OUTRO OLHAR É POSSÍVEL? A AVALIAÇÃO DA...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA
PÚBLICA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA – CECOP 3
SILVIA SILVA DOS SANTOS
OUTRO OLHAR É POSSÍVEL? A AVALIAÇÃO DA
APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Salvador
2016
SILVIA SILVA DOS SANTOS
OUTRO OLHAR É POSSÍVEL? A AVALIAÇÃO DA
APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Projeto vivencial apresentado ao programa Nacional Escola de gestores da Educação Básica Pública, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, como requisito para obtenção do grau de especialista em coordenação pedagógica.
Orientadora: Profa. Msc. Ana Altina Cambuí Pereira
Salvador
2016
SILVIA SILVA DOS SANTOS
OUTRO OLHAR É POSSÍVEL? A AVALIAÇÃO DA
APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Projeto Vivencial apresentado como requisito para a obtenção do grau de Especialista em Coordenação Pedagógica pelo Programa Nacional Escola de Gestores, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia.
Banca Examinadora
Primeiro Avaliador.____________________________________________________
Segundo Avaliador. ___________________________________________________
Terceiro Avaliador. ____________________________________________________
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por ter me ajudado a vencer mais esse desafio.
Ao meu esposo Manoel, por ter me incentivado e ajudado pacientemente a continuar
nessa caminhada sempre confiante de que eu chegaria ao final. A você meu amado
companheiro e amigo, o meu mais sincero agradecimento.
Agradeço a minha mãe pelo apoio.
A professora Pesquisadora Orientadora do Projeto Vivencial, Ana Altina Cambuí
Pereira - pela paciência e pelas diretas e sábias orientações.
Agradeço também a Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia e ao
Programa Escola de Gestores, por ter nos proporcionado essa oportunidade de nos
especializar como coordenadores pedagógicos para atuarmos nas escolas,
contribuindo assim com a educação de nossos municípios.
.
[...] Pessoas que aprendem a inventar soluções novas são aquelas que abrem portas até então fechadas e descobrem novas trilhas. A questão não é saber uma solução já dada, mas ser capaz de aprender maneiras novas de sobreviver. Rubem Alves
SANTOS, Silvia Silva dos. Outro olhar é possível? A avaliação da aprendizagem na educação infantil. Projeto Vivencial Especialização em Coordenação Pedagógica – Programa Nacional Escola de Gestores, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2016.
RESUMO A avaliação na Educação Infantil, baseada na observação constante e no registro, contribui para o desenvolvimento da criança e para o replanejamento e aprimoramento da ação pedagógica. O presente trabalho vivencial relata sobre “A avaliação da Aprendizagem na Educação Infantil”, como ela é utilizada, demonstrando sua importância e necessidade em está presente em todo o processo educativo para contribuir com o avanço da criança nessa fase educacional. Esse projeto vivencial trata também sobre as concepções de alguns teóricos sobre o que é como e quando avaliar na Educação Infantil, a fim de fundamentar esse trabalho e compreender melhor como esse processo acontece em favor do desenvolvimento e aprendizagem da criança. É apresentado também o relato dos professores entrevistados, bem como a análise das respostas sobre avaliação na educação infantil. Palavras-chave: Professor; Avaliação da aprendizagem; Educação infantil.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
EA Estudos Adicionais
EJA Educação de Jovens e Adultos
CECOP Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica
CNE/CEB Conselho Nacional de Educação/ Câmara de Educação Básica
FACINTER Faculdade Internacional de Curitiba
LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação
MEC Ministério da Educação e Cultura
PAFOR Plano Nacional de Formação de Professores
RCNEI Referencial Curricular da Educação Infantil
UFBA Universidade Federal da Bahia
UNEB Universidade do Estado da Bahia
UNITER Centro Universitário Internacional
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 8
2 MEMORIAL .................................................................................................................... 10
2.1 TRAZENDO A MEMÓRIA LEMBRANÇAS DO PASSADO PARA ENRIQUECER AS
AÇÕES DO PRESENTE ...........................................................................................................11
3 AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA ABORDAGEM CONCEITUAL................. 17
3.1 O PROCESSO DE AVALIAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL...............................................20
3.2 INSTRUMENTOS AVALIATIVOS UTILIZADOS NA EDUCAÇÃO INTANTIL ................22
4 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO .................................................................................. 31
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA CRECHE .................................................................................32
4.2 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA ......................................................................35
4.3 OBJETIVO DA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ............................................................36
4.4 METODOLOGIA ..................................................................................................................36
4.5 CRONOGRAMA..................................................................................................................38
4.6 RESULTADOS ESPERADOS ...........................................................................................39
4.7 AVALIAÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO ...........................................................40
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 40
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 43
ANEXOS ............................................................................................................................. 46
8
1 INTRODUÇÃO
A avaliação na Educação Infantil é um instrumento de observação, registro, reflexão
e mudança da prática educativa, cuja análise dos dados registrados contribuirá para
que o professor conheça as dificuldades de seus alunos, seus limites e
necessidades e assim poder replanejar suas ações, fazendo intervenções que
venham colaborar com a sua aprendizagem.
A avaliação da aprendizagem nessa fase escolar requer do professor um olhar
observador e cuidadoso para fazer dos resultados obtidos os indicadores que
servirão para rever seus objetivos, rever seu planejamento, rever sua metodologia e
redirecionar a sua prática pedagógica, visando em todo o momento oferecer
contribuições necessários para que a aprendizagem das crianças aconteça.
Avaliar é refletir a prática pedagógica de forma segura, garantindo ao professor que
o caminho escolhido não aconteceu aleatoriamente, mas, através de uma análise e
acompanhamento constante de todo o processo educativo, dando assim suporte
para retroceder a fim de ajudar seu aluno nas dificuldades encontradas, conduzindo-
o a um novo patamar, através do incentivo, da coragem, da determinação e
segurança para alcançar a aprendizagem.
O processo avaliativo como base referencial ao fazer pedagógico dá-se pela abertura do professor ao entendimento das crianças com quem trabalha, pelo aprofundamento teórico que fundamenta a curiosidade sobre elas, pela postura mediadora (provocativa e desafiadora). (HOFFMANN, 2006, p. 28).
A autora deixa claro que a avaliação que tem como base a aprendizagem da criança
levará o professor a conhecer a criança para que possa contribuir com a sua
aprendizagem sempre intermediando as suas ações de forma provocativa para que
sempre possa está conquistando uma nova experiência de aprendizagem.
A partir das observações realizadas durante as visitas na Creche Municipal Nossa
Senhora Santana, bem como o relato de alguns professores durante as reuniões
pedagógicas, foi constatado uma certa insegurança e fragilidade nas práticas
avaliativas por parte de alguns professores: falta de uma observação direcionada e
com objetivos traçados; falta de registro das observações; falta de reflexão e
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redirecionamento da prática pedagógica a fim de usar os resultados da
avaliação como forma de ajudar a criança no seu processo de
desenvolvimento. A partir desses dados, surgiu a seguinte inquietação: Como o
processo de avaliação na educação infantil pode contribuir para o
desenvolvimento e aprendizagem das crianças?
Visando encontrar respostas para essa inquietação, a realização desse projeto
vivencial teve como objetivo mostrar aos professores que a prática avaliativa na
educação infantil voltada para a observação constante poderá contribuir para a
aprendizagem e o desenvolvimento da criança.
A metodologia desse projeto vivencial foi baseada na pesquisa bibliográfica e
de campo, onde na pesquisa de campo participaram da entrevista dezesseis
professores que trabalham com crianças entre dois e cinco anos. Após a coleta
dos dados foi feita uma análise das respostas que futuramente serão discutidas
com o próprio grupo pois, essa entrevista está baseada na concepção da
pesquisa-ação que faz da entrevista uma forma de ajudar o grupo em estudo a
superar suas dificuldades através da reflexão dos resultados encontrados
durante a pesquisa. “O maior objetivo da pesquisa-ação é proporcionar novas
informações, gerar e produzir conhecimentos que tragam melhorias e soluções
para toda a organização”. (THIOLLENT 1997, p.84). Durante as reflexões serão
abordados temas que relatem a importância da avaliação na Educação Infantil.
Este projeto vivencial está dividido em cinco capítulos e organizado da seguinte
maneira: 1) A introdução; 2) O memorial que relata sobre as minhas
experiências escolares, esclarecendo sobre os motivos que contribuíram para
a minha formação pessoal e profissional; 3) A fundamentação teórica onde é
desenvolvido um diálogo com Hoffmann, a LDB, o RCNEI, Freire, Luckesi,
entre outros, sobre a avaliação da aprendizagem na Educação Infantil, ficando
dividido este capitulo da seguinte forma: O que é avaliar e quando avaliar na
educação infantil? Nesse tópico é feito uma abordagem sobre o que é avaliar
na concepção de alguns teóricos. Para que avaliar na educação infantil? Nesse
segundo tópico abre uma discussão entre os teóricos sobre a finalidade da
avaliação na educação infantil e por último, Instrumentos avaliativos utilizados
na educação infantil; 4) A proposta de intervenção que apresenta as sugestões
10
para que aconteça uma avaliação crítica e reflexiva tanto do desenvolvimento
da criança quanto da prática pedagógica; 5) As considerações finais que faz
um resumo de tudo o que foi discutido sobre esse objeto de estudo.
A escolha em desenvolver um trabalho baseado no tema avaliação surgiu
devido à visão que alguns professores ainda têm dessa prática e como ainda
tem sido usada simplesmente como um instrumento para definir as crianças
que aprenderam determinado conteúdo ou não. Infelizmente a avaliação não é
vista como um reflexo do trabalho desenvolvido pelo professor e das
dificuldades enfrentadas pelo aluno durante o processo ensino- aprendizagem,
reflexo esse que deveria orientá-los sobre os caminhos que deveria seguir
como diz Micarello (2010, p. 1): “Na educação infantil a avaliação cumpre o
importante papel de oferecer elementos para que os professores conheçam
melhor as crianças com as quais trabalham [...]”. A prática equivocada da
avaliação na educação infantil fez com que fosse escolhido esse tema, pois,
acredita-se que o esclarecimento da real finalidade da avaliação poderá
contribuir positivamente no desenvolvimento e aprendizagem das crianças, na
melhoria da prática pedagógica dos professores e dará subsídios ao
coordenador pedagógico para orientar os professores a usarem a avaliação
como um instrumento formador que contribuirá para o sucesso do processo
ensino-aprendizagem.
2 MEMORIAL
“Na lembrança, o passado se torna presente e se transfigura,[...]”
(Soares, 1991, p.37-38)
Esse memorial tem por finalidade descrever fatos relacionados às minhas
primeiras experiências escolares como estudante e como profissional, fatos
esses que contribuíram para a minha formação como pessoa e como
professora. Acredito que ao trazer a memória essas lembranças, elas poderão
ainda contribuir com a minha prática pedagógica e consequentemente com os
profissionais da educação infantil do meu município, ao orientá-los
a desenvolver um trabalho que venha concretizar a missão da escola, missão
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essa que é a de promover a aprendizagem de todos os alunos de forma
gradativa, articulada e justa, tendo sempre como objetivo o desenvolvimento
integral das crianças fazendo uso de diferentes instrumentos metodológicos em
função da concretização dessa aprendizagem.
2.1 TRAZENDO A MEMÓRIA LEMBRANÇAS DO PASSADO PARA
ENRIQUECER AS AÇÕES DO PRESENTE
“[...] Tudo o que você viveu fez de você a pessoa que você é agora.”
(Sophia Loren. 1978)
Moro na cidade de Aratuípe, nasci no ano de mil novecentos e setenta e dois. Sou
filha de pais que só conseguiram concluir o ensino fundamental I, mas tinham o
domínio da leitura, da escrita e das operações fundamentais de matemática,
mesmo não tendo avançado nos estudos, devido às dificuldades da época,
nunca deixaram de incentivar a mim e aos meus seis irmãos para estudarmos
e, sempre fizeram de tudo para que nunca deixássemos de ir a escola ou
desistíssemos.
Naquela época os pais só matriculavam os filhos quando completavam sete anos
e, assim os meus pais fizeram, porém ao chegar a escola já conhecia algumas
letras e alguns números que minha mãe me ensinou. Assim já com sete anos
passei a frequentar a escola, mas na turma da terceira série que era a que o meu
irmão estudava (cuidados de minha mãe, pois, dizia que era para me adaptar a
escola), lembro-me que a professora dele tinha unhas enormes e pintadas de
vermelho e usava-as para corrigir os alunos quando estavam desobedecendo.
Fiquei nessa turma durante um ano, no ano seguinte fui para a turma do primeiro
ano com uma professora que era muito dedicada e atenciosa jamais esquecerei
dela. E, assim fui levando minha vida de estudos, tendo professores dedicados e
outros não, alguns afetivos e outros não, experiências boas e outras ruins, mas
todas acredito que contribuíram para a formação do que sou hoje.
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Concluir o curso de magistério e contabilidade aos dezanove anos, no ano de mil
novecentos e noventa e um no Colégio Municipal Professor Rocha Pita. No ano
de mil novecentos e noventa e quatro matriculei-me no curso de Estudos
Adicionais, concluir o curso no ano de mil novecentos e noventa e cinco porém,
o curso deixou de ser reconhecido pelo MEC e então o meu certificado deixou de
ter validade, mas apesar de ter perdido o certificado as experiências foram
gratificantes. Após o curso de EA fiquei um bom tempo sem estudar, pois para
fazer uma faculdade naquela época era bem difícil pelo fato de ser do interior e
não poder pagar uma faculdade particular. Lembro-me que cheguei até a tentar o
vestibular pela UNEB, porém, a concorrência era muito grande e não fui
classificada. No ano de mil novecentos e noventa e nove, na cidade de Nazaré,
cidade vizinha a que morava, surgiu a oportunidade de estudar pela UNEB, na
época o programa chamava-se UNEB dois mil, e como nesse período já estava
trabalhando como professora na rede municipal de Nazaré, fiz o vestibular e fui
selecionada e comecei a cursar, foi a concretização de um sonho fazer o curso de
Pedagogia pela UNEB. Concluímos com a colação de grau em primeiro de junho
de dois mil e um e foi grande a felicidade ao poder contemplar o diploma que
confirmava a minha graduação em Pedagogia.
Lembro o quanto minha família ficou orgulhosa pelo fato de ter concluído a
faculdade, experiência que jamais esquecerei. Depois dessa graduação ficou a
vontade de me especializar em alguma área da educação então, no ano de dois
mil e sete matriculei-me no Centro Universitário Internacional – UNITER
(FACINTER), na modalidade a distância para me especializar em Metodologia
do Ensino da Matemática e Física, confesso que a experiência não foi a das
melhores pois, um curso que deveria concluir em dois mil e oito (um ano e meio
de duração) terminou em dois mil e doze ( cinco anos depois) devido a falta de
organização, mas mesmo com todo esse atraso e desgaste, foi importante e
gratificante para mim pois, os conhecimentos adquiridos contribuíram muito com a
minha prática profissional porque na época estava assumindo uma turma de
matemática, sem nenhuma formação na área, então, tal especialização contribuiu
positivamente com o meu trabalho.
No ano de dois mil e dez surgiu novamente à oportunidade de graduar-me na
área de matemática, essa graduação, confesso que foi e está sendo um grande
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desafio que espero superá-lo como superei vários outros. Mais uma vez ingresso
no curso de matemática pela UNEB-PAFOR grande desafio que tem sido vencido
a cada dia, ainda não concluir tal graduação, mas tudo indica que em fevereiro de
dois mil e dezesseis estarei graduada. As greves e outros empecilhos fizeram
com que essa graduação também atrasasse, esse curso deveria ser feito em três
anos e já completamos cinco. E, em outubro de dois mil e quatorze surgiu o
CECOP pela UFBA que para mim foi e está sendo uma maravilhosa experiência
pois, os estudos realizados tem contribuído para desenvolver um trabalho de
forma segura e sabendo que de alguma forma estou contribuindo para o
desenvolvimento de crianças, na sua maioria carentes, é de grande valia e a
certeza de que a educação pode modificar a vida futura desses pequeninos e de
toda a sociedade é o que me motiva a cada dia está buscando novos
conhecimentos para que juntamente com a equipe que coordeno possamos
prosseguir em busca da concretização de uma educação justa, humana,
igualitária , transformadora e de qualidade para todos.
Nos dias vinte e dois de agosto e dezesseis e dezessete de outubro de dois mil e
quatorze, participei do curso: “Musicalização de Crianças em Instituições de
Educação Infantil” e em dezanove de setembro de dois mil e quatorze participei
do IV encontro estadual da Bahia: Educação Infantil: Diálogos Sobre Experiências
Italianas e Brasileiras. Ambos oferecidos pelo Proinfância/MEC/UFBA e que
contribuíram muito com a minha função de coordenadora.
Sempre demonstrei interesse pelos estudos e nunca rejeitei as oportunidades de
cursos que a mim eram oferecidos, pois, tinha a vontade e necessidade de
manter-me sempre informada para poder passar informações que pudessem de
alguma forma contribuir para o progresso educacional e o que me motiva mais
ainda em está sempre buscando me capacitar, é o que aprendi nesse curso
que professores bem informados, capacitados, dedicados, incentivados, com a
autoestima elevada e comprometidos poderão contribuir muito para a
transformação da realidade dessas crianças que mais precisam das escolas.
Então, a certeza de que a educação pode fazer a diferença na vida dessas
crianças é o que me motiva a cada dia estudar para buscar na educação o
caminho que oferecerá a essas crianças uma educação de qualidade e
transformadora que servirá não só dentro da escola mas fora dela.
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Comecei a trabalhar como professora, através de contrato, no dia vinte de janeiro
do ano de mil novecentos e noventa e sete em uma escola estadual de
fundamental II com alunos de quinta a oitava série, como professora de
Geografia.
No ano de mil novecentos e noventa e oito prestei concurso municipal para
professora na cidade de Aratuípe e na cidade de Nazaré e fui aprovada nos dois
concursos. Na cidade de Aratuípe continuei trabalhado no Colégio Municipal
Professor Rocha Pita e na cidade de Nazaré passei a lecionar em uma turma de
terceira série com 24 alunos com bastante dificuldade de leitura e escrita na
Escola Municipal do Areal, a escola ficava um pouco distante do centro da cidade,
fato que dificultava a minha locomoção para poder chegar a tempo para assumir,
no período vespertino, as turmas de Aratuípe. Confesso que foi difícil conciliar
esses dois trabalhos, mas consegui. Depois de cinco anos nessa luta, consegui
fazer uma permuta com uma colega e assim minha situação melhorou, passei a
ensinar por quarenta horas na cidade que morava, só que vinte horas no ensino
fundamental II e vinte horas em uma turma de pré-escolar, na Escola Estadual
Edmundo Honorato Barreto. Essa turma era formada por vinte e oito crianças na
faixa etária de três a cinco anos, trabalhava sozinha, sem ajudantes, fiquei com
essa turma durante quatro anos.
Mesmo sem ter coordenadora buscava desenvolver um trabalho que contribuísse
com o desenvolvimento integral das crianças, preocupava-me muito com o que
ensinava e buscava adequar os conteúdos a músicas e histórias, que na maioria
das vezes eu mesmo inventava e, por incrível que pareça, eles amavam e o mais
importante aprendiam. Foi uma experiência inicial muito importante e gratificante,
nada se compara a você perceber gradativamente o desenvolvimento desses
pequeninos, dia após dia, até chegar a ler. Lembro que quando começaram a ler
pequenas palavras, eu ficava muito alegre e eles também, penso que eles se
alegravam mais pela minha alegria do que pelo que haviam conseguido aprender.
As experiências com aquelas crianças foram muito boas e inesquecíveis, a forma
como eles se apegavam a mim como professora fez com que criássemos um
sentimento de afetividade que contribuía muito no momento da aprendizagem.
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Confesso que naquela época não realizava uma avaliação através de registro do
desenvolvimento deles, talvez pela falta de experiência e pela falta de um
coordenador pedagógico que pudesse está me orientando, mas já tinha a
consciência que eles deveriam aprender de forma contextualizada, significativa,
através do incentivo da valorização das conquistas, a afetividade que deviria
sempre está presente em nossas aulas, a observação de cada avanço de cada
iniciativa de cada atitude nova não deveria ser esquecida, também as dificuldades
apresentadas por eles deixavam-me bastante preocupadas a ponto de ficar
inventando atividades, pois naquela época não tínhamos acesso a internet, nem
mesmo livros didáticos que pudessem está nos auxiliando, mas tais dificuldades
quanto a esses recursos não me impediram de desenvolver um bom trabalho e,
digo isso não por conta própria mas, pelo reconhecimento de alguns pais que
ainda nos dias de hoje relatam sobre o quanto contribuí no processo de
alfabetização dos seus filhos . Existe recompensa melhor do que essa, ouvir de
alguém que você contribuiu positivamente na vida de seu filho? Depois de dois
anos a escola deixou de atender alunos com essa faixa etária e eu passei a
auxiliar uma professora de alfabetização, fiquei auxiliando essa professora
durante um ano e meio e então fui transferida para a Escola Municipal Senhora
Santana para assumir uma turma de quarta série, substituindo a professora que
havia se aposentado, fiquei com essa turma até o fim do ano e no ano seguinte o
município implantou o ensino fundamental dois e fui transferida para trabalhar
nesse seguimento, na Escola Municipal de Aratuípe, inicialmente como
orientadora pedagógica, fiquei nesse cargo por dois anos e então passei a
ensinar como professora de Língua Portuguesa, Ciências e Ensino Religioso, a
alunos de quinta a oitava série ( sexto ao nono ano hoje) fiquei com essas
disciplinas e turmas por vários anos.
No ano de dois mil e nove por necessidade de professor na área de matemática
passei a ensinar matemática a alunos da quinta, sexta e sétima série e a uma
turma da EJA, mais uma vez experiência nova e gratificante principalmente o
ensino no EJA completamente diferente do que já havia vivenciado. No ano de
dois mil e dez com a responsabilidade dessas turmas com o componente
curricular de matemática, fui convidada a me inscrever na Plataforma Freire para
me graduar em matemática, confesso minha tensão, pois, as experiências com tal
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componente curricular eram poucas, mas mesmo assim fiz minha inscrição e fui
convocada para cursar em vinte de agosto de dois mil e dez, graduação essa que
se estende até os dias de hoje, espero que esse ano conclua. No ano de dois mil
e doze passei a ensinar na Escola Municipal Dr. Manoel Vitorino por vinte horas a
duas turmas de quinto ano com Matemática e duas de quarto ano com Geografia
e vinte horas fui convidada para coordenar a Creche Nossa Senhora da
Conceição e a Creche Nossa Senhora Santana.
No ano de dois mil e treze realizamos um projeto muito interessante e importante
para a valorização dos professores e dos alunos da Educação infantil com o
seguinte tema: Ouvindo, cantando e aprendendo. Durante todo o ano discutimos
sobre a importância da música na Educação Infantil. Todos os temas trabalhados
eram associados a músicas que eram selecionadas, cantadas, associadas aos
conteúdos e exploradas durante as aulas com os alunos e assim ao final do ano
já sabiam bastantes músicas. Como culminância desse projeto realizamos o
primeiro musical infantil da Creche Nossa Senhora Santana no auditório da
cidade com a presença dos pais, fato que não era comum acontecer, e algumas
pessoas da comunidade. Para realização desse musical foram selecionados
quatro temas sendo que cada turma ficou responsável pela apresentação de um
tema trabalhado em sala de aula, as crianças foram caracterizadas de acordo
com o tema apresentado: as crianças de dois anos ficaram com o tema
relacionado ao aniversário da cidade, se caracterizaram com se estivessem
participando de uma festinha de aniversário, entraram trazendo nas mãos um bolo
de isopor, cantaram a primeira estrofe do hino da cidade e logo após cantaram
“parabéns para Aratuípe nessa data querida...”; a turma de três anos ficou com o
tema relacionado a primavera e durante a apresentação cantaram uma música
que fala da primavera e enquanto cantavam distribuíam flores para a plateia; a
turma de quatro anos se caracterizou de capoeiristas e baianas e fizeram um
samba de roda com a colaboração e participação do grupo de capoeira da cidade
e a ultima turma a de cinco anos ficou com a apresentação da quadrilha
representando as festas juninas que é bem forte aqui na cidades.
Após essas apresentações finalizamos o musical infantil com a participação de
todos os alunos e professores cantando músicas referentes ao último tema
trabalhado durante o ano que foi sobre o natal, enquanto cantavam eram
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transmitidas no telão as fotos de todos os trabalhos realizados em sala de aula.
As crianças estavam radiantes, os pais emocionados e os professores realizados
tanto com o trabalho final como com os trabalhos que foram desenvolvidos em
sala de aula no decorrer do ano, pois puderam perceber o desenvolvimento e
aprendizagem de cada criança. Essa experiência como coordenadora jamais será
esquecida, pois aprendi nesse curso que a participação da família é de suma
importância para o processo de aprendizagem dos alunos e que ela precisa está
constantemente presente nas atividades escolares, fazendo parte da equipe
responsável pela aprendizagem dos seus filhos, aprendi também que quando
existe uma equipe unida e envolvida na organização dos trabalhos o resultado é
sempre positivo e aquela tarde ficou registrada em nossas memórias como uma
tarde de sucesso da educação na Creche Nossa Senhora Santana.
Hoje já tenho dezoito anos na educação e uma das coisas que sempre me
transmitiu e ainda continua transmitindo satisfação é quando vejo o envolvimento
das crianças nas atividades planejadas e o seu desenvolvimento, bem como a
dedicação de alguns professores que não hesitam em tentar alternativas que
possam contribuir com a aprendizagem das crianças, sempre acreditando no
potencial de cada uma e nunca desistindo delas e o que me frustra e angustia é a
acomodação de alguns professores que demonstram pouco caso com a
educação e o pior de tudo é que boa parte desses professores estão nas salas de
educação infantil indiferentes a tudo e a todas as crianças, e, assim percebemos
o quanto é importante e necessária a presença de um coordenador atuante que
possa está buscando meios para incentivar esses professores, buscando
entender o motivo do descaso para que possa tentar mudar a situação,
mostrando-lhes a responsabilidade que temos com essas crianças e a
necessidade que existe, mesmo diante das dificuldades, em realizarmos um
trabalho que futuramente possa contribuir positivamente com a vida de cada uma
delas e nos trazer realização pessoal e profissional.
3 AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA ABORDAGEM
CONCEITUAL
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Muito se tem discutido sobre avaliação e, muitos tem se perguntado o que
realmente é avaliação, como avaliar e para que avaliar? Avaliar segundo Jussara
Hoffman (2005, apud, Teodoro, 2010, p. 29) é:
[...] atuar com base na compreensão do outro, para se entender que ela a avaliação, nutre de forma vigorosa todo o trabalho educativo. Sem uma reflexão séria e valores éticos se perdem os rumos do caminho, a energia, o vigor dos passos em termos da melhoria do processo.
A avaliação quando baseada na compreensão do aluno facilitará a
compreensão do professor sobre a real finalidade da prática avaliativa, dando
sustentabilidade e segurança durante todo o processo educativo, mas, é
preciso uma reflexão constante dos valores éticos para não perder o foco do
objetivo traçado, à vontade e a perseverança em continuar buscando o
aperfeiçoamento da prática pedagógica em prol da melhoria do ensino.
Segundo o Referencial Curricular da Educação Infantil (1998) a avaliação:
”[...]. É um elemento indissociável do processo educativo
que possibilita ao professor definir critérios para planejar as atividades e criar situações que gerem avanços na aprendizagem das crianças. Tem como função acompanhar, orientar, regular e redirecionar esse processo como um todo.” (Brasil, 1998, v. 1, p.59, grifo nosso)
A avaliação deve acompanhar todo o processo educativo com a finalidade de
nortear os caminhos seguidos pelo professor para que através de uma
avaliação reflexiva, todo o seu trabalho seja redirecionado com o intuito de criar
novas possibilidades que atendam as necessidades da criança, supram suas
dificuldades e contribuam com a sua aprendizagem.
[...] não é possível praticar sem avaliar a prática. Avaliar a prática é analisar o que se faz, comparando os resultados obtidos com as finalidades que procuramos alcançar com a prática. A avaliação da prática revela acertos, erros e imprecisões. A avaliação corrige a prática, melhora a prática, aumenta a nossa eficiência. O trabalho de avaliar a prática jamais deixa de acompanhá-la. (FREIRE, 1984, p. 92, grifo nosso)
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De acordo com Freire (1984), a avaliação e a prática pedagógica devem
caminhar lado a lado, pois, sendo a avaliação uma indicadora dos erros e
acertos da prática, deve-se utilizá-la na intensão de ter uma visão geral do que
precisa ser corrigido e, através da análise, da reflexão, da comparação dos
dados apresentados pela avaliação, buscar reelaborar a prática pedagógica
para poder melhorá-la.
A respeito da avaliação, Luckesi (2000, apud Camargo, 2010) acredita que o
ato de avaliar é uma prática que orienta e cria novas possibilidades para a vida
do ser humano, enquanto Hoffmann (2001, apud Manarin 2009) destaca a
importância e necessidade de se desenvolver na educação infantil esse ato
avaliativo através de práticas que acompanhem e reflitam constantemente
sobre o desenvolvimento da criança, ou seja, o professor precisa conhecer a
situação em que se encontra a criança, refletindo sobre cada avanço ou
dificuldade, a fim de poder fazer intervenções que contribuam com a melhoria
do seu desenvolvimento integral, eliminando do ambiente da educação infantil
todo tipo de prática excludente e classificatória, lembrando-se sempre do real
significado da avaliação que é promover e contribuir com o processo educativo.
Para Hoffman (2000, apud Silva 2012) Avaliar é resignificar, acompanhar e
promover diversas situações que contribuam com o desenvolvimento por
completo da criança, através de um diálogo constante entre ela e o professor.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1996, apud Ciasca e Mendes, 2009),
também defende a ideia de que avaliar é analisar e acompanhar o avanço da
criança.
Segundo os autores citados acima, na Educação Infantil, a avaliação não tem
caráter de promoção, visa diagnosticar e acompanhar o crescimento da criança
em todas as áreas, tendo como objetivo promover a sua aprendizagem através
de uma observação crítica e reflexiva sobre as situações de aprendizagem que
lhe foram oferecidas durante todo processo educativo. A concepção do
Conselho Nacional de Educação/ Câmara de Educação Básica (2009, apud
Oliveira, 2010), sobre avaliação coincide com as demais concepções quando
diz que avaliar é buscar melhorias para a prática pedagógica através da
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reflexão constante do seu fazer pedagógico visando a aprendizagem das
crianças.
O CNE/CEB (2009, apud Oliveira, 2010) ainda afirma que a real finalidade da
avaliação é contribuir para que o professor reflita sobre a sua prática
pedagógica, transformando essa reflexão em ação mediadora, que
proporcionará novas experiências que desafiem e contribuam com o processo
de desenvolvimento da criança, a partir de um acompanhamento frequente,
durante todo o processo educativo, observando o comportamento em diversas
situações de aprendizagem e o incentivo oferecido a ela.
Segundo os autores acima citados ao avaliar, o professor estará fortalecendo
todo o trabalho educativo, pois terá uma visão mais clara sobre a situação
atual e real de seus alunos, dando assim, mais segurança para prosseguir
com o seu trabalho e segurança para o aluno continuar se desenvolvendo. O
processo avaliativo consciente envolve a reflexão constante de todo o trajeto
educativo, reflexão essa que norteará o caminho que deverá ser seguido para
cooperar com a aprendizagem dos alunos.
Para oliveira (2002, p.255) “[...] a avaliação infantil [...] não é um espaço de
julgamento e sim um campo de investigação.”. Sendo a avaliação um campo,
significa que existe uma imensidão de áreas a serem observadas,
acompanhadas, refletidas, mediadas e transformadas, contribuindo assim para
a formação integral da criança.
3.1 O PROCESSO DE AVALIAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Segundo teóricos como Luckesi (1999), Hoffmann(2006), Kremmer (2003), o
RCNEI(1998) e a LDB (1996) avaliar na educação infantil é diagnosticar para
reorientar e melhorar a prática pedagógica a favor da aprendizagem da criança.
O professor ao fazer uso da avalição como norteadora do seu fazer
pedagógico, de posse das informações necessárias sobre o caminhar do aluno
no processo educativo, poderá refletir sobre a sua pratica pedagógica tendo
21
uma visão geral da situação em que o aluno se encontra, fazendo intervenções
para que ele avance ou sane as dificuldades identificadas, respeitando sua
individualidade para que o seu desenvolvimento seja constante e de qualidade.
Avaliar na educação infantil é uma forma do professor acompanhar todo o
processo educativo, fazendo da avaliação um instrumento necessário e
indispensável para auxiliar a criança na sua aprendizagem, buscando
compreender a criança suas limitações, suas dificuldades, individualidades e
superações para fazer intervenções durante todo o processo educativo,
fazendo comparações, a fim de ajudá-la a continuar no processo de
desenvolvimento. (HOFFMANN, 2000)
A intencionalidade da avaliação na educação infantil não deverá ser a de
simplesmente cumprir uma formalidade de demonstrar que as tarefas estão
sendo realizadas, ter um controle sobre o que a escola está ensinando e
apresentar um documento para as famílias, cumprindo assim a burocracia que
muitas vezes é exigida da escola. Não deverá ser essa a função da avaliação
na educação infantil. Hoffmann (2001, apud MANARIN, 2009, p.28) declara
que:
[...] avaliar vai além de olharmos as crianças como seres
meramente observados, ou seja, a intenção pedagógica avaliativa dará condições para o professor ou professora criar objetivos e planejar atividades adequadas, dando assim um real ponto de partida para esta observação, torna-se clara a necessidade de se construir conhecimentos e reflexão por parte de professores educadores acerca do processo avaliativo formal na Educação Infantil.
A função da avaliação é dá suporte ao professor para ele ajudar a criança em
todas as instâncias possíveis contribuindo para a sua formação de forma
integral e preparando-a para a vida fora da escola. Ao usar a avaliação como
aliada do desenvolvimento e da aprendizagem da criança, todo o trabalho
educativo terá mais sentido e significado, tanto para o professor quanto para a
criança que terá sua individualidade, sua especificidade e sua infância
preservada e orientada adequadamente para que possa cada dia avançar para
uma nova experiência que resultará em uma nova aprendizagem.
22
De acordo com Hoffmann (2000) é preciso avaliar na educação infantil para
conhecer e conceber a criança como um ser que tem vontades, limitações,
necessidades e inteligência que precisam ser exploradas, observadas,
refletidas levando em consideração a sua realidade para que assim o professor
possa avaliar e ressignificar a sua prática, criando oportunidades que ajudem
a criança através de um acompanhamento sério e afetivo, seguro e uma
“postura mediadora (provocativa e desafiadora)” ,HOFFMANN,( 2006, apud
Carneiro, 2010, p. 17), para que a criança possa explorar o mundo que a
cerca de foram prazerosa, espontânea, livre e segura, tendo o professor como
mediador do seu desenvolvimento e aprendizagem.
3.2 INSTRUMENTOS AVALIATIVOS UTILIZADOS NA EDUCAÇÃO
INTANTIL
Segundo Silva (2012) os instrumentos de avaliação são recursos ou meios, ou
auxílio que o professor utiliza durante o processo de ensino-aprendizagem,
para obter dados que indiquem a situação em que o aluno se encontra a fim de
refletir e redirecionar a sua pratica pedagógica buscando contribuir com a
aprendizagem dos alunos.
De acordo com o RCNEI (1998) o momento avaliativo sugere ao professor uma
reflexão constante sobre toda a metodologia utilizada em prol da aprendizagem
das crianças bem como as suas conquistas e dificuldades em relação aos
objetivos traçados. Deixando bem claro que a avaliação não acontece somente
ao terminar uma atividade ou unidade mas deverá ser uma ação constante e
diversificada do professor para que a sua prática pedagógica possa
acompanhar e dá suporte ao desenvolvimento das crianças de forma justa,
comprometida e democrática. Seguindo esse pensamento sobre a avaliação na
educação infantil, Jussara Hoffmann (1996, apud Ciasca e Mendes, 2009) fala
sobre os instrumentos avaliativos e como a avaliação deverá acontecer durante
esse processo educativo. A avaliação segundo Hoffmann (1996, apud Ciasca e
Mendes, 2009) deverá servir como acompanhamento do desenvolvimento da
criança sem o objetivo de classificar ou promover para a série seguinte, para a
23
autora a avaliação nessa fase deverá acontecer mediante o registro desse
desenvolvimento. Os instrumentos avaliativos são essenciais para o
acompanhamento do desempenho e desenvolvimento das crianças nessa fase
da escolaridade.
O RCNEI (1998) declara que existem diversas formas de registrar as
observações dos professores referentes ao desenvolvimento das crianças,
porém a escolha e a quantidade dos instrumentos dependerá da visão da
escola sobre o cidadão que desejar formar, a partir dessa visão que a escola
definirá o objetivo da avaliação, como e quando será realizada. Brasil (1998,
apud CARNEIRO; KLUG, 2010, p.26) considera que:
As formas de registros da observação podem ser: escritas (relatórios, cadernos de registro do aluno, fichas); gravadas: em áudio e vídeo; através das produções das crianças (desenhos, álbuns, esculturas), ou ainda com fotografias.
Para Hoffmann (2000) a avaliação na educação infantil é bastante complexa e,
por isso, deverá ter um olhar sensível do professor para acompanhar e refletir
sobre o desenvolvimento infantil, devendo utilizar os instrumentos que
contribuirão com o avanço das crianças. Quando se fala sobre a complexidade
da avaliação na Educação Infantil a LDB (2009)traz as seguintes atribuições
que deverão ser levadas em consideração no momento avaliativo desse
segmento:
Art. 10. As instituições de Educação Infantil devem criar procedimentos para acompanhamento do trabalho pedagógico e para avaliação do desenvolvimento das crianças, sem objetivo de seleção, promoção ou classificação, garantindo: I - a observação crítica e criativa das atividades, das brincadeiras e interações das crianças no cotidiano; II - utilização de múltiplos registros realizados por adultos e crianças (relatórios, fotografias, desenhos, álbuns etc.).
III - a continuidade dos processos de aprendizagens por meio da criação de estratégias adequadas aos diferentes momentos de transição vividos pela criança (transição casa/instituição de Educação Infantil, transições no interior da instituição, transição creche/pré-escola e transição pré-escola/Ensino Fundamental);
24
IV - documentação específica que permita às famílias conhecer o trabalho da instituição junto às crianças e os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança na Educação Infantil; V - a não retenção das crianças na Educação Infantil. (Res CNE/CEB nº 5/2009, art. 10) Na Educação Infantil a avaliação se dá principalmente pela observação sistemática, registro em caderno de campo, fichas, questionários, relatórios e reflexão, portfólios (exposição das produções das crianças), auto-avaliação para as crianças maiores (importantíssima para tomada de consciência da criança do seu momento de aprendizado e desenvolvimento), entre outros. Ver mais a esse respeito no Parecer CNE/CEB nº 20/2009. Na educação infantil é importante, ainda, que sejam avaliadas permanentemente as condições da oferta no contexto da proposta pedagógica, tais como infraestrutura, organização de espaços, tempos e materiais, aspectos relacionados com a gestão, entre outros.(BRASIL, 2009, p. 18).
Percebe-se a vastidão das observações que deverão ser feitas pelo professor
da educação infantil para poder está contribuindo com o desenvolvimento das
crianças, como diz Hoffmann (2000) essa observação vai além da prática de
preencher fichas, pois requer do professor um acompanhamento global de todo
o processo educativo através de reflexões e registro constantes , atividades e
observações diversificadas.
Segue abaixo um quadro com alguns instrumentos avaliativos que poderão ser
utilizados no processo ensino-aprendizagem da educação infantil, segundo a
Revista Nova Escola (2013) .
Quadro 1 - Instrumentos de Avaliação na Educação Infantil
Instrumentos
Finalidade
Pontos
positivos
Pontos
negativos
Atribuições
do
professor
Orientações
25
Observação Observar,
acompanh
ar e
informar
todo o
desenvolvi
mento da
criança no
contexto
em que se
encontra .
Analise e
conhecime
nto mais
claro do
desenvolvi
mento da
criança
nas mais
diversas
atividades
desenvolvi
das, bem
como seus
avanços e
dificuldade
s.
O registro
das
observaçõe
s feitas são
precários,
desorganiza
dos,
improdutiva
s e muitas
vezes
esquecidas
Escolher a
forma que a
observação
será feita:
em grupo,
individual,
em dupla,
etc;
Descrever
claramente
os objetivos
que
pretende
alcançar;
Especificar
o contexto a
ser
observado:
sala de
aula,
recreio, etc;
Escolher a
forma de
registro
apropriado:
vídeo, fotos,
anotações,
áudio, etc.
As
observações
devem ser
constantes:
durante o
recreio, em
atividades
individuais
ou em grupo,
durante as
atividades
livres, etc.
Registro/fichas
Não perder
os dados
Permite
aos pais e
Falta de
organização
Organizar
os registros
Os registros
deverão ser
26
observado
s;
acompanh
ar a
evolução
da criança
bem como
o
desempen
ho do
professor
refletindo e
analisando
criticament
e cada
etapa do
processo
educativo,
Registrar
os
avanços e
dificuldade
s
observado
s durante
determinad
o período.
professore
s a
possibilida
de de
perceber a
situação
da criança
durante o
processo
educativo.
; Registros
sucintos e
descontextu
alizados
de acordo
com o
contexto a
ser
observado:
1.cadernos
do
professor:
registo das
atividades
desenvolvid
as em sala
de aula,
relatos, ,
etc.
2. Caderno
de
Anotações
dos alunos:
registrar os
fatos
significativo
s
periodicame
nte no
ambiente
escolar
realizados
por cada
aluno.(
registro
individual)
3, Arquivo
feitos logo
após as
observações
para que não
aconteça de
esquecer os
dados
coletados.
27
de
atividades:
separar
atividades
realizadas
pelas
crianças em
sala de
aula,
colocando
data e
observaçõe
s rápidas e
objetivas de
como a
atividade foi
desenvolvid
a pelo
grupo..
Roda de
conversa
Promover
momentos
de
interação
entre os
alunos e
professor
para expor
suas ideias
e
experiênci
Desenvolvi
mento da
oralidade,
da
imaginaçã
o, da
socializaçã
o e do
respeito ao
colega,
Falta de
organização
e
planejament
o.
Escolher o
tema a ser
discutido;
Organizar o
momento da
fala dos
alunos; ser
mediador da
conversa
fazendo as
intervençõe
Esse momento
de roda de
conversa
deverá ser
planejado
como as
demais
atividades
para que
através da
organização
28
as vividas. s
necessárias
para que
eles
continuem
participando
.
os objetivos
traçados
sejam
alcançados.
Trabalho em
grupo
Envolver
as
crianças
nas
atividades
programad
as para
que sejam
realizadas
em
parceria
sempre
com a
orientação
do
professor.
Promove a
socializaçã
o e a
cooperaçã
o entre os
alunos;
Falta de
organização
e trabalho
em
planejament
o.
Planejament
o das
atividades;
Mediação e
intervençõe
s
constantes;
As atividades
deverão ser
planejadas e
organizadas
pelo professor
para que os
objetivos
traçados
sejam
alcançados.
29
Portfólio
Reunir os
trabalhos
realizados
pelos
alunos
para ter
uma visão
mais clara
do seu
desenvolvi
mento
durante
todo o
processo,
conduzind
o o
professor a
uma
reflexão
sobre o
avanço do
aluno,
sobre a
sua pratica
pedagógic
a e as
possíveis
possibilida
des de
mudança;
documenta
a historia
Comprova
os
avanços e
dificuldade
s do aluno.
Promove a
organizaçã
o .
Falta de
organização
das
atividades.
Manter o
portfólio
sempre
organizado
para ter
uma visão
mais clara
das
atividades
arquivadas.
Selecionar as
atividades
constantement
e, mantendo-
as sempre
datadas e
organizadas.
30
do aluno e
do
professor.
Esses instrumentos avaliativos devem está pautados nos objetivos que a
escola deseja alcançar e segundo a LDB (1996). O RCNEI (2009) e alguns
pesquisadores a avaliação deverá promover um diálogo entre professor e cada
criança para que através da reflexão/ação possa alcançar os objetivos
traçados.
Sendo a avaliação um ato de reflexão da prática pedagógica, Hoffmann (2005,
apud, Teodoro, 2010) também deixa claro que na educação infantil a
observação acompanhada da reflexão e do registro é indispensável para que o
professor possa acompanhar o desenvolvimento da criança de forma segura e
sequenciada e assim poder fazer as intervenções necessárias nos momentos
adequados. O registro das observações e reflexões terá como objetivo nortear
o caminho que o professor deverá seguir promovendo novas atividades para
auxiliar as crianças nas suas dificuldades. Tal registro não tem por finalidade
promover a criança para uma nova série ou classificá-la como apta ou não,
mas para promover novas formas de ajudar no seu desenvolvimento.
A lei de diretrizes e bases da educação nacional vem para confirmar a ideia da
avaliação como instrumento que proverá novas metodologias que contribuirão
para o desenvolvimento da criança. “ Na educação infantil a avaliação far-se-á
31
mediante acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo
de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental.” (Brasil, p. 12.
1996). O RCNEI (1998) apresenta a observação e o registro como os
principais instrumentos que poderão estar apoiando a prática pedagógica, pois,
através da observação e do registro, o professor poderá acompanhar todo
o processo de desenvolvimento e aprendizagem das crianças, bem como as
suas limitações e dificuldades.
A observação e o registro se constituem nos principais instrumentos de que o professor dispõe para apoiar sua prática. Por meio deles o professor pode registrar, contextualmente, os processos de aprendizagem das crianças; a qualidade das interações estabelecidas com outras crianças, funcionários e com o professor e acompanhar os processos de desenvolvimento obtendo informações sobre as experiências das crianças na instituição. Esta observação e seu registro fornecem aos professores uma visão integral das crianças ao mesmo tempo que revelam suas particularidades. (BRASIL. 1998, p.58- 59)
De acordo com os autores citados acima, são muitos os instrumentos
avaliativos que podem ser usados na educação infantil, porém a escolha de
cada um dependerá da visão que a escola tem sobre a mesma e qual a
contribuição que deseja deixar no desenvolvimento das crianças, mas,
segundo indicação dos autores, os instrumentos principais que não podem
faltar são: as observações e os registros constantes, pois, tais procedimentos
contribuirão para que o professor reflita sobre a sua prática, buscando
alternativas de forma segura e consciente para que o processo educativo
continue acontecendo através da ressignificação da sua prática.
4 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
A presente proposta de intervenção voltada para a avaliação da aprendizagem
na Educação Infantil será desenvolvida na Creche Nossa Senhora Santana em
virtude de alguns professores ainda apresentarem certa fragilidade em relação
32
a importância e utilização da avaliação como instrumento que poderá contribuir
com o processo de desenvolvimento e aprendizagem das crianças.
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA CRECHE
A Creche Nossa Senhora Santana está localizada na Rua Barão do Rio
Branco, Bairro centro, nº um na cidade de Aratuípe. Essa creche foi
inaugurada no dia doze de outubro de mil novecentos e oitenta e cinco, com o
objetivo de atender os filhos das famílias carentes da comunidade local, pois
naquele período o município estava com um índice de mortalidade infantil muito
alto . Esse trabalho de ajudar as crianças com baixo peso, desnutridas e com
carência alimentar, iniciou-se em uma casa alugada situada à Rua Dr. Manoel
Vitorino com sessenta crianças matriculadas, após um ano a creche passou
para o prédio, onde funciona atualmente.
Inicialmente a creche recebeu o nome de Creche Casulo Nosso lar e anos
depois passou a chamar-se de Creche Nossa Senhora Santana em
homenagem a padroeira da cidade.
No ano de mil novecentos e noventa e quatro a creche ficou aproximadamente
um ano sem funcionar, fato que afetou muito a comunidade carente que via na
creche um refúgio para os seus filhos, logo após esse período a creche voltou
as suas atividades normais até os dias atuais.
Atualmente a creche atende crianças na faixa etária de dois a cinco anos, filhos
de famílias carentes, que trabalham como agricultores, pescadores,
marisqueiras, diaristas, tendo a creche como uma aliada nessa trajetória.
Com relação à estrutura física, a creche possui quatro salas de aula; uma
cozinha; um refeitório; uma sala de vídeo e leitura; seis banheiros; uma
diretoria; uma lavanderia; um depósito (antes consultório médico); uma
despensa; uma área de lazer.
Os móveis da diretoria são antigos, mas conservados, o mobiliário das crianças
são de madeiras assim como a mesa das professoras. Na área usada para as
33
crianças brincarem não há nenhum brinquedos, ou seja, não existe parquinho
para que elas brinquem.
O cantinho de leitura possui poucos livros infantis, nessa mesma sala encontra-
se um aparelho de som pequeno, uma TV, um aparelho de DVD onde as
crianças assistem filmes trazidos pelos professores, pois a Creche não possui
uma videoteca e a cozinha é pequena. A higiene e organização são visíveis em
todos os espaços da creche. A estrutura física está bem conservada e
apresenta uma aparência agradável, pois passou por uma reforma
recentemente, sendo reinaugurada no dia dez de abril de dois mil e quinze .
O quadro de funcionários da creche está assim constituído: uma diretora; uma
vice- diretora; uma coordenadora (contratada); uma secretaria no turno
matutino; dezesseis professores, (sendo dois contratados), sete possuem nível
superior, um com nível superior incompleto os demais só com ensino médio,
seis serventes, (sendo três concursadas e três contratadas), três cozinheiras
concursadas e um porteiro concursado.
A Creche Nossa Senhora Santana funciona em tempo integral, oferecendo
educação as crianças da sede e a uma criança do povoado de um município
vizinho.
Essa instituição atende hoje setenta e nove crianças matriculadas. No turno
matutino e vespertino funcionam quatro turmas:
maternal I (crianças de dois anos);
maternal II (crianças de três anos);
jardim I (crianças de quatro anos)
jardim II (crianças de cinco anos)
Cada turma com duas professoras e a tarde as mesmas turmas com outras
professoras, duas em cada sala atendendo as crianças.
A creche não possui recursos próprias ficando todas as despesas e
necessidades sobre a responsabilidade da secretaria de educação municipal.
34
Inclusive a distribuição do livro didático para a educação infantil só passou a
acontecer nesse ano de dois mil e quinze onde a Creche Nossa Senhora
Santana também recebeu uma coleção de livros didáticos para cada criança.
A creche procura desenvolver uma relação de parceria com as famílias
envolvendo-as nas atividades escolares para que elas possam está
acompanhando e participando do desenvolvimento dos seus filhos bem como
incentivando-as a participarem das reuniões para que através de uma
participação democrática possamos juntos buscar os caminhos que conduzirão
a uma aprendizagem significativa para todas as crianças e, quanto a essa
participação da família, uma boa parte demonstra interesse em participar dos
eventos escolares, mas não pode-se negar que essa relação entre escola-
família precisa ser cada dia cultivada para que a tão sonhada gestão
democrática e participativa venha acontecer como realmente deve ser.
Em relação à organização da escola e do ensino, a creche realiza reuniões
quinzenais para a realização do planejamento, reflexão sobre a prática dos
professores e sobre o desenvolvimento das crianças. A elaboração dos
planejamentos são baseados em temas semanais que resumem-se em
pequenos projetos. Anualmente a creche participa de temáticas apresentadas
pela secretaria de educação que envolve toda a rede municipal de ensino e
baseando-se nessas temáticas e nos temas planejados pela creche, busca-se
realizar um trabalho interdisciplinar, que tem como objetivo desenvolver um
trabalho voltado para os valores humanos, respeitando a individualidade, a
história e a cultura de cada criança.
A creche conta com a participação dos pais nas reuniões e eventos escolares,
que são realizadas no decorrer do ano letivo, bem como a participação do
conselho tutelar e, secretaria de saúde quando solicitados. A creche realiza
anualmente o dia da família na escola, geralmente no mês de maio, com o
objetivo de estreitar essa relação escola/família que poderá contribuir
positivamente com a aprendizagem das crianças.
35
4.2 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA
Durante a minha atuação como coordenadora da educação infantil na creche
caracterizada, fui percebendo que existia certa fragilidade relacionada à
concepção avaliativa. Acontecia à observação diária, o preenchimento de
fichas ao final da unidade, mas de forma vaga, sem um objetivo
preestabelecido e sem registrar os resultados da observação, sendo aplicadas
atividades ao final das unidades e, de certa forma, a finalidade da avalição ali
desenvolvida estava bem distante dos objetivos apresentados por alguns
teóricos. Não havia o registro do desenvolvimento das crianças, não havia uma
reflexão coletiva da prática pedagógica, nem reuniões para discutir os avanços
e dificuldades detectados durante a avaliação por unidade e, em alguns casos
essa avaliação só era feita para cumprir uma exigência que era ao final do ano
entregar atividades realizadas pelas crianças as famílias (as ditas chamada
provas). Segundo Ferreira (2005), a avaliação é um instrumento indispensável
para acompanhar o processo de desenvolvimento do educando e redirecionar
durante todo o processo as atividades educativas, conduzindo os professores a
uma reflexão constante de todo o seu trabalho para que assim possa está
acompanhando, fazendo intervenções, aprimorando sua prática, contribuindo
com a aprendizagem e desenvolvimento das crianças.
Segundo Luckesi (2000, apud Meneghel, 2009) a função da avaliação é
diagnosticar para verificar os resultados de uma determinada ação tendo como
objetivo, refletir sobre a prática para poder redirecioná-la e a função da
avaliação não é julgar, classificar ou sentenciar, mas sim diagnosticar para
incluir.
Então, foi observado que esse tipo de avaliação apresentado por Luckesi
(2000, apud Meneghel, 2009) que é a avaliação que corrige a prática através
de um reflexão da atuação pedagógica para corrigi-la e aperfeiçoá-la, estava
fragilizada, pois além de acontecer em uma único momento determinado, ou
seja, ao final da unidade, buscavam focar só no cognitivo do aluno, fato
comprovado durante a entrevista realizada. Segundo Haydt (2009, apud
MARTINS, 2009, p.92):
36
A avaliação é integral”, uma vez que considera o aluno como um ser total e integrado e não de forma compartimentada. Todas as dimensões do aluno devem estar presentes, desde os aspectos comportamentais, cognitivos, afetivos, até os psicomotores.
Haydt (2009, apud MARTINS, 2009), ressalta que o professor precisa ter uma
visão e sensibilidade apurada ao avaliar as crianças para não acontecer de ao
invés de usar a avaliação como um instrumento que contribuirá para a
aprendizagem e desenvolvimento dela, venha prejudicá-la, ao preencher fichas
simplesmente para cumprir uma exigência, sem fazer da avaliação, como diz
Libâneo (2000, apud Meneghel, 2009) um instrumento auxiliador da sua prática
que deverá fazer parte constantemente de todo o processo educativo a fim de
conduzi-lo a uma reflexão da sua atuação como professor e assim buscar
novos caminhos que possam sanar as dificuldades observadas, contribuindo
assim para o desenvolvimento integral de todas as crianças.
4.3 OBJETIVO DA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
A proposta de intervenção tem como objetivo realizar reuniões constantemente
no decorrer do ano letivo, para estudar as concepções teóricas relacionadas ao
tema: “Avaliação da Aprendizagem na Educação Infantil”, envolvendo toda a
equipe escolar da Creche Nossa Senhora Santana para refletir a prática
pedagógica e as formas de avaliação, onde todos possam pensar, analisar,
sugerir estratégias que venham contribuir para uma prática avaliativa que ajude
a criança no seu processo de desenvolvimento, bem como incentivar o
professor para que possa persistir nessa prática ciente de que a avaliação faz
parte do processo ensino aprendizagem.
4.4 METODOLOGIA
A proposta de intervenção será apresentada e discutida na Creche Nossa
Senhora Santana durante a semana pedagógica de dois mil e dezesseis,
37
através de uma reunião com a presença de toda a equipe escolar para informá-
los sobre a necessidade de conhecer melhor o processo avaliativo bem como a
sua finalidade em prol da aprendizagem das crianças e apresentar também a
necessidade e importância da implantação e execução da proposta de
intervenção (PI). Logo após a explicação da finalidade da PI ouviremos a
equipe pedagógica sobre o que acham sobre a proposta. Em seguida
assistiremos ao vídeo: Reflexões sobre a avaliação na Educação Infantil com
Jussara Hoffmann, depois de assistir o vídeo a equipe será dividida em grupos
onde cada um listará cinco pontos interessantes do vídeo e em uma roda de
conversa, apresentará para os demais grupos, fazendo os comentários
necessários. Após a explanação de todos, os grupos formados farão a
elaboração de uma definição para avaliação, baseando-se na entrevista de
Jussara Hoffman e nas discussões realizadas. Depois, cada grupo falará sobre
as principais dúvidas relacionadas à avaliação que tinha antes de assistir o
vídeo e que ainda persistem para que a partir dessas dúvidas possamos
elaborar os temas para estudos no decorrer do ano.
Essas intervenções acontecerão a partir de fevereiro de 2016 durante a
semana pedagógica e se estenderá durante todo o ano letivo. Todas as
discussões serão baseadas no tema da minha pesquisa que é: “Avaliação da
aprendizagem na educação infantil” que busca esclarecer através da
concepção de alguns teóricos a questão de investigação que é a seguinte:
“Como o processo de avaliação na educação infantil pode contribuir para o
desenvolvimento e aprendizagem das crianças?” Durante o estudo desse tema
e busca de soluções para essa problemática foi realizada uma entrevista com
dezesseis professaras da EI que serão identificados por nomes de flores
durante a apresentação e analise dos dados. Tal entrevista é baseada na
perspectiva da pesquisa-ação, visando produzir novos conhecimentos através
de uma participação coletiva e democrática, conscientizando o grupo sobre os
pontos que precisam ser revistos para uma melhoria profissional, logo após
foram analisadas as respostas da entrevista, fundamentando-as de acordo com
alguns teóricos e, com base desses dados, reuniões serão realizadas onde
serão discutidos temas que possam está apresentando soluções para essa
questão, a fim de que possamos fazer da avalição um instrumento que
38
contribua com a aprendizagem e desenvolvimento integral das crianças. Tendo
como objetivo compreender o que é avalição na educação infantil para assim
poder utilizá-la na reflexão e transformação da prática pedagógica, fazendo
desse instrumento um aliado do processo ensino aprendizagem para promover
o desenvolvimento psicomotor, cognitivo, afetivo e social da criança.
4.5 CRONOGRAMA
PERÍODO AÇÃO ESTRATÉGIA
S
RESPONSAVE
L
RESULTADOS
05 a
31/10/2015
Revisão bibliográfica
Leitura de artigos, monografias e livros.
Autora do PI
Conhecimento melhor do tema pesquisado.
13 a
23/10/2015
Conversas informais a respeito do tema pesquisado com os docentes.
Conversas durante o intervalo das aulas e no trabalho.
Autora do PI
Concepção dos docentes a respeito do tema pesquisado.
24/02/2016
Apresentação do PI e sensibilização para execução do mesmo.
Reunião com a direção e professores
Autora do PI
Apresentação do PI
25/02/2016
Exposição do vídeo: Reflexões sobre a avaliação na educação infantil com Jussara Hoffmann.
Momento de reflexão e socialização sobre os momentos interessantes do vídeo em grupo e elaboração de uma definição para avaliação baseando-se no vídeo
Autora do PI
Exposição de vídeo
39
apresentado.
26/02/2016
Elaboração dos temas para estudos no decorrer do ano letivo de 2016
Reunião para discutir e listara as principais duvidas relacionadas a avaliação e a partir daí listar os temas para estudos no decorrer do ano
Autora do PI Reunião realizada
Quinzenalment
e
Durante o ano
letivo de 2016
Estudos dos
principais
teóricos que
falam sobre a
avaliação na
educação
infantil
Reuniões para
estudar sobre
as principais
concepções
teóricas
relacionadas à
avaliação
infantil;
reflexão e
relato de
experiência.
Sobre a pratica
pedagógica.
Autora do PI Reuniões
realizadas
4.6 RESULTADOS ESPERADOS
A partir da apresentação e implantação desta proposta de intervenção, almeja-
se que a direção, coordenação e o corpo docente da Creche Nossa Senhora
Santana possam ter uma nova visão em relação a avaliação na Educação
Infantil, buscando utilizá-la como uma aliada da sua prática através da
observação, reflexão , registro e ação de novas maneira de contribuir com a
aprendizagem das crianças, participando ativamente das reuniões para buscar
compreender melhor o processo avaliativo e assim aperfeiçoar a sua prática
pedagógica.
No decorrer das reuniões e discursões durante o ano espera-se que os
professores possam buscar aplicar os temas discutidos em sua sala de aula
para que a avaliação possa ser utilizada como uma forma de investigar e
40
mediar a ação pedagógica buscando sempre a sua melhoria e evolução do
desenvolvimento da criança.
Nessa perspectiva, espera-se que a avaliação venha contribuir com um nova
forma de avaliar na Creche Nossa Senhora Santana aprimorando a
aprendizagem das crianças e aperfeiçoando o fazer pedagógico de cada
professor.
4.7 AVALIAÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO
Para avaliar os resultados desse PI durante as reuniões que acontecerão no
decorrer do ano letivo, serão realizados momentos de análise sobre as
contribuições positivas da proposta apresentada e vivenciada.
5.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho foi desenvolvido com o auxílio das concepções de alguns teóricos
que acreditam que a avaliação na EI deverá seguir a proposta da observação,
registro e mudança de ações durante todo o processo de aprendizagem da
criança, sendo o professor um sujeito de grande importância durante a
realização dessa avaliação, interpretação e utilização dos seus resultados e, a
elaboração desse trabalho foi realizado também a partir de uma entrevistas
com alguns professores da EI como fonte de informação sobre como eles
avaliam nessa fase educacional, buscando entender esse processo para ajudá-
los a fazer da avaliação um instrumento mediador, facilitador e orientador do
seu trabalho e uma ferramenta aliada da criança nessa fase de
desenvolvimento.
Com a realização dessa pesquisa foi possível comprovar que alguns
professores demonstram certa dúvida em avaliar crianças nessa faixa etária,
muitas vezes deixando transparecer que a avaliação é realizada aleatoriamente
sem um planejamento e intencionalidade, pois os seus relatos demonstram que
avaliam mais o cognitivo da criança e, ainda assim comprometendo a função
41
da avaliação, tornando a prática profissional simples e desmotivadora pois, não
faziam uso dos resultados obtidos para reorientar a sua prática e a vivencia da
criança nessa ambiente educacional que acabava tornando-se maçante e sem
diversidade de experiência de aprendizagem (Micarello, 2010).
O que ficou claro durante a pesquisa foi que a maioria dos professores se
preocupa mais em avaliar o cognitivo da criança, levando em consideração se
ela aprendeu ou não o conteúdo que foi ensinado durante as aulas, fato que
precisa ser revisto, pois de acordo com Hydyt (2009) sendo avaliação integral,
o professor deverá observar e acompanhar o desenvolvimento da criança como
um todo e não por partes é preciso analisar o seu desenvolvimento cognitivo,
comportamental, afetivo e psicomotor para se ter um diagnóstico por completo
e assim o professor poderá refletir, registrar, acompanhar e replanejar a sua
prática.
De acordo com as concepções teóricas analisadas e os resultado da entrevista,
confirma-se que a finalidade da avaliação na Educação Infantil precisa ser
melhor compreendida para poder ser utilizada a favor da criança e do
aperfeiçoamento do trabalho do professor. Portanto, visando fazer com que a
prática avaliativa na EI desempenhe a sua real finalidade é preciso: realizar
constantemente reuniões para estudo da avaliação e reflexão da prática
pedagógica; momentos de troca de experiências e tira dúvidas para
aprimoramento profissional; formação continuada em serviço e desejo do
professor querer aperfeiçoar o seu trabalho através da dedicação aos estudos
e reflexão constante das atividades de aprendizagem oferecidas a crianças.
A avaliação é um meio que favorecerá o desenvolvimento das crianças,
servindo para que o professor conheça as limitações, dificuldades e ritmos de
cada uma, buscando ajudá-la e respeitando as suas individualidades.
Provisoriamente, após a entrevista foi percebido uma singela mudança de
entendimento e comportamento por parte de alguns profissionais, no que diz
respeito ao processo de avaliação na educação infantil voltada para a
observação, registro do desenvolvimento da criança e reflexão da prática
pedagógica, buscando a melhoria do processo de ensino/ aprendizagem.
42
Ressaltando que essa pesquisa ainda não tenha sido desenvolvida por
completo pois ainda falta a concretização de algumas atividades relacionadas
ao tema pesquisado que serão realizadas no decorrer do ano letivo de dois mil
e dezesseis, devido a falta de tempo e as muitas atribuições dos professores
que são comuns no final do ano letivo, porém mesmo a pesquisa estando em
processo, percebe-se que uma pequena mudança em relação a avaliação
nessa fase educacional, mudança essa que significa ao meu ver , uma
pequena luz no fim do túnel e que com o desenvolvimento das ações
programadas para o ano de dois mil e dezesseis e futuras pesquisas/ações
poderão intensificar cada dia mais a força e o brilho dessa luz.
A proposta de intervenção apresentada nesse trabalho tem a finalidade de
consolidar as ações planejadas para que a avaliação nessa fase de
desenvolvimento da criança possa ser concretizada. Assim, essa proposta de
intervenção apresenta alguns momentos envolvendo a direção, coordenação e
corpo docente da Creche Nossa Senhora Santana com o objetivo de promover
um momento de reflexão e sensibilização sobre a importância desse
instrumento avaliativo para o trabalho pedagógico e o sucesso da
aprendizagem e desenvolvimento da criança.
Espera-se que essa proposta de intervenção venha contribuir com a prática
pedagógica do professor da EI para que possa desenvolver uma atividade
avaliativa voltada para a observação e registro constante de todo o
desenvolvimento da criança, conhecendo cada vez mais suas características
para que possa fazer intervenções de modo que venha proporcionar novas
experiências de aprendizagem e buscando o aperfeiçoamento de sua prática
através de estudos relacionados ao tema para compreender como deve ser
feita essa avaliação e as maneiras de utilizar os seus resultados para promover
o desenvolvimento e a aprendizagem da criança na educação infantil.
Ao desenvolver uma avaliação embasada na reflexão constante da sua prática,
o professor estará sempre visualizando o desempenho da criança e não
perderá de vista o alvo a ser alcançado que é a aprendizagem do aluno - essa
é a garantia dada pela avaliação.
43
Desse modo, a avaliação é um instrumento essencial e indispensável para que
o processo educativo ocorra com qualidade através de uma constante
reflexão das diversas atividades desenvolvidas pela criança, contribuindo
assim com o fazer pedagógico do professor que fará as intervenções
necessárias, considerando, como diz Hoffmann (2006), a individualidade de
cada criança e o seu desenvolvimento físico, psíquico e emocional,
acompanhando cada evolução da criança através de uma avaliação que
questiona, observa, refleti e promove experiências diversas para que o aluno
continue se desenvolvendo a cada dia.
Na educação infantil é necessário e indispensável uma avaliação focada na
reflexão crítica da prática pedagógica que busque promover a democracia, a
emancipação, a libertação e o diálogo das crianças, através de ações
mediadoras, provocativas e desafiadoras, levando o professor a rever, refletir,
entender e reorientar a sua prática para transformá-la em favor do sucesso das
crianças.
Portanto, é possível deduzir que, se a avaliação for baseada na observação,
reflexão e transformação da reflexão em novas ações, poderá contribuir para o
sucesso educativo e evolutivo das crianças.
6.REFERÊNCIAS
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Brasil. Lei de Diretrizes e Bases da Educação. 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm. Acesso em 10 de outubro de 2015, 17:00.
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MEC/SEF, 1998. V.1,2, 3.
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44
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CIASCA, Maria Isabel Filgueiras Lima e Débora Lúcia Lima Leite Mendes. Estudos de avaliação na educação infantil. São Paulo. 2009. Disponível em :http://www.fcc.org.br/pesquisa/publicacoes/eae/arquivos/1494/1494.pdf. Acesso em: 2 de outubro de 2015, 21:00.
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HOFFMANN, Jussara. Avaliação Mediadora: Uma Relação Dialógica na Construção do Conhecimento. 2013. Disponível em:
http://destaquedu.blogspot.com.br/2013/09/avaliacao-mediadora-uma-relacao.html. Acesso em: 15 de outubro de 2015, 22:00. Acesso em: 10 de outubro de 2015, 23:00.
HOFFMANN, Jussara. Avaliação na pré- escola: um Olhar sensível e reflexivo sobre a criança. Porto Alegre: Mediação, 2000.1?
LOREN,Sophia . Site; Wikiquote. 1978. Disponível em: <https://pt.wikiquote.org/wiki/Sophia_Loren >. Acesso em: 18de setembro de 2015, 19:30
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45
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THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. Cortez. São Paulo.
1947. Disponível em: http://pt.scribd.com/doc/183548385/Metodologia-Da-Pesquisa-Acao-Michel-Thiollent#scribd>. Acesso em: 3 de outubro de 2015, 19:00.
46
7.ANEXOS
RESPOSTAS DAS ENTREVISTAS REALIZADAS COM OS PROFESSORES
DA EDUCAÇÃO INFANTIL
1 O que é avaliar na educação infantil?
“Avaliar é um processo muito importante na educação porque sem ela não
há aprendizagem e não tem como o professor avaliar o seu trabalho, nem
avaliar o desenvolvimento do aluno então, a avaliação é essencial e
primordial na educação.” (Margarida)
“É o meio pelo qual podemos observar se houve aprendizagem ou não.”
(Jasmim)
“Avaliação é uma maneira de diagnosticar os possíveis problemas que
precisam ser solucionados antes de dá segmento ao que foi planejado. É
uma forma de verificar o que está dando certo e o que está dando errado e
o mais importante buscar concertar o que está errado.”(Angélica)
“Avaliar é testar o conhecimento do aluno, vê se o nosso trabalho
está se desenvolvendo e se está chegando naquilo que a gente
queria”. (Girassol)
“Avaliação é vê a capacidade dos alunos, se o aluno aprendeu os
conteúdos que foram passados.” (Hortência)
2) Como você avalia seus alunos?
“A gente avalia tudo, os trabalhos deles, o potencial deles, o que
eles vão aprendendo, o que eles vão conhecendo, o
desenvolvimento deles se está crescendo ou diminuindo, aí a gente
avalia e conhece.” (Girassol)
47
“Avaliamos através das atividades lúdicas, atividades escritas e a
observação do dia a dia para verificar a evolução de cada um,
atividades são repetidas com o objetivo de comparar o
desenvolvimento de cada aluno tais atividades são aplicadas
propositalmente para analisarmos o seu desenvolvimento. E
registramos o avanço dos alunos individualmente e observamos
também o seu avanço através das atividades realizadas, ou seja,
usamos o portfólio como forma de acompanhar o desenvolvimento
do aluno.” (Margarida)
“Avalio todos os dias, avalio no desenvolvimento, no desempenho
deles durante as aulas.” (Jasmim)
“Eu avalio através da observação diária se eles estão se
desenvolvendo bem nas atividades e também avaliamos nosso
desenvolvimento, fazemos uma auto avaliação.” (Hortência)
“A gente avalia individualmente para vê se aprendeu ou não o que
foi trabalhado durante as aulas.” (Angélica)
3) Após a avaliação o que é feito com os resultados obtidos?
“Aqueles que não estão sendo bem desenvolvido a gente vai
trabalhar para que alcance a mesma coisa.” (Girassol)
“Após a avaliação a gente vai vê que forma podemos mudar a
metodologia, voltando com aqueles alunos que estão com
dificuldades e avançando com os que se desenvolveram bem e, os
que não conseguiram a gente volta. A revisão é uma prática
constante em nossas aulas e tem ajudado muito a sanar as
dificuldades detectadas.” (Margarida)
“Volto a ensinar tudo de novo para que eles peguem o assunto que
foi dado.” (Jasmim)
“Os que têm dificuldades a gente volta tudo de novo do início até o
fim.” (Hortência)
48
“Volto a trabalhar tudo de novo com o assunto que não teve um bom
resultado.” (Angélica)
4) O que você acredita que pode ser feito quando uma criança na
educação infantil não consegue alcançar os objetivos traçados para a
série em que ela se encontra?
“Alunos com dificuldades, na minha opinião deve ficar, permanecer,
pois, seria uma forma que teríamos de rever o que ela não
aprendeu.”( Girassol)
“Acredito que deve ser avançado para a próxima turma, pois esta
criança está em desenvolvimento e também tem que levar em
consideração as condições que a escola ofereceu para que ela se
desenvolvesse e alcançasse os objetivos traçados para a série
dela.” (Margarida)
“Os alunos que continuam com dificuldades devem permanecer na
mesma turma para sair pronto, atendendo os objetivos traçados para
aquela turma.” (Jasmim)
“Acho que deve permanecer apesar do sistema não permitir, mas,
penso que essa criança deverá permanecer para que no próximo
ano alcance os objetivos da série.” (Hortência)
“Acho que a criança deva ficar retida na mesma série se foram feitas
as tentativas referentes a avaliação. Cada criança tem um tempo
diferente de aprendizagem.” (Angélica)
A entrevista foi fundamentada nas seguintes questões:
1) O que é avaliar na educação infantil?
2) como você avalia seus alunos?
3) Após a avaliação o que é feito com os resultados obtidos?
4) O que você acredita que pode ser feito quando uma criança na educação
infantil não consegue alcançar os objetivos traçados para a série em que ela se
encontra?
49
Buscando responder essas questões vamos analisar as respostas de cinco
professores dos dezesseis entrevistados, baseadas nos referencias teóricos e
buscar compreender como a avaliação está sendo utilizada na instituição acima
citada e, se ela está contribuindo para o desenvolvimento e aprendizagem das
crianças.
De acordo com a entrevista realizada com os professores que ensinam na EI
da referida creche foi possível perceber certa insegurança nas respostas de
alguns em relação a essa avaliação, ficando claro que muitas vezes as
respostas se contradiziam e por isso, faz-se necessário ter uma discussão mais
detalhada, embasada nos teóricos que defendem a avaliação nessa área como
aliada da aprendizagem que deverá contribuir com a aprendizagem das
crianças e, não acabe sendo uma forma de prejudicá-las Hoffmann (1996),
ainda que inconscientemente e também para que os professores tenham uma
olhar mais sensível para esse instrumento que poderá fazer toda a diferença
tanto para a sua prática como para o avanço das crianças se for usado
adequadamente.
A analise das respostas abaixo, leva-nos a pensar que a avaliação na
educação infantil é um instrumento indispensável para que a aprendizagem
aconteça pois, ao avaliar, o professor poderá acompanhar o desenvolvimento
da criança, suas dificuldades e redirecionar sua prática para que a
aprendizagem continue acontecendo. Então, a avaliação para esses
professores é como um diagnóstico que refletirá o resultado do trabalho
desenvolvido, indicando se os objetivos relacionados a concretização do
desenvolvimento das crianças foi alcançado. Vejamos:
“Avaliar é um processo muito importante na educação porque sem ela
não há aprendizagem e não tem como o professor avaliar o seu trabalho,
nem avaliar o desenvolvimento do aluno então, a avaliação é essencial e
primordial na educação.” (Margarida)
“É o meio pelo qual podemos observar se houve aprendizagem ou não.”(
Jasmim)
50
“Avaliação é uma maneira de diagnosticar os possíveis problemas que
precisam ser solucionados antes de dá segmento ao que foi planejado. É
uma forma de verificar o que está dando certo e o que está dando errado
e o mais importante buscar concertar o que está errado.”( Angélica)
As respostas apresentadas mostram que os professores tem certa convicção
sobre a importância da avaliação no processo ensino aprendizagem. Segundo
Hoffmann (2005) e o RCNEI(1998) a avaliação e a aprendizagem devem
caminhar lado a lado pois a avaliação dará vida a todo o processo educativo se
seguida de uma constante e comprometida reflexão do que foi feito para que a
aprendizagem da criança acontecesse, só assim a própria avaliação norteará o
caminho que conduzirá a melhoria do ensino e da aprendizagem. É através da
avaliação que o professor corrigirá e buscará melhorar a sua prática, Freire
(1984). Portanto, a avaliação é um instrumento importantíssimo e indispensável
no processo ensino aprendizagem pois, ela servirá como espelho e como
bússola, espelho para refletir as dificuldades e avanços e bússola para mostrar
o caminho a ser seguido para alcançar os objetivos traçados em prol da
aprendizagem e desenvolvimento das crianças. Para Hoffmann(2000, apud
SILVA, p.7):
A avaliação em educação infantil precisa resgatar urgentemente o
sentido essencial de acompanhamento de desenvolvimento e de
reflexão permanente sobre as crianças em seu cotidiano como elo da
continuidade da ação pedagógica.
Ainda sobre a questão acima, foi observado também que alguns professores
ainda trazem consigo a questão simplesmente de vê o que o aluno aprendeu
durante as aulas, usando a avaliação como forma de testar o conhecimento do
aluno, como veremos logo a seguir:
“Avaliar é testar o conhecimento do aluno, vê se o nosso trabalho está se
desenvolvendo e se está chegando naquilo que a gente queria”.
(Girassol)
“Avaliação é vê a capacidade dos alunos, se o aluno aprendeu os
conteúdos que foram passados.” (Hortência)
Segundo Hoffmann (2000, apud SANTOS, p. 8):
51
“Os pressupostos básicos que devem fazer da avaliação uma prática
mediadora, é torná-la investigativa e não sentensiva, mediadora e
não constatativa porque é a dimensão da interação adulto/criança
que justifica a avaliação na Educação Infantil e não a certeza, os
julgamentos e afirmações inquestionáveis sobre o que ela é ou não
capaz de fazer”.
Percebe-se que a questão avaliativa nesses dois casos está mais a favor de
verificar se o aluno aprendeu ou não, medir ou testar o conhecimento enquanto
que a avaliação não é para medir a capacidade do aluno, mas ser usada como
forma de comunicação entre o professor e o aluno mostrando em quais
sentidos a criança precisará da intervenção do professor para continuar no seu
processo evolutivo. Usar a avaliação como forma de medir ou testar o
conhecimento do aluno é usá-la como sentensiva e punitiva, Hoffmann (2000).
Os relatos acima mostram que surge uma divergência entre as ideias
relacionadas à avaliação na educação infantil, três professores veem a
avaliação como uma forma de subsidiar o seu trabalho pedagógico, através da
observação, reflexão e ação.
Um processo avaliativo permanente de observação, registro e reflexão acerca do pensamento das crianças, de suas diferenças culturais e de desenvolvimento, embasador do repensar do educador sobre o fazer pedagógico. (Hoffmann, 1996, p.19)
Essa é a finalidade da avaliação, um processo permanente que dará subsídios
ao professor repensar o seu fazer pedagógico e não um instrumento para
medir unicamente o nível de aprendizagem do aluno em relação ao que foi
ensinado durante as aulas. Para Kramer (1989, apud CIASCA, 2009, p.301):
[...], os avaliados são única e exclusivamente os educandos. Por isso, é necessário analisar criticamente essa prática, pois o fato de na maioria das vezes os alunos serem o único objeto da avaliação revela a estrutura de poder e autoridade da grande maioria das instituições escolares.
Percebe-se a necessidade de realizar reuniões que venham contribuir com um
pensamento unificado para que a avaliação não aconteça simplesmente na
sala de aula, mas, em todas as áreas da escola e em toda a instituição de
igual modo, respeitando a individualidade, limite e ritmo de aprendizagem de
cada criança.
52
A forma de avaliar as crianças acontece todos os dias, segundo quatro
professores entrevistados como podemos verificar abaixo:
A gente avalia tudo, os trabalhos deles, o potencial deles, o que eles vão
aprendendo, o que eles vão conhecendo, o desenvolvimento deles se
está crescendo ou diminuindo, aí a gente avalia e conhece. (Girassol)
Avaliamos através das atividades lúdicas, atividades escritas e a
observação do dia a dia para verificar a evolução de cada um, atividades
são repetidas com o objetivo de comparar o desenvolvimento de cada
aluno tais atividades são aplicadas propositalmente para analisarmos o
seu desenvolvimento. E registramos o avanço dos alunos individualmente
e observamos também o seu avanço através das atividades realizadas,
ou seja, usamos o portfólio como forma de acompanhar o
desenvolvimento do aluno. (Margarida)
“Avalio todos os dias, avalio no desenvolvimento, no desempenho deles
durante as aulas.”( Jasmim)
“Eu avalio através da observação diária se eles estão se desenvolvendo
bem nas atividades e também avaliamos nosso desenvolvimento,
fazemos uma auto avaliação.”( Hortência)
De acordo com o relato desses professores a avaliação deverá ser continua,
porém, chama-nos a atenção que somente um fala em registro para
acompanhar o desenvolvimento das crianças e segundo a LDB(1996) na EI a
avaliação deverá ser feita através do registro do desenvolvimento das crianças
para que o professor possa está observando e acompanhado todo o processo
(Brasil 1996), levando em consideração os seus limites e as suas necessidades
para que através do incentivo e do acompanhamento constante, o professor
possa tornar-se um facilitador nesse processo de aprendizagem e evolução da
criança. O RCNEI, (1996) ainda completa que a avaliação embasada na
observação e registro, torna-se uma avaliação formativa que dará suporte ao
professor para refletir a sua prática pedagógica, bem como as condições
oferecidas para que as necessidades das crianças sejam supridas,
acontecendo assim a sua aprendizagem. Esse referencial deixa bem claro
53
que a avaliação na El não tem nenhuma ligação com a questão de promover,
punir, classificar ou dá notas, mas classifica-se como um instrumento
indispensável na prática pedagógica para que o professor possa criar novas
possibilidades que venham contribuir com o desempeno de cada criança.
Nesse caso, o RCNEI (1998) ressalta que a proposta avaliativa na El não é
para avaliar a criança, mas, avaliar se as condições oferecidas foram
suficientes para contribuir com o seu desenvolvimento, então, deduz-se que a
reflexão da prática pedagógica deverá ser constante durante todo o processo
educativo afim de que o professor possa replanejar suas ações de forma que a
criança continue avançando. Hoffmann(1996) também apresenta alguns
pressupostos básicos para a avaliação na educação infantil e dentre eles
destaca-se:
“[...] um processo avaliativo permanente de observação, registro e reflexão acerca do pensamento das crianças, de suas diferenças culturais e de desenvolvimento, embasador do repensar do educador sobre o fazer pedagógico. (Hoffmann,1996, p.19).
Oliveira (2002) também afirma que a avaliação não deverá ser utilizada como
instrumento para medir, julgar ou punir mas, como um instrumento de
investigação que servirá para o professor perceber as mudanças no
desenvolvimento da criança, bem como rever, refletir, registrar, acompanhar e
reformular os seus objetivos em favor da aprendizagem continua e,
confirmando a importância dos registros durante a avaliação, Bassedas (1999)
e Barbosa (2004) relatam que os registros são instrumentos importantíssimos
para os professores observarem, anotarem e acompanharem toda a trajetória
da turma de forma global e individual, tendo uma visão geral de todo o
processo educativo, tornando-se assim um valioso instrumento de reflexão por
conter a memória de todo o trabalho desenvolvido pela turma, servindo assim
como um ponto de partida para o replanejamento e avaliação da prática
pedagógica.
Após a avalição os resultados deverão servir para o professor refletir, rever a
prática e mudar a metodologia para ajudar a sanar as dificuldades encontradas.
“Aqueles que não estão sendo bem desenvolvido a gente vai trabalhar
para que alcance a mesma coisa.” (Girassol)
54
“Após a avaliação a gente vai vê que forma podemos mudar a
metodologia, voltando com aqueles alunos que estão com dificuldades e
avançando com os que se desenvolveram bem e, os que não
conseguiram a gente volta. A revisão é uma prática constante em nossas
aulas e tem ajudado muito a sanar as dificuldades detectadas.”
(Margarida)
“Volto a ensinar tudo de novo para que eles peguem o assunto que foi
dado.” (Jasmim)
“Os que têm dificuldades a gente volta tudo de novo do início até o fim.”
(Hortência)
“Volto a trabalhar tudo de novo com o assunto que não teve um bom
resultado.” (Angélica)
Ao comparar as respostas das professoras Girassol e Margarida com os
demais professores, deduz-se que os dois primeiros utilizam os resultados da
avaliação como forma de refletir, redirecionar e buscar novas alternativas de
aprendizagem para que a criança vivencie novas experiências que contribuam
para o seu avanço, seu desenvolvimento e supressão das dificuldades
apresentadas, através de um novo planejamento, uma nova ação e um novo
olhar ao ensinar. Entretanto, as professoras Jasmim, Hortência e Angélica
deixam parecer que os resultados obtidos da avaliação servirão para “voltar a
ensinar tudo de novo” esse “tudo de novo” deixar a entender que é da mesma
forma, sem uma reflexão da prática, sem uma reformulação do planejamento e
sem novas metodologias, ficando claro que só voltam para que a criança
aprenda o conteúdo ensinado. “Segundo Unglaub (2005, apud SANTOS, p. 9):
A avaliação, para ser abrangente e justa, precisa levar em conta que
as diferenças individuais e as formas de aprendizagem variam de
pessoa para pessoa. Uns aprendem apenas ouvindo atentamente;
outras precisam ver; mas há aqueles que precisam do toque da mão
amiga.
De acordo com essa concepção sobre avaliação, percebe-se a necessidade do
professor está refletindo sua forma de ensinar e diversificando-a, pois as
formas de aprender são diversas, as crianças não aprendem todas ao mesmo
tempo e da mesma maneira, portanto, é preciso que o professor reflita
criticamente a sua prática para que possa melhorá-la e consequentemente
55
melhorar também a aprendizagem da criança. Como diz freire (1996) ao refletir,
replanejar e melhorar a prática o professor com certeza buscará novas formas
de ensinar para que o seu aluno que não alcançou o objetivo traçado possa ter
o direito de vivenciar novas experiências de aprendizagem que contribuam
para o seu avanço educacional.
O artigo 31 da LDB (1996) declara que a avaliação na El não tem a finalidade
de promover a criança para a série seguinte ou para o ensino fundamental, ela
só servirá para observar, acompanhar e registrar o desenvolvimento da
criança. Vejamos a concepção dos entrevistados em relação à avaliação como
instrumento de promoção da criança para a série seguinte e, o que deve ser
feito quando a criança na EI não consegue alcançar os objetivos traçados para
a série em que ela se encontra:
“Alunos com dificuldades, na minha opinião deve ficar, permanecer, pois,
seria uma forma que teríamos de rever o que ela não aprendeu.”(
Girassol)
“Acredito que deve ser avançado para a próxima turma, pois esta criança
está em desenvolvimento e também tem que levar em consideração as
condições que a escola ofereceu para que ela se desenvolvesse e
alcançasse os objetivos traçados para a série dela.”(Margarida)
“Os alunos que continuam com dificuldades devem permanecer na
mesma turma para sair pronto, atendendo os objetivos traçados para
aquela turma.”( Jasmim)
“Acho que deve permanecer apesar do sistema não permitir, mas, penso
que essa criança deverá permanecer para que no próximo ano alcance os
objetivos da série.”( Hortência)
“Acho que a criança deva ficar retida na mesma série se foram feitas as
tentativas referentes a avaliação. Cada criança tem um tempo diferente
de aprendizagem.”( Angélica)
Analisando as questões, fica evidente que a maioria dos professores vêem a
avaliação como uma forma de promover os que consideram aptos para a série
56
seguinte e conservar os que não alcançaram os objetivos traçados. Segundo a
LDB (1996), a avaliação é acompanhamento do desenvolvimento da criança e
o RCNEI (Brasil 1998) não mostra em momento nenhum a avaliação como
forma de promover para série seguinte, mas, tem a avaliação como uma
auxiliadora do trabalho do professor. Segundo Hoffmann (1996) no Brasil são
muitos os casos de crianças que permanecem retidas na pré-escola por não
terem alcançados os objetivos traçados para a série que estudava.
“A avalição em Educação Infantil precisa resgatar urgentemente o
sentido essencial de acompanhamento do desenvolvimento e
reflexão permanente sobre as crianças em seu cotidiano como elo da
continuidade da ação pedagógica.” (Hoffmann, 2000, p.48).
O RCNEI (2009) afirma que a avalição não tem a função de reter a criança na
EI, mas, de orientar o professor em função da aprendizagem e formação
integral de todas as crianças. Infelizmente, alguns professores ainda acreditam
que a avaliação poderá medir o conhecimento do aluno, mas a sua real
finalidade é ter um caráter investigativo e mediador entre o professor e
criança, Hoffmann (2000). A concepção de Libâneo( 1990) sobre avaliação é
que ela faz parte do processo educativo indicando o caminho que dará
continuidade ao processo e não um momento final, que julga e castiga. Para
Kramer (1998), ao invés de avaliar para conservar ou punir a avaliação
deveria ser utilizada como uma dinâmica capaz de modificar tanto o agir do
professor quanto contribuir com a aprendizagem e desenvolvimento integral da
criança. Pensar a avaliação dessa forma é respeitar, acompanhar e
compreender a criança, sendo o professor o mediador desse processo que
busca transformar o seu planejamento para atender e sanar as dificuldades
identificadas nos momentos adequados para que a criança continue
avançando.