OutrOlhar 39 - Dezembro 2014

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LUTA PELA DESCONSTRUÇÃO DO MACHISMO JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO ANO 11 - EDIÇÃO Nº 39 DEZEMBRO DE 2014 Raiz dos principais crimes cometidos contra mulheres é combatida página 7 OPINIÃO Entenda por que a reforma política deveria nos interessar página 3 NICO LOPES É COISA SÉRIA! Divulgação Enecos CONTADORES DE HISTÓRIA Há 85 anos a marcha Nico Lopes atrai estudantes pelas ruas de Viçosa em busca de melhorias e mudanças página 9 INCLUSÃO ESPORTIVA Modalidades do projeto são trabalhadas para atender a pessoas com deficiência e em vulnerabilidade social página 16 “NÓS NÃO ESTAMOS LONGE DE UM HOMEM DE FERRO” Novas tecnologias permitem que usuários possam mover objetos sem precisar tocá-los. Projeto de es- tudantes na UFV usa sensor de Xbox pra controlar drone página 4 Thalison Oliveira Projetos resgatam a prática da “contação” de histórias, levando clássicos infantis e outros contos adaptados e inventados por eles para praças, esco- las e instituições de Viçosa e região página 12 SEXO SEM PROTEÇÃO, NÃO! As famosas DST’s não escolhem quem pegar, todos estão sob risco de contágio se não houver prevenção correta. Mantenha-se protegido página 11 CONTADORES DE HISTÓRIA CONTEMPORÂ- Ribeirão que abastece a cidade sofre com o desca- so, poluição e moradias irregulares em suas margens prejudicam e podem trazer problemas página 14 SÃO BARTOLOMEU EM APUROS Mariana Balduci

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Edição nº 39 do jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social/Jornalismo da Universidade Federal de Viçosa (UFV)

Transcript of OutrOlhar 39 - Dezembro 2014

Page 1: OutrOlhar 39 - Dezembro 2014

LUTA PELA DESCONSTRUÇÃO DO MACHISMO

JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO ● ANO 11 - EDIÇÃO Nº 39 ● DEZEMBRO DE 2014

Raiz dos principais crimes cometidos contra mulheres é combatida página 7

OPINIÃO Entenda por que a reforma política deveria nos interessar página 3

NICO LOPES É COISA SÉRIA!

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ação

En

eco

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CONTADORES DE HISTÓRIA

Há 85 anos a marcha Nico Lopes atrai estudantes pelas ruas de Viçosa em busca de melhorias e mudanças

página 9

INCLUSÃO ESPORTIVA

Modalidades do projeto são trabalhadas para atender a pessoas com deficiência e em vulnerabilidade social

página 16

“NÓS NÃO ESTAMOS LONGE DE UM HOMEM DE FERRO” Novas tecnologias permitem que usuários possam mover objetos sem precisar tocá-los. Projeto de es-tudantes na UFV usa sensor de Xbox pra controlar drone página 4

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Oliveira

Projetos resgatam a prática da “contação” de histórias, levando clássicos infantis e outros contos adaptados e inventados por eles para praças, esco-las e instituições de Viçosa e região página 12

SEXO SEM PROTEÇÃO, NÃO!

As famosas DST’s não escolhem quem pegar, todos estão sob risco de contágio se não houver prevenção correta. Mantenha-se protegido página 11

CONTADORES DE HISTÓRIA CONTEMPORÂ-

Ribeirão que abastece a cidade sofre com o desca-so, poluição e moradias irregulares em suas margens prejudicam e podem trazer problemas página 14

SÃO BARTOLOMEU EM APUROS

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OUTROLHARDEZEMBRO DE 2014OPINIÃO

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AO LEITORUm jornal-laboratório se

produz à custa de muito tra-balho, muita determinação, muito suor. De preferência com a devida atenção para que, à medida que as difi-culdades apareçam, os em-pecilhos possam mostrar as problematizações existen-tes na atividade de se fazer jornalismo.

A participação de todos envolvidos na produção é fundamental. Igualmente importante é a sincroniza-ção de atividades voltadas em prol das edições, assim como o cumprimento de todos os afazeres previstos. Tal e qual ocorre nas reda-ções dos grandes jornais. Uma só falha acaba derru-bando todo o processo.

Desenvolvido desde de-zembro de 2003, quando foi editado o exemplar nº 1, OutrOlhar conquistou re-conhecimento dentro e fora da Instituição. Além das im-

portantes parcerias do CCH e da reitoria da instituição que possibilitam as edições auxiliando nos custos gráfi-cos, devemos ainda ressal-tar o empenho e o apreço dos acadêmicos pela ativi-dade. Na redação do jornal eles podem colocar em prá-tica (em laboratório) tudo aquilo que aprenderam nas disciplinas teóricas. O resul-tado é este que você leitor está acostumado a receber em nossas edições.

Esta edição do OutrOlhar encerra as atividades da tur-ma no presente semestre. Esperamos que você goste e ajude a divulgar este traba-lho que sempre é realizados com muita dedicação e com o carinho que você merece.

Boa leitura.

Joaquim LannesEditor

É TEMPO DE ESCOLHA

Não há dúvidas de que o mercado de trabalho bra-sileiro está cada vez mais competitivo e o crescimento do nível de instrução formal do trabalhador brasileiro indica e comprova este fato.

Contratações com base nesse critério são cada vez mais comuns. Isso contribui para a proliferação de cur-sos de capacitação técnica, além de cursos superiores, tanto de graduação quanto de pós-graduação.

Decidir a carreira envol-ve escolhas difíceis e mui-tos estudantes ficam em dúvida entre optar por um curso técnico, tecnológico, licenciatura ou bacharela-do. Diante dessa situação a pergunta que se faz é: Como entender as exigências do mercado de trabalho?

Em primeiro lugar é im-portante ter em vista que está faltando profissionais para preencher milhares de vagas que muitas vezes só exigem qualificações bási-

cas. Nesse sentido, cursos preparatórios são uma op-ção estratégica na busca por emprego quando se está co-meçando. Eles possibilitam a aquisição de conhecimen-tos teóricos e práticos para o domínio de uma habili-dade específica, diferencial que traz a oportunidade de se ter boas chances de su-cesso.

Se o seu objetivo é entrar mais rapidamente no mer-cado de trabalho o ideal é optar por um curso técnico. Eles duram em média entre um e dois anos e são dire-cionados para estudantes de Ensino Médio ou pesso-as que já tenham concluído esse nível de instrução.

A formação técnica ca-pacita o aluno com conhe-cimentos teóricos e práticos para trabalhar nas diversas áreas do setor produtivo, desenvolvendo projetos, coordenando atividades es-pecíficas ligadas à determi-nada área do conhecimento,

dentre outras funções. Se você anseia uma for-

mação mais generalista, o melhor caminho são os cur-sos de graduação - bachare-lado, licenciatura ou tecno-logia. Eles tem uma duração estimada entre 4 e 6 anos e formam profissionais com competência em determina-do campo do conhecimento. Tradicionalmente, estão li-gados às áreas de Biologia, Geografia, Física, Química, Letras, Economia, Artes, De-sign, Medicina, Direito, Ar-quitetura, Administração de Empresas, Jornalismo, etc.

A escolha é sua e todo es-forço de atualização é extre-mamente vantajoso. Além disso, obtenha informações sobre o mercado de traba-lho tendo como base a área de preferência, fique atento às novidades e tendências e nunca deixe de investir na sua capacitação profissio-nal.

Iago Santos

O jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Viçosa (UFV - MG) é produzido para os estudantes do Ensino Médio das escolas públicas do município e adjacências. Atualmente o jornal encontra-se sob a responsabilidade da turma 2013, na dis-ciplina COM 252 - Jornal- Laboratório I

EDITORProf.º Joaquim Sucena Lanne

MONITORIAFelipe Pacheco

DIAGRAMAÇÃOTaiane Souza, Everton Marques, Mateus Dias, Núbya Fontes, Ronan dos Santos, Jésus Dias, Gustavo Pires, Érick Coelho e Robson Filho

REVISORESCleomar Marin, Ingrid Carraro e Karina Men-des

APOIOCentro de Ciências Humanas Letras e Artes - CCH

REITORAProf.ª Nilda de Fátima Ferreira

DIRETORA DO CCHProf.ª Maria das Graças Floresta

CHEFE DO DCMProf.º Joaquim Sucena Lannes

COORDENADORA DO CURSO DE JORNALISMOProf.ª Mariana Ramalho Procópio Xavier

Tiragem desta edição: 2000 exemplareswww.com.ufv.br

ENDEREÇOVila Gianetti, casa 39Campus Universitário 36570-000Viçosa - MGTel.: 3899-2879

Os textos assinados não refletem necessariamente a opinião da instituição ou do Curso, sendo da responsabilidade de seus autores e fontes. Cópias são autorizadas, desde que o conteúdo não seja modificado e que sejam citados o veículo e o(s) autor(es).

PESSOAS QUE MUITO FALAM, MAS NADA DIZEMrentes. Nossas timelines, en-tão, ficam lotadas de textos. Muita gente quer expressar seu ponto de vista, e os ado-lescentes são líderes nesse tipo de comportamento.

Representando aproxi-madamente um terço do eleitorado brasileiro, ou seja, cerca de 45 milhões de pessoas, segundo o Instituto de Pesquisas Data Popular, o jovem parece ter perce-bido e tomado consciência da importância e do peso da sua opinião no cenário polí-tico nacional.

A desinibição em postar o que quiser leva essas pes-soas a escrever. E elas estão produzindo muito. Tudo vira motivo, até o fato de ter muitos textos na timeline é

motivo pra escrever algo co-mentando isso. Mas é preci-so tomar cuidado.

É comum encontrarmos textos mal escritos, com er-ros de português e concor-dância. E pior, comentários preconceituosos não são raros. Talvez não por mal-dade, mas sim por uma di-ficuldade enorme em lidar

com as palavras. Se você é um desses que

gosta de se expressar, fique atento. Antes de tudo leia mais, tome conhecimento daquilo que quer falar, re-almente entenda os fatos. E não se esqueça, não maltra-te nosso querido português.

Ricardo Almeida

Investir na capacitação profissional é semrpe a melhor solução antes de ingressar no mercado de trabalho

outros, eram usados, em sua maior parte, para di-vulgação justamente dessas mídias. Quem não se lem-bra do quanto o Facebook “bombava” com fotos e com-

partilhamentos, sobretudo humorísticos? Parecia que havia uma disputa entre o post mais engraçado, ou a foto mais curtida. Não estou dizendo que isso acabou, de forma alguma, mas se parar pra pensar notará que de fato esse comportamento diminuiu.

Atualmente nota-se uma necessidade de expressão. As pessoas julgam impor-tante expor a opinião, para que, de alguma forma, con-sigam mudar o pensamento de alguém com ideias dife-

Você é muito ocupado? Não gosta de ler grandes textos na internet? Tem pre-guiça de quem escreve mui-to? Então essa matéria é do seu interesse.

Quem nunca esteve “pas-seando” pelo Facebook, ou qualquer outra rede social, e se deparou com grandes textos que abordavam te-mas delicados como abor-to, redução da maioridade penal, e, muito frequente em época de eleição, temas políticos. Se, por acaso, nun-ca viu algo do tipo, com cer-teza você é uma pessoa que frequenta pouco as redes sociais, fato que é raro hoje.

A princípio, esses espa-ços para divulgação de fo-tos, vídeos, memes, entre É o que a maioria das pessoas têm vontade de dizer.

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ução

“Leia mais, tome conhecimento daquilo que quer falar, realmente entenda os fatos. E não se esqueça, não maltrate nosso querido

português.”

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OUTROLHARDEZEMBRO DE 2014 OPINIÃO

PARTICIPAÇÃO DOS JOVENS NA POLÍTICA

O voto no Brasil é com-pulsório, o que quer dizer que, quando chegam as elei-ções, todo mundo com um título de eleitor é obrigado a ir votar. Todo mundo? Não, a exceção a essa regra são aqueles eleitores com idade entre 16 e 18 anos e supe-rior a 65.

Mas vamos falar dos jo-vens. Desde as primeiras eleições diretas (depois do fim da ditadura militar), quando o movimento estu-dantil conquistou a partici-pação da juventude na polí-tica, o voto facultativo para menores de idade vem ge-rando discussão. A socieda-de passou a debater sobre a aptidão desse grupo para o voto e sua capacidade de lidar com tamanha respon-sabilidade.

A juventude tem posições políticas com demandas es-pecíficas e prioridades dife-rentes daquelas do resto da população. Sendo os maio-res beneficiados por elas, pautas como a melhoria na educação e maior igualdade social são as mais visadas.

Surge então a falácia de que o jovem não saberia votar, uma vez que medidas eco-nômicas e relações inter-nacionais raramente fazem a cabeça dos adolescentes. Não que mereçam menos atenção ou que tenham uma importância inferior, mas,

como toda minoria, os jo-vens tem suas prioridades e suas necessidades. Exigir que votem como um eco-nomista de 40 anos é in-congruente e contraditório, afinal, é justamente o equi-líbrio a esse tipo de pensa-mento que vieram impor.

Mas desde a eleição de Fernando Collor em 1990, primeiro presidente eleito com a participação dos jo-vens, até a reeleição de Dil-ma Roussef, em 2014, o nú-mero de eleitores com 16 e 17 anos diminuiu bastante. Nas eleições de 1992 che-

garam a atingir 3,2 milhões de brasileiros, mas esse nú-mero vem caindo para, em média, dois milhões nos últimos pleitos. A falta de interesse dos adolescentes na política é um obstáculo latente para o pleno e satis-fatório desenvolvimento da democracia, já que são es-ses votos que, em breve, se tornarão o eleitorado majo-ritário.

Esse eleitor tem um ca-ráter revolucionário por natureza. É uma fase de mudança, de afirmação, e é nela que começamos a for-mar nosso entendimento de como o país funciona. É com base na luta por respeito e voz que vêm os votos daque-les que não são obrigados a votar. Uma classe política com voz abafada e muitas vezes menosprezada, mas é na urna que todo mundo se iguala. É na hora do voto que somos todos igualmen-te brasileiros, e é nessa hora que mais precisamos ser.

João Negrelli

Juventude brasileira se interessa cada vez menos pela participação eleitoral, e a presença de adolescentes de 16 e 17 anos nas urnas diminuiu nos últimos pleitos

REFORMA POLÍTICA, E DAÍ?As urnas mal haviam

descansado após o segundo turno das eleições presiden-ciais e, 2 dias depois da ree-leição de Dilma Roussef, seu decreto nº 8243/2014, que pretendia mudar a forma como o executivo toma suas decisões, foi derrubado no Congresso. A proposta, que

buscava incluir a sociedade civil nas decisões de órgãos do executivo foi derrotada com festa pela oposição e até pelos aliados do gover-no.

Ver grupos opostos ce-lebrando o resultado causa estranheza e levanta algu-mas questões. Os tais gru-pos opostos, na verdade, nem são tão opostos assim. Em comum, recebem todos doações das mesmas pes-soas. Dos novos deputados, 360, ou seja, 70% da casa, receberam dinheiro de pelo

menos uma das 10 maiores empresas financiadoras de campanha. Financiamento eleitoral que está por trás da maioria dos casos graves de corrupção, segundo o mi-nistro do STF, Luís Roberto Barroso.

O que une, acima de tudo, oposição e governismo, po-

rém, é a dependência ao PMDB. O maior partido bra-sileiro, num congresso tão grande e pulverizado, cobra o preço da governabilidade em favores políticos. Parti-dos menores e de aluguel, mas de mesma estatura ide-ológica fazem o mesmo. Os cargos e cadeiras recebidos são usados, então, para pa-gar os favores das empresas que financiaram suas cam-panhas. Pode não ser a raiz de toda a corrupção, mas explica muitos casos.

É para sanar problemas

como esse que se faz neces-sária uma reforma. A polí-tica brasileira virou um ne-gócio, eficiente e altamente lucrativo - para interesses privados - e sabidamente não-funcional quando o as-sunto é o bem-comum. Um dos pontos abordados em algumas das propostas de reforma política, por exem-plo, é justamente o fim do fi-nanciamento de campanha por empresas. Assim, como o voto distrital, fim da ree-leição, votações majoritá-rias em lista fechada, entre outros.

O importante é o seguin-te: seja via plesbiscito, re-ferendo ou uma constituin-te, mudanças importantes no cenário político devem ocorrer nos próximos anos. Essas propostas podem não resolver todos os proble-mas na política brasileira, mas se “política todo ano é a mesma coisa”, mudar al-gumas regras do jogo pode melhorar algo. Se informe, opine, participe. Vote. Mu-danças reais podem aconte-cer e nosso papel pode ser crucial.

Érick Coelho

Voto compulsório: É uma prática que requer que as pessoas votem ou jus-tifiquem seu voto nas seções eleitorais quan-do em época de eleição.Eleição direta: É a forma de eleição onde a popula-ção vota diretamente nos candidatos escolhidos.Decreto: são ordens diretas de um dos chefes dos po-deres executivos, que podem ser analisados pelo Con-gresso e mantidos ou não, caso assim eles decidam.Sociedade Civil: é o con-junto de organizações cívi-cas voluntárias desligadas do poder público que for-mam a base de uma socie-dade em funcionamento. Poder Executivo: é uma das três subdivisões do governo brasileiro composta pelo presidente, os governadores e os prefeitos. As outras são o Legislativo (deputados, senadores, vereadores, etc.) e o Judiciário (a justiça).Congresso: é o órgão que exerce a função de poder legislativo no âm-bito federal, elaborando e aprovando leis e fiscali-zando o Estado Brasileiro. É dividido em duas casas.Doações: campanhas eleito-

rais são caras. Para isso, qualquer empresa e pes-soa pode doar dinheiro ou serviços para um can-didato, partido ou coliga-ção de sua preferência.Oposição e situação: o presidente, para governar, precisa do apoio do Con-gresso. Quem vota a favor dele é chamado de situação, quem vota contra, oposição.Deputados e senadores: são os representantes das duas casas do Congresso, a Câma-ra dos Deputados e o Senado.Governabilidade: as manobras e concessões que o partido de situação precisa articular para ga-rantir o apoio necessário para exercer o governo.Reforma política: é um con-junto de propostas de mu-danças do sistema eleitoral com fins de tentar melhorar o sistema eleitoral nacional.Referendo e plebiscito: são duas formas diferentes de consultar a população sobre determinada decisão, no caso do plebiscito, an-tes da criação da norma e no do referendo, depois.Constituinte: é uma reunião de pessoas escolhidas para redigir ou reformar uma Con-stituição, a lei maior do Brasil.

ENTENDA MELHORw

“A política brasileira virou um negócio, eficiente e altamente lucrativo - para interesses privados - e sabidamente não-funcional quando o assunto é o

bem-comum.”

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ãe)

Teve alguma dúvida? Conheça o significado de alguns termos usados nessa página!

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OUTROLHARDEZEMBRO DE 2014CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Por Ingrid Carraro

Você adora bater papo por horas e horas com seus ami-gos no WhatsApp ou prefere conversas em vídeo como no Skype? Se você está em dúvi-da ou a resposta é os dois, um novo aplicativo pode ser a so-lução. Sucesso como site na década de 90, o programa de mensagens instantâneas ICQ está de volta em nova versão, agora disponível para smar-tphones.

O novo aplicativo permite além das trocas de mensa-gens instantâneas e criação de grupos de bate-papo, fa-zer chamadas de voz e de ví-deo. Mas a grande novidade mesmo é que o ICQ possibi-lita que o usuário envie uma mensagem SMS para quem não possui o aplicativo. Isso tudo de graça.Para a farma-cêutica Thayne Barros (25), o ICQ voltou pra ficar, já que “trouxe ótimas inovações e lembranças melhores ainda do tempo de adolescente”.

Já o estudante de Enge-

nharia de Produção, Welin-ton Quirino (19), afirma que ainda prefere o WhatsApp, já que a maioria dos seus ami-gos o utilizam, o que facili-ta comunicação entre eles. Além disso, ele acredita que

“o ICQ tem muitas funções boas, porém para usufruí-las é necessária uma internet móvel de alto desempenho e poucas oscilações, o que nem sempre é oferecido pelos provedores no Brasil.”.

Considerando o núme-ro de usuários, o WhatsApp ainda é mais popular, o que retroalimenta essa populari-dade. Porém, logo no come-ço de sua vida útil, o ICQ já se tornou o aplicativo mais

baixado na loja virtual da Ap-ple e estima-se que o dobro de usuários já fez download da sua versão para celula-res Android(mais comuns no mercado). E você, já sabe qual prefere?

ICQ VOLTA COMO APLICATIVO PRA CELULAR

projeto permite mover objetos sem tocá-losTecnologia possibilita controlar quadrotor com movimentos corporais e nos aproxima das ficções científicas

Por Thalison Oliveira

Já imaginou poder mo-ver objetos com um simples movimento da mão, sem precisar toca-los? Como por exemplo abrir uma janela ou mexer no computador? Pois bem, essa possibilida-de pode estar mais perto do que se imagina. Na UFV, um grupo de alunos do curso de Eng. Elétrica, juntamente com o Prof. Alexandre Bran-dão elaboraram um projeto que permite a interação en-tre o homem e a máquina, conseguindo controlar um quadrotor (tipo de drone) apenas com movimentos corporais.

- A vantagem de poder controlar uma maquina por meio de controle de movimento é você não pre-cisar ter um contato com o equipamento. Poderíamos não só controlar um drone, mas também uma aeronave ou computador. Uma outra aplicação, por exemplo, se-ria a área medica. A pessoa poderia tirar uma foto usan-do o movimento das mãos, amplia-la em uma tela e ver detalhes, sem precisar tirar as luvas ou largar os instru-mentos - explica o professor.

Para que esse controle seja possível, é usado um

sensor de movimento co-nectado ao drone por meio de uma rede Wi-fi. Nesse projeto é usado o Kinect, que é o sensor de vídeo game do Xbox. A escolha pelo Kinect deve-se ao seu baixo custo comparado a outros sensores de profun-didade. Segundo Alexandre Brandão, esse sensor “tem uma noção 3D, então ele sabe se você levantou, se co-locou a mão para a direita, ou se colocou para a esquer-da, que é a mesma ideia do jogo do Xbox.” Lucas Men-des, um dos alunos orienta-dos, conta que os testes com o drone são quase como jo-gar um vídeo game na vida real, e acaba tornando o tra-balho uma brincadeira.

Mas nem tudo é diversão. Por trás de tudo isso há mui-to trabalho e pesquisa. São necessários numerosos tes-tes para ver como o quadro-tor reage a cada movimento do corpo, e então fazer a programação do equipa-mento. Alexandre relata que o desafio agora é conseguir um controle coletivo, ou seja, controlar mais de um objeto ao mesmo tempo. Outra questão é poder dar uma pausa no controle do objeto, podendo assim ges-ticular normalmente sem

que o drone se mova e, de-pois, poder retornar a ação.

O Engenheiro Eletrico Tiago Ogoni, um dos orien-tados do projeto, diz que essa forma de interação en-tre homem e máquina pos-

sui potencial para facilitar a vida de muita gente, e ainda acrescenta:

- Esse tipo de inovação tecnológica só têm a acres-centar ao nosso sonhado futuro dos filmes de ficção

cientifica. Acredito que com o avanço em pesquisas re-alizadas no Brasil na área de ciência e tecnologia, não estamos assim tão longe de um Homem de Ferro - en-cerrou.

Estudantes de Engenharia Eletrica fazem testes com sensor de profundidade

Conheça as vantagens e desvantagens de um programa sem relação ao outro antes de escolher qual usar

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Oliveira

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Page 5: OutrOlhar 39 - Dezembro 2014

ESTUDANTES PRODUZEM MINI AVIÕESPor Camila Santos

“Os exercícios de mate-mática são difíceis e cha-tos , mas quando você vê a aplicação disso e o avião vo-ando vê que valeu a pena o estudo”- o comentário é de Laís Silveira, estudante da UFV, que integra a equipe Skywards de Aerodesign. Nesta Equipe os estudantes das Engenharias de Pro-dução, Elétrica e Mecânica utilizam muita matemática e física para a construção de mini aviões.

A Equipe, que surgiu em 2009, é formada por 24 es-tudantes e tem como objeti-vo a criação de um protóti-po de avião não tripulado de menos de um quilo. Os estu-dantes preparam o projeto o ano inteiro para participar da Competição SAE Brasil de Aero design, na qual eles devem seguir algumas nor-mas, como o tamanho da asa, entre outros.

Nesta competição são avaliados o projeto, a quan-tidade de carga que eles con-seguem por no avião e o voo. Os competidores têm três chances para fazer o avião voar, sendo que os quesitos

levantar voo, completar o percurso e pousar no local indicado são os analisados. Também é pontuado o peso que o avião consegue carre-gar, por isso eles devem ser leves (um protótipo desde tipo chega a carregar mais de dez quilos).

A estudante de Engenha-ria de Produção Laís Silveira informa que participar do projeto é importante tanto no lado pessoal quanto no lado profissional:

-No projeto você apren-de a trabalhar em equipe, faz amizades, aprende a li-dar com personalidade e a fazer coisas com paciência e no tempo certo. Aprende a cumprir prazos e profissio-nalmente aprende a aplicar o que vemos em sala de aula - conta.

A capitã da equipe Skywards, Talita Sutecas, re-força a importância do estu-do das ciências exatas para os integrantes da equipe. Segundo ela, é necessário o conhecimento de matemá-tica, física e principalmen-te de trigonometria para montar o projeto e, quan-do esses conhecimentos se consolidam desde o Ensino

Médio, é melhor pra equipe. Achou interessante? Você

pode também pode integrar

essa equipe. Basta estudar muito e prestar vestibular para os cursos de Engenha-

ria Elétrica, Engenharia de Producão ou Engenharia Mecânica.

OUTROLHARDEZEMBRO DE 2014 CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Por Ana Prates

Compartilhar fotos, ví-deos, textos, músicas, na in-ternet é bem divertido e in-teressante. As redes sociais facilitam esses comparti-lhamentos e nos permite conhecer várias páginas e servidores legais. O Tumblr é assim. Desde de 2007, ele vem adquirindo seu espaço como uma das redes sociais mais conhecidas entre os jo-vens. É um meio termo en-tre o Twitter, onde é permi-tido se expressar em apenas 140 caracteres, e o Blogger, no qual o usuário é livre pra escrever o quanto e como desejar.

A estudante Luisa Assis (13) afirma gostar muito de ver fotos que circulam no Tumblr:

- Gosto muito de foto-grafia. O Tumblr é diferente do Instagram, por exemplo. Nele as pessoas postam fo-tos de coisas bonitinhas e que acham legais. É mais artístico e sensível. A gente não vê selfies ou fotos com

amigos. Vemos fotos de mo-mentos bonitos, paisagens, bichos, lugares. - explica.

Luisa também conta que tem vários amigos que pos-suem esta rede social e “é muito bacana poder ver o que eles gostam e acham bonito”. É um espaço para criatividade. Nesta platafor-ma os adolescentes tem es-paço para sair do corriquei-

ro e postar o que for de seu agrado. Fotos, vídeos, cita-ções, tudo é válido, só não pode esquecer das tarefas escolares.

Utilizar das redes sociais para organizar grupos de estudos, curtir páginas que dão dicas sobre o ENEM e que ensinam coisas interes-santes já é algo corriquei-ro na vida dos estudantes.

Existe uma maneira de usar o Tumblr a favor dos estu-dos também. Segundo a re-portagem do site da Abril Como usar as redes sociais a favor da aprendizagem, “os professores devem auxiliar os alunos a usar as redes sociais em prol de melho-rias na escrita e pesquisas”. Escrever e ler textos, se-gundo a reportagem, são

uma ótima forma de exerci-tar o português, aumentar o vocabulário e melhorar a gramática. Entretanto, para que isso possa acontecer, é importante evitar escrever palavras erradas e abrevia-ções forçadas. Usar a cria-tividade é a ordem quando o assunto é redigir textos e por que não também quan-do se usa o Tumblr.

TUMBLR ESTIMULA A CRIATIVIDADECom compartilhamento de textos, fotos e vídeos, rede social permite aos usuários expressar lado artístico

Além de artistico, o site pode ainda ajudar na aprendizagem ao incentivar a leitura e produção de conteúdo

Modelo criado pelos alunos do projeto Skywards para competição nacional

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GRÊMIO É IMPORTANTE RECURSO PARA COLEGIAISMovimento estudantil é deixado de lado por alunos, que não percebem as vantagens que eles podem gerar

Por Marian Diniz

Os grêmios estudantis são organizações que repre-sentam os maiores interes-ses dos alunos nos aspectos cívicos, culturais, educa-cionais e sociais. Eles são o máximo de representati-vidade que os estudantes podem ter. Permitem que os alunos discutam, criem e fortaleçam suas possibilida-des de ação. Para muitos, é o primeiro contato com a luta por direitos na sociedade.

Em Viçosa, na Escola Es-tadual Doutor Raimundo Alves Torres (ESEDRAT) este ano, os participantes do grêmio tiveram a inicia-tiva de criar uma rádio para os alunos, e toda quarta du-rante os intervalos acontece o “Papo-cabeça”. A proposta principal foi gerar o debate de temas atuais entre os alu-nos. Durante os encontros o assunto escolhido era joga-do na roda e assim cada um apresentava sua opinião a respeito. Algumas reuniões contavam com até 50 alu-

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COMPORTAMENTO OUTROLHARDEZEMBRO DE 2014

nos, e durante o ano mais de vinte temas foram aborda-dos segundo Wendell Leal, estudante do segundo ano e membro do grêmio do colé-gio.

No ESEDRAT. apenas um membro do grêmio não é do terceiro ano - eles estão no seu último ano no colégio. Por isso, é importante uni-ficar o colégio e fazer com que alunos de todos os anos participem, para que os tra-balhos tenham uma maior continuidade.

Segundo a Secretaria de Educação de Minas Gerais (SSEMG), é muito importan-te que os alunos participan-tes do grêmio contem com a orientação dos professores, com a participação dos ou-tros estudantes recebendo sugestões, e apoio de pais, comerciantes e associações da cidade. Contando com toda comunidade fica mais fácil de conseguir ações re-almente significativas.

Maria Clara Marques es-tudou o Ensino Médio intei-ro em uma escola na qual a

representatividade dos alu-nos era fraca, já que o grê-mio não tinha força alguma. Ela afirma que hoje percebe a falta que fez o diálogo en-tre os alunos e a diretoria:

- Quando tínhamos re-presentantes eles não fa-ziam nada, nem ouvíamos falar se eles continuavam

atuando ou não. Nós nem cobrávamos que houvesse. Se tivéssemos cobrado tal-vez o colégio tivesse mais atrativos, coisas que real-mente interessassem aos alunos.

Algumas propostas de atividades possíveis são: festivais de bandas, saraus,

concursos literários, gin-canas, embelezamento da escola (murais, painéis, gra-fites), jornal dos alunos, e muito mais, ainda segundo a Secretaria de Educação de Minas Gerais.

E você, o que está espe-rando para montar a sua chapa?

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“CAMPANHA DE ÓDIO” É FENÔMENO NA INTERNETPor Taiane Souza

As eleições deste ano já acabaram, mas deixaram para trás as marcas de um fenômeno inédito na histó-ria do país: uma campanha de discursos de ódio que se alastrou pelas redes sociais e teve consequências signi-ficantes para fora do mundo virtual.

Segundo o Dicionário On-line de Português, ódio signi-fica “sentimento de profun-da inimizade”, “ira contida; rancor violento e duradou-ro” e “viva repugnância, re-pulsão, horror”.

É comum que em deba-tes políticos, principalmente em campanhas presiden-ciais, surjam discordâncias ideológicas e aversões entre pessoas.

O que se obsevou de di-ferente nesta última eleição, no entanto, foi um ódio geral difundido entre os usuários de redes sociais. Manifesta-ções relacionadas ao racis-mo, homofobia, xenofobia, neonazismo e intolerância religiosa, segundo o site da Folha de S. Paulo, fizeram aumentar em 84% o núme-ro de denúncias de crimes de ódio cometidos no meio cibernético.

Para o professor de Te-oria Política da UFV Paulo Toma, essas manifestações de ódio são reflexos de cos-tumes políticos brasileiros já antigos.

Eles surgiram já com a Re-pública Velha, nas relações de coronelismo, e ascende-ram a partir dos discursos

da UDN contra Getúlio Var-gas e na disputa presidencial entre Collor e Lula.

Aliás, casos de agressões e ofensas têm saído do am-biente online. Uma das víti-mas foi o humorista e colu-nista da Folha de S. Paulo, Gregório Duvivier. Segundo o site da revista Fórum, ele

Ao sair do “Churrascão de Gente Desenformada”, um evento de eleitores pe-tistas em crítica ao ex-pre-sidente Fernando Henrique Cardoso, um caso semelhan-te aconteceu com o bloguei-ro Ênio Barroso Filho. Ele sofreu agressões de três ho-mens que, ao saírem de um carro, fizeram provocações políticas e deram um tapa nele na tentativa de derrubá-lo da cadeira de rodas.

Após a reeleição de Dil-ma Rousseff, o discurso de ódio dentro e fora das redes sociais foi ainda maior com o eleitorado nordestino da presidente. Manifestações de preconceitos e xenofobia se espalharam pelo Twitter e Facebook e acabaram pre-sentes nos recentes protes-tos em favor do impeache-ment de Dilma em São Paulo.

Em reações de hostili-dade a comentários como “nordestinos só foram feitos para comer farinha, fazer filho e ganhar Bolsa Famí-lia”, o site Nordestino Sim foi criado e mensagens como “Diga ao mundo, sou nor-destino sim” e “#SouDoNor-desteMesmoEComOrgulho” se alastraram pela internet e foram apoiadas pelo mundo todo.

foi insultado dentro de um restaurante do Leblon em razão à sua posição política, aonde foi ameaçado de vio-lência por um dos clientes, que o chamou de “esquerda caviar” e disse que Gregório devia almoçar num “bandei-jão” já que “gosta tanto de pobre”.

Preconceito durante as eleições apareceu em comentários carregados de ódio no Twitter

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Alunos do ESEDRAT se reúnem na hora do intervalo para debater assuntos atuais

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COMPORTAMENTOOUTROLHARDEZEMBRO DE 2014

HOMENS TAMBÉM SÃO VÍTIMAS DO MACHISMOGrupos questionam valores patriarcais e machistas na busca de maior respeito entre homens e mulheres

Por Laira Carnelós

Por um mundo onde os homens possam usar saia, chorar e cuidar das crianças. Possam ser artis-tas, cabeleireiros, cuidar da aparência como bem en-tenderem, ou não gostar de brigas e futebol sem serem julgados. Essas são algumas das bandeiras içadas pelo movimento “Homens, Li-bertem-se/Men Get Free”, do coletivo mo[vi]mento MG/RJ em parceria com o grupo de teatro The Living Theatre, de Nova Iorque.

Questionar os valores patriarcais para promover maior respeito entre ho-mens e mulheres, mostran-do como o machismo pode prejudicar e oprimir não só as mulheres, mas os ho-mens também, são os prin-cipais ideais da campanha. De caráter artístico e cul-tural, ela pede a libertação dos homens, não para opri-mir as mulheres, mas para que ambos possam desfru-tar juntos de maiores liber-dades.

No dia 4 de novembro, em Juiz de Fora, um gru-po de estudantes abraçou a ideia de que saia pode

cobrir o copo de qualquer pessoa. O movimento foi uma iniciativa do Diretório Acadêmico Wladimir Her-zog (DAWH), da Faculdade de Comunicação Social da

UFJF, baseado no movimen-to “Pró-saia”, da Executiva Nacional de Estudantes de Comunicação Social (Ene-cos). A proposta foi aderida por estudantes de outros

cursos e até mesmo profes-sores, que se apresentaram de saia nas salas de aula para lecionarem.

- O Saiaço, que batiza-mos de “Terça de Saia”, é um

ato político simbólico feito para questionar os padrões binários de gênero e as im-posições sociais que estão ligadas a esses padrões - ex-plica Mylena Melo, estudan-te de Comunicação Social, membro do DA e uma das organizadoras do movimen-to. “O movimento vai muito além do uso de uma vesti-menta, mas toca muito mais nas identidades de cada um, homem ou mulher, e como isso é visto dentro da so-ciedade, seja no mercado de trabalho, nas faculdades, nas ruas, dentre família, etc”, enfatiza a estudante.

Túlio Mattos, estudan-te de jornalismo, membro do DAWH e participante do movimento conta como sempre teve medo ou receio de ter trejeitos, mas hoje se considera livre, até mesmo dos antigos hábitos precon-ceituosos. “Eu cuido bastan-te do cabelo e discuto com as meninas da minha casa sobre qual shampoo usar. Antes eu tinha que sair de casa com uma ideia predefi-nida, era quase como se eu estivesse fazendo alguma coisa de errado ao escolher o shampoo no mercado”, conta Túlio.

Militantes decidem institucionalizar o dia 18 de novembro como o dia nacional do pró saia

ATO DE PROSCRASTINAR PODE AFETAR SAÚDE

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Por Janine Lopes

Em uma pesquisa rea-lizada no ano de 2011 pelo pesquisador e gestor do tempo Christian Barbosa, autor do livro Equilíbrio e resultado – Por que as pes-soas não fazem o que de-veriam fazer? 97,4% dos brasileiros admitem deixar muitas atividades impor-tantes para a última hora. Esse comportamento é cha-mado de procrastinação - do latim procrastinare - e, embora seja considerado algo normal, pode afetar a saúde e a produtividade do indivíduo quando impede seu funcionamento normal no dia-a-dia.

A procrastinação crôni-ca - que é quando esse com-portamento chega a um ní-vel preocupante - pode ser um sinal de dificuldades a nível psicológico. Segundo o psicólogo Thiago Negrelli, a falta de tempo, a preguiça, alguns medos e uma men-talidade autodestrutiva são fatores que levam as pesso-as a adiarem suas tarefas. Ele diz que procrastinar

tem sérias consequências como ansiedade, inseguran-ça, baixa autoestima e culpa quando não se consegue re-alizar as tarefas no tempo previsto e do jeito necessá-rio.

A estudante de Nutri-ção Larissa Carvalho (20) afirma que não é “a pessoa mais organizada do mundo”, mas procura organizar uma agenda assim que recebe o calendário escolar para não se enrolar com as tarefas e não atrasar a entrega de ne-nhuma delas.

- Eu consigo adiantar meus trabalhos da faculda-de, entregar tudo na data prevista e ter tempo livre pra fazer as coisas que gos-to - ela conta.

Já Michellyne Emerick (21), estudante da Univer-sidade Federal de Viçosa, se sente frustrada por ter adiado uma tarefa muito importante e ter desistido dela sem ao menos tentar. Ela diz que tem “uma certa dificuldade em organizar os estudos e as tarefas diárias”, porque prefere estar fazen-do outras coisas.

O psicólogo sugere, ain-da, que algumas boas ma-neiras para deixar de enro-lar são: “perceber que está procrastinando, aproveitar o processo, se comprometer com várias atividades, orga-nizar uma agenda e não dei-xar o que achar mais chato

por último”. Negrelli afirma que fazer o que gosta é uma das melhores dicas:

- Quando se faz algo de que se gosta, as chances de as tarefas serem chatas e serem deixadas para depois diminuem significativamen-te - conclui.

Algumas outras suges-tões para abandonar esse hábito são: organizar uma lista de tarefas, desligar os dispositivos eletrônicos - celulares, computadores, tablets, etc -, definir metas específicas para cada dia e dormir bem.

Psicólogo diz que deixar as atividades diárias para ficar nas redes sociais é um hábito ruim

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OUTROLHARDEZEMBRO DE 2014CIDADE

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FINS DE SEMANA FESTIVOS PROVOCAM CAOSPor Patrícia Freitas

A Universidade Federal de Viçosa gera um grande crescimento para a cidade desde seu início, em 1922. A UFV cresceu e a cidade tam-bém, mas ao que parece Vi-çosa já não tem uma estrutu-ra para um fluxo tão grande de pessoas. Esse problema é agravado nos fins de sema-na, pois além dos moradores locais, a cidade recebe diver-sos visitantes de toda região, atraídos por suas festas de baixo custo que prometem ser inesquecíveis.

O trânsito, que já é caóti-co durante a semana em seus horários de pico, no período da manhã de 7h às 8h, na hora do almoço das 11h até

as 14h e de noite das 17h até as 19h, fica ainda pior devido a grande quantidade de pes-soas que se dirigem às festas. Sérgio Gomide mora em Ubá, mas passa os fins de semana na casa da família em Viçosa reclama da situação:

- Não dá nem pra sair de casa para aproveitar o fim de semana, só se for a pé, por-que mesmo de moto que é mais fácil no transito ainda é muito complicado, a cidade fica muito cheia e o pessoal não respeita mesmo!

Uma medida que di-minui o fluxo de veículo nas ruas é o uso de lotações es-peciais para os eventos. Se-gundo o funcionário da Via-ção União, José Custódio, os ônibus são solicitados pela

organização do evento para atender seu público, mas, direta ou indiretamente, a atitude contribui muito para aliviar os engarrafamentos.

A população sofre tam-bém com o atendimento nos

Lotações especiais ajudam a diminuir veículos no trânsito mas não resolvem todo problema

Patrícia F

reitas

Por Cleomar Marin

A Rede de Vizinhos Pro-tegidos foi originalmente aplicada em Belo Horizon-te (MG) em 2004, pelo 34º Batalhão da Polícia Militar. Em uma pequena região se observava uma grande in-cidência de assaltos a resi-dências, ao mesmo tempo que se notava cada vez mais um distanciamento entre a população e a polícia. A ideia era unir os moradores e organizá-los como vigilan-tes, ou “câmeras vivas”, para coibir os pequenos delitos que ocorriam constante-mente.

A partir da capital mi-neira, o projeto foi sendo expandido e hoje existe em mais de 1000 bairros em todo o estado. Um deles é Ramos, na cidade de Viçosa

(MG). Segundo o presiden-te da AMAR (Associação de Moradores do Bairro Ra-mos), Jershon Morais, um dos problemas da segu-rança pública é o individu-alismo, e resgatar valores comunitários entre os habi-

hospitais nos dias em que a farra é grande. Segundo Marli Teixeira, enfermeira do Hospital São Sebastião, as festas fazem o hospital ficar sobrecarregado:

- Chega muita gente pas-

sando mal na emergência, em muitos casos nós temos que passar elas na frente de quem tiver e dar glicose. Che-ga muita gente desmaiando já, aí a gente tem que atender mesmo.

INICIATIVA COMUNITÁRIA MELHORA SEGURANÇAtantes da região contribuiu consideravelmente para a redução da criminalidade no bairro:

- Foi uma alternativa en-contrada para diminuir os problemas e melhorar o re-lacionamento entre as pes-

soas, inclusive com a polícia, completa.

No bairro, a Rede é for-mada por 225 residências e conta com sirenes, placas de alerta, além do contato direto via telefone e pesso-almente entre os vizinhos e

a Polícia Militar. Atualmen-te, a AMAR está implantan-do também um aplicativo gratuito, o Agentto, onde os moradores poderão reali-zar denúncias e comparti-lhar informações a partir de smartphones. A orientação é sempre que for visto um suspeito, o morador informa ao outro e, caso seja neces-sário, a polícia e as sirenes das casas são acionadas. Jer-shon garante que essas ati-tudes diminuíram em 80% as ocorrências no bairro:

- A gente quer evitar que aconteça algo, mesmo que ele [o suspeito] fuja, ele não volta, diz.

Além de Ramos, a Rede de Vizinhos Protegidos tam-bém foi adotada em Viçosa no Bairro Inconfidência, que foi o primeiro da cidade a aderir ao sistema.Mais de 200 residências são equipadas com sirenes e placas de alerta no bairro Ramos

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Arthur BernardesConhecido pelos apelidos de Calamitoso, Rolinha e Seu Mé, galga por todos os cargos políticos existen-tes na época. Começou sua carreira política como vereador de Viçosa (1906/05) e, posteriormente, prefeito de (1907/09). Tornou-se presidente da República em 1922, e no último ano de seu mandato inaugurou na cidade a ESAV, atual UFV.

Manuel Bernardes de Souza SilvinoQuando Viçosa elevou-se ao título de cidade, Manuel foi seu primeiro chefe executivo, sendo presidente da Câmera Municipal de 1873/76, no governo da Republica Velha do Brasil, regida por Dom Pedro II. Manuel elegeu-se nova-mente em 1879/81.

Carlos Vaz de MelloPresidente da Câmera 1877/78, fundou em Viçosa duas fábricas de tecidos e o semanário “Cidade de Viçosa”. Foi reeleito e em 1885, conseguiu que a estrada de ferro che-gasse à cidade. Mais tarde, tornou-se senador do Império 1903/04. Arthur Bernardes era seu genro.

Detalhes que você provavelmente não sabia sobre a vida e os feitos de algumas pessoas que ocuparam cargos executivos na Prefeitura Municipal de Viçosa desde o ínicio de sua história

TEMPO PERDIDO, FATOS CURIOSOS DA VIDA DE

Carlos Vaz de Mello Megale Foi o primeiro vice-prefeito da cidade de Viçosa. Primeiro, tornou-se prefeito em 47 e atuou como vice em 1948/50, no mandato de José Lopes de Carvalho.

Por Núbya Fontes

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Por Ana Leão

Tudo começou em um “buteco” na Rua Benjamim Araújo, em Viçosa (MG). O estabelecimento de Antô-nio Lopes Sobrinho rece-bia os estudantes da antiga ESAV (Escola Superior de Agricultura e Veterinária) e era famoso por sempre “pendurar” bebidas para aqueles que não podiam pa-gar. O Nico Lopes, como era conhecido, era um senhor simpático e festeiro que com seu carisma conquistou os estudantes e deu nome a uma das principais mani-festações política e cultural da ESAV, atual Universidade Federal de Viçosa (UFV).

A marcha surgiu como forma de brincadeira com os calouros que, após a ca-minhada, passavam a ser tratados como veteranos. Segundo o professor Mar-condes Borges, foi o aluno Antônio Secundino de São José que começou a farra,

arregaçando uma perna da calça dos calouros e fazen-do com que eles corressem em volta do jardim da Praça Silviano Brandão, no centro da cidade, ao som de uma sanfona.

A brincadeira se tornou coisa séria, o clamor polí-tico e cultural tomou conta da marcha. Os alunos pas-saram a usar o momento para manifestar eus ideais e, de acordo com o contex-to da época, abordavam um tema local ou nacional na Nico Lopes. O DCE (Diretó-rio Central de Estudantes) da UFV, juntamente com os centros acadêmicos, trans-formaram e organizaram as marchas de maneira irre-verente, atraindo a atenção da população para fatores sociais, políticos e culturais.

Não se pode imaginar a Marcha Nico Lopes sem pensar em diversão. A san-fona se transformou em trio elétrico e o espírito de alegria e animação do len-

dário Nico Lopes continua a arrastar os alunos pelas ruas da cidade. Há aqueles que dizem que a marcha se transformou em “micareta”. Outros que “micaretar” sem perder a inquietude e a von-tade de clamar por ideais é até válido. É entre essas divergências que a cultu-ra vem ganhando cada vez mais espaço na marcha.

Com o tema Diversida-de e adversidade: Águas e vidas, a Marcha Nico Lopes de 2014, organizada pela então chapa ativa do DCE, Ação Coletiva, buscou retra-tar temas locais e diversos, desde a situação do Rio São Bartolomeu à diversidade de gêneros. Após 85 anos de sua criação ela continua! Os modos de manifestar se alteram e se adaptam de acordo com os anos, mas não deixam de lado o teor satírico, crítico e irreveren-te arrastando cada vez mais os estudantes pelas ruas da cidade.

OUTROLHARDEZEMBRO DE 2014 CIDADE

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Por Leonardo Gonçalves

Ter uma casa é o grande sonho de muitas famílias. Construir a própria resi-dência costuma ser um so-nho ainda maior, mas sem planejamento e cuidado o sonho pode virar pesadelo. A população de baixa renda de Viçosa, sem condições de contratar profissionais especializados, realiza obras sem orientação ou planejamento, o que resulta em casas irregulares e gas-tos desnecessários.

O Projeto Habitat, ide-alizado pelo curso de Ar-quitetura e Urbanismo da UFV, busca orientar quem deseja construir ou refor-mar, prestando serviços de consultoria e desenvolven-do projetos inteiros para a obra de graça. Qualquer família com renda de zero a três salários mínimos pode ser beneficiada.

A aluna do 8º período de Arquitetura e Urbanis-mo, Laís Leitão, conta que a maioria das pessoas pro-curam o projeto para fazer o levantamento técnico da obra, regularizar o imóvel na prefeitura ou conseguir financiamento de material de construção pela Caixa

Econômica Federal. Ainda assim os participantes ten-tam ajudar no planejamen-to:

- A gente não regulariza, mas fazemos todo o pro-cesso, todo o desenho téc-nico pra poder regularizar. A gente até da orientação técnica construtiva, porque às vezes, fazendo o levanta-mento e vemos que se mu-dar uma janela já fica bem melhor e aí conversamos e explicamos tudo.

Os estudantes de arqui-tetura desenvolvem de-senhos técnicos, fazem o acompanhamento de obras e dão orientação técnica, tudo para que o imóvel fi-que dentro das normas de segurança e com ilumina-ção e ventilação de quali-dade. Só não fornecem os materiais, informa o aluno Nilton Mungamba.

Uma construção plane-jada garante que o edifício seja mais seguro e confor-tável, além de gerar econo-mia de materiais e tempo de trabalho. Os projetos levam em conta conceitos de segurança, iluminação e ventilação. Assim a casa pode abrigar a família be-neficiada da melhor manei-ra possível. Com a participação de vários blocos, os alunos aproveitam a marcha para difundir seus ideiais

DIVERSÃO E MANIFESTAÇÃO

Em construção, uma das casas projetadas pelos estudantes

PROJETO HABITAT

Antônio ChequerFoi prefeito três vezes (1973/76, 1989/92 e em 1997). Em seu primeiro mandato, teve como vice o xará Antô-nio Mendes (único caso de prefeito e vice com o mesmo nome). Era amigo de Cesinha e foi vereador pela primeira vez com ele, em 1950 quando tinha apenas 18 anos. Mor-reu no meio do mandato, em 27 de junho de 1997 (infar-to). Era chamado carinhosamente de “Toninho”.

Detalhes que você provavelmente não sabia sobre a vida e os feitos de algumas pessoas que ocuparam cargos executivos na Prefeitura Municipal de Viçosa desde o ínicio de sua história

Celito Francisco SariFoi prefeito de 2010 a 2012 e reeleito 2013/14. Em seu mandato, foi sancionada a Lei das Datas Cívicas de Viçosa, que institui todas as datas comemorativas da cidade e que cria a obrigação de as escolas do sistema municipal de ensino realizarem palestras alusivas as respectivas datas. Viçosa foi a primeira cidade do país a criar essa lei. Celito faleceu durante seu mandato no dia das celebrações de 143 anos de Viçosa (30/09/14).

Raimundo Nonato CardosoFoi prefeito em 2005/08 e reeleito novamente em 2009, quando teve como vice, pela primeira vez na história da chefia executiva de Viçosa, uma mulher; Lúcia Duque Reis. Foi o primeiro prefeito a ter o mandato cassado em 27 de maio de 2010, por ter recebido a quantia de R$2.000,00 para campanha e não ter declarado à justiça eleitoral.

PREFEITOS E VICE-PREFEITOS AQUI DA CIDADE

César Sant’Anna FilhoPrimeiro foi prefeito (1977/82) e voltou a ser vice no comando de Geraldo Reis (1993/96). Carismático, era um grande frequentador das cozinhas locais e acabou rece-bendo o apelido de “Cesinha”. Cesinha também sempre foi muito religioso, e em sua juventude interpretou durante vários anos o José de Arimateia (homem que ajudou Jesus a descer da cruz). Morreu em 2 de abril de 2010, numa sexta-feira santa.

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OUTROLHARDEZEMBRO DE 2014VIDA E SAÚDE

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ODORES CORPORAIS PODEM SER EVITADOSBromidrose axilar, conhecida como cê-cê, ocorre na presença de fungos e bactérias, aliados ao calor e umidade

CRESCE DOAÇÃO DE SANGUE ENTRE OS JOVENSPor Guilherme Pimenta

O celular toca e o som é uma notificação de um apli-cativo. Mais que depressa o indivíduo pega o aparelho e, surpresa! Não é rede so-cial. Os centros de coleta de sangue da Bahia, Hemoba, implantaram o sistema inte-rativo que avisa ao doador quando o estoque do seu tipo sanguíneo está baixo. A ideia foi tão boa que a ini-ciativa vem se espalhando pelo Brasil.

Outro método surpreen-dente que atraiu um grande número de doadores foi re-alizado em Curitiba e no Rio de Janeiro. As duas capitais anunciaram o que foi cha-mado de Casamento Verme-lho. Para participar da festa bastava doar sangue. A ini-ciativa aconteceu em setem-bro deste ano e mobilizou centenas de pessoas. O li-mite foi superado em locais especializados de Curitiba, onde a capacidade é para 300 pessoas por dia. O mes-

mo aconteceu em hospitais que recebiam 10 doações diárias. Em pleno sábado, o Hospital Nossa Senhora das Graças, na capital paranaen-se, recebeu 40 pessoas dis-postas a realizarem o gesto de solidariedade.

Medidas como essas estão se espalhando pelo Brasil. O Hemonúcleo de Ponte Nova, por exemplo, é a instituição responsá-vel por distribuir sangue na microrregião da cidade. Eles foram responsáveis por uma parceria iniciada em 2005 com a Universida-de Federal de Viçosa (UFV). Recrutam principalmente os jovens dispostos a doar, deslocando-se do município de Ponte Nova, sede da enti-dade, para o campus univer-sitário. Segundo a gerente administrativa do Hemomi-nas, Luciana Marinho Mon-teiro, só no segundo semes-tre de 2014, mais de 145 bolsas de sangue foram co-letadas. Cada doação pode salvar até quatro vidas. A

gerente ainda ressalta que se cada pessoa doasse pelo menos duas vezes por ano o estoque de sangue nunca seria baixo.

A chefe da Divisão de Saúde da UFV, Nina Rosa da Silveira Cunha, ressalta o compromisso da instituição com a sociedade, não só em termos acadêmicos, mas ao

Aluno da UFV inicia o processo de doação realizado dentro do campus da universidade

exercer seu papel de cidada-nia, oferecendo o espaço e mobilizando a comunidade.

O hemocentro de Minas, Hemominas, organiza a co-leta no Estado. Conforme o órgão, alguns cuidados sim-ples são necessários: o do-ador deve ter, pelo menos, 16 anos e pesar 50 quilos. Se a vida sexual for ativa, é

importante não se expor às situações que favoreçam o surgimento de doenças se-xualmente transmissíveis. Ter uma vida saudável é im-portante, com alimentação balanceada aliada à práti-ca de exercícios físicos. Os agendamentos são feitos, em horário comercial, pelo telefone 155.

Por Mateus Dias

Você sabe o que é bromi-drose? Este é o nome dado no campo científico aos odores do corpo, incluindo o “chulé” e também o suor nas axilas, mais conhecido como “cê-cê”. A verdade é que nin-

guém quer ser lembrado por causar um desconforto nos narizes alheios. Exata-mente por isso é que vamos aprender sobre as causas e tratamentos destes chei-ros que se intensificam nos dias mais quentes. E vale lembrar que o verão se ini-

cia oficialmente no mês de dezembro de 2014, mas o calor já está aí!

Segundo a dermatologis-ta em Viçosa (MG), Silvania Saraiva, o cheiro causado pelo suor nas axilas é cha-mado científicamente de bromidrose axilar e é moti-

vado pelas glândulas sudo-ríparas apócrinas, respon-sáveis pela excreção do suor em algumas partes do cor-po, juntamente com a elimi-nação de água, sais, resto de células e do metabolismo do organismo.

- Para o desenvolvimento do odor fétido, essas subs-tâncias devem sofrer a ação de bactérias e fungos, que vivem com grande facilida-de na falta de luz e presen-ça de umidade e calor - diz Silvania.

A dermatologista tam-bém explica que o uso ex-cessivo de bebidas alcoó-licas e alguns alimentos, como a cebola, pimenta e o alho, além da ocorrência do diabetes, podem influenciar no odor da transpiração de um indivíduo.

O cheiro é mais percep-tível em ambientes fecha-dos e com a circulação do ar prejudicada. Sendo as-sim, as salas de aula são logo lembradas, deixando professores e alunos em um ambiente inteiramente desconfortável ao ensino e aprendizado. A professora Ana Maria, da Escola Esta-dual Raul de Leoni, em Viço-sa, explica que no colégio o

tema é trabalhado nas aulas de biologia, que inclusive está presente desde as sé-ries iniciais. Ainda de acor-do com a professora, nos casos em que um aluno es-pecífico possua odor consi-derado excessivo, ele é cha-mado a um local reservado para conversar e receber orientação a respeito.

Para evitar a bromidrose axilar nunca se deve deixar de cuidar da higiene pesso-al. Mas só manter o corpo limpo não é o suficiente. Após a higienização, secar bem as axilas é uma forma de eliminar a umidade da região, evitando a prolifera-ção dos micro-organismos. Além disso, utilizar produ-tos específicos, como os sa-bonetes antissépticos para impedir o desenvolvimento de fungos e bactérias, deso-dorantes para evitar o suor em excesso e dar preferên-cia a roupas de algodão, que devem ser trocadas todos os dias, são práticas reco-mendadas ao cotidiano. To-mando estes cuidados, você estará tratando da saúde do seu corpo, ao mesmo tempo em que se previne de pro-mover um ambiente com um forte odor.

Altas temperaturas e alimentação influenciam na ocorrência dos odores pelo corpo

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COM DST NÃO SE BRINCA, PREVINA-SE!Doenças sexualmente transmissíveis se tornam graves se não tratadas. Prevenção é o primeiro passo

Por Mariana Balduci

As doenças sexualmen-te transmissíveis (DST) são um assunto sério a ser tra-tado na sociedade, pois há inúmeros casos de pessoas que contraíram as famosas DST’s por não praticarem sexo seguro. Ou seja, não usaram preservativo, entre outros cuidados. Segundo o Ministério da Saúde, no ano de 2012, foram notifi-cados 39.185 casos de AIDS no Brasil. Um alto índice de contaminados, tendo em vista que são feitas muitas campanhas de conscienti-zação na sociedade. Este dado nos faz refletir sobre a situação do nosso país. Será que estamos preparados para combater as DST’s?

O ginecologista Gustavo Cunha diz que jovens de até 24 anos e mulheres acima dos 50, além daqueles que fazem sexo desprotegido e com parceiros múltiplos, estão no grupo de risco das DST’s. Ainda segundo ele,

as doenças podem aparecer com 15 dias após a relação ou demorarem anos para se manifestarem. É o caso do HPV causado pelo Papilo-mavírus humano.

O ginecologista expli-ca que o HPV é uma das causas do câncer de colo de útero nas mulheres. Se-gundo ele, o HPV, que cau-sa câncer, é assintomático.

A técnica em enfermagem Rita de Cássia prepara a vacina de HPV, para meninas de 13 a 15 anos

PRATICAR PILATES EXERCITA CORPO E MENTEPor Jonathan Fagundes

A prática de exercícios físicos é essencial para que as pessoas possam ter uma vida saudável. Mas se você não gosta de ca-minhar ou correr, existe outra maneira de manter um bom condicionamento

físico, o pilates. A técnica criada pelo alemão Jose-ph Pilates pode reabilitar lesões ortopédicas, pneu-mológicas, reumáticas e neurológicas.

Com movimentos len-tos, realizados de maneira sincronizada e harmôni-ca para que os músculos

possam se manter alinha-dos, os exercícios do pila-tes podem ser praticados por pessoas de qualquer idade. De acordo com a fisioterapeuta Carolina Barbosa Martins Fialho, que trabalha com o pilates há três anos em uma clíni-ca da cidade, a partir dos

oito anos de idade a pes-soa já está apta a praticar a atividade, trabalhando sua postura, respiração, concentração e o fortaleci-mento do abdômen.

Um desvio na coluna e algumas dores na perna levou a estudante do Colu-ni, Maria Júlia Miranda, a fazer pilates por recomen-dação médica. Duas vezes por semana ela realiza exercícios que auxiliam na melhora dos seus proble-mas, e também descobre manias que precisam ser corrigidas, como a má co-locação do pé. Além disso, sua sensação de bem es-tar melhorou ao decorrer das aulas e com a pratica é possível descobrir a ação de muitos outros múscu-los do corpo que antes não eram utilizados, completa a estudante.

- Praticar pilates duas vezes na semana já é o su-ficiente para obter ótimos

resultados, tanto para o profissional quanto para o aluno que se empenha na atividade. E, por ser um exercício com grande capacidade de melhorar a autoestima, a modalidade tem despertado o interes-se de muitas pessoas. O aumento da flexibilidade e da coordenação motora, e até mesmo a sensação de bem estar, são notados em muitos praticantes desde a primeira aula - afirma Carolina.

A cada aula novos exer-cícios são aplicados, sen-do que quase não há re-petição de movimentos. Segundo a fisioterapeuta, “por mais que alguns mé-todos sejam semelhantes, os alunos são desafiados a fazerem uso de acessó-rios, como a faixa elástica ou uma bola, para aprimo-rar a exatidão dos movi-mentos.”

As aulas acontecem num período de 50 minu-tos, e os praticantes pre-cisam utilizar roupas con-fortáveis. Isso inclui até a utilização de meias com antiderrapantes para que haja maior estabilidade ao realizar os movimentos.

OUTROLHARDEZEMBRO DE 2014

Alguns subtipos causam cancro (pequena ferida na área genital) e podem ter manifestação clínica como úlcera, dor e corrimento va-ginal. Por isso, é importan-

te fazer o exame de rotina, mais conhecido como pre-ventivo, para combater este tipo de doença, diz Gustavo.

O HIV, vírus da imuno-deficiência humana, causa-dor da AIDS, faz parte do grupo de doenças que não têm cura, mas monitora-mento. Gustavo afirma que contrair qualquer tipo de DST aumenta o risco de se contagiar com o HIV. É im-portante fazer o acompa-nhamento médico para se manter prevenido. Ele aler-ta aos jovens a usar sempre o preservativo, escolher bem o parceiro sexual e fa-zer exames ginecológicos de rotina. Mas o mais im-portante é usar camisinha, ressalta o ginecologista.

É preciso manter os cui-dados no momento em que estiver praticando o ato se-xual. Também é necessário realizar os exames de rotina frequentemente para que não haja nenhuma surpresa desagradável no trato com a própria saúde.

VIDA E SAÚDE

Há 3 anos, a professora Carolina Fialho trabalha com o pilates. O exercício contribui para melhora da postura e reabilita lesões ortopédicas

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OUTROLHARDEZEMBRO DE 2014CULTURA

Os contadores de histó-rias sempre existiram nas mais diversas civilizações desde os primórdios da hu-manidade. Em épocas em que não existia a internet, jornais e livros eram os res-ponsáveis por transmitir co-nhecimentos para as outras gerações. Com o advento da tecnologia, a tradição foi se extinguindo, assim como a comunicação interpessoal. A fim de resgatá-la, foram cria-dos os projetos de extensão “Contação de histórias infan-tis: promovendo a imagina-ção e o lúdico” e “Conta de novo?”, realizados conjunta-

mente pelo curso de Educa-ção Infantil e vinculados ao Departamento de Economia Doméstica da Universida-de Federal de Viçosa (UFV).

Idealizados pela profes-sora daquele departamento, Márcia Rodrigues, os proje-tos promovem a “contação de histórias infantis” para crianças e adolescentes em praças, escolas públicas e privadas e outras instituições de Viçosa - MG e região. As histórias são confeccionadas e adaptadas com a utilização de diversos recursos didáti-cos como fantoches, fichas e peças teatrais que ajudam a dar sentido aos fatos nar-rados. Além disso, também

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são promovidos minicursos e oficinas de contação de histórias para as alunas in-tegrantes dos projetos e para professores da rede pública.

As atividades desenvolvi-das, de acordo com Kamilla Botelho, atual coordenadora dos projetos, ajudam a per-petuar essa forma de arte tão importante que é a “contação de histórias”. Para a estudan-te Edilaine da Silva, bolsis-ta do “Contação de histórias infantis”, o projeto amplia a importância da prática na vida das crianças e também de adultos, resgatando a in-fância que atualmente está se perdendo. Taline Cristina, bolsista do “Conta de novo?”,

ERA UMA VEZ...Projetos resgatam a prática da contação de histórias infantis

Por Robson Filho

Por Weliton Pereira

CINE CARCARÁ CAUSA EXPECTATIVA

complementa explicando que o projeto mantém viva a arte de contar e ouvir histórias de forma lúdica e prazerosa, na qual as crianças são envolvi-das e convidadas a participar, ao representar por pinturas e desenhos, após as conta-ções, as histórias que foram vivenciadas. Desta forma, segundo os responsáveis pe-los projetos, é despertado nelas o interesse e o gosto

pela leitura e, consequen-temente, o senso crítico. As contações acontecem sema-nalmente no Centro Social Padre Alec, mensalmente na praça Silviano Brandão e no Instituto Vida, no bairro Vau-Açu, e aproximadamen-te duas vezes na semana em escolas públicas e privadas de Viçosa e região. Finali-zando, a coordenadora Ka-milla ressalta a importância da atuação nestes locais e do atendimento às deman-das solicitadas pelas escolas:

- Isso nos aproxima da comunidade, que nos res-ponde de forma clara e positiva por meio de olha-res, sorrisos, palmas, su-gestões e elogios – conclui.

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Contação realizada para 50 crianças, jovens e adul-tos deficientes, na APAE de Teixeiras - MG. Uma intérprete acompanhou a equipe do projeto para re-produzir as histórias com acessibilidade a todos.

O Cine Carcará foi funda-do em 1969 por estudantes no campus da Universidade Federal de Viçosa. Desde então, ele proporcionou a alunos, professores e mora-dores de Viçosa a oportuni-dade de assistir e discutir so-bre filmes e documentários alternativos ou famosos.

Nina Pinheiro, formada em Geografia pela UFV, or-ganizava o projeto de ex-tensão “Cinema vai a Escola, escola vai ao Cinema”, que trazia estudantes das esco-las estaduais de Viçosa para assistirem as sessões no local. Nina conta que eram espalhados cartazes pelas escolas, pela universidade e também na cidade como forma de incentivar a popu-lação no geral a frequentar mais a sala de cinema da UFV. A geógrafa afirma que o mais fantástico do Car-cará é a forma autônoma

de administração, ou seja, sem diretoria, que conce-dia uma certa liberdade nas escolhas dos filmes, já que na cidade só existe um ci-nema, que, segundo ela, só passava filmes Hollywoo-dianos. Nina ainda lembra que anteriormente não ha-

via cadeiras na sala do po-rão, o que fazia com que as pessoas levassem colchão para terem um certo con-forto durante as sessões.

Uma parte triste da his-tória do Carcará foi prota-gonizada em 2011 com o incêndio do porão, no sub-

solo do Centro de Vivência da UFV, onde era localiza-do. Arthur Fontgalanb, que estava no dia em que tudo aconteceu, descreve que no local tinha muita madeira, vidro e entulho, o que pode ter facilitado o incêndio.

Mesmo com esses obs-

táculos, ele alega que o ambiente de coletividade das pessoas era o mais le-gal do Cine Carcará, aliado com as novas tecnologias que possibilitam a produ-ção de curtas ou longas que divulguem os traba-lhos do cinema viçosense.

Desde o incêndio, o Cine Carcará foi interditado. De acordo com Raul Nunes, es-tudante de Ciências Sociais e membro do DCE (órgão que coordena o Cine, atual-mente com o apoio da PEC - Pró Reitoria Extensão e Cultura e a DAC - Divisão de Assuntos Culturais), o corpo de bombeiros alegou várias irregularidades para vetar o local. Mesmo após passar por reformas durante esse período, ainda carece de uma saída de emergência. Raul acredita que em meio às burocracias e diálogos, até maio de 2015 tudo es-tará resolvido e o Cine Car-cará voltará a funcionar. Ainda sem data prevista de reinauguração, Cinema da UFV continua de portas fechadas.

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PALACETE É ATRAÇÃO VIÇOSENSECom muita história e cultura, Casa Arthur Bernardes está de portas abertas para visitas turísticas e escolares

A cidade de Viçosa (MG) é nacionalmente conhecida pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), muito im-portante no país. A insti-tuição trouxe para a cidade uma diversidade de cultu-ras e histórias de diferen-tes regiões. Apesar disso, a trajetória cultural de Viçosa não tem sido tão explorada com o passar dos anos. Um exemplo disso é a Casa Ar-thur Bernardes, localizada no centro da cidade, que é antiga residência do ex-pre-sidente da república, Arthur da Silva Bernardes (1922-1926), cidadão viçosense que foi o criador da Escola Superior de Agricultura Ve-terinária (ESAV), atual UFV.

A casa é um patrimônio histórico e artístico que possui estilo eclético, uma construção sólida, elegan-te e bem acabada. Arthur Elegante, residência do ex-presidente embeleza a cidade

OUTROLHARDEZEMBRO DE 2014 CULTURA

Por Jorge Oliveira

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ra Bernardes não morou por muito tempo lá, no entanto a considerava seu verda-deiro lar. Esse patrimônio, além de ser palco de ativi-dades artísticas e culturais, encontra-se aberto a visi-tações para o público. Em 1995, a casa foi adquirida pela UFV e, com doações da comunidade e de fami-liares do homenageado, conseguiu maior ênfase em sua coleção iconográfica.

Mara Gabriele Fonse-ca, estudante da UFV, após visita ao palacete, explica que não conhecia a história do ex-presidente e relata que sequer sabia que ele era um cidadão viçosense além de que, um dia, havia representado tão bem a ci-dade. Este fato demonstra que patrimônio e história não estão ainda devida-mente reconhecidos, pre-cisando ser mais divulga-do para que dê orgulho

aos moradores da cidade.Igor César Sousa, guia de

visitações na Casa Arthur Bernardes, explica que ape-sar de haver visitas escola-res, o movimento é maior durante as férias. Pessoas de outras cidades e crian-ças que têm maior dispo-nibilidade neste período são as que mais visitam a casa. Por conter objetos an-tigos, a visita acaba sendo para elas, ao mesmo tem-po, um programa diverti-do e um aprendizado, uma vez que dá a oportunida-de de conhecer um pouco mais a história de Viçosa.

Com estas atrações e di-versas apresentações de todos os gêneros que acon-tecem aos finais de sema-na no local, a Casa Arthur Bernardes é umas das atra-ções de Viçosa para quem quer se distrair e aprender novas coisas de um modo interessante e cultural.

RITUAL DA DANÇA DO VENTRE

Por Laryssa Cristina

A dança do ventre teve início no Brasil em 1993. É uma cultura praticada em vários locais do mundo, que teve início no Antigo Egito. Segundo a professora da modalidade e educadora física Roberta Ladeira, os egípcios acreditavam que no céu vivia Nut, uma gran-de deusa protegendo a Ter-ra que concebia, direto do seu ventre, o sol todos os dias e a Lua todas as noites.

Assim, a dança começou como um ritual feito a esta deusa. As moças simulavam por meio de movimentos e ondulações no ventre, a ori-gem da vida. De acordo com sites da internet, o rito foi difundido na Babilônia, Me-sopotâmia, Pérsia e Grécia.

A denominação “dança do ventre” surgiu na França em 1893, e com a intervenção dos árabes a esta cultura, ela se propagou, de acordo com a professora Roberta.

Hoje, a dança se difun-diu entre as meninas, que enchem as academias à procura desta cultura tão distante fisicamente, mas tão difundida nos dias atu-ais, incorporando trajes, acessórios, regras, cele-brações, elementos musi-cais, movimentos e passos.

Há no Brasil várias com-petições entre dançarinos. São festivais e eventos nos quais cada grupo de dança ou academia é represen-tado na prática da dança do ventre. A aluna Mar-cella Pereira, de Coimbra (MG), afirma que já parti-

cipou de festivais e adora esse tipo de dança. Para ela, a prática é muito gra-tificante. Marcella participa dos festivais todos os anos pois, segundo ela, além de ser uma grande oportuni-dade, ela pode se expres-sar por meio da dança.

Para poder se apresen-tar, é necessário bastante ensaio e dedicação. Lui-sa Lopes, de Viçosa, tam-bém aluna de dança do ventre, participa de todas as aulas e acredita que a prática pode transformar uma pessoa e ainda pas-sar alegria para outras.

De pouco tempo pra cá, as lutas se tornaram um fe-nômeno nas mídias televisi-vas brasileiras. As pessoas relacionam o esporte com pura fúria e violência. Mas o que passa na sua cabeça ao ouvir as palavras Krav Maga? Ok, e se eu disser que é uma arte de defesa pessoal? Você pensaria em muita briga e confusão, né?

- Krav Maga é uma arte marcial israelense total-mente voltada para a de-fesa pessoal. - diz Robson Carlos Tornello (31), ins-trutor e representante da escola Burkan na cidade de Viçosa (MG). - Foi criada na época da Segunda Guerra Mundial. Imi Lichtenfeld, seu criador, treinou judeus e refugiados para se defen-derem contra a perseguição nazista. Por isso foram ne-cessárias técnicas simples e de rápida assimilação para que seus praticantes pudessem prontamente uti-lizar em campo de batalha.

Desde sempre o criador do Krav Maga teve sua vida permeada pelas artes mar-ciais. Segundo um dos seus 10 discípulos ainda vivo, Ya-ron Lichtenfeld, a arte mar-cial obteve uma filosofia voltada também para o Zen.

Os benefícios de pra-ticar essa arte mar-

cial são enormes: - Além de assegurar

o corpo em saúde, força, flexibilidade e velocida-de, proporciona o con-trole emocional, a auto-confiança e a autoestima em qualquer momento de estresse que possa pas-sar. - explica o instrutor.

Alisson Henrique Cou-to (20), praticante de inú-meras artes marciais, diz que o diferencial do Krav Maga é a necessidade de se defender. Ele deixou claro que a prática visa a inte-gridade pessoal, que pode ser ameaçada pela crimi-nalidade existente em nos-sa sociedade, e até mesmo agressões físicas (inclusive de maridos contra mulhe-res), brigas e tumultos nas ruas. Ele também salien-ta que o mais importante é evitar situações em que se corra risco. Não se deve utilizar da força pra conse-guir alcançar a sua meta.

- Isso não seria ético. Quando treinamos, além da luta, aprendemos uma fi-losofia de vida. Temos que saber medir nossos atos e consequências. Não é por saber lutar e conhecer as técnicas que deve-se usar da força. Somente em casos extremos deve ser utilizado os conhecimentos em artes marcais, mas, mesmo as-sim, apenas em último caso!

ALÉM DA ARTE MARCIAL

Algumas academias oferecem aulas de dan-ça do ventre e a opor-tunidade de participar de festivais e eventos.

Por Larissa Abreu

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OUTROLHARDEZEMBRO DE 2014MEIO AMBIENTE

RIBEIRÃO SÃO BARTOLOMEU PRECISA DE SOCORRO

Por Ronan Santos

É de conhecimento de todo e qualquer viçosen-se e ou residente da cidade que a situação do ribeirão São Bartolomeu, principal recurso hídrico de abaste-cimento da cidade, não é nada boa. O ribeirão vive com constante degradação e as causas de tais proble-mas são várias. Duas de-las se destacam e também se relacionam: a poluição pelo esgoto que cai direta-mente nos mananciais e as construções irregulares em APP’s (Áreas de Preserva-ção Permanente).

As áreas de preservação permanente (APP’s) são um meio de proteção dos mananciais do ribeirão, das nascentes ao longo do cur-so. Essas áreas funcionam como uma espécie de filtro, sendo que quanto mais den-sa as matas ciliares, maior a absorção das impurezas que iriam para o ribeirão. Se-gundo a Revista Árvore, pu-

blicada pelo SIF (Sociedade de Investigações Florestais), no caso do São Bartolomeu só existem cerca de 5,7% da quantidade áreas deter-minadas por legislação de APP’s.

De acordo com Zelva-nio Santiago Silva, em sua pesquisa intitulada Bair-ro Paraíso- Viçosa (MG): Uma análise da situação da Mata Ciliar, são despejados 800 mil litros de esgoto e

três toneladas de lixo no ribeirão São Bartolomeu e seus afluentes, muito disso devido às casas e prédios construídos as margens do ribeirão. Estes despejam diretamente seus esgotos

na água, sem qualquer tra-tamento. Além disso, bas-ta uma chuva de grande proporção para que o local onde se encontram os pré-dios e deveria ser expansão do rio, acabará inundando.

Graças à especulação imobiliária, em cidades como Viçosa estamos vendo uma diminuição significa-tiva dos espaços verdes. Os quintais, que antes eram co-muns por aqui, estão desa-parecendo e dando lugar a construções. Um movimen-to inverso vem acontecendo há um tempo em grandes cidades como Amsterdam, Londres, Vancouver, Lisboa e São Paulo.

As prefeituras têm des-tinado áreas desocupadas para a criação de hortas comunitárias orgânicas. Os prédios, seus telhados e até janelas e sacadas têm

servido para estes cultivos, podendo ser plantada uma grande variedade de ali-mentos como ervas, frutas e hortaliças, além de plantas medicinais.

A Escola Estadual Dou-tor Raimundo Torres (ESE-DRAT) possui uma horta didática, idealizada pelo professor de matemática Márcio Gustavo Pires. Ela é destinada ao ensino inter-disciplinar. Para o final do ano letivo o professor está preparando mudas variadas para que seus alunos pro-duzam suas próprias hortas em casa, incentivando-os a colocarem em prática aqui-lo que foi aprendido na es-cola.

Estas iniciativas são de grande importância para o meio ambiente, pois permi-tem a redução da poluição, melhoria da qualidade do ar e proporcionam um aspecto mais saudável à cidade. E tem ainda o ganho pessoal. Esses espaços servem como terapia e lazer para toda a população, estimulam a educação, o desenvolvimen-to comunitário, economia de alimentos e garantem a certeza da ingestão de pro-dutos limpos e livres de agrotóxicos.

O que vemos é uma im-portante aproximação das cidades ao campo, o que só traz beneficios, beleza e saúde para o concreto.

HORTAS PODEM RESTAURAR VERDERECICLAGEM EM VIÇOSA

Por Shayene Martins

Com o objetivo de im-plementar, consolidar e ex-pandir a coleta seletiva em Viçosa-MG, foi criado, em 2007, o Projeto InterAção - Responsabilidade Social e Meio Ambiente, que surgiu a partir de trabalhos aca-dêmicos que falavam sobre a condição dos catadores e trabalhadores do lixão na cidade. Foi uma iniciativa de alunos e professoras da Universidade Federal de Viçosa - UFV, que deci-diram criar um projeto de extensão que buscasse a mobilização da sociedade civil em relação à coleta se-letiva.

Para sua realização o projeto conta com a parce-ria do Serviço Autônomo de Agua e Esgoto – SAAE que é responsável pela lo-gística e pela gestão dos resíduos sólidos em Viço-sa, e com a Associação dos Trabalhadores da Usina Triagem e Reciclagem de Viçosa – ACAMARE. A ela compete triar, enfardar e comercializar os materiais recicláveis. Todos eles são encaminhados para a Usi-na de Triagem e Recicla-gem de Viçosa.

Segundo a Política Na-cional de Resíduos Sólidos,

a partir de 2014 a coleta seletiva será obrigatória em todo o Brasil. A bolsista do projeto Mariana Olivei-ra destaca a importância do Projeto InterAção na cidade:

- Além de contribuir com o cumprimento dessa lei, visando medidas que minimizem os impactos negativos ao meio ambien-te, o projeto também pro-move a inclusão social dos trabalhadores da Acamare. - comenta.

A atual coordenadora, Nádia Dutra, reforça que o Projeto InterAção é um convite “para implantar a coleta seletiva, a coleta diferenciada, em casa, na escola ou até mesmo em um ambiente de trabalho”, pois é um ato muito sim-ples e você ainda ajuda a preservar o meio ambien-te, poupando os recursos naturais do planeta. Bas-ta separar o lixo orgânico do lixo reciclável e lavar e secar os materiais destina-dos à reciclagem.

Você pode saber mais sobre o projeto e os pontos de coleta dando um puli-nho no site: http://www.projetointeracao.ufv.br/, que também trás várias di-cas e curiosidades sobre a reciclagem.

Por Jéssica Avelar

Esgoto despejado diretamente e falta de cuidado com as margens são alguns dos vários problemas que o ribeirão enfrenta

Sementeiras onde estão sendo preparadas as mudas para os alunos plantarem em casa

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Jéssica Avelar

Poluição e construções irregulares afetam todo o curso do rio mas estes são só o inicio do problema

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INCLUSÃO POR MEIO DO SEGUNDO TEMPO Projeto criado pelo Ministério dos Esportes busca inserção de jovens com deficiência na atividade esportiva

O futebol é considerado o esporte mais popular de todo país e, sendo assim, também é uma das modalidades oferecidas aos jovens por essa iniciativa

Por Júlia Moreira

O programa Segundo Tem-po – Esportes Adaptados é desenvolvido pela Secretaria Nacional de Esportes, Edu-cação, Lazer e Inclusão Social que é um órgão do Ministério do Esporte. A Coordenadora Geral dessa inciativa, Renata Machado Teixeira, explica os objetivos desse programa:

- O objetivo principal é propiciar a prática de espor-tes para essas pessoas por-que normalmente eles não tem essa oportunidade. En-tão o objetivo real do progra-

ma é propiciar essa prática de esportes no ambiente de inclusão – disse.

O público alvo dessa ini-ciativa são crianças e jovens de 8 à 24 anos. Renata conta mais sobre as pessoas que participam desse programa:

- Aproximadamente 70% das pessoas que a gente aten-de são pessoas com deficiên-cia, mas atendemos também as que não tem deficiência, mas que tem algum déficit de aprendizado, de transtorno de déficit de atenção (TDH), essas deficiências associadas – explicou.

As modalidades esporti-vas oferecidas são escolhidas por meio de ciclos de espor-tes. Sendo assim, a cada três meses são modificados as ati-vidades oferecidas. No ciclo que estão no mês de novem-bro, são trabalhados o fute-bol, handebol, peteca e tênis. De acordo com a Coordena-dora Geral, o projeto não se concentra apenas na comuni-dade universitária:

- A gente atende Viçosa e a região em torno da cida-de. Então atendemos outras pessoas que não são daqui. E a gente tem um público

que prioritariamente estão em vulnerabilidade social. As pessoas são atendidas na parte da tarde na segunda e na quarta, na parte da manhã na quarta e na sexta e esses turnos se juntam aos sábados pela manhã – contou.

Como em qualquer outro trabalho, os desafios enfren-tados são constantes. Renata Machado entende que na for-mação dessa iniciativa ainda existem falhas por ser um programa piloto:

- Os alunos ainda tem muitas dificuldades para vir para a Universidade, porque

o transporte é difícil. A gen-te tem que sempre ir atrás e buscar esses meninos para que eles possam vir aqui e isso é muito complicado. Mas como é um projeto piloto a gente está caminhando para mudanças – relatou.

Para ingressar no projeto é necessário entrar em con-tato com a coordenação para o preenchimento da ficha de inscrição, que será encami-nhada para o Ministério do Esporte, além de estar com o atestado médico de aptidão para a realização dessas ati-vidades.

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OUTROLHARDEZEMBRO DE 2014 ESPORTE

LIGA UNIVERSITÁRIA OFERECE GINÁSTICA ARTÍSTICA

Trampolim é praticado pelos estudantes, no PVG, como forma de vivência da modalidade

Por Luiza Carvalho

Caracterizada pela reali-zação de uma série de movi-mentos corporais sistema-tizados, a ginástica artística, também conhecida como gi-nástica olímpica, é uma mo-dalidade desportiva. Pratica-da na Grécia Antiga, ainda é difundida em vários países.

Na Universidade Federal de Viçosa (UFV), a ginástica artística é oferecida à comu-nidade acadêmica pelo Pro-grama Segundo Tempo e pela LUVE (Liga Universitária Vi-çosense de Esportes). A Liga oferece a modalidade visan-do a manutenção da prática e a vivência pelos praticantes, como afirma Romilson Sales, técnico do setor.

Segundo Romilson, não há seletivas para participar da ginástica. Após a ativida-de ser aberta para os demais cursos, houve interesse de vá-rios estudantes para praticar a modalidade, e estes estão passando por um proces-

so de aperfeiçoamento para depois começarem a treinar para competições. Os atletas que competem fazem parte de uma categoria conhecida por alto nível ou elite.

A ginástica possui divi-sões: artística, de trampolim e rítmica. Cada uma possui uma especificidade, como ex-plica o técnico. A ginástica ar-tística envolve equipamentos de solo, trave, barras parale-las simétricas e assimétricas e argolas. Já a ginástica de trampolim envolve o próprio trampolim, o mini trampolim, o duplo mini e o tumblr - uma pista (esteira) com molas.

Os estudantes que parti-cipam das modalidades pela LUVE treinam uma parte da ginástica artística, relaciona-da aos movimentos básicos de solo, e treinam também o trampolim, o mini trampolim e o tumblr.

Os treinos são realizados no PVG (Pavilhão de Ginásti-ca), localizado no campus uni-versitário.

Luiza Carvalho

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EDUCAÇÃO FÍSICA AUXILIA DESENVOLVIMENTO

OPÇÃO PARA PRÁTICA DO FUTEBOL AMERICANOPor Gustavo Pires

O Brasil é considerado o país do futebol. Com grandes conquistas e jogadores, os brasileiros sentem orgulho do desempenho dos atletas com a bola redonda. Porém, “outro” futebol está virando mania e atraindo fãs, mas esse é disputado com uma bola oval.

O futebol americano sur-giu no final do século XIX, nos Estados Unidos, e desde então vem crescendo. Os últi-mos anos confirmaram a su-premacia do esporte no país onde foi inventado, tornan-do-se a preferência do povo por meio da NFL, a National Football League. No mundo, estima-se que 160 milhões de pessoas num total de 180

países assistiram ao último Super Bowl (a final da NFL).

Leandro Santiago Alves (16) estuda no ESEDRAT e é um dos inúmeros fãs do esporte aqui no Brasil. Seu gosto pela modalidade foi tão grande que ele logo desejou praticar, e viu no UFV Capi-varas, time de futebol ameri-cano que representa Viçosa, uma chance:

- Andando de bicicleta na UFV, vi uma turma jogando FA [futebol americano] no gramado. Cheguei perto e pedi para treinar - disse.

Sobre sua imediata aceita-ção no time, ele explica que “não precisa de requisito al-gum, esse é o esporte mais-democrático que tem. Nele joga o magro, o gordo, o alto, o baixo, etc”.

Camilo Soares (28), estu-dante da UFV, é membro da equipe e um dos capitães den-tro de campo. Está presente desde a fundação do UFV Ca-pivaras, que aconteceu no co-meço do ano. O jogador conta como foi o processo:

- Willer Peluso jogava co-migo em Ubá e veio com o projeto perante a universida-de para criar o UFV Capivaras e a instituição logo aceitou - informou.

Sobre o comando, ele res-salta que “dentro de campo alguns veteranos tem essa função, são os capitães”.

O futuro, segundo Camilo, é grandioso, pois “o plano é participar e realizar torneios em âmbito nacional e trazer cada vez mais um esporte tão gratificante para a cidade”.

Caso tenha interesse em participar, Camilo explica que o time está em um “está-gio onde aceitamos qualquer interessado, basta a pessoa comparecer aos treinos e ter vontade e dedicação de aprender”.

Esses treinos acontecem aos sábados, às 15h no gra-mado ao lado do RU. O con-tato também pode ser feito pelo facebook: UFV Capivaras – Futebol Americano.

OUTROLHARDEZEMBRO DE 2014ESPORTE

Atletas se posicionam para começar jogada durante treino realizado no gramado ao lado do Restaurante Universitário da UFV

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Por Matheus Filipe

Ei, você tem praticado Educação Física no seu co-légio? Não? É por meio dela que você tem a possibilidade de desenvolver sua coorde-nação motora e agilidade de raciocínio com a realização de jogos e a prática de ginás-ticas e outros esportes, bem como atividades rítmicas e expressivas, como a dança, por exemplo, além de pro-mover o conhecimento so-bre o próprio corpo. Enfim, pode-se fazer muita coisa e até utilizar a aula para im-pressionar àquela paquera. Quem nunca tentou? Pois é, aposto que você já o fez.

De acordo com o chefe do Departamento de Educação Física da UFV, Paulo Lanes Lobato, a prática de ativi-dade física na escola está prevista em lei e está sendo estudada a obrigatoriedade da disciplina desde os pri-meiros anos do Ensino Fun-damental:

- Eu acho essencial que a disciplina permaneça, por-que é no período da forma-ção que acontece o desen-volvimento mental, além de

desenvolver a percepção físi-ca e a percepção do esporte no conjunto de atividades de formação, principalmente do 1º ao 5º ano que é onde está sendo estendida essa obriga-toriedade - explica.

Para Lobato, “deve ser es-timulado o desenvolvimento motor voltado à preparação do indivíduo para a práti-

ca de atividades esportivas, para quando ele desejar jo-gar basquete, vôlei, nadar, ele já tenha adquirido na idade escolar essa base de desenvolvimento motor su-ficiente.”

A falta da Educação Fí-sica nos primeiros anos do desenvolvimento da criança é prejudicial ao seu desen-

volvimento psicomotor, bem como pode acarretar proble-mas de obesidade e aumen-tar o risco de doenças car-diorrespiratórias.

Sobre os problemas de não ter a Educação Física nas primeiras idades, Loba-to afirma que se o jovem não adquire hábitos e condições de prática mínimas pra isso,

ele não é estimulado e não se dedica nem mesmo a ativida-de física não esportiva, como a academia.

Portanto, esse estímulo deve existir para que os jo-vens não fiquem apenas nos jogos eletrônicos ou em seus smartphones e notebooks, e assim possam ser mais sau-dáveis.

Durante a infância, esporte traz benefícios para as habilidades psicomotoras e pode evitar obesidade

Educação Física possibilita jovens estudantes a desenvolverem agilidade de raciocínio por meio da realização de esportes

Luiza Carvalho

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