemplo a GM e a FORD), encontramos um largo perodo de estagnao tecnolgica que

    segundo Langlois e Robertson (1989) pode ser associada excessiva estratgia de vantagens

    competitivas via economia de escala (integrao vertical de operaes). No entanto, a abertura da

    sua cadeia de abastecimento a fornecedores externos, permitiu vantagens competitivas ao nvel

    da diferenciao tecnolgica dos seus produtos.

  • 10

    2.2.1.3 Custos da Integrao Vertical

    Freire (1997) identificou alguns dos custos associados integrao vertical:

    Elevados investimentos iniciais (dificuldade em ultrapassar as barreiras entrada);

    Deseconomias de escala motivadas por no utilizao da capacidade instalada;

    Maiores barreiras sada de negcios em declnio por inexistncia de opes para

    outsourcing;

    Necessidades acrescidas de recursos financeiros;

    Dificuldade de balanceamento da cadeia operacional em termos de necessidades de

    produo.

    De acordo com a Teoria de Custos de Transao a empresa deve ponderar o outsourcing

    sempre que nas operaes os custos de integrar verticalmente sejam superiores ao de aquisio

    externa, considerando todos os fatores tangveis e intangveis (Freire, 1997). O mesmo autor

    menciona trs condies bsicas verificveis para a integrao vertical de uma operao (com a

    reserva de nos dias de hoje existirem tcnicas de gesto integrada nas cadeias de abastecimento

    que as podem atenuar):

    Grau de incerteza da transao elevado por parte do fornecedor (ausncia de

    fiabilidade nos processos do fornecedor);

    Ativos envolvidos na transao com especificidade elevada aumentando o poder

    negocial dos fornecedores;

    Transao recorrente e volume intensivo.

    Langlois e Robertson (1989) encontraram, na anlise do setor automvel, um possvel

    paradigma da teoria de custos de transao porque enquanto a diferenciao entre construtores

    diminu, aumenta o envolvimento de fornecedores externos no fornecimento de componentes cada

    vez em maior escala.

    Williamson (1985, citado por Langois & Robertson, 1989) liderou um conjunto de autores

    que introduziram outro tipo de variveis intangveis e no mensurveis (como o acesso a novas

    tecnologias que possibilitem diferenciao futura no mercado para o consumidor) que explicam a

    opo pela estratgia de outsourcing.

    2.3 Outsourcing Estratgico

    Quando analisamos o Outsourcing, como parte da estratgia da organizao estamos a

    analisar uma cooperao efetiva e estvel com fornecedores e no encomendas pontuais tendo

    em vista apenas uma mera comparao preo qualidade. No sentido de aumentar as vantagens

  • 11

    competitivas em determinada organizao, a opo poder recair na opo de Outsourcing

    Estratgico em detrimento da Integrao Vertical (Freire, 1997).

    O Outsourcing Estratgico tem como principal objetivo desenvolver uma relao de longo

    prazo com fornecedores selecionados, de preferncia utilizando o menor nmero possvel por

    motivos de complexidade, equacionando aspetos financeiros, tecnolgicos e comerciais. O papel

    dos fornecedores em redes de outsourcing tem evoludo da mera reduo de custos para a

    partilha de responsabilidades na melhoria das tecnologias, flexibilidade e eficincia de toda a

    cadeia operacional de uma organizao (Freire, 1997).

    Freire (1997) afirma que este tipo de estratgia permite a cada empresa especializar-se

    num nmero restrito de competncias centrais e produtos crticos, na certeza que os seus

    parceiros desenvolvem competncias e produtos complementares. Desta forma possvel

    conjugar os fatores crticos de sucesso, sem diluir recursos ou efetuar investimentos redundantes,

    com as sinergias de caracter estratgico obtidas entre as diferentes organizaes que compem a

    rede de outsourcing estratgico. Os produtos ou servios no relevantes podem ser contractados

    livremente no mercado sem a preocupao no estabelecimento de relaes longas e estveis.

    Se considerarmos o Outsourcing Estratgico como opo que minimiza os riscos

    identificados na anlise da integrao vertical, os construtores automveis devem assumir e

    organizar estruturas de superviso que lhes permitam vantagens do ponto de vista da

    coordenao e organizao interna sobre os seus prprios fornecedores. Este objetivo pode ser

    atingindo implementando normas e estabelecendo procedimentos obrigatrios por parte do

    fornecedor, diminuindo assim o risco de oportunismo (Monteverde & Teece, 1982).

    Monteverde e Teece (1982) identificaram que os riscos foram minimizados pelos

    construtores Japoneses, como por exemplo a Toyota, na sua relao construtor - fornecedor de

    componentes, adotando uma estratgia em formato de cooperao, considerando os seus

    fornecedores parceiros de negcio, reduzindo assim a vulnerabilidade estratgica associada a

    opo de outsourcing.

    2.3.1 Riscos adjacentes ao Outsourcing Estratgico

    De acordo com Freire (1997) existem aspetos a considerar como possveis riscos ou

    precaues a ter, quando se adotam estratgias de integrao parcial3:

    Potencial inferior de qualidade de uma atividade ou componente mesmo que

    apresente um preo inferior (aspetos financeiros vs. qualidade);

    3 Integrao Vertical Parcial verifica-se quando uma empresa apenas realiza internamente uma parte da atividade ou produto e contrata no exterior o resto da mesma atividade ou produto (Freire, 1997).

  • 12

    Implicaes tecnolgicas e garantia de fornecimento atempado podem causar danos

    na imagem junto do cliente final (comerciais);

    Uma ligao estratgica a um determinado fornecedor no poder ser terminada

    abruptamente e poder implicar custos de formao e/ou deslocao de recursos da

    empresa adquirente;

    Escassez de recursos humanos qualificados poder afetar a capacidade tecnolgica e

    evoluo por parte do fornecedor e consequentemente o parceiro no acompanhar a

    evoluo e inovao pretendida pelo mercado;

    Complexidade em monitorizar o momento em que a flexibilidade produtiva e o seu

    contributo para a eficincia organizacional podero comear a ser questionadas;

    Risco de que em determinados perodos no tempo ocorram sacrifcios de rentabilidade

    no curto e mdio prazo, tendo em vista relaes de cooperao duradouras.

    2.3.2 Evoluo do Outsourcing Estratgico para Cadeia de Abastecimento

    Freire (1997) considera que ao mesmo tempo que a importncia de um nmero reduzido

    de fornecedores estratgicos aumenta, o papel das empresas subcontratadas incapazes de fazer

    face a novas realidades competitivas dos seus setores tende a diminuir. Existe uma evoluo

    tecnolgica prpria e de gestores qualificados nos parceiros de negcio (fornecedores) e estes

    tm tendncia a evoluir dentro de determinado setor de atividade.

    Assim sendo a evoluo competitiva dos mercados originou que as grandes organizaes

    evolussem para um grau intermdio de externalizao, quando se verifique potencial de gerao

    de vantagens competitivas e a vulnerabilidade estratgica da empresa externalizao so

    intermdias. Esta uma soluo de interdependncia onde a especializao em reas especficas

    balanceada pela cooperao (Freire, 1997).

    A Universidade de Leuven na Blgica (Biesebroeck e Schmitt, 2013) analisou o papel da

    proximidade geogrfica, cultural e relacional na seleo de fornecedores estratgicos por parte

    dos construtores automveis no Continente Europeu e concluiu que, apesar das sedes das

    grandes construtoras na Europa se localizarem no centro do continente, os fornecedores de

    componentes (em regime de outsourcing estratgico) acompanharam a deslocalizao,

    principalmente para o Leste Europeu, a exemplo do que efetuaram no estabelecimento de

    unidades fabris no Continente Asitico (ex. China e ndia). O mesmo fenmeno se observou na

    Amrica do Norte (EUA) onde previamente o cluster automvel se centrava essencialmente em

    Detroit, mas posteriormente surgiram clusters em regies geograficamente distintas em que os

    fornecedores acompanharam a deslocalizao das unidades produtivas.

    Estudos complementares (Lorentzen et al, 2003) revelam que os fornecedores localizados

    na Europa do Leste, especializados no fabrico de componentes automveis, absorveram parte da

  • 13

    tecnologia via recursos humanos locais. Este fator um benefcio para o pas onde se localizam

    as unidades produtivas, na medida em que surgem recursos humanos locais com conhecimento

    especfico em determinado cluster, neste caso automvel. O conhecimento com origem nas

    multinacionais indiretamente introduzido no pas recetor. Os fornecedores integrados nas redes

    de abastecimento logsticas dos construtores automveis, apesar de no abrirem mo das suas

    patentes, formam os seus quadros em termos tecnolgicos, prticas e processos.

    Kauder e Meyer (2009) mencionam que a indstria automvel tem vindo a reduzir

    progressivamente o ciclo de vida dos produtos e aumentado as variantes disponveis de cada

    plataforma. No sentido de responderem s necessidades de cada mercado localizam a produo

    em diferentes zonas geogrficas do globo por regio de vendas (o mesmo modelo base

    adaptado a cada continente de acordo com as tendncias de mercado). Estas variveis

    condicionam uma estratgia transversal a toda a cadeia de abastecimento onde se engobam

    principalmente todos os seus fornecedores e a sua proximidade s unidades fabris.

    A natureza do negcio impulsionado pelos construtores automveis requere uma

    proximidade geogrfica por parte dos seus fornecedores s localizaes industriais de montagem

    (Kotabe et al 2007, citado por Biesebroeck & Schmitt, 2013). Esta preferncia notoriamente

    identificada em empresas asiticas onde a perceo cultural em termos de confiana

    sobejamente diferente (Sako & Helper, 1998, citado por Biesebroeck & Schmitt, 2013).

    2.4 Gesto da Cadeia de Abastecimento

    O termo gesto da cadeia de abastecimento foi segundo Oliver e Webber (1992, citado

    por Chiu, 2010) originalmente utilizado a partir dos anos 80. A introduo do termo rede de

    abastecimento foi recentemente introduzido por Harland (1996, citado por Chiu, 2010) de forma a

    refletir as estratgias cooperativas entretanto adotadas por um conjunto de empresas,

    especialmente na indstria automvel. O Supply Chain Management (SCM) associado ao mtodo

    de gesto, foi adotado pelas empresas de forma significativa no sentido de aumentar a sua

    competitividade. Este pode ser visto como uma filosofia em que se acredita que cada membro da

    cadeia de abastecimento pode, indireta ou diretamente, afetar o desempenho dos outros membros

    e consequentemente da prpria rede logstica (Lockamy, 2008).

    O objetivo de uma empresa na SCM, o de estrategicamente e operacionalmente

    controlar e planear o fluxo de matrias e/ou servio, incluindo a informao a este associada bem

    como os fluxos financeiros da resultantes (Winker, 2008).

    2.4.1 Evoluo para Rede de Abastecimento Interligada

    As redes de colaborao logstica tm sido implementadas, expandidas e em grande parte

    impulsionadas pelas grandes empresas. Estas esto melhor preparadas para desenvolver

  • 14

    relaes com a escala e intensidade transacional que resultem em ganhos de valor acrescentado

    de uma estratgia cooperativa porque esto melhor dotadas de facilitadores tecnolgicos, culturais

    e outros, conseguindo arrastar as PMEs envolventes (Carvalho 2010).

    Em termos genricos encontramos 4 nveis de evoluo da cadeia de abastecimento

    identificados: (1) cadeia interna de abastecimento (empresa nica), (2) parceria com outro parceiro

    de negcio, (3) parcerias interligadas entre empresas de forma horizontal que atuam no mesmo

    mercado (4) e por ltimo o estado de rede de abastecimento interligada em diferentes sentidos

    (Chiu, 2010).

    Segundo Drucker (1997, citado por Chiu, 2010) a competio entre empresas est a

    alterar o seu paradigma de uma concorrncia ao nvel da empresa (como organizao

    independente) para uma competio ao nvel das diferentes redes de cadeias de abastecimento.

    Hewitt (2000, citado por Chiu, 2010) refere que estas cadeias de abastecimento podem ser

    mutveis ao longo do ciclo de vida do produto adaptando-se s necessidades do mercado.

    A Investigao & Desenvolvimento (I&D) uma das questes pertinentes na interligao

    de uma rede de abastecimento pois as empresas que constituem a rede dependem muitas vezes

    da capacidade de investimento dos seus parceiros de negcio para o desenvolvimento ou

    inovao de um produto. Aqui se pode questionar se na rede estamos perante um simples

    parceiro de negcio ou de um real parceiro estratgico da empresa (Chiu, 2010).

    2.4.2 Cadeias de Abastecimento Globais

    No caso da indstria automvel e com o passar dos anos, as cadeias logsticas (redes de

    fornecedores) dos principais construtores mundiais tm vindo a sofrer alteraes organizacionais e

    tecnolgicas (Chiu, 2010).

    No planeamento estratgico de uma rede de abastecimento internacional necessrio

    considerar fatores como taxas alfandegrias, despesas cambiais, preos de transferncia, tarifas e

    requisitos locais (Kauder & Meyer, 2009). Para alm dos aspetos financeiros necessrio criar

    uma rede robusta e flexvel capaz de se adaptar a circunstncias de difcil previso segundo

    Goetschalckx e Fleischmann (2007, citado por Kauder & Meyer, 2009).

    2.4.3 Interligao de Processos Modularidade

    Segundo Chiu (2010), o tipo de desenvolvimento de componentes automveis baseados

    em sistemas modulares em que os prprios parceiros da rede de abastecimento participam desde

    o design e conceo do produto ao seu fornecimento, aumenta a responsabilidade de todos os

    membros da rede logstica, obrigando os construtores a arrastar para a sua proximidade os

    fornecedores que originalmente desenvolveram os seus prprios componentes. Esta alterao tem

  • 15

    implicaes ao nvel do aumento da interdependncia entre todos os membros da cadeia. A

    abordagem interdependncia efetuada na seguinte forma: (1) racionalizao da rede de

    abastecimento do ponto de vista dos recursos, (2) interligao entre o conhecimento especializado

    de cada membro da cadeia na inovao dos produtos e por ltimo (3) uma rede estratgica

    cooperativa que no procura apenas a reduo de custos via outsourcing mas tambm a

    investigao, desenvolvimento e inovao de todos os membros da rede em funo de um

    determinado mdulo ou produto final.

    Na gesto de uma cadeia de abastecimento a literatura existente considera que existem

    dois tipos de modelo:

    gesto estratgica (no sentido de ser lean, gil e hbrida) de acordo com o produto e a

    sua relao com o mercado dentro da variao da procura, nvel de variedade

    disponvel e volumes de produo (Abdelkafi et al, 2010) variedade disponibilizada

    ao consumidor;

    O outro tipo de gesto da cadeia depende da estrutura do produto. Neste caso,

    segundo Salvador et al (2002, citado por Abdelkafi et al, 2010), a modularidade do

    produto final e variedade, influencia o tipo de gesto presente ao longo da cadeia de

    abastecimento customizao do produto por parte do consumidor;

    A modularidade permitiu aos principais construtores automveis (first-tier) mundiais rever o

    seu posicionamento e atuao nas redes logsticas, principalmente as por si coordenadas, em

    relao aos seus fornecedores (second and third-tier). O que significa que a interligao da rede

    logstica no pode ficar apenas pelos fornecedores diretos, mas tambm pelos fornecedores dos

    fornecedores diretos (Wincker, 2008). Esta concluso foi retirada a partir de diferentes autores

    como Doran e Ro (2007, citado por Abdelkafi et al, 2010). Os fornecedores dos prprios

    fornecedores diretos dos construtores automveis, so capazes de desenvolver mdulos e

    sistemas com maior eficincia pois concentram o seu core business em determinado componente

    de um automvel, tal como foi constatado por Gadde e Jellbo (2002, citado por Abdelkafi et al,

    2010).

    2.4.4 Investigao & Desenvolvimento na Cadeia de Abastecimento

    Uma rede logstica alinhada pode potenciar a I&D principalmente quando estamos perante

    a conceo de produtos modulares como acontece na indstria automvel. Um estudo efetuado

    em 2010 (Abdelkafi et al) evidenciou as seguintes relaes entre alinhamento da rede logstica e

    conceo de novos produtos:

    A modularidade aumenta parcialmente o nvel de variedade da oferta ao cliente;

    A modularidade per si no reduz o nvel de complexidade de uma rede logstica;

  • 16

    A modularidade reduz o nvel de complexidade nas relaes entre os membros da

    rede de abastecimento;

    A inovao tem um efeito mais forte na colaborao entre os membros da cadeia de

    abastecimento do que propriamente na variedade disponvel ao cliente;

    A inovao tem um efeito mais forte na configurao e complexidade da cadeia de

    abastecimento;

    A variedade de produtos aumenta parcialmente a configurao, colaborao e

    complexidade de coordenao da cadeia de abastecimento;

    A configurao em cadeia de abastecimento aumenta parcialmente a complexidade da

    coordenao;

    O desempenho da cadeia de abastecimento depende da relao entre o

    desenvolvimento de novos produtos e o design da cadeia de abastecimento;

    O desempenho da cadeia de abastecimento depende da relao entre o

    desenvolvimento de novos produtos e o planeamento e gesto da cadeia de

    abastecimento como um todo.

    Para evitar problemas de interdependncia entre fornecedores e outro tipo de

    constrangimentos, os principais construtores esto a evoluir para uma estratgia de

    desenvolvimento de modelos globais (plataformas e modelos semelhantes) que permitam a

    centralizao da I&D numa determinada regio para evitar o desperdcio, centrando todos os

    recursos. Este fator torna as unidades fabris geograficamente distantes dos centros de I&D,

    apenas direcionadas montagem de componentes modulares na construo de um automvel.

    Como estudado por Liker e Morgan (2011), o exemplo da Ford Motor Company que implementou

    o Global Product Development Strategy, como uma ferramenta de emagrecimento (lean) vem

    realar a capacidade dos fornecedores acompanharem logisticamente os construtores em todo o

    mercado global.

    2.4.5 Organizao Cadeia de Abastecimento

    A orientao de uma rede logstica deve partir do cliente final (construtor automvel) no

    sentido inverso da rede ou seja em sistema pull onde a flexibilidade da cadeia logstica seja um

    objetivo face s incertezas de mercado (Wincker, 2008).

    Um sistema pull um processo reativo na medida em que reage procura dos clientes,

    exigindo, contudo, que a informao seja transmitida com grande agilidade de forma a garantir que

    a produo e distribuio possam refletir com a maior fidelidade possvel a procura real (Moura,

    2006).

    Para uma aplicao efetiva da Gesto de uma Cadeia de Abastecimento necessrio

    incorporar prticas como estratgias alinhadas, harmonizao de estruturas, processos, cultura e

  • 17

    recursos humanos segundo Abell (1999, citado por Lackamy, 2008). Todos estes fatores devem

    ser absorvidos por todos os membros da cadeia de abastecimento, ou seja a rede tem de ser

    construda com caractersticas de integrao cross-enterprise (Lockamy, 2008).

    Concentrando competncias as empresas so capazes de criar uma rede logstica com

    objetivos de reduo de custos, reduo da utilizao de recursos, tempos de ciclo reduzidos (lead

    time) e reduo de inventrios (Winker, 2008).

    Os principais constrangimentos identificados na criao de uma cadeia de abastecimento

    so: (1) falta de comunicao entre os membros, (2) no alinhamento de objetivos comuns entre

    todos os intervenientes (3) e por ltimo a ausncia de indicadores de desempenho funcionais

    comuns (Lockamy, 2008).

    Quando afirmamos que a integrao da Cadeia de Abastecimento em rede passa

    necessariamente pela combinao dos fluxos fsicos, de movimentao de bens ao longo da sua

    cadeia de valor acrescentado (Winker, 2008), com fluxos de informao operacional e financeira a

    estes associados, estamos a confirmar que o aumento da complexidade da rede de abastecimento

    obriga a uma maior sincronia dos sistemas de informao dos seus intervenientes (Carvalho,

    2010).

    A flexibilidade de uma cadeia de abastecimento, segundo um estudo efetuado por Winker

    (2008), hoje, um fator que se torna crtico de sucesso para alm da tradicional reduo de custos

    tendo em vista a otimizao logstica. Estrategicamente necessrio rede de abastecimento

    responder com eficincia, num curto espao de tempo, a alteraes no meio envolvente em que

    opera. Fatores como transparncia, simplicidade, agilidade, resposta e fiabilidade so crticos para

    o sucesso de uma rede de empresas.

    2.5 Otimizao de Processos e Operaes na Gesto da Cadeia de Abastecimento

    Ribeiro (2003, citado por Moura, 2006) considera que o objetivo fundamental das

    Operaes otimizar o mximo possvel a utilizao dos meios ao dispor para produo (),

    tendo em vista a obteno do mnimo custo, dentro do prazo () e em conformidade com a

    qualidade especificada.

    Independentemente de uma Cadeia de Abastecimento funcionar em regime push

    (antecedncia das necessidades de mercado) ou pull (de acordo com as necessidades de

    mercado procura/cliente), a procura de mercado fator fundamental na constituio e

    localizao de stocks at ao ponto de desacoplagem para o cliente final. Assim sendo torna-se

    pertinente a visibilidade ao longo da Cadeia de Abastecimento para todos os intervenientes, da a

    importncia da informao rpida e extensvel a todas as entidades (Carvalho, 2010).

  • 18

    Moura (2006) menciona a tendncia para a mudana do processo push para pull onde

    ser apropriado mencionar que a Cadeia de Abastecimento comea no momento em que o cliente

    final decide o que vai comprar (processo reativo). Este processo facilitado pela agilizao da

    cadeia de abastecimento mais uma vez facilitada pelos meios tecnolgicos, evitando inventrios

    excessivos e outros riscos operacionais como por exemplo sua obsolescncia ou deteriorao.

    Converter a supply-chain em demand-chain ser o modelo a seguir para tornar uma

    cadeia de abastecimento gil. gil significa capacidade de mutao face ao mercado e suas

    exigncias (otimizao binmio tempo custo) do ponto de vista da rpida reconfigurao de toda

    a organizao logstica no menor tempo possvel (Carvalho e Carvalho, 2001).

    Carvalho (2010) considerou dois objetivos fundamentais na constituio de stocks: (1)

    evitar interrupes na Cadeia de Abastecimento mantendo o nvel de servio evitando os

    denominados custos de rutura (stock de segurana) e (2) otimizar os meios de produo e/ou

    transporte (stock cclico) via economias de escala (produo, montagem, fretes) ou otimizao

    de custos de aquisio (preo de aquisio).

    Enquadrado numa lgica de Cadeia de Abastecimento no sentido pull, uma correta e

    atempada informao da procura fundamental estar disponvel a todos os membros, com o

    objetivo de evitar distores provocadas pelo efeito bullwhip4. Este efeito pode ser observado

    quando um dos membros da cadeia, por motivos operacionais ou escala, aumenta os seus

    pedidos levando atrs de si todos os participantes da cadeia (efeito superiormente observvel a

    montante). A falta de informao pode originar a criao de stocks excessivos por expectativas de

    fornecimento incorretas, com todos os riscos (obsolescncia) e custos de posse adjacentes

    (Moura, 2006).

    Segundo Christopher (1998, citado por Carvalho e Carvalho, 2001) existem trs reas

    potenciais para reduo do lead time:

    Fornecedores utilizando parcerias e abastecimentos sincronizados;

    Processos Internos Reduo de tarefas sem valor acrescentado e/ou elevado grau

    de complexidade;

    Clientes Gesto e reposio contnua de stocks (pull chain).

    Os mesmos autores sugerem uma metodologia de cinco fases para auditar e controlar o

    desempenho de um sistema logstico:

    1 Fase Anlise da conscincia dos objetivos estratgicos logsticos;

    4 Bullwhip Efeito chicote designado quando se observa a amplificao de uma variao da procura ao longo da cadeia (Moura, 2006)

  • 19

    2 Fase Determinao das necessidades/expectativas dos clientes e fixao dos

    objetivos de desempenho;

    3 Fase Anlise e desempenho do sistema logstico;

    4 Fase Identificao e anlise dos problemas e suas causas;

    5 Fase Desenvolvimento de aes de melhoria e estabelecimento de um plano de

    reengenharia;

    No final do ciclo reavaliar a 3 Fase - Desenvolvimento de metodologias e ferramentas

    internas para melhoria do controlo e monitorizao do desempenho logstico;

    Se necessrio iterar novamente a partir da 1 Fase do processo.

    2.5.1 Tipologia de Armazenagem

    De acordo com Carvalho (2010) na otimizao de um local de armazenagem o layout

    assume especial relevncia no fluxo fsico de material. Dois tipos so habitualmente utilizados: (1)

    o de fluxo direcionado (Quatro reas distintas: zona de receo & conferncia, zona de

    armazenagem, preparao e expedio) com a principal vantagem de descongestionar a rea de

    operaes, (2) e o de fluxo quebrado (em U) com vantagens ao nvel da inferior movimentao de

    material (Trs zonas distintas: zona de receo, conferencia e expedio em conjunto, zona de

    armazenagem em paralelo com a preparao).

    O mesmo autor em termos de dimensionamento (definio do espao necessrio)

    considera as variveis: previso de vendas, poltica de gesto de stocks, caractersticas da

    unidade Logstica de movimentao e altura disponvel. Em termos lgicos, espao no

    necessrio significa um aumento desnecessrio do custo de posse de inventrios.

    2.5.2 Lean Management na Gesto Logistica

    O termo lean foi introduzido pela primeira vez por James Womack, Daniel Jones e Daniel

    Roos (1990). O denominado lean manufacturing assenta as suas razes no TPS (Toyota

    Production System), na eliminao de desperdcios que no acrescentam valor mas que por sua

    vez consomem recursos da empresa (Ohno, 1988).

    Segundo Moura (2006), o conceito de lean production assenta nos princpios de trabalho

    em equipa, comunicao, melhoria contnua, uso eficiente de recursos e eliminao de

    desperdcios. Este conceito de eliminao de desperdcios pode ser alargado Gesto Logstica,

    eliminando o que no acrescenta valor na Cadeia de Abastecimento.

    O autor Porter (1985) define os sete princpios (atividades) que no acrescentam valor:

    Excesso de produo No sentido de otimizar a utilizao de equipamentos evitando

    tempos de paragem para set-up de outras referncias (produo em lotes) so

  • 20

    ignorados os custos e fundo de maneio necessrio para manuteno deste tipo de

    stocks originados;

    Tempo de espera representa normalmente ineficincia na utilizao de recursos e

    tm como consequncia lead times elevados e fluxos irregulares;

    Transporte desnecessrio Deslocao de equipamentos, materiais, pessoas e

    informao originando custos sem valor acrescentado;

    Processos Inadequados Processos redundantes, utilizao incorreta de

    equipamentos e procedimentos normalmente originados por complexidade ou

    informaes incorretas;

    Excesso de Inventrio Normalmente as organizaes utilizam stocks para cobrir e

    ultrapassar ineficincias nos seus processos produtivos. Excesso de matrias-primas,

    produtos em vias de fabrico e produto final so a resposta encontrada para combater

    atraso nas entregas aos clientes, produo com defeitos, lead time elevado e

    fiabilidade dos equipamentos. Assim ignorado o custo de posse em termos de

    capital e estruturas necessrias alem dos riscos de deteriorao e obsolescncia;

    Movimentao desnecessria Normalmente associada organizao dos locais de

    trabalho originando baixo desempenho por parte dos recursos associados;

    Defeitos Problemas de qualidade nas operaes de produo originam produtos

    fabricados (ou em vias de fabrico) rejeitados, repetio de processos e problemas de

    qualidade no produto final o que origina baixos ndices de desempenho na entrega.

    Os produtores mundiais esto a implementar tcnicas/ferramentas que ajudam na

    aplicao do conceito lean e identificao de desperdcios. Anand e Kodali em 2008, Mat em 2008

    e Che et al em 2010 citados por Chowdary e George (2011) descrevem algumas destas

    ferramentas como: VSM (Value Stream Mapping), 5Ss (controlo visual), one-piece flow (fluxo

    individual por pea), Kanban, TPM (Total Productive Maintenance), TQM (Total Quality

    Management), QFD (Quality Function Development), produo por clula, SMED (Sharma, 2001)

    entre outros.

    A tcnica de Value Stream Mapping, sendo das mais utilizadas nos departamentos

    logsticos, consiste em identificar e separar os processos que no acrescentam valor ao produto

    final na Cadeia de Abastecimento, colocando o seu nfase na simplificao de processos,

    identificao de redundncias e eliminao do desperdcio (Carvalho, 2010).

    2.6 As Tecnologias de Informao na Gesto da Cadeia de Abastecimento

    A ideia de que eu compro uma tecnologia e tenho uma Cadeia de Abastecimento

    fantstica () no faz sentido (Beth et al, 2006, citado por Carvalho, 2010).

  • 21

    Stadtler e Kilger (2008, citado por Carvalho, 2010) afirmam que uma Cadeia de

    Abastecimento, sendo um conjunto de organizaes em rede, tendo como objetivo o cliente final,

    aumenta a competitividade implcita s sinergias alcanadas com uma maior integrao,

    cooperao e coordenao.

    Lucas (1987, citado por Rasco, 2001) afirma que sistema de informao um conjunto

    organizado de procedimentos, que, quando executados, produzem informao para apoio

    tomada de deciso e ao controlo das organizaes.

    Analisando a Cadeia Externa de Valor (Ward, 1995) Rasco (2001) relaciona o

    desempenho total de uma indstria em termos de capacidade para maximizar o valor

    acrescentado e diminuir custos com o pedido, fornecimento e partilha de informao entre todos

    os membros.

    Rasco (2001) descreve como principais benefcios dos sistemas de informao: reduo

    de custos, aumento de produtividade, reduo do risco na tomada de deciso, melhoria da

    qualidade dos produtos e/ou servios, aumento da eficincia e da eficcia e por ltimo a motivao

    dos Recursos Humanos da organizao.

    Moura (2006) identifica dois grupos de fluxos de informao do ponto de vista logstico:

    interno ou intraorganizacional (horizontal e vertical) e externa (organizaes relacionadas). Rasco

    (2001) direciona as vantagens da informao para a programao da produo permitindo:

    aumentar a segurana perante eventuais ruturas de stock, manter interdependncia entre

    operaes gerando maior flexibilidade, criar segurana contra atrasos nas entregas por parte de

    fornecedores, retirar vantagens da quantidade econmica a comprar beneficiando de preos e

    descontos e por ltimo minimizar stocks.

    Bowerson e Closs (1996, citado por Carvalho, 2010) sistematizaram seis princpios que a

    informao logstica dever incorporar: disponibilidade, exatido, oportunidade, gesto por

    exceo, flexibilidade e formato adequado.

    De acordo com Moura (2006) e Carvalho (2010) o sistema ERP (Enterprise Resource

    Planning), tem a sua origem no MRP (Materials Requirements Planning) vocacionado para o

    clculo exato do material (listagem de componentes) necessrio para determinada produo,

    seguido do MRP II (Manufacturing Resource Planning) que adiciona uma melhor gesto de

    recursos nas reas operacionais com base em planos de produo. O ERP integra todos os

    processos de informao relacionados com reas funcionais de uma organizao abrangendo o

    MRP, MRPII, DRP (Distribution Resource Planning) e CRM (Customer Relationship Management).

    Moura (2006) e Carvalho (2010) referem que a existncia de uma base de dados comum

    um dos aspetos mais importantes dos sistemas ERP, disponibilizando assim informao sobre a

  • 22

    globalidade das atividades (faturao, contabilidade, recursos humanos, produo, distribuio,

    entre outros) o que permite tomadas de deciso adequadas e atempadas, aos diversos nveis de

    gesto, superando assim limitaes identificadas em aplicaes tradicionalmente utilizadas.

    Os mesmos autores mencionam como benefcios / virtudes da implementao de um

    sistema ERP: realizar atividades em simultneo, facilitar economias de escala, eliminar tarefas

    redundantes, diminuir a frequncia de erros, contribuir para a reduo de lead time e partilhar

    informao comum e consistente com maior velocidade de processamento. No geral contribui para

    o aumento da competitividade da organizao.

    Em termos de desvantagens, Moura (2006) e Silva (2003) citado por Carvalho (2010)

    mencionam os elevados custos de implementao (normalmente associados parametrizao de

    especificidades dos negcios em questo) e formao dos utilizadores devido ao grau de

    complexidade.

    Hoje podemos falar em CPFR (Collaborative, Planning, Forecasting and Replenishment)

    com uma abordagem integrada na Gesto da Cadeia de Abastecimento (Supply Chain

    Management) entre uma rede de parceiros partilhando previses e resultados. A sua

    implementao com sucesso depende da compatibilidade de comunicao entre os diferentes

    sistemas de informao dos vrios intervenientes ao longo da cadeia de abastecimento (Jain,

    Wadhwa e Deshmukh, 2009 citado por Carvalho 2010).

  • 23

    3. Caracterizao da Continental Teves Portugal

    3.1 Identificao

    A Continental Teves Portugal Sistemas de Travagem, Lda. uma empresa sediada em

    Palmela, no Parque Industrial das Carrascas, EN 252 Km11, cuja atividade a produo de

    traves de disco, classificada em termos de CAE Rev.3 com o nmero 29330 por Fabricao de

    Outros Componentes e Acessrios para Veculos Automveis.

    3.1.1 Enquadramento na multinacional Continental AG

    O Grupo Continental AG divide-se em duas grandes divises de negcio o Automotive

    Group e o Rubber Group. O Automotive Group por sua vez constitudo por trs reas de

    negcio: Chassis & Safety, Powertrain e Interior.

    Figura 1 Estrutura Continental Corporation Fonte: Continental Teves AG & Co. oHG. (2012)

    Chassis & Safety tem o seu foco no desenvolvimento de sistemas inteligentes e integrados

    para uma conduo automvel segura. Integra no seu portflio de produtos uma vasta gama de

    sistemas de segurana ativa e passiva. No sentido de abranger todo o tipo de produtos

    identificados como necessidades de mercado subdivide em cinco unidades de negcio as suas

    operaes: Electronic Brake Systems, Hydraulic Brake Systems, Passive Safety & Sensorics,

    Advanced Driver Assistance Systems e Chassis Components.

    A Continental Teves Portugal insere-se na rea de negcio Chassis & Safety, na unidade

    Hydraulic Brake Systems. Em 2011 a rea de negcio Chassis & Safety representou 21% (6,5

    bilies de Euros) das vendas globais da Continental (30,5 Bilies de Euros) em todo o mercado

    global.

  • 24

    Figura 2 Vendas 2011 Continental AG & Diviso Chassis & Safety Fonte: Continental Teves AG & Co. oHG. (2012)

    A Continental Teves Portugal, segundo Relatrio e Contas 2011, registou em 2011 o valor

    de vendas de 114 milhes de Euros (2% do volume de negcios da rea de negcio Chassis &

    Safety).

    3.1.2 Localizao

    O Relatrio e Contas 2011 refere que em termos logsticos, a localizao geogrfica da

    Continental Teves, em Palmela Portugal, um fator crtico de sucesso, no mbito da estratgia

    de proximidade dos seus principais clientes e fornecedores de matrias-primas necessrias a

    produo e montagem do seu produto final. A proximidade continua a ser fator determinante

    principalmente se tivermos em conta custos logsticos e qualidade de servio na entrega (por parte

    dos fornecedores de componentes) ao cliente final (construtores automveis).

    As suas instalaes fabris e administrativas, localizadas no Parque Industrial das

    Carrascas em Palmela, apresentam excelentes acessos em termos logsticos e operacionais:

    rodovias (autoestradas designadas por A2 e A12), zonas porturias de Lisboa e Setbal e

    facilidade de acesso a ferrovia. Projetos futuros de ligao ferroviria facilitada em termos Ibricos

    e acesso ao porto de Sines so outras vantagens a considerar.

    A diviso Chassis & Safety est presente em todo o mercado global como apresentado na

    figura seguinte:

  • 25

    Figura 3 Localizaes a nvel mundial da unidade de negcios Chassis & Safety Fonte: Continental Teves AG & Co. oHG. (2012)

    3.2 Organizao

    A Continental AG (sede principal localizada em Hannover - Alemanha) apresenta uma

    estrutura divisionalizada tpica de uma empresa industrial, em que a sede concede s divises

    autonomia relativa para tomarem as suas prprias decises, mas depois controla o resultado das

    mesmas (a sede da diviso Chassis & Safety est localizada em Frankfurt - Alemanha).

    Assim sendo a unidade localizada em Portugal no tem poderes de deciso acerca de

    produtos e mercados destinatrios dos mesmos, pois este tipo de deciso est centrado na sua

    sede em Frankfurt. As linhas estratgicas orientadoras neste caso so definidas na sua casa me

    localizada na Alemanha.

    Em termos organizacionais, a Continental Teves Portugal apresenta uma estrutura que

    configura uma burocracia mecanicista, segundo Mintzberg (1999). Esta conceo emerge de

    tarefas operacionais rotineiras e muito especializadas, onde encontramos procedimentos

    formalizados no centro operacional. Existe um agrupamento de tarefas baseado em funes,

    centralizao do poder de deciso e uma estrutura nitidamente distinta em termos administrativos,

  • 26

    operacionais e funcionais. Em resumo, estamos perante uma estrutura tpica de uma unidade

    fabril multinacional, que opera escala mundial.

    Figura 4 Organograma Continental Teves Portugal (2013) Fonte: Elaborao prpria

    3.2.1 Direo de Logstica

    O departamento de Logstica na Continental Teves Portugal est subdividido em quatro

    reas, numa lgica de abrangncia de atividades, respondendo diretamente ao Diretor de

    Logstica designadamente Vendas, Planeamento de Produo, Procurement e Gesto de

    Transportes e Gesto de Armazns e Movimentao Interna de Material.

    3.2.1.1 Vendas

    O departamento Vendas local responsvel pelo servio ao cliente. A este departamento

    chegam os pedidos dos clientes (na sua maioria por EDI5) sendo este o responsvel pela anlise

    e construo de uma previso de vendas consistente.

    3.2.1.2 Planeamento de Produo

    O Planeamento de Produo responsvel pelo sequenciamento da produo em ambos

    os processos produtivos, quer na maquinao ou na montagem. Tem a seu cargo o controlo do

    nvel de inventrio de matrias-primas, em vias de fabrico e produto final.

    3.2.1.3 Procurement e Gesto de Transportes

    O Procurement recebe a informao das quantidades a produzir proveniente do

    planeamento. da sua responsabilidade a gesto do ciclo de encomenda junto dos fornecedores

    5 EDI: Electronic Data Interchange Troca de dados electrnicos entre parceiros de negcio (Fonte: Carvalho, 2010)

    Diretor Geral

    Direo Financeira

    Direo de Qualidade

    Direo de Recursos

    Humanos & HST

    Direo de Logstica

    Direo de Maquinao (Produo)

    Direo de Montagem (Produo)

    Coordenao de CBS Compras

    Assistente Direo

  • 27

    de material e comunicao da necessidade de transporte empresa contractada em regime de

    outsourcing para o efeito.

    Este departamento alm do controlo de custos de transporte tem como objetivo obter um

    bom trade-off entre otimizao da capacidade de carga dos transportadores e consequncias no

    respetivo inventrio.

    3.2.1.4 Gesto de Armazns e Movimentao Interna de Material

    A armazenagem, gesto da armazenagem, controlo das condies do material,

    embalagem (retornvel) e carto, manuseamento das matrias-primas, produtos em vias de

    fabrico e finais so da responsabilidade do departamento de Gesto de Armazns.

    Este o departamento que em termos operacionais mais se relaciona com a produo.

    A logstica inversa praticamente coordenada por este departamento em conjunto com as

    outras reas da empresa.

    3.2.2 Campos de atividade estratgicos

    A estratgia, a mdio e longo prazo da empresa assenta em sete premissas definidas e

    divulgadas pelo seu CEO Dr. Elmer Degenhart:

    Aumento do valor aumentar o valor da empresa de uma forma sustentvel, em

    termos de capital investido em ativos operacionais, retirando valor superior ao custo

    de financiamento em capital prprio e alheio;

    Equilbrio das vendas regional equilibrar o volume de vendas em termos globais e

    em cada continente evitando assim o risco da no presena em determinados

    mercados (redu