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PODER, COSTUMES E MENTALIDADES¨ ESCOLA DE GOVERNO 2015 Prof. Xixo/Maurício Piragino

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“PODER, COSTUMES E MENTALIDADES¨

ESCOLA DE GOVERNO 2015

Prof. Xixo/Maurício Piragino

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PODER: PERSPECTIVA INDIVIDUAL Para uma pessoa ter PODER na nossa sociedade

contemporânea precisa ter uma (ou mais) destas coisas:

1)Dinheiro 2)Sucesso 3)Conhecimento Falar de PODER é sempre falar da outra face

LIMITE. Limite ensina:1. O mundo é perigoso para você, você é frágil!2. Você é perigoso para o mundo, o mundo é frágil! Relação do Poder com a Liberdade: - Ser livre é você fazer o que quer -Ter liberdade é ter o PODER de fazer o que quer

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PODER : PERSPECTIVA INDIVIDUAL

Portanto, o PODER aparece como um instrumento da liberdade mas, é um instrumento perigoso pois ele pode tornar-se prisão e isolamento.

PODER também como satisfação do desejo: - Despertar o desejo no outro significa DOMINAR Ambiguidade do PODER: sou admirado e invejado e

cada vez me torno mais só! Quem experimenta o PODER e o tem não quer

dividir/compartilhar - Exemplo disso é a luta da sociedade civil para ter o

poder de controlar os governos que ocupam o ESTADO. Fazemos uso da razão e estabelecemos um pacto de PODER com o ESTADO. Delegamos a ele o PODER, a autoridade que faz o controle em troca da proteção. O Estado tem a prerrogativa do uso da força.

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PERSPECTIVA INDIVIDUAL

A autoridade propriamente dita é exercida por aquele que não tem poder.

Origem da palavra autoridade: AUTORICTAS que significa fazer crescer, expandir, amplificar e aumentar. Autoridade não é quem manda, é aquele que aumentando mostra as possibilidades e deixa viver.

Do ponto de visto de quem alcança o PODER, compartilhar/ dividir é visto sempre como restrição, uma perda. Ele traz muitas obrigações.

Mas, o que o PODER não pode? Poder não pode alcançar a intimidade. Só consegue alcançar a intimidação. É por esta razão que a solidão é parte fundamental do poder. Quanto mais poder, mais solitário se fica.

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PERSPECTIVA INDIVIDUAL

Como diz o Prof. Fábio Konder Comparato, o PODER precisa sempre de limite e controle (veremos adiante).

Não podemos controlar a natureza, temos que obedecê-la. O que podemos controlar é a nossa relação com a natureza. Poder do conhecimento prévio de algo e como nos proteger. Portanto, conhecer significa APODERAR-SE. Esta é a principal arma que se tem hoje na luta democrática: ter o conhecimento e a informação.

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PODER: SOCIAL E POLÍTICA

Definição: Uma relação jurídica entre pessoas, pela qual uma tem o direito de mandar e a outra o dever de obedecer.

Distingue-se da dominação, que não é uma relação jurídica: ou seja, quem domina não tem o direito de mandar e quem é dominado não tem o dever de obedecer. A dominação costuma apoiar-se na riqueza ou nas armas.

O poder, ao contrário da dominação, costuma desdobrar-se em uma escala hierárquica, a partir de uma posição suprema, de direção e supervisão geral: A tem poder sobre B, que tem poder sobre C, e assim por diante. Nessa escala hierárquica, o poder supremo denomina-se, tradicionalmente, soberania.

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PODER As 3 grandes modalidades de PODER no mundo

moderno - Poder econômico/ Poder das armas / Poder ideológico. - A submissão dos dois últimos ao primeiro na civilização

capitalista. O poder oficial e o não oficial - Na civilização capitalista, o poder oficial (os Poderes

clássicos: Legislativo, Executivo e Judiciário) submete-se ao poder não oficial dos grandes empresários e capitalistas.

- O poder distingue-se igualmente da autoridade moral, que é o prestígio de uma pessoa, ou de uma instituição, suscitando a confiança de todos. Não se trata, portanto, de uma relação jurídica,como já vimos.

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PODER O poder como energia a ser controlada No corpo humano, a sede do impulso de dominação

(intimamente ligado ao poder) é a zona límbica, a mais primitiva do cérebro, onde se situa o impulso de violência.

O desejo de chegar ao poder e de exercê-lo costuma transformar-se em verdadeira paixão( ‘patos’).

A tendência natural de toda relação de poder é de concentrá-lo e ampliá-lo.

Na vida política, não basta formar eticamente os governantes para que eles não abusem do poder. É indispensável, também, criar sistemas objetivos de controle, exteriores ao detentor do poder (o chamado sistema de freios e contrapesos). É a aplicação do princípio do Estado de Direito.

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PODERTrês questões fundamentais sobre o Poder:

1) Quem deve exercê-lo?2) Qual a finalidade dele?3) Quem exerce o poder de fato?

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PODER A legitimidade do poder político Legítimo é o poder que os subordinados

consideram justo e necessário, em certa conjuntura temporal ou momento histórico.

Hoje, o consenso geral é de que o poder legítimo obedece aos seguintes princípios fundamentais: 1) República (supremacia do bem comum do povo sobre o interesse particular de pessoas ou grupos); 2) Democracia (a soberania ou poder supremo pertence ao povo); 3) Estado de Direito (controle permanente do poder, inclusive do poder soberano, segundo regras jurídicas previamente aprovadas).

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COSTUMES E MENTALIDADES DO QUE ESTAMOS FALANDO? Costumes são modos de vida largamente

observados em uma sociedade, em geral de forma irrefletida, como se fossem automatismos sociais. São fundados nas tradições e no mimetismo social.

Passado: evolução lenta Presente: evolução mais rápida(meios de

comunicação de massa) Costumes gerais, regionais, locais ou de classe

social Tendemos hoje a uma uniformização universal

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MENTALIDADE E COSTUMES SOCIAIS

Mentalidade é uma visão de mundo, formada por um conjunto de ideias, sentimentos, crenças e valores predominantes, que atua na mente de cada um de nós, e através dos quais apreciamos fatos ou pessoas.

Mentalidades são individuais e coletivas Podem estar em um povo, grupos regionais,

étnicos, de gênero ou categoria profissional. Mentalidades individuais sempre sofrem a

influência da mentalidade coletiva predominante

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MENTALIDADES E COSTUMES SOCIAIS

No Brasil temos três raízes (com pesos diferentes) que

constroem os nossos costumes e mentalidades, em suma, a nossa

brasilidade:

1. Indígena(Tupi)2. Negra (várias etnias Africanas:

Bantu/Nagô/Iurobá)3. Portuguesa( Ibérica - Européia)

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MENTALIDADES E COSTUMES SOCIAIS

1 - A nossa raiz indígena foi muito forte em nossa sociedade colonial, a ponto dos portugueses(1757 - Marquês de Pombal) proibirem no Brasil-Colônia a “língua geral” ( tupi-guarani e demais) que era mais popular, impondo a população falar somente a língua portuguesa.

Apesar da aniquilação da população indígena (Darci Ribeiro estima em 5 milhões de indígenas em1500), temos incorporados em nossa vida cotidiana costumes e mentalidades vinda das civilizações indígenas que aqui estavam, como:

1. Na culinária: a mandioca2. Nas localidades os nomes: Anhangabaú, Aricanduva,

Ibirapuera, Cumbica,Maracanã, Ubatuba e etc...3. Nos costumes e mentalidades: banhos diários/ achar graça

em situações acidentais(por ex.,ver alguém cair e rir). Dançam, cantam,brincam e riem muito!

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MENTALIDADES E COSTUMES SOCIAIS

2 – A raiz portuguesa (Ibérica) constrói de forma forte nossas mentalidades e costumes sociais, principalmente em razão do controle político e sócio-econômico.

No Brasil- Colônia a imposição de mentalidades e costumes pela corte portuguesa-brasileira, ainda fica mais forte com a chegada da família real(1808). A corte tenta condicionar todas as relações. Era a elite que até hoje (“quatrocentona”) normatiza ou tenta normatizar as mentalidades e costumes sociais.

Herdamos desta raíz até hoje uma série de mentalidades e costumes sociais que estão na vida de todos.

A classe social que domina uma sociedade expressa com mais contundência suas mentalidades e costumes.

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MENTALIDADES E COSTUMES SOCIAIS

3. A raiz negra (Africana de várias etnias ) constrói a nossa mentalidade e costumes também em muitos aspectos:

Religião(todos orixás/ ‘mundo visível e invísivel’)

Música(ritos)Culinária(banana, quiabo...)Higiene pessoal(banho como limpeza

espiritual, encontro com sagrado)Língua(palavras:dengo, cafuné, bunda,

tanga,moleque,cuíca,sinhozinho...)

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MENTALIDADES E COSTUMES SOCIAIS

“Raízes do Brasil”/ Sérgio Buarque de Holanda: a formação da identidade nacional brasileira. O conceito de “homem cordial” é fundamentado

sociologicamente por Sérgio Buarque de Holanda. Ideia foi criada pelo jornalista, poeta, magistrado e acadêmico santista Ruy Ribeiro Couto(1898-1963).

Esta definição não tem nada a ver com o ser cordial no sentido comum: afetuoso, simpático,afável, educado e polido. A palavra cordial na sua raiz (Core/Cordis= coração) fala de alguém que só se relaciona fincado no sentimento, na emoção e estabelece suas relações sempre nesta perspectiva passional. A racionalidade nunca prevalece.

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MENTALIDADES E COSTUMES SOCIAIS

Sérgio Buarque de Holanda acentua que sendo um produto histórico originário da colonização portuguesa e sua estrutura sócio, política e econômica, temos:

1. Não separação do público do privado;2. A falta de ética nas relações;3. Pouca afeição às leis;4. Abomina as formalidades5. Privatismo;6. Personalismo;7. Espírito de conciliação;8. Duplicidade institucional, como reflexo de nosso

caráter dúplice

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OS GRANDES FATORES DE FORMAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

A – O grande domínio rural autárquicoB – A autocracia governamentalC – A escravidão indígena e africanaD – O prestígio da riquezaE – A influência do catolicismo romano

aqui organizado

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PODER, COSTUMES E MENTALIDADES A Inter-relação do Poder com os Costumes e as

Mentalidades - Antigamente, a mentalidade coletiva, fundada na

tradição, exercia uma influência dominante sobre o exercício do poder político. Hoje, essa relação se inverteu: é o poder que passa a moldar a mentalidade coletiva, através da propaganda aberta (regimes autoritários) ou dissimulada (sistema capitalista).

-Por isso, a mudança de costumes e mentalidades exige atualmente uma organização do poder político, fundada nos princípios cardeais da República, da Democracia e do Estado de Direito, e deve fazer-se principalmente por dois caminhos:

1) a educação cívica; 2) os meios de comunicação de massa.

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PODER, COSTUMES E MENTALIDADES XIXO Bibliografia:

1. Sérgio Buarque de Holanda, Raízes do Brasil, Companhia das Letras.

2. Caio Prado Jr., Formação do Brasil Contemporâneo, Editora Brasiliense.

3. Darcy Ribeiro, O Povo Brasileiro, Companhia das Letras.

4. Fabio Konder Comparato, A Civilização Capitalista, Editora Saraiva

5. Anotações de conversas com Guto PompéiaObrigado e Fim!Escola de Governowww.escoladegoverno.org.br