Otite Externa Maligna

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Caso Clínico Cintilografia Óssea com 99m Tc-MDP em Paciente com Suspeita de Otite Externa Maligna Serviço de Medicina Nuclear e Imagem Molecular Hospital Universitário Antônio Pedro Universidade Federal Fluminense

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Caso Clínico

Cintilografia Óssea com 99mTc-MDP em Paciente com Suspeita de Otite Externa Maligna

Serviço de Medicina Nuclear e Imagem Molecular

Hospital Universitário Antônio Pedro

Universidade Federal Fluminense

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Autor

• Rodrigo Pina CiuffoMonitor da disciplina de Medicina Nuclear e Imagem Molecular

Colaboradores

• Dra Jenne SerrãoMédica Staff do Setor de Medicina Nuclear do HUAP

• Dra Larissa MachadoMédica Residente em Medicina Nuclear do HUAP

• Dr Cláudio Tinoco MesquitaProf do Departamento de Medicina ClínicaResponsável pelo Setor de Medicina Nuclear

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História Clínica

• ID:FRRS, sexo feminino, 58 anos, parda, casada, aposentada, natural e residente de São Gonçalo - RJ

• QP: Dor e sangramento no ouvido

• HDA: Paciente internada há 40 dias na enfermaria da hematologia do Hospital Universitário Antônio Pedro com diagnóstico de Síndrome Mielodisplásica do tipo AREB (Anemia Refratária com Excesso de Blastos)

• Comorbidades: Hipertensão arterial sistêmica

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História Clínica

• A paciente mantém um quadro de pancitopenia, tendo recebido diversas transfusões de concentrados de hemácias e de plaquetas durante a internação

• Em 02/03/16 notou otorragia à direita associada a otalgia latejante e hipoacusia no mesmo lado

• Avaliação da otorrinolaringologia em 03/03/16: provável otite bacteriana aguda estenosante. Tratamento proposto: dexametasona + clavulin

• Quadro otológico da paciente evoluiu com piora – aumento da secreção e da dor

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História Clínica

• Novo parecer da otorrino (10/03): piora do quadro + imunossupressãoOtite Externa Maligna?Sugerida a troca do clavulin por ciprofloxacino 400mg IV 8/8 horas

Exames laboratoriais (04/04/16):

Hematimetria: 2,73 . 106 /mm3 Glicose: 80 mg/dL

Hemoglobina: 7,2 g/dL Uréia: 14 mg/dL

Hematócrito: 24,3 % Creatinina: 0,69 mg/dL

Plaquetas: 33 . 103 /mm3 Proteínas totais: 5,3 g/dL

Leucometria: 1.800 céls/mm3 Albumina: 2,5 g/dL

Segmentados: 18% Sódio: 145 mEq/L

Bastões: 5% Potássio: 3,5 mEq/L

• Hematoscopia: Numerosos eritroblastos

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Exame Físico

• Paciente lúcida, orientada, hipocorada (++/4+), hidratada, anictérica, acianótica, eupneica, com hipoacusia

• Pavilhão auditivo direito com discreta hiperemia e dor à palpação

• Sinais Vitais: FC: 90 bpm, FR: 18 irpm, PA:130/80mmHg, Tax: 36,4 C

• ACV: RCR, em 2T, BNF, sem sopros• AR: MVUA sem RA• Abdome: Flácido,peristáltico,timpânico e indolor• MMII: Simétricos, sem edema, panturrilhas livres, pulsos

palpáveis

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Cintilografia Óssea Trifásica

• Data: 29/03/16

• Atividade: 25 mCi 99mTc – MDP via IV

• Primeira fase ( Fase de Fluxo – Imagem posterior)

• As imagens são adquiridas logo após a administração do radiotraçador

Figura 1: As imagens de fluxo apresentam discreto aumento da perfusão do radiotraçador na projeção temporal e/ou mastóide direitas

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Cintilografia Óssea Trifásica

• Fase Imediata (ou de Equilíbrio) - Imagens tomográficas - corte axial

• As imagens da fase imediata são adquiridas de 3 a 5 minutos após a administração do radiotraçador

Figura 2: No corte axial da fase imediata pode-se observar aumento dacaptação do radiotraçador na projeção mastóide direita

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Cintilografia Óssea Trifásica

• Fase Imediata (ou de Equilíbrio) - Imagens tomográficas

• Corte sagital

Figura 3: Aumento da captação do radiotraçador nas projeções temporal e mastóide direitas

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Cintilografia Óssea Trifásica

• Fase Imediata (ou de Equilíbrio) - Imagens tomográficas

• Corte coronal

Figura 4: Aumento da captação do traçador na projeção temporal direita

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Cintilografia Óssea Trifásica

• Fase Tardia – Imagens tomográficas

• Imagens adquiridas de 2 a 4 horas após a administração do traçador

• Corte axial

- Imagens tomográficas - corte axial

Figura 5: As imagens tomográficas da fase tardia evidenciam aumento dafixação do traçador na projeção dos ossos temporal e/ou mastóide à direita

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Cintilografia Óssea Trifásica

• Fase Tardia - Imagens tomográficas

• Corte Sagital

Figura 6: Aumento da fixação do radiotraçador na projeção mastóide à direita

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Cintilografia Óssea Trifásica

• Fase Tardia - Imagens tomográficas

• Corte coronal

Figura 7: Aumento da fixação do radiotraçador na projeção dos ossos temporal e/ou mastóide à direita

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• Fase Tardia

• Imagem de varredura de corpo inteiro

• Imagem estática posterior

Cintilografia Óssea Trifásica

Figuras 8 e 9: Nas imagens de varredura de corpo inteiro (à esquerda) e na imagem estática posterior do crânio (acima) observa-se aumento da concentração do radiotraçador na projeção mastóide

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Discussão

• Estudo cintilográfico trifásico positivo

• A análise cintilográfica sugere processo osteoblástico nas regiões temporal e/ou mastóide direitas, corroborando o diagnóstico de Otite Externa Maligna

• Observação: O estudo cintilográfico tem baixa resolução espacial para diferenciar o osso temporal do osso mastóide

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Otite Externa Maligna

• Doença infecciosa grave e invasiva que se inicia no meato acústico externo, podendo progredir para região parotídea, mastóide, orelha média e base do crânio

• Acomete principalmente idosos, diabéticos e imunodeprimidos.

• Principal agente etiológico: Pseudomonas aeruginosa

• Sintomas: otalgia, otorreia fétida e edema local.

• O diagnóstico é feito pela anamnese, exame clínico, isolamento do germe e exames complementares

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Otite Externa Maligna

• A TC de osso temporal permite identificar erosão do meato acústico externo e a RM define a extensão à base do crânio

• Embora inespecífico, a VHS é um parâmetro para evolução da otite externa maligna

• Diagnóstico diferencial: otite externa benigna, neoplasia maligna do meato acústico externo e colesteatoma

• Tratamento: Ciprofloxacina IV e seguir por VO, monitorando a resposta clínica e a VHS

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Otite Externa Maligna

• A cintilografia óssea com 99mTc-MDP é muito útil no diagnóstico precoce da Otite Externa Maligna, apresentando sensibilidade de 100%

• No entanto, apresenta baixa especificidade, permanecendo positiva por anos após a cura

• Dessa forma, não é indicada para o acompanhamento da doença e monitorização da resposta ao tratamento

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Otite Externa Maligna

• A cintilografia com 67Ga apresenta menor resolução espacial

• Porém, apresenta alta especificidade na identificação de processos inflamatórios ativos

• É de grande utilidade no acompanhamento da doença, sendo a normalização do exame um indicador de cura