PA Aqui, - Obra da Rua ou Obra do Padre Americo · quias onde se trabalha e por outras onde se...

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re es- · -s bai- .le SU· espe- m um Jeque- har o p. Pa- iá pu- füfício Falta- Falta lar as '·Mas n con- á ago- ão de á-la e ·da ci- cas li- vives lindas ie ve- . tciosa- !Entra as pe- anças. pena, . Crnz - s ao Co· guei o infor- «Cen- ou do ue fui l, por p rado .uito e Ba1Te- ressal- meses. teste- se in- ns do- . Cruz lá foi. llS - lo não ,do ao IOm a o pe- os da. É o não o com s. :to ex- igado, ; os re- to- im pO· mu- : 120$ ;i miú- la vai muita Porto -- .ira ++++ +++++++ +++++ + + + + + + + + f ,<Pão dos ! · + + + + + + ! Pobres» ! + + + + + + + Júlio veio com a notícia: + + «Eurico tem mil livros + + prontos a sair. Caracol + + começou a empacotar». + + + + muito tempo que - + + lio queria que principias- + + se a anunciar a breve saída + + do II volu:me do «Pão + + dos Pobres», :mas eu acau- + + telei-:rne e fiz bem ! Na ver- + + . dade-para vergonhados +. + senhores tipógrafos o digo + + - este volum.e vem cer- + + ca de 3 ai1os depois da re- + + edição do primeiro, quan- + + do os nossos planos o + + que todos os ancs saia u:m + + livro . É certo que eles se + + defendem com o estran- + + guiamento do serviço na + + nossa encadernação e + + eu tenho a :minha respon- + + sabilidade, porque antes + + quero esperar por u:m ra- + + paz dos nossos que tome + + conta e possa desenvol- + + ver aquele sector de traba- + + lho, do que voltar a caras + + estranhas dentro dan nos- + + sas oficinas. Ainda assim, + · + eu penso que se a nossa + + «desorganização>> f o s s e + + um bocadinho mais orga- + + nizada, poderíamos estar + + agora anunciando o III vo- + + lume em vez do s egundo! + + + + Mas quê, se nós lidamos + + gente oc upadíssima, + + entre outras coisas, com + + os seus cartões de visita, + + impressos de boas-fes tas, + + etc. e tc. - o que provoca + + de ora em vez grandes tri- + + bunais e muita sarilhada?! + + + + Agora, poré m, me ha- + + bilito a dizer nestas colu- + + nas que saiu o «Pão dos + + Pobres»-Il volume. Sem- + + pre são mil, prontos e fres- + + quinho s , a pedir viagem + + até às mãos dos seus ape- + + titosos leitores ! Mil na + + hora em que escrevo. Es- + + pero que na hora da saída + + do jornal serão dois mil . + + E assim, quase metade do + + nosso ficheiro das edições + + ficará arrumado. + + + + Preparem-se pois os se- + + nhores e senhoras A,B,C e + + :mais algumas letras do ai- + + fabeto ,para a visita que vão + + rece ber. Preparem-se, que + + o «Pão dos Pobres» não se + + em cimA do joelho - é + + u:m livro de :meditação ! + + Ali fala Pai Américo intei· + + r in ho , se1n tirar nem pôr. + + É «evangelho sem glosa» + + - «boa nova de salv açã+ + p ara os que lerem e se feri- + + re:m e amarem na sua feri- + + da a multidã o de feridos + + que lha + + + + + ++++++++++++++++ OBRA DE RAPAZES, PARA RAPAZES, PELO$ RAPAZES PA :Recente viagem por paró- quias onde se trabalha e por outras onde se devia estar tra- bal hando, foi mais uma confir- mação, e esta experimental, da- quela palavra arrojada de Pai Américo : «Estas casas não se fazem com dinheiro »; mais da- quela outra de um Pároco queimado pelo amor dos seus Pobres: «Estas casas fazem-se quando p1 'imeiro as fazemos no• coração». «Se estas casas se fizessem com dinheiro, seriam por - fora ... - continua Pai Amé- rico - mas não, o dinheiro é esto·rvo». É sim senhor! de uma vez Pai Américo se insurgiu contra os depositários de meia cente- na de contos, que al guém man- dara do Brasil para casas, os quais jaziam no Banco «a ven- cer juros», no dizer administra- tivamente muito honesto dos referidos senhores. Pois o mes- mo ve m acontecendo em três terras nortenhas, onde di- nheiro, uns pares de anos (Em uma de logo a seguir à morte de º Pai Américo), onde terreno, onde necessida- des gritantes a urgir - e onde não casas ! Porquê? ... Eu não quero jul - gar, mas ajudar os responsá- veis a julgar- se, isso sim. Por isso os remeto aos dois prin- cípios comunicados na citação inicial. Decerto, eles farão 1uz. Continuando a raciocinar a partir dos ditos princípios, poàemo::; acrescentar que, para fazer casas não é preciso ter no início toda a importância que elas valerão. Nem convém! O Património dos Pobres não é obrinha para honra e glória do «insigne benfeitor», de quem se descerra o retrato na famosa sessão solene do di - toso dia da inauguração, pre- sentes todas as grandezas do sítio. O Património é Obra da Igreja. É uma armazinha pa c: - fica, como todas as com que se dilata o Reino de Deus. Tem de ser obra de todos, partici- pação colectiva e activa no santo sacrifício do amor a Deus e ao próximo - que é a plenitude da LEI. Ela nasce, em cada paró- quia, no coração dos seus res- ponsáveis; melhor: na ferida aberta pnr uma necessidade inadiável, ferida que vai alas- trando no reconhecimento de outras necessidades de igual sorte. Depoi,s, expõe-se a neces- sidade mais a ferida, no intui- to de ferir · outras consciências, justamente as de toda a comu- nidade cristã. É assunto de meditação colectiva, de exame colectivo, pronunciado do alto do Altar. E depois... a casa faz-se. Com dinheiro 1 ? Sim!, ele tam- bém entrou, a seu tempo, na medida em que- foi preciso 1 Mas em lugar dele, quantos outros valores, em materiais e em trabalho, que o amor do próximo transformou em uma casa que vale quanto não cus- tou! . Es te é o segredo do Patri - mónio; das mais de 2.100 ca- ::.a. · c:t1 e se ergueram nes tes dez anos por esse Portu gal além - ve rdndeir o «ovo de Colombo», como Pai Américo lhe chamou, quando entendeu a insp ira ção que Deus lhe cfora ! Tampouco se po de pens ar continu.a na página D O l S Aqui temos a pr_,esença alegre de Perosinho (Gaia). . I Aqui, LISBOA À saída do almoço, vêm di está ali u:m rapaz que me qu É um moço dos seus doze an «Vinha pedir para me deixar ª' ficar». Nada habituado a pedic assim, convidei-o a subir ao :m quarto e aqui conversámos 1 pouco. Ele disse da sua misé1 A :mãe vive para os lados da A da, no vão duma escada, com qi tro filhos, não seus irmãos. O J com outra mulher. Desde os d anos viveu com uma ama. passou à mãe, que o repeliu . «l tão a tua mãe não é tua amiga perguntei. «A minha mãe 11 gosta de mim». Tentou a casa pai, onde este e a madrasta p: curaram desfazer-se dele . Foi a1 recer em casa duma prima, eh• de nódoas e feridas . Ali tem esta agora. Porém, mais uma desg: ça o atingiu. orientação na da de negócios dum filho, ocas nou que todos os bens da prima f, sem penhorados. E na altura tava na iminência de ficar na li séria. Ninguém mandou aqui rapaz. Ele sabia de nós pelo «Ga to», que a prima comprava à poi da Igreja de Fátima. E veio. Este aqui a :meu lado a desal>afar. Eu disse que não . Mesmo dep• de saber que a mãe «trabalhav n. u:ma banaca de tiro da Feira 1 pular. Mesmo depois de ouvir i>oca e dos olhos dele, rasos de l g .rimas :«a minha mãe não gosta mim 1>. E n ã o admiti este por tez espera outro caso pior. Circur âncias familiares idênticas, :m vm caso frisante de vadiage1 1:· na zona da Es trela. Frequenta tabernas a pedir tostões e em d terminada come u:ma sopa - refeição de todos os dias .E todas ' noites o mes mo drama - um ca: to de barraca que uma velhinha 11 cede para ele ficar .Foram os me1 rapazes do Lar que ,por muito e t o verem, me falaram. Por amor destes dois um des bafo. Os últimos tempos têm-n trazido desgostos. São as mães e alguns chegados à idade em qi podem fazer alguma coisa. El; interessa das em explorar o tr balho deles; e eles, ignorantes e vida que os espera, vão. Pare• amor ao filho, :mas não . A exp riência o diz. Por isso difícil:men . me levam a aceitar mais . E cac dia que vem um pedido é uma d1 de cabeça. Não vai :muito, fora; quatro nu:m dia . Mas casos p recidos com este u:m. Muitas vezes de pessoas qi: pela sua influência e amizade te: tam convencer-me a aceitar o cai que apresentam. t um que é mu to maroto, rouba os pais, não vai escola, traz preocupada a famil: e os vizinhos. Ou o filho de · t; criada que não o pode ter para ganhar vida (quantas talvE mais outro filho). Ou o de tal mi lher que é muito bonzinho :mas CJ1l passa os dias na rua,em perigo cl corromper-se e a mãe é uma p• brezita que trabalha todo o dia tem u:m bando d eles . Estas n• cessidades embora reais esmuito longe dos dois casos apoi contínu.a na segunda págin

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! Pobres» ! + + + + + + + Júlio veio com a notícia: + + «Eurico tem mil livros + + prontos a sair. Caracol já + + começou a empacotar». + + + + Há muito tempo que Jú- + + lio queria que principias- + + se a anunciar a breve saída + + do II volu:me do «Pão + + dos Pobres», :mas eu acau- + + telei-:rne e fiz bem ! Na ver- + + .dade-para vergonhados +. + senhores tipógrafos o digo + + - este IÍ volum.e vem cer- + + ca de 3 ai1os depois da re- + + edição do primeiro, quan- + + do os nossos planos são + + que todos os ancs saia u:m + + livro . É certo que eles se + + defendem com o estran- + + guiamento do serviço na + + nossa encadernação e aí + + eu tenho a :minha respon- + + sabilidade, porque antes + + quero esperar por u:m ra- + + paz dos nossos que tome + + conta e possa desenvol- + + ver aquele sector de traba- + + lho, do que voltar a caras + + estranhas dentro dan nos- + + sas oficinas. Ainda assim, +

· + eu penso que se a nossa + + «desorganização>> f o s s e + + um bocadinho mais orga- + + nizada, poderíamos estar + + agora anunciando o III vo- + + lume em vez do s egundo! + + + + Mas quê, se nós lidamos + + ~com gente ocupadíssima, + + entre outras coisas, com + + os seus cartões de visita, + + impressos de boas-festas, + + etc. e tc. - o que provoca + + de ora em vez grandes tri- + + bunais e muita sarilhada?! + + + + Agora, porém, já me ha- + + bilito a dizer nestas colu- + + nas que saiu o «Pão dos + + Pobres»-Il volume. Sem- + + pre são mil, prontos e fres- + + quinhos , a pedir viagem + + até às mãos dos seus ape- + + titosos leitores ! Mil na + + hora em que escrevo. Es - + + pero que na hora da saída + + do jornal serão dois mil. + + E assim, quase metade do + + nosso ficheiro das edições + + ficará arrumado. + + + + Preparem-se pois os se- + + nhores e senhoras A,B,C e + + :mais algumas letras do ai- + + fabeto ,para a visita que vão + + receber. Preparem-se, que + + o «Pão dos Pobres» não se + + lê em cimA do joelho - é + + u:m livro de :meditação ! + + Ali fala Pai Américo intei· + + r in ho, se1n tirar nem pôr. + + É «evangelho sem glosa» + + - «boa nova de salvação» + + p ara os que lerem e se feri- + + re:m e amarem na sua feri- + + da a multidão de feridos + + que lha fe~. + + + + + ++++++++++++++++

OBRA DE RAPAZES, PARA RAPAZES, PELO$ RAPAZES

PA :Recente viagem por paró­

quias onde se trabalha e por outras onde se devia estar tra­balhando, foi mais uma confir­mação, e esta experimental, da­quela palavra arrojada de Pai Américo : «Estas casas não se fazem com dinheiro»; mais da­quela outra de um Pároco queimado pelo amor dos seus Pobres: «Estas casas fazem-se quando p1'imeiro as fazemos no• coração».

«Se estas casas se fizessem com dinheiro, já seriam por -aí fora ... - continua Pai Amé­rico - mas não, o dinheiro é esto·rvo».

É sim senhor! Já de uma vez Pai Américo se insurgiu contra os depositários de meia cente­na de contos, que alguém man­dara do Brasil para casas, os quais jaziam no Banco «a ven­cer juros», no dizer administra­tivamente muito honesto dos referidos senhores. Pois o mes­mo vem acontecendo em três terras nortenhas, onde há di­nheiro, há uns pares de anos (Em uma de logo a seguir à morte de ºPai Américo), onde há terreno, onde há necessida-

ONIO~ des gritantes a urgir - e onde não há casas !

Porquê? ... Eu não quero jul­gar, mas ajudar os responsá­veis a julgar-se, isso sim. Por isso os remeto aos dois prin­cípios comunicados na citação inicial. Decerto, eles farão 1uz.

Continuando a raciocinar a partir dos ditos princípios, poàemo::; acrescentar que, para fazer casas não é preciso ter no início toda a importância que elas valerão. Nem convém!

O Património dos Pobres não é obrinha para honra e glória do «insigne benfeitor», de quem se descerra o retrato na famosa sessão solene do di­toso dia da inauguração, pre­sentes todas as grandezas do sítio.

O Património é Obra da Igreja. É uma armazinha pac:­fica, como todas as com que se dilata o Reino de Deus. Tem de ser obra de todos, partici­pação colectiva e activa no santo sacrifício do amor a Deus e ao próximo - que é a plenitude da LEI.

Ela nasce, em cada paró­quia, no coração dos seus res-

ponsáveis; melhor: na ferida aberta pnr uma necessidade inadiável, ferida que vai alas­trando no reconhecimento de outras necessidades de igual sorte. Depoi,s, expõe-se a neces­sidade mais a ferida, no intui­to de ferir ·outras consciências, justamente as de toda a comu­nidade cristã. É assunto de meditação colectiva, de exame colectivo, pronunciado do alto do Altar.

E depois... a casa faz-se. Com dinheiro1? Sim!, ele tam­bém entrou, a seu tempo, na medida em que- foi preciso 1 Mas em lugar dele, quantos outros valores, em materiais e em trabalho, que o amor do próximo transformou em uma casa que vale quanto não cus­tou! . Este é o segredo do Patri­

mónio; das mais de 2.100 ca­::.a. · c:t1e se ergueram nestes dez anos por esse Portugal além -verdndeiro «ovo de Colombo», como Pai Américo lhe chamou, quando entendeu a inspiração que Deus lhe cfora !

Tampouco se pode pensar

continu.a na página D O l S

Aqui temos a pr_,esença alegre de Perosinho (Gaia).

. I

Aqui, LISBOA

À saída do almoço, vêm di ~ue está ali u:m rapaz que me qu É um moço dos seus doze an «Vinha pedir para me deixar ª' ficar». Nada habituado a pedic assim, convidei-o a subir ao :m quarto e aqui conversámos 1

pouco. Ele disse da sua misé1 A :mãe vive para os lados da A da, no vão duma escada, com qi tro filhos, não seus irmãos. O J com outra mulher. Desde os d anos viveu com uma ama. D· passou à mãe, que o repeliu. «l tão a tua mãe não é tua amiga perguntei. «A minha mãe 11

gosta de mim». Tentou a casa pai, onde este e a madrasta p: curaram desfazer-se dele . Foi a1 recer em casa duma prima, eh• de nódoas e feridas . Ali tem esta agora. Porém, mais uma desg: ça o atingiu. Má orientação na da de negócios dum filho, ocas nou que todos os bens da prima f, sem penhorados. E na altura • tava na iminência de ficar na li séria.

Ninguém mandou cá aqui rapaz. Ele sabia de nós pelo «Ga to», que a prima comprava à poi da Igreja de Fátima. E veio. Este aqui a :meu lado a desal>afar.

Eu disse que não. Mesmo dep• de saber que a mãe «trabalhav n.u:ma banaca de tiro da Feira 1 pular. Mesmo depois de ouvir i>oca e dos olhos dele, rasos de l g.rimas :«a minha mãe não gosta mim 1>. E n ã o admiti este por tez espera outro caso pior. Circur âncias familiares idênticas, :m

vm caso frisante de vadiage1 1:· n a zona da Es trela. Frequenta tabernas a pedir tostões e em d terminada come u:ma sopa -refeição de todos os dias.E todas ' noites o mes mo drama - um ca: to de barraca que uma velhinha 11 cede para ele ficar .Foram os me1 rapazes do Lar que,por muito e t o verem, me falaram.

Por amor destes dois um des bafo. Os últimos tempos têm-n trazido desgostos. São as mães e alguns chegados à idade em qi podem fazer alguma coisa. El; interessa das e m explorar o tr balho deles; e eles, ignorantes e vida que os espera, vão. Pare• amor ao filho, :mas não. A exp riência o diz. Por isso difícil:men

. me levam a aceitar mais. E cac dia que vem um pedido é uma d1 de cabeça. Não vai :muito, fora; quatro nu:m só dia. Mas casos p recidos com este só u:m.

Muitas vezes de pessoas qi: pela sua influência e amizade te: tam convencer-me a aceitar o cai que apresentam. t um que é mu to maroto, rouba os pais, não vai escola, traz preocupada a famil: e os vizinhos. Ou o filho de · t; criada que não o pode ter consi~ para ganhar vida (quantas talvE mais outro filho). Ou o de tal mi lher que é muito bonzinho :mas CJ1l passa os dias na rua,em perigo cl corromper-se e a mãe é uma p• brezita que trabalha todo o dia tem u:m bando deles. Estas n• cessidades embora rea is estã muito longe dos dois casos apoi

contínu.a na segunda págin

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AQUI, LISBOA continuação da página UM

tados. E perante eles não pode an­tepôr-se a influência de alguém. Seria contra a própria consciên­cia. A única e válida influência aceitável é esta: «quanto pior, melhor», como ensinou Pai Amé­rico. Também a amizade. As pes­soas a quem a devemos, compre­endem, melhor que ninguém, a nossa aflição pelos abandonados. «Que ninguém jamais deturpe».

E por demais evidente que uma grande parte das crianças que frequentam as escolas, dado todo o ambiente da vida de hoje, apren­dem menos na aula que na rua -a pior escola que há no mundo. Aqui, afora a da sociedade, a defi­ciência é dos pais. Falta de educa­ção em família. E cada vez há-de perigar mais a nossa juventude por isso mesmo. Falta de vida fa­miliar. A Casa do Gaiato não pode ser, é evidente. para qualquer ca­so desse género.

Igualmente o problema das cria­das de servir em Lisboa, como qualquer outra cidade ou vila do nosso país, é - creio - demasia­do grave para ser ignorado. E não chegariam viÍlte vezes mais Casas do Gaiato para os filhos de paternidade ilegítima.

Finalmente, são inúmero:s,só em Lisboa, os filhos dos Pobres.E des­tes, quantas. feridas não trago no peito renovadas em cada visita às barracas, por não poder acudir­-lhes. São aos milhares nesta Lis­boa, as crianças da rua que pas­sam fome, sujeitas a todos os pe-1igos. Mas quase todos no fim de contas têm mãe. A muitas destas que me vêm pedir eu digo: o seu filho tem a maior riqueza que os meus não têm. Têm mãe.E a gente sabe a falta irreparável que ela faz, aos filhos que não lhe senti­ram o amor. Para esses as Casas do Gaiato.

Agora que tantos casos têm aparecido de rapazes com mãe, eu choro -aquele que me disse: «a minha mãe não gosta de mim».

Apesar de não ter lugar para ele naquela ocasião, nunca mais o esqueci e ele foi-se embora a cho­rar sem dizer onde morava. Quem me aju~a a encontrá-lo? -.. P.e JOSÉ MARIA

PATRIMôNIO DOS P O B R E S

continuaçã.o da página UM

logo no início em remediar to­dos os problemas. Mas. cada um que se reso]ve é uma par­tida ganha em salvação de uma família - de uma alma que fosse!. ..

Será válido, seja para quem fôr - muito menos para um cristão consciente e responsá­vel- não fazer uma porque são precisas dez 1 Eu não digo aqui a palavra dura que Pai Amé­rico lhes dirigiu um dia. Pre­firo dizer que essas dez estão contidas na primeira e depen­dem da Fé deposta no seu alicerce. «Tantas, quantas .. . » é a meta que Pai Américo achou, no tal dia em que com­preendeu que era Deus Quem queria a Obra e Quem supera­va· todos os obstáculos.

O Reino de Deus, no princí­pio é pequenino como uma se­mente. Esta pequenez é o sinal e a garantia do que está des­tinado a ser grande e duradoi­ro. Ai das obras que nascem macrocéfalas !

Também não vale deixar três casas por inaugurar, por ser mais bonito entregar três do que uma. Gastem-se os re­cursos disponíveis em concluir uma, e na entrega dessa, faça­-se sentir ao Povo que é pre­ciso e é possível entregar de­pressa as outras duas. Ele com­preenderá e há-de co1aborar. A vista daquela, a prova da alegria experimentada naque­la entrega será o penhor da conclusão das outras.

~~------- ---~-

VIDA FAmlLIAR ._. .•

Andava em viag-em ao serviço do Património dos Pobres. De véspera telefonei ao Constantino a pedir-lhe o. caldo

daquelà noite. Há muito que prometera passar por lá. ~ra a hora de CUJill!prir. A sua casa é pequenina, demasiado pequenina já para uma família em começo. Em volta o lindo bairro que serve a Barragem da Caniçada.

Ag-uardavam-nos ele e ela. O jantar adiantado para que nã:o houvésseimos de esperar muito; nã:o completamente pronto para que tudo estivesse fresquinho. Tal delicadeza deu-me a oportunidade de apreciar os cuidados de amboo : «Podes pôr o arroz ... Vê que não cosa demais». E ele acrescentava-me: «Quero que V. vá satisfeito!»

Eu já estava muito satisfeito-. A ~a é pequenina, mas muito acolhedora. Os dois pequenitos brincavaim por ali. Pi0r mais ocupada a mãe com a oo,zinha, era o pai quem olhava pe­los filhos. Muito simpáticos, ambos. Sem aqueles caprichos vul­g-ares em crianças de dois e um ano, junto deles. não senti o cansaço que ·outras vezes experimento diante de meninos habi­tuados a uma criada permanente, que sã:o um problema para aturar. Até nisso ali era um verdadeiro lar gaiato! Lá estava Pai Américo na sala, seu retrato enchendo a parede principal! A refeição foi da mesma sorte. A pequenita oooneu perfeita­mente e só. Depois o pai quis dar-lhe o fim ... mas era o trans­bordar da sua ternura!

Que bem se estava ali! Era nisso que eu. pensava, absorto, quando ele pôs à minha disposição o levantar da mesa. O m<eu coração também andava em viag-em, pousando aqui e acolá ... Recordava África, os lares dos nossos que o ano passadOI vi­sitei...

Quantos trabalhos!, quantas inquieta~ões as suas trajectó­rias cheias de mistério custaral.Illl a Pai Américo! E eu ali a. go-. zar, a colher os frutos!. .. «0 padrão da Obra é a Família; vida familiar. ( ... ) Tudo quanto seja reg-ress'OI a Nazaré é progTesso social cristão».

Por isso, eu junto a este feliz momento, os i0utros, igual­mente sabonosos, que, ao cheg-ar a e.asa, me proporcionaram as duas cartas que aí vão : do Cid para mim; dO: Tõninho pró Américo.

São três actos, três leg-endas-vivas de uma ideia-força que Pai Américo pôs em marcha e, graças a Deus, parece de nãiol parar!

Londres, 13-XI-1961

Amigo e Snr. Padre Carlos.

Que ao receber esta minha carta, se encon­tre de saúde, bem co­mo todos os nossos Pa­dres colaboradores, e demais colegas, é o que eu e minha mulher mais desejamos. Nós fi­camos bem graças a Deus. Peço-lhe me per­doe o tão longo silên­cio a que o votei. Creia porém, que não nos es­quecemos um só mo­mento de quem se não pode esquecer. Junto lhe envio a fotogr-afia, pela qual teve a bondade de esperar tanJto tempo. Ela se destina a lem­brar-lhe de quem nun­ca se esqueceu e agra­decer-lhe, se possível, tudo o que por nós fez. Aceite pois, um muito obrigado nosso, de todo o coração: Quero dizer- O F e mando e a Emília -lhe Snr. Padre, que so-mos muito felizes com a Gr.aça de Deus. Demorei, mas felizmente encontrei a companheira ideal, aquela que Deus me indiqou que devia ser a minha esposa que­rida. Acredite que tenho iagradecido a Nosso Senhor, .o ter-ma con­fiado, para sempre. Devo também dizer-lhe que serro pai, se Deus quiser, para Março próximo. E isso dá-nos uma grande fel icidade; completa quem o Snr. uniu para sempre em Deus. Quem oom estas perspeotivas, não se sentirá feliz? Eu sei, que ao ler esta, também se sentirá feljz, tanto ou mais d;o que nós próprios, porque mais do que um superior, fui um bom irmão para mim e minha mulher. Quero pois, que compartilhe também das nossas alegrias.

Termino, pedindo-lhe, que aí na nossa capelinha, junto ao Pai Améric;o, peça por nós a Deus nas suas orações, afim de que nos seja concedido -aquilo de que Deus nos julgar merecedores. Aceite um abraço de amizade, destes seus Gaiatos, extensivo a todos os nossos

/

Padres colaboradores, e a todos os meus colegas, aí e espalhados pelo mundo. ·

Seus agradecidos e amigos,

Fernando e Emília».

* 17-11-961 «Meu caro Américo: Para começar esta carta dese­

j.o-'te acima de tudo uma óptima saúde, saúde de ferro, e, também, uma alegria intensa, própda dos vinte anos, não uns vinte anos macambúzios como os eS1tou eu a levar, talvez porque me não .adapto à -vida tal como ela é.

Felicito-te com jubilosa satis­fação pelo posto que agora ocu­pas, um pos~o, onde, acima de tudo o mais, impera o peso d·a grande responsabilidade de con­duzir pelo caminho dos seus de­veres mais de 170 rapazes. Soube esta notícia a<través de «0 Gaia­to». Ganhaste por margem fol­gada. Tens agora um pouco mais de oportunidade de mostrares que sabes ser alguém pelo porte e pelo exemplo, porque actual­mente, mais do que nunca, tens muitos olhos a olharem-te, olhos esses que exigem de ti <0

máximo esforço, e tu mesmo hás­-de compreendê-lo.

Passemos agora a outro as­sunto:

A tropa que tal? Esquivaste-te dela na altura própria, mas lá tiveste um pouco de vergonha e nunca me disseste nada! Não é desprezo nenhum dizeres que fi­caste livre, p·orque nem todos fi­cam .apurados! Só os fortes, esses sim, os outros são de reserva. O motivo que me levou a escrever-te foi a tua subida ao posto cimeiro entre os rapazes de grande en­vergadura para esse cargo, que exige esforço, dedicação, confian­ça e lealdade para qom a Obra da Rua que é nossa Mãe, pm isso digna de ser ajudada pelos seus filhos.

Dá cumprimentos ao Snr. Pa­dre Carlos em meu nome e ,ao Snr. Padre Manuel. Também des­se não me posso esquecer pois eu era um graxa do Snr. Padre Ma­nuel muito razoável, e também estava a ser de ti, quanto mél!Ís não fosse para ir passear com os do teatro. Ai não, que bem me souberam .essas viagens! Tenho muitos mais casos a contar-te, mas por agora não digo mais _nada porque a carta já vai muito cheia.

Com isto termino esta carta augurando-te uns bons dias vin­douros de optimismo e grande confiança para encarares o futu­ro aom suas alegrias e prazeres e também com suas Wificuldades, as quais andam sempre de braço dado connosco, e se não as sou­bermos vencer estamos metidos num mar onde perecemos afoga~ d-os ...

Espero resposta. Felicidades e que a Providência te ajude a le­var melhor a .tua cruz visto te­res mais encargos que precisam de ser compreendidos pela malta. Até à volta.

António de Azevedo»

Visado pela

Comissão d e Censura

Estou no Lar. Vim para cumprir a promessa das notí­cias e fugir ao barulho dos meus três pedreiros que no en­tusiasmo· do ofício, na alegria do arranjo da nossa Casa e no brio do cumprimento do dever, me não deixam descansado com o barulho da maçaneta e do&. pón teiros em contínuo ba­ter.

Os choqttes provocados peLa presença do sobrenatural nesta Obra de Deus têm-me arripiado muitas vezes e impulsionam-me a viver em contínua acçãe> de Graças.- Eu não acredito na Providência de Deus; eu v~­jo-A. Vejo-O. Sinto-O. E quase me apetece gritar como Pedro: «Afasta-te Senhor que sou in­digno».

A nova da nossa presença dentro dos mUl'os da cidade provocou incêndios. Tem sido sempre assim. Há os incendiá­rios e o fogo ateia-se. Toda a gente sofre sede de justiça. Todos procuram amor e são capazes de amar. Faltam os rastilhos. É só lançá-los e o en­tusiasmo comunica-se.

Da Câmara vieram trazer ao Lar, em muito segredo, mil e quinhentos. Ninguém disse na­da. Eu não soube mais nada. Desconfio que foi cotização dos funcionários ! Eles que me per­doem!... Com homens assim não admiram as renovações operadas !... Sou ali sempre tra­tado com tanta atenção e cari­nho ! Devo dar testemunho e pedir-lhes que continuem.

No Liceu a reacção propa­gou-se por mestres e alunos. Foi algo de novo que t em do­minado as preocupações de todos.

«0 Gaiato·» se1"Ve ali de leitu­ra e também de meditação. Os professores cotizaram-se com tanto por mês!. .. Oh maravi­lha ! Não é o que dão. É o que é. Tenho certos por mês 420$00 para renda do Lar. Um alurio mandou quinhentos por um sa­cerdote. N 6s padres somos os canais. Que sejamos dignos desta missão !. .. Há campanhas para louça, para toalhas e guardanapos, para lençóis e fronhas. É a comunicação dos Santos a imperar no Liceu!. ..

Uma Senhora amiga que nos visita periodicamente trouxe­-nos mil e mais cem que IJ:i.e haviam confiado para eu cele­brar. Foi tão saboroso aquele encontro: - «Eu podia com­prar um carro, mas não o faço para poder ajudar». Isto cha­ma-se viver a responsabilidade social; o resto é arranjo.

Dos Serviços Municipaliza­dos 150$00. Alguém que vive com o coração a bater junti­nho ao nosso e nos manda mui­tas vezes!. .. Uma anónima, no Setubalense, cem. Eu já a co­nheço. Para mim não é anóni­ma, para Deus, nunca o foi. Outra amiga no mesmo local, deu louças, mesas, cadeiras, frutas, peixe, roupas, tudo aqui tem vindo ter, sem nós fazer­mos nada para tanto.

Eu peço-te que ajoelhes. Ajoel:ha para continuar a ler.

A carta veio ter ao Lar. Não

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A uto Construcão ,

O leitor p erguntará também, com toda a certeza: E o dinheiro? As c asas, mesmo nos meios ru­rais, com o terreno à volta, ficam a valer cinquenta contos. Esta per­gunta é , por isso mesmo, natura­líssima: E o dinheiro? Auto-Cons­trução não é uma Obra de rendi­mento,mesmo pequenino, pois não fica p r oprietária, por tempo algum, das casas construidas . O movi­m e nto, na m e dida das suas pe­queníssimas possibilidades , dá; n ã o empresta, nem capitaliza. Os futuros p roprietários dão toda a mão de obra. Co:mprarão tam­bém eles mesmos os materiais. «Auto-Construção» até hoje tem a judado e, se puder , e na medida e m que puder, continuará a aju­dar. Lutaremos sempr e por este princípio - ideia do:minante da primeira hora: Ajudar os po­bres e não sómente os indigentes. Se todos quantos trabalham em Au to-Construção cumprire m e fo­rem fiéis, acabará por aparecer o dinheiro necessário. Costuma s er a s sim. Não obstante esta modali­dade de bem fazer s e n ão prestar muito ao s entimentalismo, have­rá sempre quem co:mpreenda e responda. A grande .regra para ter dinh eiro é não o estragar. O di­nheiro tem uma sã filosofia, diria­mos até , tem · uma verdadeira te ologia: ganhá-lo com honestida­de e gastá-lo conscienciosamente. Não gostamos de contrair dívidas a favor de Auto-Construção. Elas, as dívidas , tiram-ou deviam tirar­º sono. Ora, para bem trabalhar, é p reciso dormir. Fazer obras para outros pagarem não achamos cor­recto. Ne m possuir muito dinheiro, nem dívidas .. Aqui também os ex­tremos s e tocam e produzem os mesmos efeitos. Para aparecer di­nheiro é preciso que as obras se façam, se vejam e, para tal, tem de haver sacrifício, a generosidade de uns tantos. Para receber é pre­cis o da r com critério e com cons­ciência. Mais e melhor que dar· é darmo-nos, sempre com alegria e confiança. Nisto, os melhores ho­mens são todos como S. Tomé: para acreditarem têm de ver pri­meiro. Uns tantos, mesm.o que ve­jam, n ã o acreditam. Mas o nú­mero e a qualidade dos primeiros garantirão a vida deste movimento enquanto ele se mantiver fiel ao pensamento inícial : Orientar, es­timular e a judar pobres trabalha­dores a construirem, para si mes­mos e reunídos em grupos, as suas próprias habitações. Haverá al­gum problema social mais actual do que este ? Que m quererá ajudar o movimento que está a ajudar os que s e a judam a si m e smos ?

P ADRE FONSECA

s ei donde. Não é comigo nem contigo.

«Junto envio esta pequena importância para ajudar a cus­tear as VlOSSas tão inumeráveis despesas. Junto também um pedido. Respondei à minha consciência. Há perdão de Deus para uma. mãe que o não quiz ser? Parece-me que não. Eu não encontro no meu Lar aquiLo que chamam felicidade. É pavoroso sofrer e não saber sofrer. Dizei a Jesus que se digne olhar para uma miserá­vel pecadora que o nã;o quer ser mais.

Bendita a .hora em que me apaix.olilei pelo vosso jornal.. Uma pecadora».

Eu t enho t anta certeza do perdão de Deus como da Sua exist ência. Ele não Se nos re­velou senão para perdoar.

«H á perdão de · Deus para uma Mãe que o não quis ser? P arece-me que não». Se fos­se p ossivel, eu escreveria um Sim com uma dimensão infi­nita e uma duração eterna. Diga sim minha SenhOTa. A Deus diz-se sempre sim. Apren­derá a sofrer e será féUiz.

Padre Acilio

*

Ei-la, fresquinha e fervorosa, com se fôra novidade, a Procis­são. A mais substancial de quan­tas põem pé na rua, porque à Fé que a arranca se junta a Ca­ridade que a consome. As velas não são de cera de abelha ; sã.o corações ardentes. Naquele tem­po, os Césares ímpios barravam os cristãos de pez e lançavam-lhes fogo para i luminar .. . Agora, da mesma sorte, ainda há cristãos que se entregam às chamas do amor, que o Amor toma suaves - e aí vão, anónimas, mas lu­minares de Cristo, a irradiarem a Sua Boa-Nova .

ora· leiam e dêem graças . a Deus, como disse ao Júlio e ele fez:

«] úlio Mendes : Parabéns pelo Luís Augus­

to. Que seja mais um testemu­nlw de Cristo nest;e mundo.

Que rico menino! Pela foto­grafia deve ter nascido np ve­rão. Que idade t,êm os seus fi· lhos?

De tantas coisas que me ape­tecia dizer, direi apenas: Ben­dito seja Deus que tanto nos ama.

À Obra da Rua, Obra Sua, Obra de Amor, portanto, quan­to devemos amá-la.

Júlio Mendes, segue a 30.ª pedra de mil para a «Casa de Minha Mãe» e cinquenta para tJ «Calvárw».

E para todos um ahraço amig(:) e que o Senlwr vos guarde de todo o mal.

Peça ao Senlwr por nós. Que o Senlw r aument;e a npssa Fé e a dê aos que a não têm. Pe­ço-! he •uma oração pela conver­são do meu Pai».

Esta é das casas a prestações. Como quase todos deste grupo vem com representação dobrada e alguns, mesmo, triplicada. Esta senhora fica na 31.11 p_edra de mil escudos. Na regra da dúzia deles por casa está a chegar à terceira! Mas a devoção é só uma. .. Por isso esta assinante continua a cha­mar-lhe pedra e a dar-lhe um número de ordem em memória de sua Mãe.

Logo a segruir surge «Zé Nin­guém».

<]unto mil escud.os (1.000$) nona prestação das doze que anseio mandar para uma casi­nha do Património dos Pobres.

Como sempre, tive de lutar bastante para poder enviar nes­ta data em que faço anos de casada.

É •uma prenda que recebo, tal alegria que sinto a.o dar para essa grandwsa obra, fi­lha do nosso sempre chnrado Pai Américo, a quem eu rezo pedindo saúde e a graça de Deus, não só para mim, como para vós.

Deixei o npme da dita à vos­sa escolha e segundo a notícia acusando a oitava prestação, dizia ser Casa Pai Américo. -Gostei imens.o, veio ao meu en­contro».

Mais graças a Deus. Passa o pendão da Casa Nossa

* o * '

Senhora da Boa-Hora. A carta é da Beira e já conhecida do últi­mo número.

Casa Avó Ema fica na 47.11

prestação. Helena na 17.". Desta Helena, tenho eu uma carta mui­to linda, que ando a tomar fôle­go a ver se sou capaz de respon­der-lhe. Da Casa d,o Mistério da Apresentação não sei se duas, se três prestações de 1.500$ cada. Agradecia a este devoto do Ro­sário de Nossa Senhora, o favor de esclarecer. (E de nos esclare­cer, também, se poderemos man­dar executar as placas com o tí­tu lo «Por Deus o Próximo» e em sub-título ia abreV1iatura de cada mistério do Ri0sário) . Quem dera que em Fátima houvesse casas do Património onde se pudessem co­locar estas placas!. . . Mas não! Que eu saiba há a das I rmãzi­nhas do Padre de Foucauld. E para ser, Deus sabe--e elas ... -quanto foi preciso!

A Casa do António e do Fer­nando fica em 7 .400$. Mais 500$ para a Casa Graças a Deus, de Cruz, da Beira. A Clarinda, de Lisboa, volta com 2.000$. Assi­nante 6790 fica na 85." e . . . «con­fio em que Deus me ajudará a chegar ao fim e, se possível, mais depressa».

Mais um tijolo de 100$ para a Casa da Mariazinha e do Fer­nandinlw e uma vigota de 500$ para o l ar da Graça. «0 sempre feliz Casal de Noivos» manda 250$, «pedindo desculpa de há tar11~0 tempo não o fazer», e recti­fica as su•as contas. Até agora o total é 1.100$.

O Casal-Assinante de Aveiro, apareceu três vezes e pôs-se em dia até Novembro. Outras tantas o Alberto, do <plano decenal». Duas vezes, a «Mãe que crê em Deus» e está muito contente com as notícias do Centro Social no Barredo. Quem poderia não fi­car ? !

A Ca~a «Ana e João» levou numa bolada de 1100$ por Abril , Maio e Junho, «pedindo descul­pa do atrazo motivado por falta de saúde de meu Pai, por quem peço uma oração».

E fecha este grupo (Fecha-o com chave de ouro!) aquela modesta funcionária da Câmara do Porto que esmaga os seus gas­tos ao longo do ano para poder trazer aqui nas suas férias ao menos mil escudos. Não se lhe dá de não deixar fortuna às suas filhas. Quer legar-lhes um mundo melhor e por isso g'as:a as !'Uas economias em casas para os Po­bres e chama-lhe «Casa das mi­nhas Filhas». Ó possessivo duas vezes bendito!

Terminou este ano a casa. A primeira casa!. .. «Porque Senhor Padre, ainda não dei por falta do dinheiro que aqui trouxe e já ago­ra, se Deus me ajudar, conti­nuarei a vir».

Ajoelha mundo e dá graças a Deus! É com atenção a tanltos como esta Mulher que Deus abre­via e abreviará, muitos dias maus que nós merecemos.

O desfile continua. Passa uma casa por inteiro. É única, desta vez, ~b este pendão, mas tem um nome lindo: Por amor dos PtJbres.

D-0 pessoal trabalhador, aos

r * a «velhos» concorrentes, da HICA (porque não hão-de as outras hidroeléctricas produzir desta luz que a I-IICA vem acendencLo há tail'tos anos! ... ) e do Grémio da Panificação, juntamos desta vez os Bairristas do Palácio com as suas migalhrinhas s o m a n d o 1.849$30.

Segue outro· gmpo numeroso : os de todos os meses. É a Aida do Ribatejo com os seus 70$. É o Marco António por duas vezes. Outras tantas o do «tabaco pou­pado durante o mês» mais a Ma­ria do «Pequeno Louvre», mais a Mariazinha e o Artur, mais o E . D. M.

Os trabalhadores que empreen­dem a sua casa e a quem nós da­mos o telhado têm também os seus devootos. São 100$ do Porto (e uma Avé Maria pela conversão de um chefe de famfli.a) e dez vezes mais de Lisboa, (com o de­sejo de saúde e paciêncáa para todos os Padres dessa grande Obra e também sorte para todos os Gaiatos e 5 contos ( comemo­rando hoje as nossas bodas de oum, sentimo-nos felizes em po· dermos, embora em pequenina escala concorrer para o bem de alguém). Esta Luísa já é muito nossa conhecida e a sua letra tão vigorosa que a julgávamos jovem. É-o na verdade pela Fé e pelio Amor.

Agora as casas para que vários concorrem ; Trezentos para a de N.ª Senlwra do Rosário, um iterço para a de N .ª Senhora do Carmo, e o mesmo para a de S.ta Terozi­nha do Me nino f esus; «pedindo que a lembrem no j ornal às Tere­sas de Portugal, certamente devo­tas dest.a Santa.

Agora os avulsos: 1.2508 «ao cuidado do Espelho

da Moda»; 50$ de «uma vicentina qualquer, do Bonfim-Porto; 30$ do asSiinante 10354 e «quem me

ENSAIOS. O Senhor Padre Arlindo anda às voltas com um grupo dos nossos maiores a e nsaiar para o Natal e já se vê qualque r coisa ... To­dos estão dispostos da melhor ma­neira e é de prever que seja um êxito o grupo coral que já canta a «côres» ,como diz o Tira-Olhos e m tom alegre.

Esperamos muito e muito destes ensaios. O Sepadre Carlos ainda agora nos deu um «sabonete» por sermos os culpados de alguns da Tipografia sairem mais tarde e fa­zerem esperar os outros. Vamos a ver.

* QUIM. O nosso Quim, que ainda

há bem pouco tempo era o nosso maioral, partiu para Africa - Mo­çambique. Estava noivo e era para casar em breve. Era chefe dedi­cado da Carpintaria, mas a Pá­tria pediu e teve de partir. Nós somos todos de Portugal e é por isso que Portugal é mais nosso ! Com este, são muitos os que já e~ tão em missão de soberania nas provincias de além mar. A nossa é a maior familia de Portugal; por isso tem t ocado a vez a grande número destes filhos da Obra. Deus os guarde a todos l ! 1

*

dera poder muito para repartir com todos os que precisam. Assim é como Deus quer». E é assim que é melhor!

Do assinante 29512, 300$. E 603 da assinante 562. «São o~ meus qurutro netos que, cada un;

com 15$, mandam para uma te· lha». Mais 20$ do assinant~ 20335, de Torres Novas. E 11.370$ com esta legenda:

Seguindo a t radição de mew pais, que dão para o Patrimónic d.os Pobres, os primeiros rendi­mentos dos prédios que adquirem. venho também enviar este cheqzu. para o Património dos P.obres.

É Santarém.

E como a campanha do! 30.000x 20 =50 casas anda muitc esmorecida, eu faço dela um es tandav:e e ponho-a na procissãc do Agora de autónoma que se pretendia que ela fosse.

É cer to que lhe continuam fiei: certos que acudiram ao primein rebate. Também o é que se man têm os que vêm por si e por ou tros que desejariam mas não po dem e ainda aqueles que trazen

. consigo todos os seus familiares pessoal e itudo, mais outros qu• fizeram da campanha uma rendi mensal um, até, semanal. (É d1 Covilhã!)

Ora tudo somado dá: 1.780$ e além do mais, estas duas l inda. legendas, cheias de doutrina :

«A Obra do Gaiato é um exem plo vivo de o pouco com Deus • muito! »

E esta :

«Gostava de dar mais e mellwr mas por enquanto não me é pos sível, dou o pouoo que posso con a maior boa--v,ontade e alegria.

Quero ser actor e não espec tador da famosa Obra dos rapa zes, para os rapazes, e por issc grito presente.»

É assim mesmo a vida cristã activa, positiva, não espectante Pensando como pensa, não apoi• a assinante ao pedir desculpa d; sua mediocnidade.

- RÁDIOS. Este é um p edido refoi çado deles, pois esta casa de Paç de Sousa está necessit ad;; Necessitar é precisar. Precisar 1

ter necessidade. Quem tem nece1 sitação pede. Para quem p ed e te r de haver quem se explique e qu seja uma explicação explicada . ..

O salão tão bonito das escolas on de não falta nada,só não tem o rádic O Zé diz que o da Casa 4 s6 servi para o lixo e velharias e anda des gostoso com o facto.Que nunca tev• um rádio que se visse. Quem lh· pode abrir os olhos? Na casa 1, que• a dos condes, também não se v nada ... Não há por ai ninguém qui queira desenrascar o Silva? Quer levantar o dedo primeiro é qu ganha . ..

E nós cá ficamos todos à espera.

* TEATRO. Américo já anda a trs tar dos papéis e no Natal, como no mais anos, teremos no nosso salã de festas a habitual rubrica de tea tro - número indispensável. Vãt começar os ensaios e oxalá não cc mecem muito cedo ... de cor ... (d• cor, quer dizer em gíria gaiata, jogll a bola em vez de ensaio, quando s julga este estar au point) ... Nós ef crevemos a peça «0 baú da Men na Alice» mas, de tão boa, tivemo de a guardar para se não estragar.

Page 4: PA Aqui, - Obra da Rua ou Obra do Padre Americo · quias onde se trabalha e por outras onde se devia estar tra balhando, foi mais uma confir mação, e esta experimental, da quela

Em 1920, o Américo ainda esiá..,a no Chinde, como des­pachante da British Central África. É de 6 de Março desse ano a carta que hoje pub1ica­mõs, a qual denuncia a sua grande ternura pelo Pai, bom ~ amigo, mas duro e distante, de escola diametralmente opos­ta ao Pai Américo que ele vi­ria a ser : «Ü nosso Pai nunca se riu para nós» - ouvi uma vez a Pai Américo, conversan­do com. seu irmão Joaquim.

«Não calcula como eu ando satisfeito por ver que o Pai se interessa pelo acabamento da obra e muito mais ainda me regozijo ao lembrar-me que é sob a minha influência que a obra vai adiante».

Nem admira que assim co­mungasse nas alegrias de seu

Pois foi tudo em cortejo. O Porto foi em cortejo inaugurar as novas instalações do Centro Social do Barre­do. Todos os que mandam, todos os que pelo seu cargo ou pelo seu cora­ção têm estado em contacto com a Obra disseram presente e lá foram juntos, desde o Infante, a caminho do Centro. Foguetes. Hinot> marciais pela banda da Policia. Ranchos. Bandeiras. E, acima de tudo, urna multidão curiosa enfileirada nos paineis, debruçada nas janelas.

Ao chegar à Ribeira o espectáculo é de um colorido extraordinário. O Muro está pejado de gente. De todas as sacadas pendem colchas variadas, algumas bem lindas e ricas. E as crianças são tantas, santo Deus, que ficamos na dúvida sobre a possibilidade de lotação do edifí­cio que vai ser inaugurado . ..

A Direcção do Centro tinha torna­do todas as medidas necessárias para assegurar o cumprimento do programa. Até o tempo. Parece que até em relação ao tempo tinham con­seguido antecipada promessa de colaboração. Afastaram-se um pouco as nuvens, fugiu a chuva e até, por vezes um solzinho apagado e tímido veio durante duas horas dar mais vida ao quadro. No cinzento chumbo do rio apareceram reflexos de pra­ta. E havia sorrisos claros e olhos brilhantes de satisfação na boa gente da b eira-rio.

Primeiro foi a cerimónia rápida da b enção pelo Senhor D. Florentino. Depois, logo a seguir, urna breve

Pai, quem desde pequenito, sempre aspirara ao prazer de dar felicidade aos outros. Até ao fim da vida foi essa a sua suprema consolação.

Chinde, 6-3-920 Meu querido Pai, Lembro-m~ que na carta que

me enviou para Lisboa. pedia para que lhe escrevesse de todos ~s portos e também à chegada. Na primeira parte de-

sessão solene a que presidiu o Se­nhor Director do Instituto de Assis­tência à Família que representava o Senhor Ministro da Saúde e Assistên­cia. A volta do palco os estandartes das agremiações ribeirinhas davam urna nota viva e garrida. Lá estavam a LOC e a JOC (masculina e femini­na) da freguesia de S. Nicolau e o velho e prestigioso Clube Fluvial Portuense, lado a lado com o Spor­ting Clube de Miragaia, da Ala do Infante e Condestável, o Rancho Infantil José Hortênsio e o Corpo Nacional de Escutas (secção de S. Nicolau). Mas ainda havia mais: o Aguia · Sporting de Gaia, o Centro de Futebol os Ribeirenses, o Grupo Desportivo de S. Nicolau, o Rancho do Douro Litoral, o Clube Desportivo do Torrão, o Centro de Recreio Popular de Miragaia, o Grupo de Bem-Fazer de S. Nicolau e os Rouxinóis da Beira Rio - todos de gloriosas tradições.

Três discursos pequeninos e muito simpáticos. Falou primeiro a Directora do Jnstituto de Serviço Social e presidente do Conselho d e Direcção do Centro, D. Maria Helena Caldeira, seguiu-se o Director eleito pela gente do Barredo , Vitorino .Meireles e finalmente o Senhor Di­rector do Instituto de Assistência à Família que encerrou a sessão.

No fim disputaram-se no rio algu­mas regatas. A assistência seguiu interessada todas as provas e dis­tinguiu com palmas os vencedo1es. O velho Duque, no seu barco, mais

sobedeci, mas na · segunda emendarei o perdido. E não lhe escrevi porque a estadia nos portos de escala é sempre uma coisa fastidiosa para todos aqueles que desejam chegar ao seu destino com brevidade e a arrelia da demora rouba-nos a paciência para tudo. Cheguei no dia 29 de Fevereiro e já tive carta do Padre dizendo­-me que o Pai tinha ido já a Paredes para escolher a pedra

urna vez deu mostras da sua perícia. E o Douro animou-se, com os caiques a cruzar as águas e as grandes bar­caças com garotos que riam alto.

Meio dia. Acabou a festa. Os con­vidados, sorridentes, deixam a beira rio. O novo Centro lá fica aconche­gado à muralha, pronto a servir o povo do Barredo.

Na volta é possível que alguns feito o balanço da coisa, tenham pen­sado para si que aquilo era um brin­quedo peque nino e que de coisa tão minúscula pouco proveito poderã sair. Mas é que não são os edifícios que fazem as obras - mas a alma dos que lá trabalham. E o Centro vai ser o ponto de encontro en!re alguns que deram o seu coração ao Barredo e aqueles que no bairro das vielinhas estreitas e humildes querem erguer a sua gente para urna vida melhor.

Ponto de encontro e també m cla­rão de esperança. É isso o Centro. Clamor de esperança, luminoso e límpido na vida triste e dura da beir~­-rio.

E ao regressarmos todos, afinal, não d eixamos o Centro sózinho. Sempre presente - ele esteve lá desde o princípio. Quando tod:is saíram; ele continuou. Sim, o Pai Américo esteve lá connosco. O Pai Américo lá commuará, de braços abertos, pronto a comparticipar nas alegrias e nas dores dos seus gran­des amigos ... os Pobres mais pobres doBarredo.

M. CRUZ

Foi assim a inauguração do Centro Social 'do Barredo.

para o gradil nos montes cir­cunvizinhos. Não calcula como eu ando satisfeito por ver que o Pai se interessa pelo acaba­mento da obra e muito mais ainda me regosijo ao lembrar­-me que é sob a minha influ­ência que a obra vai avante. Ainda agora acabo de escrever aio Padre e peço-lhe que o deixe cortar por onde muito bem qui­zer e que não tente cortar as unhas 'lllillÍto rentes. O que eu pretendo é que io Pai passe os dias entretido e em trabalho que 'O interesse e tomara eu que se proporcil()llasse a ocasião de

·muitas obras assim. Há seis dias que me encontro,

no Chinde e tenho trabalhado muitíssimo para pôr o meu trabalho quási em dià. Nós amargallliOs os dias de repouso que ahi passamos; eu já sei isso pelas vezes passadas. Mais dua:s semanas e estarei senhor do meu papel. Vim encontrar coisas muito diferentes e a vida muitíssimo mais cara do que quando daqui larguei. No entanto como é coisa que toca a todos, e o mal de muitos é o conforto de todos ...

Sabe que vim com muitas saudades suas, fica-me mal até dizê-Lo, porque julgo que o Pai, com essa idade, necessita dum certo número de carinhos e cuidados que eu, sem despri­mor para qualquer de meus irmãios, saberia bem oompreen­dê-los e dispensá-los. Sinto-me até muito infeliz por não poder ficar ahi em casa e se eu não tivesse a consciência de que ' nessas condições seria simples­mente um parasita, acredite que jamais sairia da sua com­panhia.

Vamos a ver o que o futuro manda, mas eu creio bem que Deus me hií -de anxiliar a pôr em prática cs 11.eu!:: desejos. Em 1923 ou 24 tenciono v·oltar ahi e então arranjarei qualquer coisa em que me possa entre­ter ficando sempre junto de si.

E não se prenda com Ante­la.gar. Viva lá se quizer mas eu parece-me que seria medida. muito mais acertada. viver em Paredes. Nunca seria à custa. dos filhos que o Pai vivia visto que isso ofende o seu orgulho de bom Pai; mandaria ir para lá parte das suas reservas. De­pois, se o Padre conseguisse comprar o campo do Simão, co­mo parece que há todas as pro­babilidades, o Pai teria imen­so que fazer e passaria feliz os seus dias. Veja o que mais lhe convém. Lembre-me aio João e aben.~oe o seu filho muito ami~ go,

Américo de Aguiar.

CAMPANHA DE ASSINATURAS

PORTO /LISBOA - Eu já sabia que o Porto iria acordar. Já sabia - por­que ele precisa que a sineta retine bem ao ouvido pra estremecer o coração. Hoje é o dia da Invicta. Não tanto pelos números ; isso por cá interessa menos que a qualidade. Por isso, façam favor de ler esta carta do Porto, que revela bem co· mo são os tripeiros :

«Senhores : Sou um dos leitores ass:duos do «Gaiato», jornal que p. ende todo aquele que sente, que «isto» não é nosso, todas as quinzenas vem aqui o mesmo Gaiato, entregar­·rne o jornal, não sou assinante, mas é o mesmo que o ser mas responden­do à chamada da Campanha do Assinante, peço-vos que tenham co­rno assinante meu bom pai, que em terras da Beira Alta vive.O«Famoso», vai para uma terra, onde talvez, n9.o seja conhecido, pretendo e u que o mesmo, com a assinatura do meu pai, vá contribuir para a continuação da Chaina, que o mesmo tem.

Vou enviar num vale de correio a importância i::orrespondente, deste fim de ano e de todo o ano de 1962.

Prometo também, apresentar no fim do ano, a meus sócios, a lem­brança de urna lembrança para essa Obra, espelho fiel daquela alma que nasceu para amar os desprotegidos­Padre Américo, a quem peço a ben­ção, para mim, meus filhos, mulher, meus adorados Pais, Irmãos e Fami­lial>.

Vamos lá ver se agora, o Porto es­tremece ainda mais. Acho que a si­neta basta, quando não ...

Lisboa fez paragem! Forçada? Talvez. Eu soube. pelos periódicos, que a chuva provocou inundações em ruas e avenidas e que o nevoeiro fez das suas no Tejo. Mas tudo isso foi resolvido e é de crer que os lisboe­tas já se hajam recomposto. Aguar­damos, na próxima, se Deus quiser, dar melhores notícias da capital. Se não, é um caso sério aturar o des­gosto do nosso Cândido do Tojal e mais e mais!

* DO MINHO AO~ALGARVE - Por

estas bandas nem_ o mau tempo nem

nada contribuiu para arrefecer as almas. A procissão vai tão escaldan­te corno na primeira hora ! Olhem pró conhecido assinante 9330, «que mais uma vez foi bem sucedido ao apresentar o mostruário do que é e será a obra de bem sem olhar a quem». Manda um novo leitor de Minde e o «até breve, se Deus qui· ser», corno termina seu postal, diz que não tarda a bater à porta - de flãmula erguida e altíssonante. Viva o assinante 9330 !

E a procissão continua. Ternos Lagoa, Casinhas (Argoncilhe), S. Mi­guel (Olival - Gaia), Quebrantões e Braga ! Assim, sim. Braga tem vi­vido numa sonolência profunda e hã aue desoertar ! Mais Fânzeres, Casais do Campo, ET'll"e-ililde, Lentísqueira, Amadora, Algueirão e Viseu com «pena de mandar só este, mas de­sejava arranjar rnuitos rnais assi· nantes para o melhor jornal do país». ó Famoso !

ULTRAMAR - Moçambique não deu sinal. E estou triste. Mas.. . a gente trouxe de lã, o ano passado, tantos assinantes! No entanto, a pro­vincia é rnuitó grande senhores mo­çambicanos (nove vezes maior que «este cantinho à b eira mar plantado») e não batemos a todas as portas. Dai, esperamos mais e mais do vosso inte­resse e da vossa dedicação pelo Fa­moso.

Angola é um amor ! Entusiasma-se e e ntusiasma. Ora leiam esta missiva deCubal:

«A passo de caracol, por não poder ser a passo de galgo, tenho feito o possível p or conseguir mais alguns assinantes para o jornal «0 Gaiato», embora com dificuldade, por viver em sítio muito isolado e os meus conhecimentos poder em mas não quererem «embebedar-se» de eitura sã e humana!

No entanto, com a ajuda de urna amiga, acabo de conseguir 3 assi­nantes. Para não demorarem a recepção do jornal, peço o favor de fazer remeter-lhes, com a maior bre­vidade possível o jornal».

JÚLIO MENDES