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nÚmero 102 15 de maio a 15 de junho de 2011 1,20 € periódico galego de informaçom crítica Pereiro no dia daS letraS 18 A escolha de lois Pereiro para o Dia das letras voltou a gerar polémica. A personagem escolhida representa va- lores afastados da essência de umha academia, mas há quem duvide de que esta opçom seja inocente. Publicidade encoberta 19 A Junta repartiu em convénios com jornais mais de um milhom de euros apenas em 2010. Através desta fórmu- la a Administraçom procura colocar informaçons favoráveis sem ser apre- sentadas como publicidade. N ovas da G ali a “A substituiçom do petróleo nom é fácil: é necessário reformular todo a nível produtivo e de consumo” xOán ramón DOlDán Professor de economia na universidade de santiago de Compostela Pág. 6 oPiniom O terrOr e a realiDaDe por Patricia a. Janeiro / 3 VerbOFObia por séchu sende / 28 CróniCas DO sul por Carlos F. Velasco souto / 3 SuPlemento central a reviSta Os OutrOs inDePenDentistas galegOs Abordagem sobre a releváncia de luitadores galegos nos processos de libertaçom nacional da América latina nós na reVOluçOm galega De 1846 O levantamento militar de Solis apanhou os provincialistas num- ha época em que o galeguismo ainda estava a se formar Criatividade à espera de um público normalizado a cena muSical GaleGa a debate Três representantes da criaçom musical analisam os atuais pro- blemas de um campo que nom consegue sair das posiçons de re- sistência. Martin Wu, vocalista de The Homens; Miguel Mosqueira, guitarrista de Ataque Escampe; e Davide Seném Outeiro, ex-voca- lista da mítica banda Xenreira, debatem ao redor das carências que enfrenta quem decide fazer música no nosso idioma. Perante a ausência de umha indústria cul- tural desenvolvida, de políticas públicas ambiciosas e frente aos embates dos grandes mercados, o espanhol e o anglossaxom, os grupos devem procurar saídas na autoediçom, e na autopromoçom e distribuiçom, para além de ex- perimentarem outras saídas, co- mo a introduçom no mercado lu- sófono. Neste número oferece-se um resumo de umha conversa or- ganizada por NOVAS DA GAlizA e Komunikando.net./ PÁG. 22 Soberanismo oferece novas expetativas nos concelhos Apoiam campo de golfe sobre dunas Deputaçom de Ponte Vedra e alcalde de Ogrove amparam projeto que afetará espaço ambiental privilegiado / PÁG. 21 Candidaturas partidárias, de coligaçom e impulsadas por assembleias populares componhem a maior aposta municipal do independentismo nos últimos tempos Nom é a primeira vez que o inde- pendentismo tenta aterrar no tra- balho local, contando com gran- de tradiçom municipal na comar- ca do Morraço. Nesta ocasiom a aposta neste ámbito ampliou-se consideravelmente, com 11 can- didaturas que se caraterizam em muitos casos por unir forças de várias tendências deste mundo político e por pretenderem levar a “democracia real” à gestom au- tárquica. Por sua vez o BNG vol- tou a conseguir o objetivo marca- do de apresentar candidaturas em todos os concelhos do País. O processo eleitoral vem marca- do, tamém, pola estratégia do Partido Popular, açulado por uns inquéritos que o deixam fora do governo das grandes cidades. O esforço por assegurar a vitória nos seus feudos, e nomeadamen- te nas deputaçons de Ourense e Ponte Vedra, concretiza-se na in- clusom de tránsfugas aos quais nom apoiaram anteriormente. Ademais, em concelhos ourensa- nos registárom-se denúncias con- tra representantes do PP por coa- çons e por manipulaçons nos cen- sos eleitorais. / PÁGS. 4 e 14-15 IAGO / FLICKR

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nÚmero 102 15 de maio a 15 de junho de 2011 1,20 €

p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ço m c r í t i c a

Pereiro no dia daS letraS 18A escolha de lois Pereiro para o Diadas letras voltou a gerar polémica. Apersonagem escolhida representa va-lores afastados da essência de umhaacademia, mas há quem duvide deque esta opçom seja inocente.

Publicidade encoberta 19A Junta repartiu em convénios comjornais mais de um milhom de eurosapenas em 2010. Através desta fórmu-la a Administraçom procura colocarinformaçons favoráveis sem ser apre-sentadas como publicidade.

Novas da Gali a

“A substituiçom do petróleo nom éfácil: é necessárioreformular todo a nível produtivo e de consumo”

xOán ramón DOlDánProfessor de economiana universidade desantiago de CompostelaPág. 6

oPiniom

O terrOr e a realiDaDepor Patricia a. Janeiro / 3

VerbOFObia por séchu sende / 28

CróniCas DO sul por Carlos F. Velasco souto / 3

SuPlemento central a reviSta

Os OutrOs inDePenDentistas galegOsAbordagem sobre a releváncia de luitadores galegos nos processos de libertaçom nacional da América latina

nós na reVOluçOm galega De 1846O levantamento militar de Solis apanhou os provincialistas num-ha época em que o galeguismo ainda estava a se formar

Criatividade à espera deum público normalizado

a cena muSical GaleGa a debate

Três representantes da criaçommusical analisam os atuais pro-blemas de um campo que nomconsegue sair das posiçons de re-sistência. Martin Wu, vocalista deThe Homens; Miguel Mosqueira,guitarrista de Ataque Escampe; eDavide Seném Outeiro, ex-voca-lista da mítica banda Xenreira,debatem ao redor das carênciasque enfrenta quem decide fazermúsica no nosso idioma. Perantea ausência de umha indústria cul-

tural desenvolvida, de políticaspúblicas ambiciosas e frente aosembates dos grandes mercados,o espanhol e o anglossaxom, osgrupos devem procurar saídas naautoediçom, e na autopromoçome distribuiçom, para além de ex-perimentarem outras saídas, co-mo a introduçom no mercado lu-sófono. Neste número oferece-seum resumo de umha conversa or-ganizada por NOVAS DA GAlizA eKomunikando.net. / PÁG. 22

Soberanismo oferece novasexpetativas nos concelhos

Apoiam campo de golfe sobre dunasDeputaçom de Ponte Vedra e alcalde de Ogrove amparamprojeto que afetará espaço ambiental privilegiado / PÁG. 21

Candidaturas partidárias, de coligaçom e impulsadas por assembleias popularescomponhem a maior aposta municipal do independentismo nos últimos temposNom é a primeira vez que o inde-pendentismo tenta aterrar no tra-balho local, contando com gran-de tradiçom municipal na comar-ca do Morraço. Nesta ocasiom aaposta neste ámbito ampliou-seconsideravelmente, com 11 can-didaturas que se caraterizam emmuitos casos por unir forças devárias tendências deste mundopolítico e por pretenderem levara “democracia real” à gestom au-tárquica. Por sua vez o BNG vol-tou a conseguir o objetivo marca-do de apresentar candidaturasem todos os concelhos do País.

O processo eleitoral vem marca-do, tamém, pola estratégia doPartido Popular, açulado por unsinquéritos que o deixam fora dogoverno das grandes cidades. Oesforço por assegurar a vitórianos seus feudos, e nomeadamen-te nas deputaçons de Ourense ePonte Vedra, concretiza-se na in-clusom de tránsfugas aos quaisnom apoiaram anteriormente.Ademais, em concelhos ourensa-nos registárom-se denúncias con-tra representantes do PP por coa-çons e por manipulaçons nos cen-sos eleitorais. / PÁGS. 4 e 14-15

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Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 201102 oPiniom

D. LEGAL: C-1250-02 / As opinions expressas nos artigos nom representam necessariamente a posiçom do periódico. Os artigos som de livre reproduçom respeitando a ortografia e citando procedência.

eDitOraminhO meDia s.l.

DiretOrCarlos barros gonçales

COnselhO De reDaçOmCarlos Calvo, David Canto, iván garcía, aarón l. rivas, antia rodríguez, xoán r. sampedro, Olga romasanta, antom santos, alonso Vidal, Paulo Vilasenin

seCçOnsCronologia: iván Cuevas, economia: aarónl. rivas, agro: Paulo Vilasenin e Jéssica rei,mar: afonso Dieste, meios: xoán r. sampedro

e gustavo luca, a terra treme: Daniel r.Cao, além minho: eduardo s. maragoto, Dito e Feito: Olga romasanta, a Denúncia:iván garcía, Cultura: antia rodríguez, saúde / Ciência / a rede: David Canto,Desportos: antom santos, xermán Viluba e ismael saborido, sexualidade: beatriz santos, Consumir menos, Viver melhor:toni lodeiro, agenda: irene Cancelas, a Foto: sole rei, terra / Que Foi De...:alonso Vidal, tempos modernos / em tempos: Carlos Calvo, a galiza natural:João aveledo, gastronomia: luzia rgues.,língua nacional: Valentim r. Fagim, Criaçom: Patricia Janeiro e alonso Vidal, Cinema: Francesco traficante, xurxo Chirro.

DesenhO gráFiCO e maQuetaçOmmanuel Pintor, helena irímia, Carlos barros

FOtOgraFiaarquivo ngZ, sole rei, galiza independente(gZi-Foto), natália gonçalves, Zélia garcia

aDministraçOmirene Cancelas sánchez

lOgÍstiCasuso Diz e Daniel r. Cao

imagem COrPOratiVa: miguel garcia

auDiOVisual: galiza Contrainfo

humOr gráFiCOs. sanmartin, Pestinho+1, x.l. hermo, F. Padín

COrreçOm lingÜÍstiCaeduardo s. maragoto, Fernando V. Corredoira, Vanessa Vila Verde, mário herrero (a revista)

COlabOram neste nÚmerOruth Caramés, Patricia a. Janeiro, Carlos F. Velasco souto, luísa Cuevas, José antom 'muros', m.b., mauro silva,isaac lourido, h. Carvalho, anjo rua novaF., sino seco, xiana arias rego, séchu sende, r.r., D. do a., Pedro Casteleiro

FeChO De eDiçOm: 14/05/2011

Se tés algumha crítica a fazer, algum facto a denunciar, ou desejas transmitir-nos algumha in-quietaçom ou mesmo algumha opiniom sobre qualquer artigo aparecido no NGZ, este é o teulugar. As cartas enviadas deverám ser originais e nom poderám exceder as 30 linhas digitadasa computador. É imprescindível que os textos estejam assinados. Em caso contrário, NOVAS dA

GAliZA reserva-se o direito de publicar estas colaboraçons, como também de resumi-las ou ex-tratá-las quando se considerar oportuno. Também poderám ser descartadas aquelas cartasque ostentarem algum género de desrespeito pessoal ou promoverem condutas antisociais in-toleráveis. Endereço: [email protected]

o Pelourinho do novaS

“cada GalleGo SerÁ lo que quiera”

Com esta mensagem ao estilo doAmerican way of life fazia a suaapariçom na capital da límia a as-sociaçom da mediática Gloria la-go. Umha luz de esperança alu-miou daquela nos olhos de todos ecada um dos viandantes de bemque por ali passavam. Ao cabo demeia hora, como no romance aManuel Ponte, a Pça. Maior eraumha feira. A gente, vinda de to-dos os recunchos da comarca, ar-remuinhava-se ao redor de um au-tocarro semelhante a esses que ve-nhem pedindo sangue, mas comumha mensagem bem diferente esem agulhas. Todos reclamavam ainformaçom privilegiada queaqueles predicadores de cidadeofereciam em troca de uns minu-tos de atençom personalizada.

Umhas queriam ser ministras,outros futebolistas de elite, outrosartistas de circo, três ou quatrorançosos já se olhavam comopoetas, os alvanéis pedírom serpatrons, várias casadas reclamá-rom-se solteiras e um meninhonom parava de berrar, com osolhos assulagados de ilusom enervosismo, que por fim chegariao intre de se erigir no maior capa-grilos da contorna. “Tu deixa defuchicar nos bechos e pede ser

médico, ou advogado, ou arquite-to...!”, cortou-no a mae no meiodo rebúmbio.

O certo é que a ficçom, se aalongássemos, daria para um re-lato bem chusquinho, mas a reali-dade foi bem outra. O dia passousem pena e com a Glória por Gin-zo... Nem sequer aos prebostes doPP local lhes chistava que aque-les “gallegos bien nacidos” lhesfossem dar umha mao na pré-campanha eleitoral comendo-lhea cabeça à gente com o conto deque, por algum obscuro pactocom o Bin laden, alguém lhes es-tava a impor o idioma que fala-ram toda a vida. Deu o tema, issosim, para enriquecer as já de seuviçosas conversas de taberna: “te-nhem tanto tempo livre que mes-mo o venhem perder aqui”.

Passados três anos, agora aca-bam de desembarcar de novo nacomarca, mas desta volta com um-ha mada de injúrias e desqualifi-caçons enfiadas em jeito de de-núncia, interposta perante a Fisca-lia da Audiência Provincial de Ou-rense, contra a equipa de normali-zaçom do iES lagoa de Antela emais contra a Associaçom Cultu-ral Aguilhoar. Algo fariam bem.

Nom serei eu quem dê a maismínima importáncia às arrouta-das sensacionalistas de umha as-sociaçom que existe graças ao es-paço que a imprensa do regime

gostosamente lhe reserva. Masinteressa-me pôr em relevo umfacto em que reparei ao fio de to-do isto: a denúncia foi publicitadadias depois de que Gloria lagodeixasse cair no seu blogue pes-soal que “as pessoas confiam ca-da vez menos nos políticos ao usoe veem em nós pessoas em queverdadeiramente se pode confiar.(...) Talvez algum dia ampliemoso ámbito de trabalho, quem sa-be”. Sangue nom quereria, masalgo de vampiro tinha...

Xabier Xil Xardóné ativista da AC Aguilhoar

Pola liberdade Sindical

No dia 27 de janeiro, por ocasiomda greve geral, um piquete daCNT concentrou-se à porta prin-cipal do estaleiro Navantia. Quan-do o secretário de propaganda dosindicato, R. lópez, fazia grava-çons de vídeo da atividade da mi-litáncia da CNT, foi abordado porum dos integrantes do operativopolicial, que lhe pediu que seidentificasse. Semanas depois,este filiado foi citado polo julgadode Ferrol por um suposto delitode desobediência à autoridade.

O julgamento tivo lugar na ma-nhá do dia 3 de maio e nele osdous agentes denunciantes tentá-

rom ligar o que som atividadesnormais do sindicato com umhafabulosa conspiraçom, segundo aqual as imagens gravadas polosindicato viriam a servir paranom se sabe mui bem que tipo deatividades delituosas.

O julgamento ficou concluso pa-ra sentença, depois de que tanto aFiscalia como a defesa pedissem alivre absolviçom de R. lópez, porentenderem que a sua atividadenom era constitutiva de delito nen-gum, pois a lei ampara a realiza-çom de filmaçons de atividadespúblicas. Por sua vez, o Sindicatode Ofícios Vários da CNT de Fer-

rol deseja salientar que esta de-núncia se enquadra dentro de um-ha política de corte de liberdadesque vai dirigida a coartar a livreatividade das pessoas e organiza-çons, especialmente a daquelasque se oponhem frontalmente àsmedidas antipopulares do gover-no socialista. (...) A CNT vai conti-nuar a manter a sua atividade nor-mal, enquadrada sempre na defe-sa dos direitos da classe trabalha-dora, sem atender a qualquer tipode intimidaçons e coaçons.

Sindicato de Ofícios Váriosda CNT de Ferrol

Qualquer vista de olhos àsruas do país mostra umhanormalidade enganadora.

A atividade consumista mantém opulso com a abertura de novosmegacentros comerciais; a cam-panha eleitoral, lançada perante ofastio mais acentuado, exibe osmesmos rostos amáveis, lemas fá-ceis de trocar e promessas paratodos de gestom tranqüila. Asideologias fôrom-se e -com exce-çom da mancheia de candidaturasvicinais e soberanistas- aqui pare-ce todo tam calmo que nom acon-

tece nada digno de mençom.E no entanto, com o pano de

fundo deste ritual rotineiro, acu-mulam-se os indícios de umhaaceleraçom mundial que estendeaté nós a sua sombra. Tam rapida-mente se acumulam os sinais quemesmo custa processá-los: aplica-çom da 'lei de linch' por parte dosEstados Unidos e aplauso de to-dos os partidos ordeiros do assas-sinato extra-judicial; subida dospreços do petróleo e encolhimen-to dos poços mais cobiçados noOriente Médio; revoltas em toda a

parte e guerra imperialista mini-mizada polos meios.

E pola primeira vez em décadas,nestes tempos de bancarrota por-tuguesa e incertezas espanholas,a exclusom social toma dimen-sons consideráveis e torna-se visí-vel nas ruas da Galiza. A pergun-ta, por reiterada, nom deixa de serpertinente: a que se deve tanta cal-ma? Nom devíamos desprezar um

elemento que, ao contrário domundo árabe, demonstra entrenós o seu vigor: a coesom férreade toda a casta política e os seusbraços mediáticos, apesar da po-lémica de entruido que dia e noiterepresentam. Frente a este diquede contençom, auxiliado polas bu-rocracias sindicais, alguns situama esperança na reivindicaçom cí-vica da classe média em declínio.

À espera do que poda acontecer,hoje o éter das 'redes sociais' e daluta sem organizaçom nem con-tundência é facilmente devoradapola fascistizaçom em alta.

Na confusom reinante, há aindaum elemento esperançoso: o pró-prio desconcerto dos que man-dam, empurrados a provar solu-çons violentas e distraçom às mo-reias, indica um futuro mui aberto.

Enfrentar a turbulênciaeditorial

humor ruth caraméS

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03oPiniomNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2011

oPiniom

Na ficçom, o terror amiúdeé considerado um subgé-nero, algo ao qual nom há

que prestar demasiada atençom,porque se afasta da realidade emvez de no-la mostrar. Em temposde crise global, os telejornais en-chem espaço explicando que a fic-çom de terror está a subir porqueos leitores e espetadores quere-mos que nos contem contos ma-cabros para fugirmos das preocu-paçons mais prosaicas. Porém,nesse terror picárom escritorestam respeitáveis como Borges ouRay Bradbury, e nengum críticoousaria dizer que nom nos que-riam mostrar a realidade.

A realidade é macabra. Cadamês as páginas deste jornal damboa mostra disso, e o problema ésó nosso se nom a contemplarmoscom o olho ajeitado.

Há uns meses abrírom todos osinformativos com umha dessasnotícias de interesse humano quetanto gostam de reproduzir osmeios generalistas: duas pessoastentavam roubar um computadorportátil numha grande superfíciecomercial e eram detidos polospróprios clientes, ajudados por al-guns dos empregados, que se lan-çavam como cans de presa a po-los coitados ladrons. A seguir, asdeclaraçons da encarregada da lo-ja: “Estou mui orgulhosa deles,portárom-se todos como autênti-

cos heróis, e mais nestes temposde crise”.

Outra das notícias preferidasdos telejornais é aquela na qual seexplica como a crise fijo aumen-tar a procura de detetives priva-dos para investigar baixas fraudu-lentas nas empresas, porque dizque os trabalhadores costumampedir baixas médicas sem motivosó polo prazer de roubarem osseus patrons.

Umha das caixas domeu supermercadosaiu a correr no outrodia atrás de um ho-mem porque se deca-tou de que levava umhalata de cerveja agachada de-

baixo do casaco.Numha crise que só é crise da

classe trabalhadora, porque euainda nom vim nengum diretivoda Nova Caixa Galicia perder asua casa e o seu trabalho, a ficçominformativa teima em nos mostrara realidade social como umha lui-ta alegórica entre o bem e o mal.O mal nom tem nome nem cara,está encarnado pola palavra Cri-se, em abstracto, nom co-

mo conseqüên-

cia inevitável de um sistema eco-nómico que nom se sustém a sipróprio e que tem culpados bemdiretos, senom como umha dassete pragas mandadas polo Se-nhor para castigar o orgulho daclasse média. Era de esperar, a fic-çom fuleira sempre procura ummau arquetípico ao qual apor to-das as desgraças dos protagonis-tas, em vez de aprofundar na raizdessas desgraças.

O que me desconcerta é a elei-çom do herói. Para luitar contraum monstro tam abominável co-

mo a Crise(em abs-trato), oscriadoresde opi-

niom nom escolhem um herói co-letivo, nem sequer um humilde

David capaz de atinar comumha pedra na testa do gi-gante capitalista. Se aten-dermos aos telejornais, os

heróis dos nossos dias som osempregados mal pagos do cen-

tro comercial que se lançam àcaptura de um ladrom, e a caixaexplorada do súper que salta doseu assento como se a cervejafurtada fosse da sua proprieda-de. Os heróis do mundo moder-no som os complexados e os trai-dores de classe e, aí concorda-rám comigo os céticos, isso é queé umha história de terror.

Aoportunidade de morarpor três meses em lis-boa está-me a permitir

observar de primeira mao deter-minados fenómenos e mesmoconfirmar intuiçons que já dan-tes trazia.

Como é sabido, o país irmaoatravessa nestes dias por dificul-dades económicas extraordiná-rias, com um sistema financeiroem aparente falência e a ameaçade intervençom do FMi a pairarsobre um tecido produtivo en-fraquecido por mais de trintaanos de investida neoliberal econtrarrevolucionária. Sucessi-vas e intensas mobilizaçons so-ciais se tenhem produzido aolongo dos últimos três anos con-tra a política de empobrecimen-to e saque nacional dos gover-nos de José Sócrates.

O que me interessa salientar,contodo, nom é isto, que poucotem de novo ou surpreendente,

mas um outro fator perfeitamen-te visível e sem correspondênciana nossa Terra. Refiro-me no-meadamente à existência de umdiscurso político alternativo eanticapitalista com raízes em se-tores relativamente amplos (em-bora nom maioritários) da popu-laçom. Um discurso de rejeiçomnítido e claro tanto das atuaispolíticas de esbulho do povo,quanto do processo de restaura-çom capitalista (subsequente àcontrarrevoluçom encetada a 25de Novembro de 1975) que lhesdá alento; e que aposta aberta-mente na ativaçom das energiasprodutivas do país, livre de tute-las estrangeiras, e a reafirma-çom da soberania nacional ru-mo à construçom de umha socie-dade socialista.

Poderá argumentar-se, é cla-ro, que no nosso país está tam-bém presente um discurso seme-lhante, ao qual nom é alheia um-ha boa parte do público leitor doNOVAS. Ora, a diferença estriba

num e noutro caso na amplitudeda base social -nom comparável-e na presença que esse discursotem nos meios de comunicaçom,que em Portugal é muito maiorporquanto há umha central sin-dical, a CGTP-iN, e duas forçaspolíticas relevantes, o PCP/CDUe o BE, com ampla representa-çom institucional (e, no caso doPCP, bem mais do que isso) a

sustentá-lo e difundi-lo.Pois bem, ao meu entender é a

consistência desse discurso, jun-to com o esforço organizativoque o acompanha, que permite aumha boa parte do corpo socialsubtrair-se à ditadura do pensa-mento único e às suas vás ilusonsde prosperidade e bem-estar ge-neralizados, por se a própria ex-periência quotidiana do empo-brecimento e a miséria nom bas-tasse. É esse o discurso a que onosso nacionalismo maioritário,por nom falar de outras corren-tes, tem renunciado há muitotempo, contribuindo sobrema-neira à colossal cerimónia daconfusom que nos domina e legi-timando, de passagem, a social-democracia e os seus persoeiros

representativos (zapateros e de-mais) como sendo de esquerdas;cousa que nem de longe passapola imaginaçom aos ativistassociais de além Minho.

Muito podemos aprender nes-se sentido dos irmaos portugue-ses, esses galegos do Sul que seresistem a aceitar como inevitá-vel um futuro de impotência,roubalheira e servidom.

Crónicas do SulCarlos F. Velasco souto

no país irmao existeum discurso de rejeiçom nítido e clarodas atuais políticasde esbulho do povoe do processo de restauraçom capitalista. apostamabertamente na ativaçom das energiasprodutivas do país

O terror e a realidadePatricia a. Janeiro

a realidade é macabra.Cada mês as páginasdeste jornal damboa mostra disso, e o problema é sónosso se nom a contemplarmos com o olho ajeitado

Os heróis do mundosom os complexadose os traidores declasse e isso é que é umha história de terror

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Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 201104 acontece

aconteceOs três grupos políticos do Parlamento au-tonómico aprovárom declarar a Galiza“zona desnuclearizada” no dia 27 de abril,de maneira que a Junta nom poderá con-sentir a instalaçom de centrais nem cemi-térios nucleares na Galiza administrativa.

Galiza “zona deSnuclearizada”

Sindicatos denunciárom que Educa-çom nom cobrirá 32 vagas de professo-rado de secundária que ficarám livres.Dim que se trata de um “corte brutal” eassinalam que a inspeçom lhes assegu-rara que as vagas iam ser cobertas.

excluem 32 vaGaS Para docenteS em ourenSe

10.04.2011 / Tribunal da Coru-nha admite a trámite a deman-da coletiva de 1.500 clientesde ‘swaps’ contra Novacaixa.

11.04.2011 / Brigadas anti-in-cêndios vinculam fogo deBande com a falta de meios.

12.04.2011 / Reabrem, sem pré-vio aviso, a Fervença do Ézaro.

13.04.2011 / TSJG anula de-moliçom das torres de GarcíaBarbón em Vigo.

14.04.2011 / Vizinho de Dum-bria morre ao ficar preso de-baixo de um trator.

15.04.2011 / Inaugura-se novoCentro Social Almuinha emMarim.

16.04.2011 / Começa a grevede recolha de lixo em Padrom,ainda em pé a 10 de maio.

17.04.2011 / Ceivar organizamanifestaçom em Composte-la com motivo do ‘Dia Inter-

nacional de Apoio aos Pre-sos Políticos’.

18.04.2011 / Primeira marévermelha do ano obriga a fe-char os polígonos bateeirosde Muros e Bueu.

19.04.2011 / Vizinha de Chamde Brito afetada polo barulhode um bar agride o presidenteda Câmara.

21.04.2011 / Um marinheirodesaparecido nas ilhas Lobei-

ras e outro, tripulante de umcargueiro grego, frente ao ca-bo Priorinho.

22.04.2011 / Desaparece ummarinheiro galego do atuneirobasco ‘El Galerna’ nas águasdo Madagáscar.

23.04.2011 / Junta Eleitoral deZona de Compostela declarainelegível o candidato do BNGem Arçua, na seqüência deumha denúncia do PP, porumha condenaçom nom firme.

24.04.2011 / Procuradoria doMeio Ambiente denuncia oGrupo Tres Mares pola seca-gem do rio Castro, no conce-lho de Cee.

25.04.2011 / Protestos das lim-padoras das escolas públicasde Vigo provocam de novo asuspensom do pleno.

26.04.2011 / TSJG admite atrámite os recursos do STEGe da Real Academia Galegacontra o decreto do galego.

cronoloGia

Arrancam as eleiçons marcadas polo ‘vale todo’ do PPperante a sua dificuldade para governar cidades

NGZ / A escassa vantagem que lhepermitiu a Núñez Feijóo governara Junta da Galiza reduz-se drasti-camente no poder que disputadono próximo dia 22 de maio. O Par-tido Popular poderá continuar aficar fora dos governos das gran-des cidades, conforme a maiorparte dos inquéritos tornados pú-blicos, de maneira que distribuios seus esforços em fidelizar o vo-to urbano e assegurar os réditosque lhe proporcionam as áreasrurais em que dispom de impor-tantes feudos, como os que de-pendem da Deputaçom ourensa-na ou a de Ponte Vedra, onde Ra-fael louzán poderia chegar a per-der a principal entidade provin-cial em que os 'populares'mantenhem o seu poder.

Tránsfugas e imputaçonsO PP inclui tránsfugas que noseu dia nom apoiara publica-mente, como já denunciara oNOVAS DA GAlizA, em concelhoscomo Porqueira, Folgoso, Ave-gondo e Mós, à procura de ren-tabilizar a gestom realizada de-pois das moçons de censura.

Quanto à presença de pessoasimputadas nas listas, destaca ocaso de José Manuel Traba emFisterra -imputado em liberdadecondicional pola Operaçom Or-questra- e José Manuel Santosem Maçaricos, relacionado coma mesma trama de corrupçom.

Outros candidatos processadosjudicialmente e imputados pordiferentes delitos aspiram a seralcaldes de Portas, Baiona, Ares,Traço e Doçom.

O PSOE também apresentacandidatos imputados em Mo-gia, Caldas, Guitiriz, Ogrove eCastro de Rei, enquanto o BNGsitua como cabeças de lista pes-soas envolvidas em processos

judiciais em Melide e Cambre,enquanto em Arçua a polémicatranscendeu dado que o delitopolo qual imputam o candidatoXaquín García partiu do anteriorregedor do PP, partido que se va-leu da legislaçom ditada contraa esquerda independentista bas-ca para acusar o candidato, queacabou por ser declarado "ineli-gível" pola Junta Eleitoral.

Coaçons e manipulaçom dos censos eleitoraisO PSdeG realizou denúncias porameaças e "coaçons mafiosas"contra integrantes das suas listasnos municípios de Calvos de Ran-dim, Carvalheda de Val d'Eorrase Baltar. O seu secretário de or-ganizaçom, Pablo García, aludiua práticas "ao mais puro estilo dacamorra napolitana" por "perse-

guir e exterminar os inimigos"naqueles concelhos em que go-verna, detalhando cada um doscasos aludidos nestas localida-des. Estas denúncias fôrom des-mentidas polo PP, que referiu que"nom vam ficar impunes" atravésdum comunicado.

Por sua vez, o BNG conseguiuque a denúncia por manipulaçomdo censo eleitoral em Ginzo delímia fosse aceite pola Fiscalia.Assinalam que há 122 empadroa-mentos nesta localidade julgadoscomo "fraudulentos", entre osquais se encontrariam ex-altoscargos da Junta censados em do-micílios com os quais nom te-nhem relaçom.

Na localidade minhota de Cres-cente, membros do BNG ocupa-vam as instalaçons da Casa doConcelho durante vários dias parafazerem público que os responsá-veis municipais nom lhe permiti-ram consultar o censo, direito quecorresponde a todas as candidatu-ras apresentadas. Assinalam queo padrom municipal se incremen-tou em 80 pessoas, quando as con-tas dos nacionalistas asseguramque no ano passado faleceram 40pessoas no concelho enquantounicamente nasceram 2. Em 10 demaio abandonavam o encerra-mento na Casa do Concelho de-pois de obterem o compromissopor parte da Alcaldia para pode-rem aceder aos dados do censo.

coaÇonS À oPoSiÇom, alteraÇonS irreGulareS doS cenSoS e imPutadoS e trÁnSFuGaS naS liStaS

As onze candidaturas soberanistas que concorrem àseleiçons muncipais estám a intensificar os trabalhospropagandísticos, divulgativos e de contacto com asassociaçons vicinais e coletivos sociais do tecido civilorganizado das suas respetivas localidades. Ames,Cangas, Compostela, Minho, Mugardos, Nigrám, Pon-te Areias, Porrinho, Redondela, Salvaterra de Minho eVigo som os concelhos nos quais se apresentam atra-vés de diferentes fórmulas: de candidaturas de parti-do a inciativas que partem de alianças entre setorespolíticos e sociais dos concelhos, de coligaçons eleito-rais a cisons do BNG arroupadas por novos e novasativistas, entre outras fórmulas que componhem aprincipal aposta independentista no ámbito munici-pal das últimas décadas. Se bem que sejam poucas aslocalidades em que aspiram a obter representaçom,em geral concebem a aposta eleitoral como um pri-meiro passo para utilizarem as ferramentas que namaior parte dos casos estreiam para fazer política lo-cal, contem ou nom com concelhais nas corporaçons.

Algumhas destas candidaturas denunciárom pu-

blicamente a marginalizaçom na distribuiçom dosespaços destinados à colocaçom de propagandaeleitoral, que em muitos casos oscila entre 1 e 2 porcento dos lugares oferecidos, o que julgam comomecanismo destinado a impedir que as novas alter-nativas podam concorrer em igualdade com as for-ças políticas maioritárias.

Soberanistas contactam com a sociedade organizadados onze concelhos em que apresentam candidaturas

MUGARDOS NA ESQUERDAnum ato de apresentaçomda candidatura municipal

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05aconteceNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2011

Geslander Proyectos de Edificaciones Sl figura em 'lis-tas de morosos' com administraçons municipais comoDaimiel (Castela), lalim e Santiago de Compostela, ci-dade em que aspira a governar polo PP. O diário digitalGalicia Confidencial desvendou que em 2010 o Ministé-rio da Fazenda embargou as suas contas correntes.

conStrutora de conde roa nom PaGa imPoStoS

A Rede Mundial polos Direitos Coletivos dos Povos preten-de reunir o movimento altermundista também no chama-do Ocidente. Por iniciativa da Fundaçom Galiza Sempre onosso país candidatou-se para acolher o Fórum SocialMundial em 2013. A ideia surgiu em Dakar, onde as na-çons sem estado tivérom especial protagonismo no Fórum.

Galiza PoderÁ acolher Fórum Social mundial de 2013

28.04.2011 / A.B., operário deIndustrias Madalum, morreeletrocutado na fábrica de Li-modre (Fene)

29.04.2011 / Segundo datosdo INE, a Comunidade Autó-noma Galega tem 226.500 de-sempregados.

30.04.2011 / Tribunal de Cor-cubiom admite a trámite de-núncia do PP contra o presi-dente de Camarinhas, ManuelValeriano Alonso, do PSOE,

por presuntas negociaçonsproibidas.

01.05.2011 / Quatro detidosna Corunha por protestaremcontra CCOO e UGT na mani-festaçom destes sindicatosno 1º de maio.

02.05.2011 / Anarquista galegoGabriel Pombo da Silva, presona cadeia alemá de Aachem,entra em isolamento após re-cusar-se a realizar trabalhosforçados. No dia seguinte é

excarcerado o preso indepen-dentista Ugio Caamanho.

03.05.2011 / Fiscalia pede 28anos de inabilitaçom para opresidente da Banha por fal-sear o censo.

04.05.2011 / Apresenta-se oprimeiro escritório privado deemprego do Estado, abertoem Ourense.

05.05.2011 / Desconhecidosque se identificam como tra-

balhadores de Cespa assal-tam a sede de UGT na Coru-nha e rociam com amoníaco acara de um alto cargo da cen-tral sindical.

06.05.2011 / Rejeitado o re-curso da Fiscalia pola inabili-taçom de Xaquín García, doBNG. Este nom vai poderapresentar-se às eleiçons emArçua.

07.05.2011 / Salvamento ma-rítimo retira o cadáver de um-

ha baleia de doze metros daria de Vigo.

08.05.2011 / Umhas mil pes-soas manifestam-se em Com-postela convocadas por Gali-za Nom Se Vende.

09.05.2011 / Delegado do Go-verno espanhol, Miguel Corti-zó, visita a comandância deLonças (Corunha), onde des-taca que a Galiza conta com1.045 guardas civis mais queem 2004.

cronoloGia

NGZ / A associaçom ecologistaVerdegaia apresentou perante aConselharia do Mar um docu-mento crítico com a avaliaçomambiental inicial do Plano Dire-tor de Piscicultura, prévio à apre-sentaçom do rascunho definitivoda planificaçom piscícola que ve-rá a luz previsivelmente nos pró-ximos meses do verao. Denun-ciam que abre as portas “semnengum tipo de contençom” àspiscifatorias industriais, sem terem conta a proteçom ambiental.Assinalam que a valorizaçom daadequaçom dos terrenos para asestaçons de piscicultura se ba-seiam unicamente em critériostécnicos e económicos, deixandoem “mera anedota” as figuras deproteçom do território. O docu-mento da Junta indica que se res-peitarám “no possível” os Par-ques Naturais e os espaços prote-gidos pola Rede Natura 2000, dei-xando via livre a que seja violada

a legislaçom ambiental. O pretexto é a suposta “utilida-

de pública” e o “interesse social”dos terrenos, que mesmo consen-tiria a “expropriaçom forçosa nocaso de que fosse necessária” eassinalando que “o regime deacesso à propriedade dos terre-

nos corresponderá à iniciativaprivada”. isto é: a Junta poderáexpropriar para entregar as ter-ras às transnacionais violando asleis de proteçom do meio com ba-se na orientaçom que pretendemaplicar à planificaçom que prepa-ram para a piscicultura.

NGZ / Causa Galiza homenageouno dia 30 de abril em lugo a ‘Revo-luçom Galega’ de 1846. No ato cen-tral da jornada apresentárom-se asnovas organizaçons que aderem aoAcordo Democrático Nacional(ADN) que está a impulsionar estaentidade soberanista. Assim, so-márom-se a este escrito Siareir@sGaleg@s e a Frente Obreira Gale-ga (FOG). No transcurso do ato, omembro da porta-vozia BráulioAmaro salientou a vigência da da-ta, já que “165 anos depois da revo-luçom de 1846 a negaçom da Gali-za continua em pé”, mas “o sobera-nismo também continua em pé”.

A cidade lucense foi a escolhidapor Causa Galiza para esta home-

nagem, por ser a vila em que pri-meiro entrárom os insurretos en-cabeçados por Miguel Solis. Este éo segundo ano em que esta orga-nizaçom comemora a rebeliom.

As atividades começárom às 18horas com explicaçons históricas acargo do professor Bernardo Pe-nabade e do historiador BernardoMáiz. Na Praça do Campo tivo lu-gar um recital poético em que par-ticipárom poetas como Dario Xo-hán Cabana, Xiana Arias ou Da-niel Salgado. A programaçomcompletou-se com umha ceia nocentro social Madia leva e um con-certo no qual participárom OndasMartenot, Os tres trebóns, Sachana Horta e lugo sem Descanso.

Causa Galiza homenageia emlugo o levantamento de 1846

lembrando a ‘revoluÇom GaleGa’ do xix

NGZ / Em finais do passado mêsde abril a Fiscalia de Meio Am-biente anunciou que levará aostribunais a empresa Tres Mares,culpada da dessecaçom do rioCastro, em Cee, e acusada de co-meter diversos delitos contra omeio natural. A citada empresagere a maior piscifatoria do Es-tado espanhol, e a sua atividadejá fora denunciada em numero-sas ocasions pola associaçomAEMS Rios com Vida. Segundoesta, a empresa comete váriosdelitos contra os recursos natu-

rais e o meio ambiente, capta-çom abusiva de águas, detraçomde águas públicas e defrauda-çom de fluido”, desrespeitandodiversos quadros legislativos.

Segundo os informes oficiais,a empresa denunciada incum-pre a legislaçom consciente-mente desde a década de 90,contando também com um ex-pediente sancionador abertopor causa das verteduras ilegaisintercetadas na zona, assim co-mo pola inexistência de módu-los de limitaçom de caudais.

A dessecaçom do rio Castro será processada nos tribunais

FiScalia do ambiente aSSume acuSaÇom

Oponhem-se à avaliaçom ambientalproposta para o Plano de Piscicultura

documentoS iniciaiS conSentiriam conStruir em qualquer Ponto do litoral

Fórum de Imigraçom: ‘Ninguém sobra numha crise’ NGZ / O Fórum Galego de imigra-çom realizou entre os dias 9 e 14de maio umha série de conferên-cias que servírom como apresen-taçom da sua nova campanha“Ninguém sobra numha crise”. Vi-go, Corunha e Compostela fôromas cidades escolhidas para osatos, em que fôrom analisados oimpacto da crise sobre as pessoas

migrantes e a situaçom atual domercado de trabalho no que direspeito a este coletivo.

Participárom nas palestrasEduardo Romero, do coletivo as-turiano Cambalache e Diego lo-res, da Oficina de Direitos Sociaisde Coia (Vigo), assim como inte-grantes do Fórum, que aglutinamais de oitenta coletivos.

A utilizaçom de mao de obra ba-rata e carente de direitos, o endu-recimento da legislaçom sobre mi-graçons, o uso de dispositivos cadavez mais sofisticados para o con-trolo das fronteiras, o tratamentomediático do fenómeno e o incre-mento das atitudes e discursos xe-nófobos fôrom alguns dos temasabordados em mesa redonda.

PISCIFACTORIAno Cabo Vilám, Camarinhas

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Diversas previsons vaticinam oesgotamento do petróleo paraum futuro mui próximo. Podesdetalhar-nos em que consistemestas projeçons?Nom sabemos se realmente esta-mos já nessa situaçom, aindaque há bastantes evidências deque é iminente. O que se está aobservar e que já levamos trêsanos em que nom se estám a au-mentar as extraçons totais. Nomse observa umha queda, mas simum estagnamento. A própriaAgência internacional de Ener-gia (AiE), no seu último relató-rio, reconhece que nom vam au-mentar o número de extraçons.O que di é que as extraçons nomvam cair porque se descobriramnovos jazigos que nos dias de ho-je se desconhecem. Desde 2004vem reduzindo-se o que seriamas suas previsons para o ano2030. Agora dá por feito que nes-se ano vai haver um 30% menosdo que se estimava há sete anos.

Qual é a situaçom da Galiza no mercado petrolífero?No Estado espanhol o petróleochega por várias vias, sempre porbarco, e umhas das entradas é aGaliza. Aqui temos umha das pou-cas refinarias que há no Estado,entom grande parte das entradasfai-se através do nosso território.Todo o que se importa de petróleona Galiza nom é para cobrir a pro-cura interna de combustíveis, se-nom que umha parte mui consi-derável vai para o resto do Estado.Na Galiza o consumo interno temaumentado muito nos últimosanos, mas ainda assim continua ahaver a re-exportaçom.

Existem alternativas viáveis?Nas utilidades nom energéticas écomplicado, pois boa parte do pe-tróleo vai para este tipo de usos.Seguramente, se tivéssemos quepriorizar e apostar em algo, tería-mos que fazê-lo mais nesse po-tencial que tem o petróleo paraobter produtos e nom para o quei-mar, que é talvez a cousa mais ab-

surda que se está a fazer com ele.Ademais, nessa combustom tam-bém somos mui ineficientes noaproveitamento energético, hámuita perda de energia em formade calor, aparte da poluiçom quese gera. Nos usos energéticos, amaior parte vai para o transporte.Nalguns casos sim que é factívelsubstituí-lo, como pode ser notransporte ferroviário, mas as naaviaçom e o transporte marítimoapresentam-se muitas dificulta-des. Há possibilidades de substi-tuiçom, mas nom som fáceis. Eoutro tanto acontece com o trans-porte por estrada. Umha possívelsoluçom passaria por reformular-mos completamente todo o siste-ma de transporte. Se pensamosnum transporte que seja funda-mentalmente coletivo e que pro-picie o deslocamento de ummaior número de pessoas comum menor custo energético porpessoa deslocada pois podia-sepensar em paliar em grande par-te a carência de petróleo. Por ou-tro lado, tem-se falado dos bio-combustíveis, mas é um falsosubstitutivo, porque na produçomdos cereais ou azeites necessáriosemprega-se o mesmo tipo de agri-cultura que se leva efetuando pa-ra a geraçom de alimentos: gran-des explotaçons nas quais o ren-dimento energético é negativo.Teríamos que ir à geraçom deagrocombustíveis com outro tipode agricultura, o qual poderia so-lucionar problemas particularesmas nom cobrir a totalidade daprocura que há no mercado.

Um dos problemas é o disparodo consumo energético, nom é?A soluçom passa por reformularpraticamente todo a nível produ-tivo e a nível de consumo. Nós te-ríamos que procurar consumir

menos energia e umha das açonsfundamentais seria no ámbito dotransporte. Um dos problemasfundamentais do transporte é quese há um colapso no transporteassistiremos a outro tipo de co-lapsos, já que nos dias de hoje osprodutos que se consomem num-ha sociedade como a nossa somprodutos que nos chegam de ou-tros países. E também teríamos oproblema do subministro de ma-térias primas e de diversos com-ponentes para várias atividades.isto ocorre na medida em que aproduçom está mundializada e,para obter um produto, estám-sea mover os componentes por di-versos países até o seu resultadofinal. Entom, nom só há que pen-sar em reduzir o consumo senomtambém em relocalizar a ativida-de produtiva, que evite desloca-mentos e garanta a disposiçomdaquilo que necessitamos.

Também haveria que procurarformas de energia que nós pu-

déssemos obter do lugar onde es-tamos, e aí o que temos som ener-gias renováveis. isso nom vai co-brir o total do que hoje se conso-me com recursos fósseis, massim parte. Existe a possibilidadede que grande parte do consumoque nós fazemos o podamos ob-ter de umhas instalaçons nom de-masiado complicadas com umhatecnologia que está suficiente-mente desenvolvida. A maiorparte da nossa procura diária deenergia poderia cobrir-se destemodo. A nível elétrico, a procuraque se fai na Galiza está perfeita-mente coberta com a atividadeque há na Galiza, de facto expor-ta-se eletricidade. Mas haveriaque deixar de produzi-la atravésda queima de carvom e gás natu-ral. Entom, trataria-se de consu-mir menos eletricidade e de ge-rar nós próprios parte dela noámbito doméstico ou nas aldeiascom pequenas instalaçom sola-res ou eólicas.

Na Galiza vimos nos últimos como se foi inçando a paisagemde parques eólicos. Em que sentido caminhou o desenvolvi-mento deste setor? Numha perspectiva de futuro a

energia eólica teria um papel fun-damental. Outra cousa é que, tal-vez, as cousas deveriam ter sidofeitas de outra maneira. O mode-lo de desenvolvimento é um mo-delo, da mesma maneira que jáfôrom o hidráulico ou qualquerum dos outros subsetores ener-géticos, que procura grandes ins-talaçons que gerem a maiorquantidade de eletricidade numdeterminado ponto. De um pontode vista social, o que se teria queter procurado nom é maximizarbenefícios às empresas, senomsolucionar os problemas de sub-ministro de energia nas diferen-tes partes do território galego. is-to teria requerido de parquesmais pequenos que subministras-sem às zonas em que estám ins-taladas. Se se figesse de outramaneira, nalguns casos esses pe-quenos parques poderiam terfuncionado com as linhas de bai-xa tensom a reforçarem assim osubministro para as zonas. Ade-mais, na atualidade estamos àsportas de umha crise energéticaa nível mundial e o que teria queser priorizado perante todo é ga-rantir que essa energia sirva paracobrir as necessidades básicasdas galegas e os galegos.

06 acontece Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2011

“O uso mais absurdo do petróleo é queimá-lo”xoÁn ramón doldÁn é ProFeSSor do dePartamento de economia aPlicada da univerSidade de SantiaGo

A Conselharia do Território adjudicou no passado 11 demaio as obras para a autoestrada da Costa da Morte àsempresas galegas Copasa, CRC, Covsa e Taboada y Ra-mos. O montante ascende a 745 milhons de euros e a con-cessom estará em vigor por 25 anos. Unirá Carvalho e Vi-mianço através de Coristanco, Cabana e Sás.

adjudicam autoeStrada da coSta da morte

O povoado de favelas de Pena Moa, na Corunha, continuaa ser desalojado com o declarado propósito de “desman-telar o supermercado da droga”. Fôrom deitadas abaixo144 vivendas e apenas ficam dez em pé. Entidades críti-cas com a atuaçom asseguram que o motivo é a constru-çom de umha nova circunvalaçom que passará pola zona.

continua deSmantelamento do Povoado de Pena moa

AAróN l. riVAS / Entre as evidências de que o atual sistema de consumo está à beira docolapso encontramos a iminente crise da sua base energética: a combustom de pe-tróleo. Vários estudos indicam que já há anos que as extraçons deste fóssil se estag-nárom e as previsons mais negacionistas do seu tecto vam reconhecendo esta situa-

çom. O professor do departamento de Economia Aplicada da Universidade de San-tiago de Compostela, Xoán ramón doldán, explica ao NOVAS dA GAliZA qual é o mo-mento atual em relaçom com esta fonte energética e quais som as possibilidadespor abrir no nosso consumo energético para combater a hegemonia do petróleo.

“reformularmos osistema de transporteé umha das soluçons”

“há que procurarenergia nos lugares

onde estamos”

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NGZ / O movimento portuguêsda ‘geração à rasca’ serviu deinspiraçom para diferentesiniciativas noutros lugares daEuropa entre os quais se en-contra a Galiza, se bem que aspropostas locais estejam inte-gradas numha coordenadoraestatal que convoca manifes-taçons em 40 cidades no pró-ximo dia 15 de maio às 18h.Santiago de Compostela, Vi-go, Corunha, Ourense e lugoacolherám as suas respetivasmanifestaçons sob o lema ‘De-mocracia real já! Nom somosmercadoria em maos de políti-cos e banqueiros’.

O coletivo promotor apresen-tou a manifestaçom no dia 12

de maio no centro social do Pi-chel em Compostela. Apresen-tam-se como um grupo cidadaode todas as ideologias, naciona-lidades e crenças, a partir deum corpo social de pessoas comou sem trabalho, estudantes oureformados, “unidas contra oabuso que a classe política con-sentiu e que está a alimentarainda mais com o transcurso dacrise”. Reclamam a “reorienta-çom das políticas públicas parao interesse geral”, mudanças nalei eleitoral para favorecer aparticipaçom popular, o fim dosprivilégios da classe política ediferentes medidas encaminha-das ao aprofundamento demo-crático do sistema político.NGZ / As organizaçons indepen-

dentistas Briga e Agir voltárom aorganizar este ano a Escola de For-maçom, que atingiu a oitava edi-çom e se realizou em Noia. Por ter-ceiro ano consecutivo, a GuardaCivil enviou agentes à mesma e fi-jo um controlo na estrada que ex-plicou como “operativo antidro-gas”. À primeira hora dessa ma-nhá um agente do instituto arma-do apresentou-se na residência dorepresentante legal da associaçom

Pedra da loureira, entidade quecedeu o espaço para o desenvolvi-mento das atividades da Escola, in-timidando-o por colaborar comelementos “da extrema-esquerda”.

AntecedentesEm 2010 a citada Escola de For-maçom foi realizada em março,na vila de Ponte d’Eume. A Guar-da Civil identificara três militan-tes durante um roteiro polas fra-gas do Eume, e no dia seguinte

duas dotaçons do instituto arma-do identificavam e retinham du-rante umha hora todas as pessoasparticipantes do encontro. O mili-tante de Agir iago Barros fora le-vado para a casa-quartel de Fenepor recusar-se a entregar umhacámara de fotos da sua proprieda-de. Em abril de 2009, sete farda-dos interrompêrom umha pales-tra das jornadas comunicando àspessoas presentes que deviam in-formar das suas atividades.

07aconteceNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2011

O movimento reintegracionista desenvolve um diadas letras paralelo ao oficial em que homenageiaErnesto Guerra da Cal. Por iniciativa da Funda-çom Meendinho, o manifesto que promove a co-memoraçom foi apoiado por numerosas entidadeslusistas e de defesa do idioma.

maniFeSto reinteGracioniSta Para o dia daS letraS

O coletivo Fusquenlha apresentou, à Conselharia da in-dústria, alegaçons em oposiçom à exploraçom mineirade amianto que ‘Comercio, Transportes y Auxiliares Sl’pretende abrir em Ponte d’Eume. Asseguram que vulne-ra a legalidade e pom em perigo a saúde humana e o pa-trimónio natural da comarca do Eume.

aleGaÇonS contra mina de amianto em Ponte d’eume

Cinco cidades mediráma força do movimentopola “democracia real”

Guarda Civil volta a irromper nasjornadas formativas de Briga e Agir

intimidaÇom Policial Por terceiro ano conSecutivo

NGZ / Mais um ano, a rede Gali-za Nom Se Vende mobilizou-sepolas ruas de Compostela no dia8 de maio utilizando o seu lemacentral para encabeçar a mar-cha: ‘Terra viva e digna para to-dos e todas’ acompanhado polasua própria denominaçom. Per-to de um milhar de pessoas se-cundárom a manifestaçom emcuja convocatória se fazia umchamamento a deter o “saquesocioambiental” do país.As atividades concluírom à tar-de na Sala Nasa com um con-certo em que participárom asbandas Güintervan e Galegoz,apresentado polo grupo de ani-maçom Berrobambám.

No comunicado tornado pú-blico após a manifestaçom, aplataforma assinalou a banca eas grandes empresas como “cul-padas desta situaçom chamadacrise” que interpretam comomais umha “sacudida de um sis-tema que se derruba” e que vaigerar umha “luita brutal polosrecursos” que provoca a “sub-missom dos governos aos pode-res económicos”.

Por outro lado pretendem “re-presentar a consciência cidadá,comunitária, humana, conscien-te, livre e ativa”. A rede GalizaNom Se Vende é composta pormais de sessenta coletivos am-bientalistas, vicinais e culturais.

Galiza Nom Se Vende voltaa mobilizar-se “contra osaqueio socioambiental”

Denunciam que um sargento condecorado do instituto armado “atemoriza” vizinhança de BandeNGZ / O sargento da Guarda Ci-vil espanhola situada em Bandeestá a atemorizar a populaçom,segundo a denuncia do senadordo BNG Pérez Bouza. Como da-do salientável, o nacionalista su-blinha que no concelho as mul-tas multiplicárom-se quase porquatro desde a chegada deste

guarda ao posto. Pérez Bouzapensa que “há umha linha ver-melha que é mui fácil de ultra-passar e que desemboca no abu-so de autoridade. Nom pode per-mitir-se que, no século XXi, aspessoas vivam atemorizadas po-las atuaçons de um membro daGuarda Civil”.

Em defesa do guarda civil fa-lou Franscisco Javier Velázquez,diretor geral da Polícia espanho-la e Guarda Civil. Velázquez re-feriu que o sargento de Bande é“mui trabalhador” e fai “razoa-velmente bem o seu trabalho”,polo qual recebeu em 2008 acruz ao mérito.

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Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 201108 acontece

Manifesto ‘democraciapara Euskal Herria’ defendecandidaturas de BilduNGZ / No dia 5 de maio foi apre-sentado aos meios de comunica-çom o manifesto 'Democraciapara Euskal Herria' no qual seexige o restabelecimento “comcaráter universal e de urgênciade todos os direitos individuaise coletivos para todas as pessoasem Euskal Herria” e se denun-cia a “situaçom de suspensomgeral de direitos fundamentais eexcecionalidade jurídica” que oEstado espanhol perpetua noPaís Basco.

Cerca de 200 galegas e gale-gos assinárom este escrito, entreos quais se encontram diversosrepresentantes dos movimentossociais galegos e dos campos po-lítico e sindical. Na conferênciade imprensa de apresentaçomdesta iniciativa cidadá participá-rom a jornalista Comba Campoy,a integrante da porta-vozia deCausa Galiza Charo lopes e ocatedrático emérito da USC Xo-sé Manuel Beiras.

No manifesto considera-se“inaceitável” a “ instrumentali-zaçom política que o Estado es-panhol fai da Justiça para limi-tar ou suspender os direitos e asliberdades democráticas da so-ciedade basca” e exige-se tam-bém restituir “a segurança jurí-dica no ámbito policial e peni-tenciário, e garantir o respeitodos direitos humanos dos cida-daos bascos e bascas que foremdetidos ou presos”.

em Prol doS direitoS individuaiS e coletivoS

NGZ / No sábado 7 de maio, cincodias após a sua libertaçom, o ex-preso independentista Ugio Caa-manho foi recebido na capital dopaís por cerca de cem pessoas. Opalco escolhido foi a praça doToural, onde fôrom lidos os dis-cursos de bem-vinda por ummembro de Ceivar, umha repre-

sentante da plataforma Que vol-tem à Casa, e a também ex-presaGiana Gomes. O próprio Ugio de-dicou também umhas palavras deagradecimento a todas as pessoase organismos que o apoiáromneste ano e meio de segundo cati-vério, recordando ainda as pes-soas que continuam presas ou

perseguidas pola sua militáncia.O ato, organizado polo orga-

nismo antirrepressivo Ceivar, fi-nalizou com umha ceia a que as-sistírom perto de cinqüenta pes-soas. Organizaçons independen-tistas como a AMi ou Briga emi-tírom comunicados saudando omoço excarcerado.

recebem o independentista UgioCaamanho após sair da prisom

Perto de cem PeSSoaS SaÚdam o ex-PreSo na PraÇa comPoStelana do toural

Oito projetos candidatam-seao prémio Ángelo Casal NGZ / A 17 de maio, Dia das le-tras Galegas, conhecerá-sequais serám os dous projetos ga-nhadores da iiª convocatória doPrémio Ángelo Casal que repar-tirám os 5 por cento dos lucrosdas vendas da Galicola. O prazode votaçom por parte dos con-sumidores deste refrigerante ga-lego estivo aberto até o dia 1 demaio e nesta ocasiom fôrom oi-to os projetos em favor da nor-malizaçom do galego que seapresentárom ao concurso.

Assim, a Associaçom CulturalBieito Fandinho lança umhaproposta para “incrementar ouso do idioma galego no ámbitodos atos fúnebres”; a liga Na-cional de Bilharda apresenta“um duplo CD com cançons ex-clusivas de temática bilhardeiracom que os melhores grupos ga-legos a agasalhárom”; a Asso-

ciaçom Galega da língua ideouMusicando, “um concurso noámbito dos países da nossa fa-la”, enquanto que A Revolta deVigo pensa numha corrida decarros de rolamentos pola zonavelha da cidade. Semente Ver-melha, por sua vez, pretende fo-mentar no bairro viguês do Cas-tro “a recuperaçom de todos ossímbolos que nos definem comopaís” e A Revira de Ponte Vedrapropóm umha Festa da língua“destinada a gente de todas asidades, de crianças a velhos”.

Também iniciativas coma aEscola Popular Galega e o por-tal audiovisual de contrainfor-maçom Galiza Contrainfo seapresentam a este concursocom a intençom de consolida-rem o seu trabalho diário emprol dos movimentos sociais eda língua galega.

Galicola aPoia iniciativaS em deFeSa da línGua

Militantes comunistas galegos condenados pola Audiência Nacional a onze e dez anos de prisomNGZ / Os galegos Francisco CelaSeoane e Xurxo Garcia fôromcondenados pola Audiência Na-cional espanhola a once e dezanos de prisom respetivamente,junto a outros quatro militantes doseu movimento. Todos eles foramdetidos no ano 2007 numha ope-raçom contra o PCE(r). Ambos seencontram atualmente encarcera-dos em prisons de fora da Galiza.O corunhês Cela Seoane soma es-ta condenaçom aos mais de 26anos já passados na prisom pormotivaçons políticas. No seu ám-bito familiar denuncia-se ademaiso precário estado de saúde do mi-litante galego, já que desde há me-ses sofre umha grave diabete pro-duzida, entre outros motivos, polaalimentaçom recebida no cárcere. XURXO GARCÍA VIDAL

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09aconteceNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2011

NGZ / O sindicalismo nacionalistamobilizou por volta de vinte milpessoas nas manifestaçons con-vocadas ao longo do país. A CiGcalcula em mais de 17.000 as pes-soas que secundárom as suas no-ve manifestaçons, das quais aprincipal tivo lugar em Vigo, en-quanto a CUT estima que fôrommais de duas mil as trabalhado-ras e trabalhadores que assistí-rom às suas convocatórias juntoà CGT em Vigo e na Corunha.

A CiG mobilizou-se em Vigo,Corunha, Ponte Vedra, Ferrol,Santiago, lugo, Ourense, Viveiroe Ribeira. O lema escolhido nestaocasiom foi ‘Polo emprego, nom

às reformas do capital. Defenda-mos os nossos direitos’, rejeitan-do na rua a política de cortes queestám a aplicar os diferentes go-vernos. O seu secretário geral, Su-so Seixo, chamou a luitar por umnovo modelo económico numhaGaliza “ceive e socialista”.

Por sua vez, a CUT e a CGT uti-lizárom como lema ‘Nom ao pactosocial. Contra a repressom da clas-se obreira’ num ano que a CUT jul-ga “especialmente duro para aclasse trabalhadora galega”.

Coletivos independentistasacompanhárom com faixas pró-prias em várias cidades as con-vocatórias do sindicalismo nacio-

nal, que se manifestou à margemdas marchas da UGT e CCOO.No caso de Vigo estreou a suapresença o denominado ‘BlocoRevolucionário’, que participounas duas manifestaçons das cen-trais galegas.

A CNT juntou a sua militánciae bases da sua confederaçom sin-dical em Ferrol, onde realizáromumha manifestaçom, um actopolítico e um jantar popular, como objectivo de “visibilizar o seumodelo de sindicalismo sem sub-vençons, sem ‘liberados’, sem‘chiringuitos’ de representaçom;por meio da açom direta, o apoiomútuo e a autogestom”.

Primeiro de maio nacionalistajunta umhas vinte mil pessoas

oPoSiÇom aoS corteS SociaiS doS GovernoS e deFeSa do emPreGo

Atacam sedes da UGT na Corunha e em Ferrol

NGZ / Às tradicionais reivindica-çons operárias do primeiro demaio somárom-se este ano atosde denúncia contra a atuaçomdos próprios sindicatos, nomea-damente aqueles de carácter es-tatal. Em muitas das convocató-rias, as palavras de ordem e le-mas das faixas refletiam a crítica

contra as centrais sindicais quederam apoio explícito às recen-tes reformas laborais. Deste mo-do, durante o transcurso da ma-nifestaçom convocada pola UGTe CCOO na Corunha, um grupode ativistas exibírom umha faixadefinindo os convocantes como“vendidos”. Perante isto, e ape-

sar do rejeiçom dos convocado-res da manifestaçom, a políciaprocedeu à detençom de quatroativistas que participavam noprotesto. Apesar deste posicio-namento por parte dos sindica-tos aludidos, a polícia efetuouumha denúncia por “impedimen-to do direito à manifestaçom”.

Detenhem quatro ativistas por protestarem contra sindicatos espanhóis numha manifestaçom

NGZ / A sede da UGT de Ferrol foiatacada com engenhos incendiá-rios na madrugada do dia 27 deabril, enquanto o local do mesmosindicato na Corunha era assalta-do no dia 5 de maio por um grupode umhas quinze pessoas quecausárom destroços e vertêromácido contra o secretário geral deServiços Públicos da central naGaliza, luis Baneira. Até o mo-mento nom se conhecem reivin-dicaçons públicas destas açons.

No caso de Ferrol, pessoas des-conhecidas partiam vidros paraintroduzirem no interior do localduas garrafas com líquido infla-mável e parafusos, conformetranscendeu nos meios. isabel ló-pez, da UGT, aludiu a que nestemesmo ano se produziram mais

dous ataques contra este sindica-to, em fevereiro contra a sede deNegreira (com pedras) e em mar-ço outro contra a da Corunha(também com coquetéis molotov).

No ataque mais recente do localda Corunha os assaltantes entrá-rom quando o local estava aberto.Vertêrom numerosas sacos de li-xo em diferentes dependências dolocal, atirárom petardos e rociá-rom amoníaco polas instalaçons,assim como na cara do secretáriode serviços, que tivo que ser aten-dido num hospital, conforme assi-nalam os diários. Em ausência dereivindicaçom, os berros de “trai-dores” e “vendidos” proferidos su-postamente polos atacantes apon-tariam a um conflito sindical co-mo origem deste episódio.

Jornadas de debate parao movimento ourensanoNGZ / Ourense protagonizou du-rante o mês de maio diversas in-ciativas que demonstram a boasaúde do movimento popular nacidade. Nos dias 7 e 8 tivérom lu-gar as Jornadas Galiza em Pé!,que chegárom neste ano à suaquarta ediçom. Sob o título “Oanticapitalismo na Galiza em2011: praxe, açom e organiza-çom” as pessoas assistentes de-bruçárom-se sobre as propostasda esquerda alternativa de dife-

rentes correntes políticas, tendolugar a seguir umha ceia popularno C.S. A Esmorga e música ga-lega. No dia seguinte realizou-seum festival ao ar livre.

Aliás, no fecho de redaçomdeste meio, o novo centro socialA zalenvá e o Sem um Cam rea-lizavam outras jornadas centra-das na saúde mental, de género eas terapias alternativas, sob o tí-tulo de primeiras Jornadas deSaúde sem Capitalismo.

instituto de Ginzo contra osataques de Galicia BilingüeNGZ / O liceu de Ginzo de límialagoa de Antela divulgou um co-municado onde contesta os ata-ques recebidos por Galicia Bilin-güe, lamentado que “os meiospublicassem essas calúnias pro-pagandísticas” e insistindo emque educam para “a toleráncia ea democracia”.

A entidade que promove a pre-sença do espanhol nas adminis-traçons e o ensino acusara o insti-tuto de secundária de vínculoscom o “terrorismo” por realizaratividades no centro social Agui-

lhoar da capital da límia.Questionam que “muitos meios

figessem eco dessas infámias semcontrastar a informaçom”. Cha-mam à opiniom pública a ter “sen-tido crítico” e nom elaborar “juizossobre informaçom parcial e inte-ressada que persegue a confronta-çom e alteraçom do clima de con-vivência no ensino público”.

Galicia Bilingüe perdeu capaci-dade de convocatória e influênciapolítica. Nos últimos meses limita-se a emitir denúncias ao estilo docoletivo espanhol Manos limpias.

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10 acontece Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2011

aGro

Sete exploraçons da Costa daMorte, Arçua e Ordes, em-preendêrom açons judiciaisno passado dia 5 de maio con-tra a empresa lácteos Tambrepara reclamarem o pagamentode umha soma de dinheiro queascende aos 7.000€ no caso dealgumha das famílias afeta-das. As quantidades corres-pondem ao leite entregue du-rante o primeiro trimestre des-te ano 2011.

P.V. / Depois de tornar públicasas suas reclamaçons, as pessoasafetadas polos 'nom-pagamen-tos', acompanhadas dos serviçosjurídicos do SlG, interpugéromumha denúncia nos julgados davila de Ordes contra a empresamorosa lácteos Tambre. No SlGrecordam que esta companhiaque desempenha a atividade de“primeiro comprador” de produ-tos lácteos, nom cumpre com a“lei de morosidade” a qual obri-ga a depositar o dinheiro de pro-dutos frescos num prazo máxi-mo de 30 dias após a recolha.Aliás, o argumento inicial da em-presa, polo qual nom dispom daliquidez necessária para fazerfrente aos pagamentos, funda-menta-se nas perdas em que in-correu após a falência da fábricade Clesa em Caldas de Reis pro-priedade do grupo Nueva Ruma-sa, à qual entregavam o leite re-colhido. No SlG também des-

mentem este argumento, indi-cando que lácteos Tambre nomsó entrega leite para Clesa, se-nom que o faz tradicionalmenteao melhor licitante no mercado.

Aval do iGAPENum segundo episódio, lácteosTambre escuda-se na sua compli-cada situaçom financeira, e atri-bui o atraso no pagamento à irre-soluçom na concessom de umhalinha de crédito dependente doiGAPE, organismo de gestom pú-blica através da Junta da Galiza.Perante este cenário, CarmemFreire, em companhia dos afeta-dos fijo alusom à “completa inibi-çom” dos problemas das pessoasque carateriza a Conselharia doMeio Rural, atitude que qualificoude “desídia”, pedindo ademais aimplicaçom para a resoluçom doconflito do conselheiro do MeioRural e até do próprio presidenteda Junta. Pola sua parte, os gadei-ros expressavam-se assim: “Nós

trabalhamos honradamente, ven-demos o leite e nom o cobramos ea administraçom nom faz nada”.

Os negócios de lácteos TambreAlém de ser conhecida entre osgadeiros da Galiza polas práticasagressivas na compra de leite emorigem, lácteos Tambre é umhadas empresas que criou RamónRíos Sangiao, ex-guarda civil des-tinado nas ilhas Canárias que de-pois de voltar ao país iniciou umpróspero negócio no setor primá-rio na localidade de Sigüeiro noconcelho corunhês de Oroso. Vá-rias fontes tenhem relacionado nopassado as empresas de Ríos San-giao com o tráfico de leite negro,chegando este a declarar comoimputado na trama da “superta-xa” na Audiência Nacional espa-nhola em 2007. Porém, no ano2008 saía à luz a que segundo fon-tes da agência tributária pudo sera maior trama de lavado de gasó-leo da Galiza. Nesta trama, as na-ves das empresas de Ríos Sangiaoeram empregadas para convertergasóleo agrícola tipo B em gasó-leo de automoçom. Um milhomde litros de gasóleo pudérom tersido processados. Os detalhes dainvestigaçom apontavam na altu-ra que a fraude poderia estar a ge-rar uns lucros de 180.000 eurosanuais tam só em conceito de im-postos especiais, quando a somatotal defraudada se desconheciadevido à magnitude da operaçom.

Gadeiros denunciam dívidasde Lácteos Tambre que chegam aos sete mil euros

“tenhem-nos o nossodinheiro e também

o nosso leite”

mar

Paragens impostasdeixam marinheirosem terra por meses

junta, madrid e bruxelaS Por trÁS

AFONSO diESTE / A Associa-çom de Armadores de ArtesMenores da Galiza (Asoar-Ar-mega) anunciou “um panora-ma desalentador” para os ma-rinheiros galegos, após a deci-som do Reino de Espanha defechar a pescaria da pescadanom só às grandes frotas arras-teiras senom também à frota li-toral. Este encerramento une-se à veda em vigor decretadapola Junta para a centola e anécora e ainda à do polvo (quecomeçará a 25 de maio e se es-tenderá até julho). Todas estasespécies som recursos em quesustentam o seu trabalho cen-tenas de embarcaçons de artesmenores da Galiza, polo que acoincidência no tempo da proi-biçom de capturá-las obriga aparar a atividade a umha parteimportante da frota. Noutroscasos, como lembram as con-frarias, boa parte destas em-barcaçons terám de virar-se pa-ra outras espécies, com o riscode sobre-explorá-las.

Sinais de alarmeMesmo a “apaziguadora” Fede-raçom de Confrarias da Galiza,organismo mui próximo daatual conselheira do Mar, já lan-çou um sinal de alarme, adver-tindo que “poderiam perder-secentenas de postos de trabalhoem localidades costeiras gale-gas como Ribeira, Fisterra, Mal-pica ou Burela, por citar só um-has poucas”.

O setor lamenta que a políticade vedas esteja a ser aplicada àrisca a um setor, o das artes me-nores, que nom é responsávelpolo esgotamento dos recursos.A Asoar-Armega critica tam-bém que estas iniciativas nom

venham acompanhadas de me-didas compensatórias, “comaacontece com outros setores”.

Vedas afetam frota costeiraDurante uns meses nom se vaipoder apanhar nem centola,nem nécora, nem polvo nempescada. Um bom número deembarcaçons vam ter que ficaramarradas. “Os políticos falamde relatórios técnicos em que sedi que som ultrapassadas as co-tas de captura, que há que dardescanso às espécies para faci-litar a repovoaçom... mas te-nhem que ter em conta que estáem jogo o pam de muitas casas.Ademais, o que apanha só umgrande arrasteiro num dia faipolo que captura toda a nosafrota em semanas”, assinala-vam desde Cambados, que nes-ta linha exige “que se ponhafreio aos grandes barcos freta-dos por multinacionais e quedeixem de amolar-nos a nós”.

As confrarias avaliam nestesdias a convocatória de mobili-zaçons contra a política de ve-das decretada polas diferenetsadministraçons: “Nom somoscontra as vedas, mas há diferen-tes maneiras de as fazer. O quenom é lógico é proibir ao mes-mo tempo capturar toda umhasérie de espécies e fazê-lo, ade-mais, sem medidas compensa-tórias, como acontece nas para-gens biológicas, que seriam re-muneradas”, indicam os pesca-dores com artes menores.

a empresa é conhecida por negóciosfraudulentos coma a lavagem de gasóleo

SetoreS aFetadoS emPreendem aÇonS judiciaiS

slg denuncia abandono aos gadeiros

por parte da Junta

“nom podem proibir ascapturas sem medidas

compensatórias”

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No mês de março a Galiza al-cançou o seu máximo históri-co nos números do desem-prego, e andou perto das250.000 pessoas sem traba-lho. desde começos de 2009,a quantidade de pessoas sememprego situa-se por cimadas 200.000, aumentando ca-da ano e tendo como efeitoum certo desespero nas ca-madas da classe trabalhado-ra. Contodo, torna-se precisoo combate ao imobilismo e oexercício de formas de orga-nizaçom solidárias dentrodos movimentos sociais paradefender-se dos ataques daclasse empresarial. NOVAS dA

GAliZA analisa com ativistasdo movimento operário gale-go esta realidade e os proble-mas e possibilidades que seabrem perante o que aconte-ce com o desemprego.

AAróN l. riVAS / As estatísticassobre o emprego na Galiza dese-nham um panorama difícil para aclasse trabalhadora do país. Os al-tos níveis de desemprego e tem-porariedade mostram umha novarealidade através da qual se dete-ta umha forte mudança no mundolaboral. A perceçom generalizadade que 'nom há trabalho' e de queo que há oferece poucas garantiasde futuro tem provocado nos seto-res populares da sociedade gale-ga umha queda no ánimo enquan-to a ofensiva dos agentes neolibe-rais nom se detém. Se, nos anosanteriores à crise, as trabalhado-ras e trabalhadores viam como

crescia o emprego precário, naatualidade o produto desta agres-sividade patronal é umha gera-çom que se vê sempre às portasdo mundo laboral sem chegar aintegrar-se nele com a plenitudede garantias e direitos de que go-zárom os seus progenitores.

A iminemte reforma da nego-ciaçom coletiva que estám a pac-tuar os sindicatos espanhóis, opatronato e o governo abrirá um-ha nova fenda nas conquistas queo movimento operário atingiu aolongo da sua história. O mundolaboral, tal coma se conheceu nosúltimos anos, está a abalar e a fa-ce mais visível disto é o incremen-to de desempregadas e desem-pregados no nosso país.

Para o sindicalista da CiG-Ser-viços Adolfo Naia, a realidade dodesemprego “é que o sistema bur-guês está a quebrar”, umha vezque “é incapaz de governar por-que também é incapaz de assegu-rar ao seu escravo a existência,mesmo dentro da sua condiçomde escravo”, tal e como assinala-va Karl Marx no seu Manifesto

Comunista. Mas, segundo expomNaia, “o problema é que nem ossindicatos som capazes de expli-car esta realidade, ficando isola-dos das massas desempregadas”,as quais “cada vez estám maisatomizadas polos meios de comu-nicaçom e sem capacidade paraencontrarem alternativas”.

O viguês Fran Rodríguez, queparticipou na experiência da As-sembleia de Desempregados doNaval, expom que o atual modeloeconómico e social disfarça os

problemas polos quais está a pas-sar o emprego “fazendo-nos acre-ditar que este bem-estar socialtem que ser o apropriado, semresposta à má gestom que se estáa realizar com o beneplácito dosmais endinheirados”.

Sem emprego e sindicatosNo momento de analisar as possi-bilidades organizativas das pes-soas desocupadas, Fran Rodrí-guez assinala a relatividade do ter-mo “desempregado” e afirma quehá que mentalizar-se de que é um-ha situaçom “transitória”, no sen-tido de que se deve luitar por me-lhorar esta situaçom “sem renun-ciar aos direitos polos quais luita-mos ao longo da nossa vida”. E éneste ponto onde se mostra críticocom o trabalho que as centrais sin-dicais realizam diariamente comas pessoas sem trabalho, salien-tando que este tipo de organiza-çons devem ter o objetivo de “en-contrar o final desta situaçom dedesemprego e precariedade vol-tando a comprometer-se com as

trabalhadoras e trabalhadores”.Por sua vez, Adolfo Naia assi-

nala que a presença das pessoassem trabalho nas organizaçonssindicais seria “mui necessáriapara construir laços solidárioscom as trabalhadoras e trabalha-dores que agora tenhem empre-go” e acrescenta que “nom se po-dem fazer reivindicaçons semcontar com as massas desempre-gadas, porque isso contribui paraperdermos o contacto com a rea-lidade”. Na participaçom sindi-cal, som os trabalhadores e traba-lhadoras, com ou sem emprego,os que tenhem que pôr as alter-nativas e as soluçons”.

Assembleias de desempregadosNo referido à auto-organizaçomdas pessoas que se encontramsem trabalho é preciso assinalaras assembleias de desemprega-dos, um modelo que nos anos 90já funcionava em diversos territó-rios do Estado espanhol, especial-mente em Euskal Herria, e que secaraterizava pola sua combativi-dade perante a classe empresa-rial. No livro Parados que se lo

curran, editado há já 14 anos, aassembleia de Sestao narra comofuncionavam no dia-a-dia. Assim,o seu objetivo era conseguir em-prego para os integrantes do co-letivo, reclamando-o aos empre-sários da localidade quando estesrealizavam umha obra e empre-gando umha dinámica de pres-som e mobilizaçom.

A partir de 2009 a organizaçomdas pessoas desempregadas emassembleia voltou a tornar-se vi-

sível e, desta vez, na Galiza che-gárom a funcionar na Corunha eem Vigo, se bem que nom tives-sem as caraterísticas combativasdaquelas que apareceram na dé-cada anterior no Estado espa-nhol. Os diversos entraves queencontrárom para desenvolver asua atividade agitativa ocasioná-rom que tivessem umha vida cur-ta. Durante a sua existência, naassembleia da Corunha realizá-rom várias intervençons em es-critórios do iNEM que utilizavampara expor as suas reivindica-çons. Adolfo Naia assinala que es-ta iniciativa foi positiva, mas a fal-ta de capacidade para enfrentar adesmobilizaçom propiciou que“desgraciadamente se fosse de-sinchando e ficando mui poucaspessoas”. Desde Vigo, Fran Ro-dríguez explica que na atualidadeas pessoas que participárom daatividade da Assembleia de De-sempregados do Naval de Vigo“estamos um pouco desengana-dos quanto à sociedade na qualnos saiu viver, já que nom luitapolo seu futuro”.

Se bem que a situaçom se apre-sente complicada, há que procu-rar também propostas em positivoe reorganizar as alternativas noconjunto do movimento operáriogalego. Para o sindicalista AdolfoNaia, neste momento é preciso“rearmar as trabalhadoras e traba-lhadores com ou sem trabalho nasolidariedade e na ideologia” como objetivo de potenciar as contra-diçons de classe para derrubar oatual sistema, um labor que seapresenta difícil mas necessário.

11aconteceNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2011

as estatísticas sobre o emprego na galiza desenham um panorama difícil para a classe trabalhadoraeconomia

desemprego e solidariedade: à procurade fórmulas para combater o sistema

“É necessário rearmaras trabalhadoras e trabalhadores

na solidariedade”

novaS FormaS de orGanizaÇom noS movimentoS SociaiS emerGem Perante oS rePtoS da criSe

ACAMPAMENTOda assembleia de desempregadosdo naval viguês

“Falta compromissosindical para pôr fim

ao desemprego”

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lUíSA CUEVAS - NGZ / O granderepto para o neoliberalismonos últimos anos tem sido ocontrolo dos recursos natu-rais, o que ao mesmo tempoprovocou que os conflitosmais freqüentes dos últimosanos, quer sociais quer béli-cos, tenham sido provocadospola defesa popular do terri-tório. NOVAS dA GAliZA entre-vistou Zenón Cervantes eJuan Carlos Aduviri, militan-tes sindicalistas participan-tes da chamada guerra daágua, episódio que provocouumha grande crise nom só naBolívia, mas também em to-dos os governos colaboracio-nistas na América latina.

Conta-nos algo da guerra daágua que tu viveste: que recor-das daqueles momentos?Juan Carlos Aduviri. Às vezes,quando penso na guerra da água,parece-me engraçado. lembra-me à guerra dos pastéis e poderiaparecer que se lançavam uns aosoutros balons cheios de água,mas a realidade foi mais dura,porque se estava a luitar por umdireito tam básico como é o direi-to a este recurso. Eu acho que nin-guém tem direito a ser o dono daágua e, como algum companhei-ro dizia, ter que pagar polo servi-ço parece lógico, mas não permi-tir que recolhas a água da chuva,que recolhas a água dos manan-ciais, que faças poços... que nãote permitam isto já é um abuso,um exagero, uma obscenidade. Eperante essa situação, todo o po-vo cochabambino se levantou,porque se estava a chegar ao ab-surdo de incrementar em 300%os custos da água, os custos dofornecimento, chegando a seremexpropriados inclusive os poçosque as pessoas construíam com oseu próprio dinheiro, com o seu

próprio esforço, para o proveitoda empresa privatizadora. E ago-ra que o penso, agora que vejo asituação de fora, acho-a ridícula,tenho uma visão mais global e Bo-lívia parece um lugar pequeno edás-te conta do absurdo daquelasituação. Dou-me conta agora deque o que fizemos foi grandioso.Podemos considerar a Bolívia umpaís subdesenvolvido, mas prota-gonizou grandes avanços. Umpouco a brincar, nós diziamos quepodíamos enviar colegas bolivia-nos para aqui para contarem a ex-periência e organizarem ativida-des, mobilizando-nos para defen-der um direito de todo o ser hu-mano, o direito à água. Zenón Cervantes. Naqueles mo-mentos já tínhamos agüentadomuito. A extrema-direita já col-mava o copo, para as classes mé-dias já não tinha nenhuma ajuda,e o governo só trabalhava para astransnacionais. Nada era para

nós, tudo era para as transnacio-nais, o governo estava posto peloFundo Monetário internacional(FMi), aí corriam valijas de di-nheiro para a corrupção. Entãonós organizamo-nos, fomos ven-do os problemas, até que já nãose agüentou mais. Vimos que achave era conscienciar as pes-soas, unir-nos, e se queriam pri-vatizar algo, eu não me opunha,mas pelo menos que lhes custas-se o seu dinheiro, que ganhem apartir daquilo que investem, nãode leis que os favorecem, isso nãoo podemos permitir. Assim, cons-cienciando, criando organiza-

ções, comunicando-se entre diri-gentes, associações, é como nosfoi bem. Fomos conscientes deque sós nunca conseguiríamosnada.

E nesse momento como vos or-ganizávades para resistir?ZC. Fazíamos turnos de 8 horasem cada sindicato, assim se man-tiveram os piquetes de greve. As-sim resistimos mais de 3 meses.Eu por exemplo era pequeno em-presário e eu mesmo me fulmi-neu como tal, mas por uma boacausa, em benefício das maiorias.

Esta guerra marcou um antes eum depois na vossa história.ZC. Sim, foi a primeira vez quefreamos a extrema-direita, quesempre nos tinha submetido.Então todo o mundo abriu osolhos e transmitimos a força e ovalor para enfrentar os gover-nos neoliberais.

Que conselho daríades aos eu-ropeus, aos quais as mesmasmultinacionais estão a fazer omesmo?ZC. Eles são uns monstros comtentáculos que em qualquer mo-mento te querem esganar. Pode-ria mostrar-te, daquele momento,as estruturas dessas redes queformam as multinacionais, comotudo nasce na itália, são máfiasinternacionais, que fazem gran-des investimentos para empobre-cerem as pessoas e enriqueceremà custa da gente. Sem luta e orga-nização não se pode fazer frentea essas multinacionais e ao neoli-beralismo.JCA. Há empresas que queremprivatizar as águas na Galiza. Tal-vez vocês ainda não sejam cons-cientes do que se está a passar,mas seria preciso perguntar queserviço estão a dar, se é adequa-do, se é conforme ao que estám apagar... Também soubemos que ocusto do transporte público subiumuitíssimo e ninguém diz nada.isso mesmo na Bolívia acarretouum protesto do povo boliviano,que disse não, que se recusou anegociar isso. Então isto supõeum puxom de orelhas para estespaíses desenvolvidos e eu sinto-me muito orgulhoso, porque po-demos ensinar muitas cousas, esinto-me muito contente porqueme dou conta de que há muitagente disposta a aprender.

Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 201112 internacional

“não permitir que recolhas a água da chuva ou dos mananciais, que faças poços... é um abuso”

“ganhámos a batalha através da criação de consciência e de organização popular”

a terra tremezenón cervanteS e juan carloS aduviri ParticiParam na ‘Guerra da ÁGua’ boliviana

“O povo da Cochabamba

levantou-se contraos abusos”

“resistimos maisde três meses as24 horas do dia”

“sabemos quequerem privatizara água na galiza”

ZENÓN CERVANTESJUAN CARLOS ADUVIRI

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E. MArAGOTO / A atual direçom da Associaçom Galega da lín-gua está a abrir a porta a novos argumentos na defesa do gale-go, relacionados quase sempre com a mais-valia internacionaldo mesmo. Obviando a clássico discurso de o galego e portu-guês serem o mesmo idioma, o objetivo seria agora demons-trar que com a nossa língua, à margem das diferentes conce-çons filológicas, é possível chegar com facilidade ao conheci-mento de umha língua falada em muitos países, alguns delescom muito futuro. Os Ops! e os aPorto som as iniciativas maiselaboradas desta estratégia, que também inclui cursos de por-tuguês on-line e um festival éMundial que preparam para julho.

JOSÉ ANTOM ‘MUrOS’ / Quandonas vilas e bairros da nossa naçomse menciona este arquipélago lon-gínquo, tendemos a lembrar-nosde familiares e companheiros quelá temos. lugar recorrente na últi-ma época para a emigraçom gale-ga. Bom seria que soubéssemosmais algumha cousa das Canárias.

Este território pertencente aoEstado espanhol encontra-se fren-te às costas do Saara Ocidental eMarrocos, sendo portanto parte docontinente africano e um lugar depassagem para essa América lati-na que tanto se lhe parece. De fac-to, as Canárias som a primeira ter-ra conquistada além da Penínsulapolos castelhanos (sec.XV-XVi) e aderradeira filha dessa colonizaçomque ainda continua dominada pola

Espanha herdeira de Castela.Território desventurado, curioso

e afortunado ao mesmo tempo; fi-lho das muitas miscigenaçons quelá se produzírom entre primitivosguanches (amazighs nom islami-zados que habitavam as ilhas an-tes da conquista), soldados da Co-roa de Castela, escravos norte-afri-canos e imigrantes rumo às Ameri-cas ou de volta delas, mouriscoscristianizados, judeus conversos,ciganos, mestiços e indígenas dealém mar; também galegos, comcerteza... e mil leites mais. Este lu-gar é um limbo curioso, extrava-gante, entre limites por onde todopassa e nada aparentemente coa-lha... a colonizaçom peninsularmarcou este território como um lu-gar de tránsito para as suas coló-

nias latino-americanas, povoandoestas ilhas de todos os sanguesvencidos por Castela. Deu-lhe um-ha coesom para o exterior e impu-jo-lhe o seu papel no mundo: dizerque se é Espanha no meio doAtlántico Sul nas costas de Áfricaa caminho das Américas... serviude retaguarda e lugar de manobrasaos militares espanhóis no golpede 36, de divertimento e vácuo la-zer a milhons de turistas peninsu-lares e europeus que só desejamcozer-se ao sol e se imaginam, tal-vez, no sul da Península ibérica.

O resultado de todo isto trouxoàs ilhas múltiplas tragédias e pro-blemas: um urbanismo destruidore insustentável como o próprio mo-delo económico que serve; umhafalta de recursos que devem ser tra-

zidos do exterior (água, alimentos,combustível, artigos de consume);umha imigraçom massiva alheia àsilhas e ao seu povo que trabalham(ou trabalhárom?...) numha econo-mia alheante, vinculada à turistifi-caçom e ao interesse estrangeiro(alvanéis, empregados de bares elojas turísticas, prostituiçom...).

O que fica de todo este desafora-do sonho desenvolvimentista somimigrantes no desemprego, anda-res vazios, destruiçom ecológica ealheaçom perante o mundo; peran-te si mesmos, empobrecimento.

Mas em todo há esperança: asCanárias, que fôrom sementadaspor mil leites que os ventos lá levá-

rom, enraizárom e adaptárom esselugar de pequena moldura e imen-so horizonte que a natureza lhedeu, e sobreviverá a esta crise mul-tiforme e polifémica que todos pa-decemos. Sobreviverá no quadropequeno das cousas e do dia-a-dia,na auto-organizaçom diária dassuas gentes e nom nos vazios e ri-dículos discursos de lideres gran-diloqüentes e trágicos como Anto-nio Cubillo. Será no quadro dassuas aldeias, dos seus cabidos quegovernam as ilhas e auto-organi-zam a sociedade, nos seus bairros,na sua suficiência alimentar e nassuas costas. Veremos ou verám asnossas crianças umhas Canáriasendógenas plenas, com recursosautogovernada polos seus mesti-ços filhos em qualquer das seteilhas representadas nas sete estre-las verdes da sua bandeira peranteum mundo que olha com as mil fa-ces que a História lhe deu.

13internacionalNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2011

a agal já passa da fronteira do sulorGaniza curSoS de PortuGuêS Para GaleGo-FalanteS no Porto

a colonizaçom destas ilhas levou consigo tragédias: urbanismo destruidor, falta de recursos, imigraçom massiva e alheia, turistificaçom...PovoS

O arquipélago canário sobreviverám naauto-organizaçom

das suas gentes

“O guiom em que fomos sociabilizados a respeito da nossa língua é limitador”É o segundo ano que organiza-des cursos de verao no Porto e es-te ano parece que fazedes um in-vestimento maior. Corrêrom as-sim tam bem no ano passado?O que descobrimos no ano passa-do foi o potencial que estes cursospodiam ter se aprimorássemos al-guns aspetos, para já, a difusom.Foi por isso que elaboramos umvídeo onde uma das docentes, aFilipa Fava, explica em que con-sistem os cursos. Este ano aspira-mos a ter um mínimo de 50 alu-nos e alunas e o mesmo ou maiorgrau de satisfaçom que no anopassado. Nom é apenas língua, écultura, é contacto, é Porto.- Ops!, porquê?- Porque a equipa coordenadora,

da AGAl e da Andaime, pertence-mos a uma geraçom à qual seocultou que polo facto de sermosgalegos tínhamos uma portaimensa aberta. Precisávamos in-

formaçom e um bocado de forma-çom e nada disso nos foi ofereci-do. Ops! nasce para que as novasgeraçons nom tenham essa carên-cia e para animar os docentes de

galego a incluírem materiais dasoutras variantes da nossa língua.- Como estám a ser acolhidos po-las cámaras municipais e os cen-tros de ensino?- Quase todas as cámaras munici-pais com que contactamos rece-bêrom o projeto com muito inte-resse e contratárom os ateliês. Aoutra parte do processo, alunadoe docentes estám a achar os Ops!aliciantes e uma ferramenta útil.Ops! é o que exclamamos quando(re)descobrimos algumha cousa:Ops!, a nossa língua é útil.- A AGAL di que a nossa vanta-gem competitiva no mundo é alíngua? Isso pode-se medir?- Há estudos nesse ámbito a res-peito da língua inglesa, portugue-

sa e espanhola. Nom sei até queponto é mesurável com pormenor,mas o que sei é que na atualidadea maioria da cidadania galega nomestá a usufruir o galego na sua ver-som émundial. Neste sentido, zeroé um número fácil de medir.- Tendes mais projetos nesta no-va estratégia normalizadora?Entre 4 e 9 de julho estamos a or-ganizar uma semana cujo nome,éMundial, é indicador da sua pre-tensom: mostrar que o guiom emque fomos sociabilizados a respei-to da nossa língua é limitado e li-mitador. A nossa língua é mundiale para o evidenciar o programa in-cluirá música, exposiçons, litera-tura, folia, conversa... e sobretodointeraçom humana.

valentim FaGim é PreSidente da aSSociaÇom GaleGa da línGua

oPS! (o PortuGuêS SimPleS!) aPorto

Em cooperaçom comSNl de câmaras muni-cipais e com EDNl decentros escolares, aAGAl disponibiliza em centros de ensino ateliês de100 minutos para explicar como o conhecimento dogalego pode ajudar a aceder à lusofonia.

Cursos semanais lecionados porFilipa Fava e Sandra Sousa na Fa-culdade de letras do Porto que fo-carám a expressom oral da variedade lusitana.

Por entre 120 e 150 euros, poderám realizar-seem todo o mês de agosto, sendo a pré-inscriçom emmaio e a a inscriçom em junho e julho.

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Yolanda díaz, eSqueda unida de Ferrol

14 eSPecial eleiÇonS municiPaiS Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2011

Qual será o primeiro trabalho adesenvolver após as eleiçons?Até o dia 10 de Junho, aconteça oque acontecer, continuar com asminhas obrigas como alcalde.Ora bem, se os vizinhos e vizi-nhas decidem que o nosso grupocontinue a dirigir o governo, um-ha das primeiras cousas será pla-nificar as políticas para atingirmaiores quotas de bem-estar equalidade de vida no conjunto dacidadania.

Como pensa favorecer a participaçom popular?Nestes quatro anos, o governo doBNG provocou mudanças radi-cais. Temos melhores serviços,instalaçons e infra-estruturas, ehá maior eficiência orçamentalcom programas acaídos às neces-sidades reais. Mas um dos aspec-tos de que estamos mais orgulho-sos é de abrirmos o Concelho àcidadania, aplicando o princípiode “governança”, ou do “bom go-verno”. A vida municipal é maistransparente e equitativa, che-gando às diferentes paróquias. Osvizinhos e vizinhas estám infor-mados com um boletim mensalde notícias, e podem participar natomada de decisons. Foi aprova-

do um Regulamento de Participa-çom Vicinal, desenvolvemos osOrçamentos Participativos e faze-mos Grupos de consumo para ad-quirir computadores e painéis so-lares. E nos próximos anos apro-fundaremos nesta linha. Em todoo caso, se calhar, esta legislaturaserá a das novas tecnologias.

Como som avaliados os Orçamentos Participativos? Depois de 18 anos de governo doPP caracterizados pola ocultaçomda informaçom ou o recorte de di-reitos, chegamos com o compro-misso de mudar a situaçom. Abo-fé que o alcançamos! E umha dasferramentas fôrom os Orçamen-tos Participativos. Fomos o pri-meiro Concelho galego a implan-tá-los, em 2008, com um modelopróprio e adequado ao rural.Qualquer cidadao pode fazer pro-postas para os investimentos mu-nicipais, que logo som votadaspolas pessoas maiores de 16 anos.O governo escuita e respeita asdecisons populares e, ao mesmotempo, a cidadania envolve-se ecorresponsabiliza-se polos assun-tos públicos. É verdade que a pre-sença vicinal nas assembleias po-deria ser mais importante, mas

sabemos que as mudanças sociaisnom som imediatas, e o que nosimporta é criarmos dinâmicasque se estabilizem e interiorizem.

Como pensa concretizar o nacionalismo na política local?O trabalho político nos Concelhosdeve ser fundamental para o na-cionalismo galego, já que signifi-ca trabalhar a partir da base, em

contato direto com as mulheres ecom os homens que formamos es-ta Terra, e com as suas necessida-des reais. Possibilita alargar anossa base social, e propiciar amelhora da auto-estima, pessoale colectiva. E valerá para a valori-zar, dum ponto de vista sustentá-vel, os múltiplos recursos que te-nhem que ser o cerne da nossa re-cuperaçom socioeconómica.

eleiÇonS municiPaiS

“Orgulhamo-nos de ter aberto o Concelhoà cidadania e governar com transparência”

nOVas Da galiZa entrevista seis candidaturasperante as eleiçons locais de 2011

Secundino Garcia caSal, alcalde de Sam Sadurninho (bnG)

Poderia falar-se de defesa da Galiza no ámbito da vossapolítica municipal?Nom. Nós nom somos nacionalis-tas. Operamos no ámbito local,coordenando-nos a nível nacional[em referência a Espanha].

De que maneira pretendedes favorecer a participaçom popu-lar no vosso Concelho?Nós somos a única organizaçomque demonstrou que a democra-cia participativa é umha opçomreal e factível. Temos o exemplodisso em Ferrol, onde com a vizi-nhança chegamos a estabelecerum orçamento participativo. Nomexiste nengumha iniciativa seme-lhante; de facto, o BNG o primei-ro que fijo ao chegar ao poder emFerrol foi suprimir o Conselho deParticipaçom Cidadá.

Que faredes após as eleiçons?O problema central na comarcaem que trabalhamos é o desem-prego, devido ao peso que a indús-tria tem em Ferrol. O primeiro ob-jectivo será pormos em marchaum Plano de Emprego para aten-der as pessoas desempregadas. Aoutra prioridade será a criaçom decentros de dia e escolas infantis.

Que vantagens e inconvenientestem formar parte dumha organi-zaçom que opera a nível estatal?Vantagens, todas! Nós nom somosnacionalistas, polo que estarmosconstituídos de forma federal épara nós mui vantajoso. Para nós,o género humano é internacional;a nossa máxima é “pensa global-mente, actua localmente”. Se pu-déssemos ser umha rede de alcan-ce mundial, melhor ainda.

Como pensades concretizar na política municipal o vossosoberanismo?Mediante assembleias da vizi-nhança. A construçom nacionalda Galiza deve ser feita tambéma partir dos concelhos. O quepretendemos é explicar a todosos cidadaos um direito democrá-tico como a autodeterminaçom,vulnerado polo Estado fascistaespanhol. É mui importante ocompromisso dos Concelhos ga-legos na defesa deste direito.

De que maneira pretendedes favorecer a participaçom popular no vosso Concelho?Apoiando as assembleias de vizi-nhas e orçamentos participativos.Queremos que o povo participe edecida em todos os temas: econo-mia, cultura, educaçom, língua...

Qual será o vosso trabalho depois das eleiçons?Pretendemos fazer palestras so-bre autodeterminaçom/indepen-dência, repressom na Galiza...assim como campanhas polo Diada Pátria a nível local. Ademais,temos programado algum con-

certo, conferência da Escola Po-pular Galega, etc. Queremoscontinuar mantendo o grupo degente e continuar trabalhandocom novos projetos para o povo;que isto nom morra em 22 maioindependentemente do resulta-do eleitoral.

Qual é a vossa posiçom a res-peito da presença da Reganosano vosso território?Somos contrários, por ser ilegale perigosa e mesmo porque nomcumpre a distáncia de segurançaa núcleos habitados (a escassos100 metros há um núcleo de po-voaçom dumhas 400 pessoas).

NOTA: As respostas de Diego Vila represen-

tam a totalidade da sua candidatura que, de

qualquer modo, por motivos programáticos

teria preferido umha entrevista coletiva.

“A democracia participativaé umha opçom factível”

dieGo vila vÁzquez, candidato de muGardoS na eSquerda

“Queremos manter o trabalho sejaqual for o resultado eleitoral”

“Fomos pioneiros aoestabelecer orçamentos

participativos”

“Fomentamos gruposde consumo, que

vamos aprofundar”

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15eSPecial eleiÇonS municiPaiSNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2011

Como pensades concretizar na política municipal o vossosoberanismo? Há muitas políticas a nível gale-go que se repercutem na zona: alei de Águas, os serviços sociaisprecarizados, etc... imos agir lo-calmente mas pensando de for-ma global, como no uso do gale-go nas escolas ou na própria ad-ministraçom. Em Ames o planode normalizaçom linguísticanem se cumpre.

De que maneira pretendedes favorecer a participaçom popular no vosso Concelho?Agora o Concelho sente-se Deus,nem sequer recebe os vizinhos.Se conseguimos algumha Conce-lheira, imos deixar perante notá-rio a sua ata de demissom em dis-posiçom da assembleia. É umhaideia que tiramos da esquerdauruguaia, que conhecia um com-panheiro que estivo ali emigrado.Nom imos ter “ofertas irresistí-veis”, porque imos fazer o quemandar a assembleia aberta, sen-

do simplesmente porta-vozes damesma dentro do Concelho. So-mos porta-vozes, nom candida-tas; somos assembleia.

Agora estamos indo todas assemanas às paróquias, e fazemoscada assembleia numha distinta,imos rotando, para que todo o

mundo nos conheça e poda parti-cipar. Há que mudar as cousas, dedentro ou de fora das instituiçons.Por exemplo na apresentaçom, adisposiçom das cadeiras era cir-cular, e todas ao mesmo nível. Agente que vem participa, todas so-mos a assembleia.

Qual será o vosso trabalho de-pois das eleiçons?Nom nascemos como um partido,mas como um projeto assemblear.Polo meio cruzou-se-nos um pro-cesso eleitoral, o do dia 22 demaio. Mas iniciamos um novo per-curso, nom é um projeto de dousmeses. imos experimentar se o te-ma da representaçom vale a pena.O nosso trabalho nom vai depen-der das eleiçons, mas, se tiramosrepresentaçom, haverá que fazerum trabalho distinto. Caso obte-nhamos representaçom, nom pac-tuaremos com ninguém.

Um dos temas mais originais deAmes na Esquerda é a luita polosdireitos da populaçom migrante.Falade-nos um pouco dela.

A populaçom migrante de Amesé das mais elevadas da Galiza. OConcelho, longe de promover oconvívio promove o isolamento,fazendo-lhe atividades apartadascomo a Festa da Migraçom. A cri-se económica fai que, como sem-pre, se corte o fio na parte maisfraca, que é a populaçom migran-te. Estám a recortar todo tipo deserviços. A gente retornada tam-bém sente muito o desenraiza-mento. A um companheiro retor-nado, que está em Ames na Es-querda, dixérom-lhe no Conce-lho, em 2004, “que fosse para acasa” no estrangeiro. Temos claroque todas fazemos Ames, inde-pendentemente de onde venha-mos. Em poucas anos passamosde 8.000 habitantes para 30.000e, claro está, é porque veu gentede fora. imos defender a multicul-turalidade como umha riqueza.

NOTA: As respostas de Paz Romai representam

a totalidade da sua candidatura que, de qual-

quer modo, por motivos programáticos teria

preferido umha entrevista coletiva.

“Fazemos assembleias nas paróquias para que todo o mundo poda participar”

Paz romai, candidata da alternativa vicinal ameS na eSquerda

Como pensades concretizar na política municipal o vossosoberanismo? Entendemos perfeitamente quenos apresentamos ante umhaseleiçons municipais, e que na pra-xe política, estará sempre presen-te a nosa ideologia tanto sobera-nista como de esquerdas. isso se-rá inevitável.

De que maneira pretendedes favorecer a participaçom popular no vosso Concelho?Promover a participaçom e o no-sa maior motivaçom de presentee futuro, daremos voz o povo emassembleias abertas, promoven-do e dando peso aos chamadosconselhos paroquiais, que abor-damos no nosso programa.

Qual será o vosso trabalho depois das eleiçons?Estar en permanente contactocom o povo, e coas reivindicacionsque entendamos justas dentro danosa ideologia. Sempre foi o nossoobjetivo e continuará a sê-lo.

Que vos diferencia das demaiscandidaturas?Se tivéssemos que resumir, diriaque nós temos as ideias mui cla-ras, e que a política se pode fa-cer e entender de forma comple-tamente distinta a como funcio-na na atualidade, pensamos queas tomadas de decisons devempartir de abaixo cara arriba. De-ve responder en todo momentoúnica e exclusivamente aos inte-reses do povo.

berto covelo, candidato Pola FPG em redondela

abraÁm alonSo, candidato de Ponte areiaS de eSquerda

“As decisons deverám partir de baixo para riba”

Como pensades concretizar na política municipal o vossosoberanismo? Aplicando-o de maneira trans-versal em toda iniciativa que pro-movermos. Plasmaremos a rela-çom das necessidades que pade-ce o nosso povo e a classe traba-lhadora do nosso concelho coma conculcaçom da soberania na-cional por parte do Estado espa-nhol. Sem umha Galiza indepen-dente que decida livremente, osavanços que se podem atingirdesde as Cámaras Municipaissom reduzidos.

De que maneira pretendedesfavorecer a participaçom popular no vosso concelho?Fomentando a mobilizaçom po-pular e a luita para lograrmosconcessons dos organismos de-pendentes da Junta ou do Esta-do. A nível local por meio da cria-çom do Conselho Popular dePonte Areias que recolhemos nonosso programa. Som 3 eixos:O primeiro: a criaçom de Assem-bleias Populares de Paróquia nasque serám eleitas democratica-mente as pessoas delegadas, queassistirám como porta-vozes damesma ao Conselho. Nestas as-

sembleias a vizinhança expomas suas propostas para serem le-vadas ao Conselho e as suas po-siçons a respeito das questonsque seram tratadas no próximoPleno Municipal e que os e as de-legadas se encarregarám detransmitir.

O segundo: um Conselho Po-pular que constitui a reuniom doconjunto das e dos delegados dasparóquias para expor as propos-tas e os resultados das votaçonsde cada paróquia a respeito dotema a tratar no pleno.

E o terceiro: porta-voz no Con-celho. Os e as concelheiras elei-tas assumirám estas decisonssempre que nom contradigam osnossos princípios ideológicos.

Ponte Areias de Esquerda garan-te que considerará vinculativa adecisom do Conselho Popular elevará estas propostas ao Plenodo Concelho.

Qual será o vosso trabalho depois das eleiçons?Continuarmos aglutinando odescontentamento social no ca-minho de criar as condiçons paracontribuir desde Ponte Areias aosucesso da Revoluçom Galega.

Num Concelho tam polarizadopoliticamente como PonteAreias, qual é o papel do independentismo?A polarizaçom política influi masnem condiciona nem determinaas nossas tarefas e objetivos. Asdiferenças com o resto de forçassom evidentes e abismais. O de-safio radica em sermos quem demedrar, de continuar a somarforças e de incorporar povo tra-balhador às nossas coordenadaspolítico-ideológicas. Esse é o pa-pel que corresponde representarà esquerda independentista e so-cialista em Ponte Areias. Em ser-mos umha alternativa de comba-te para a luita de libertaçom na-cional e social de género.

“Propomos assembleias popularesnas paróquias para a vizinhança”

“todas fazemos ames,independentementede onde venhamos”

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A Festa das Letras é atividadeprincipal que realizades na asso-ciaçom. Quem a organiza? Por trás da Festa das letras esta-mos a associaçom cultural MonteBranco, juntamente com a Funda-çom Eduardo Pondal, com quemcolaboramos para aproveitar re-cursos. Ademais, neste ano come-moramos o 150 aniversário da pu-blicaçom nos Jogos Florais da Cru-nha do poema pondaliano A Cam-

pana de Anllóns, com o que a cola-boraçom tem todo o sentido.

Como nasce a ideia de começarcom umha celebraçom tam ambiciosa?No ano 1982 tivo lugar a primei-ra ediçom, com o objectivo de le-var os livros para a rua, num lu-gar onde, como na maioria do ru-ral galego, a gente nom tem fácilacesso à cultura. Desde logo de-finiu-se polo carácter festivo,centrando a Festa nos livros e oartesanato galego, para alémdoutras atividades culturais, co-mo foi já na primeira ediçom arepresentaçom dumha obra deManuel Maria. Ainda que con-servamos a mesma essência, adata mudou bastante desde osinícios, quando a celebraçom eramais modesta: dum dia de ativi-dades passamos para nove.

E qual é o programa deste ano?Neste ano, como já o vimos fa-zendo desde há algum tempo, aFesta dura nove dias, sendo o úl-timo Domingo o dia grande, deautêntica festa, quando se tiramos foguetes e todo a gente sai àrua celebrar a nossa cultura. Oelemento diferenciador que vi-mos incluindo desde o princípioé a homenagem a escritores vi-vos, sendo neste ano os protago-nistas Joam Babarro e Ana MariaFernandes, dous autores que ain-da que nom estejam no númeroum de vendas tenhem umha pro-duçom mui variada e interessan-te, para além de terem sido do-centes em galego mesmo quandoisto nom era o habitual. irám po-las escolas da zona falando comas crianças de todas as idades.

Ademais disto temos teatro,

magia, um monólogo de QuicoCadaval, concertos de música fol-que, umhas jornadas de profes-sorado sobre os sinos na literatu-ra, ou umha mostra das práticasque a mocidade da zona em-preendeu com relaçom à línguarecentemente. No fim-de-sema-na a atividade incrementa-se; te-mos um roteiro pondaliando muiinteressante em que está implica-do um grupo de moças e moçosnovinhos, que rematará com umconcerto de Milhadoiro às 12 danoite. Domingo, dia grande, terálugar a XXiX Feira do Artesana-to, com dança tradicional e unsgrupos musicais para as crianças.Som nove dias mui completos ede muito trabalho!

Afirmades que “a cultura nom éso terreno das grandes cida-des”. Na vossa opiniom, esque-ceu o soberanismo galego o ru-

ral no que atinge ao ámbito da cultura?Nom gosto de botar a culpa a nin-guém, mas é verdade que o ruralestá um pouco esquecido nestesentido. Todo o mundo enche aboca com ele, mas na realidadenom se aposta muito no trabalhoaqui, quiçá porque requer inicia-tivas de longa duraçom. A gentenom resposta de imediato; levatempo que te respeitem e valori-zem o que fagas, mas se o conse-gues vais ter muito envolvimentoe muito apoio. O que conta somos pequenos passos do dia a dia:envolver a gente, achegá-la a ám-bitos a que com probabilidadenom tenhem acesso. E se nom fa-zemos nós esse trabalho, nom ovai fazer ninguém. Apostamospor morar aqui, dignificando a vi-da no rural e cobrindo as eivasque poda ter, como a cultural.

E que diferenças encontradesentre o trabalho cultural nomundo urbano e no rural?O nosso é umha carreira de fun-do; se nom o focas assim tés osdias contados. Quiçá na cidadehaja mais gente nos projetosmas tenhem menos eco, porque

a oferta está mais diversificada ea populaçom é menos estável.Por outra parte, as iniciativas ur-banas adoitam ter mais fácil oacesso às ajudas porque sommais visíveis; nós tivemos queaguardar a consolidar o nossotrabalho sozinhos para começar-mos a ter ajudas.

O caminho no trabalho ruralestá menos definido; tivemosque mudar o leme várias vezes,mas o certo é que conseguimoscriar um espaço mítico de refe-rência, algo assim como um Ma-condo onde conflue gente cominteresses semelhantes aindaque nom more aqui. A nossa al-deia é pequeninha, mas quandocelebramos a Festa das letrasvém a gente nova dos arredores,e isso é mui gratificante. Pensoque umha das apostas maisacertadas foi a de trabalhar àmargem da política eleitoral,

que a gente vira que isto nom iaesmorecer porque ganhassemuns ou os outros.

Como valorizades o estado atualda cultura galega?A cultura de base está hoje umpouco esquecida polas institui-çons; escasseiam cada vez maisas ajudas. Quiçá por isso esteja-mos num ponto de inflexom inte-ressante, no que nos toca olhar ca-ra atrás e ver todo o que levamosfeito. No roteiro que che comenta-va, por exemplo, há umha dúziade jovens implicados, algo que eraimpensável anos atrás e que, sereparas, nom custa quase dinhei-ro. Com probabilidade, este é umbom momento para começar a au-to-organizar-nos através de asso-ciaçons amplas, criando projetosautónomos que funcionem em re-de. Para isto é interessante queoptimizemos recursos, por exem-plo, se umha associaçom tem pá-gina web, pode comparti-la comoutra da comarca, etc. Uns apos-tarám polo tradicional, outros po-la música mais moderna, outrospola literatura… E pouco a poucoiremos construindo e difundindoa cultura que queremos.

Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 201116 dito e Feito

“O rural requer iniciativas de longa duraçom; se nom o vês como umha corrida de fundo tés os dias contados”dito e Feito

xoSé maría varela é coordenador da aSSociaÇom cultural monte branco de couSo, PonteceSSo

“se nom nos ocuparmos nós do trabalhocultural no rural, nom o vai fazer ninguém”

“estamos num pontode inflexom: é a vezde olhar para trás e

ver todo o que temos”

O. rOMASANTA / Em vésperas da celebraçom das letras Galegas, a cultura galegasai dos teatros urbanos, dos auditórios e museus, para penetrar no rural. Xosé Ma-ría Varela, membro da A.C. Monte Branco, achega-nos umha iniciativa tam originalcomo veterana que demonstra a capacidade de organizaçom de grandes eventos

culturais com poucos recursos e muita vontade. Na aldeia do Couso (Pontecesso)celebra-se desde o ano 82 a Festa das letras, umha semana carregada de culturaem que se aposta por “morar aqui cobrindo as eivas que podamos ter” sem aguar-dar por nengum Messias que venha dignificar o rural.

“umhas das apostasmais acertadas foi

trabalhar à margemda política eleitoral”

XOSÉ MARÍA VARELA, no microfone

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José Pérez Pousa, avogado dosex-trabalhadores do histórico fa-bricante de produtos de cerámi-ca Grupo de Empresas Álvarez(GEA), que assessoram CCOO eUGT, repartiu o dinheiro das car-gas municipais que pesavam so-bre as vivendas da companhiasó entre os seus representados.Cerca de 500 afetados terám quereclamar agora judicialmente apercentagem que lhes corres-ponde dos quase 850.000 eurosem impostos que fôrom perdoa-dos polo Concelho de Vigo.

M.B. / A atuaçom do letrado viguêsdevolve à actualidade um conflitolaboral que tivo a sua máxima ex-pressom com o fechamento daempresa no ano 2001, quando fi-cárom na rua mais de mil traba-lhadores sem receberem saláriosnem indemnizaçons. A GEA, quefoi a primeira empresa da Galizaaté a chegada da Citroën, iniciaraa sua atividade como tal nos anos40, ainda que os seus primeirospasos remontem a 1927. Passadosquarenta anos, empregava 5.000e faturava por cima dos 5.000 mi-lhóns de pesetas.

Na atualidade, o grupo de ex-empregados representados polaCiG, formado maioritariamentepor mulheres, desenterrou o ma-chado de guerra depois de anos deprocessos judiciais. Em finais deabril manifestárom-se pola pri-meira vez diante do gabinete dePérez Pousa, na rua Colón de Vi-go, para protestarem. Denunciamque o advogado, que representa53,56% dos ex trabalhadores/as,negociou pola sua conta com o Go-verno local que preside Abel Ca-ballero (PSOE), o perdom dos850.000 euros das cargas das vi-vendas que fôrom poxadas parapagar parte das dívidas com as ex-empregadas. «Dérom-lhe os quar-

tos das cargas e o que ele fijo foientregá-los unicamente aos seusrepresentados”, indica Rafael igle-sias, secretário comarcal da CiGde Ponte Vedra, de onde som amaioria das pessoas afetadas.Neste sentido, lembrou que só temdireito sobre a parte que lhe cor-responde, 53,56%. “A percenta-gem restante - em que a CiG tem27,25%- pertence aos demais tra-balhadores e trabalhadoras, quetenhem os mesmos direitos que osque ele representa, que estám as-sessorados por CCOO e UGT”.

A Azkar tampouco quer pagarJá no mes de março mobilizaram-se diante da sede da companhia

de transportes Azkar no polígonoindustrial de Valadares, a recla-marem o cumprimento dos acor-dos de pagamento pola comprados terrenos que ocupava a fábri-ca em Cabral e Coruxo. A sua in-tençom é que a Subel, a imobiliá-ria do grupo Azkar que adquiriuas parcelas, lhes pague quandomenos um adiantamento de300.000 euros. A requalificaçomdo solo de industrial para urbani-zável está pendente do Plano Ge-ral. A empresa recusa-se, no en-tanto, a pagar-lhes a diferençadessa revalorizaçom do solo. Ale-gam –diz Rafael iglesias– que“nom estám de acordo, porque ti-nham atribuída umha quantidade

de vivenda privada mui superior,mas o Concelho de Vigo adjudi-cou-lhes um número maior de pi-sos de proteçom, por isso recorré-rom o PGOM. Os pagamentos fi-cárom entom pendentes do recur-so, mas nós reclamamos-lhes umantecipo já que o valor dos terre-nos é enorme”.

Sindicalista milionário e ‘pelotazos’ com a rumasaMas a controvertida história daGEA ainda oculta outras surpre-sas. Recentemente concluiu a in-vestigaçom judicial derivada davenda fraudulenta deste grupo deempresas por parte do institutoNacional da indústria (iNi), quedecidira adquiri-lo em 1976 porcausa da crítica situaçom que es-tava a atravessar devido à má ges-

tom dos seus proprietários, netosjá do fundador. O organismo pú-blico vendeu-no por 100 milhonsde pesetas à companhia Pickman,propriedade da valenciana Estu-desa, logo de ter investido 12.500milhons de pesetas para sanear ogrupo ceramista e dotá-lo de tec-nologia de ponta.

O processo motivou umha de-núncia dos ex-trabalhadores e sóresta marcar a data do julgamen-to, que chegará após 15 anos depesquisas para esclarecer se osargüidos cometérom um crime dealzamento de bens, apropriaçom

indevida e estafa. O ministério fis-cal sustenta que o pagamento daGEA chegou a fazer-se com di-nheiro da própria empresa e queos donos da Estudesa, principaisacusados, pretendiam obter umlucro ilícito com a transferênciado património da GEA para assuas companhias. Pede logo paraJosé Orozco Rodríguez Manche-ño e Mariano e Francisco Jimé-nez Ambel uma condenaçom detrês anos de cadeia para cada um.A acusaçom particular eleva o pe-dido para 22 anos e inclui tam-bém Enrique Tatay e Vicente Ma-ta entre os responsáveis. O pri-meiro foi a pessoa a quem os ou-tros três acusados vendérom aempresa, mentres que Mata, sin-dicalista da UGT valenciana, selucrou com a privatizaçom daGEA, recebendo 200 milhons depesetas de indemnizaçom aoabandonar a empresa, que dirigiudurante um tempo.

É curioso notar que os empre-sários agora acusados fôrom al-guns dos grandes beneficiados daexpropriaçom e venda do grupoRumasa, propriedade da famíliaRuíz Mateos. Graças à interven-çom estatal adquirírom a Pick-man por 10.000 pesetas e a TejarBalear por só umha peseta.

17a denÚnciaNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2011

Concluiu a investigaçom judicial derivada da venda fraudulenta deste grupo societário por parte do instituto nacional da indústriaa denÚncia

rePartiu 850.000 euroS daS carGaS que Fôrom PerdoadaS Polo concelho Sem contar com 500 aFetadoS

advogado de ex-trabalhadores do grupo álvarezdá dinheiro da empresa só aos seus representados

Os ex-trabalhadoresbeneficiados fôrom

assessorados por CCOO e ugt

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TRANSPORTES AZKARtambém se nega a pagarpola compra dos terrenos de Álvarez em Cabral e Coruxo

CONCENTRAÇOMCONCENTRAÇOMperante o gabinete doperante o gabinete doadvogado José Pérez Pousaadvogado José Pérez Pousa

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18 PaleStra Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2011

PaleStra a escolha de lois Pereiro para o Dia das letras abre o debate sobre a sua oportunidade: trata-se de um galardom à medida do personagem?

Há uns meses, recebim com gran-de alegria a nomeaçom de loisPereiro como a figura a que se-

ria dedicada o Dia das letras Galegas.Depois de anos de militáncia em movi-mentos em prol da normalizaçom lin-güística, muito duvidei sobre a utilidadeda instituiçom da Real Academia Gale-ga e também sobre a releváncia que de-veria ter um dia como o 17 de Maio. Po-rém, neste ano transmite-me optimis-mo. Em primeiro lugar, claro está, por-que desde sempre se tem outorgado ahomenagem da nossa língua a autores eautoras, mais poucas que muitas, que,ainda tendo umha enorme releváncia nonascimento e vida da nossa literatura,que tenhem prestigiado a nossa língua,som gente cujas últimas obras foram pu-blicadas há cinqüenta, sessenta anos,um século ou dous, transmitindo umhaimagem da nossa literatura como umfruito do passado, com poucos, aindaque dignos, continuadores. Dedicar oDia das letras a lois Pereiro é dedicá-loàs novas e novos literatos que conti-nuam a apostar na criaçom no nossoidioma, dedicá-lo a umha geraçom, emque quiçais entraria também o grupoRompente, que fijo muito pola pervivên-cia do galego durante os anos oitenta.

Mas a figura de lois Pereiro é muitomais do que já foi relatado. Na sua obra,achamos contínuas referências à dro-gradiçom, aos povoados onde mercavae consumia estas substáncias, lois Pe-reiro nom era umha pessoa sem estig-mas, senom que acho que contribuiuprecisamente para romper com estamarginalidade, a acabar com a imagemde drogadito como inadaptado social,fazendo ver este problema como algoque podia afetar a qualquer camada dasociedade. Mas para a minha considera-çom há mais, falar de heroína agoratransmite-nos duas ideias: por umhabanda, a do típico iónki e por outra, le-va-nos precisamente a esta época, emque surdia o movimento hippy, em queos mais famosos e influentes grupos demúsica falavam nas suas cançons sobre

o consumo de drogas, a experimenta-çom, o que agora se define com o eufe-mismo de boémio. Pois efectivamente,esta geraçom boémia, agora vista comumha perspetica romántica, criou umjeito mui particular de expressom artís-tica, e as poucas pegadas que podemosencontrar no nosso idioma som as obrasde lois Pereiro.

Um outro aspecto que fai que me ale-de pola nominaçom é que todas as pes-soas as que foi dedicado o Dia das le-tras, sempre foi salientado delas a suacriaçom meramente literária, mas delois Pereiro nom se pode agochar o con-teúdo político, já que marca parte da suaobra. Tinha ele um jeito mui particularde fazê-lo, sem propagandas nem reivin-dicaçons explícitas, mas chamando àatençom para a necessidade do compro-misso por parte dos poetas, para acabarcom umha criaçom cuja única funçomera o brilho pessoal.

É pois, em definitivo, um grande fitopara a “instituiçom” dia das letras Gale-gas que o seu protagonista seja lois Pe-reiro, porque dignifica umha figura dis-tinta, entendido isto como pessoa que fo-ge dos clichés habituais do artista, quegalardoa umha pessoa se introduziu nacriaçom dum modo pós-moderno, aco-plado ao seu tempo, e nom renunciou aoseu idioma. Mas também, que para o ca-so é o importante, dignifica também anossa literatura.

lois Pereiro e as letras distintas

Mauro Silva

Poucas poéticas e poucas trajetóriascomo as de lois Pereiro represen-tam valores mais antagónicos aos

tradicionalmente defendidos polas Acade-mias de letras, incluída a RAG. Poucos es-critores, por outro lado, oferecem cons-tantes tam sólidas para a reediçom do lem-brado manifesto 'Fóra as vosas suciasmans de Manuel Antonio', difundido poloColectivo Rompente em 1979 perante osfastos do Dia das letras Galegas dedica-dos ao poeta de Rianjo.

Num artigo publicado o ano passado emgalizalivre.org, propunha abordar o no-meamento de lois Pereiro como umhaquestom de confiança/desconfiança nafuncionalidade da RAG para o assenta-mento dumha comunidade cultural gale-ga que, mália às distintas ameaças experi-mentadas, persiste no seu processo deconstruçom. Neste quadro de pensamen-to, é necessário avaliar com severidade apertinência e a capacidade dumha Acade-mia que, fóra do tempo e das condiçons tí-picas em que as suas homólogas interna-cionais se consolidárom, apenas atopasentido na residualidade à que a condenao quadro político-administrativo vigente.

Esta palestra em torno a lois Pereiroserve tamém para pór em causa distintosaspectos relacionados com o 17 de Maio.O fundamental tem a ver com o escaso di-namismo demonstrado por umha fórmulaque mantém os princípios criados hai qua-se cinquenta anos e que, por estar centra-da na homenagem a autores/as mortos/as,escurece o protagonismo eventual dou-tros processos literários (publicaçom deobras, manifestos literários, criaçons ins-titucionais, etc.) e orienta boa parte da suaenergia para a dimensom memorialísticae para-hagiográfica.

Para quem considerar que o Dia das le-tras constitue umha oportunidade para aproduçom de conhecimento (académico,crítico, divulgativo) sobre a persoa selec-cionada, cumpre fazer umha crítica de-morada do tipo de conhecimento resul-tante da celebraçom. Assistimos, em pri-meiro lugar, a umha inflaçom editorial queevidencia as deficiências do setor e das

políticas culturais vinculadas com o mes-mo. Para além, a emergência simultáneade tam desmesurada produçom de obrasde e sobre lois Pereiro provoca a inexis-tência dum debate e dumha dialéctica realentre todas elas, quando nom o solapa-mento ou a condena à irreleváncia damaioria. Hai ainda um outro efeto perver-so da efeméride: a eventual clausura daatençom (crítica, leitora, didáctica, edito-rial) sobre o escritor do ano. Desconhece-mos onde será relegado lois Pereiro após2011, do mesmo jeito que ninguém ouviufalar nos últimos meses de María Mariño,Manuel lugrís Freire ou lorenzo Varela.

É esta a homenagem que merecia a poé-tica distinta, rebelde e descolonizadora delois Pereiro? A cultura galega, ainda nassuas vertentes mais iconoclastas e contra-culturais (palavra de moda), só é capaz demobilizar-se por imperativo institucional?

Tem-se argumentado a necessidade denormalizar a presença de Pereiro no ensinoe na historia cultural. Semelha esquecer-seque a normalizaçom, por exemplo na in-corporaçom aos discursos historiográficose escolares, tamém obriga a moderar e aneutralizar. ignora-se que o marginal e oheterodoxo nom se planifica desde as insti-tuiçons: surge da contradiçom e dos confli-tos. Porque, polo visto, e ao lado de iniciati-vas magníficas (nom deixem de escuitarOndas Martenot), normalizar a lois Perei-ro significa tamém (e doe) ceder-lhe a ca-deira ao Conselheiro de Cultura no bar Bor-razás (Corunha, 2 de Fevereiro de 2011),pensar como conter a náusea perante o dis-curso de Núñez Feijoo no 17 de maio.

Fora as vossas sujas maos (2)

isaac lourido

Obvia-se que ‘normalizar’Pereiro obriga a moderar e a neutralizar

O heterodoxo e o marginal nom se planificadesde as instituiçons

centroS SociaiSaguilhoarS. Marinha · Ginzo de Límia

arredistaCosta do Vedor · Compostela

c.S. almuinhaRosalia de Castro, 46 · Marim

artábriaTrav. Batalhons · Ferrol

atreu!S. José · Corunha

aturujoPrincipal · Boiro

a casa da estaciónPonte d’Eume

a casa da trigaP. Maior · Ponte Areias

c.S.o. casa do ventoFigueirinhas · Compostela

a cova dos ratosRomil · Vigo

FaíscaCalvário · Vigo

FervesteiroAdám e Eva · Ferrol

o FrescoBº da Ponte · Ponte Areias

a GhavillaPonte da Raínha · Compostela

Gomes GaiosoMonte Alto · Corunha

henriqueta outeiroQuir. Palácios · Compostela

c.S. lume!Gregório Espino · Vigo

mádia levaAmor Meilám · Lugo

Srcd PalestinaRua do Ril · Burela

o PichelSta. Clara · Compostela

a reviraGonz. Gallas · Ponte Vedra

a revolta do berbésRua Real · Vigo

a revolta de trasancosA Faísca · Narom

cSoa o SalgueirónZona Massó · Cangas

Sem um camRua do Vilar, 9 · Ourense

tarabelaDonramiro, 17 · Lalim

a tiradouraReboredo · Cangas

cS vagalumeR. das Nóreas, 5 · Lugo

cSa xogo descubertoR. Salvaterra, Coia · Vigo

cS a zalenváR. dos Carris · Ourense

Dedicá-lo a lois édedicá-lo às novas e novos literatos que apostam na criaçom

Pereiro chama ao necessário compromissopor parte dos poetasalém do brilho pessoal

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19mediaNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2011

Só durante 2010, a administraçom autonó-mica encaminhou 1.329.612 euros dos co-fres públicos para as caixas de rendimen-tos dalguns jornais do País, em troca de es-tes “darem a conhecer” as atividades detrês Conselharias. Segundo noticiou o El

País nas suas páginas para a Galiza, os con-vénios assinados polas Conselharias doMar, da Economia e indústria e do Traba-lho, mais a Secretaria-Geral da Emigra-çom, repartírom essa quantidade entre no-ve publicaçons, escolhidas de modo arbi-trário polas entidades públicas. Esta fór-mula evita assim o procedimento de distri-buiçom estipulado para a publicidadeinstitucional, que deve passar pola publica-çom no DOG, e para a qual som estabeleci-das umhas quotas que tenhem em conta adifusom dos diversos meios, que concor-rem em igualdade de condiçons.

Estes convénios, porém, som assinadosdiretamente entre as Conselharias e os jor-nais. Nos termos dos acordos, as informa-çons publicitárias elaboradas nom som apre-sentadas como tais. Fai-se desse modo pas-sar por jornalismo propaganda institucional,pola qual recebérom milhares de euros.

As quatro empresas mais beneficiadas,cada uma quais obtivo mais de 200.000 eu-ros em vários convénios, som a Corpora-ción Voz de Galicia, La Región, o grupo Edi-torial Compostela (editora de El Correo

Gallego) e o El Progreso.Estes meios comprometem-se, por

exemplo, a "promover um maior reconhe-cimento social dos ámbitos em que temcompetências a Conselharia da Economiae da indústria” ou “informar e difundir aslinhas de atuaçom que desenvolve esta en-tidade [a Secretaria-Geral da Emigraçom]em favor dos galegos no exterior". O restodos convénios vam redigidos em termossemelhantes e comprometem os jornais a

publicar informaçons referentes à adminis-traçom, sem que no texto do documento serespeite, sequer de palavra, a existência decritérios jornalísticos que poidam escusara publicaçom. A Junta compra discriciona-riamente, por convénio, espaço jornalísticopara as suas estratégias de comunicaçom.

dinheiro público para financiar ErEs“lamentavelmente, o jornalismo é o únicosetor económico que pode receber subven-çons públicas sem que as empresas devamgarantir sequer a manutençom dos postosde trabalho”. Assim se pronunciava, acom-panhando a celebraçom do Dia internacio-nal da Classe Trabalhadora, o Sindicato deXornalistas de Galicia (SXG). Num comu-nicado em que afirmavam que “no últimoano a prática totalidade de meios da Galizadespedírom informadores e informadorase reduzírom os rendimentos daqueles que

nom botárom”, apesar das “importantesajudas públicas, que continuam a fluir dasadministraçons para meios de comunica-çom social s sem quase controlo nenhum”.

De facto, as e os profissionais dos quatromeios que maiores subsídios do erário pú-blico recebérom em 2010 pola via de con-vénios antes dita padecem recortes sala-riais -no caso de La Voz de Galicia- ou des-pedimentos. Assim, servem-se de EREs La

Región, que deixava na rua trinta pessoasem finais de 2009, apesar de fechar esseexercício com ganhos, e as empresas daEditorial Compostel. O pessoal destas -àexcepçom dos diretivos- terá que passareste ano vários meses no desemprego.

A organizaçom sindical lembrava a pro-pósito disto que nom fora cumprido o com-promisso adquirido já em maio de 2008 po-los três partidos com representaçom noParlamento. Na altura aprovaram umhaproposiçom em que instavam o governo daJunta a vincular as ajudas aos meios à “lui-ta contra a precariedade laboral dos seusprofissionais” , bem como ao “uso do gale-go generalizado em todas as secçons”. Masnem o bipartido, nem o atual governo doPP, dérom desde entom um só passo quemodificasse a política de relaçom com osmédia herdada da 'era Fraga'.

media

A Junta entrega milhares de euros ajornais que fomentam precariedade

através de convénios, as Conselharias evitamo procedimento estipulado para a publicidade institucional

X.r. SAMPEdrO / Mais dum milhom deeuros em ajudas atribuídas arbitraria-mente aos média, eis o resultado dosdiversos convénios que organismosda Junta assinárom com periódicosgalegos no ano passado. Em virtudedeste acordos, as publicaçons com-prometem-se a ser porta-vozes dal-gumhas atividades da Junta e a faze-rem chegar ao seu público com o ca-rimbo de informaçom peças propa-gandísticas patuadas no papel. dian-te das críticas, o Governo Feijoo temdefendido publicamente as ajudascomo um mecanismo de apoio à ma-nutençom de postos de trabalho. Averdade visível, porém, é que as aju-das estám a ser empregadas, em to-do caso, para financiar despedimen-tos massivos ou para manter os lu-cros empresariais enquanto as e osjornalistas sofrem reduçons salariais.

Pactua camPanhaS de ProPaGanda inStitucional encobertaS como inFormaÇom

sam Caetano compra espaços jornalístico para

as suas estratégias de comunicaçom via acordos

notaS de rodaPé

Estávamos afeitos a receber emtempos de comícios locais a espo-

rádica visita de candidatos na sombra.Não figuravam em listas mais brilha-vam intensamente sob espécie deanúncio publicitário. Mensagens bre-ves acerca do milagroso negócio imo-biliário sobre um extenso território dedobre página, apenas ilustrado comuma grua, uma betoneira, uma barri-cada de sacos de cimento.

Seria irreal procurar nos própriosjornais, apavorados por tanto

alarde publicitário, qualquer explica-ção política do interessante fenóme-no. A tarifa de avisos nada tem a vercom a política, asseguram os empre-sários dos meios.

Nada? A cidadania padecedora dosmeios identifica com facilidade

quem som os protagonistas dos milio-nários anúncios, que responsabilidadetem na desconsertada invasão da peri-feria urbana e a que classe de sóciospaga com semelhante esbanjamentode tarifas publicitárias.

Mas esta campanha está a marcaruma mudança de anunciantes e

de sujeito anunciado. As gruas pro-curavam um trato de favor para oscandidatos mais explicitamente ou-sados a prol da maré de betão. isto,aparentemente, não causava qual-quer problema ético às empresas deinformação e ao seu compromisso deserviço público.

Por riba de nós passou o que The

Economist chamara o maior pro-cesso especulativo da história do capi-talismo. A Galiza sai dessa vaga com50% de andares vazios. Com as gruasparadas, são desta as instituições pú-blicas as primeiras a assumir o paga-mento de anúncios de campanha.

Não é raro ver estes dias num jor-nal a procissão das páginas do

candidato aspirante do PP seguido dasinformações contratadas por cargoseleitos do PSOE, aspirantes a não caí-rem do cavalo. Não se trata de anún-cios, mas de notícias. O estóico leitorsente saudades dos tempos em que asgruas pagavam com todas as da lei atarifa publicitária.

Especulaçãoeleitoral

emPreSaS beneFiciadaS Por convénioS com a junta em 2010

Corporación Voz de Galicia 269.005 euros

La Región 257.509 euros

Editorial Compostela (El Correo Gallego, ...) 243.000 euros

El Progreso 211.067 euros

Faro de Vigo 152.259 euros

Diario de Pontevedra 70.009 euros

La Opinión 58.274 euros

Rías Baixas Comunicación (Atlántico Diario) 50.000 euros

Editorial La Capital (El Ideal Gallego) 17.986 euros

galiza sai do processo especulativo com 50%

dos andares vazios

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Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 201120 a exame

“sem base teórica os movimentos nom podem ter caráter revolucionário”a exame

Quando nasce o vosso projeto?Nasce no ano 2010, na comarcade Vigo, arredor dum grupo demilitantes bastante novos, querondamos os 30 anos. Maiorita-riamente procedíamos do inde-pendentismo e do movimentoobreiro, tínhamos participaçomsindical. E já havia tempo que de-tetávamos certas carências nosmovimentos sociais.

A que carências te referes?A umha grande falta de base teó-rica. E sem base teórica, nós pen-samos que os movimentos nompodem ter carácter revolucioná-rio. A nossa intençom é recuperara achega do que chamamos, se-guindo a tradiçom, socialismocientífico, ou se preferires, mar-xismo-leninismo. E fazer tantoatividades de estudo como de pro-moçom deste método, para co-nhecer e intervir.

Já lançastes iniciativas?lançamos, si. Realizamos jorna-das de formaçom e editamos umprimeiro caderno com os funda-mentos do materialismo históricoe dialético, e preparamos vindou-ras ediçons. Além disto, vimos im-portantíssimo coordenarmo-noscom outros coletivos comunistasque buliam polo País. E isto en-tronca com a ideia do Foro deUnidade Comunista.

Nas vossas análises redunda-seno resgate dos clássicos do pri-meiro marxismo. Nom tendesreferências teóricas mais próxi-mas no tempo?Claro que temos, há leituras muivariadas, e algumhas mesmoatuais. Reivindicamos o valor depensadores e militantes comoJosé Miguel Beñarán Ordeñana,Argala, mui esquecido e subesti-mado; de Manuel 'Marulanda'Vélez, o fundador das FARC, fi-nado recentemente. Ou, numplano mais inteletual, de JamesPetras. Teimamos muito em re-forçar a teoria, pois sem ela asgentes nom vam afrontar as exi-gências dumha luita como a nos-sa. Sem teoria, venhem as des-moralizaçons e o abandono.

Como se constitui o Foro deUnidade Comunista?Antes de mais, queria esclarecerquais eram os critérios que nósprocuramos. Um deles, claro, é oposicionamento teórico ante arealidade. Mas como a teoria seprova na praxe, como é na praxeque aparece a verdade, nós andá-vamos também à procura dum es-tilo de trabalho. E queríamoscoordenar-nos com gente dum es-tilo de trabalho baseado na procu-ra da verdade: na atitude honesta,na coerência entre o que se diz e oque se fai. Por outras palavras,nem oportunismo nem taticismo.

Que perspetivas tendes?Eu nom podo falar polo Foro, maspor um dos coletivos que o for-mam. Podo, no entanto, dizer queaprovamos uns estatutos míni-mos, umha declaraçom pública, eque doravante imos centrar-nosna formaçom de todos nós e naapariçom pontual em situaçonsque o exigirem. Sempre com omovimento obreiro e sempre comumha posiçom independentista,que nós quigemos deixar mui cla-ra: a autodeterminaçom está bem,

claro, mas a autodeterminaçomnom abonda. É apenas um direitodemocrático. E o independentis-mo já é umha proposta política.

Vindes de diferentes tradiçons?Pois sim. Os companheiros da For-xa ou do PCPG, com quem parti-lhamos esta estrutura, tenhemumha experiência muito maior empolítica internacional, relaçons in-ternacionais; nós, em contraparti-da, temos mais experiência no in-dependentismo, de onde vimos.

A crise voltou a trazer à tona aqüestom social, mas a passivida-de domina. Que acontece?

Nós nom o reduzimos todo a umfactor. Está o subjetivo, mui im-portante, que explica que a gen-te esteja desmoralizada, afunda-da psicologicamente, pois aindavivemos uns tempos marcadospor velhas derrotas. Está tam-bém o feito de que vivemos naEuropa onde, ao contrário queno mundo árabe, as oligarquiasestám unidas e coesas, nom seabrem fendas. E depois tambémlevamos em conta o papel detraiçom das burocracias sindi-cais espanholas.

Na esquerda debate-se sobre ocarácter da crise: há quem assi-nale que é um ‘arrefecimento’pontual, outros apontam paratodo um colapso. Que opiniomtendes?Nós nom duvidamos: é a crisemais funda desde o 'crack' dosanos 30. E até mesmo fazemosparalelismos. Como acabou aque-la crise? Com os fascismos e iiGrande Guerra. Nom é difícilcomparar com os tempos de hoje,de ofensiva imperialista e recortedas liberdades. Há que se prepa-rar para tempos duros.

Na Galiza atuam vários movi-mentos sociais. Onde pondes asvossas esperanças?Para nós existem apenas douscom importáncia. Um é o inde-pendentismo. Movimento cativo,com poucos recursos, mas apesardisso com capacidade de traba-lho e influência. E outro é o movi-mento obreiro, grande, com re-cursos abundantes, mas controla-do por umha burocracia que te-me que fuja ao seu controlo. (Edizemos isto como filiados quesomos, sobretodo da CiG). Ummovimento tem o que falta ao ou-tro, e pretendemos contribuir pa-ra a evoluçom de ambos.

“a militáncia precisa de umha teoria sólida que permita afrontar as exigências da luita”

vítor batalhÁnS é membro do ateneu ProletÁrio GaleGo, inteGrado no Foro de unidade comuniSta

“Queremos recuperara achega do chamadosocialismo científico oumarxismo-leninismo”

“reivindicamos o valorde militantes como

argala ou marulanda”

A. SANTOS / Os cortes de direitos sociais nom trouxérom apenas cumplicidadedas grandes burocracias e fugida para a passividade. Em círculos dos movi-mentos populares, a entrada nesta vasta regressom propiciou realinhamentos

e novas iniciativas que vincam re-situar a proposta comunista. O Ateneu Prole-tário Galego, coligado com outras formaçons num Foro de Unidade Comunista,botou a andar recentemente. O NOVAS dA GAliZA fala com Vítor Batalháns.

“O Foro procura juntargente honesta, com

coerência entre o quese diz e o que se fai”

“realizamos jornadasde formaçom e

editamos um caderno”

VÍTOR BATALHANS,por trás da bandeira galega

com o punho em alto

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21em anÁliSeNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2011

O promotor é o mesmo que instalou um campo de golfe em méis e outro em Ferreira de Pantom em anÁliSe

H. CArVAlHO / A sociedade lCGDesarrollo & Gestión de Golf Sl,administrada por Rafael Sáenz-Díez Malvar, está a procurar fi-nanciamentos privados e apoioinstitucional para construir umcampo de golfe de 18 buracosnumha área de especial proteçomambiental localizada num espaçodunar de elevada biodiversidade,entre os montes de Feáns e a Si-radelha, na localidade peninsulardo Salnês. Esperam obter injec-çons monetárias para o projectoatravés de abonos com o objecti-vo de assegurar o apoio de 1.500pessoas, das quais já dim contarcom um terço. Beneficiam do su-porte da Deputaçom Provincial,presidida por Rafael louzán, bemcomo das associaçons empresa-riais da comarca, do alcalde da vi-la e de representantes da Junta.

O promotor é o mesmo que ins-talou um campo de golfe em Méis,a 20 minutos de Ogrove, e outroem Ferreira de Pantom acompa-nhado de instalaçons balneárias.

Em 2009 conseguiu que todasas forças políticas representadasno Concelho apoiassem atravésda assinatura dum documento“considerar a viabilidade” do pro-jeto como “hipotético motor daeconomia e sector turístico” poloque o instavam a obter os “relató-rios necessários favoráveis” dasadministraçons. No entanto, oBNG desmarcou-se posterior-mente da iniciativa e manifestoua sua oposiçom a que se pudessematerializar na área de proteçomambiental.

Amparo institucionalO hotel louxo da Toja, ilha gro-vense onde já existe um campode golfe, acolheu o ato de apre-sentaçom do projecto em 8 deAbril passado. Além dos promo-tores –Rafael Sánez-Díez e o seuirmao Jacobo– estivérom presen-tes representantes da Junta, daFederaçom Galega de Golfe, deentidades empresariais como aCámara de Comércio de Vila Gar-cia e do PP local. Se bem nomacudírom, o alcalde José Antonio

Cacabelos Rico (PSOE) descul-pou a sua ausência e a Deputa-çom certificou em datas recenteso seu apoio à iniciativa.

De facto, o organismo provin-cial preparara um estabelecimen-to hoteleiro de quatro estrelasjunto ao espaço onde queremconstruir o campo de golfe, nasinstalaçons que atualmente ocu-pa um centro vacacional dedica-do até hoje a atividades públicasde carácter lúdico e recreativo. Oprojeto da Deputaçom, denomi-nado A Pousada, é consideradopor boa parte da vizinhança gro-vense como o primeiro passo pa-ra abrir caminho para a constru-çom do campo, ao que serviria co-mo infraestrutura complementar,hipótese que ganharia força polacessom dos terrenos em proprie-dade do organismo dirigido porlouzán para a empresa promoto-ra do campo de golfe, conformeassegura o seu presidente. A Pou-

sada iria financiar de 1,3 milhonsde euros da Deputaçom para logocedê-lo em concessom a umha so-ciedade privada.

Aos apoios políticos e empresa-riais acresce o papel exercido po-lo Faro de Vigo, diário de referên-cia na comarca, que tem publica-do numerosas peças jornalísticaspromovendo o projeto e aludindoàs suas supostas bondades, en-

quanto reduz à mínima expres-som as vozes dos coletivos envol-vidos na oposiçom ao mesmo.

Oposiçom crescenteDesde que em 2006 os empresá-rios voltárom a teimar em tornarrealidade o campo na área prote-gida, ambientalistas e parte da so-ciedade local começárom a fazer-se ouvir, intensificando em 2009as atividades de denúncia da Pla-taforma Vicinal Nom Ao Campode Golfe na Siradelha. Posterior-mente, a plataforma juntava for-ças com a Associaçom CulturalFigueira do Meco e o ColetivoEcologista do Salnês, com o ob-jectivo de aglutinar a resposta po-pular. Mostrárom também a suaoposiçom a Sociedade Galega deHistória Natural, Amigos da Ter-ra, Greenpeace e a Sociedade Es-panhola de Ornitologia.

Na atualidade estám a promo-ver a recolha de assinaturas con-tra o projeto, um concurso foto-gráfico para salientar a relevánciaambiental da área ameaçada, as-sim como diferentes iniciativas di-

vulgativas e propagandísticascom o propósito de sensibilizarema populaçom e incrementar as for-ças contrárias ao campo de golfe.

“Compatível com o meio”Por parte do Coletivo Ecologistado Salnês, Marta lois declarou aoNOVAS DA GAlizA que é “impossí-vel compatibilizar o campo degolfe com os valores naturais”, oque contradiz aos promotores.Segundo estes, o respeito à rique-za da zona fica garantido polaplanificaçom, dado que nom usa-riam betom e os 18 buracos esta-rám ligados com passadeiras demadeira. Sáenz-Díez asseguraque “é compatível com o meio” edefende que a afetaçom ao espa-ço protegido nom prejudica “a in-tegridade do lugar” e estaria jus-tificado polo que considera “ra-zons de interesse público de pri-meira ordem”. Numha entrevistaao Grupo ES dixo que “nom sepodem deixar os terrenos mara-vilhosos da costa galega de mu-seu”, propujo ainda a abertura denovos portos desportivos e mani-festou-se partidário do viveiro daPescanova em Tourinhám.

Espaço altamente protegidoA legislaçom ambiental em vigor,no entanto, fai dificilmente viávela aprovaçom de umha declaraçom

de impacto ambiental favorável, àespera dos fios que poidam moveros poderes que apoiam os interes-ses dos irmaos Sáenz-Díez Mal-var. A área em que seria instaladoo campo de golfe foi declarada co-mo um dos lugares de importán-cia Comunitária dentro da RedeNatura 2000, assim como zona deEspecial Proteçom dos ValoresNaturais pola Junta da Galiza. Es-tá protegida pola Convençom so-bre zonas Húmidas (Ramsar) deinteresse ambiental e foi declara-da como Área de Especial Prote-çom para as Aves. O sistema du-nar rampante que vai das áreas li-torais às florestais é um dos pou-cos que se conservam na Penínsu-la ibérica e na zona vivemespécies de fauna protegida –co-mo o sapinho de esporons– e floraassociada às zonas húmidas deelevado valor ecológico.

Os coletivos opositores negamque vaia ser umha fonte de ri-queza e de emprego, denunciamos gastos de dinheiro público es-perados polo apoio conseguido,criticam a “privatizaçom de ter-renos públicos e comunais” e as-seguram que implicará um ele-vado consumo de água nas épo-cas estivais, em que a própria lo-calidade e a comarca estám a so-frer restriçons no abastecimentodevido à importante chegada deturistas nos veraos. Referem ain-da que a utilizaçom de fertilizan-tes, herbicidas e outros pestici-das danariam a riqueza ambien-tal da zona, para além do eviden-te impacto da própria constru-çom da infraestrutura sobre omeio ambiente e a paisagem,prejudicando os que consideramrelevantes aproveitamentos tu-rísticos desta zona, ligados à suariqueza natural.

Promovem campo de golfe em espaço dunarprotegido de Ogrove com o apoio da Deputaçom

raFael SÁenz-díez malvar conSeGuiu o reSPaldo da corPoraÇom municiPal Para a Sua tramitaÇom

a Deputaçom vaiconstruir um hostal deluxo onde os terrenos

Materializar o projeto de campo de golfe entre os montes da Siradelha eFeáns em Ogrove é o grande sonho de rafael Sáenz-díez Malvar, conformeas suas próprias declaraçons. O empresário, impulsor do campo de Méis edo de Ferreira de Pantom, assegura contar com a cessom dos terreos ondeiria localizar as instalaçons, dos que 80 por cento estám em terras da Co-

munidade de Montes de Sam Vicente e 20 por cento pertencem à deputa-çom de Ponte Vedra. Num ato promocional do projeto, representantes daJunta e do PP municipal firmavam o seu apoio à iniciativa, junto a entida-des empresariais, a Cámara de Comércio de Vila Garcia, a Federaçom Gale-ga de Golfe e a antedita comunidade de montes em mao comum.

O silêncio da Junta eo apoio do alcalde e aComunidade de montes

avalizam o projeto

RAFAEL SÁENZ-DÍEZ,no centro da foto,

é o impulsor do projeto

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22 cultura Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2011

cultura nOVas Da galiZa e Komunikando.net reúnem três músicos para analisar a cena galega e valorizar a sua projeçom e os reptos que enfrenta

Olhando a cena musical: sem recursospara luitar contra a indústria espanhola

artiStaS criticam a Falta de avanÇoS na conStruiÇom dum eSPaÇo PróPrio

Comecemos fazendo umha pers-petiva da cena musical galega.Miguel Mosqueira: Primeiro, aomeu ver, haveria que reduzir ocampo aos grupos que cantamem galego ou, em todo o caso, di-ferenciar: Tony lomba e Elio dosSantos para mim som mais gale-gos que iván Ferreiro. Para alémdisto, penso que de cinco anos pa-ra aqui há mais grupos e mais gé-neros, se calhar polas facilidadesque deu o Governo anterior noque diz respeito a difusom, às aju-das e à distribuiçom. Mas agoradesaparecêrom, e as bandas ficá-rom perplexas, ainda que achoque muitas continuam a funcio-nar, de modo autogestionado. Nofuturo penso que se vai enrique-cer a cena.Martin Wu: Eu acho que estamosmais ou menos como sempre.Quiçá sim houvo um momentoem que parecia que havia muitosgrupos e muitos estilos, mas ago-ra estamos todos como com osánimos baixos, quase igual quequando eu comecei: com os mes-mos problemas, os mesmos sítiosonde tocar e, por desgraça, a mes-ma gente nos concertos, mas comas entradas mais caras. Aliás,acho que nom há um relevo gera-cional suficiente.Davide S. Outeiro: No que dizrespeito à música galega, concor-do com o Miguel em diferenciá-lade “galegos que fam música”.igual que na escrita ou no audio-visual, aqui o importante é nom

desvincular a música do resto dasartes, já que assi nom temos um-ha visom global do problema: quea nossa língua é ameaçada. Háquem tem interesses por ir desar-ticulando este povo nos seus va-lores comunais. É certo que como Bipartido se começara a gerarmeios e canais para passar da re-sistência e chegar ao público, masa gente optou por nom apoiar es-sas políticas. É importante acharumha linha de fuga que nos per-mita sortear o bloco estático daindústria cultural espanhola naGaliza. Há quem está optando porir diretamente para lusofonia.M.M.: Ao melhor isto ajuda a serotimistas: se um compara a músi-ca galega com a literatura ou oteatro, vê que estas duas, aindaque tenham pouco público -cousaque nom é devida a que estejam

em galego, senom que nom somgéneros de massas-, estám maisreconhecidas institucional e so-cialmente. A literatura em galego,que era algo totalmente marginal,foi-se prestigiando. Mas a tradi-çom musical em galego é mui re-cente: até os 80 nom existia popnem rock em galego. Na Galizatemos que ir construindo essa tra-diçom, e saber que os discos queestamos a fazer agora, que se ca-lhar nom tenhem muita repercus-som, talvez se convertam dentro

de uns anos em tijolos da cons-truçom dessa tradiçom musical.

Que há dumha possível “indús-tria cultural galega”?M.W.: No folk há gente que, maisou menos, pode viver da sua mú-sica. No que se refere ao pop ouao rock, nom. Nom há nem selos,nem distribuidoras, e as poucastentativas que houvo de criá-los,fôrom abaixo. A cousa está difícil:nom se vendem discos, e nós vol-tamos auto-editar-nos, cousa quetampouco está tam mal, porqueche permite fazer o que che dê agana e cair tu só, se é preciso. Noque se refere ao nosso, para mimnom existe nengumha indústria.Nós vamos ensaiar quando saí-mos do trabalho, editamos quan-do podemos, e tiramos discosquando juntamos o dinheiro: isto

é algo que se fai com muito vo-luntarismo. Eu nom sei viver deoutra maneira. O ideal seria po-der trabalhar na música, e nomdedicar-me a isto como meu paise dedica ao ciclismo, mas agoraé impossível.D.S.O.: Eu volto ao mesmo: nomhá interesse em que haja uma in-dústria nem em que este país es-teja normalizado culturalmente.Este caminho conduz a que fiquegente fazendo cultura histórica, enom cultura viva. Enquanto ospolíticos nom tenham vontade deproteger isto, de subvencioná-lo,estamos a competir em desigual-dade com o mundo espanhol.M.M.: Por ser um pouco mais oti-mista, penso que, ainda que oscondicionantes som contra -asinstituiçons públicas e privadas,os meios, as salas ou os manager-a populaçom pode ser permeávela referentes que cantem em gale-go. Quando eu estava no instituto,passaram-me umhas cintas d'OsResentidos -naquela altura, ano1998, nom se falava quase deles-,e foi-me criando, consciente ouinconscientemente, um desejo deimitaçom. Nos últimos anos hámuitos grupos de rap que cantamem galego, suponho que em partepolo facto de aparecerem em fi-nais de 90's grupos como Non Re-sidentz ou Ghamberros. E na Bar-bança os Heredeiros tiveram pra-ticamente mais influência que osRolling Stones!D.S.O.: Mas continuamos a estar

martin Wu: “temosos problemas de

sempre, e a mesmagente nos concertos”

guitarrista da banda ataque escam-pe, formada em Compostela em2001. tenhem editado cinco discos.no último, -Violentos anos dez-, aca-badinho de sair, fam umha aproxima-çom às músicas negras do sul doseua, especialmente ao soul. a banda,que ganhou o Prémio gz Crea em2007, foi formada no ambiente estu-dantil compostelano baixo a etiqueta de “rock de série b”, mastenhem evoluído musicalmente de modo abismal nesta década.Dêrom concertos na Polónia, Portugal ou Catalunha.

A.R.G - X.R.S./ Juntamos numha cafetaria da zona velha compostelana dous mem-bros de conhecidas bandas do panorama musical galego e um ex-componentede um grupo mítico dos últimos 90's. Gente que leva décadas a tocar, o tempoque lhe deixa o resto da vida, e gente que há nada tirou o primeiro disco. Todos

três debatendo sobre a cena musical galega, os reptos a que se enfrenta e ospossíveis caminhos polos que seguir. Apresentamos um resumo de umha longaconversa que o NOVAS organizou junto com Komunikando.net. O vídeo do debatepoderá ser visto em breve na rede, graças à colaboraçom de Galiza Contrainfo.

“a populaçom continua a ser permeávela referentes que cantem em galego”miguel mosqueira Fociñoslalim, 1982

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Foi vocalista de xenreira, banda for-mada na estrada em meados dos anos90. apesar de editarem só um disco(Érguete!, 1996), xenreira continua aser considerada como umha das ban-das míticas do punk galego (ainda quetocárom muitos estilos, do ska ao reg-gae, e do funk ao soul), ou do que elesmesmos deram em chamar “rock ir-mandinho”, um estilo muito comprometido politicamente. naatualidade faz parte do projeto Fílmika galaika, e continua a com-por bandas sonoras para produtos audiovisuais.

“É importante reforçar os laços com a lusofonia em todos os ámbitos”Davide seném Outeiro rodríguezsantiago, 1974

martin Wu é vocalista e guitarrista dabanda the homens desde 2004. Co-meçou a tocar a trombeta na bandade música da sua vila e foi passandopor quase todos os grupos do rock deburela dos anos 90. Já em Composte-la, fijo parte de bandas como Fameneghra -com a que gravou O neno car-burador, em 1998- ou Póllegros, paraalém de colaborar com xenreira. the homens tenhem cinco dis-cos editados -estám a trabalhar no sexto-, e fôrom de gira por Ca-talunha, euskadi, alemanha, Portugal ou Polónia.

“a pressom da indústria deixa muitosgrupos fora e cria uniformidade”martiño suárez Fragaburela, 1978

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23culturaNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2011

numha situaçom de resistência.Há referentes, mas continua semhaver um grupo galego que en-cha Balaídos ou Riazor. Continuasem haver quem programe músi-ca galega na rádio e na TV, conti-nua sem haver selos que apostemgrupos, apresentaçons e distri-buiçom como está mandado, econtinua sem haver umha apostado ente público e privado por ge-rar relevo. Queiramos ou nom, es-tamos numha economia capitalis-ta. Agora mesmo, a música emgalego continua a estar no under-

ground. Há resistência, sobreto-do graças à internet, mas isto aju-da a um auto-consumo de unspoucos consciencializados. Que-remos entrar no mundo das dis-cográficas e da indústria cultural?Queremos continuar a trabalharno underground e fortalecê-lo?Criar redes mais sólidas onde agente poida trabalhar sem a an-gústia de fazê-lo para umha mul-tinacional? Para mim está claroque este é o melhor caminho.

Quais som as carências de infra-estrutura mais importantes?D.S.O.: O mundo do trabalho mu-sical mudou radicalmente, aca-bou-se o tema de necessitar umsuper estúdio, um produtor ouinstrumentos espetaculares, por-que agora qualquer pessoa podegravar um disco na sua própriacasa. Continua a faltar a distribui-çom e a promoçom.

M.W.: Nom é tanto procurar umlocal de ensaio, porque sempre ohás encontrar, ainda que seja difí-cil; e hoje em dia qualquer guitar-ra, até as mais baratas, afinam -oque nom passava quando come-çamos a tocar-; e nom há que pa-gar um dinheiral para gravar umdisco. O problema é, umha vezque já tés um disco, e queres to-car por aí, como fazer-te visível?Num momento em que, provavel-mente haja mais grupos dos quehavia antes. Sobretodo, o que háé muita mais pressom da indús-tria sobre a rapazada, e isto deixacompletamente à margem gruposmais pequenos, ou outro tipo degrupos. A uniformidade no quetem a ver com a música pop émuito maior agora do que era an-tes. Antes, no meu instituto haviaaté algum gótico: agora todos, ouquase todos, som de Rihanna, oudo que toque. O difícil é, daquela,chegar além, umha vez que tés atua cançom.M.M.: O que se demanda sobre-todo é promoçom, e esta tem quevir de umha agência ou estrutu-ra que saiba manejar-se nesseterreno. Porque senom enviasumha nota de imprensa em quecontas que tiras um disco e saiem dois meios de 40. E sendo in-visível, nom te vam escolher pa-ra tocar em parte nengumha.Mas também nom se pode aspi-rar a encher Balaídos -poucosgrupos encheriam Balaídos- e a

grande indústria é algo que tam-bém nom nos deve interessar. Háque ter em conta que a indústriaque nom é ultra-underground,que é algo alternativa, tambémnom move umhas cifras escan-dalosas. O caso é criar umha pe-quena indústria, que chegue aesse público, que chegue paraencher festivais como o VigoTransforma ou o de Ordes.

Neste sentido, a Rede pode servista como umha plataformareal para a promoçom dos gru-pos, ou o que realmente conti-nua a fazer falta é o dinheiro?M.W.: Eu acho que, com todas asfacilidades de que falávamos, amúsica independente terminoupor se converter no mainstream

de hoje em dia, e apesar disso, re-duziu o campo. Se queres sair nasrevistas indie de referência, tésque pagar o anúncio, e ao final es-tamos nas mesmas. Eu acho quecom todas as possibilidades quetés de encontrar muitos grupos,sem mover umha vírgula do esti-lo que tu gostas, há muita maisuniformidade.

D.S.O: Os grupos pequenos sominvisibilizados para que nom che-guem à sociedade, que está a sernutrida de outros contidos que es-tám em essa lavadora que nomcessa que é o mercado capitalis-ta. Esta é a realidade contra a quehá que lutar. As fórmulas da redefôrom umha revoluçom total, demeio, e as tuas cançons pode ou-vi-las agora todo mundo. Queacontece? Que a empresa capita-lista também se deu conta disto, eos melhores portais de músicasom das suas empresas. Tenhemmui claro como vender produtos:dá-lhes igual que seja um pacotede tabaco que um grupo de músi-ca. E está sendo dificílimo lutarcontra eles, em todos os frentes.M.M.: No caso concreto da Músi-ca, está o ámbito supra, que moveestes artistas para adolescentes, edepois está o ámbito mais de pe-quena empresa. Nesse campomais pequeno, digamos da músi-ca alternativa, é mais singelo en-trar. Mas para isto há que ter ummínimo de capacidade de influên-cia, que normalmente vem dadapolo dinheiro. E isto na Galizanom existe. Também porque aosmeios de comunicaçom nom lhesinteressa nada que cheire a gale-go. Olha para bandas coma Ma-nel ou Antònia Font, que se pugé-rom de número um nas listas doEstado e estám a vender uns doismil discos, e se calhar editamnumha discográfica para a quetrabalham três pessoas. isso seriapossível na Galiza, mas o queacontece é que esse pequeno sal-to, de zero a dous, ainda nom sedeu. Também é certo que ali -emCatalunha-, tenhem meios de co-municaçom afins.

M.W.: E tenhem um mercado in-terno que aqui nom temos.D.S.O.: Sim, em todo o caso a nor-malizaçom do catalám em Cata-lunha nom tem nada a ver com ogalego na Galiza, e a indústriacultural catalana leva-nos muitosanos de vantagem. Mas voltamosao conceito “resistência”: os mú-sicos galegos levam toda a vida apôr sacos nas barricadas e o úni-co que fazemos é escorar as defe-sas. A cultura e a língua é funcio-nalidade, isto está claro, daquela,para que um jovem veja funcio-nal a sua língua, -para que optepor ela e nom por outra-, tem queter uns referentes e uns meios,também de consumo. E há aquem lhe interessa cortar essesmeios de consumo.

Numha época que se vê bemcomplicada, como fazeis paradar concertos? M.M.: Nós estamos pendentes dotelefone, porque agora temos quechamar nós. Para apresentar o úl-timo disco pugemos-nos em con-tacto com várias salas e respos-nderom bem, exceto na Sala Kar-ma, onde nos dixérom “no pro-gramamos música en gallego por-que no viene gente”. E estaafirmaçom, “nom programamosporque nom vem gente, ou nomvem gente porque nom progra-mamos?, o que agacha é certaaversom à música em galego quese estende a outros sectores.M.W.: Nós ao começo defendía-mos que cantávamos em galegoporque nos saía, mas afinal re-sultou que só a nós nom nos im-portava. igual que há gente quete escuta por militáncia, aindaque as tuas cançons lhes pareçamterríveis, também há muita genteque te deixa de escutar, precisa-mente por isso, por cantares emgalego. É curioso, mas preferemescutar Sigur Rós, que se lhespercebe bem mais...D.S.O.: Volto ao mesmo: isto só olevanta umha política combina-da, pública e privada. Mas eunom vejo vontade de fazê-lo.Sempre houvo bons grupos emgalego, mas som ignorados. Evolto a dizer que é muito impor-tante reforçar os laços com a lu-sofonia, mas nom só na música,também na literatura e o teatro.E em dupla direcçom: tambémrecebendo os produtos culturaisque dali venham.

D.s. Outeiro: “estamos como há

20 anos, num papelde resistência”

m. Wu: “também hágente que te deixa

de escuitar por cantares em galego”

m. mosqueira: “tirarum disco nom é o

complicado: o que seprocura é promoçom”

m. mosqueira: “a grande indústria é algo que nom nos

deve interessar”

D.s. Outeiro: “nom importa que este país

esteja normalizadoculturalmente”

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Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 201124 deSPortoS

autODeterminaçOm

DireitO De autODeterminaçOm, um POtenCial DemOCrátiCO

texto de henrique del bosqueZapata, prologado por uxío-breo-gán Diéguez Cequiel

editam: Causa galiza e a Fenda8 euros (com os gastos de envio)breve e acessível manual sobre

o direito de autodeterminaçom e asua aplicaçom na galiza

Versom em norma agal e rag

atlas históriCO

atlas históriCO Da galiZae do seu Contorno geográfico e Cultural

texto de José manuel barbosaDesign gráfico e ilustraçom de José

manuel gonçales ribeira50 euros (gastos de envio incluídos)edita: edições da galizaamplo percurso pola história da gali-

za através dos diferentes mapas de ca-da etapa a toda a cor

solicita-os em: [email protected] ou no telefone. 692 060 607

O COntO DO aPalPaDOr

textos de lua sende e alexandre miguensilustraçons de leandro lamas15 € (gastos de envio incluídos)editam: edições da galiza e

a Fenda editorialCuidada ediçom para criançasque aborda a figura do mítico personagem natalício34 páginas, 12 ilustraçons, tampas duras

d deSP

orto

SFluvial de luGo conquiSta Primeira jornada

De mútuo acordo, José Antonio lobe-lle e Alemão assinárom o fim dumcontrato que durou oito anos. O brasi-leiro deixa na capital da Galiza váriostítulos, o carinho dos siareiros e bonsamigos. Ainda sonha com conseguir ofinal da liga com o lobelle.

O Cidade de lugo Clube Fluvial do-minou a primeira jornada do campeo-nato espanhol de triatlo por relevosrealizado na Corunha. Gómez Noiafoi determinante na prova masculina,enquanto Aida Valiño e Saleta Castrosobressaírom em mulheres.

alemão deixa o lobelle Para retornar ao braSil

XERMÁN VILUBA / Sofredores deumha pantomina eleitoral mais, alNB nom pode, como opinam al-guns ilusos, olhar para a outro la-do. O palanador é um ser social,ainda que muitas vezes acusadode anti-social, portanto deve serreconhecido todo o mérito a todosaqueles e aquelas que decidemtentar entrar nas cámaras munici-pais através da referencial Candi-

datura do Povo, portando os pa-láns e bilhardas para apoiar e fi-nanciar esta revoluçom imparável.

Assim, como o grande pelotarieuskaldun, Peio Martínez de Eura-

te, que se apresenta de númerodous nas lista de Bildu em irunha,afrontamos os grandes reptos dodesporto basco e galego com um-ha olhada social e política, isto éalgo irrenunciável para pelotaris epalanadores e inerente à sua con-diçom como tal. Outro condicio-nante irrenunciável é a apaixona-da e festeira visom dos Abertos,sobretodo quando estes se reali-zam em terras de vinho como é ojá mítico Aberto do Jarro do Sal-

nês. Vinho, bilharda e pregariasimpossíveis frente à Capela das

Angustias… essa foi umha dasmáximas que se baralhárom esempre se baralham neste encon-tro, especial mençom à impres-sionante gira de furanchos emque para além da mera ingestomde líquidos, também se partilhacom os lábios tingidos de violeta

e se estabelecem as coordenadasde acçom da serpente multicorem contínua e imparável expan-som e movimento.

A vitória foi para o palanador in-dígena do Salnês, Xan Rodiño, denovo ensombrada pola fantasmada nom dopagem neste aberto do

Jarro. A máxima, um ano mais, foiclara e evidente, os abertos nom sejogam apenas quando a bilhardacomeça a saltar, joga-se desde queum se ergue até que um se deita,oito dias à semana. É assim que va-mos ter que estar porque com in-sónia e com a ingestom de vinho e

substáncias ilegais é quando mel-hor trabalha a cabeça para articu-lar os estalos referidos à figura doCoroceiro Nacional que podedesver no espaço www.latri.ca, ondeestá em andamento um explosivoconcurso que premiará com espe-taculares espigas de Milho Corvo

e com umha garrafa de licor caféao melhor micro-relato bilhardei-ro. E será em Conjo, no próximo29 de maio, quando o Coroceiroapareça em cena, já que tomará afigura do campeom nacional nacerimónia de entrega de prémiosno Estornópolis de Conjo, que um-ha vez mais se converterá no tea-tro dos sonhos para decidir quemserám os atuais campeons nacio-nais nas quatro categorias em jo-go: equipas, varados, feminina eabsoluta....vemo-nos em Conjo!

O coroceiro nacional vai emergir de entre as gestas eleitoraisna grande moinhada de Conjo no próximo dia 29 de maio

eStÁ em andamento um exPloSivo concurSo que PremiarÁ o melhor micro-relato bilhardeiro com eSPiGaS e licor-caFé

em Compostela disputarám-se as finais das quatro

categorias em jogo

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25deSPortoSNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2011

A estratégia do PP para acabar com o Jacobeu Galiza

a maioria doS corredoreS da equiPa FicÁrom no deSemPreGo

PreParam um novo modelo de equiPa

A. RUA NOVA F. / Trás muito esfor-ço, e constáncia, após dous 5º eum 4º posto, em setembro do ano2010 Ezequiel Mosquera alçava-se com o segundo caixom na“Vuelta a Espanha”. Foi um mo-mento doce para o teense em par-ticular e para o ciclismo galegoem geral, mas a alegria nom du-rou muito. Com a continuidade daequipa ciclista profissional galegano ar, enquanto os ciclistas daequipa e milhares de seguidoresse concentravam na praça doObradoiro a favor da continuida-de da equipa, era filtrada à im-prensa um resultado anómalo to-pado nas análises feitas a Mos-quera. A nova foi conhecida antespolos meios que polo próprio des-portista (deve ser o primeiro econhecer a informaçom), e serviucomo estocada definitiva ao Jaco-beu Galiza. Surpreendia a estran-ha coincidência, mas hoje sabe-mos, através de fontes fiáveis, queas coincidências nom som ca-suais. A popularidade do JacobeuGaliza era imensa entre os/as sia-reiros/as galegos/as, e procurou-se criar umha cortina de fumocom a que agachar a decisom dogoverno do PP na Junta da Galiza

e o secretário geral dos despor-tos, José Ramon lete.

Casos anómalos e semelhantesaos de Mosquera acontecem cen-tos cada ano, e nom som feitos pú-blicos exceto que se confirme quesom realmente positivos. Se estecaso tornou público, como apon-tam fontes consultadas, foi alega-damente pola própria vontade daFederaçom Espanhola de Ciclis-mo, em que trabalha um familiarde José Ramon lete. isto explica-ria os escuros interesses da filtra-gem à imprensa, umha autênticamanobra política que abalasse aimpopular decisom do PP de li-

quidar o Jacobeu Galiza. Comoconsequência, a maioria dos co-rredores galegos da equipa ficá-rom no desemprego, e EzequielMosquera foi apartado proviso-riamente da sua nova equipa, oVacansoleil holandês, e viu-se en-volvido numha batalha judicialpor demonstrar a sua inocência.lembremos que o resultado docontrolo a Ezequiel nom foi posi-tivo, foi “nom conforme”, isto é,encontrou-se hydroxyethyl, um-ha substáncia nom dopante em simesma, senom que pode ser usa-da como máscara doutros produ-tos proibidos. No passado 28 deabril a UCi (Uniom Ciclista inter-nacional) decidiu nom sancionara Ezequiel, ao comprovar que asubstáncia nom penetrou no seuorganismo pola via parenteral,tampouco encontrou nengum in-dício de dopagem em novas aná-lises. Assim, a UCi trasladou o ex-pediente aberto à Federaçom Es-panhola de Ciclismo para que to-me a decisom final; essa é a mes-ma Federaçom que decidiuabsolver o Alberto Contador apósum positivo e que se mantém semse pronunciar sobre Mosquera,absolvido pola UCi.

A. RUA NOVA F. / O futebol de se-gunda pode retornar à Galiza in-terior. Trás a queda em picadodo CD Ourense, o lugo assomade novo à divisom de prata, re-memorando os sucessos da pri-meira etapa da década de 90.

A equipa de Quique Setiéncertificou a sua participaçomna promoçom vencendo na ca-sa o Celta B; de conseguiremmais dous pontos nas jornadasque restam, os lucenses joga-rám a fase de ascenso comocampeons de grupo.

As fases de ascenso mais re-centes que jogou a equipa ver-melha e branca fôrom na passa-da década, mas tratava-se depromoçom à segunda B. Foi pre-cisamente a promoçom de 2005-2006 a que o levou à categoriaem que milita hoje. Na altura,Juan Fidalgo dirigia a equipa.Bastante mais atrás no tempo,na primavera de 1992, o lugoconseguira a ansiada categoriada segunda divisom ao derrotar

o Sant Andreu e despertar a eu-foria na cidade das muralhas.

Neste mês de maio, já sompoucas as dúvidas que restapor despejar. Até o momento, oCD lugo de Setién caracteri-zou-se pola regularidade nosresultados e a determinaçomde um jogo vistoso baseado na

possessom da bola. Este mode-lo terá que enfrentar-se a partedas dezasseis equipas que vamdisputar as quatro vagas para oascenso. Ao fecho desta edi-çom, ainda nom se conhecia oresultado do sorteio que con-formará cada um dos quatrogrupos da liguinha.

REDAÇOM / Aconteceu ao final dojogo do Desportivo contra o Athle-tic de Bilbao, que permitia a per-manência em primeira divisom daequipa corunhesa. As testemun-has falam de meio cento de pesso-as feridas e polo menos duas deti-das. Galicia Confidencial, o pri-meiro meio em informar do acon-tecido, assegura que se pujo emcontacto com a Delegaçom do Go-verno “para tentar saber os moti-vos desta carga”. Ao fecho destaediçom, ignoravam-se ainda osmotivos da carga.

Proliferárom aginha, através dainternet, as denúncias do aconte-cido Em Foro Riazor, lugar de en-contro virtual de siareiros e siarei-ras do Dépor informárom queapós o partido repetírom-se as car-gas. Umha pessoa critica que mal-három numha “moça que estavasentada tomando umha canha”

que “pouco menos que a apaleá-rom, já metérom contra umha pa-rede e dérom-lhe até se aborrece-rem e por riba levárom-na esposa-da porque protestou”. Outros sia-reiros recordam que no anteriorpartido, em Gijón, também foramalvo de um ataque totalmente irra-cional da polícia espanhola.

reaçonsA prática totalidade dos meios em-presariais, com excepçom do Xor-

nal, optárom por ocultar este epi-sódio de violência policial. As úni-cas declaraçons que fijo Javier lo-sada, eludírom qualquer mençomàs cargas, e limitárom-se a falar dapermanência do Dépor na primei-ra. Em troca, o candidato do XoséManuel Carril, criticou a carga, eanunciou que o Bloco perguntaráno Congresso dos Deputados so-bre esta questom.

REDAÇOM /Conflitos na massa so-cial, descontentamento na grada,desavenças na diretiva, dificulda-des para topar o treinador adequa-do e, finalmente, descenso. O Pon-te Vedra confirmou o seu retornoà terceira divisom, num choquesem glória ante o Guadalajara dis-putado no estádio de Passarom.Os cinco golos recebidos acres-centárom a aldragem.

Os próprios jogadores recon-hecérom que este cenário “hátempo que se via vir” e pedíromdesculpas aos siareiros. Mesmofutebolistas como Rubén Reyes

confessárom que “o grupo so-freu muitos paus e já se renderahá meses”. Os mais dos futebo-listas que consumárom o des-censo pensam em abandonar oclube nos vindouros meses. Opresidente, Mauricio Rodríguez,manifestou ao rematar o jogoque todo se deve “à falta dumhaautêntica planificaçom desporti-va a inícios de temporada”. Ven-hem tempos de repregamento ereflexom para desenhar um no-vo modelo de equipa que afron-te, mais um ano, o reto do ascen-so à divisom de bronze.

CD Lugo volta à promoçomde ascenso 19 anos depois

Selvagem carga policialàs portas de Riaçor alvoroça torcida herculina

Ponte Vedra confirma descenso e agudiza a crise

entra na liGuinha que Poderia Permitir-lhe o aScenSo À SeGunda

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26 temPoS livreS Novas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2011

temPoS livreS

Sexualidade reFlexonS Sobre aS FormaS de urinar

Por que os homens com pénis mijamde pé? Realmente nom existe respostasócio-cultural nem fisiológica exata.

Nom há muito as mulheres mijavamtambém de pé (e ainda o fam hoje nal-guns contextos-culturas-espaços). Bemsimplesmente separando as pernas oupola técnica mais depurada exigida po-la presença das cuecas de apartar estalateralmente com a mao.

Andado o tempo, a obrigatoriedadehigiénica urbana, derivada da falta desubstrato orgánico que absorvesse o mi-jo livre, somada à irrupçom indiscrimi-nada de inodoros, impujo o facto de mi-jar em espaços preparados para o efeito.

Primeiro os espaços públicos dispun-ham de umhas sanitas em forma qua-drada, a modo de prato de duche, ondehomens e mulheres podiam mijar de pé.

As mudanças sucessivas fôrom cu-riosas. As mulheres passárom a mijarencerradas e sentadas em espaços in-dividuais na mesma postura emprega-da para cagar.

Os homens pola contra fam-no em es-paços comuns e abertos, de pé e em pa-ralelo frente à parede, sustendo o péniscom as maos. Normalmente ao pé dou-tro espaço fechado, como os das mulhe-res, para as necessidades de escatologiasólida. Entom os homens mijam tam-bém sentados e em íntima solidom.

Se o inodoro é misto e só dispom daclássica taça, os homens mudam a pos-tura dependendo do hábito ligado ànecessidade. A arte do jorro do mijonom sempre coincide com a funciona-lidade do espaço e os inodoros perdemo sentido do seu nome em prol de aro-mas de urinário.

Curiosamente, parece ser que agorahá mulheres que também mijam de pénas casas de banho públicas para evi-tar doenças derivadas de estranhos (eimprováveis) jeitos de contágio ou pa-ra nom molhar os glúteos de pingas al-heias. Para limpar o resultado está nor-malmente outra mulher, a da limpeza.

Várias imagens invadem a minhaimaginaçom: homens mijando senta-dos… a representaçom simbólica demulher sentada, encerrada versus ho-mem público de pé e dirigindo o jorro àvontade..., cada quem (homem ou mul-her) limpando a sua desfeita (ou a dapessoa que antes passou por ali)..., mul-heres/homens da limpeza sorridentes...

Sofrerei de paranoia de principio deséculo ou simplesmente do mal do hu-mor agriado?

escatologicamente sexuados: posturas do mijar quotidiano

BEATRIZ SANTOS

GaStronomia um alimento Fundamental que Perde relevÁncia

O PamA dia de hoje é cada vez menos importantenas mesas, quando durante anos foi elementocentral ou único. Sim, a gente de por aqui foimaioritariamente vegetariana, embora fosseà força, pois era pouco o que havia de com-pango. A dependência do pam foi enorme eexplica a importância que tinham moinhosou fornos, que em muitos lugares eram o cen-tro da comunidade.

Mas quando se acabava a fornada ou nomvinha o padeiro havia outro tipo de elabora-çons de emergência como o bolo-do-pote, quese cozia no caldo; o pam-de-bica, feito com asbrasas da lareira, ou o pam-de-frigideira quepodem voltar a ser interessantes também ho-je. Para fazer o pam-de-frigideira só há quedispor de massa (água, farinha, levadura esal) que umha vez que leveda é fritida numhafrigideira, a poder ser numha anti-aderentepara ter que usar menos azeite. Agora quepara dar-lhe outra vida podemos pôr-lhe polomédio pedaços de chouriço ou cousa similar.

O mundo do pam é cada vez mais pobre efai-se difícil topar outra cousa que nom sejapam-trigo. Já som estranhos, para além demuito mais caros, outros pedidos nas pada-rias: pam-de-ferragem, broa, pam-centeio,etc. Porém, estes outros tipos de pam, outro-ra os mais habituais, som interessantes paraconsumir sós ou como adubo. Eis aqui umhareceita simples e de mui bom resultado, ba-calhau com broa: colocas numha assadeirapatacas fritas ou asadas e as postas de bacal-hau, umha vez passado pola frigideira sobreumha cama de cebola e alho já a meio lourar,

e por riba pôs o miolo de broa esfarelado e re-gado com azeite ou com vinho. Já só resta me-tê-la no forno quente (a uns 200º) até que abroa esteja loura.

Um bom pedaço de pam é ele só um man-jar ao alcance de qualquer... com carro, sóhá que deslocar-se a umha vila pequena emque cozam o pam no forno de lenha e comcereais do país, pois nas cidades é complica-do já topar tal cousa, polo menos sem pagarem excesso por ela. Agora que "à falta depam, bom é pam-trigo" e no caso de termosum cacete desses que compras de manhá e ànoite já está ressesso podemos reaproveita-lo fazendo umhas sopinhas no leite comomerenda ou de um jeito um pouco mais ela-borado para fazer umhas chulas. As chulassom na Marinha umha sorte de sobremesafeita com pam velho. Relamos o pam e faze-mos umha massa com ele e ovo batido, tam-bém há quem simplesmente remolha as fa-tias de pam em ovo, e vamos frigindo por-çons e escorrendo-as. Podemos servi-las sócom açúcar por riba ou remolhá-las em leitejá adoçado e emulsionado com canela.

XIANA ARIAS REGO / Que nomusa talha 36 e construi o poemacomo umha carta de amor des-esperada. Como se todo fossepouco. Um aínda sempre por

chegar. Os textos que AndreaNunes Brións apresenta em To-

das as mulleres que fun (Corsa-rias, 2011) procuram o nós, onós outras.

A autora nom renega da me-mória e guarda um sítio para aimagem das raparigas tiradas nosofá esperando calquera nova

que nos fixese querer ter marido.

Hoje, aponta na autobiografia dalapela, encontrou àquelas queacreditan nun mundo fóra do pa-

triarcado capitalista. E com elas,ou através delas, a voz coletivanom pode falar de umha mesmasem se assumir nos versos deMaria Merce Marcal que escol-

he para abrir o poemário: A l´at-

zar agreixo tres dons: / haber

nascut dona, / de classe baixa i

nació oprimida. / I el trebol atzur

de ser tres voltes rebel.

Como um itinerário com para-gens distantes, e junto a Marcal,

Teresa Moure, Ana Romaní, Ol-ga Novo ou Chus Pato assinamas citas do livro e PurificaciónCabido o prólogo.

Porém ao lado desse alentocomunal, os poemas habitamnoutras coordenadas: nas desse

corpo dissidente que remexe naspalavras intentando explicar odesacougo, a insegurança, donom lugar. Esse doer da pele de

tanto querer prolongarte no queinsiste Nunes e que se estendepolas páginas em textos em quea voz sim assume o eu. Textosenfermos: todo é perverso. Ten-das para nom chorar nos prova-dores, mas também onde sentirque nom vas à moda. E a grandepergunta desse poema titulado“Talha 50”: para que queres

aprender a vestirte, cando o que

precisas é aprender a espirte?

O livro inclui umha série deilustraçons de Annet Borrás Chiaque igual que os textos de AndreaNunes passam por todas as esta-çons: a do arraste, mas também ada celebraçom da uniom. A dorincom do desespero e a do can-

saço da sereia que decide ir à con-tra, ter pernas e andar a terra.Também inclui um dvd de vídeo-poemas assinado polas Candogasdo Quirombo onde está essa vozdo coletivo, a procura de todas asmulheres que a autora é, outravoz que recite junto à sua.

A editorial Corsarias estreiacoleçom de Creación com estepoemário. Umha plataforma in-dependente que nom marginal,matiza o seu responsável PepeArias. Com Todas as mulleres

que fun medra a voz que anun-ciara Correntes do esquecemen-

to (Aturuxo, 2007). Umha vozhumilde que nom prefere o pás-saro na mao, que lhe dá polocento voando.

Todas as mulleres que fun. 24 homens e

mais nada. Andrea Nunes, Corsarias, 2011.

SINO SECO

entrelinhaS corPo diSSidente

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27temPoS livreSNovas da GaliZa 15 de maio a 15 de junho de 2011

que Fazer

17.05.2011 / HOMENAGEM AERNESTO GUERRA DA CAL /11:30 diante do monumentoa Carvalho Calero (Alameda).COMPOSTELAleitura de poemas e roteiro delíngua e história. Com motivodo Dia das letras Galegas. Organizam diferentes colecti-vos culturais.

17.05.2011 / CONCENTRA-ÇOM POLA LÍNGUA / 12:00.LUGOOrganiza o C.S. Mádia leva.

18.05.2011 / COMEDOR PO-PULAR / 14:45 no C.S. MádiaLeva! (Rua Manuel Amor Mei-lám, 18). LUGOTodas as quartas-feiras.

18.05.2011 / PROJEÇOM DEQUADROS DUMHA EXPOSI-ÇOM, ESCALA EM DUBAI ESEMENTES DE DEZEMBRO,DE CHRIS MARKER / 21:30no C.S. O Pichel (Rua SantaClara, 21). COMPOSTELAOrganiza o Cineclube de Com-postela. VO, VOSG e VOSG,respetivamente.

18, 19, 20 e 21.05.2011 / FES-TIVAL DE CANS / Desde as20:00 na paróquia de Cans.PORRINHOProjeçons, colóquios e concer-tos. Mais informaçom na pági-na: http://http://www.festivalde-cans.com.

19.05.2011 / APRESENTAÇOMDO LIVRO ‘O ANO QUE CHIM-PAMOS O CACIQUE’, DE CAL-ROS SOLLA / 20:00 na GaleriaSargadelos (Rua Oliva, 24).PONTE VEDRAParticipam o autor e Xe Freire.Organiza Amig@s da Cultura.

20.05.2011 / COLÓQUIO COMJOSÉ POUSADA E CAMILONOGUEIRA / 20:00 no C.S. AEsmorga (Rua Telheira, 9). OURENSESobre ‘A dimensom extensa eútil da nossa língua ontem ehoje’, no ciclo ‘Ocupar Abril,tomar de assalto o mês deMaio’.

21.05.2011 / VIII MANGUELOFOLK / Desde as 11:00 na pa-róquia de Orazo. ESTRADAOrganiza Associaçom SocioCultural Coto Manguelo. Cha-rangas, circo de rua e concer-tos. Programa completo na pá-gina http://cotomanguelo.aes-trada.com/.

21.05.2011 / OFERENDA FLO-RAL NO MONUMENTO A CU-RROS HENRÍQUEZ / 12:30nos jardins de Mendes Nu-nes / ENTREGA DE PRÉ-MIOS / 20:00 no Centro So-cial Nova Caixa Galicia (Ave-nida da Marinha, s/n). CORUNHAAtos com o galho das letrasGalegas da Agrupaçom Cultu-ral O Facho. Entregam os pré-mios dos concursos de ‘Contosde nenos para nenos’ e de ‘Te-

atro infantil’. Os nomes daspessoas premiadas darám-se aconhecer de manhá.

21.05.2011 / SERÁM DA ÍN-SUA / 18:00 no torreiro daigreja da Ínsua. PONTE CALDELAS

21.05.2011 / SERÁM DE BO-RREIROS / 18:00 no Centro Cultural de Borreiros.GONDOMAR

21.05.2011 / CONCERTO DEMINI E MERO / 20:30 na Casado Povo (Beluso). BUEUOrganiza a Associaçom de Mo-ças e Moços de Beluso, no Ci-clo de Cantautores 2011.

21.05.2011 / FESTA DE DESPEDIDA / 22:00 no C.S. A Esmorga. OURENSE

21 e 22.05.2011 / OLIMPÍA-DAS POPULARES GALEGAS/ Todo o dia. RIBA D’AVIAinclui provas de triatlo com re-vezamentos, salto em compri-mento, pentassalto, lançamen-to de sacho, lançamento de pe-so, tiro com fisga, bilharda, vo-lei, brilé, 100 metros, 4 por 100metros revezamentos, 5.000metros e luita galega. A entrega de prémios terá lu-gar domingo à tarde.

24, 25, 26, 27, 28 e 29.04.2011 /XII FESTIVAL INTERNACIO-NAL DE TÍTERES / Desde as21:00 em diferentes salas eruas. REDONDELAParticipam sete companhias dediferentes países. Organiza aAssociaçom Gente Titiriteira.Programa completo na páginahttp://http://www.festivaltite-resredondela.com.

18.05.2011 / PROJEÇOM DEO CÍRCULO VERMELHO, DEJEAN-PIERRE MELVILLE /21:30 no C.S. O Pichel. COMPOSTELAOrganiza o Cineclube de Com-postela. VOSG.

26.04.2011 / PROJEÇOM DEOLÁ, ESTÁS FAZENDO UM-HA PELI / 20:00 no AteneuValle Inclán (Bar Plaza). RIBEIRANo ciclo ‘Videofórum em Ri-beira’, que organiza Verdegaia.

27.05.2011 / CONCENTRA-ÇONS POLA LIBERDADEDOS PRESOS INDEPENDEN-TISTAS / À tardinha em vá-rias cidades.Organiza Ceivar. Mais infor-maçom no site do coletivohttp://www.ceivar.org.

27.05.2011 / ‘ALTERNATIVAREVOLUCIONÁRIA OU ES-CAPISMO? O DECRESCI-MENTO A DEBATE’ / 20:30no C.S. Arredista (Costa doVedor). COMPOSTELAOrganiza a Escola Popular Galega.

27.05.2011 / GRUPO DE ES-TUDOS / 21:30 no C.S. MádiaLeva. LUGOCeia e debate sobre a crise ca-pitalista na Galiza.

27.04.2011 / FESTA TRADI-CIONAL ITINERANTE VEN-RESPIRAR / 22:30 na Cafeta-ria Ollo Ledo (Parque dasMercedes, 1). OURENSEOrganizam a AOFT GomesMouro e o Coletivo Algaravia.Colabora Associaçom Rebulir.

28.08.2011 / CONSUMO CUIDA-DO: OBRADOIRO PARACRIANÇAS / De 12:00 a 13:00no Centro Socio Cultural La-mas de Prado (Rua Poeta Aqui-lino Iglesia Alvariño, 6). LUGOA cargo de Mundo Piruleta.

28.05.2011 / CONCERTO DEGENDBEAT / 21:30 na Casado Povo (Beluso). BUEUOrganiza a Associaçom de Mo-ças e Moços de Beluso, no Ci-clo de Cantautores 2011.

29.05.2011 / ROTEIRO POLACOSTA DA MORTE / 08:00frente à Escola de Magistério(Avenida de Ramón Ferreiro).LUGOOrganiza Adega, colabora aPlataforma em defesa do rioJalhas.

29.05.2011 / SERÁM TARDEDO FIADEIRO / 18:00 em Vide. AS NEVES

03.06.2011 / TERTÚLIA COMXOSÉ MANUEL PEREIRO /20:30 na Aula de CulturaPonte de Rosas (Avenida daFeira, 10). GONDOMARDecano do Colégio de Jornalis-tas da Galiza. Apresenta RitaAlonso. Organiza o instituto deEstudos Minhoranos.

04.06.2011 / SERÁM DA AS-SOCIAÇOM CULTURALTRASPÉS / 18:00 no adro deSárdoma. VIGO

10.06.2011 / GRUPO DE ES-TUDOS / 21:30 no C.S. MádiaLeva. LUGOCeia e debate sobre a crise ca-pitalista na Galiza.

11.06.2011 / SERÁM / 18:00na Carvalheira dos Prados(Gesta - Pigarzos). LAMA

11.05.2011 / MARCHA CON-TRA AS CELULOSES / 19:30.PONTE VEDRAConvoca a Associaçom PolaDefesa da Ria de Ponte Vedra,com o lema ‘Hoje mais quenunca, celuloses-Elnosa forada ria’.

‘seminário sobre a memória’ da nova escolagalega percorre o berzo antifranquista

a associaçom de docentes novaescola galega organiza o seu segun-do ‘seminário sobre a memória’, quese vai realizar entre melide e o berzono fim-de-semana dos dias 3, 4 e 5de junho. Pretende-se fazer um per-curso polo papel do maquis na resis-tência contra a ditadura, com umhaaproximaçom às terras em que an-dárom os guerrilheiros galegos.

O seminário conta com a presen-ça de um testemunho direto da épo-ca: o ex-guerrilheiro Francisco martí-nez, Quico. Para além do seu contri-buto teórico, o Quico vai fazer deguia sobre o terreno em que se mo-vêrom manuel girón, enriqueta Ote-ro, ou o próprio Quico.

entre as atividades também seconta um colóquio com familiares e

enlaces da guerrilha (em Cabanasraras, no berzo), projeçons de fil-mes e documentários, e palestrascomo a do especialista na resistên-cia antifranquista xaquín Yebra,que vai falar do contexto histórico domáquis.

O programa completo pode-seconsultar na página webhttp://www.nova-escola-galega.org/.

romaria a 5 de junho

nós-uP comemora aniversárionós-uP celebra o seu x aniver-sário com umha romaria que vaiter lugar no domingo 5, no Cam-pus sul de Compostela.

militáncia e pessoas interes-sadas poderám assistir a pales-tras, debates, concertos, reci-tais, jogos, atividades para crian-

ças, ou um jantar. O ato políticovai contar com as intervençonsde militantes de diferentes eta-pas da organizaçom e do seuatual porta-voz nacional, albertemoço. será às 18:00.

O programa completo está emhttp://nosgaliza.org.

O Cineclube de Compostela co-memora o seu décimo aniver-sário com umha festa que sevai fazer no Centro social O Pi-chel (rua santa Clara, 21) deCompostela a dia 11 de junho.Vam começar com a projeçomde um filme musical para se-guir com os concertos de urro,Das Kapital e malandrómeda,e umha pinchada a cargo de sJChapayev. mais informaçomem http://cineclubedecompos-tela.blogaliza.org/.

Festa doCineclube deCompostela

x aniverSÁrio

oS diaS 3, 4 e 5 de junho

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Novas da Gali a apartado 39 (15701) COmPOstela tel. 630 775 820 Publicidade: 692 060 607 [email protected]

há gente quetem medo daspalavras em ge-

ral ou de algumhas emparticular. Como se po-de temer um tigre cei-vo na própria casa. Omau é que ao contráriodos tigres qualquer pa-lavra pode entrar e sairda cabeça dalguém nomomento menos pen-sado. É curioso, hágente que ao escuitarumha palavra podechegar a dar um passoatrás.

O escasso gosto polaleitura seguro que tema ver com isto. Comose as letras fossem for-migas dumha mara-bunta ou aranhas dofilme Tarántula.

ás vezes som pala-vras solitárias, outras,séries de palavras or-denadas de forma maisou menos estratégica.se num bar atendes aum jornal ou ao televi-sor comprovarás quequase todas as pala-vras que che fam che-gar som palavras in-ofensivas, domadas,em cativeiro.

Os jornais ou as tv´spodem ser mui boasgaiolas de palavras.nos média trabalhamgrandes domadores depalavras com chicotese aros de lume e peda-ços de carne e pedrasde açúcar. e a sua mis-som é fazer-nos crerque as palavras livressom perigosas.

mas sempre haverápalavras que nom sedeixarám domar, pala-vras que no momentomenos pensado che-gam a nós e mudam anossa forma de ser.

há gente que temmedo das palavras por-que sabem que podemmudar a sua vida.

sim, as palavras ten-hem a sua funçom co-mo seres vivos: mudaras vidas, transformar omundo.

as minhas, as tuas,as nossas palavras,nom as poderám en-gaiolar. som livres.

séchu sende

verboFobia

O nome é significativo...É. A nave das ideias, achamosque define perfeitamente o senti-do do que nos propugemos vai jápara meio ano. Abrir campos deestudo, debate e discussom sobreprojetos futuros, sobre problemá-ticas atuais e achegar a maiorparte dos coletivos sociais às con-clusons alcançadas.

Sodes muitos os tripulantes des-ta nave?Na verdade nom. Apenas umhadúzia de pessoas fomos quem pu-gemos a andar o projeto, mas con-fiamos que o coletivo medre e to-me presença na cidade.

Nom há muitos projetos assimpor aqui, nom é?Nom. Vigo sempre foi umha cida-de ativa e dinámica. Hoje infeliz-mente há um ermo claro no quediz respeito a sociedade civil or-

ganizada, apenas há espaços deconfluência e debate. Nós nasce-mos assim para na medida dasnossas modestas possibilidadessalvar estas carências.

Ideologia?A nós interessa-nos umha asso-ciaçom que nom apareça decanta-da partidariamente, ainda que ob-viamente nos situamos no terrenodo galeguismo, nacionalismo, aesquerda e compromisso com apaís. Mas no coletivo há gente di-versa e as vozes que queremos es-cuitar e promover também devemser diversas. Queremos promoverdebates, criar discurso, que sur-jam ideias e tentar que haja coleti-vos sociais que as levem a cabo.

Por exemplo...O encontro que figemos sobre aproblemática dos neofalantes. Asociedade atual nom é a de há dé-

cadas e hoje nas cidades como Vi-go quase desapareceu o galegocomo língua materna. Os que seachegam agora a ela som neofa-lantes com umha problemática es-pecífica. Temos que criar discursotambém na ideia de que a vida emgalego é totalmente viável nos ám-bitos urbanos. Estamos muitocontentes porque esta atividadetivo umha grande assistência depúblico e mesmo repercussom so-cial e mediática. Foi um sucessoque nos animou a tratar outros te-mas como o dos meios de comu-nicaçom na Galiza com partici-pantes de diversos meios. As con-clusons deste ultimo também fò-rom bastante unánimes.

Em que sentido?Sem especificar muito, podemosconcluir que há um amplo espec-tro da sociedade que nom aparecenos meios habituais de imprensa.

Há umha sociedade civil que semove e na imprensa apenas é re-conhecível o que interessa aosgrandes meios de massas. Já nomfalemos de dar saída a temas mar-cadamente alternativos e confli-tuosos que ponham em causa ostatus quo.

Que projetos tendes agora?Estamos interessados em confe-cionar um mapa histórico de Vigoe comarca, onde apareçam refleti-dos os factos que nom recolhe fa-cilmente a historiografia oficial.Seria umha espécie de história al-ternativa onde teriam cabida osmovimentos de contestaçom ope-rária, os movimentos sociais, oslugares de repressom. Ainda esta-mos em fase de recompilaçom dedados. A nossa intençom é pô-lona web para que as pessoas sai-bam que há dados ocultos ou pou-co conhecidos de revolta ou luita.

“Precisam-se espaços de confluência e debateno ámbito da sociedade civil organizada”ALONSO VIDAL / David Rodriguez é um viguês que tem parti-cipado ativamente no Foro Social Galego e que agora seocupa da secretaria do coletivo A Nave da Ideias. Há ape-nas uns meses que este associaçom cultural está a desen-volver projetos ligados a debates de interesse e atualidade

na cidade de Vigo. Para falar-nos do projeto, do feito e oque fica por fazer, marcamos um encontro com ele no em-blemático café De Catro a Catro, noutra altura lugar de de-bate, tertúlias políticas e atos literários de referência na ci-dade olívica. O lugar certo para conhecer o seu trabalho.

david rodriGuez, inteGrante do coletivo a nave da ideiaS