Outros Artigo- O Fim Dos Empregos

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  • 7/25/2019 Outros Artigo- O Fim Dos Empregos

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    O Fim dos EmpregosO app de chamar txi faz o motorista se materializar em minutos. E est quebrando as

    empresas de rdio-txi. No AirBnB, voc entra, escolhe uma casa disponvel para alugarpor uma semana e j negocia esse mini-aluguel direto com o dono. Sai bem mais baratoque hotel. Lindo, s que no para os hotis, que esto perdendo hspedes aos tufos.

    D para passar 10 pginas citando exemplos desses: servios que esto facilitando nossavida enquanto ceifam empregos. Isso porque uma boa startup tem duas caractersticas: ela "disruptiva", como gostam de dizer os gurus de marketing, j que chacoalham o setor emque competem. E "magra": entra rpido em operao e emprega pouca gente. Um bomexemplo de startup assim o Instagram. Quando foi vendida ao Facebook por US$ 1

    bilho, a empresa tinha 13 funcionrios. A Kodak, que foi o Instagram de um passado nemto distante, empregava 140 mil funcionrios nos anos 1990. E decretou falncia anopassado. S a sobram 139.987 funcionrios...

    O desemprego causado por tecnologia no exclusividade do nosso tempo. O medo demquinas tomando o lugar das pessoas vem desde pelo menos 350 a.C., com Aristtelesperguntando o que seria dos servos quando a lira tocasse sozinha. Mas foi dois mil anosdepois do filsofo, com a Revoluo Industrial, que a coisa ficou sria. Na Inglaterra dosculo 19, os chamados luditas destruram fbricas que substituam trabalhadores braaispor mquinas a vapor.

    A maior parte dos economistas apontaria que no adianta se revoltar porque a histria das

    "revolues produtivas" uma histria de desemprego momentneo. A introduo demquinas deixou um monte de gente sem ter o que fazer no campo. Mas elas migrarampara as cidades, e encontraram vrias coisas para fazer. Quando as mquinas comearam atomar os empregos em fbricas, essas pessoas foram para o campo dos servios. E essa foia receita de progresso econmico at aqui: a tecnologia tirava empregos num primeiromomento, por que aumentava a produtividade - uma pessoa passava a fazer o trabalho de

    vrias pessoas. Depois, o aumento da produtividade criava mais riqueza. E essa riquezadava luz mais empregos. Pronto. Bom para todas as partes. Por isso mesmo oseconomistas chamam de "falcia ludita" a ideia de que automao gera desempregoduradouro.

    Mas agora parece ser diferente. o que mostra um clculo dos pesquisadores ErikBrynjolfsson e Andrew McAfee, do MIT. Eles observaram o seguinte: quanto maisaumentou a produtividade ao longo do sculo passado, mais cresceu o nmero deempregos. At a, tudo em linha com a teoria econmica tradicional. Mas as coisasmudaram. Por volta do ano 2000, a produtividade comeou a crescer num ritmo bem maisacelerado que a criao de novas vagas. E a distncia s aumentou: quanto maisprodutividade (ou seja: quanto mais tecnologia), menos emprego. Os pases do mundodesenvolvido esto de prova: boa parte deles sofre com taxas altssimas de desemprego,que teimam em no voltar aos ndices pr-crise de 2008.

    E talvez nunca voltem. "A raiz dos nossos problemas no que estamos em uma granderecesso", eles dizem. "Mas no incio de uma grande reestruturao". O problema que ainovao estaria acontecendo rpido demais. E no haveria tempo nem dinheiro suficiente

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    para comear novas indstrias, que ainda no imaginamos. Se antes uma ocupaodemorava dcadas para sumir, hoje elas morrem numa piscada. Lojas de computadores,por exemplo. Elas nem existiam nos anos 1980. Tiveram um boom nos 1990. Mas em 2013empregavam 50% menos pessoas do que em 2001 - mais fcil comprar nas Amazons da

    vida, afinal. A gigante do varejo, alis, anunciou que entrar em um dos ltimos ramos queno vendia coisas: as compras de supermercado. Em junho, ela passou a entregar compras

    em vrias cidades dos EUA, com frutas e verduras includas. Os supermercados devemsofrer num futuro prximo.

    Outro agente criador de desemprego o "trabalho gratuito". Os vendedores podem estarperdendo o emprego, mas as pessoas continuam indo ao site da Amazon e indicandoprodutos com resenhas. E dando estrelinhas no iTunes. O comprador faz o trabalho do

    vendedor. Num site de banco basicamente a mesma coisa. Quando voc paga uma contana internet est trabalhando de graa para a instituio financeira. Como caixa.

    E quanto mais tecnologia, mais "trabalho grtis". O Waze, um servio de mapas queacabou de ser vendido por US$ 1,1 bilho para o Google, tem 110 funcionrios. Mas contacom o trabalho gratuito de mais de 50 milhes de usurios, que marcam no mapa onde aprxima blitz da Lei Seca. O Instagram a maior "revista de fotos" da histria no pelosseus 13 funcionrios, mas porque so quase 100 milhes de pessoas preenchendo suaspginas. De graa, naturalmente.

    Mas h um outro lado nessa histria. O emprego est crise, mas o empreendedorismo no.Nunca foi to simples montar um negcio novo. E no estamos falando s em empresas. Se

    voc coloca o seu apartamento para alugar no AirBnB quando sai de frias, j pode seconsiderar dono de hotel. Mesmo ser taxista hoje quase como ter uma start up - osmotoristas investem no marketing pessoal para aparecerem com mais estrelinhas nos

    apps, e conseguir mais clientes. Ou seja: essa era do "fim do emprego", ao que parece, so efeito colateral do incio de outra era, a do empreendedorismo de massa. A verdade queestamos diante de uma nova revoluo industrial. Uma revoluo que est nas suas mos.Bom trabalho.