ovas da Gali a ép ort a-vzd cig na comarca de...

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nÚmero 116 15 de julho a 15 de aGosto de 2012 1,20 € periódico galego de informaçom crítica maniPulaçom do PrestiGe 5 Especialistas do Sistema Mundial de Socorro denunciam que o Ministério de Fomento “manipulou” o parecer técnico do Prestige no decurso da Comissom de Investigaçom e actuou com falta de independência. cooPerativa inteGral 7 Inspiradas no modelo catalám, um grupo de pessoas vinculadas às inicia- tivas sociais galegas convocam umha assembleia para o Dia da Pátria com a vontade de constituir umha alternati- va práctica ao capitalismo no país. N ovas da G ali a “O Estado espanhol utilizou o naval como moeda de troca, um setor estratégico para a nossa economia” mAnel grAndAl é porta-voz da cig na comarca de ferrol Pág. 6 oPiniom O indePendentismO PerAnte O esPelhO defOrme dOs meiOs por helena domínguez / 3 figurAs de sArgAdelOs por s. mourigade / 28 renOvAçOm PArA O futurO por carlos Barros / 3 suPlemento central a revista emíliO ferreirO ressucitA nO centenáriO Luís ‘Foz’ resgata a figura e o pensamento do poeta de Cela Nova num 2012 em que se comemoram os cem anos do seu nascimento esPAnhA nOm é gAlizA! Carlos Calvo analisa a dicotomia entre a identificaçom galega ou espanhola vista do exterior e a partir da sociedade galega Jacinto Rey muda as amizades políticas introduz joseP Piqué na ‘san josé’ Que Jacinto Rey optasse por fi- nanciar meios galeguistas en- quanto o BNG estava no governo da Junta nom é fruito do acaso. O assalto ao poder da editora d’ A Nosa Terra e o lançamento do Xornal de Galicia, acabárom por diluir-se em paralelo à restaura- çom do poder do PP. O seu opor- tunismo mostrou-se na enésima remodelaçom do conselho de San José, em que perdem peso os vínculos com o país, cedendo o lugar a personagens como Jo- sep Piqué e Guillermo de la De- hesa, ex-altos cargos do PP e do PSOE. Entretanto, Rey desafia a crise com negócios em diferen- tes setores na Europa, na Améri- ca Latina e na Ásia. / PÁG. 16 Mineiros luitam pola supervivência do setor Governo corta 70% dos subsídios Depois de várias semanas de conflito nas concas mineiras, os protestos, longe de esmorecer, intensificam-se. O curte do 70% dos fundos europeus anunciado polo governo central provocará a desapariçom total do setor em todo o Estado espanhol, com o consequênte desartelhamento da estrutura económica das co- marcas que vivem do carvom. Os trabalhadores da mina vin- dicam o cumprimento do pacta- do na UE e denunciam o uso ca- ciquil que se fixo com os fundos e a ausência dum plano real pa- ra gerar indústria alternativa nas suas bisbarras. / PÁG. 20 Pardinhas resiste como alternativa Alfonso Blanco, da Associaçom Xérmolos, organiza o festival de Pardinhas. O certame cultural é já um fito do verao galego consolidado após 33 anos de criatividade rebelde / PÁG. 14 As últimas privatizaçons encobertas no Serviço de Prevençom e Defesa contra Incêndios Florestais da Junta estám a beneficiar de novo duas empresas li- gadas ao Partido Popular. A Inaer e a Natutecnia re- cebêrom a gestom das brigadas helitransportadas, tal como adiantaram sindicatos e associaçons profis- sionais. A segunda das firmas, vinculada ao ex-con- selheiro do Meio Carlos del Álamo, chegou a fazer provas de seleçom de pessoal semanas antes da assi- natura do contrato. A Inaer, pola sua banda, mono- poliza desde há décadas os helicópteros para o Ser- viço de Guarda Costeira graças, em boa medida, à amizade íntima que liga o seu dono com Juan Carlos de Bourbon, de quem foi piloto pessoal. / PÁG. 19 Empresas amigas do PP lucram com os incêndios SONIA DAPONTE

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nÚmero 116 15 de julho a 15 de aGosto de 2012 1,20 €

p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ço m c r í t i c a

maniPulaçom do PrestiGe 5Especialistas do Sistema Mundial deSocorro denunciam que o Ministériode Fomento “manipulou” o parecertécnico do Prestige no decursoda Comissom de Investigaçom eactuou com falta de independência.

cooPerativa inteGral 7Inspiradas no modelo catalám, umgrupo de pessoas vinculadas às inicia-tivas sociais galegas convocam umhaassembleia para o Dia da Pátria com avontade de constituir umha alternati-va práctica ao capitalismo no país.

Novas da Gali a

“O Estado espanhol

utilizou o naval

como moeda de

troca, um setor

estratégico para a

nossa economia”

mAnel grAndAlé porta-voz dacig na comarcade ferrolPág. 6

oPiniom

O indePendentismO PerAnte O esPelhOdefOrme dOs meiOs por helena domínguez / 3

figurAs de sArgAdelOs por s. mourigade / 28

renOvAçOm PArA O futurO por carlos Barros / 3

suPlemento central a revista

emíliO ferreirO ressucitA nO centenáriOLuís ‘Foz’ resgata a figura e o pensamento do poeta de Cela Novanum 2012 em que se comemoram os cem anos do seu nascimento

esPAnhA nOm é gAlizA!Carlos Calvo analisa a dicotomia entre a identificaçom galega ouespanhola vista do exterior e a partir da sociedade galega

Jacinto Rey muda asamizades políticas

introduz joseP Piqué na ‘san josé’

Que Jacinto Rey optasse por fi-nanciar meios galeguistas en-quanto o BNG estava no governoda Junta nom é fruito do acaso.O assalto ao poder da editora d’ANosa Terra e o lançamento doXornal de Galicia, acabárom pordiluir-se em paralelo à restaura-çom do poder do PP. O seu opor-tunismo mostrou-se na enésima

remodelaçom do conselho deSan José, em que perdem pesoos vínculos com o país, cedendoo lugar a personagens como Jo-sep Piqué e Guillermo de la De-hesa, ex-altos cargos do PP e doPSOE. Entretanto, Rey desafia acrise com negócios em diferen-tes setores na Europa, na Améri-ca Latina e na Ásia. / PÁG. 16

Mineiros luitam polasupervivência do setor

Governo corta 70% dos subsídios

Depois de várias semanas deconflito nas concas mineiras, osprotestos, longe de esmorecer,intensificam-se. O curte do 70%dos fundos europeus anunciadopolo governo central provocaráa desapariçom total do setor emtodo o Estado espanhol, com oconsequênte desartelhamento

da estrutura económica das co-marcas que vivem do carvom.Os trabalhadores da mina vin-dicam o cumprimento do pacta-do na UE e denunciam o uso ca-ciquil que se fixo com os fundose a ausência dum plano real pa-ra gerar indústria alternativanas suas bisbarras. / PÁG. 20

Pardinhas resiste como alternativaAlfonso Blanco, da Associaçom Xérmolos, organiza o festival dePardinhas. O certame cultural é já um fito do verao galegoconsolidado após 33 anos de criatividade rebelde / PÁG. 14

As últimas privatizaçons encobertas no Serviço dePrevençom e Defesa contra Incêndios Florestais daJunta estám a beneficiar de novo duas empresas li-gadas ao Partido Popular. A Inaer e a Natutecnia re-cebêrom a gestom das brigadas helitransportadas,tal como adiantaram sindicatos e associaçons profis-sionais. A segunda das firmas, vinculada ao ex-con-

selheiro do Meio Carlos del Álamo, chegou a fazerprovas de seleçom de pessoal semanas antes da assi-natura do contrato. A Inaer, pola sua banda, mono-poliza desde há décadas os helicópteros para o Ser-viço de Guarda Costeira graças, em boa medida, àamizade íntima que liga o seu dono com Juan Carlosde Bourbon, de quem foi piloto pessoal. / PÁG. 19

Empresas amigas do PPlucram com os incêndios

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Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de agosto de 201202 oPiniom

Se tés algumha crítica a fazer, algum facto a denunciar, ou desejas transmitir-nos algumha in-quietaçom ou mesmo algumha opiniom sobre qualquer artigo aparecido no NGZ, este é o teulugar. As cartas enviadas deverám ser originais e nom poderám exceder as 30 linhas digitadasa computador. É imprescindível que os textos estejam assinados. Em caso contrário, NOVAS DA

GALIZA reserva-se o direito de publicar estas colaboraçons, como também de resumi-las ou ex-tratá-las quando se considerar oportuno. Também poderám ser descartadas aquelas cartasque ostentarem algum género de desrespeito pessoal ou promoverem condutas antisociais in-toleráveis. Endereço: [email protected]

o Pelourinho do novas

em defesa das nossasÁrvores autóctones

Nestes últimos dias, o sr. alcaldede Cerdedo distribuiu um novoescrito dirigido à vizinhança noqual voltam a insistir, deturpandomais umha vez o sentido da Lei3/2007 sobre prevençom de in-cêndios, na obrigaçom de cortar,sem exceçom, todas aquelas ár-vores que estejam a 2 m. do talu-de dos viais municipais.

Como dixemos umha e outravez, a interpretaçom da Lei porparte do alcalde é torcida, já quenos artigos 22 e 23, assim comona Disposiçom Adicional 3ª, ficaclaro que se devem respeitar asespécies autóctones que, como nocaso dos carvalhos, som espéciespirófugas e tornam-se umha bar-reira em caso de incêndio.

Como desde o mês de fevereiro,data em que o Sr. Balseiros come-çou com a sua particular cruzadacontra os nossos carvalhos, a vizi-nhança cerdedense nom demons-trou vontade algumha por cum-prir esta abusiva ordenança mu-nicipal, o Grupo de Governo estáa convocar agora reunions “infor-mativas” que, na realidade, ser-

vem para pressionar os vizinhos.Ademais, os trabalhadores doConcelho procedêrom já a abateralgumha árvore (carvalhos incluí-dos), amontoando a madeira noPonto Limpo, comunicando àspessoas que o custo desta ativida-de será carregado aos vizinhosatravés do ORAL e mesmo exibin-do um autoritarismo tresnoitado,dando a entender que correm pe-rigo de expropriaçom os terrenoslindantes com os viais onde nomforem cortadas as árvores. Esta“alcaldada” já está a ocasionarconflitos e desgostos entre os vizi-nhos, que, como aconteceu emMelide, impedírom o abate das ár-vores e apresentárom um escritode protesto no Concelho.

Diante do perigo iminente quecorrem numerosas árvores autóc-tones de todo o território munici-pal, como associaçom ecologista ecultural comprometida com o pa-trimónio natural, assim como comos vizinhos e vizinhas afetados,consideramos conveniente formu-lar várias questons: que vai acon-tecer com a lenha levada ao PontoLimpo? É toda proveniente de ter-renos cujos proprietários nom es-tám localizáveis? Acaso desco-nhece o sr. alcalde que a mingua-

da populaçom do Concelho é, nasua maioria, de idade avançada,de humilde condiçom e carente derecursos técnicos para, ponhamospor caso, cortar eucaliptos de re-gular envergadura? Acaso desco-nhece o sr. alcalde o estado lamen-tável dos nossos montes, sem ape-nas açons preventivas em matériade incêndios por parte da Junta?E se o conhece, porque nom mos-tra a mesma energia na hora deexigir mais recursos à Junta, im-pondo, polo contrário, um esforço

visivelmente desmedido aos vizi-nhos? Porque tenhem os e as cer-dedenses, muitos deles de umhaavançada idade, imprópria paratrabalhos físicos, que sofrer asconseqüências de umha má políti-ca de prevençom de incêndios, otacanho "Plano de prevençom edefesa contra incêndios florestaisda Galiza" (PLADIGA) contra oqual já nos temos pronunciado?Nom seria mais justo que o Con-celho assumisse os custos da lim-peza desses viais, tal e como acon-

tece noutros concelhos da zona?Ou é que alguns concelhos geremmelhor os recursos do que outros?Porque nom ouve representantesde algumhas C.M.V.M.C. quandolhe dim que carecem de recursos,que se oponhem a esta medida,que som os principais interessa-dos na prevençom de incêndios eque já tenhem realizado laboresde limpeza pola sua conta? Por-quê esta xenreira irracional con-tra os nossos carvalhos?

Diante deste absurdo, só nos fi-ca engadir que continuaremos adefender contra o lume e contraos cortes de árvores sem sentido,a nossa flora autóctone e o nossomonte, da forma que melhor sa-bemos: informando e fazendo re-fletir as pessoas. Por isso, esta-mos a promover, junto com ou-tros coletivos sociais de toda aGaliza, um ato reivindicativo emprol de umha verdadeira preven-çom dos lumes, em prol da con-servaçom do nosso monte autóc-tone e contra açons agressivas epredadoras como as que nos querimpor o sr. Balseiros.

Associaçom Ecologista eCultural da Terra de Montes

‘Verbo Xido’

Para compreendermos a rea-lidade sociológica que nosenvolve é fundamental ter

em conta o papel determinante queexercem os meios de comunica-çom na construçom da ideologiadominante e na imposiçom daqui-lo que se deu em chamar pensa-mento único. Enfrentamos um ce-nário de massificaçom informativanumha única direçom, ao serviçoda perpetuaçom do stablishment,polo que qualquer alternativa quese pretenda transformadora deveestar necessariamente acompa-nhada por ferramentas de comuni-caçom eficazes para a consecuçomdos seus fins.

A recomposiçom interna a que

assistem as forças polí-ticas nacionais nompode obviar que é con-seqüência, em boa me-dida, do fracasso de fórmulas deintervençom que nom fôrom acer-tadas para o objetivo de ganhar oapoio social imprescindível querseja para aceder à governança daautonomia quer seja para acumu-lar forças no caminho da conquis-ta de soberania e justiça social.

Que o nacionalismo nom conse-guisse dotar-se de referencialida-des mediáticas com capacidadepara incidir nas últimas décadas éum fator determinante para expli-car por que umha alternativa polí-tica objetivamente necessária nom

conseguiu rachar com a hegemo-nia dos partidos espanhóis pró-ca-pitalistas. A excessiva identifica-çom editorial das experiências re-centes neste ámbito com as dire-trizes de partidos, entre outrascausas, lastrou a sua potencialida-de tanto para aglutinar um movi-mento e umha comunidade comopara interagir com a sociedade eganhar espaços no seu seio.

Quem aspirar a quebrar o con-senso político só poderá fazê-lo seé capaz de abrir umha fenda noconsenso da informaçom. A po-

pulaçom conhece a realidade queestá mais além do seu contextoatravés dos meios e constrói o dis-curso e ideologia a partir dos ele-mentos para a análise que esteslhe proporcionam. Sem bom jor-nalismo, sem ferramentas comu-nicativas de qualidade capazes degerar interesse e atraçom, nen-gum projeto sócio-político poderátransformar o presente.

O maior assalto dos últimostempos contra as conquistas so-ciais mais básicas está a ser dige-rido e as suas dramáticas conse-

qüências nom provocárom umhaconvulsom social capaz de freá-lo.Para analisarmos por que razomo sistema triunfa na hora de nor-malizar a anormalidade devere-mos ser conscientes dos efeitosnarcotizantes dum sistema mediá-tico que fijo acreditar à maior par-te do povo que é impotente paraincidir como coletivo sobre osseus destinos. E teremos que en-frentar este cenário valendo-nostambém dessas armas que elestam bem manejam com decisom,inteligência e audácia.

Comunicarmos para avançareditorial

humor beto

D. LEGAL: C-1250-02 / As opinions expressas nos artigos nom representam necessariamente a posiçom do periódico. Os artigos som de livre reproduçom respeitando a ortografia e citando procedência.

editOrAminhO mediA s.l.

diretOrcarlos Barros gonçales

cOnselhO de redAçOmcarlos calvo varela, iván garcía riobó, Aarón lópez rivas, Xavier miquel, Antia rodríguez garcía, raul rios, Olga romasanta,Alonso vidal, Paulo vilasenin

secçOnscronologia: iván cuevas / economia:Aarón lópez rivas / Agro: Paulo vilasenine Jéssica rei / mar: Afonso dieste / media:

Xoán r. sampedro e gustavo luca / A terra treme: daniel r. cao / Além mi-nho: eduardo s. maragoto / Povos: JoséAntom ‘muros’ / dito e feito: Olga roma-santa / A denúncia: iván garcía / cultura:Antia rodríguez / desportos: Anjo rua nova, isaac lourido e Xermán viluba /consumir menos, viver melhor: Xan duro /A criança natural: maria álvares rei /Agenda: irene cancelas / A foto: sole rei /tempos modernos - em tempos: carloscalvo / A galiza natural: João Aveledo /gastronomia: luzia rgues., sino seco /língua nacional: valentim r. fagim / criaçom: Patricia Janeiro / cinema:francesco traficante, Xurxo chirro

desenhO gráficO e mAQuetAçOmmanuel Pintor, helena irímia, hilda carvalho

fOtOgrAfiAArquivo ngz, sole rei, galiza independente(gzi-foto), zélia garcia, Borja toja

AdministrAçOmsara Pérez neira

lOgísticA e PuBlicidAdeXoán r. sampedro e daniel r. cao

AudiOvisuAl: galiza contrainfo

imAgem cOrPOrAtivA: miguel garcía

humOr gráficOsuso sanmartin, Pestinho, Xosé lois hermo,gonzalo, ruth caramés, Pepe carreiro

cOrreçOm lingÜísticAXiam naya, fernando corredoira, vanessa vila verde, mário herrero

cOlABOrAm neste nÚmerOBeto, helena dguez., J. teixeiro, r. campos,h. carvalho, v.g. leiras, sílvia Pinha, mª Ba-garia, m.B., sonia daponte, zélia gª, indio emónika, Antom santos, d. do Arroio, sabelamourigade, luís 'foz', X.A. Bocixa, X. duncan

fechO de ediçOm: 14/07/2012

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Ojornal que tés nas maos éo fruto do trabalho coleti-vo e voluntarista de dú-

zias de pessoas que figérom pos-sível a consolidaçom deste proje-to de comunicaçom alternativa.Pessoas que tivérom claro que eranecessário fazer todo o possívelpara a gestaçom de umha referen-cialidade informativa que acom-panhasse a Galiza em movimentoe, ao mesmo tempo, olhasse a rea-lidade nacional a partir de umhaperspetiva crítica. Desde fevereirode 2002 até hoje permaneceuaberto um fluxo de informaçomindependente a partir de umhaequipa humana que tentou dar su-porte a umha linha editorial quenom tinha na altura referentesmediáticos em papel.

O caráter militante do trabalhodesenvolvido polos homens e mu-lheres que sostenhem mês a mêsa publicaçom do NOVAS DA GALIzA

e o facto de contar com estruturaspróprias financiadas polas pró-prias pessoas que o procuramsom garantes de autonomia e au-tossubsistência frente a qualquertentativa de controlo por parte degrupos de pressom.

No entanto, as virtudes queproporciona o nosso voluntaris-mo implicam também limitaçons.O facto de que desenvolvamos astarefas no nosso tempo livre nompermite que disponhamos, natu-ralmente, da mesma capacidade

de intervençom que nos poderiaproporcionar um modelo de tra-balho que incluísse salários.Também motiva que os contribu-tos de cada ativista da comunica-çom se adequem à capacidade etempo do que disponha em cadamomento. E também requer queprogressivamente vaiam chegan-do novas pessoas para darem oseu grao de areia, tanto para am-pliar a equipa como para possibi-litar a sua regeneraçom.

Quem assina este artigoleva acompanhando o NO-VAS desde que começoua gestar-se. Estes anossignificárom para mimumha experiência vi-tal autêntica, em que ti-vem a oportunidade derealizar-me profissional-mente exercendo o jorna-lismo tal e como desejavafazê-lo no momento em quedecidim pegar nas malas edeixar o Condado para vir aCompostela e ins-crever-me em

Ciências da Comunicaçom.Entendo que é necessário que o

NOVAS continue a afiançar-se e aevoluir, polo que, depois de dar-lhe muitas voltas, decidim quechegou para mim o momento deabandonar a direçom do jornal efavorecer desta maneira a renova-çom da estrutura no seu funciona-mento interno. Ao longo da suatrajetória o NOVAS foi avançando

progressivamente, fortale-cendo a sua estrutura econseguindo que nos diasde hoje o seu Conselho de

Redaçom esteja composto maiori-tariamente por jornalistas. Somestes e estas ativistas da comuni-caçom os que lográrom que o jor-nal atingisse o seu melhor nível: omaior número de páginas porexemplar, a maior diversificaçomnas secçons e conteúdos, o maiornúmero de colaboraçons exter-nas, o maior número de assinan-tes e a maior especializaçom naelaboraçom das informaçons.

Quero através destas linhasagradecer a todas as pessoas quecontribuírom para fazer que o quecomeçou como um sonho se tor-nasse realidade. Desde as pessoasque colaborárom escrevendo às

que contribuírom eco-nomicamente, aos e

às assinantes, aquem inseriu pu-blicidades, ao pú-blico leitor, a

quem nos prestouo seu apoio.

Também aos dous diretores queme precedêrom: José Manuel Al-dea e Ramom Gonçalves. E a todasas pessoas que passárom poloConselho de Redaçom, especial-mente aos seus atuais integrantes.

Fica o NOVAS na mao da melhorequipa que conseguiu reunir, comvontade de continuar a dar novospassos no caminho traçado. O fu-turo deste meio é o futuro de umhainiciativa conformada tanto polaspessoas que o impulsionam comoda comunidade que lhe dá alento.Se dispom do apoio com que pes-soalmente contei pola vossa parteaté os dias de hoje, tenho a certezade que a decisom que adoptei vaiser umha boa notícia para o porvirde um projeto coletivo do qual con-tinuarei a sentir-me partícipe.Avante o NOVAS DA GALIzA!

Carlos B.G. é diretor do NOVAS DA GALIzA

03oPiniomNovas da GaliZa 15 de julho a 15 de agosto de 2012

oPiniom

Omovimento independen-tista galego é umha forçamarginal na sociedade ga-

lega contemporánea. Apesar decontar com mais de um século dehistória própria e com umha tradi-çom política com referentes desta-cados no contexto próximo -os ca-sos da Catalumha e do País Basco-,o independentismo na Galiza con-tinua a gozar de escasso apoio so-cial e político, mesmo entre o pró-prio movimento nacionalista.

Contodo, a limitada base numé-rica da militáncia, organizada emtorno a umha moreia de peque-nos partidos desavindos, de siglasmutantes e incapazes de agrupar-se sob umha frente comum, viu-se sobrepassada nos últimos anospor umha forma de ativismo que,sem renunciar ao ideário inde-

pendentista, cresce à margem dasinstituiçons políticas tradicionais.A emergência dos centros sociaise a consolidaçom de meios de co-municaçom próprios, como estacabeceira que tenhem nas suasmaos, formam parte deste fenó-meno que está a contribuir pararevitalizar o independentismo.

Atualmente, existem nas prin-cipais cidades e vilas galegas maisde umha trintena de centros so-ciais –o seu número é difícil dequantificar, já que muitos tenhemumha existência efémera– quedesenvolvem umha variada pro-gramaçom cultural (concertos,conferências, conversas, festas,oficinas...). O seu valor reside nasua capacidade para agregar ati-vistas e coletivos com sensibilida-des afins, ao mesmo tempo quefuncionam como espaços públi-cos de debate, independentes do

Estado e do mercado.Por outro lado, no ámbito me-

diático, o independentismo foi ca-paz de criar e manter no tempoalgumhas experiências de comu-nicaçom destacáveis, como o NO-VAS DA GALIzA, o digital e semaná-rio Galiza Livre ou o jornal digitalDiário Liberdade. Os cabeçalhosmencionados tenhem em comuma linha editorial de esquerda, asua posiçom crítica com as insti-tuiçons políticas e económicasdominantes e a aposta na norma-tiva do galego reintegrado. Have-rá quem diga que tenhem um im-pacto questionável, mas num pa-norama mediático de caráctermarcadamente conservador, co-mo é o galego, constituem valio-sos exemplos de resistência aosistema comunicativo dominante.

Certamente, tal e como acaba-mos de relatar, com a viragem do

milénio, o independentismo gale-go mudou as formas e as estrutu-ras de chegar-se à sociedade e pa-rece que domina, melhor do quenunca, as ferramentas de comuni-caçom. Mas isto nom parece sufi-ciente para conectar com amplascamadas da populaçom, que te-nhem umha imagem negativa dofenómeno independentista. A quese deve, entom, esta desafeiçom?

De umha perspetiva comunica-tiva, e à margem das próprias de-bilidades internas que poda apre-sentar o independentismo e deoutros condicionantes históricos,existe um fator fundamental que

empece o avanço do movimento:a sua desfavorável representa-çom nos grandes meios galegos.

Num mundo em que os meiosde massas desempenham um pa-pel estratégico na construçom deimaginários coletivos, os movi-mentos sociais podem ver-se fa-vorecidos ou prejudicados polasua representaçom mediática,ainda que os ativistas ignorem ouevitem o contacto com os jorna-listas. O movimento independen-tista galego tem, desde sempre, abatalha perdida neste terreno.

A intensa atividade cultural quedesenvolvem os ativistas nos bair-ros em que estám assentes apenastem reflexo nas agendas mediáti-cas, mais interessadas na dimen-som vandálica do fenómeno. Asfontes principais consultadas nasnotícias costumam ser as policiaise judiciais, poucas vezes se lhes dávoz aos própios protagonistas. Eenquanto estas estratégias mediá-ticas continuarem, o independen-tismo dificilmente será percebidocomo um movimento ‘normal’.

Helena Domínguez García é jornalista

O independentismo peranteo espelho deforme dos meioshelena domínguez garcía

Renovaçom para o futurocarlos Barros gonçales

cumpre que o nOvAs

continue a afiançar-see a evoluir, polo quedecidim que chegoupara mim o momentode abandonar adireçom do jornal e favorecer assim a renovaçom da sua estrutura

enquanto as estratégias dosgrandes meios nom mudem, o independentismo dificilmente vai serpercebido como ummovimento ‘normal’

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Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de agosto de 201204 acontece

aconteceO SLG denunciou que o decreto do cânonda água nom recolhe a isençom a traídasvizinhais nem a poços particulares. O textode 22 de Junho contempla o cobro polo usoou consumo da água da chuva e do mar, epermite cobrar as exploraçons agrárias.

Poços e traídas vizinhais PaGarÁm o cânon da ÁGua

Stop Desahucios Compostela estuda apossibilidade de iniciar açons legaiscontra Novagalicia Banco, entidade acu-sada de romper, sem notificaçom pré-via, o fecho de umha vivenda em Cam-bre, da que só tem 50% da propriedade.

usurPaçom da ProPriedade Por nGb

10.06.2012 / Umhas 4.000 pes-soas manifestam-se no Barcocontra o feche da área de saú-de e os recortes na pública.

11.06.2012 / Trabalhadores de Al-coa Inespal iniciam marcha aCompostela em demanda deumha tarifa elétrica competitivae um plano industrial que garan-ta a viabilidade da produçom.

12.06.2012 / Aparece morto nasua cela José Juan GarcíaGonzález, preso no cárcere de

Pereiro de Aguiar, presumivel-mente por suicídio.

13.06.2012 / Detidos dous em-presários de Ferrol por pagarum soldo de 40 euros ao mês aum imigrante brasileiro querealizava jornadas de entre 18 e20 horas diárias.

14.06.2012 / Vizinhança de Pain-ceira (Cerdido) denuncia a sulfa-tagem das suas fincas comoefeito das fumigaçons com ca-nhons dos eucaliptais lindeiros.

15.06.2012 / Cabo da Guarda Ci-vil de Santa Comba é detidojunto com outras onze pessoasdentro de umha operaçom con-tra o narcotráfico.

16.06.2012 / Ministério de Fo-mento reclama às cámaras deRibadeu e Castropol o paga-mento do alumiado da Pontedos Santos.

17.06.2012 / M.M.M., de 69 anos,falece em Mugia a conseqüên-cia de um acidente de trator.

19.06.2012 / Mineiros em greve epolícia enfrentam-se nos arre-dores de Vilafranca do Bérzio.

20.06.2012 / A Mesa pola Nor-malizaçom Lingüística denun-cia que umha juíza de Vigo re-jeitou umha demanda por estarescrita em galego.

21.06.2012 / Rios Limpos apre-senta denúncia em Ginzo polosdespejos da empresa Feldes-patos Sarreaus acarom da La-goa de Antela.

22.06.2012 / Umhas 1000 pes-soas afetadas polas preferen-tes manifestam-se em Vigo. EmPonte Vedra, afetados interrom-pem umha inauguraçom presi-dida por Núñez Feijóo.

23.06.2012 / Governo do PP deSárria recupera as touradas doSam Joám, que levavam semse realizar desde 2009.

24.06.2012 / Morre um homemdebaixo de um trator em SamJoám de Vilamourel (Paderne).

cronoloGia

NGZ / Cinco ex-diretivos de Nova-caixagalicia serám investigadospola Audiência Nacional ao se de-tectarem indícios de administra-çom desleal e apropriaçom indevi-da por ocultar ao Banco de Espa-nha as pré-jubilaçons que se apro-varam dous meses antes da fusomdas duas velhas caixas galegas.

Os ex-altos cargos denunciadospola Fiscalia Anticorrupçom somJulio Fernández Gayoso, ex-co-presidente de Novacaixagalicia ediretor durante 40 anos da extintaCaixanova, José Luís Pego, ex-di-retor, Javier García de Paredes,ex-diretor adjunto e os ex-direti-vos Óscar Rodríguez Estrada eGregorio Gorriarán Laza. Estesúltimos quatro cobraram indem-nizaçons e blindagens que ascen-dem aos 52 milhons de euros. Se-gundo saiu publicado em diversosmeios de comunicaçom, esta so-ma equivale a 28% do valor atualde Novagalicia Banco (NGB).

Porém, a Audiência Nacionalrejeitou imputar o ex-diretor deCaixa Galicia José Luis MéndezLópez e os seus filhos José Luís eYago Enrique Méndez Pascualpola sua gestom nesta entidadefinanceira. O particular deman-dante solicitava que fossem inves-tigadas estas pessoas pola possí-vel comissom de delitos societá-rios, administraçom desleal eapropriaçom indevida. A Audiên-cia Nacional non admitiu os seus

argumentos indicando que a mágestom “nom é delito”.

Por outro lado, no que era o pe-núltimo pleno do período de ses-sons do Parlamento da Galiza, oPP pujo freio à criaçom de umhacomissom de investigaçom dagestom das antigas caixas gale-gas, considerando que este nomera o momento mais oportuno eque haveria que aguardar a que oprojeto de NGB esteja “suficiente-mente capitalizado e seja viável”.

PreferentesEm relaçom com a fraude deriva-da das participaçons preferentesnas caixas fusionadas, a Fiscalia

Superior da Galiza reclama que aentidade financeira deposite co-mo medida cautelar umha fiançade 1.108 milhons de euros, ummontante semelhante aos investi-mentos neste tipo de produtosrealizados polas pessoas afeta-das. A demanda civil de açom co-letiva apresentada contra Nova-Galicia Banco pola venda fraudu-lenta de participaçons preferen-tes contempla solicitar judicial-mente a devoluçom total dodinheiro desembolsado inicial-mente pola clientela. O coletivode afetados continua a desenvol-ver umha intensa campanha pe-rante as sedes do novo banco.

Processam ex-diretivos das caixas galegas poradministraçom desleal e apropriaçom indevida

o ex-Presidente da caixa Galicia, josé luís méndez, conseGuiu nom se ver afetado Pola denÚncia

Querem desalojar um homemque nem pode usar a casaJuan Carlos Markaida Arketa é um vizinho de Bermeo (País Basco)que nos últimos meses ficou sem trabalho e sofreu um derrame cere-bral que o deixou em cadeira de rodas. Ademais, tem umha hipotecacom Nova Galicia Banco por umha habitaçom situada no último andardo seu prédio, que atualmente nem pode pagar nem pode habitar. Mar-kaida pediu à entidade galega a entrega da casa em troca da cancela-çom da hipoteca, mas recebeu umha resposta negativa alegando que oapartamento baixou de valor e teria que pagar a diferença, ademais deameaçar com um possível despejo se nom continuar a pagar. Todo istoacontece enquanto no primeiro semestre deste ano, 11 famílias fôromdesalojadas cada dia na Galiza, chegando a casos extremos como ostrês despejos que se produzem cada semana no Milhadoiro (Ames).

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05aconteceNovas da GaliZa 15 de julho a 15 de agosto de 2012

Os projetos apresentados polo CS Mádia Leva! deLugo, sobre o acondicionamento do seu novo localsocial, e polo CS Arredista de Compostela, de umcurso de galego para migrantes, resultárom ganha-dores do Concurso Ángelo Casal da Galicola. O pré-mio: o dinheiro acumulado no Fundo polo Galego.

mÁdia leva de luGo Ganha o concurso da Galicola

O Concelho de Teio começou os trâmites para cobrar-lheo Imposto de Bens Imóveis (IBI) à Igreja Católica, poraquelas propriedades que nom se estám a empregar parafins sociais ou de culto, ao considerar umha “irregularida-de” que nom se pague por bens através dos quais se reali-zam atividades com fins lucrativos.

concelho de teio quer cobrar-lhe o ibi à iGreja

25.06.2012 / Mulher de 28 anos éassassinada em Xúvia (Narom)polo ex-moço, que já denuncia-ra por violência de género.

26.06.2012 / Trás apresentarquerela a procuradoria anticor-rupçom no dia anterior, a Au-diência Nacional espanholaabre causa contra os diretivosde NovaCaixaGalicia.

27.06.2012 / Junta regala umhamala, ademais de 2.500 euros,a cada um dos sessenta uni-

versitários galegos com me-lhor expediente.

28.06.2012 / Dia de greve geralparcial convocada pola CIG en-tre as 9:00 e as 15:00 horas nacomarca de Trasancos rematacom manifestaçom de umhas4.000 pessoas.

29.06.2012 / Fernando Martín,presidente de Fadesa declaraque “Nom só me parece ade-quado cobrar 2,6 millons, se-nom imprescindível e justo".

30.06.2012 / Chantada amanhe-ce com pintadas em contra doalcaide, Manuel Varela.

01.07.2012 / Milheiros manifes-tam-se com a CIG contra o “sa-queio à classe trabalhadora”.

03.07.2012 / Pesqueiro galego'Pepe Barreiro 2' é retido enáguas de Irlanda por presumí-vel excesso de capturas.

04.07.2012 / É encontrado o Códi-ce Calistino numha garagem de

Milhadoiro. Quatro pessoas somdetidas em relaçom com o caso.

05.07.2012 / Trabalhador de 62anos morre em Noia ao cair deum quarto piso quando muda-va as janelas de umha vivenda.

06.07.2012 / Umhas 4.000 pes-soas manifestam-se em Viveiroexigindo o mantimento daplanta de Alcoa.

07.07.2012 / Constitui-se emCastrelo a Coordenadora de

ANPAs do Riveiro, que anunciamobilizaçons contra os recor-tes no ensino.

08.07.2012 / Segundo dados daConselharia de Trabalho,13.000 titulados com licencia-turas abandonárom Galiza des-de o ano 2009.

09.07.2012 / Relatório de técni-cos do Ministério de Fazendacifra em 14.000 milhons de eu-ros a fraude fiscal e laboral em2009 na Galiza.

cronoloGia

NGZ / O panorama atual das for-ças nacionalistas e soberanistastem o seu espelho num Dia da Pá-tria que contará com quatro con-vocatórias diferentes. Para alémdas manifestaçons previstas -a doBNG e Nós-UP- a entidade sobe-ranista Causa Galiza anunciou nodia 13 de julho que repetirá a con-vocatória que vinha lançando nosúltimos anos. As três partirám daAlameda de Compostela.

Por sua vez, Compromisso porGaliza chama a participar numato lúdico e político no parque deBonaval. No fecho desta ediçomdesconhecia-se a opçom que iriaser escolhida por Anova, em cujafundaçom participárom o Movi-mento pola Base e a FPG, que nosúltimos anos tinham secundadoas mobilizaçons da Causa Galiza.

O Festigal consolida-se comoreferencialidade para o encontrodo movimento do BNG com di-versas ofertas culturais, políticase festivas na zona do Cámpus Sulde Compostela nos dias 24 e 25.

O independentismo juvenilconta com convocatórias políti-cas e manifestaçons na vésperado dia nacional. A oitava ‘Jornadade Rebeliom’ de Briga partirá às22 da Porta Faxeira, enquanto osatos da AMI (cuja ediçom atingeo número 18) começarám comum jantar na praça 8 de Março.

Ceivar realizará a sua habitualcadeia humana pola liberdadedos presos e presas independen-tistas às 20 na Praça da Galiza.

Divisom nacionalista traduz-se nasdiversas convocatórias do 25 de julho

anova-irmandade nacionalista é a orGanizaçom abandeirada Por beiras

NGZ / Um grupo de especialistasdo Sistema Mundial de Socorrodenunciou que o Ministério deFomento “manipulou” o parecertécnico do Prestige no decursoda Comissom de Investigaçom edesvirtuou a sua independênciaao “atuar como presidente o sub-diretor geral de segurança, tráfe-go e poluiçom da Direçom Geralda Marinha Mercante”. Julgamque qualquer entidade criada pa-ra esclarecer as lacunas de umhacatástrofe deste tipo tem neces-sariamente que agir “com inde-pendência funcional das autori-dades” e de qualquer outra parte“cujos interesses pudessem en-trar em conflito com o cometidoque lhes foi encomendado”.

Estes especialistas em salva-mento, sem vínculos com apa-relhos governamentais, recla-

márom do Governo espanholexplicaçons pola que julgam“flagrante irregularidade quecriminalizou de forma recor-rente o capitám do barco e asua tripulaçom”.

O NOVAS DA GALIzA nº66, demaio de 2008, denuncia tambéma ausência dos verdadeiros res-ponsáveis do sinistro entre os im-putados na causa judicial aberta.

A investigaçom doPrestige foi manipulada

NGZ / O tribunal do penal nº1 dePonte Vedra condenou dous sin-dicalistas da CIG e mais um deCCOO a três anos e um dia deprisom por coaçons durante umpiquete diante de um supermer-cado Gadis, na greve do comér-cio de alimentaçom de 2009. Acondenaçom já foi denunciadaenergicamente durante um atoconjunto dos dous sindicatos eda UGT, que a consideram “arbi-trária e pré-determinada” e a

qualificam como umha “graveagressom” contra o sindicalismopara tentar evitar futuras mobili-zaçons contra as reformas. Ossindicatos, que recorrêrom dasentença, anunciárom novasmobilizaçons para tentar impe-dir a entrada dos sindicalistas nocárcere. Ademais da pena de ca-deia, que é a mesma que pedia aFiscalia, a juíza condenou os trêsimputados a pagarem umhamulta de 1.950 euros cada um.

Condenam sindicalistasa três anos de cadeia

Assembleia do Novo Projeto Comumdefine-se como independentistaNGZ / Anova-Irmandade Naciona-lista é o nome da entidade resul-tante dos processos assemblearesdo que se deu em chamar NovoProjeto Comum (NPC). No dia 14de julho por volta de 800 pessoasparticipárom num encontro para oque teoricamente haveria inscritasmais de duas mil, conforme às fon-tes oficiais do grupo promotor.

A organizaçom trabalhará poratingir a “autodeterminaçom caraa independência”, opom-se aoconceito da política profissionale abre portas a alianças eleitorais,previsivelmente com Compromis-so. No discurso de clausura Xosé

Manuel Beiras chamou a abrir umprocesso de ruptura democrática.

Um dia antes da assembleiaCausa Galiza anunciava o seuabandono do NPC ao considerarque nom reunia as “mínimas ga-rantias democráticas”, acusandoao que chamam “sanedrim irman-dinho” de corromper o processo nafase final. As acusaçons de dirigis-mo interessado também se incluí-rom no anúncio de abandono doprocesso no mesmo dia por partedo Coletivo Nacionalista de Marim.

Continuam em Anova militan-tes das forças independentistasFPG e Movimento pola Base.

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A dia 28 de junho a CIG convocou

umha greve comarcal em Ferrol.

Qual é a valorizaçom da jornada

de luita e que presença tivérom

as reivindicaçons do naval?

No tocante à jornada do dia 28convocada pola CIG há que fazerumha valorizaçom positiva, poisalcançou-se umha assistência àmanifestaçom de arredor de 4.000pessoas e umha presença nas mar-chas desde as nove da manhá deperto de 2.000. Dita jornada nomfoi secundada por CCOO e UGT,que utilizárom toda a artilharia pa-ra a boicotar, principalmente nonaval. O formato, ademais de sersaudado por muitos, permitiu-nosmanter praticamente bloqueada acidade com presença nas ruas du-rante toda a manhá. O peso da rei-vindicaçom do naval sempre é degrande releváncia, pois Ferrolter-ra é consciente de que o naval, nosdias de hoje, é a única possibilida-de de amortecer a situaçom queestá a atravessar a nossa comarca,que se o naval nom conseguir car-ga de trabalho a curto prazo, to-dos os setores acabarám por redu-zir drasticamente a sua atividade.É o próprio INE que reconheceque do naval dependem direta eindiretamente 17.000 famílias.

Que novas mobilizaçons se

aguardam a partir de agora?

Os comités do naval tenhem osseus próprios calendários, mas noque di respeito à comarca em simesma, a CIG nom vai ficar para-

da, e continuaremos a chamar oresto dos sindicatos para conti-nuar com as mobilizaçons. A gre-ve geral de 24 horas deverá ser oseguinte passo, mais ainda quan-do depois do verao o governo vaiapresentar o rascunho dos orça-mentos para o ano de 2013, e pos-sivelmente de 2014, nos quais es-ta comarca joga-se o ser ou nomser, pois sem investimento públi-co nom sairemos do poço.

Como se apresenta o futuro pa-

ra as pessoas desempregadas do

naval da comarca de Ferrol?

O futuro é tremendamente pretojá que hoje nem sequer existe, co-mo acontecia em épocas anterio-res, a possibilidade de emigrar eo setor na comarca a partir de fi-nais de ano já nom terá capacida-de para nengumha pessoa traba-lhadora da indústria auxiliar den-tro da Navantia. E mesmo se sefigesse um contrato de imediato oprocesso de construçom tardariaem dar trabalho entre ano e meioe dous anos como mínimo.

Há umhas semanas Feijóo anun-

ciava um acordo com a mexica-

na Pemex para construir em Na-

vantia, mas há dúvidas sobre o

acordo. Há razons para pensar

que Feijóo nom dixo toda a ver-

dade sobre tal acordo?

O anúncio do senhor Feijóo sobreo acordo com a Pemex parece úni-ca e exclusivamente um ato pro-tocolar. Por um lado, deve dizer-seque é curioso que nom o quigessemostrar no Parlamento. Por outro,e já sem me meter no que podeacontecer depois da mudança degoverno no México, a Pemex éumha empresa pública e tem quecumprir uns requisitos, e portantodeverá pedir ofertas tanto aos es-taleiros galegos como a outros, edentro disto, e no que respeita aFerrol e em concreto aos reboca-dores, é um insulto à inteligênciade quem conhece o setor navalpensar que a Navantia pode com-petir em construir rebocadores.Mas agora Feijóo di que agora cor-responde mover-se à Navantia.Esperemos que afinal a jogada

nom consista em que, perante asdificuldades, a culpa correspondaà Navantia e às suas trabalhado-ras e trabalhadores. Assim é co-mo costuma jogar o PP e a direita.

Onde é preciso procurar a razom

pola qual na Galiza se perderam

milhares de postos de trabalho

no setor naval: na crise económi-

ca ou nalgum outro problema?

Os problemas do naval venhemdados por umhas políticas de re-conversom contínua feitas desdeos diferentes governos espanhóis,tanto do PSOE como do PP, e emconivência com os sindicatos es-panhóis, que fôrom desmantelan-

do o nosso setor nom só em bene-fício doutras zonas do Estado, se-nom também doutros países daUE. Mesmo foi o Governo a reco-nhecer numha Comissom de Eco-nomia do dia 17 de maio passado,e presidida polo próprio MarianoRajoy, que dos diferentes acordosatingidos com respeito ao setor,os grandes beneficiados fôromoutros países europeus.

Algumhas reivindicaçons histó-

ricas na luita do naval ferrolano

som a construçom de um dique

flutuante e o levantamento do

veto à construçom civil...

O significado desses acordos aolongo de mais de 25 anos levouconsigo a proibiçom de que a an-tiga Astano, hoje Navantia-Fene,poda fazer navios civis, daí o re-querimento necessário e urgentedo levantamento de tal veto, poisse chegamos tarde ao novo tipode construçons perderemos aspossibilidades de estar no merca-do para sempre. E nom só isto, osacordos de 2004 reduzírom, naprática, a Navantia ao setor mili-tar, pois só pode dedicar ao setorcivil 20% da sua faturaçom. A rei-vindicaçom do dique flutuante éjá umha velha luita do nacionalis-mo para reforçar e poder mantero nosso estaleiro no mercado fu-turo das reparaçons. Mais umhavez, o Estado espanhol utilizoucomo moeda de troca um setorestratégico para a nossa econo-mia e o nosso país.

06 acontece Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de agosto de 2012

“se o naval nom tem carga de trabalho a curtoprazo todos os setores vam reduzir a atividade”

entrevista a manel Grandal, Porta-voz da ciG na comarca de ferrol

O secretário geral da CIG, Suso Seixo, fixo um novo apeloà greve geral, a desenvolver nos meses de setembro ou ou-tubro, perante o “carácter antisocial” das últimas medidasanunciadas polo governo espanhol. Também assinalouque a central sindical está a manter contato com outrossindicatos nacionalistas para que apoiem a convocatória.

ciG rePete o chamado a umha nova Greve Geral

A associaçom Tequio-Comité de Açom Comunitária deOurense pujo em andamento um projeto de assessora-mento a familiares de pessoas presas no centro peni-tenciário de Pereiro de Aguiar, que quer servir de apoiona revindicaçom e defesa dos seus direitos. Prestarámos serviços no centro social Sem Um Cam.

assessoramento a familiares de Pessoas Presas em Pereiro

A.L. / O conflito do naval em Ferrol estende-se há meses. A dia 28 de junho a CIG con-vocava umha greve geral comarcal de cinco horas, com a problemática situaçom donaval como pano de fundo, onde a destruiçom de emprego na indústria auxiliar po-

de deixar centenas de pessoas na rua. Manel Grandal, porta-voz da CIG-Ferrol, ex-plica a gravidade da crise do naval e denuncia a falta de interesse que o Governo es-panhol tem mostrado em relaçom com o progresso deste setor estratégico.

“do naval dependemdireta e indiretamente

17.000 famílias”

centros sociaiscs abrenteArcade · Souto Maior

aguilhoarS. Marinha · Ginzo de Límia

arredistaRodas, 25 · Compostela

cs almuinhaRosalia de Castro, 46 · Marim

artábriaTrav. Batalhons · Ferrol

aturujoPrincipal · Boiro

cso bairro do curaBairro do Cura · Vigo

bou evaTerço de Fora · Vigo

a casa da estaciónPonte d’Eume

a casa da trigaP. Maior · Ponte Areias

cso casa do ventoFigueirinhas · Compostela

cso a Kasa negraPerdigom · Ourense

ls do coletivo terraBoa Vista · Ponte d´Eume

a cova dos ratosRomil · Vigo

faíscaCalvário · Vigo

fervesteiroAdám e Eva · Ferrol

o frescoBº da Ponte · Ponte Areias

o fuscalhoRua Colom · Guarda

a GhavillaPonte da Raínha · Compostela

Gomes GaiosoMonte Alto · Corunha

henriqueta outeiroQuir. Palácios · Compostela

cso liceo Estribela · Marim

cs lume!Gregório Espino · Vigo

mádia levaSerra de Ancares · Lugo

csa la madriguera del oso PardoR. México · Ponferrada

cso PalaveaPalaveia · Corunha

o PichelSta. Clara · Compostela

a reviraGonz. Gallas · Ponte Vedra

a revolta do berbésRua Real · Vigo

a revolta de trasancosA Faísca · Narom

csoa o salgueirónZona Massó · Cangas

sem um camRua do Vilar, 9 · Ourense

a tiradouraReboredo · Cangas

cs vagalumeR. das Nóreas, 5 · Lugo

csa xogo descubertoR. Salvaterra, Coia · Vigo

cs a zalenváR. Carris, Valençá · Barbadás

“A greve geral de 24horas na comarca deveser o seguinte passo”

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NGZ / Nos dias 2 e 3 de julho cin-co pessoas fôrom detidas em re-laçom com os incidentes acon-tecidos em Sam Caetano ao fi-nalizar a manifestaçom do dia20 de junho convocada pola CIGem defesa dos postos de traba-lho em Seaga. Após a sua liber-taçom conheceu-se que somacusadas de um delito de desor-dens públicas com possíveis re-sultados de lesons e danos e queas cinco terám que comparecercada 15 dias em instáncias judi-ciais. À saída das detidas dos tri-bunais das Fontinhas dúzias depessoas estavam a aguardá-laspara expressar a sua solidarie-dade com as ativistas que tivé-rom que passar a noite nos cala-bouços da Polícia Nacional. Um

deles permaneceu duas noitesnas instalaçons policiais.

A desproporcionada atua-çom policial véu acompanha-da, como costuma ser habi-tual, de umha campanha de in-toxicaçom mediática. Osmeios de comunicaçom do sis-tema falavam de que umhapessoa trabalhadora na sedede Meio Rural ficara ferida po-lo impacto de umha bengala,mas outras plataformas comoDiário Liberdade assinalamque os seus repórteres nompresenciárom esse facto. Osmeios convencionais aprovei-tárom também as jornadaspróximas das detençons paracriminalizar o centro socialcompostelano O Arredista.NGZ / Um grupo de pessoas vin-

culadas a todo o tipo de iniciati-vas sociais na Galiza acabam detornar pública umha convocató-ria de assembleia para o Dia daPátria, no qual avalizarám a pos-sibilidade de constituir umha re-de e espaço de encontro de pro-jetos autogestionários inspiran-do-se na experiência da Coope-rativa Integral Catalá. Destacamque “nos últimos anos surgírom

na Galiza umha grande quanti-dade de iniciativas sociais quetenhem em comum a vontade deautogestom de muitas fasquiasda vida”, dos centros sociais àsredes de intercâmbio de semen-tes, projetos que julgam comomaneira de que “o povo, direta ea partir da base, tome nas suasmaos o seu destino” perante o“colapso da economia capitalis-ta”. A reuniom será às 17h30 no

Centro Social do Pichel.Desde há quase um ano existe

nas redes sociais alternativas aCooperativa Integral Galega(COIGA), que realizou umha tur-né de apresentaçom polas cida-des galegas no último mês.Atualmente, visando integrar-sena Cooperativa Integral do No-roeste, estám a trabalhar a partejurídica e o 'mapeado' de movi-mentos sociais galegos.

07aconteceNovas da GaliZa 15 de julho a 15 de agosto de 2012

Associaçons da Laracha, Cerzeda e Ordes organi-zárom no passado domingo primeiro de julho um-ha festa de celebraçom da proclamaçom da Repú-blica Galega de 1931. Três dias antes, a mocidadede Ourense celebrava também a data, que se vaiconsolidando no calendário de festas do País.

festas da rePÚblica GaleGa em ordes e ourense

A Mesa do Parlamento acordou admitir a trámite a inicia-tiva legislativa popular ‘Valentim Paz-Andrade’. Assim,ficou constituída a Comissom Promotora, que deve reco-lher 15.000 assinaturas para que seja debatida no Hórreoa sua proposta: introduzir o português no ensino regradoe permitir a receçom das rádios e TVs portuguesas.

admitida a trÁmite a iniciativa leGislativa Paz-andrade

Acusam cinco pessoasde desordens por umhamanifestaçom da Seaga

Convocam assembleia para juntariniciativas galegas de autogestom

serÁ o Próximo 25 de julho no c.s. o Pichel de comPostela

NGZ / A Junta assumirá os custospara a construçom de 15 novoscentros de saúde segundo afir-mou o seu presidente AlbertoNúñez Feijóo no passado 28 dejunho. A decisom modifica osplanos anunciados anteriormen-te por responsáveis do Executivoautonómico, que previam valer-se do chamado financiamentopúblico-privado para estas infra-estruturas, a fórmula que está aser utilizada nas obras do hospi-tal de Vigo e a mesma que serviupara o pagamento de centenasde quilómetros de autovias a car-

go dos fundos autonómicos.A Associaçom Galega para a

Defesa da Saúde Pública julgaque Feijóo corrobora com o seuanúncio o fracasso deste mode-lo de financiamento que “multi-plica desnecessariamente o cus-to dos centros sanitários”. Re-clamam o “resgate” da conces-som das obras do hospital vi-guês para que o projeto estejafinalizado “em tempo e forma”,em referência aos atrasos e de-sajustes entre as previsons daJunta e o avanço das obras porparte do consórcio empresarial.

Feijóo assume que oscentros de saúde devemter financiamento público

Autorizam parque eólico numha zonade interesse arqueológico em TeioNGZ / O Monte Piquinho, umhazona que conta com 93 jazigosarqueológicos assinalados situa-da no concelho de Teio, foi o elei-to pola Junta da Galiza para ainstalaçom de um novo parqueeólico. Para mais, este espaço en-contra-se também protegido po-

la Rede Natura. Segundo infor-ma Sermos Galiza, no Concelhode Teio, governado polo irman-dinho Martinho Noriega, está-sea desenvolver umha campanhainformativa paróquia a paróquiaexplicando as razons que levama rejeitar esta nova infraestrutu-

ra perante a vizinhança. A em-presa adjudicatária do projeto éBeltaine Monte Piquiño, umhasociedade presidida polo ex-al-calde de Boiro, Jesús Alonso, eque se integra no seio da agru-paçom empresarial da conser-veira Jealsa-Rianxeira.

COOPERATIVA INTEGRAL CATALÁserviu de referente para a iniciativa galega

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Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de agosto de 201208 acontece

NGZ / Após anos de luita popu-lar e manobras dilatórias de Re-ganosa, a começos de junho oTribunal Supremo convertia emfirme a sentença de 2008 quebotava por terra a modificaçomdo PGOM de Mugardos promo-vida polas autoridades expres-samente para permitir a instala-çom da planta de gás da citadaempresa. Apesar da sentençadeixar claro que a planta carecedas licenças ambientais neces-sárias para o seu funcionamen-to, o presidente da Junta mais oalcalde de Mugardos, seguem

afirmando que o documentonom afectará a planta. Peranteisto, o Comité Cidadao iniciouna passada semana umha ofen-siva legal para exigir o cessa-mento da atividade de Reganosae para evitar que a Junta aprovea nova modificaçom prevista deordenamento municipal. As vo-zeiras deste Comité lembrárom-lhe aliás às autoridades, que sepersistem na sua intençom deaprovar a modificaçom legislati-va estariam incorrendo num de-lito de prevaricaçom.

No passado 11 de junho o Co-

mité Cidadao remetia escritos pa-ra o alcalde, o conselheiro, o pre-sidente da Junta e o Director Ge-ral de Política Energética exigin-do o “cessamento imediato da ati-vidade de Reganosa”, começandoumha campanha de protestos quecontinuou dias depois com a ce-lebraçom de umha assembleiaaberta para preparar novas açonse procurar o apoio de partidos co-mo o BNG ou EU. Esta assem-bleia coincidia também com o fa-lho judicial contra oito marisca-dores acusados de impedir em2007 a entrada dos gaseiros.

Trás-Ancos mobiliza-se perante asentença que ilegaliza a licençaque permitiu construir Reganosa

comité cidadao Procura novos aPoios e renova os Protestos

Recuperaçom do Códiceevidencia negligência nacustódia e erros policiaisNGZ / A localizaçom do CódiceCalistino no passado 5 de ju-lho após a detençom do ex-ele-tricista da Catedral de Santia-go de Compostela, mostrouque as negligências da Igrejana sua custódia eram maioresdo que tinha transcendido, opermitir que pessoal contrata-do para a manutençom do tem-plo tivesse acesso aos seusbens mais prezados.

Assim, no dia 9 de julho trans-cendia que a polícia espanholatinha recebido um informe in-terno três dias depois de se co-nhecer a desapariçom da obramedieval que apontava o autordo roubo e mesmo a localiza-çom exata onde tinha escondidoo códice. O Sindicato Unificadoda Polícia denunciou a gravida-de na cadeia de erros e recla-mou a “assunçom de responsa-bilidades” e o esclarecimentodas “relaçons laborais humanas

entre o detido e os responsáveisda Igreja compostelana”, no-meadamente com o deám JoséMaría Díaz, com quem teriamantido umha especial afinida-de conforme baralham no seioda investigaçom policial.

Segundo informa a ediçomgalega do El País, um desencon-tro teria aberto umha fenda nasua relaçom, que motivou oafám de vingança no eletricista,o leitmotiv que judicialmente es-tá por esclarecer.

Acusaçom particularA Candidatura do Povo deCompostela, que leva meses de-senvolvendo umha campanhapara exigir responsabilidadespenais para as autoridades reli-giosas, anunciou no passado 13de julho que vai personar-se co-mo acusaçom particular no su-mário aberto pola substraçomdo Códice Calistino.

localizam a Prezada obra medieval

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JOSÉ MARÍA DÍAZA relaçom entre o deám da Catedral e o A relaçom entre o deám da Catedral e o suposto ladrom pode ser a chave do casosuposto ladrom pode ser a chave do caso

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09aconteceNovas da GaliZa 15 de julho a 15 de agosto de 2012

NGZ / No próximo ano académi-co poderia haver até 50 docentesmenos nas escolas do rural ou-rensano se forem adiante os pla-nos da Conselharia de Educa-çom, dirigida por Jesús Vázquez.As associaçons de maes e paisda província já iniciárom protes-tos, à espera de acordar novas li-nhas de pressom conjuntas paratravar a nova tesourada.

Neste sentido, as famílias criá-rom umha coordenadora no pas-sado dia 7 de julho que aglutinaas AMPAs de Carvalheda deÁvia, Castrelo de Minho, Cenlhee Cortegada, à espera de que sevaiam somando associaçonsdoutros centros. O objetivo é es-

tender os protestos por toda aprovíncia, com umha alta per-centagem de populaçom rural, eao resto do país. Fôrom as maese pais de Carvalheda as que dé-rom começo aos protestos, pro-tagonizando um fecho de cincodias no colégio da localidade.

Por outro lado, o coletivo deprofessores substitutos tambémprotagonizou protestos frente àConselharia de Educaçom, nasinstalaçons de Sam Caetano, emque se pedia o restabelecimentodo contrato de verao ao qual ti-nham direito após terem traba-lhado mais de cinco meses emeio. O secretário nacional daCIG-Ensino, Anxo Louzao, desta-

cou a especial precariedade labo-ral dos mestres que trabalhamcom contratos de substituiçom,“continuamente à disposiçom daAdministraçom”, e calculou em1.000 as pessoas que vam ser afe-tadas pola nova tesourada, alémde lembrar que 3.000 vagas já fô-rom suprimidas por Jesús Váz-quez durante este mandato.

Os cortes no ensino tambémchegárom ao ámbito universitá-rio. O Conselho de Universidadesacabou de aprovar mais umhanova subida das taxas que, aindaque mantenham o mesmo preçona primeira matrícula, aumentaem 30% o preço da segunda, 65%na terceira e 90% na quarta.

Educaçom suprime professoradonas áreas rurais de Ourense

fecha-se o ano letivo com “mais de 3.000 vaGas destruídas”

Criam corrente sindicalCausa Obreira na CIGNGZ / “A Corrente Sindical 'Cau-sa Obreira' nom é pois umha no-va corrente sindical, senom queé a conseqüente implementaçomda convicçom da necessidade dedar passos para atingir umha im-prescindível coesom internadentro da CIG”. Assim justifica asua criaçom a nova corrente sin-dical dentro da central naciona-lista, que vem a ser a “confluên-cia orgánica” de algo que já sedava na prática, “umha açomcoincidente” em diversos ámbi-tos dos grupos que a integram: aCorrente Sindical Pola Base,auspiciada polo Movimento PolaBase, e o Coletivo 10 de Março. Entre os seus princípios estám aautonomia sindical para dar res-posta aos interesses da classetrabalhadora galega “com inde-pendência de qualquer organi-zaçom política ou grupo de po-der”; o respeito pola democraciae pluralidade interna; a preser-

vaçom da CIG como sindicatonacionalista, de classe e comba-tivo; umha açom sindical quetrabalhe em prol de dinámicasde auto-organizaçom social e,por último, umha aposta no for-talecimento do papel das basesdentro do sindicato.

Corrente anticapitalistaTambém a formaçom indepen-dentista Nós-UP impulsionou a'Corrente Sindical Anticapitalis-ta' (CSA), que começou a andarno passado mês de março. Se-gundo a própria CSA, a sua cria-çom implica a culminaçom de to-do um processo de autoorgani-zaçom do proletariado galego,que, “à margem da sua filiaçomsindical a umha estrutura deter-minada, se unem para dar formaa um projeto enquadrado nosparámetros político-ideológicosda esquerda independentista eanticapitalista galega”.

Estado suprime mancomunidades e reforçacompetências nas deputaçons provinciaisNGZ / Antonio Beteta, secretáriode Estado de Administraçom Pú-blicas, advertiu que o Governoespanhol visa suprimir as man-comunidades, que na Galizadam forma legal às entidades deorganizaçom territorial tradicio-nais, as comarcas. Assinalou quea supressom, no quadro da Leide Bases do Regime Local, afeta-rá “todas” e cada umha das man-comunidades existentes e quereformarám a Lei que regula asadminstraçons locais “neste

ano”, quer haja acordo quernom. Polo contrário, Betetaanunciou que o Estado potencia-rá as Deputaçons provinciais,definindo estas entidades terri-toriais impostas em meados dos. XIX como “as mancomunida-des naturais”. Deste modo, a cri-se de organizaçom territorial dopaís quer ser resolvida polo Go-verno fortalecendo as Deputa-çons e suprimindo concelhossem um critério fixo, contra aopiniom do galeguismo históri-

co, que aposta na volta às entida-des de organizaçom tradicionais,com base na paróquia, na co-marca e na naçom.

Por sua vez, o Partido da Ter-ra juntou, no primeiro de julho,perto de meia centena de vizi-nhos de Lousame às portas doconcelho de Noia para exigir“democracia paroquial já” e re-cusar a fusom de Lousame eNoia, denunciando que nin-guém consultou a opiniom davizinhança para tal fim.

‘corrente Pola base’ e ‘10 de março’

PROTESTOem Carvalheda de Ávia

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10 acontece Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de agosto de 2012

aGro

Com a portagem do mercadoinstalada para começar a fun-cionar em 2015 em toda aUniom Europeia, as explora-çons leiteiras galegas conti-nuam a ser as mais desfavore-cidas quanto ao preço recebi-do polo seu produto dentro doconjunto de países produtoresde leite. Dous anos depois deos preços alcançarem míni-mos históricos, a taxa de recu-peraçom na Galiza dista muitoda dos produtores do centroda Europa, com diferenças deaté 26% em cada litro de leitese a comparativa se figer coma Alemanha.

P.V. - J.R. / Quase 5.700 pessoasformam parte do dispositivo con-tra incêndios da Junta da Galiza(cerca de 400 pessoas menos queno ano anterior). A Junta anun-cia um orçamento com 1,4 mi-lhons de euros maior do que o doano passado e incrementa em 3,4milhons os fundos destinados àprevençom. Porém, no últimoano nom se figérom trabalhos deprevençom no país e os brigadis-tas denunciam as péssimas con-diçons em que trabalham e a fal-ta de meios.

Acontece isto na Galiza, ondese produzem 50% dos incêndiosdo Estado Espanhol e após umano de 2011 que regista um nú-mero de hectares (ha) queima-dos maior que em qualquer umdos cinco anos anteriores.

A tendência do último lustro ca-racteriza-se polos lumes de gran-des superfícies (que superam os25 ha), polo aumento de númerode fogos, e pola cada vez maiorsuperfície arbórea queimada.

O verao de 2011 foi o pior, emtermos de incêndios, desdeaquele nefasto 2006. No anopassado registaram-se 42.275 haqueimados no total, arrasando amaioria dos incêndios mais de25 ha e contabilizando 13 fogoscomo de nível 1 (os de maior ris-co), som os piores números dosúltimos 5 anos.

Para este verao de 2012 have-rá umha notável reduçom depessoal que a Junta di "otimizar"com um aumento de horáriosque nom resolve de forma ade-quada umha situaçom em que seprevê um aumento de fogos numperíodo de tempo concentrado eespalhado polas quatro provín-cias, segundo conclui a memória

do PLADIGA para este ano: "(...)a recorrência de lumes e a exis-tência de índices extremos (ele-vado número de fogos) numhasépocas concretas do ano é co-mum em todas as províncias. Es-tes índices elevados provinciaiscoincidem praticamente no tem-po com os valores para toda aGaliza (...)" (Ver gráfica).

Por sua vez, os brigadistasalertam quanto aos serviços queveem minguados nesta novacampanha estival como o funcio-namento de tam só duas das cin-co torretas de aviso da provínciade Ourense e a escassez de meiosde segurança para os profissio-nais. Os sindicatos denunciam

também a privatizaçom encober-ta destes serviços cara empresascoma Natutecnia, que forneceráos helicópteros, ou Seaga, quefornecerá brigadistas, desfavore-cendo a contrataçom direta daJunta segundo as listas oficiais.

A desordenaçom do solo queabriu a lei de montes e permite aflorestaçom em superfície de usoagrário como soluçom ao abando-no, num país como a Galiza defi-citário de superfície de uso agrá-rio, é um considerável problemapara a soberania alimentar da Ga-liza, mais também é umha mani-festa conseqüência do débil queestá o setor primário com a migra-çom de populaçom ativa que temsofrido na última década.

O SLG denunciou a cumplici-dade da Junta com as indústriasque lucram das plantaçons espon-táneas de espécies de rápido cres-cimento ao longo do território ga-lego. A insegurança em relaçomaos incêndios nom favorece ummonte produtivo e sólido com di-versidade de vias de comerciali-zaçom, senom plantaçons rapi-damente consumíveis onde nomchega a estabelecer-se flora nemfauna e que nom motivam umhaproduçom de qualidade.

Um reduzido plano anti-incêndiospara um monte carburante de mais

mar

Sindicatos vem “fumo”nos anúncios daJunta sobre a Pemex

contrataçons Para o naval

A recente visita, pola maode Núñez Feijóo, de umhadelegaçom da multinacionalmexicana para a constru-çom de navios na Galiza fi-ca em simples encenaçomde umha promessa.

A.D. / Desde há meses, o apare-lho de propaganda da Junta ti-nha a Permex como um dos tagsa empregar sempre que o navalsaia a reluzir, quer nos meios decomunicaçom quer no parlamen-to ou em qualquer outro cenário.É ouvir falar da crise neste setor(que nos últimos meses tem so-frido a destruiçom de 8.000 em-pregos na Galiza) e sair algumhanotícia do Governo galego a falardo maná que a multinacional me-xicana vai trazer aos estaleirosgalegos com a construçom nelesde parte da sua frota.

Mas, apesar dos meses destapropaganda constante, nom hánada em firme. Os sindicatos,cansados de tantas afirmaçonsdo presidente da Junta sobrePemex, acabam de solicitar aFeijóo que, de umha vez por to-das, lhes diga cara a cara o quehá de certo. Por isso, a CIG soli-citou umha reuniom com o pre-sidente. Sem resposta, claro.

O único que fijo a Pemex,lembram as centrais, é solicitarorçamentos aos estaleiros daGaliza. Algo que também estáma fazer com fábricas doutras la-titudes. E o presidente da Juntavende isto como um compro-misso firme.

Mas do próprio México che-gárom nas últimas semanas no-tícias que fam torcer o focinho(isso sim, em privado; em públi-co continua a estratégia de nem

um passo atrás). Assim, primei-ro foi a imprensa mexicana querecolheu que o governo federal"deu marcha atrás na sua pre-tensom de mandar construirbarcos na Galiza, Espanha, eagora as 21 naves farám-se emestaleiros mexicanos", citandoas declaraçons do vice-presi-dente nacional da Cámara Me-xicana da Indústria do Trans-porte Marítimo, José ManuelUrreta Ortega.

Pouco despois, o diretor geralde Pemex, Juan José Suárez Co-pel, terá afirmado numha entre-vista radiofónica: “comprare-mos rebocadores com alto con-teúdo nacional e prazos longospara que se construam no Mé-xico, pola mao da Armada e po-los estaleiros mexicanos”.

InquietudeGrande parte da inquietaçomem torno deste tema provém,ademais, de que ninguém co-nhece o protocolo assinado po-la Junta e a Pemex. Apesar deque a oposiçom solicitou que ogoverno galego os informassedo conteúdo do mesmo, nadaconseguiu. E isso que a TVG re-transmitiu com pleno luxo dedetalhes a assinatura daqueleprotocolo, que encheu páginasde jornais, editorais, discursospolíticos do PP em torno de um-ha única evidência: que a Pe-mex estava disposta a ouvirofertas dos estaleiros galegos.

na galiza produzem-se 50% dos incêndios do estado espanhol

cerca de 400 Pessoas menos na luita contra os incêndios

no último ano nomse figérom trabalhos

de prevençom

desconhece-se oprotocolo assinado

entre as partes

comParativa evoluçom suPerfície total queimada(stq) Por ano e rÁtio da stq / lume

EVOLUÇOM DA SUPERFÍCIE TOTAL QUEIMADA. FONTE: MEMÓRIA PLADIGA 2012.

denunciam que aJunta é cúmplice daindústria das árvores

de rápido crescimento

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JÚLIO TEIXEIRO / O argumentodum romance de cavalaria é omais semelhante ao relato mediá-tico desta sucessom de cimeirasda UE que se vêm realizando, numtotal de trinta, desde que há qua-tro anos se começou a falar da cri-se. Nesta espécie de epopeia artú-rica, os heróis nom se reúnem nocastelo de Camelot, mas no edifí-cio Justus Lipsius em Bruxelas; enom falam sobre dragons e proe-zas, mas sobre especuladores eresgates. As discrepáncias entreos líderes europeus som apresen-tadas como torneios para verificarqual é o mais poderoso e espera-se das sociedades corresponden-tes com os estados respectivos aexaltaçom ou a critica dos seus po-líticos como se fossem os seuscampeons. E, como um campeom,o primeiro ministro espanhol re-pete triunfante que, após a últimacimeira, o euro é agora irreversí-vel. O chocante é que, longe disso,os acordos alcançados significamo reconhecimento, por parte doConselho Europeu, do caráctersistémico dos problemas das eco-nomias da eurozona para se finan-ciarem. Ninguém nega já que oprojeto europeu está em risco.

O euro seria irreversível se aUniom Económica e Monetária(UEM) tivesse capacidade pararesgatar qualquer economia, ouse nengumha economia com pro-blemas pudesse pôr em risco sis-témico, como de facto está, o pro-jeto. Perante a evidente falta des-sa capacidade, a dupla velocida-de que sempre se atribuiu àUniom está a ser posta em práti-ca agora no interior da própriaUEM. Hoje podemos distinguirduas formas de vinculaçom mo-netária. Temos umha UEM em re-gime de intervençom, à qual osestados pertencem, quer partici-pando, através da Comissom e doBCE, na Troika, quer cumprindocom as condiçons da interven-çom. E existe, também, outra

UEM em regime de estabiliza-çom, à qual os estados pertencemquer contribuindo para os instru-mentos financeiros e de fiscaliza-çom quer submetendo-se, atravésdo seu sistema financeiro, aosprogramas de estabilizaçom.

Por outro lado, pouca ou nen-gumha consideraçom merece pa-ra os meios que cada umha des-tas reunions de chefes de estado ede governo custe por volta duns10 milhons de euros. Enfim, que ode menos é que a Uniom esteja adestinar anualmente umha des-pesa de mais de 70 milhons paraos ditosos eventos. O caso é redu-zir a crise atual a um conflito deheróis contra vilaos, entre os esta-dos europeus e os mercados e,sem que ninguém poda explicar oporquê, dar por feito que esseconfronto e a sua resoluçom somdeterminantes para a vida daspessoas. A isto se devia referir jáem 2008 Jorge Beinstein quandoadvertia, num dos seus artigos,sobre a intençom ideológica im-plícita em certos discursos queapresentam o que som apenas di-versos aspectos dumha única cri-se global e geral do capitalismocomo se fossem umha série de fe-nómenos independentes e desli-gados entre si. A intençom é fazerver, em cada caso, que estamos

perante umha crise limitada, queatinge apenas certas economias,podendo safar outras, ou unica-mente alcança certos sectores enom todos. Lemos e ouvimos falarde crise da dívida umhas vezes, ede crise bancária outras; agora acrise é europeia embora, ao prin-cípio, se assegurasse que era umassunto circunscrito aos EUA. De-vemos levar sempre isto em conta,para nom deixar a nossa inteligên-cia sucumbir perante toda a fer-vença de notícias e comentáriosreferidos às cimeiras europeias.

Na realidade, a crise da dívida

soberana, a crise bancária, ou acrise do euro, questons que ago-ra protagonizam a atualidade, se-riam ininteligíveis se nom as in-terpretássemos sobre o pano defundo da crise geral do capitalis-mo. Umha crise geral cuja origem

é, como em todas as crises do ca-pitalismo, a dessubstanciaçom dovalor, ou desvalorizaçom do capi-tal, em todas os seus aspetos. Umdos aspetos desta dessubstancia-çom do valor é o desemprego,pois na zona do euro já som 18milhons as pessoas desemprega-das, e outro desses aspetos é a cri-se da forma mais paradigmáticado valor: o dinheiro. Os proble-mas do euro, pois, tenhem a suabase na economia real –que é aque está em crise– e nom nas difi-culdades dos estados para se fi-nanciarem, ou nas manobras dosespeculadores nos mercados pa-ra se aproveitarem dessas dificul-dades. Portanto, os acordos quese estám a tomar nas cimeiras eu-ropeias, na medida em que pro-curam influir nos mercados oudesbloquear o financiamento decertos estados como o espanhol,nom tenhem como finalidade so-lucionar a crise, como muito gerila. Ainda mais, nom se debate so-bre o que há que fazer. Isso sabe-se desde o princípio. Há que mu-tualizar e monetizar a dívida;quer dizer, emitir eurobonds e tro-car essa dívida por dinheiro cria-do polo Banco Central Europeuna medida em que for precisa.Mutualizar para manter coesa aeurozona e monetizar para recu-

perar a capacidade de financia-çom. Debate-se, porém, sobrequando fazê-lo e com que ritmo.

Debate, aliás, que nom se trava–como se está a dizer nos meios–só entre os países centrais e peri-féricos da Uniom; mas sobretudoentre a Uniom Europeia, cuja ca-beça som esses países centrais, eo G20, liderado polos EstadosUnidos com o apoio do Brasil, aRússia, a Índia e a China (BRIC’s).O que o G20 exige da UE é que oeuro exerça o seu papel no siste-ma monetário internacional, co-mo fai o dólar. Quer dizer, que adívida europeia –contraída no seudia para estimular a procura e oconsumo ocultando temporal-mente a crise do valor– seja trans-formada em euros para financiaro défice no balanço de pagamen-tos até igualá-lo, polo menos, como dos Estados Unidos. E dessemodo estimular, mediante o con-sumo low-cost e as importaçonsde mercadorias, a economia depaíses como a China cujo modelohá tempo que mostra sintomas deesgotamento. Cumpre lembrarque o Banco Popular da China le-va já várias reduçons do coefi-ciente de reservas obrigatóriasdos bancos para estimular o con-sumo interno e evitar umha con-traçom da economia que pudessecomprometer o seu modelo pro-dutivo. Essa é a razom das pres-sons de Obama sobre o BancoCentral Europeu e a Uniom Euro-peia. Para o presidente dos EUA éfulcral encontrar um parceirocom quem partilhar a sua estraté-gia zombie em relaçom com aschamadas economias emergen-tes. A questom nom é evitar o co-lapso, mas adiá-lo; para isso háque mutualizar, monetizar e, so-bretudo, importar e consumir.Produzir tanto como se consome,no caso dos velhos centros de acu-mulaçom capitalista como a Eu-ropa ou os Estados Unidos, é ago-ra apenas umha lembrança.

11aconteceNovas da GaliZa 15 de julho a 15 de agosto de 2012

Os problemas do euro tenhem a sua base na economia real e nom nas dificuldades dos estados para se financiaremeconomia

Gerir a crise, adiar o colapsoa oriGem do atual cenÁrio hÁ que ProcurÁ-lo na dessubstanciaçom do valor em todos os seus asPetos

As cimeiras europeiasnom têm como fim a

resoluçom da crise

As crises da dívida edo euro som efeitos

da crise do capitalismo

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Que há de certo na acusaçom

de espionagem?

O meu filho nom pudo ser conde-nado por espionagem, pois elenom tivo acesso a nengumha in-formaçom secreta do governo dosEUA. A acusaçom é de “conspira-çom para cometer espionagem” ebaseia-se numha suposta inten-cionalidade. O meu filho e os seuscompanheiros som luitadores an-titerroristas. O sua labor em Mia-mi reduzia-se a vigiar os gruposterroristas anticubanos que nosanos 90 atacavam Cuba com totalimpunidade, como os ataquesbiológicos que provocárom o den-gue ou a febre suína. Eu nom sa-bia das atividades do meu filhoaté o dia em que foi detido.

A informaçom recolhida destes

grupos terroristas foi remetida

para o FBI, pois os agentes cu-

banos nom sabiam se o seu ob-

jetivo estava em território cuba-

no ou norteamericano.

Exatamente, mas a realidade éque os nossos filhos fôrom detidose os terroristas continuam livres.

Como evoluiu o processo?

Foi um julgamento político e es-tivo cheio de irregularidades.Primeiro tentamos que nom de-corresse em Miami, pois a in-fluência destes grupos anticuba-nos é muito forte ali e tanto o jú-ri como a própria juíza que le-vou o processo podiam ser pres-sionados. Era impossível quefosse um julgamento justo. A im-prensa de Miami também estásob o controlo deste lobby, e des-de o primeiro momento ignorá-rom a presunçom de inocênciaqualificando os nossos filhos co-mo espions nos cabeçalhos dosseus jornais. No julgamento, quedurou sete meses, nom foi pro-vada a acusaçom de espiona-gem, por isso lhes tivérom queaplicar a de “conspiraçom”.

Em 2005 três juízes do XI Cir-cuito de Apelaçons de Atlanta

dam a razom aos nossos filhos porunanimidade e ordenam um novojulgamento fora de Miami e umharevocaçom da sentença. Eles fô-rom os que qualificárom a opera-çom como “a tormenta perfeita”,umha estratégia perfeitamentecalculada contra os nossos filhos.Mas a Fiscalia, em nome do go-verno, foi ao Tribunal de Apela-çons, composto por 11 juízes, on-de nove deles nos tiram a razom.Os dous que no-la dérom faziamparte daquele painel de três.

Como chega a nova sentença?

Dos cinco presos só fôrom res-sentenciados três, Ramom Laba-ñimo, Fernando González e meufilho, Antonio Guerrero. Deixa-mos este recurso parado e fomosao Supremo Tribunal. O nosso ca-so tinha um grande apoio inter-nacional, com prémios Nobel,grémios juristas, presidentes deEstado, parlamentos, organiza-çons religiosas, etc. O que suce-deu é que, ao ser um tribunal se-letivo, o Supremo decidiu nomaceitar o nosso caso.

Foi entom quando tivemos queretomar o recurso da “ressenten-

ça”, com a mesma juíza de Mia-mi. Dá-se a situaçom de que amesma fiscal que pedira no seudia cadeia perpétua para os nos-sos filhos, agora pedia reduçonsde condena. Perguntada pola juí-za, a fiscal explicou que havia“umha grande desinformaçom arespeito deste caso”. Porque seproduz essa mudança? Pola pres-som internacional a que estavamsendo submetidos os EUA graçasà solidariedade.

Na “ressentença”, apesar denom contar com provas, a juízacontinua a aplicar-lhe o cargo de“conspiraçom”. A condenaçomdo meu filho fica em algo mais de21 anos e outros cinco de liberda-

de condicional, por ter nascidonos EUA, umha pena maior daque pedia a própria fiscal, acres-centada pola juíza.

Pode-se dizer que os movimen-

tos de solidariedade já obtivé-

rom umha pequena vitória com

esta nova sentença?

Nom é umha vitória, é outra in-justiça. Foi dado um passo para aliberdade e agora polo menos temumha data de saída, 2017, mas es-ta situaçom tinha que finalizarmuito antes e o presidente Oba-ma tem toda a potestade para fa-zê-lo. É fundamental continuarcom o movimento de solidarieda-de internacional.

O que foi do habeas corpus?

Pedimos um habeas corpus à juí-za, mas isso fica nas suas maos,ela decide se o aceita. Para isso, oadvogado de Gerardo queriaapresentar novas provas, poloqual solicitou umha listagem dejornalistas e meios, com as con-trataçons que se figeram na altu-ra da detençom, para mostrar co-mo estava construído o caso. An-tes do do Gerardo, nós já pedíra-

mos um habeas corpus para oscinco, pedindo umha revisom to-tal, mas nom foi.

Como som as condiçons de visita?

A mim, davam-me autorizaçompara visitar os EUA umha vez ca-da ano e meio ou cada dous. Ago-ra podo ir cada ano, durante ummês. Nunca o esgoto e aproveitotrês fins-de-semana, já que os diasde visita só som as sextas, sábadose domingos. Visito-o nove vezespor ano. Depois tem 300 minutosde chamadas por mês, já viche opouco que pudemos falar antes.Também tem que usá-los para te-lefonar aos seus filhos. Agora falamuito com o mais cativo porqueestá a fazer os exames e ele ajuda-o. O Ministério de Relaçons Exte-riores de Cuba e os Comités de So-lidariedade ajudam-me a organi-zar e pagar estas visitas.

Que pretedem com a política de

dispersom a que som submetidos?

Cada um dos cinco está num Es-tado diferente dos EUA. Tentamisolá-los para os poderem pres-sionar e debilitar. Nom conse-guem, eles som mui fortes.

Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de agosto de 201212 internacional

“Os cinco nom som espias, som antiterroristas que fôrom aos euA salvar vidas”

“nom há provas contra os nossos filhos, por isso os acusam de ‘conspiraçom’ para espiar”

a terra trememirta rodríGuez é a mae de antonio Guerrero, um dos cinco cubanos Presos nos eua

“A solidariedadeconseguiu reduzirpenas a três deles”

RAUL RIOS / Passárom já catorze anos desde que os cinco agentes da inteligênciacubana que permanecem presos nos Estados Unidos fôrom detidos, em 1998.Após umha nova sentença que chegou em 2009, a Fernándo González, AntonioGuerrero e Ramón Labañimo é-lhes posta umha data de saída, desaparecendo acadeia perpétua, ao serem condenados a 18, 22 e 30 anos, respetivamente. Ou-tros dous, René González e Gerardo Hernández, continuam com a mesma pena,este último de prisom perpétua. René já se encontra em liberdade vigiada nosEUA. O principal cargo: conspiraçom para cometer espionagem. Desde o própriomomento da detençom começou umha campanha de solidariedade mundial de-

senvolvida por familiares e amigos, através dos Comités de Solidariedade e como apoio do governo da ilha. Mirta Rodríguez, mae de Antonio Guerrero, estivo aparticipar numha rolda de contactos polo Estado espanhol. Recebeu-me de pas-sagem pola Galiza, no hotel Araguaney de Compostela, após umha visita que rea-lizou à casa natal do pai de Fidel Castro, em Láncara (Sárria). Durante o transcur-so da entrevista, recebeu umha chamada de António, que quijo saudar-me e agra-decer o labor de todos aqueles que procuram a verdade em geral e que contam oseu caso em particular. A sua voz, apesar das circunstáncias, era a de um homemforte que nom se arrepende do seu sacrifício: “conseguimos salvar vidas”.

“tentam isolá-losao longo dos euA

mas som fortes”

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XOSÉ ANTOM ‘MUROS’ / Na Ilha deCrimeia, no Sul do Estado Ucrania-no, existe um povo aborígene delíngua turca que paulatinamentevai regressando do seu exílio naÁsia Central (deportaçons estali-nistas) e a Turquia (refúgio naturalde um povo tatar de lingua e cultu-ra afim) para a sua antiga Terra.

Desde finais da década de 80, doséculo passado, uns 300.000 tárta-ros regressárom do seu exilio em

Uzbequistam a Crimea (mais dametade deste exílio, forçado).Também ativistas deste povo pro-vindes da Turquia e Bulgária es-tám-se paulatinamente assentan-do na terra de seus antepassados,a Crimeia, terra de caminhos emisturas, onde umha maioria deorigem eslava, de cultura rusa etradiçom marinheira e militar(dentro do estado ucraniano) tratade obstaculizar tanto os planos de

retorno (intentar nom meter os fi-lhos da diáspora no censo), comoos de assentamento territorial(nom reconhecimento das aldeiase bairros tatar, obstáculos admi-nistrativos na concessom de servi-ços...) e institucional: as escolasem língua tatar e o Mejlis, um efi-caz órgao de governo de represen-tatividade dos assentamentos Ta-tar, assuntos exteriores... (com agrande ajuda turca e da Diáspora).

O povotatar de Cri-meia, alémdisso, conta

com a ajuda de umha diáspora ati-va renascendo e vertebrando-seno seu antigo território, a sua au-to-organizaçom, em especial aaprendizagem as crianças de umidioma que a pouco estivo de seextinguir é um facto, a auto-orga-nizaçom dos seus bairros, aldeiase criaçom de negócios e outros. Es-te renascimento esta diluindo osefeitos do "Surgun" (deportaçom)estalinista e vertebrando a um po-

vo que além de dificuldades, templeno direito a estar na sua terra.O talento que mostram na sua au-to-organizaçom prática mostra-nos a sua vontade de triunfo. Co-mo se plasme futuro, sendo umhaúnica República Crimea, um PovoAborígene reconhecido e consti-tuído com dereitos, vetos e recur-sos blindados em pé de igualdadecom o Povo Eslavo de cultura rusada ilha (difícil pola tradiçom na-cionalista e militar destes últimos)ou bem numha ilha conformadaem duas repúblicas soberanas teráde ser demonstrado polo tempo.

13internacionalNovas da GaliZa 15 de julho a 15 de agosto de 2012

O povo tatar de crimeia conta com a ajuda de umha diáspora ativa que vertebra no seu antigo território a sua auto-organizaçomPovos

Qirintatar: o povo renascente

“é mais importante evitar consumirque consumir responsavelmente”E. MARAGOTO / O ativismo so-cial relacionado com a alimen-taçom revelou, na última déca-da, um grande potencial críti-co contra os desiquilíbriosprovocados polo capitalismoe aglutina em todo o mundocada vez mais pessoas sensí-veis aos problemas que geraeste sistema. Com grande di-versidade de propostas deaçom que atingem diretamen-te a nossa vida quotidiana, apromoçom de um outro con-sumo é colocada no centropor este tipo de 'militáncia'.Neste número, fomos conhe-cer a Casa da Horta, mais um-ha das associaçons que estáa trabalhar por um estilo de vi-da alternativa no Porto.

A Casa da Horta é umha associa-

çom cultural ou um restaurante

vegetariano? O que pode fazer

neste espaço umha pessoa que

queira colaborar?

A Casa da Horta é umha associa-çom cultural. Umha das cousasque promovemos é a alimentaçommais ética e ecológica. Nesse sen-tido, além de termos oficinas dealimentaçom vegetarianas, temostambém um restaurante abertoaos associados onde se podem co-mer refeiçons vegetarianas maio-ritairamente biológicas com legu-mes que produzimos e também deoutros produtores locais.

Para além da comida temos vá-rias atividades que desenvolve-

mos. Fazemos ciclos de cinema,debates, apresentaçons de proje-tos alternativos, concertos, ses-sons de teatro ou poesia. Temostambém um projeto de música tra-dicional ainda em fase embrioná-ria. Outras das cousas que tam-bém fazemos é o desenvolvimen-to de atividades ligadas a educa-çom ambiental (‘EducAção’), porisso também vamos a escolas ouinstituiçons realizar oficinas e ou-tras atividades.

Além de todo isto, também co-laboramos de forma continuadacom o projeto Musas da Fontinhade hortas comunitárias e com asAgitadoras de Alquimias, umhaassociaçom ecologista.

Portanto, em todas estas ativida-des estamos abertos à participaçomde qualquer pessoa que se identifi-que com os nossos princípios.

Abrange portanto mais aspetos

que a intervençom alimentar.

Quer dizer, trabalha mais cam-

pos para além do consumo ali-

mentar responsável.

Sim, como já referim na preguntaanterior, a alimentaçom é só um-ha pequena parte daquilo que fa-zemos e queremos fazer. Quere-mos criar um projeto diferenteque além de pretender sensibili-zar, como é a ideia do projeto‘EducAção’, também quer criarrealmente alternativas ecológicas.

Fazer os próprios produtos de lim-peza, por exemplo, como foi feitocom as oficinas de produtos natu-rais. Tentar criar umha rede de as-sociaçons e pequenos produtores,tentar evitar produtos de multina-cionais. Produzir os próprios ali-mentos, viver ao máximo à mar-gem do consumo e do consumis-mo, das marcas e do espetáculocomercial. Ao mesmo tempo, pre-tendemos ser um espaço de refle-xom e crítica.

Acha que em Portugal existe

sensibilidade para com estas

questons? Por exemplo, existe

umha rede de iniciativas como

esta polo país dentro para pro-

mover outro tipo de consumo?

Nom sei exatamente responder seexiste sensibilidade. Existem al-gumhas pessoas com sensibilida-de e existem coletivos e associa-çons que promovem atividadesmuito interessantes em Portugal.Nom conheço nengumha rede na-cional organizada para promoveroutro tipo de consumo a nom sero Comércio Justo, embora discor-demos um pouco da sua prática,por nom ser um comércio local.Também achamos que a maiorpromoçom é a açom. Realmente

fazer um projeto que utilize a pro-duçom local e ecológica e, maisque isso, fazer os próprios produ-tos, trocar os objetos que nomusamos. Em vez de só pregar, fa-zer, criar contactos locais, ensinara plantar, a fazer produtos de hi-giene, etc.

Outros países tenhem avança-do muito em relaçom a esta causanos últimos anos (cooperativas deconsumo...). O que acontece emPortugal em relaçom a isto?

Eu nom conheço muitas coope-rativas de consumo em Portugalrealmente ecológicas e que pro-movam o consumo local. Se calharexistem, mas eu nom conheço.

Pode-se consumir responsavel-

mente sem recorrer ao veganis-

mo ou vegetarianismo?

Ser vegetariano ou vegano é ape-nas umha parte do que é consu-mir responsavelmente. Há muitasoutras cousas que podemos e de-vemos cuidar ao consumir. Porexemplo, todas as condiçons deproduçom dos produtos que con-sumimos: o local, as condiçonsdos trabalhadores, os tipos de ma-teriais utilizados, etc. Mas maisimportante que consumir respon-savelmente é evitar consumir.Nom acumular aquilo que nomprecisamos, evitar ao máximocomprar e cingir-se ao necessário.Se queremos ter um planeta emque todas as pessoas tenhamacesso a umha vida digna, temosde viver com menos.

Pedro Gonçalves é membro da ‘casa da horta’ do Porto, que Promove um modo de vida alternativo

“A maior promoçom é a açom: fazer os próprios produtos, trocar os objetos que nom usamos...”além minho

“Promovemos umha alimentaçom

mais ética e ecológica”

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14 dito e feito Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de agosto de 2012

dito e feito “Ao contrário que Ortigueira, rejeitamos sempre a massificaçom e apostamos no corpo a corpo”

Xermolos nasce em finais da

década de 70, é logo umha das

associaçons mais velhas da Ga-

liza. Como som estes primeiros

passos a dar e com que voca-

çom foi constituída?

Xermolos nasce no ano 76, nosanos do que se dá em chamarTransiçom, respondendo ao de-veço da mocidade de construirum espaço para projetar as suasinquedanças e descobrir o país.Pretendíamos libertar-nos do pa-ternalismo político e também dodas famílias, que continuavam aver a mocidade como um saram-pelo. Os cimentos da associaçomencontram-se na constituiçom daBiblioteca, a primeira pública quehouvo em toda a comarca. Nestesprimeiros anos o rural era outrodos pontos mais importantes, pa-ra o que fazíamos juntanças nasparóquias. Umha das nossas pri-meiras atividades foi umha mani-festaçom à Corunha polas factu-ras que cobrava a Fenosa aos gan-deiros, graças à qual consegui-mos que se renovasse o tendido.Pardinhas nasce em 1980, apósdous anos de debates ponderan-do se Guitiriz poderia manter umfestival deste tipo, porque o quenom queríamos era que fosse flordum dia. Transformamos a festade Pardinhas numha romagem demerendas, num ponto de encon-tro para todas as artes.

Fôrom muitas as geraçons que

passárom já por Xermolos e

Pardinhas. Que mudou desses

esperançosos começos?

Mudou o mundo, e tanto! E comele, também nos fomos sofrendoou gozando das mudanças. Pensoque se mantém o que nós chama-mos “espírito de Pardinhas”, um-ha filosofia segundo a qual todo omundo tem algo que oferecer,concebendo a Festa como umhaplataforma para mostrar as artesde cada quem. Nom gostamos degrandes concertos, o nosso obje-tivo continua a ser que a gentedesfrute. Mantém-se também apresença de escritores, um traçomui identificativo de Pardinhas,que permite que a gente daqui en-tre em contato com grandes cria-

dores como Manuel María, Ani-sia Miranda ou Pousa Antelo.Nom deixa de ser emocionanteque em muitas moradas tenhamemoldurada umha foto de Ma-nuel Maria a entregar um prémioà nena da casa por um relato queescreveu. O público foi mudandobastante, e reduziu-se o númerode pessoas que venhem ao do-mingo às merendas, ainda quehaja ainda famílias que o fam e oFestival continue sendo conheci-do polo convívio entre as diferen-tes geraçons. Mas é claro que ascousas mudam, por isso semprequigemos estar abertos às mu-danças e nom encorar. Este ano,por exemplo, começaremos como Pardinhas Rock.

O Festival de Pardinhas é co-

nhecido em toda a volta, mas o

que provavelmente muita gente

desconheça é o processo organi-

zativo dum evento como este…

A verdade é que a organizaçom énom é fácil. Por exemplo, este anohouvo opinions encontradas ar-redor justamente do PardinhasRock, porque havia quem o viacomo umha perda das raízes folk.Somos muita gente e os critériosnom sempre som os mesmos, em-bora sempre cheguemos a acor-

do. Enquanto à organizaçom,existe umha comissom que passameses escuitando as ofertas demúsica que nos chegam. O verda-deiro problema está na parte eco-nómica, porque nós, como os la-vradores, também sofremos se-cas e geadas. O ano passado mes-mo tivemos que pedir um crédito,porque cada vez há menos ajudase vê-se mais um esquecimentoconsciente das iniciativas da so-ciedade civil. Recebemos peque-nas contribuiçons económicasdas instituiçons, e o resto vem dascoletas entre a vizinhança e a ven-da de camisolas, os ganhos dobar, etc. No total, colaboram en-tre 150 e 200 pessoas para dar or-ganizado e divulgado o Festival.

Em que credes que se diferença

Pardinhas doutros grandes festi-

vais folk como Ortigueira?

Fam-me muitas vezes esta per-gunta, porque os inícios de Orti-gueira eram bastante próximosaos nossos e mesmo tivemos con-tato. Está claro que cada festivaltem a sua identidade e os seusapelidos… Nós rejeitamos desdesempre a massificaçom e aposta-mos no corpo a corpo; Ortigueirativo mais apoio económico e estámais institucionalizado. Achoque a principal diferença resideem que nós organizamos tododesde umha associaçom, e nuncaquigemos renunciar aos nossosprincípios. É por isso que todo émais familiar em Pardinhas, eque trás de 33 anos de convíviohá artistas como Sito Carrazedo,construtor e recuperador de ins-trumentos tradicionais, que sem-pre nos escolhe para apresentaralgumha das suas novidades. Pa-ra isso em Ortigueira nom teriasnem espaço, nem tempo, nem pú-blico. Nós procuramos criar umespaço onde se dê a conhecer acriatividade de pessoas de quenom gostam os grandes meios demassas. A celebraçom está ci-mentada na amizade e nas rela-çons, de maneira que também se

pode falar dumha história afetivade Pardinhas. Cada festival temos seus objetivos. Nom é de es-tranhar logo que os resultadossejam tam diferentes.

Contas com umha longa trajetó-

ria ligada a cultura galega. A tí-

tulo pessoal, como avalias o pa-

norama cultural galego atual?

Correm tempos difíceis, em quese percebe um claro afam por es-curecer a primavera de esperan-ça que vislumbrávamos há um-has décadas. Mas sempre houvoséculos escuros e soubemos re-sistir! É certo que a luita é hojemais complicada, porque os po-deres tenhem um jeito mais finoe agressivo de reprimir do quepodia haver na ditadura… As as-sociaçons de base como a nossasom as grandes esquecidas, e amocidade continua a ver-se co-mo algo que há que eliminar, ne-gando a criatividade e a forçadeste treito vital. Nom queremjovens, querem consumidores,de modo que afogam essoutracara da mocidade, a da gente queestá nas comissons de festas, ouprocurando novos caminhos pa-ra a gadaria, ou organizando fes-tivais de teatro. Porém, queiramou nom, sobreviveremos.

“Correm tempos difíceis para a cultura, massempre demos resistido aos séculos escuros”

entrevista a alfonso blanco, membro da associaçom xermolos, que orGaniza o festival de Pardinhas

O.R. / Neste Dito e Feito nom viajaremos a pequenas aldeias nem daremos voz ainiciativas pouco conhecidas: o trem dos projetos em marcha tem parada destavolta no Festival de Pardinhas, um dos grandes eventos culturais do Verao gale-go. Guiados polo veterano Alfonso Blanco, quigemos achegar-nos ao coraçomdumha das mais velhas associaçons do País, Xermolos, embora a Casa das Ar-

tes, a Casa da Palavra, a imensa Biblioteca, as diferentes aulas, os obradoiros, aspublicaçons ou a Escola da Memória fiquem para tratar polo miúdo noutra oca-siom. Hoje adentraremo-nos na trastenda dessa verdadeira festa das artes que éo Festival de Pardinhas; dessa festa que mantém desde há 33 anos o seu espíritorebelde e criativo e que constitui um ponto de encontro para a cultura galega.

“Os poderes nom querem jovens

criativos e rebeldes,querem consumidores”

“Participam entre150 e 200 pessoas

para organizar e divulgar o festival”

ALFONSO BLANCOcom o microfone na mao

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15PerfilNovas da GaliZa 15 de julho a 15 de agosto de 2012

Perfil Quintana agradeceu a Xosé cuiña “todo o que de bem tenhafeito à galiza, que sem dúvida foi mais de umha cousa”

Rafael Cuíña, o empresário metido a políticoao que todos os meios prestam atençom

O primogénito de Xosé Cuiñacriou-se num ambiente fami-liar frequentado por algunsdos homens mais poderososda Galiza e de Espanha. Como pai a tecer umha imensa re-de de poder, o pequeno RafaCuiña tanto oferecia umhagaita a Raúl Alfonsín, presi-dente da Argentina, como re-cebia afagos de Manuel Fra-ga. Desde entom, a fidelidadefamiliar é um dos seus princi-pais valores. Tanto que, en-quanto Fraga viveu, se resis-tiu a abandonar o PP, com quediscrepava publicamente ha-via anos. De Fraga diria à suamorte que “o balanço dosseus governos é positivo”, jáque “modernizou a sociedadegalega”, tal como prometeraao seu pai, cuja figura para ovinculeiro é inquestionável.

R. CAMPOS / Na escola, apesar dasintervençons paternas, tem difi-culdades, e como muitos outrosestudantes difíceis, é enviado pa-ra o colégio Peleteiro de Santiago,para depois estudar Direito nauniversidade madrilena do Esco-rial. Seareiro do Real Madrid, via-ja por todo o mundo e pratica sur-fe em Sam Vicente do Mar noOgrobe, residência estival da fa-mília. É ademais amante das mo-tos, como o pai e o primo RamónCuiña Gómez. Este seu primo,'Monchito', foi detido junto comoutros três 'niños bien' de Lalimno passado 29 de maio. Som acu-sados dumha série de roubos demotos e quads na zona e um deli-to de desobediência por tentaremfugir. Obviamente, a imprensa co-mercial velou o seu nome.

Em 2004, com 33 anos feitos ecom um acompanhamento pró-prio da imprensa rosa, Rafa casacom Berta González Casares. Co-mo num casamento dinástico, jun-tam-se as duas famílias mais po-derosas do Deça, pola parte de Ra-fael a de Cuiña; pola de Berta, ados González: é neta de 'Licho', al-calde do franquismo em Lalim, esobrinha do atual candidato doPSOE no concelho. Entre os con-vidados, Manuel Fraga, em pri-meira linha no casamento, ao ladodo pai do noivo, de Ana Pastor, DizGuedes ou Palmou.

Agora moram em Filgueiroa,numha casa com dimensons depaço. Os vizinhos do lugar assegu-

ram que transladárom para estaresidência parte de umha calçadaromana. Outra peça-chave da suamitologia familiar é o moinho doseu avô, humilde origem de quemos Cuiña gostam de blasonar.Quando a construçom do Passeiodo Pontinhas, o Governo leva semmais as fincas dos vizinhos, queagora reclamam 31,8 milhons de

euros, mas ao chegar ao moinhodos Cuiña -onde estivo a flor e na-ta da vida pública galega- o traça-do desvia-se, ficando aliás comum formoso jardim privado.

Quintanismo e construçomdum ‘self’ galeguistaA sua falta de preparaçom é lar-gamente suprida pola sua familia-ridade com o poder. Vai furandonos média, na esteira do mito ga-leguista de Cuíña pai, e começa acolaborar em Vieiros, A Peneira,Xornal de Galicia e El Correo Gal-

lego, entre outros. A sua boa rela-çom com o quintanismo vem de

longe: em 2007, à morte do pa-triarca, Quintana declarará queXosé Cuiña foi “um servidor pú-blico”, e agradece-lhe “todo o quede bem tenha feito à Galiza, quesem dúvida foi mais dumha cou-sa”. No ano seguinte, estudarácom Touriño entregar-lhe a Me-dalha de Ouro da Galiza. Já em2010, Rafa ingressa no IGEA, lob-by do quintanismo dirigido polode Alhariz. Durante o bipartido,oferecem-lhe participar na ‘Cons-trucciones Técnicas de Radiotera-pia’: “foi o próprio Governo bipar-tito o que nos convidou a partici-parmos no projeto, umha mostra

clara de que as nossas relaçonscom os grupos políticos som boassejam da cor que forem”.

Mas foi com as redes sociais queRafa demonstrou a sua inteligên-cia estratégica para construir a suaprópria imagem. Alternando pin-celadas ridiculistas ou boutades

independentistas, com invocaçonsao fantasmal setor galeguista doPP, e exibindo com fotografias assuas amizades com gente do gale-guismo musical ou dirigentes na-cionalistas, cuja imagem mais aca-bada foi o premonitório baile quebotava com Martiño Noriega numvideoclip de Marful. Assim, ali-mentando um crescente númerode seguidores do peculiar sebas-tianismo galego, que levam anos aaguardar por umha burguesia ga-leguista, deixa o PP após a mortede Fraga para embarcar com cin-didos do BNG num novo projetopolítico, Acción Galega, criado ad

hoc para as negociaçons da novaorganizaçom nacionalista.

o filho do que tinha sido nÚmero dous de fraGa abandona o PP Para buscar esPaço no centro nacionalista

Do pai, Rafael Cuiña herdou um gran-de empório calculado em 70 milhonsde euros, que foi construíndo-se ao

abeiro das adjudicaçons de Sam Caetano. Ho-je controla 12,5% da empresa-matriz do hol-

ding (Grupo Aurela), em companhia da irmáMaría e mais dous tios, Eladio e Ramón. Ogrupo controla umhas 20 empresas dedicadasa vários negócios como a construçom, vidros,metal, aquicultura ou madeira e reconverten-do-se periodicamente. Atualmente, a jóia dacoroa é a empresa Inasus, dedicada ao dese-nho e construção de fachadas. A Inasus está atrabalhar na nova terminal do aeroporto lon-drino de Heathrow, o maior da Europa, comum contrato no valor de mais de 20 milhonsde euros. Nom é a unica grande obra que lhefoi atribuída nos últimos tempos, já que tam-

bém fijo a fachada da nova T4 de Madrid ou ado Edificio Repsol. Ademais, um breve pas-seio por Lalim bastará para apreciar que porali não escasseiam fachadas de último dese-nho. Outras muitas empresas do grupo, polocontrário, estám numha péssima situaçomdevido à crise da construçom. O caso maissignificativo é o da Metaldeza com um EREem marcha ou a extinta Metal Marine, que,poucos meses despois de conceber umha no-va bateia que “ia revolucionar o setor do me-

xilhom”, caiu em desgraça. A família tambémtem contatos com a banca, em particular coma antiga CaixaGalicia, com que comparte oacionariado da Construziona Galicia, a em-presa que está a ser processada por umhasobras ilegais em Sam Genjo (como informavao NOVAS DA GALIzA no último número). Ade-mais, esta mesma empresa também tivo co-mo conselheiro-delegado a Francisco DoblasBermejo, concelheiro de Vigo polo PP na le-gislatura 99-2003. O proprio herdeiro, RamónCuíña, foi conselheiro desta entidade bancá-ria contribuindo para a fusom com a CaixaPontevedra. Finalmente, o secretário do Gru-po Aurela, José Antonio Gil del Campo foiprofessor da escola de negócios da Caixanovae sócio do importante gabinete de advogadose assessores tributários Garrigues. Além dis-so, Gil del Campo foi chefe de inspeçom daAgência Tributária em Vigo, cargo de que sedemitiu por alegados casos de fraude à Fa-zenda pública e tráfico de influências.

Os negócios da famíliaherdou um empório de 70

milhons, construído aoabeiro de adjudicaçons

‘Acción galega’ acolheo de lalim junto acindidos do Bng

rafael cuíña ingressouno igeA, ‘lobby’ do

quintanismo dirigidopolo de Alhariz

foi inteligente na horade construir a sua

imagem na internet

HOMENAGEMa Xosé Cuíña em 2008

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Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de agosto de 201216 a fundo

H. CARVALHO / Apesar da criseeconómica e a sua incidência nossetores da construçom e a promo-çom imobiliária, o Grupo San Jo-sé mantém umha intensa ativida-de em virtude da sua expansominternacional e da diversificaçomdas suas atividades. Entre os seusprojetos mais ambiciosos está achamada ‘Operaçom Chamartín’,que mudará radicalmente o nortemadrileno a partir da urbaniza-çom de mais de três milhons demetros quadrados com áreas resi-denciais, hoteleiras e umha zonafinanceira com 15 arranha-céus.

Mas para além das dezenas deobras que executa através de ad-judicaçons públicas e por iniciati-va própria no Estado, a AméricaLatina está a ser o seu principaldestinatário. No Chile está a cons-truir dous hospitais, no Uruguaivai administrar 40 megawatts deenergia eólica –para além dos 50com que já contava neste país– en-quanto no Peru prepara a instala-çom de umha estaçom foto-voltai-ca de 20 megawatts. Saltando decontinente, em junho conseguiu aconcessom para construir cincoestaçons de metro no estado in-diano de Maharastra, que servecomo sede dos maiores agrupa-mentos empresariais do país.

Ainda que conforme os dadospublicados no Registo Mercantil,o Grupo San José nom passe poloseu melhor momento –tivo o seupico em 2009 ao ultrapassar oscem milhons de euros em ven-das–, Jacinto Rey tece novos pla-nos para o futuro valendo-se depolíticos de renome e pessoas in-fluentes para abrir caminho, co-mo tem feito nos últimos anosatravés de alianças que renovoude maneira continuada.

Ao pé dos ‘conseguidores’As recentes incorporaçons noConselho de Administraçom doque fora ministro da Indústria edos Negócios Estrangeiros comJosé María Aznar, presidente daVueling e assessor do banco ING,Josep Piqué, e do ex-secretário deEstado de Economia de FelipeGonzález, assim como assessor de

Goldman Sachs e conselheiro in-dependente do Banco Santander,Guillermo de la Dehesa, respon-dem a umha lógica habitual dasgrandes empresas que buscam es-paços nos mercados internacio-nais servindo-se dos contatos e doprestígio ganhados por antigos al-tos cargos da política que se va-lem do seu passado para conse-guir recompensas através de ativi-dades comerciais internacionais.Entre os políticos com que contoucomo assessores ou cargos nassuas empresas está o ex-presiden-te do Parlamento autonómico comFraga Victorino Núñez, o ex-pre-sidente ‘socialista’ da Junta Fer-nando González Laxe, o ex-minis-tro do Interior com Felipe Gonzá-lez Antoni Asunción, assim comoquem fora braço direito de AdolfoSuárez no ministério da Presidên-cia, José Manuel Otero Novas,também ex-advogado do Estado.Mas também se serviu de aliançastam peculiares como as do tertu-liano de origem galega FernandoÓnega, e doutras tam valiosas co-mo a do ex-diretor do Banco deEspanha Víctor Moro.

No campo das ligaçons panga-laicas destaca a do poderoso em-presário mexicano nascido emAviom Olegario Vázquez Raña,com quem entrou na administra-çom do Banco Simeón quando es-te foi absorvido pola Caixa Geralde Depósitos. Foi Raña quem lheabriu as portas para se introduzirno Grupo Aeroportuário do Pací-fico, que controla 12 terminais naAmérica Latina, tal como detalhao jornalista Julián Rodríguez emSeñores de Galicia.

Mudanças na administraçomCoincidindo com a entrada de Pi-qué e De la Dehesa no máximo ór-gao de governo do Grupo San Jo-

sé o seu número de membros re-duziu-se de doze para dez. Entreas cinco demissons que acompa-nhárom a renovaçom encontra-vam-se a de Alfonso Paz-Andrade,que foi presidente Conselho deAdministraçom do Xornal de Gali-

cia, e a do viguês antes menciona-do José Manuel Otero Novas, queRey manterá em nómina atravésde um conselho assessor criadopropositadamente para continuara manter os seus serviços.

De professor de matemática a empresário oportunistaA vida deste professor de matemá-tica mudou radicalmente quando,em 1980, o seu amigo e empresá-rio José Sánchez Rivas lhe enco-mendou a contabilidade da SanJosé, na altura ainda umha peque-na construtora. Passado poucomais de um lustro, Jacinto Rey ob-tinha a presidência e o controloacionarial de umha sociedade queiria crescendo exponencialmentegraças a importantes concessonsde obras e serviços públicos, aprincipal fonte de financiamentodo agrupamento empresarial.

Como Amancio Ortega, fugiusempre dos meios e evitou ser en-trevistado por jornalistas, deixan-do o protagonismo social à ativi-dade empresarial. Vários meios decomunicaçom estimam que a suafortuna ultrapassa os 1.700 mi-lhons de euros provenientes doslucros de umha rede societáriacom presença em Portugal, Ale-

manha, EUA, França, Argentina,Uruguai, México, Marrocos, Pana-má, a Índia, Alemanha ou o Peru.

Ao seu pesar, ganhou notorieda-de mediática quando La Voz de Ga-

licia publicava antes das últimaseleiçons autonómicas umha fotoem que aparecia, em companhiade Anxo Quintana, no seu iate Xa-rey, umha embarcaçom por ondejá tinham passado dantes outras fi-guras políticas do PP e do PSOE.Da promiscuidade nas relaçonscom o de Alhariz passou a favore-cer as relaçons com o PSOE aoabeirar-se a José Blanco quandoeste foi nomeado ministro do Fo-mento por Rodríguez zapatero. Aqueda do bipartido na Junta e aposterior maioria absoluta do PPno Estado levárom-no a procurarnovas amizades, pondo-se ao ser-viço de quem tem o poder paraabrir a torneira das obras públicas.E assim, quando Rajoy lhe exigiucastigar o Xornal de Galicia, Reynom duvidou em cumprir o reque-rimento, visto aliás que o jornal dei-xara de ser útil aos seus fins.

Umha aventura mediática que resultou efémera e nocivaBoa parte do acionariado da edi-tora d’A Nosa Terra ficou estupe-facta quando em junho de 2007 afilial de meios da San José passa-va a controlar a ‘Promocións Cul-turais Galegas’. Era a primeiraaposta decidida de Jacinto Rey emconseguir um espaço no tecido co-municativo, para o qual escolhera

como alvo o espaço natural do na-cionalismo. Em dezembro do anoseguinte saía às ruas o primeironúmero de um Xornal de Galicia

que se posicionava editorialmenteem sintonia com as teses do cha-mado quintanismo, a mesmaorientaçom que tomaria o históri-co semanário com sede em Vigoapós o golpe da transnacional daconstruçom na sua editora.

O verao de 2010 presenciou o en-cerramento de um cabeçalho quefora criado polas Irmandades daFala e recuperado após a morte deFranco. No processo de despedi-mentos a equipa de jornalistas d’ANosa Terra denunciou que fora en-ganada polo ex-diretor Afonso Ei-ré, quem lhe teria ocultado a entra-da em concurso de credores da em-presa ao longo do prazo em que es-tes poderiam ter apresentado re-clamaçons. Em 2009 a editoratinha declarada umha facturaçomsuperior a 1,6 milhons de euros.

Quanto ao Xornal, a saída na di-reçom de José Luís Gómez emabril de 2011 antecipava a sua de-funçom que se verificou quatromeses depois. A publicaçom deumha fotografia de Mariano Ra-joy a bordo de um iate pertencen-te a umha família de Cambados li-gada ao narcotráfico teria provo-cado a reaçom de quem já se viacomo presidente do Governo es-panhol, que exigiu a cabeça do di-retor como condiçom para outor-gar obras a Jacinto Rey, conformeficou a saber-se através de meioscomo Galicia Confidencial.

Para além das dúzias de jorna-listas que perdérom o emprego edo vazio mediático provocado, oGrupo San José assegurou-se denom deixar rasto do seu périplocomo investidor nestes meios. Aocontrário de Vieiros, cuja hemero-teca continua a poder ser consul-tada, nem A Nosa Terra nem oXornal deixárom referências narede do seu trabalho. A sua ênfasepor fazer desaparecer qualquervestígio atingiu mesmo outromeio com que nunca tivo relaçom,Xornalgalicia.com, ao qual pre-tendeu retirar-lhe a titularidadedo domínio pola via judicial.

estima-se que a sua fortuna ultrapassa os 1.700 milhons de eurosprovenientes dos lucros de umha rede societária transnacionala fundo

considerado mecenas do nacionalismo, dÁ aGora entrada na san josé ao ex-ministro ‘PoPular’ joséP Piqué

Jacinto rey reconfigura alianças políticaspara expandir o seu grupo empresarialQue Jacinto Rey optasse por financiar meios galeguistas enquanto o BNG estavapresente no governo da Junta nom parece fruito do acaso. O assalto ao poder da edi-tora d’’A Nosa Terra’ e o lançamento do ‘Xornal de Galicia’, que criárom umha aura degaleguismo arredor do pontevedrês, acabárom por diluir-se em paralelo à restaura-çom do poder do PP em Sam Caetano. O oportunismo político ficou mais patente

com a chegada de Rajoy à presidência espanhola e traduziu-se na enésima remode-laçom do conselho de San José, em que perdem peso os vínculos com o País, ce-dendo o lugar a personagens como Josep Piqué e Guillermo de la Dehesa, ex-altoscargos políticos dos dous grandes partidos espanhóis. Entretanto, Rey desafia a cri-se com negócios em diferentes sectores na Europa, na América Latina e na Ásia.

de financiar meiosgaleguistas passou aliquidá-los e buscou

novos apoios na direita

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A.L. / No ano 2009 o Tribunalde Contas espanhol emitiuum 'Relatório de Fiscaliza-çom sobre os Procedimen-tos de Contrataçom das Mú-tuas de Acidentes de Traba-lho e Doenças Profissionaisda Segurança Social' ondese analisam os exercícioscontabilísticos de 2005 e2006. No relatório, assinala-se que estas sociedades, be-neficiárias de quotas da Se-gurança Social, nom cumprí-rom durante o espaço tem-poral do estudo os princípiosde transparência e objetivi-dade nas gestons de contra-taçom e que há indícios deredes societárias entre asmútuas e entidades ou pes-soas relacionadas com elas.

Na parte introdutória do Relató-rio, o Tribunal de Contas refereque as chamadas Mútuas de Aci-dentes de Trabalho som entida-des constituídas por empresáriosque tenhem como objetivo cola-borar com o desenvolvimento daSegurança Social e salienta acompatibilidade entre a sua natu-reza jurídica privada associativacom a natureza pública das pres-taçons que gerem. É interessantenotar que durante o período fis-calizado, as mútuas nom estavamincluídas na legislaçom que regu-lavam a contrataçom dos entesque conformam o Setor Público,se bem que tivessem que adequaras suas atuaçons a determinadasnormas do Direito público.

Na fiscalizaçom das contrata-çons das mútuas, o Tribunalachou que alguns responsáveisdestas entidades se teriam servi-do dos seus cargos para assegu-rar a adjudicaçom sistemática decontratos em benefício de empre-sas em que por sua vez estas pes-soas tinham interesses. Todo istoà custa dos orçamentos da Segu-rança Social. O Tribunal denun-cia que nem as mútuas afetadasabrírom expedientes disciplina-res nem o Ministério do Trabalhoe dos Assuntos Sociais instároma abertura de tais expedientes, oque contribuiu para que práticasdeste género continuassem.

Redes societáriasNa sua análise o Tribunal deContas indica a alta prevalênciadas contrataçons de obras, ad-

quisiçons de bens ou execuçomde serviços com empresas asso-ciadas, um feito que para o orga-nismo estatal evidencia a exis-tência de critérios de adjudica-çom impróprios para o empregode fundos públicos. O texto doTribunal assinala que estas prá-ticas facilitárom o aparecimentode empresas criadas para satis-fazer em exclusivo necessidadesdas mútuas e cuja constituiçomfora promovida em muitos casospor pessoas ligadas às mesmasmútuas, dando lugar a redes so-cietárias. Segundo dados do pró-prio relatório, e expondo a modode exemplo, no exercício do ano2006 a mútua Asepeyo realizoucontratos no valor de mais de 20milhons de euros com as suasempresas associadas. Outra dasmútuas analisadas, a UniversalMugenat dedicou mais de 14 mi-lhons a este tipo de contratos.

Para além disto, o Tribunal deContas estima em quase 15 mi-lhons de euros todos os pagamen-tos que poderiam catalogar-se co-mo indevidos, seja por nom se terprovado suficientemente a reali-zaçom da contraprestaçom cor-respondente, seja por serem, ajuízo do Tribunal, de despesasnom assumíveis polo patrimónioda Segurança Social.

Contrataçons sem publicidadeNas contrataçons o Tribunal ad-vertiu umha falha de transparên-cia e objetividade por parte dasmútuas. No Relatório di-se que égeral a ausência de um procedi-mento regulador dos aspetos es-senciais da contrataçom e que emnengumha das mútuas analisa-

das se tivesse efetuado publicida-de dos seus contratos por ne-nhum meio à sua disposiçom.

Nos capítulos dedicados aenumerar as irregularidades na

contrataçom durante os exercí-cios de 2005 e 2006 salienta-setambém que alguns contratoscontinham cláusulas abusivas,susceptíveis por vezes de preju-

dicar os interesses económicosdas mútuas e, portanto, da Se-gurança Social. Este tipo decláusulas relacionam-se sobre-todo com os contratos de arren-damento de imóveis e consis-tiam na renúncia de direitos porparte das mútuas ou a inclusomde pontos que favoreciam a en-tidade arrendadora.

17a exameNovas da GaliZa 15 de julho a 15 de agosto de 2012

nenhumha das mútuasanalisadas efetuara

publicidade das suas contrataçons

Os pagamentos indevidos por conta da segurança social ascendérom a quase 15 milhons de eurosa exame

Tribunal de Contas acha irregularidades nascontrataçons das Mútuas de acidentes laborais

no Período 2005-2006 reunírom-se indícios de redes societÁrias que beneficiavam do dinheiro PÚblico

criárom empresaspara satisfazer as

suas necessidades

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18 Palestra Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de agosto de 2012

Palestra expomos duas visons a respeito das opçons para realizar o parto: na casa ou no hospital?

Há umha tendência bastante gene-ralizada a assumir que o parto na-tural é o que acontece na casa, e o

parto instrumentalizado e artificial o hos-pitalar. Isto tem umha explicaçom lógica:durante muitos anos, desde a segunda me-tade do século XX, e com o intuito de re-duzir a mortalidade infantil e materna, op-tou-se por um parto mais intervindo, ins-trumentalizado, doloroso e traumático.Mas nom se podem ignorar os conheci-mentos achegados pola ciência, que sompositivos. Suponho que todos ouvimos“relatos estremecedores” de vizinhas, ouparentes das nossas avós, que falecérompor nom poder “dar à luz”. A primeira ce-sariana foi umha esperança para toda amulher: terminou com o terror de defron-tar o parto sozinha, ignorante, e muitasvezes culpada. As nossas devanceiras me-drárom com a sentença que sempre ou-vim à minha avó: “As mulheres vimos aeste mundo para sofrer, e namais”. Um so-frimento calado e merecido, segundo anossa formaçom judaico-cristá... “Pariráscom dor”, disque dixo Deus a Eva, e as-sim é aceite por todos, mesmo polas pró-prias mulheres, como um destino inamo-vível. À mulher só lhe fica “parir ou reben-tar”, sentença terrível que durante milé-nios se tornou realidade. Por tudo isto,quando saímos do subdesenvolvimento(mui entre aspas), o hospital, o médico, astécnicas, fôrom umha porta aberta à espe-rança, e quando apareceu a possibilidadeda epidural (parto sem dor, chamárom-lhe), foi como umha libertaçom. Tudo istolevou muitos anos, e custou muito que to-da mulher tivesse umha atençom à gravi-dez e ao parto, pública, gratuita e igual pa-ra todas, sem diferenças culturais e eco-nómicas, seja primípara ou multípara.Agora mesmo, no único lugar onde se po-de garantir una atençom integral às maese às crianças é na saúde pública. E digoagora mesmo, porque isto também estáno fio da navalha.

É certo que o parto nos hospitais pas-sou a ser demasiado instrumentalizado.Abusou-se, e nalguns centros ainda seabusa, da episiotomia, da oxitocina, dascesarianas, que superam o que recomen-dam os padrons internacionais. Usárom-se técnicas que no seu momento pareciamavanços, e que mais tarde se demonstrá-rom daninhas. Tudo isto fijo que muitasmulheres lembrem os seus partos comoalgo traumático, próprio doutras épocas.

É certo que o parto na casa é o mais na-tural, ainda que cumpra lembrar que omais natural é parir. O parto é um proces-so fisiológico normal da mulher: estamospreparadas fisicamente para isso, masnunca se podem esquecer os riscos. Atual-mente, as mulheres que escolhem parir

na casa, parem o primeiro filho 10-15 anosmais tarde do que o faziam as nossas avóse mães, e a criança nom tem umha equipaespecializada ao seu carom, na eventuali-dade de surgirem complicaçons. Em qua-se todos os foros de opiniom sobre o partona casa sublinham-se as vantagens para amae, mas quase nengum fala sobre ascrianças, salvo do benefício do primeirocontato. Poucos opinadores se centramnas possíveis complicaçons, e em comoresolvê-las. Ponhem-se como exemplopaíses europeus, como a Holanda, que te-nhem atençom pública ao parto no domi-cílio, mas com a condiçom de que haja umhospital a 10 minutos do lar. Mas isto aquié bem sabido que nom é possível. A reali-dade é que agora mesmo na Galiza, e noEstado espanhol, só umhas quantas mu-lheres podem escolher parir na casa. É ca-ro, há mui poucas matronas que o reali-zem, e nom tem as garantias para a partu-riente, nem para o recém-nascido, que temo parto natural no hospital. Também sepode escolher ter um parto natural noshospitais galegos. Um parto respeitosocom o processo fisiológico, nom mecani-zado, num clima de segurança e confian-ça, onde a mulher pode escolher comoquer que se desenvolva o trabalho de par-to, apoiada por umha matrona que nomintervém mais do necessário, num espaçoíntimo e favorecedor. Está demonstradoque com ajuda, ambiente relaxado, po-dendo mover-se, com terapias naturaisque suavizem a dor, a mulher prefere, namaioria dos casos, passar todo o processosentindo em todo momento a evoluçomdo parto e o contato com a pele de bebé.Mas também tem a opçom da epidural.Nom podemos enganar-nos: o parto na-tural é com dor. E para chegar a escolhaque queremos, devemos ter informaçom,confiança e segurança. Atualmente, naGaliza há seis hospitais onde se pode terum parto natural, e para este ano pareceque se vam unir mais quatro. É um pro-cesso lento: custa mudar os protocolosestabelecidos e os costumes dos profis-sionais, mas as mulheres temos que par-ticipar na elaboraçom dos novos proto-colos, e fazer pressom para que sejamefetivos em todos os hospitais. Nom po-de haver diferenças na atençom. A Admi-nistraçom que elabora maravilhososguias para o parto, ademais de publicá-los, deve fazer por que se levem a cabo.

O parto natural étambém no hospital

Vitória G. Leiras

“Doutor, penso que vou ter um orgasmo”.“Ok, imos ver o que podemos fazer, pare-ce que vai para longo... tire a roupa e dei-te-se na padiola. Bem, ponha as pernas nopotro... imos começar pondo-lhe umha viaintravenosa para injetar-lhe oxitocina eestimular o processo. Você respire fundoquando eu lhe ordenar... mui bem, agoramais rápido, um, dous, um, dous... olhe,este aparelho é um vibrador. Se ao cabode 8 horas nom fai efeito a oxitocina intro-duziremo-lo na sua vagina. O protocolomédico calcula que às 12 horas você deve-ria ter alcançado o orgasmo, de assim nomfor, interviremos cirurgicamente”...

Oque é inimaginável e mesmo gro-tesco numha experiência sexualcomo é o orgasmo é o dia-a-dia no

mundo ocidental quando umha outra ex-periência sexual começa: o parto.

Desde mediados do século XX passou-se de assumir os partos como um pro-cesso fisiológico, no que a futura nai eraprotagonista, a vê-los como um transeperigoso, doloroso e que nos converteem simples espectadoras rodeadas deperitos no tema.

Embora a mesma OMS criasse a catego-ria de “Hospitais Amigos dos Nenos” , ehaja centros que estám a incorporar nassuas instalaçons “salas de parto natural” ...é o parto umha doença? Nas aulas de pre-paraçom ao parto dos hospitais conven-cionais a frase mais repetida é: “nom tésque preocupar-te por nada, deixa-te fa-zer”. As mulheres acudimos ao momentodo parto totalmente desapossadas da nos-sa vontade, capacidade e responsabilida-de sobre un dos momentos culminantesda nossa maternidade, e se optamos porela, da nossa vida sexual.

Os dous grandes argumentos contra oparto na casa som o medo e a ideia erra-da do progresso. Medo à dor, às possí-veis complicaçons; às paradas cardíacas,aos desprendimentos do útero, às he-morragias internas... Esquecem quempretendem reprimir o nosso empodera-mento sobre o nascimento das nossas fi-lhas que estes perigos multiplicam-se

por práticas vigentes nos hospitais gale-gos, mesmo sendo proibidas ou desacon-selhadas pola OMS, como som a litoto-mia, episiotomias, o uso de fórceps, ou amanobra de Kristeller.

A outra argumentaçom contra a deci-som de parir nas nossas casas vem dadapor quem defende que apenas as “primiti-vas” parem anicadas, que a saída dumhacriança ao mundo é suja e berra-se muitoe isso é de mau gosto, e que se agora mor-rem menos crianças e nais nos partos égraças a incluí-los no sistema hospitalar.Nom será que lavar as maos contra as bac-térias sim foi umha descoberta importan-te? Como é que países tam “exemplares” e“modernos” noutros aspetos tratam ospartos na casa como escolha de cada mu-lher, e que mesmo fam parte do financia-mento da saúde pública?

Maioritariamente o parto é vivido comoum mal trago inevitável para ter crianças.Delata umha prática médica negligente,mas também umha ideologia comparti-lhada polas mesmas nais, de rechaço caraa própria sexualidade feminina.

Defender o nascimento na casa é apelarao gozoso, ao prazer. As experiências dasmulheres que o vivem som o melhor argu-mento a ouvir: nengumha sala de hospitalpode igualar a intimidade dum lar, o calordo pessoal sanitário nom é o da gente queamamos e com que escolhemos compartireste momento... Parir na casa nom só éumha opçom responsável, é umha deci-som tomada por amor.

hoje nom dispomos degarantias acessíveis paraescolhermos parir na casa

Naturalizar o partoé um ato de amor

Sílvia Pinha e Maria Bagaria

O medo e a ideia erradado progresso som os dousgrandes argumentoscontra o parto na casa

defender o nascimentona casa é apelar ao gozoso, ao prazer, comosabem as que o vivem

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19a denÚnciaNovas da GaliZa 15 de julho a 15 de agosto de 2012

a denÚncia helicsa monopoliza o fornecimento de aeronaves para o serviço de guarda costeira da galiza

As últimas privatizaçons en-cobertas no Serviço de Pre-vençom e Defesa contra In-cêndios Florestais (SPDCIF)da Junta estám a beneficiar denovo duas empresas ligadasao Partido Popular. A Inaer e aNatutecnia recebêrom a ges-tom das brigadas helitrans-portadas, tal como adiantaramsindicatos e associaçons pro-fissionais. A segunda das fir-mas, vinculada ao ex-conse-lheiro do Meio Ambiente Car-los del Álamo, chegou a fazerprovas de seleçom de pessoalsemanas antes da assinaturado contrato. A Inaer, pola suabanda, monopoliza desde hádécadas os helicópteros parao Serviço de Guarda Costeira.

M.B. / Estas duas empresas ligadasao PP levam anos celebrando su-culentos contratos com as Admi-nistraçons públicas. Tanto assim,que a Inaer monopoliza através dasua filial Helicsa o fornecimentode aeronaves para o Serviço deGuarda Costeira da Galiza e con-trola mais de 70% do negócio doshelicópteros no conjunto do Esta-do espanhol. E isso apesar de aempresa de aeronáutica da famí-lia Fernández de Sousa-Faro, pro-prietária da Pescanova, acumularnumerosas sançons da AviaçomCivil e da Inspeçom do Trabalho.Sem ir mais longe, os dous heli-cópteros sinistrados recentemen-te quando participavam na extin-çom dun incêndio em Valènciapertenciam a esta empresa. O ocu-pante dum dos aparelhos faleceu.

Agora, tal como adiantara aCIG, umha Uniom Temporária deEmpresas formada polas duas fir-mas, recebeu a gestom das briga-das helitransportadas. Deste mo-do, a Inaer será a encarregada defornecer os helicópteros e a Natu-

tecnia levará a contrataçom dopessoal. Já em 2010 a central na-cionalista acertara quatro dias an-tes de que se resolvesse o proce-dimento aberto qual iria ser a em-presa adjudicatária do serviço deoptimizaçom da prevençom deincêndios florestais mediante aplanificaçom estratégica e coor-dinaçom operativa. Como destavez, entom a beneficiária foi a Na-tutecnia, empresa de que é direti-vo o ex-conselheiro do Meio Am-biente com Fraga, Carlos del Ála-mo, já que o caderno de cláusulasadministrativas e de condiçonstécnicas fora feito como um trajepor medida para a empresa.

Agora a Natutecnia, como jáantecipara a CIG, volta a ganharum concurso, ainda que desta vezde forma conjunta com outra dasfirmas mais beneficiadas polo PP,a Inaer Inversiones Aeronáuticas,propriedade dos donos da Pesca-nova, a família Fernández de Sou-sa-Faro. O mais grave do caso éque a Natutecnia fijo provas deseleçom de pessoal para as briga-das helitransportadas dias antesde que se decidisse o concurso.

A central sindical rejeita o pro-cedimento escolhido para se adju-dicar o serviço e considera “umhanegligência” prescindir dum pes-soal qualificado como o que pres-ta serviço nas brigadas helitrans-portadas, “que som umha peça-chave no dispositivo contra incên-dios”. Finalmente, qualificam de“escandaloso” que se entregue di-nheiro a empresas privadas paraque fagam o que vinha fazendoum serviço público porque “signi-fica um custo acrescido para um-ha cidadania exausta de tantoapertar o cinto em favor de resga-tes bancários e contratos a dedo”.

Monopólio no marO monopólio da Inaer no forneci-mento de aeronaves para a Juntaremonta a 1990, pouco antes de

que Juan Caamaño fosse nomea-do conselheiro das Pescas por Fra-ga. Nestas datas Caamaño, filhodum militar franquista que foi al-calde de Ferrol e vice-presidenteda Caixa Galicia e do Celta de Vi-go, promove junto a Enrique Ló-pez Veiga a criaçom do Serviço deBusca e Salvamento, que com opassar do tempo viria a ser o Ser-viço de Guarda Costeira da Galiza(‘Servicio de Guardacostas de Ga-licia’). Juntos recrutam o viguêsFernando Novoa, ex-oficial da Ar-mada espanhola e piloto de heli-cópteros de salvamento que traba-lha para a Junta como assessormarítimo. Novoa convence o pre-sidente galego para importar parao nosso país o modelo da socieda-de estatal de Salvamento e Segu-rança Marítima (Sasemar).

A gestom do serviço é um su-culento negócio para as empre-sas, como no caso da adquisiçomde meios aéreos, que se deixounas maos da Helicsa. Trata-sedumha filial do grupo Inaer Inver-siones Aéreas, propriedade da fa-mília Fernández de Sousa-Faro eque controla mais de 70% do ne-

gócio dos helicópteros em todo oEstado. Novoa detém o cargo deconselheiro delegado e à cabeçado holding está Manuel Fernán-dez de Sousa-Faro, o presidenteda Pescanova, com 21% dasaçons. Mas a família em conjuntoé dona de 50% dos títulos atravésda empresa de material ferroviá-rio Transfesa, anteriormente pre-sidida polo atual máximo respon-sável da Inaer, Antonio Domín-guez Garcés, casado com umhadas irmás Fernández de Sousa.

Este conglomerado empresa-rial acumula mais de 20 expe-dientes sancionadores da Avia-çom Civil e Inspecçom do Traba-lho, segundo tem denunciado oSindicato Español de Pilotos deLíneas Aéreas (Sepla). Nom im-porta: a sua filial, a Helicsa conti-nua a ser a única adjudicatária daJunta desde 1995 no valor demais de 100 milhons de euros.

A empresa fundou-se em 1965.Na página web da firma explica-se que nasce por iniciativa deEduardo Saavedra —quem maistarde chegaria a ser piloto do mo-narca espanhol— e com a ajudaeconómica das empresas galegasUcomar e zeltia. Mas a relaçomda Família Real espanhola com aempresa teria ido mais longe, atéo ponto de que ao monarca espa-nhol foi atribuída a mediaçom jun-to do rei da Noruega em favor daempresa. Pessoas do contorno deFernando Novoa confirmáron queo empresário se gaba em públicoda sua amizade com Juan Carlos,com quen teria compartilhado via-gens em helicópteros da Junta.

Empresas ligadas ao PP lucram através daprivatizaçom do serviço contra incêndios

meio rural adjudicou a dedo a Gestom das briGadas helitransPortadas à inaer e natutecnia

natutecnia fijo provasde seleçom de pessoalpara as brigadas dias

antes do concurso

inaer acumula maisde 20 expedientes porinspeçons de trabalho

MANIFESTAÇOMpor um serviço de extinçom público e profissional

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Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de agosto de 201220 em anÁlise

O impacto real do fechamento do setor poderia afetar 200.000 pessoasem anÁlise

RAUL RIOS / A indústria da mine-raçom gera no Estado por voltade 30.000 postos de trabalho dire-tos (7.000) e indiretos. Além doemprego que produz a extraçomdo carvom e a sua indústria auxi-liar, devemos contar a demandadoutro tipo de produtos que ostrabalhadores e as suas famíliasgeram nas suas comarcas. Nestesentido, os sindicatos calculamque o impacto real do fechamen-to do setor poderia afetar 200.000pessoas, que som o motor princi-pal dessas regions que construí-rom historicamente a sua estru-tura económica arredor da mina.

Grande peso do setor concen-tra-se nas Astúrias, onde tambémtivêrom mais força as jornadas deprotesto que começárom em 23 demaio passado. Ademais dumhagreve indefinida que tem bloquea-da a comunidade autónoma, comos cortes diários das principais es-tradas e caminhos de ferro queatravessam a regiom, fôrom suce-dendo-se encerramentos de traba-lhadores em vários poços minei-ros. Na madrugada de 3 para 4 dejunho aderírom à greve os trans-portistas, com um acompanha-mento total no transporte de via-geiros e um acompanhamento umpouco menor no transporte demercadorias. Mas nom é a únicaregiom afetada. Na comunidadeautónoma de Castela e Leom há4.000 empregos diretos dependen-tes do setor mineiro. Deles, milpostos diretos estám na comarcagalega do Berzo, sob a administra-çom dessa comunidade autónomaespanhola. Com os empregos in-diretos, o número sobe para 2.500.O setor mineiro da comarca estádesde há tempos a sofrer o des-mando dos poderes, perdendo car-ga de trabalho ano após ano. Em2002 havia 3.000 postos de traba-lho diretos e 4.000 contando comos indiretos. Este reduçom é a cau-sa principal do despovoamentoque sofrem estas zonas. É ilustra-tivo que nas últimas três décadasas Astúrias perderam 25% da suapopulaçom.

A Uniom Europeia e o carvomO plano mineiro assinado polo an-terior executivo espanhol e aUniom Europeia comprometia

uns fundos de 700 milhons de eu-ros para fazer desaparecer pro-gressivamente o setor, na data de2018, ainda que com umha opçoma prorrogaçom até 2027. O dinhei-ro europeu teria a funçom de criarumha indústria alternativa naspróprias comarcas para os traba-lhadores das minas, com planosde formaçom para os obreiros.

O primeiro corte chegou em2010 e vinha da normativa787/2008, segundo explica Augus-to Pires, secretário regional dasindústrias extrativas de Castela eLeom do sindicato CCOO, quejunto com o SOMA é um dos sin-dicatos com representaçom nasminas. Em 2013 tinham que redu-zir 25% estas ajudas, gradualmen-te, recortando 10% neste ano e ou-tro 15% em 2013. Em vez disso, oprimeiro Conselho de Ministrosde Rajoy incluía o Plano do Car-vom 2006-2012, que significa umcorte de 70% dos fundos. A tesoi-rada é especialmente lesiva nasverbas destinadas à formaçom ebolsas (diminuída em 96%), a ver-ba para projetos empresariais nasregions (77%) e as ajudas às ex-ploraçons (63%). “O governo am-para-se na UE para justificar ocorte, mas estám a reduzir muitomais do que pedira a Europa coma normativa”. Pires assegura que,se se desse o corte, nom faria sen-tido continuar orçamentando es-ses fundos, pois no ano que vem“nom haverá nem umha só mina

a funcionar no Estado espanhol”.Grande parte das despesas fôromempregues polos poderes políti-cos para práticas caciquis, gastan-do-se em obras de caráter exclusi-vamente local, como polidesporti-vos, hotéis ou instalaçons doutrotipo em Oviedo ou Xixón. Alémdisso, os subsídios à indústria quese estabelecesse na comarca nomdêrom fruito, já que muitas delasfôrom fechando depois de receberos pacotes de dinheiro, e os planosde formaçom só formavam os jo-vens para postos de trabalho queteriam que ocupar em Madrid.

Viabilidade do setor“Por cada euro investido no car-vom, a mina devolve quatro eurosao estado”. Augusto Pires afirmaque o setor do carvom nom só éperfeitamente viável, como tam-bém que constitui umha indústriaestratégica para o Estado espa-nhol. “É a única fonte de energiaautóctone com que contamos no

Estado”. O líder sindical reconhe-ce que, com efeito, pode ser umhaindústria suja, como advertem osgrupos ecologistas, mas recordaque há tecnologias para, porexemplo, ter em captura e arma-zenamento o CO2 e rebaixar a po-luiçom. “Os investimentos tinham-se que dar aqui”. Apesar de nomconcordar com o fecho das minasem 2018, o sindicalista alerta paraa ausência dumha estratégia in-dustrial alternativa. Ante o fracas-so que significou subvencionar asempresas que se implantassem naregiom, afirma que deve ser o pró-prio Estado que bote a andar comempresas públicas, depois de fa-zer um estudo a fundo de viabili-dade nas comarcas mineiras.

Além disso, os sindicatos recor-dam que as centrais térmicas con-tinuaram funcionando como atéagora, mas com carvom importa-do de países com condiçons labo-rais muito piores que as espanho-las. Ademais, para adapta-las àsnovas condiçons do carvom impor-tado (que precisam, por exemplo,doutra temperatura para a com-bustom), dim que haverá que fazerinvestimentos “multimilionários”,polo que o próprio desmantela-mento da indústria poderia sermais custoso que mantê-la. Nestesentido, a Agência Internacionalda Energia (AIE) assinala que aprocura mundial de energia primá-ria crescerá cerca de 36% até 2035e que os combustíveis fósseis se-

rám as fontes predominantes.Entrementres, depois de mais

dum mês e meio de protestos, es-tes continuam em aumento apesarda escalada repressiva. “As forçasda desordem pública excedérom olimite das suas funçons e tratam-nos como terroristas”. No Berzogalego fôrom detidas mais dequinze pessoas. Augusto Pires de-nuncia que o Julgado está citandoneste momento mineiros com cau-sas pendentes que arrastavam dagreve de 2010, citaçons que teriamo objetivo de “acobardar” os tra-balhadores nesta nova greve.

Repercusons internacionaisA luita dos mineiros já foi tomadacomo um símbolo de luita polosmovimentos sociais e obreiros detodo o Estado espanhol. O confli-to também chegou ao ámbito in-ternacional, sendo capa de meioscomo o The Wall Street Journal ouThe Guardian, em contraste coma ausência de informaçons na im-prensa espanhola. Os mineiros in-gleses que sofreram as conse-quências da dura reconversomimposta nos anos 80 por Marga-ret Thatcher solidarizárom-secom os mineiros asturianos, ache-gando fundos às caixas de resis-tência, e o cineasta Ken Loachtambém emitiu mensagens deapoio para com os trabalhadores.É difícil adivinhar como remata-rám os Wigan Pier espanhóis, queainda continuam recordando a ve-lha crónica de Orwell sobre as mi-nas inglesas da primeira metadedo século XX, mas as consequên-cias destes planos de liquidaçomjá se conhecem noutros países:desemprego, fulminaçom da espi-nha dorsal da estrutura económi-ca das regions, despovoamento eemigraçom massiva.

Por que está a luitar o setor mineiro?o corte de subsídios Planeado levaria à morte da minaria e da atividade laboral das suas comarcas

As térmicas tenhemimportado carvom de

fora para produzir

Lançamentos de foguetes, cortes de calçada com barricadas ou confrontos dire-tos com a polícia. Nas poucas fendas deixadas polas informaçons de ‘la roja’, a te-levisom emitiu as imagens mais espetaculares do conflito obreiro que se está aviver nas Astúrias, Leom, Aragom ou o Berzo. Porém, pouco se falou do que sub-jaz debaixo da luita: um corte decidido em Madrid dos fundos europeus pactua-

dos para o setor até 2018 e que procuravam a sua lenta desapariçom criando in-dústria alternativa. A imagem que se vendeu, quando nom de terroristas, foi aduns trabalhadores insolidários que reclamam ao resto da cidadania que os man-tenha com as ajudas procedentes dos seus impostos. Mas os obreiros assegu-ram que o setor mineiro é nom so viável, como também estratégico.

no Berzo fôromdetidas mais dequinze pessoas

nos últimos 30 anosAstúrias perde 25%

da sua populaçom

“O governo aponta àue para justificar ocorte de subsídios”

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Page 21: ovas da Gali a ép ort a-vzd cig na comarca de ferrolnovas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz116.pdf · viço de Guarda Costeira graças, em boa medida, à ... Quem aspirar a quebrar

Com que objetivos e de que

maneira xorde o meio digital

Quepasanacosta.com?

‘Que Pasa na Costa’ (QPC) nasceno ano 2007 como compromissocom a Costa da Morte da empresacorcubionesa Galinus Taller de

Novos Medios. E nasce para co-brir o baleiro de informaçom digi-tal comarcal e, de caminho, estru-turar a bisbarra através da rede.Um dos objetivos mais importan-tes do diário é reduzir a fenda di-gital de que, em 2008, era a segun-da zona com menos incidência daInternet de toda a Galiza. Desdehá cinco anos, QPC está a dar ar-gumentos à vizinhança para seachegar às novas tecnologias.

Oferecedes serviços, agendas,

informaçom… Poderíamos di-

zer que sodes o portal de refe-

rência da vossa comarca?

Pensamos que a dia de hoje so-mos a maior referência informa-tiva através da rede, tanto em in-cidência, como em número de vi-sitantes. Os jornais tradicionaiscontinuam sem apostar nas no-vas tecnologias e a nossa infor-maçom de proximidade fai quemilheiros de pessoas nos sigam

desde aqui, e desde fora, tendoem conta que a diáspora é o déci-mo sexto concelho da Costa, ecom certeza, o mais povoado.

Qual é o nível de implantaçom

na vossa área de influência? Co-

mo andades a nível de visitas e

de participaçom do público?

Cobrimos umha zona de 15 con-celhos com uns 80.000 habitan-tes, e a dia hoje temos umha redede leitores dumhas 8.000/10.000pessoas entre o jornal e as redessociais. Cifras que, numha zonaperiférica e historicamente atra-sada como a nossa, nos situamcomo a maior referência infor-mativa na rede submarina daCosta da Morte. A participaçomé um dos maiores potenciais des-te jornal. Podemos dizer que ojornalismo cidadao está a ser um-ha realidade na Costa da Morte.Se bem que nom haja muito co-mentário nas novas, boa partedos conteúdos de QPC som ache-gados polos vizinhos. Por exem-plo, cada fim de semana chega-mos a uns 20 campos do futebolda Costa graças às fotos que en-viam os nossos leitores.

Tendes umha linha editorial

marcada? Que critérios defi-

nem a vossa agenda de trabalho

para selecionardes as informa-

çons e a sua orientaçom?

Temos umha linha editorial bas-tante clara e definida, e nom aagochamos. Defendemos o pa-trimónio natural da Costa daMorte, ao nosso entender, omaior tesouro da bisbarra. As-sim, toda informaçom de índoleambientalista é prioritária. De-nunciamos as carências em ma-téria de comunicaçom como odeficiente serviço de transportecoletivo, que já nom público, dazona. De feito, temos criado oúnico espaço onde recolhemosos horários de autobuses:www.busescostadamorte.com.

Politicamente só estamos com-prometidos com a crítica, e nomtemos piedade com nengum dostrês partidos. O desporto (sobretodo o futebol da Costa) e as fes-tas nom as podemos esquecer,

mas também tratamos de ache-gar conteúdos culturais e históri-cos, tendo várias seçons e articu-listas onde a história da Costa daMorte é a protagonista.

Dades especial atençom a des-

portos como o futebol de base e

o motor. Cobrides outro tipo de

desportos? Qual é a releváncia

destes espaços informativos en-

tre o vosso público?

O do futebol da Costa é tremen-do. A gente conhece mais o Iagodo Dumbria que Juan Domín-guez, e som milheiros os que mi-ram os resultados cada domingono nosso portal. Contamos quemais de metade dos nossos leito-res som assíduos futeboleiros,mas vendo as cifras do Marca oudo As, nom é de estranhar. Ade-mais de futebol e motor (a afei-çom também é importante), co-brimos a atualidade das equipasda zona de basquete, andebol,voleibol, hóquei, desportos náu-ticos como vela, ténis em cadeirade rodas, ciclismo, atletismo...Todo o que tiver relaçom com aárea da Costa da Morte.

Sendo a Internet um meio glo-

bal, em que medida a informa-

çom de proximidade consegue

aproveitar os recursos que ofe-

rece? Está a Costa da Morte 'al-

fabetizada digitalmente'?

A Internet é um meio global, masa gente quer informaçom local. Agente quer ver o seu vizinho, querser ela a protagonista. Ademais,fazemos chegar aos milheiros deemigrados da zona o que aconte-ce nas suas vilas, e é algo queagradecem muitíssimo. Como co-mentava, no ano 2008 a Costa daMorte era a segunda zona commenos casas com internet doPaís. A dia de hoje nom sabemosainda os dados, mas estamos cer-tos de que estamos a contribuircom um grande grao de areia pa-ra que a fenda digital seja menor.Mas ainda queda muito caminhopara percorrermos tanto na alfa-betizaçom, como na melhora dasinfraestruturas de comunica-çons. Nessas andamos.

21mediaNovas da GaliZa 15 de julho a 15 de agosto de 2012

“defendemos o património natural da costa da morte, ao nosso entender, o maior tesouro da bisbarra”media

Regressa a "Matéria Reservada" na informaçom. Fora um dos conceitos infames da Ditadura paraconjurar a palavra maldita: "censura".

Casos famosos de "Matéria Reservada" foram os desencontros com Portugal. Oliveira Salazarofendido polo voto de Franco na ONU a prol da descolonizaçom de Angola. A censura geral dita-

ra-se também para o saldo do Saara.

As manifestaçons dos nacionalismos banidos e, em geral, a resistência contra a Ditadura eramigualmente excluídos da informaçom ou disfarçados. Depois, a Liberdade de Informaçom con-

vertia-se no alicerce da reforma política. Nom podia ser doutra maneira.

Há assuntos desterrados hoje da informaçom? No dia quatro houvera quatro casos de suicídio naárea de Vigo e os meios silenciárom-no. Invocam um acordo entre jornalistas e cargos públicos

para evitarem o risco da emulaçom. Algumha redaçom anima-se a estender este embargo psicológicopara as novas de falências de empresas e de despidos. Pretendem defender-nos da desfeita económi-ca mediante o estado de inópia.

Afórmula contamina já as conferências de imprensa institucionais. Representantes da Autonomiaproibem as perguntas. O governo de Rajoy aplica o silêncio de Aznar e de Mayor Oreja. A quarta

entrada a saco da Moncloa no direito laboral e na assistência pública apresenta-se como se fosse aprimeira: "Rajoy anuncia urgentes recortes".

Cheios de entusiasmo polos réditos que lhes fornece a censura, alguns meios embargam a infor-maçom das bolsas, fingem a nom existência do prémio de risco, silenciam as procissons de as-

saltados e arruinados polas caixas de aforros, recusam a estatística de empresas falidas, fam desapa-recer as listas de espera da sanidade e transmitem a aparência de a oposiçom estar ausente.

Novas modalidades de censura

“O nosso público fai que o jornalismo cidadao seja realidade na Costa da Morte”

ubaldo cerqueiro é administrador do jornal diGital e Portal de serviços ‘quePasanacosta.com’

“estamos a contribuirpara que a fenda

digital seja menor”

C.BARROS / O jornal digital e portal da Costa da Morte (‘quepasanacosta.com’)fai neste mês de julho cinco anos de vida. Serve como referente na rede paraa vizinhança que vive na comarca, assim como para a emigraçom da zona epara o público galego que quer saber o que acontece nesses 15 concelhos

que a componhem. Gestado à iniciativa da empresa de novas tecnologias‘Galinus’, dispom de umha rede de mais de cem colaboradores e colaborado-ras. Entrevistamos o seu administrador, Ubaldo Cerqueiro, também repre-sentante do jornal digital na iniciativa Vitaminas para o Galego.

notas de rodaPé

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22 cultura Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de agosto de 2012

cultura “temos umha postura contrária em relaçom ao mundo da música como negócio”

sime cantó é vocalista da formaçom de street PunK viGuesa ‘Keltoi!’

Como poderias resumir a

historia de Keltoi! para quem

nom a conheça?

Começamos no ano 1995, com aformaçom com que gravaríamosCasco Velho. Éramos Kino, nabateria, Dani no baixo, eu canta-va, e Mikele e Guiputxi, eram osguitarras. Em 97 sacamos Casco

Velho, e fôrom os primeiros anosde tocar em Vigo, e também emEuskal Herria e Gijón. Tocamosaté o ano 99, quando eu vou pa-ra Irlanda a trabalhar. Do 2001ao 2005 continuamos como ban-da, e talvez fosse um dos melho-res momentos do grupo. Conso-lidamo-nos, porém devido aocansaço, e que muitos tocavamnoutros grupos, deixamo-lo. Vol-tamos em 2010 porque tínhamostemas já feitos e sempre quige-mos gravá-los antes de deixar ogrupo. Isso converteu-se em Anosa cinza, que o sacamos coma ideia de que fosse disco póstu-mo, mas voltamos aos cenários,sentimo-nos mui bem e decidi-mos tirar para diante. Na últimaetapa os guitarras mudárom, erecrutamos o Gontxu e oAdriám, de Skarmento. A finaisde 2011 entrou Xurxo como gui-tarra, e também temos o Manuna bateria.

Marcou-vos o tema de serdes

trabalhadores do sul do país que

nom queriam viver da música?

Quando nom tés umhas preten-sons profissionais, e nom tés tem-po, porque trabalhas ou és pai defamília, como o Dani ou o Manu,pois tés que pensar as cousas demaneira diferente. Também polasletras e polo tipo de música quefazemos temos umha postura con-trária em relaçom ao mundo damúsica como negócio. Nunca pre-tendemos viver disto. Nom podester umha atitude diferente na tuavida da que tés quando cantas.

A quem fala Keltoi! nas suas

cançons e a quem chega a sua

mensagem?

Nós dirigimo-nos à gente comque partilhamos a nossa vida diá-ria, o pessoal com que nos move-

mos, gente trabalhadora, do fute-bol, da esquerda independentistagalega. Chegamos a mais gente,que gosta do estilo de música eque nom está tam politizada, ououtra, que nom gosta tanto damúsica, mas sim da mensagem, enos últimos dous meses, depoisde tocarmos na festa do ascensodo Celta em Balaidos, pois tam-bém estamos a alcançar outro pú-blico mais amplo.

De ‘95 até a atualidade mudou

também a definiçom musical?

Musicalmente nos começos antesestávamos mais ligados ao estilooi!, que tem muito a ver com ospunks e os skins, e agora talvezprocuremos um som mais limpo,mais street punk ou punk 77.Com o tempo tentamos elaborarmais os temas, currar mais as le-tras. Da precariedade inicial aosmeios de hoje em dia, mudamostambém as cousas na hora de ela-borar a música.

Qual é a vossa valorizaçom do

panorama musical galego?

O minifundismo também se podeaplicar ao mundo da música e, àsvezes, ignoramos o que se está afazer noutras partes do país. Bota-mos em falta um relevo geracio-nal, porque a grande maioria, jápassamos os trinta e há pouca

gente que aposte neste estilo demúsica. E botamos de menos aSkacha.

A vossa escolha pola utilizaçom

do galego como idioma de Kel-

toi! como foi?

Para nós cantar em galego foi al-go natural, nom houvo nengumdebate. Ainda que todos provínha-mos de Vigo, onde o castelhanoestá mui vigente, sobretodo na ju-ventude, e muitos de nós fomoscriados em espanhol, a questomda língua foi algo que sempre va-lorizamos como importante. Mes-mo nos inícios que tínhamos umguitarra donostiarra e outro italia-no, sempre tivemos mui claro quea língua veicular do grupo e denós mesmos, no nosso dia a dia,tinha que ser o galego.

Com respeito à questom das li-

cenças e da propriedade intelec-

tual aplicado à musica, como vos

posicionais?

Nós non pertencemos à SGAE, e

todos os nossos trabalhos fôromautoproduzidos. Há que mudar amaneira de fazer música no sécu-lo XXI e como promovê-la. Consi-deramos disparatado o prezo dosCD, e entendemos que se queiracobrar polo trabalho realizado,mas no nosso tipo de música en-tendemos que em lugar de com-prar os cd pois que se descarreguea música. Nós sempre tentamoscomprar música galega. Se nomtenho dinheiro para todo, prefirodescarregar um grupo de Boston,e pagar pola música galega.

E para quando virá um novo dis-

co dos Keltoi!? Ides continuar

com os concertos?

Desde princípios de ano tínhamosem mente que nom queríamosqueimar-nos, que queríamos to-car um pouco mais. Já dixemosque nom a concertos, porque paranós seria bem triste ir a um con-certo em Vigo e olhar que a gentefica aborrecida. Queremos parare fazer cousas novas. Depende dese o grupo continua estável comos cinco que estamos agora, por-que Xurxo leva muito tempo nodesemprego e talvez tenha queemigrar. Temos concertos até de-zembro, portanto, a parada pode-ria ser desde janeiro de 2013. Te-mos vontade de começar a traba-lhar nesse disco novo.

Que mais projetos tendes para o

que resta de ano? Continuareis

com os concertos internacionais

em que tendes tanto sucesso?

Queremos ir a Londres em setem-bro com Falperrys, e no Estado Es-panhol sempre tivemos mui boaacolhida. Fomos muito a Castela,Euskal Herria, e também quería-mos ir a Catalunha, porque nuncaestivemos ali de gira, e esta é outradas metas deste ano: tocar em lu-gares ou para gente onde nunca to-camos ou que nos apetecesse es-pecialmente, como pode ser o 24de julho em Compostela. Tambémtentaremos ir à festa do PCP, doAvante, no próximo ano.

Keltoi é identificado com o fute-

bol e com o Celta, qual é a vossa

opiniom sobre a sua utilizaçom

como um narcótico mais e um

negócio capitalista de lucro para

uns poucos?

Estám apartando o futebol dassuas origens, que é a classe tra-balhadora, que foi quem fixo quefosse um desporto de massas.Dentro desta merda que é o fute-bol atual também há pequenosexemplos de clubes onde se tentaconservar os autênticos valoresque tinha, e mesmo fomentar asolidariedade, o antirracismo, co-mo se fai no St. Pauli, no Celtic,ou no Bohemians, em Praga. OCelta, com a política de canteirae com o achegamento à culturado país, som pequenas ilhas nes-te negócio, que fam que se man-tenha a ilusom. Para nós foi im-portante que a nossa equipa nomtreinara o dia da greve geral, evalorizamos isso para participarna festa do ascenso, para alémde que nos garantírom que esteevento seria todo em galego, co-mo assim foi, e fôrom dous pas-sos, que nos alegrárom.

ZÉLIA GARCIA / Conversamos com Sime Cantó, vocalis-ta de Keltoi! sobre a história desta banda de street punke oi! viguesa, que agora é mais conhecida do que nun-ca, ainda que salientam que “é algo que nom procura-

mos, mas nom o rejeitamos, sempre é positivo que teescuite quanto mais gente melhor. Nom imos pecar defalsa modéstia”. O seu hino ‘Sempre Celta’, os cheiosnos seus concertos na Galiza e em Madrid ou Euskal

Herria, falam de um grupo veterano, com uns siareirosfieis e entusiastas. Adiantam-nos que estám a pensarno próximo ano para se porem a trabalhar num novodisco, e algumha que outra surpresa mais.

“Botamos em falta umrelevo geracional, a grande maioria,

já passamos os trinta”

“há que mudar a maneira de fazer

música no século XXie como promovê-la”

“nom podes ter na tua vida umhaatitude diferente a aquela da que cantas”

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SIME CANTÓsegundo pola direita, em Balaídosno dia da celebraçom do ascensodo Celta à primeira divisom

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23Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de agosto de 2012 cultura

josePh Ghamine, Professor e membro da rede de clubes de leitura em PortuGuês

A. R. G. / Pega no Livro é um-ha rede de clubes de leituraque promove, prioritaria-mente, a leitura em portu-guês. Está integrada porseis clubes de leitura quejuntam as suas ideias todasnum blogue, na Internet,com o objectivo de naturali-zar a leitura em português naGaliza. O único necessáriopara fazer parte da rede é lerum livro em português porano, que é escolhido por to-dos os leitores e leitoras.Além disto, organizam umEncontro Anual que este anose ha desenvolver, em Se-tembro, em Bretonha.

Como nasceu esta iniciativa?

Da vontade de vários clubes deleitura do País, que decidimoscomeçar umha coordenaçommínima entre nós, na busca detrês objetivos: partilhar informa-çom sobre leituras de que gosta-mos, experiências e atividades;tentar difundir a ideia de quequalquer um galego e galega po-de ler em português sem dificul-dade, e que pode começar jámesmo; e por último, fazermos

um encontro anual todos juntos,enquanto continuamos a animara qualquer associaçom, centrosocial... a fazer um clube próprioe começar a ler em português.

Que clubes conformam hoje

a rede de leitura?

Num primeiro momento, a Redefoi criada polo Clube de LeituraAnna Politkovskaya, do C.S.Gentalha do Pichel, e mais doClube de Leitura de ex alunos

da Escola Oficial de Idiomas(EOI), ambos os dous de Com-postela. Depois uniu-se o Clubeda EOI de Lugo, chamado Tuga-Lugo-Lendo. Dos contatos des-

tas pessoas com outra gentechegárom as adesons do Clubede Leitura do C.S. Mádia Leva!de Lugo; o Clube de Leitura Pa-co Martín, de Bretonha; e da Bi-blioteca Ánxel Casal, e o ClubeLendo Lendas, de Compostela.Os clubes que fazem parte daRede apenas tenhem que escol-her umha leitura em portuguêsao ano. Se o desejam, mais. Esteano acordamos ler umha anto-logia do conto brasileiro con-

temporâneo, mas sempre deixa-mos aberta a possibilidade deler outro livro.

Tendes pensado fazer um en-

contro anual da Rede. Como

vais armando isto?

As cousas funcionam devaga-rinho, mas temos pensado fazero nosso Encontro Anual emBretonha, para o mês de Setem-bro. As atividades do eventoainda estám por definir, maspensamos em fazer um roteiro,um jantar comum e mesmoexiste a possibilidade de assis-tir a umha representaçom tea-tral. Mas está todo ainda emprojeto. No que agora estamosé em pôr em andamento o nos-so blogue (Pega no Livro, na re-de de blogues da AssociaçomGalega da Língua, AGAL), en-caminhado também, além denos servir de elo, a encorajar to-das as pessoas que queiramcriar um clube de leitura, ouquem já o tenha, a introduzirleituras em português. A nossaé umha rede de leitores e leito-ras, nom necessariamente deespecialistas em literatura oucríticos. Só gente que lê.

“Queremos difundir a ideia de que qualquer galegoe galega pode ler em português sem dificuldade”

mondonhedo lembra o centenáriodo passamento de leiras PulpeiroREDAÇOM / Neste ano cum-prem-se cem anos do falecimen-to do poeta mindoniense Ma-nuel Leiras Pulpeiro, e a cidadequer comemorar, com diversasatividades, o passamento do seuilustre vizinho. Do Concelho deMondonhedo apresentárom umprograma de atividades, quevam das representaçons teatraisa roteiros polas paisagens e lu-gares ligados à vida e à obra deManuel Leiras.

Leiras Pulpeiro, a quem foi

dedicado o Dia das Letras em1983, foi um escritor e médicodo Rexurdimento que, porém,nom é tam conhecido como ou-tros autores vinculados a estemovimento. Exerceu a medici-na na sua vila, Mondonhedo, econta-se que nunca cobrava aquem nom podia pagar. Foi re-publicano, presidente do Comi-té Republicano Federal de Mon-donhedo Liberal Anticlerical.Leiras Pulpeiro rejeitou o seunomeamento como membro da

Real Academia Galega, aindaque doou à instituiçom impor-tante material etnográfico e lé-xico (refráns, cantares, adivin-has etc.) que fora recolhido porele próprio, e empregado na suaúnica obra, Cantares Gallegos

(1911). Após o seu passamen-to, juntaram-se em Obras

Completas (1930) as composi-çons que deixara inéditas, e noano 1970, Xosé Luis FrancoGrande recolheu outros inédi-tos em Obra Completa.

sgAe lucra com a galizanum ano de perdasREDAÇOM / A entidade de gestomespanhola Sociedad General deAutores y Editores (SGAE) arreca-dou 19,14 milhons de euros na Ga-liza no ano 2011, um saldo positivose for comparado com o arrecada-do noutras Comunidades do Esta-do. Para além disto, no conjunto detodo o Estado espanhol, a SGAEperdeu 4,6 milhons de euros noano passado, e tivo que enfrentarumha reformulaçom das contas de2010 que implicou umhas perdasde 13,5 milhons. Na Galiza, aindaque a arrecadaçom baixou comrespeito a 2010 (onde o Xacobeo2010 elevou muito os ingressos), a

entidade registou um incrementode 3,74% nos ingressos.

Nas artes cénicas, os espetácu-los que mais arrecadárom fôromHoy no me puedo levantar, Ga-

rrick, Los hombres "no" mienten,

Golfus Hispanicus, e El musical.

Na lista de “concertos de músicamoderna” que mais direitos arre-cadaram, destacam os eventos demais de um dia, como o Fresh We-

ekend de Cerzeda, o infantil Can-

tajuegos, Sónar 2011, o Vigo

Transforma 2011 e o Rock in way.

Na música clássica, predominá-rom os concertos da OrquestraSinfónica da Galiza.

“nom se trata de umharede de especialistasem literatura, mas de

leitores e leitoras”

PROTESTOda CNT perante a sede da SGAEda CNT perante a sede da SGAEdo ‘noroeste’ em Compostelado ‘noroeste’ em Compostela

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Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de agosto de 201224 desPortos

d desP

orto

sisrael libera futebolista Palestiniano

Galiza revalidou o título do Torneo IVNaçons após vencer na final à GramBretanha, que jogará nas Olimpíadas.Na competiçom realizada em Agra-munt (Catalunya), Estela Doiro e AlbaAraujo fôrom distinguidas como mel-hor jogadora e melhor guarda-redes.

seleçom feminina de andebol Ganha o ‘iv naçons’

Encarcerado sem cargos desde 2009por participar num protesto em Gaza, ofutebolista Mahmoud Sarsak foi trans-ferido a um hospital o 17 de junho, apóstrês meses em greve de fome e umhacampanha de solidariedade. O regressoa Gaza está previsto para o 10 de Julho.

Segunda ediçom dasolimpíadas popularesconclui com sucessoA. RUA NOVA / Perto de duzentosatletas formando parte de 17equipas participárom na segun-da ediçom das Olimpíadas Popu-lares Galegas, organizadas esteano polo CS Arredista e CSO Ca-sa do Vento, realizadas em Pon-te Vea, no concelho de Teio. Todoum sucesso, ao duplicarem o nú-mero de equipas como de atletasparticipantes.

O ato inaugural das OPG Pon-te Vea 2012 consistiu numha co-rrida de estafetas entre diferen-tes equipas de Compostela levan-do o facho olímpico acesso des-de a Ramalhosa até a ponte ro-mana de Ponte Vea.

A organizaçom funcionou mui-to bem, conseguindo completarum programa de competiçonsmui saturado pola alta participa-çom. As comidas corrêrom a car-go de Ceivar, Escola Semente eRetaliados pola Sala Iago, a quema organizaçom cedeu a ocasiompara que angariassem fundos.

No plano competitivo, as OPGincorporárom duas novas provas:a chave e tiro de corda, que se so-

mam ao salto de longitude, penta-salto, corridas de 100 m, 4x100 me 5.000 m, triatlo, tiro com fisga,tiro de sacho, bilharda, voleibol ebrilé. Somando em total, 14 disci-plinas desportivas.

A maioria das equipas repre-sentavam coletivos militantes, es-pecialmente centros sociais de vá-rias cidades do País, mas este anotambém participárom grupos deamizades, que aliás figérom umpapel mui salientável elevando onível desportivo da cita.

Foi precisamente um destesgrupos, o compostelano Kurman-dinh@s, quem venceu com clari-dade nas OPG. A classificaçom fi-cou assim, por ordem: Kurman-dinhas (17), As Duas-Ferrol (10),CSO Casa do Vento (7), LS Faísca(6), AC Fervedoiro (5), SiareirasGalegas (5), CS Arredista (3),Horta de Sam Pedro (3), AMAL(3), CS Sem Um Cam (2), CSAguilhoar (2), Fungos Vermelhos(2), Gentalha do Pichel (1), CSMádia Leva! (0), CNT-Composte-la (0), CS Revolta (0), Associaçomde Jogos Tradicionais (0).

A frente contra-cultural da LNB ocupa as pistas e os cenáriosXERMÁN VILUBA / Umha alternati-va real e válida para o lazer com-prometido em qualquer das frentesé a realizaçom de "Abertinhos deBilharda" mergulhados em festivaise festas. Esta vez foi o do Licor Ca-fé, gestionado pola poderosa tribode Anti-Fans de Ex_Tensión Agra-ria, o grupo de pós-rock galego querealizou umha incendiária açomsonora ocupando o camiom da Or-questra Fantasia para perpetrar um

brutal concerto gestionado polo ca-fé O´Pendello de Bretonha, ondequase chega o sangue aos caixeirosao apresentarem, em exclusivamundial, o single "Pagaralo coa Sa-lú", tema que se solidariza com osafetados das preferentes e extraídodo seu EP de debute. E nas paredesde O Pendello pendurárom tam-bém as réplicas de obras do pintorda LNB, Pirucha (pirucha.eu), en-tre elas a titulada "Menino a sonhar

que mata o seu pai a marteladas",da qual realizam umha estremece-dora desconstruçom sonora osEx_Tensión Agraria.

Impressionante a pegada dafrente contra-cultural da LNB, àbrutal divisom sonora une-se a fir-me aposta cénica da Faisca-Teatro,com uns palanadores atores e atri-zes que arrasárom com todo na re-cente estreia de Cascudas, em Vi-go, que em inícios deste mês de jul-

ho apresentárom, por primeira vezfora da casa, na Gentalha do Pichelde Compostela, o que com certezaserá o sucesso da temporada no ei-do cénico independente galego. AFaisca Teatro racha moldes e logopoderá ser visto noutros pontos depaís, porque a gira Cascudas do Fa-ísca é já umha realidade imparávele tu podes consolidá-la fazendo quea tua vila, aldeia, cidade ou centrosocial seja invadido polas bilhardas

e as cascudas. Umha pegada im-pressionante que é reforçada coma negativa de OvaralRecords a en-viar o disco República Bilharda aoConselho da Cultura Galega paraser lapidado no "arquivo sonoro degalicia" que atualmente está na Ci-dade da Cultura, quem quiger sen-tir o estourido das bilhardas e a suabanda sonora que se bote fora dasmargens da cultura oficial... Bilhar-da sempre, adiante com o varal!!

I. LOURIDO / Até onze atletas donosso país tinham confirmada asua presença nas Olimpíadas deLondres, na data de fecho deediçom deste jornal. No quadrode umha competiçom que, compoucas fendas, reproduz os sin-tomas mais agressivos do esta-do de cousas (a mercantiliza-çom do desporto, o reforço dacompetitividade como valor oua exaltaçom do patriotismomais alienante), na análise so-bre a representaçom galegacumpre levar em conta a obri-gatoriedade de competir sobbandeira espanhola, para unsatletas que já com frequêncianom podem treinar na Galizanem jogar em equipas do pais.

Com ampla maioria de presen-ça feminina, a expediçom estácomposta pola nadadora BeatrizGómez, que com 17 anos debu-tará o 30 de junho nos 200 m. es-tilos, Iria Grandal em tiro com

arco (desde o 27 de junho), Ta-mara Echegoyen e Sofía Toro nacategoria Match Race de vela(desde o 29 de junho), David Cale Teresa Portela em canoagem(debutam o 6 e o 8 de agosto, res-petivamente), Javier Gómez No-ya em triatlo (7 de agosto) e Va-nessa Veiga e Alessandra Agui-lar na maratona (5 de agosto).Aliás, Begoña Fernández e Die-go Mariño integrarám as sele-çons estatais de andebol e fute-bol, respetivamente.

As principais vazas de pódioregistram-se na vela, a canoa-gem e o triatlo. Para além da re-cente revalorizaçom internacio-nal das nossas regatistas, DavidCal parte como um dos grandesfavoritos na prova dos C1-1000m., após as quatro medalhasolímpicas conquistadas na últi-ma década, enquanto a espeta-cular trajetória de Gómez Noyanas últimas temporadas augura

a melhora do quarto lugar con-seguido em 2008.

Outras atuaçons a seguir somas do catalám José Antonio Her-mida, filho de emigrantes gale-gos e subcampeom olímpico háoito anos em ciclismo de montan-ha, ou o lançador de disco FrankCasanyas, cubano de nascimentomas com licença pola FederaçomGalega de Atletismo. Aliás, cum-pre levar em conta a importantepresença galega nos nunca bemreconhecidos Jogos Paralímpi-cos. Por enquanto, estám classifi-cados os seguintes atletas: Cha-no Rodríguez e Pablo Cimadevila(Nataçom), Agustín Alejos, Ber-nabé Costas e David Mouriz (Bo-la-ao-cesto), Juan Antonio Saa-vedra (Tiro), Javier Rodríguez(Tiro com arco), Martín Varela(Ténis), José Enrique Porto (Ci-clismo), Magi Rodríguez e Gus-tavo Nieves (Atletismo), José Ma-nuel Prado (Boccia).

Mais de umha dezena de atletas representam Galiza em Londres

as PrinciPais vazas de Pódio estÁm na vela, a canoaGem e o triatlo

GÓMEZ NOYA

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25desPortosNovas da GaliZa 15 de julho a 15 de agosto de 2012

o Passado da PrÁtica desPortiva ajuda a refletir inquietudes Presentes do movimento GaleGo na atualidade

ANTOM SANTOS / Há pouco mais deum cento de anos –historicamentefalando, ontem mesmo– a palavra“desporto” era desconhecida naGaliza. Umha Galiza que, porém,gozava à sua maneira com o jogo,enxalçava a força e as habelênciasfísicas e consagrava a coesom co-munitária por volta de competiçõ-es diversas; há ainda menos tem-po, nos alvores da política de mas-sas, os nossos devanceiros gale-guistas e obreiristas debatiamacaloradamente como posicionar-se ante o “sport”, um fenómenoque reorganizava o lazer da moci-dade, mudava parte da paisageme dirimia novos antagonismos.Nom sempre as vozes mais críti-cas e audazes estivérom conven-cidas de que a emancipaçom pas-sasse por abraçar aquele costumeburguês que penetrava maiorita-riamente polas rias. Estas e outrasquestões de tal calado, conhece-mo-las graças ao livro de AndrésDomínguez Almansa, Historia so-

cial do deporte en Galicia (Gala-xia, Vigo, 2009). Aquele passadoajuda a refletir inquietudes pre-sentes do movimento galego.

Recentemente, José Viana des-envolvia nestas páginas os vencel-hos entre o desporto e a constru-çom nacional. Na realidade, esta-mos a reeditar um debate que osmovimentos de pré-guerra já de-ram com certa intensidade. Nadarevela melhor o vigor e o critériode um movimento que a atençomdesperta aos fenómenos inéditosque trazem os tempos novos. O vi-gor do galeguismo –e até da pró-pria cultura galega– poderia pon-derar-se pola capacidade de adap-taçom e de peneira de tantas in-ovações chegadas com o século:formas musicais, escolas literáriasou tradições políticas. O desleixoe a insensatez, pola contra, pode-

riam detectar-se na aceitaçom in-discriminada (hoje o abandonoirrefletido ao hedonismo de con-sumo ou ao novo ‘prazer’ de pró-teses tecnológicas pode exempli-ficar esta atitude).

O certo é que, apesar de prati-carmos bastante desporto e de or-ganizarmo-lo colectivamente nomrefletimos sobre ele até datas muirecentes. Umha das razões dá-no-la o livro de Domínguez Almansa:desde os anos 70, a esquerda vi-rou as costas ao desporto volunta-riamente e com muito convenci-mento; nom interessava a sua prá-tica, nem foi tomado tampoucocomo um digno objecto de refle-xom. A intelectualidade crítica li-gava-o com o nacionalismo fran-quista e os seus rituais educativos;e ainda era demasiado ignorada,por culpa da desmemória impos-ta, toda aquela experiência asso-ciativa, popular e mesmo esquer-dista, que morreu com a SegundaRepública. À razom que aduz o li-vro temos que somar, como arre-distas, as nossas próprias, e expli-car assim umha peculiar ignorán-

cia. Procedemos de umha tradi-çom revolucionária que ergueuumha identidade forte, como todaa esquerda radical da sua época:além de umha doutrina política abagagem incluía todo um códigode conduta nom escrito. Partici-par do movimento implicava todoum leque de atitudes com a língua,o dinheiro, o lazer ou o ensino. Es-tas identidades fortes conservame reproduzem valores rebeldes emcondições adversas, e eis um dosseus grandes méritos; entre os de-méritos, porém, haveria que con-signar certa insensibilidade antehábitos sociais que, pola razomque for, se pensam irrelevantes.Até finais do século XX, o inde-pendentismo herdou do naciona-lismo genérico umha querençadesmedida pola política conven-cional –polo ámbito do Estado epola lógica da representaçom pro-fissional de interesses– e umhacerta passividade ante o social. Anaçom tinha as suas trincheirasprioritárias (quando nom exclu-dentes) nos comités, as células ouos concelhos; aqueles espaços on-

de um povo organiza o seu lazer,educa as suas crianças ou produzas suas notícias eram recluídos nopátio traseiro da política.

Elites e tradiçõesQuiçá por essa ignoráncia que noslastrou, Historia social do deporte

en Galicia, nos diga mais cousas.Como todo livro, este presta-se amuitas leituras. A pesquisa dariapara valorizarmos o peso que tivoo desporto organizado pola Igre-ja, o exército ou o ensino na socia-bilizaçom de milhares de galegosem coordenadas espanholistas ereacionárias; por descobrirmos asorigens do localismo, alimentadocom a industrializaçom polas bur-guesias urbanas; ou até por com-provarmos a diferente atitude an-te a modernidade dos capitalistasda costa (aginha volcados no des-porto) e as classes rendistas do in-terior, fundidas (no desporto co-mo em quase todo) na mais abso-luta inibiçom. Mas vamos debru-çar numha leitura mais seletiva einteressada: conhecendo priorita-riamente como as nossas classespopulares se relacionárom com acompetiçom e o exercício físico:primeiro no jogo popular, e maisadiante no desporto de massas.

A inspiraçom das elites galego-espanholas foi, nestes dous do-mínios, fraca ou simplesmentenula. A finais do século XIX, umEstado espanhol despótico e de-missionário em toda nivelaçomsocial, foi incapaz de espalhar

através do ensino os hábitos gi-násticos que tomaram corpo emvários países europeus; no entan-to, e como em todas as nações on-de subsistia umha forte “culturaplebeia” e um vasto espaço do co-mum, o povo jogava e presumiada virtude física ao seu jeito, semnecessidade das pautas das eli-tes. Existe todo um tesouro do jo-go popular tratado marginalmen-te nas fontes históricas, que ain-da aguarda por umha verdadeiradivulgaçom. A “Galiza sem des-porto” que recria o livro na suaprimeira parte era a Galiza ruraldo jogo popular: a da estornela,as corridas de pão, a luita de pe-dras, e todas aquelas práticas quea historiografia considera pré-desportivas; regulamentos difu-sos ou nulos, diversidade comar-cal, imbricaçom em celebraçõesmaiores (maiormente religiosas).A distáncia com a nossa ánsia re-gulamentista, com a dependên-cia dos relógios ou com o gostopolo triunfo individual (face o vi-zinhal ou familiar) abre um abis-mo entre o presente e os devan-ceiros. Se calhar o abismo é detodo insalvável, porque nos arre-dam categorias mentais diver-gentes. Com isso e contodo, nomestá naquele jogo popular boaparte do que tam recorrentemen-te procuramos? A neutralizaçomda concorrência desmedida gra-ças aos prémios colectivos e a umrebaixamento invisível do queganha; a mistura, até a mesmaconfusom, do espectador e o par-ticipante; ou a inexistência degrandes infraestruturas, lá ondereinava o espaço do comum, equalquer adro ou carvalheira fa-zia de estádio improvisado.

Antom Santos, preso independentista

Aranjuez, 2-5-2012

Desporto na Galiza, de ontem a hoje (I)

estreia oficial da seleçom GaleGa de futebol Gaélico no festival da terra e da línGua

O vindouro 20 de julho, no marco do Festival Terra e Língua da Artábria(Júvia, Narom), debutará a Seleçom Nacional de Futebol Gaélico frente àda Bretanha. Com a previsível admissom da Galiza na Associaçom Atléti-ca Gaélica (GAA), reconheceria-se a oficialidade, e abririam-se as portaspara que a seleçom galega poda competir em torneios internacionais nes-te desporto. Em palavras de Siareir@s Galeg@s, entidade organizadora dojogo, “a incorporaçom à GAA como seleçom oficial servirá para que a Ga-

liza poida competir a nível internacional em igualdade com outras na-çons”. Antes do jogo haverá umha palestra no local social da associaçomvicinal Altea, com o título “A oficialidade em debate” com as intervençonsde José Viana (em representaçom de Siareir@s Galeg@s) e Wenceslao za-pata, membro da Seleçom Nacional de Futebol Gaélico e presidente dosFillos de Breogán (A Corunha), a equipa senlheira deste desporto na Gali-za, cujos membros componhem a maioria do combinado galego.

Procedemos de umhatradiçom revolucionária

que ergueu umhaidentidade forte

CAMPEONATO DE FUTEBOL-7organizado polo CS da Revolta (Vigo)

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26 temPos livres Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de agosto de 2012

temPos livres

SINO SECO / Trata-se de um in-vento bem simples e universal,combinar o pam com outrasviandas já cozinhadas, criandoumha forma cómoda de comerque tem a sua utilidade tambémcomo conservante e à hora deproteger os alimentos de conta-minantes e de pó. Em essênciaé o mesmo que o calzone, o ta-mal, o que conhecemos por ke-bab e outras muitas cousas pa-recidas. Dizem que aparece re-presentada já no Paço de Gel-mires ou no Pórtico da Glória,que é mais antiga que andar depé. Isto é discutível pois emprincípio parece que a principalmotivaçom da sua criaçom é otransporte. Neste pais gosta-mos de comer fora, no monte,nas leiras num dia duro de tra-balho ou à sombra dum carval-ho numha romaria de verao, e aempada converteu-se num ele-mento imprescindível e cobiça-do nestas refeiçons. Seja comofor, nom há dúvida de que é umtotem da gastronomia galega,tanto da tradicional como damoderna, pois é um exemploprototípico de adaptaçom aostempos. Convertida no mais pa-recido a umha fast-food galega,com as suas vantagens e muitosinconvenientes, como a habi-tual empada de cebola com al-go e massa elástica.

Dixemos que a ideia é muitosimples, mas, como sempre, es-sa ideia simples pode-se trans-

formar no mais engenhoso dospratos com imaginaçom e gostopolo bom fazer. A simplicidadeé umha arte deliciosa e poucocultivada. A maior virtude daempada é que o guiso do seu in-terior, o conhecido como mexu-xe, mistura, zaragalhada, amoa-do, rustrido etc., transfere todoo seu sabor à massa, que quan-do está bem feita tem umha tex-tura muito apetitosa. Para alémde que a simplicidade nom é si-nónimo de falta de variaçom,som quase inumeráveis nesteespaço as diferentes feituras

possíveis, tantas como cousashá para meter-lhe dentro multi-plicadas polo número de varian-tes da massa. Começando já po-lo mesmo conceito, temos asempadas fechadas, as que nomtenhem tapa, aquelas que estám

tapadas mas som para destapar,as de umha dose, as doces, assalgadas etc. Evidentemente ca-da elaboraçom tem o seu moti-vo, o travasse de sabores que seproduz numha empada de ber-berechos com concha impede acomodidade de comê-la comoumha empada de rajo. A empa-da de lampreia, muito afamadae prestigiada por alguns gastró-nomos, tem como razom de serque o peixe se cozinhe como osseus próprios aromas, ao mododas modernas elaboraçons emenvases herméticos.

A massa é o contentor, mastambém parte fundamental quedetermina a qualidade da empa-da, porém os gostos polas dife-rentes massas som quase tamvariáveis como os ingredientesprincipais. Fazendo um esque-ma básico, temos empadas demilho, a de trigo ou a de massafolhada. Talvez a mais usual é asegunda, que se faz como amassa do pam gramada, numhasegunda amassadura juntamos-lhe algum tipo de graxa paraque fique mais sumarenta enom se pegue ao molde, podeser tanto azeite, como manteigaou gordura de porco. Há poremumha forma muito simples defazer unha empada de trigo emmenos de umha hora: num reci-piente fundo é com tampa bota-mos meio quilo de farinha de tri-go, unha taça de café de azeite,duas de vinho branco e três deleite; tapamos e mexemos ener-gicamente o recipiente dous mi-nutos até formar umha bola; játemos a nossa massa, só restaesticá-la, fazer um fundo comcebola e açafrám e botar-lhe onosso ingrediente principal(atum, carne, verduras...), tapá-la e metê-la no forno quente al-go mais de meia hora. Há queter em conta que esta fórmularápida nom contem levaduranem se deixa fermentar, portan-to, o resultado vai ser algo piore nunca o demo fijo empada que

nom quigesse a melhor talhada.

DANIEL R. CAO / Para os nascidosnas décadas de oitenta e noventafalar de revoluçom converte-senum duplo exercício. Por umhabanda explorar a própria capaci-dade de conjugar o pretérito, poroutra revisar as imagens de pe-quenos, e nom tam pequenos,processos de mudança impulsa-dos de baixo em realidades muialheias e numhas chaves dificil-mente aplicáveis no contexto ga-lego. Nom só porque Xancedanom é Chiapas, nem Maria PitaTahrir, senom porque a nossa si-tuaçom geográfica está num lu-gar em que o poder é menosidentificável, a priori. Acreditan-do ou nom no pós-modernismo,

o certo é que falar hoje aqui decontradiçons únicas parece pou-co menos que insuficiente. Pre-cisamente, a proposta de Estalei-ro, através de "Por umha demo-cracia radical", nom é outra quepôr sobre a mesa umha série deelementos para o debate, expon-do umha análise pragmática, asabendas da heterodoxia que im-pera nos, chamemos-lhe esquer-da, chamemos-lhe movimento,círculos que pulam pola constru-çom de um processo contra he-gemónico na Galiza. Estes ele-mentos, som algumhas das múl-tiplas linhas de fractura que aga-cha o concepto poder do séculoXXI, e esta obra chama a identi-

ficá-las, sem cair em teorizaçonsque podam provocar novos con-frontos teóricos, só identificá-las. Para isto conta com algo quetambém se está a converternumha inovaçom quanto à pro-duçom de discurso se refere, queé um discurso que vem redigidodas praças, das barricadas oudos centros sociais, de ativistas

que incidem no dia a dia sobreessas linhas assinaladas. Anali-sando isto de forma vertical, en-trando nas gramáticas de Fan-non, refletindo primeiro comoatua o ser para ver como o sofreo nom-ser, como funciona o di-reito penal e como o sofrem osmigrantes e as pessoas presas,por pôr um exemplo.

Nom é pois, um livro para co-mentar (ou resenhar), é um li-vro para interpretar melhor arealidade, um livro para ser le-vado a cabo.

Vários Autores. Por uma democracia

radical. Vozes subalternas contra o esta-

do de exceção. Estaleiro Editora, 2012.

entrelinhas Por umha democracia radical

Gastronomia

Ponhem-se sobre amesa elementos parao debate com umhaanálise pragmática

é um totem da gastronomia galega,tanto da tradicionalcomo da moderna

introduçom à empada para principiantes

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27temPos livresNovas da GaliZa 15 de julho a 15 de agosto de 2012

que fazer

17.07.2012 / MERCADO ‘EN-TRE LUSCO E FUSCO’ /10:00 no Parque de Belvis.COMPOSTELATodas as terças-feiras.

18.07.2012 / OBRADOIRO DETEATRO / 18:30 no C.S.O.A.Palavea (Rua Rio Quintás,29). CORUNHATodas as segundas e quartas-feiras no mesmo horário.

18.07.2012 / ROTEIRO: VISITAAOS PETRÓGLIFOS DE OU-TEIRO DOS LAMEIROS /22:00 no Cemitério de Saba-ris. BAIONAGuiam Xosé Lois Vilar e MartaQuintana. Organiza o Instituto deEstudos Minhoranos. Dentro das‘Xeiras de verám’ do IEM.

20.07.2012 / JOGO INTERNA-CIONAL DE FUTEBOL GAÉ-LICO / 21:00 no campo de fu-tebol de Pinheiros. NAROMNa primeira jornada do Festi-val da Terra e da Língua. En-contro Galiza-Bretanha. Anteshaverá umha mesa redondacom ‘A oficialidade em debate’.

20.07.2012 / ‘XEIRA NOCTUR-NA’: VISITA AOS PETRÓGLI-FOS DO MONTE TETÓM /22:00 na Casa Consistorial.TOMINHOOrganiza o Instituto de Estu-dos Minhoranos em colabora-çom com o concello de Tomin-ho. Guiada polo arqueólogoXosé Lois Vilar.

20.07.2012 / CONCERTO DEJUANJO 'LENTELLA VERME-LLA PELADA' / 22:30 no C.S.A Cova dos Ratos (Rúa Ro-mil, 3). VIGO

20 e 21.07.2012 / FESTIVALREVENIDAS 2012 / Tarde enoite em Vila Joám. VILAGARCIAGala do Circo, sardinhada,concertos e mais atividades.Atuam Os Cempés, The Skata-lites, Esne Beltza, Terbutalinae Dios Ke Te Crew, entre ou-tros grupos.

21.07.2012 / XII FESTIVAL DATERRA E DA LÍNGUA / 12:00no Passeio Maritímo de Jú-via. NAROMOrganiza a Fundaçom Artá-bria. Haverá charanga, chu-rrascada, jogos populares, ses-som vermute, e os concertosde Fracasados de Antemano,Trapalhada, Betagarri e Cu-chufelhos.

21.07.2012 / VII FESTIVAL DACHAIRA / 13:30 na praia daRiboira (Baltar). PASTORIÇAOrganiza a A.C. A Chaínza.Sessom vermú, aberto de bil-harda, e verbena com AtaqueEscampe, The Skarnivals, Ex-tensión Agraria e Bastards onParade.

21.07.2012 / JANTAR POPU-LAR EM APOIO ÀS PESSOAS

PRESAS / 14:45 no C.S. ACova dos Ratos (Rua Romil,3). VIGO

21.07.2012 / VII FESTIVALARREAOCABO / 21:00 emCeleiro. VIVEIROOrganiza o Coletivo Chilindrín.Heredeiros da Crus, Medome-dá, Skarallaos, Yuno e Back to1984. Com zona de campismo.

21.07.2012 / RECITAL DE PO-ESIA COM MIGUEL RIX /22:00 no C.S. A Cova dos Ra-tos (Rua Romil, 3). VIGO

23.07.2012 / OBRADOIRO DEFOTOGRAFIA / 18:30 noC.S.O.A. Palavea (Rua RioQuintás, 29). CORUNHATodas as segundas-feiras.

24.07.2012 / JORNADA DEREBELIOM JUVENIL / 22:00na Porta Faxeira / 23:00 noCampus Sul. COMPOSTELAA primeira convocatória é paraa manifestaçom e a segundapara o concerto de Vendetta,Sacha na Horta, Cuchufellos eRojo Dos.

24 e 25.07.2012 / FESTIGAL /Tarde e noite no Campus Sul. COMPOSTELAApresentaçons de livros, feirae outras atividades. No dia 24atuam Ataque Escampe, BandaCrebinsky, La Phaze e zënzar,desde as 23:00, e no 25 De Ou-tra Margem, aCadaCanto, Sése Terbutalina, desde as 20:00.

27.07.2012 / CANTOS DE TA-VERNA / 21:00 nos bares OsParvadas, Os Maristas e ACasa do Lado. PONTE VEDRAOrganiza a A.C. Maravallada,que atua junto com um grupoconvidado.

27 e 28.07.2012 / FESTIVALANTROSPINOS / Tarde e noi-te na Área recreativa deCampo Maneiro (Taragonha).RIANJOAtuam Canteca de Macao, OsCempés, Alamedadosoulna,Quempallou ou Ataque Escampe.Também haverá DJ's, matraquil-hada e mais atividades.

28.07.2012 / OLIMPIADAS IN-TERPOVOS / De manhá no

Campo da Moreira / FESTI-VAL DA MOCIDADE / À noitena Praça de Oriente. GINZODE LÍMIACampeonato com disciplinasprofissionais e jogos populares,e entrega de prémios e concer-tos à noite. Mais informaçomsobre a inscriçom e o programana web: http://festivaldamocida-de.blogspot.com.es/.

01.08.2012 / ROTEIRO POLAFRAGA DA OLIVEIRA / 18:00no Mercado de Sabaris.BAIONAGuia Xosé Ramón García. Or-ganiza o Instituto de EstudosMinhoranos.

03.08.2012 / PARDINHASROCK / Desde as 17:45 emPardinhas. GUITIRIZConcertos de Barricada, La Le-ñera, Bastards on Parade, Leitede Nai... Campismo de balde.

03 e 04.08.2012 / IX FESTI-VAL CASTELO ROCK / 21:15na Praia do Castelo. MUROSConcertos de Trashtucada, Ru-xe Ruxe, Medomedá, Skara-llaos, Dios Ke Te Crew, BodegaBodega, Sonotones e Sozios ala fuerza. Haverá tambémDJ’s, animaçom de rua, feira...

03 e 04.08.2012 / IX FESTI-VAL SON RIAS BAIXAS / Tar-de e noite no Espaço Multiu-sos da Estacada. BUEUOrganiza Troula na Banda.Atuam Heredeiros da Crus, LaPegatina, No Reply, Barricada,Soziedad Alkoholika, Def ConDos e outros grupos.

04 e 05.08.2012 / XXXIII FES-TIVAL DE PARDINHAS /22:00 em Pardinhas. GUITI-RIZAtuaçons de Milesios, Coetus eEliseo Parra, Kepa Junkera,Quempallou, Cuchufellos, Cho-tokoeu, zurrumalla e outros.Mais informaçom emhttp://www.xermolos.org/.

08.08.2012 / ROTEIRO: OSPETRÓGLIFOS DE ÁGUA DALAJE / 22:00 no local do IEM(Aula de Cultura Ponte deRosas. Avenida da Feira, 10).GONDOMARGuia Xosé Lois Vilar. Organizao Instituto de Estudos Minho-ranos.

10.08.2012 / ROTEIRO NOITEDE ESTRELAS E LOBOS /21:00 em Cham da Lagoa.BAIONAGuiam Xilberte Manso e Gustavo Sanromán. Organizao Instituto de Estudos Minhoranos.

A associaçom francisco villamil comemora o59º aniversário do assalto ao quartel moncadaA Associaçom de Amizade galego-cubana francisco villamil, em co-laboraçom com o consulado decuba, organiza umha festa polo59º aniversário do assalto ao quar-tel moncada, que marca o inícioda revoluçom cubana, que triunfa-ria em janeiro de 1959. O assaltotivo lugar a 26 de julho de 1953em santiago de cuba, quando um

grupo de guerrilheiros encabeçadopor fidel castro tentou tomar oquartel militar. O assalto nom tivosucesso mas marcou o início daluita que acarretaria a revoluçom.Ainda que a efeméride se come-mora no dia 26, o ato vai-se ante-cipar ao sábado, 21 de julho, apartir das 19:30, na sede da As-sociaçom vicinal do castinheirin-

ho (rua virgem de fátima, 1), emcompostela. nele vam intervir opresidente da francisco villamil,valentín Alvite, e o cônsul geral darepública de cuba, Alejandrofuentes. Ademais, haverá música,mojitos e petiscos. A associaçomanima as pessoas a participaremna celebraçom levando algo parapetiscar.

marcha contra reganosaO comité cidadao de emergên-cia, que junta diversos coletivosambientalistas e vicinais, e a As-sembleia cidadá de ferrol convo-cam para a sexta-feira, 20 de jul-ho, a vi marcha a pé contra re-ganosa. vam caminhar de ferrola mugardos para protestar contra

a central de gás que a empresatem instalada na sua ria. A convocatória está marcada paraas 17:00 no Parque carmelo tei-xeiro, no bairro de carança (fe-rrol), de onde sairám com a legen-da ‘Passo a passo, planta de gásfora da ria!’ em cabeça.

A A.c. A gentalha do Pichel or-ganiza este verao umha novaediçom da sua universidadePopular. vai-se celebrar entre o30 de julho e o 3 de agosto noc.s. O Pichel (rua santa cla-ra, 21) de compostela, e contacom obradoiros de dança, mú-sica, línguas, arranjos domésti-cos, uso do computador...Pode-se consultar o programacompleto e os horários no blo-gue: http://agal-gz.org/blo-

gues/index.php/gent/.

universidadePopular emcompostela

no c.s. o Pichel

21 de julho em comPostela

20 de julho

ENVIA CONVOCATÓRIAS aocorreio [email protected] do dia 12 de cada mês.

Anuncia os teus atosno NOVAS DA GALIZA.

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Novas da Gali a Apartado 39 (15701) cOmPOstelA tel. 692 060 607 [email protected]

Parece que mudam ostempos na galiza noque diz respeito à polí-

tica. Parece. Os velhos cli-chés do moderantismo de doempresariado autóctone co-mo motor de mudança somempregues para afrontar um-ha fase histórica de extremaincerteza e que talvez requirauma radicalidade inusitada,tanto na base teórica quantono agir quotidiano. O nacio-

nalismo de Sargadelos, o dassocas na chaminé de umhacasa de aldeia comprada aumha família de paisanos,ressurge com força à procurado seu espaço: poderám an-tigos militantes do PP e doPsOe conviver sob o mesmoguarda-chuva organizativoe/ou eleitoral com pessoasprocedentes de posiçonsmais maximalistas, Beirasmediante? Quem sabe. Qualirá ser o panorama resultantede tanto cálculo? e umaquestom nom menos impor-tante: qual é a finalidade detanto cálculo para os seuscalculadores? A pessoa queescreve o artigo nom é, nemmuitíssimo menos, umha jor-nalista de investigaçom.também nom tem posiçonsnem contatos entre a flor e

nata da alta política galega.Ora bem: é precisa umhaconsiderável cegueira paranom se aperceber do proces-so de tomada de posiçonsque está a ter lugar entre cer-tos setores do nacionalismogalego: se Beiras, cuiña ouBascuas fossem desses bar-cos que chegam de manhácedo carregados de sardin-has, poderíamos dizer que vi-vemos arrodeadas de gaivo-tas. O Praza Pública e o Ga-

licia Confidencial som caixasde ressonáncia dos seusgrasnares. gaivotas de todasas cores à procura do peixefresco do mérito político, doreconhecimento, de um lugarà sombra nestes tempos con-vulsos, ou de sei lá o que.umha das cousas bonitasque tem esta vida é a multi-plicidade dos caminhos queoferece, e a colunista, mauraio a parta, nom deseja o in-sucesso de ninguém. Porém,cumpre nom esquecermosque a esquerda e o arredis-mo, e mais a dia de hoje, somumha outra cousa.

sabela mourigade

fiGurinhas de sarGadelos

Costumas tratar temas de atuali-

dade nas tuas vinhetas. Também

podem servir como elemento

informativo?

Com a vinheta trato de expressaro meu punto de vista sobre mui-tos aspectos da atualidade.

Procuro estar o mais informadopossível para poder opinar sobrecada tema, por isso penso que re-almente a mensagem que recebeo leitor é umha opiniom, emborapoida chegar a informar de formaindireta.

Haveria que incluir mais vinhe-

tas na imprensa para promover

que a gente consumisse mais

jornalismo em papel? Qual é a

funçom do humor gráfico?

O humor gráfico é tam necessá-rio nos jornais como podem seras colunas de opiniom. A quali-dade mais importante de umhavinheta é o imediatismo e a rapi-dez com que a mensagem chegaao leitor. A capacidade de sinte-tizar a informaçom num desen-ho acompanhado de umha ou

duas frases e, às vezes, mesmonengumha, confere um valoracrescentado às tiras de humor.

Contodo, nom publicas só em

jornais. Há diferenças na hora

de trabalhar para um grande

grupo mediático como o Faro de

Vigo e para umha revista inde-

pendente como Retranca?

Trato de manter-me fiel à minhamaneira de fazer humor e contaras cousas, mas cada meio tem oseu público objetivo, linha edito-rial… O jornal obriga-te a ser mais“politicamente correto”, enquantoRetranca dá liberdade total.

Sofreste algumha vez algum tipo

de censura ou exerceste sobre ti

mesmo a autocensura?

Algumha vinheta que outra ficousem publicar. Nom quero chegar acair na autocensura, mas tampou-co me gusta trabalhar em balde,por isso, quando trato temas deli-cados procuro achegar-me o má-ximo possível aos limites e que osarcasmo e a ironia fagam o resto.

Qual é o processo que segues

para concentrar umha reflexom

em apenas um par de traços?

Pois nem eu o tenho mui claro. Aolongo do dia vou analisado a atua-lidade e trato de saber do que estáa falar a gente. Assim vou prepa-rando o caldo para logo enfron-tar-me ao papel. Já de tarde elijo otema que vou abordar ou a notíciade que vou opinar e começo aimaginar as personagens, em quesituaçom representá-las e os diá-logos.

Há algumha personagem que

che servisse de inspiraçom para

algumha vinheta?

Estou rodeado de personagensd’O Bichero em potência e às ve-zes vivo situaçons ou ouço con-versas que debuxo diretamente navinheta. Gosto de observar a gen-te, penso que é a melhor fonte deinspiraçom que podo ter.

As tuas vinhetas costumam ser

sempre em galego, no entanto o

jornal para o que trabalhas, o

Faro de Vigo, tem a maior parte

das suas páginas em espanhol. O

humor chega melhor ao público

se é em galego?

A min o galego dá-me a oportuni-dade de expressar-me ao cento porcento. O humor em galego é autên-tico e genuíno. Quando traduzespara outro idioma a vinheta perdetoda a força com que contava.

Cada vez as tuas vinhetas som

mais conhecidas graças às re-

des sociais. Há diferenças no

público que te segue no papel

e na rede?

Há uns anos pode ser que se no-tassem diferenças. Os usuários dainternet tinham um perfil mais de-finido e talvez tivessem um nívelde exigência maior. Mas o acessoà Internet cada vez é mais genera-lizado e as vinhetas agora som se-guidas por todo tipo de público.Alguns preferem O Bichero refle-xivo e crítico, outros o mais absur-do e outros o costumbrista. O se-gredo radica em ter um amplo le-que de linguagens.

“O humor gráfico é tam necessário

nos jornais como as colunas de opiniom”DAVIDE DO ARROIO / O efeito anestésico que a Eurocopa inocu-lou a boa parte da sociedade galega nom foi quem de infec-tar o lápis do debuxante Luis Davila (Bueu, 1972). De O Bi-chero, a janela que abre todos os dias nas páginas do Farode Vigo para debuxar a atualidade, nom deixou de criticar acelebraçom da vitória de umha equipa enquanto continuam

os ataques e cortes à qualidade de vida. Empregando coresreflexivas, às vezes críticas e sempre envernizadas com um-ha boa capa de retranca, o humorista gráfico nom deixa delado a rede e também publica em obichero.blogspot.com asvinhetas com que consegue que escachemos de risa com oroubo do Códice ou com o Bosón de Higgs.

luis davila, debuxante de “o bichero”