OTITE MÉDIA EM EQUINO DECORRENTE DE INTOXICAÇÃO POR GRAXA AUTOMOTIVA: RELATO DE CASO

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OTITE MÉDIA EM EQUINO DECORRENTE DE INTOXICAÇÃO POR GRAXA AUTOMOTIVA RELATO DE CASO Introdução Os equinos são comumente acometidos por carrapatos que se instalam na face interna do pavilhão auricular, causando lesões que se contaminam favorecendo a proliferação de larvas de moscas. Estes parasitas aderem ao pavilhão e secretam substâncias irritantes que leva ao prurido intenso e inflamação local, deformando a cartilagem auricular. O agravamento do processo inflamatório, infecções secundárias ou mesmo drogas tóxicas podem levar a otite média ou interna. O quadro clínico varia de desequilíbrios até comprometimento do sistema nervoso central. É comum em otites médias o acometimento do nervo facial, que resulta em ptose, orelha “troncha”, flacidez de lábios e narinas. Relato de Caso Equino, fêmea, sem raça definida, doze anos de idade foi encaminhada ao hospital veterinário da UNIFRAN com acometimento do pavilhão auricular esquerdo por carrapatos e larvas de moscas. O proprietário aplicou uma pasta com carbaril e cipermetrina (Tanicid, INDUBRAS) e graxa automotiva. O animal apresentava deformação do pavilhão auricular, secreção purulenta com larvas, ptose palpebral, relaxamento labial, déficit de apreensão e mastigação de alimento. Não apresentou déficit proprioceptivo, alteração comportamental ou desequilíbrio ao andar no exame físico, apresentando apenas após um mês de tratamento. Foi realizada limpeza do pavilhão com solução fisiológica e aplicação de pasta a base de óleo de rícino com carbaril e cipermetrina. Instituiu-se limpeza diária com solução fisiológica seguida de éter e instilação de pomada anti-mastítica a base de cefoperazone sódico (Masticlin®, J.A.). Sistemicamente foi administrado ceftiofur na dose de 4,4 miligramas por quilo (mg/kg), intramuscular (IM) uma vez ao dia (SID) por cinco dias, flunixin meglumine na dose de 1,1 mg/kg, IM, SID, por três dias e tiamina na dose 1,0 mg/kg, SID, por vinte dias, e 0,5 mg/kg, SID por mais dez dias. Houve recuperação de 80 por cento da função do nervo facial, retomada dos movimentos mastigatórios, ficando pequena ptose palpebral e auricular. Discussão e conclusão O uso de materiais tóxicos como a graxa automotiva pode levar a degeneração grave do conduto auditivo e sistema neurológico, sendo nesse caso reversível uma vez que o processo ainda agudo foi responsivo ao tratamento com antimicrobiano de amplo espectro, antiinflamatório e suplementação com tiamina. 39º CONBRAVET Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária 3 EQUINOS CALCIOLARI, K. ¹*; JUNIOR, J. M.¹; CASAS, V. F.² ¹Residente de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais no Hospital Veterinário da Universidade de Franca UNIFRAN. ²Docente de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais na Universidade de Franca- UNIFRAN. *endereço eletrônico: [email protected] Dia zero: Início do tratamento 15 dias após 45 dias após Referências 1. CORREA, F., Et Al.,Doenças de Ruminantes e Equinos, 2ª ed. São Paulo, Varella, 2001. p 81-84. 2. SMITH, B., Medicina Interna de Grandes Animais, 3ª ed. São Paulo, Manole, 2006. 3. THOMASSIAN, A.,Enfermidade dos Cavalos. 4ªed. Varella, 2005.

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Relato de caso referente a um equino com intoxicação otológica após aplicação de graxa automotiva com cipermetrina no contudo auditivo.

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OTITE MÉDIA EM EQUINO DECORRENTE DE

INTOXICAÇÃO POR GRAXA AUTOMOTIVA

RELATO DE CASO

Introdução

Os equinos são comumente acometidos por carrapatos que se instalam na face interna do pavilhão auricular, causando lesões que se contaminam favorecendo a proliferação de larvas de moscas. Estes parasitas aderem ao pavilhão e secretam substâncias irritantes que leva ao prurido intenso e inflamação local, deformando a cartilagem auricular. O agravamento do processo inflamatório, infecções secundárias ou mesmo drogas tóxicas podem levar a otite média ou interna. O quadro clínico varia de desequilíbrios até comprometimento do sistema nervoso central. É comum em otites médias o acometimento do nervo facial, que resulta em ptose, orelha “troncha”, flacidez de lábios e narinas.

Relato de Caso

Equino, fêmea, sem raça definida, doze anos de idade foi encaminhada ao hospital veterinário da UNIFRAN com acometimento do pavilhão auricular esquerdo por carrapatos e larvas de moscas. O proprietário aplicou uma pasta com carbaril e cipermetrina (Tanicid, INDUBRAS) e graxa automotiva. O animal apresentava deformação do pavilhão auricular, secreção purulenta com larvas, ptose palpebral, relaxamento labial, déficit de apreensão e mastigação de alimento. Não apresentou déficit proprioceptivo, alteração comportamental ou desequilíbrio ao andar no exame físico, apresentando apenas após um mês de tratamento. Foi realizada limpeza do pavilhão com solução fisiológica e aplicação de pasta a base de óleo de rícino com carbaril e cipermetrina. Instituiu-se limpeza diária com solução fisiológica seguida de éter e instilação de pomada anti-mastítica a base de cefoperazone sódico (Masticlin®, J.A.). Sistemicamente foi administrado ceftiofur na dose de 4,4 miligramas por quilo (mg/kg), intramuscular (IM) uma vez ao dia (SID) por cinco dias, flunixin meglumine na dose de 1,1 mg/kg, IM, SID, por três dias e tiamina na dose 1,0 mg/kg, SID, por vinte dias, e 0,5 mg/kg, SID por mais dez dias. Houve recuperação de 80 por cento da função do nervo facial, retomada dos movimentos mastigatórios, ficando pequena ptose palpebral e auricular.

Discussão e conclusão

O uso de materiais tóxicos como a graxa automotiva pode levar a degeneração grave do conduto auditivo e sistema neurológico, sendo nesse caso reversível uma vez que o processo ainda agudo foi responsivo ao tratamento com antimicrobiano de amplo espectro, antiinflamatório e suplementação com tiamina.

39º CONBRAVET – Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária 3 EQUINOS

CALCIOLARI, K.¹*; JUNIOR, J. M.¹; CASAS, V. F.²

¹Residente de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais no Hospital Veterinário da Universidade de Franca – UNIFRAN. ²Docente de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais na Universidade de Franca- UNIFRAN. *endereço eletrônico: [email protected]

Dia zero: Início do tratamento

15 dias após

45 dias após

Referências 1. CORREA, F., Et Al.,Doenças de Ruminantes e Equinos, 2ª ed.

São Paulo, Varella, 2001. p 81-84. 2. SMITH, B., Medicina Interna de Grandes Animais, 3ª ed. São

Paulo, Manole, 2006. 3. THOMASSIAN, A.,Enfermidade dos Cavalos. 4ªed. Varella,

2005.