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Jornalismo Policial ResponsvelAlex Rmulo Pacheco 2005 ndice1 2 3 4 5 6 7 Conceituao de notcia Critrios de noticiabilidade Caractersticas do rdio O jornalismo de proximidade A notcia como espetculo O jornalismo policialno rdio O rdio em Concrdia e o jornalismo policial 8 Rotinas de produo no jornalismo concordiense 9 O jornalismo policial responsvel: uma proposta a ttulo de concluso 10 Referncias 3 5 6 9 11 13 16 18 22 23 contribuir para o esclarecimento da sociedade e o fortalecimento da opinio pblica. O estudo recai sobre o rdio local e chama as emissoras ao compromisso com as questes que dizem respeito realidade em que esto inseridas. Repensa a prtica em vigor e sugere uma proposta que d sua contribuio para o desenvolvimento da sociedade.

IntroduoNo Brasil, o rdio, desde a primeira transmisso no Rio de Janeiro do alto do Corcovado, no dia oito de setembro de 1922, est entre os principais meios de comunicao da sociedade contempornea. Aps oito dcadas, as emissoras radiofnicas ainda possuem um papel social e cultural fundamental dentro da comunidade. O rdio, na sua essncia, busca reetir a cara do povo, como ele pensa, os seus costumes, suas idias, os anseios, e seu modo de viver. Por ser um meio de comunicao com baixo custo e de acesso para todas as classes sociais, o rdio tem um pblico bastante variado. Atinge todas as camadas da sociedade. nesse sentido, e sabendo do impacto que o radiojornalismo tem diante da comunidade, que este trabalho pretendeu aprofundar a discusso na editoria de polcia, uma das mais populares, que h dcadas vem ocupando es-

ResumoEste trabalho uma reexo sobre o jornalismo policial praticado no rdio. Resgata as origens dessa editoria e discute a forma como as informaes da rea da segurana so comumente abordadas pelas emissoras. Defende que a nfase em fatos que se sobressaem pelo sensacionalismo e espetacularizao contraria a funo social da mdia e entende que, acima de tudo, ao rdio competeMonograa apresentada como exigncia para obteno do grau de Jornalista, pela Universidade do Contestado UnC, sob a orientao do professor Dr. Leandro Ramires Comassetto.

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pao volumoso na programao das emissoras. Sobretudo, pela capacidade de conquistar audincia. A crtica que geralmente se faz que em nome da audincia, atropelam-se conceitos ticos, com a veiculao de informaes de tom sensacionalista preocupadas em apenas causar impacto e chocar a sociedade, como Notcias que salientam incidentes e assuntos que tm pouco a ver com questes pblicas e que so selecionadas pela sua capacidade de chocar, ou de entreter, podem distorcer a percepo que as pessoas tm da realidade. Nos anos 90, por exemplo, as notcias sobre crimes dispararam e as pessoas acreditaram que a taxa de criminalidade estava a aumentar, quando, na realidade, estava a diminuir (PATTERSON, 2003, p. 22). Alm dos interesses particulares da empresa jornalstica e do capitalismo que sustenta as informaes nas redaes, importante o jornalismo mostrar-se compreensivo aos valores humanos. Sobretudo, encarar a realidade, mas mostrando qual caminho deve-se seguir para a construo de uma sociedade mais digna. As cenas que mancham de sangue a televiso, as fotos em jornais e revistas, e a narrao de episdios chocantes pelo rdio so estratgias para causar impacto e chamar a ateno para o fato que est ocorrendo, isso tudo, sem buscar as solues para os problemas, que o mais importante, pensando-se na ao social dos meios de comunicao, que deveriam estar comprometidos com o desenvolvimento da sociedade e o fortalecimento da cidadania. Embora sejamos parte dessa mdia marcada pela violncia em todos os sentidos, ainda possvel

apostar que os formadores de opinio possam esclarecer de forma correta a populao, acreditando em mudanas de atitudes dos indivduos. Atualmente, do ponto de vista jornalstico, de maneira geral, o jornalismo policial praticado pela imprensa brasileira segue uma linha sensacionalista. Nesse sentido, o objetivo desse estudo foi mostrar o processo de construo da notcia policial para o rdio, como ela selecionada, qual seu formato, o destaque recebido na programao das emissoras e o interesse que desperta na comunidade, alm de chamar a ateno para outras possibilidades de jornalismo mais comprometido com a funo social da mdia. Nosso objeto de estudo so os programas jornalsticos de duas emissoras de Concrdia. Metodologicamente, para o desenvolvimento da pesquisa, foram selecionados cinco programas de polcia de cada emissora dos perodos da manh, entre o horrio das 6h30 s 6h50, de 14 a 18 de fevereiro de 2005. Atualmente, as duas emissoras que passam pela avaliao esto com programas policiais dirios e no mesmo horrio, dando nfase, na maior parte, para o jornalismo local e regional, e deixando um espao pequeno para fatos que chamam a ateno em mbito estadual e nacional, o que est de acordo com a proposta do rdio local. A idia no foi fazer uma avaliao no contexto global, mas discutir o tipo de programa levado ao ar e sugerir a produo de um programa jornalisticamente mais prossional e esclarecedor, zelando pela reputao das pessoas e contribuindo para o desenvolvimento da comunidade, ou seja, a inteno foi apresentar um programa policial piloto, que atenda a um padro comercial e social, privilegiando ainda a qualidade da informawww.bocc.ubi.pt

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o e respeitando as regras do bom jornalismo. Os meios de comunicao so considerados peas fundamentais para a educao, cultura e desenvolvimento dos cidados, para que possam compreender o mundo de forma mais humana. A necessidade da notcia para sobreviver no sculo XXI apenas um dos requisitos bsicos para a sociedade moderna, pois conhecer tudo o que acontece e que pode inuenciar na sua vida essencial numa poca em que o mundo globalizado mostra-se cada vez mais exigente. Esclarecer a opinio pblica e transformar os veculos de comunicao em mediadores sociais um desao que deve ser vencido todos os dias para quem trabalha na rea.

dez pessoas carem feridas, alm do impacto e a comoo que a notcia causar, muitas pessoas estaro acompanhando pelos veculos de comunicao toda a cobertura jornalstica. Quantas pessoas esto hospitalizadas, quantas correm risco de morte, e se alguma vtima morreu. Atravs do desenrolar dos fatos, sempre com dados atualizados, possvel complementar a notcia. Nessa linha de pensamento, Comassetto (2003), dene que a atualidade uma exigncia bsica para a notcia se tornar interessante. O mesmo autor ainda destaca outro conceito importante: A notcia, em sentido amplo, freqentemente tomada como toda e qualquer informao nova, bem como toda e qualquer matria veiculada pelos meios de comunicao, sejam relatos de acontecimentos, comentrios, opinies, desde que expressem algum tipo de novidade e despertem interesse publico, sem ntida inteno publicitria (p. 41). Comassetto (2003) pontua que fatos inditos que no foram publicados e fogem regra de tempo e validade noticiosa tambm podem incluir-se como notcias, de acordo com a sua prpria conceituao, a notcia tida como informao nova. Da decorre que os eventos mais recentes de qualquer acontecimento tendem a ser considerados tambm os mais importantes. Essa uma regra que se baseia no principio de atualidade da imprensa; a exceo se aplica a acontecimentos no recentes, mas inditos, isto , desconhecidos do pblico. (p. 47).

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Conceituao de notcia

A notcia ainda no possui uma explicao clara e concisa do seu signicado. De acordo com Erbolato (1991), a notcia tem um sentido vasto e pode ser interpretada de vrias formas e com muitos conceitos. No obstante a importncia da notcia, no chamado imprio do jornalismo, ningum conseguiu deni-la satisfatoriamente. Os tericos dizem como ela deve ser, mas no o que realmente (p. 53). As informaes divulgadas nos meios de comunicao so, na maioria das vezes, as mais impactantes e provocam discusso entre a sociedade. Para Erbolato (1991, p. 55) o leitor quer novidades. O relato de acontecimentos que saem da rotina causa maior repercusso por ser atrativo e ao mesmo tempo desconhecido. A matria prima do jornalista so, geralmente, as notcias que ocorreram ontem ou esto acontecendo neste momento. Se um carro de passeio colidir com um nibus ewww.bocc.ubi.pt

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Nessa variao que observa Comassetto (2003), podemos citar um exemplo muito fcil para entender como um fato no recente pode tornar-se notcia. A informao de um brasileiro que morreu na guerra do Iraque h cerca de 20 dias. O acontecimento que no foi veiculado pela imprensa, dessa forma, pode ser considerado atual e novo, por ser desconhecido. Mesmo que o fato ocorreu h dias, ele ainda de interesse popular. Comassetto (2003) observa que, atualmente, os meios de comunicao tambm esto passando por algumas transformaes. nesse ponto que o conceito de notcia amplia os seus horizontes e traz novos rumos para o jornalismo. Para ele, a imprensa noticiosa, sobretudo o rdio, est ofertando de forma mais ampla as informaes de servios, incluindo previso do tempo, entre outras notcias de utilidade pblica, de forma que a informao de fato tida como noticiosa hoje compartilha espao com uma oferta generalizada de informao de servios, que incluem desde boletins sobre as condies do tempo e do trnsito at receitas de cozinha, orientaes para o enfrentamento de problemticas individuais e familiares, conselhos para a sade, informaes do mundo artstico, compra e venda de objetos diversos, bolsa de empregos, etc. (COMASSETTO, 2005a, p. 17). Claro que essa enxurrada de informaes no contribui para o fortalecimento do jornalismo, considerado sob o ponto de vista do rigor cientco e do aprofundamento das problemticas sociais. E s vezes atrapalha esse propsito. Segundo Fontcuberta (1993, p. 36), o excesso de informao acaba por

criar no pblico um efeito narcotizador, um desinteresse, que acaba por incapacitar qualquer operao de anlise ou aproximao realidade. De qualquer forma, notcias de toda a ordem permeiam os noticirios, o que uma tendncia da nova era, tendo em vista a abundncia de informaes. O que os pensadores do chamado bom jornalismo se questionam at que ponto isso contribui para uma melhor compreenso dos fatos de real importncia no meio em que estamos inseridos. Mas essa outra discusso, que no vem ao caso aprofundar neste momento. Pereira Jnior (2001, p. 63) ressalta que a notcia uma forma de ver a realidade, onde todas as informaes que so veiculadas pela imprensa so para fortalecer a cidadania na sociedade contempornea. O jornalismo pode ser considerado um grande referencial para a transmisso de conhecimento, dessa forma, abrindo espao para a cultura, o conhecimento e a democracia. Noutra viso, Marcondes Filho (apud PEREIRA JNIOR, 2001, p. 69) analisa que a notcia, alm de ser informativa, tambm um produto para a massa popular, visto o carter comercial da mdia, como Notcia a informao transformada em mercadoria com todos seus apelos estticos, emocionais e sensacionais; para isso a informao sobre um tratamento que a adapta s normas mercadolgicas de generalizao, padronizao, simplicao e negao do subjetivismo. preciso entender que a notcia um conjunto de pressupostos, em que cada um tem um valor importante dentro do conceito de informao. De fato, a notcia, em todos oswww.bocc.ubi.pt

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sentidos, deve ser informativa, atual, nova e que interesse ao maior nmero possvel de pessoas. No entanto, possvel armar que a mutao dos meios de comunicao permite incluir como notcia as informaes de utilidade pblica, ou seja, previso do tempo, bolsa de emprego e negcios. Contudo, jornalisticamente falando, importante que a notcia esclarea a opinio pblica e atenda s necessidades da sociedade.

para ganhar espaos e evitar que as grandes redes, como Globo, SBT, BAND, entre outros, se ocupem de maiores espaos no cenrio global. A mesma viso de Wolf (2003, p. 2100: As notcias culturalmente prximas se referem a eventos que pertencem esfera normal de experincias do jornalista e do seu pblico. So os tipos de acontecimentos que implicam uma esfera compartilhada de linguagem e aceitao culturais comuns. Por exemplo: Um acidente de nibus que envolve um nmero pequeno de vtimas mais signicante do que a queda de um avio em um local mais distante. A proximidade predominante para valorizar a notcia. Ainda nessa linha de pensamento, Erbolato arma que a notcia mais global tambm pode tornar-se interessante, a ponto de poder repercutir localmente e em setor vitais da comunidade. Galtung e Ruge (apud TRAQUINA, 2005, p. 71), entendem que o acontecimento deve ser relevante tendo em vista o impacto que poder ter sobre o leitor ou os ouvintes. Com isso, provocar, conforme o tema, comentrios e discusses entre grupos interessados (ERBOLATO, 1991, p.56). De acordo com Galtung e Ruge (apud TRAQUINA, 2005, p.71), o inesperado outro valor-notcia. Segundo os autores as notcias mais inesperadas tm maiores hipteses de serem includas (apud TRAQUINA, 2005, p. 71). Por menor que seja o fato, o valor da notcia pode ser medido de acordo com o interesse popular. Para Parada (2000, p. 24), o assunto deve ser do interesse do maior nmero de pessoas possvel, deve ter alguma utilidade em suas vidas.

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Critrios de noticiabilidade

A noticiabilidade uma das preocupaes do jornalismo moderno, pois, a partir desse ponto, pode-se denir quais so as informaes que sero veiculadas pelos meios de comunicao. No momento em que as redaes so bombardeadas por informaes, a imprensa tende a atribuir valores e critrios para selecionar o que mais importante para o interesse pblico e social. Para Erbolato (1991, p. 19), a primeira tarefa do jornalista saber o que publicar. A partir dessa associao, o valor/notcia passa a ser a tnica para escolher qual notcia que causa a maior repercusso. De acordo com Erbolato (1991), Wolf (2003) e Parada (2000), o valor da notcia pode ser encontrado na proximidade. Os meios de comunicao, no generalizando, cada um no seu contexto, procuram localizar as notcias com intuito de aproxim-la do receptor. Segundo Parada (2000, p. 24) a notcia precisa falar de algo que seja de interesse do ouvinte. Temas relevantes, em geral, so aqueles prximos. As informaes locais e que envolvem o dia-a-dia de cada cidado so mais atraentes, mais importantes para o contexto local. Para Erbolato, a mdia do interior tem usado esse tipo de percepowww.bocc.ubi.pt

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Escreve Erbolato (1991) que a raridade tem um aspecto interessante no contexto de notcia. Um homem que se jogar de um prdio sem pra-quedas, dois candidatos a prefeito de uma cidade com o mesmo nome, ou o nascimento de uma criana meia-noite do dia 31 de dezembro, so casos que saem da normalidade e podem ser includas como notcia de valor. Isso tudo numa viso jornalstica e dentro do contexto de cada meio de comunicao. A imprensa mundial acompanhou com uma mega-cobertura os ltimos meses de vida do papa Joo Paulo II, representante maior da igreja catlica. Nesse tipo de caso, a proeminncia fundamental. Erbolato (1991), diz que acontecimentos que envolvam celebridades ou pessoas pblicas estimulam o interesse pblico. A facilidade como as informaes so propagadas grande. Qualquer acontecimento divulgado, por exemplo, na China, pode ser conhecido no Brasil em poucos segundos. A partir da, a importncia de se apurar as conseqncias com rapidez, a m de tambm se prevenir contra desencadeamentos indispensveis, por exemplo, a tomada de medidas econmicas tendo em vista um abalo nanceiro em outro pas. Erbolato (1991) destaca ainda que a utilidade pblica com as informaes sobre os servios bsicos para a comunidade essencial e destacam pela necessidade veemente da utilizao, em qualquer hora ou qualquer dia. No caso de uma pessoa necessitar procurar atendimento mdico, atravs da imprensa, ela poder saber qual a unidade de sade que est atendendo durante o feriado. Mesma coisa com a divulgao de bolsa de empregos, documentos que foram encontra-

dos e chamados de rgos pblicos e privados. Outro ponto importante para assinalar diz respeito poltica editorial do meio de comunicao. Conforme Erbolato (1991), cada veculo segue uma determinada idia ou proposta de acordo com as necessidades ou contexto. Dessa forma, dando maior destaque para certas atividades, como: agricultura, esporte ou poltica. O critrio de seleo fundamental para os meios de comunicao se manterem diante da comunidade como um formador de opinio, estimulador da discusso e do esclarecimento do pblico. Dessa forma, mostrar que a notcia de fato importante para o desenvolvimento da sociedade e da cultura. A avaliao criteriosa das notcias e a apurao de forma correta garantem a qualidade noticiosa do fato, sempre primando pelos conceitos bsicos de atender o maior nmero de pessoas e ampliando o princpio do jornalismo dentro da responsabilidade social.

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Caractersticas do rdio

O rdio, entre os meios de comunicao de massa, pode ser considerado o mais popular e o de maior alcance do pblico. Longe de ser um meio ultrapassado, o rdio rearma a sua condio de veculo indispensvel no cotidiano e est presente de forma intensa no dia-a-dia da sociedade. Por ser um veculo de comunicao com baixo custo, o rdio atinge um pblico bastante numeroso e heterogneo, o que caracteriza sua popularidade. O rdio um veculo diferente de qualquer outro. Ele se destaca pela exibilidade. Essa qualidade basicamente ponto fundamental para o rdio, que, a qualquer momento, podewww.bocc.ubi.pt

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alterar sua programao sem afetar a qualidade. Tecnicamente, o reprter, apenas com um aparelho de telefone, pode falar de qualquer ponto, ultrapassando as fronteiras e os limites territoriais separados pela geograa ou nacionalidade. Mcleish (1999), reitera que a programao do rdio, por ser simples, pode sofrer alteraes de rotina. As matrias inseridas em programas, ou mesmo o programa todo, podem ser eliminadas e substitudas, quase de modo imperceptveis, por algo mais urgente (p. 17). Vamos imaginar a morte de um representante da sociedade local. De fato, o rdio tem a possibilidade de interromper a programao para veicular a informao sem causar danos para a programao normal da emissora, o que dicilmente acontece na televiso e outros veculos. Por ser essencialmente falado, o rdio atinge um pblico composto de vrias camadas sociais, comeando pelo ouvinte analfabeto at o ouvinte com nvel cultural mais acentuado. De acordo com Mcleish (1999, p. 15) trata-se de um meio cego, mas que pode estimular a imaginao, de modo que, logo ao ouvir o locutor, o ouvinte tenta visualizar o que ouve, criando na mente a gura do dono da voz. Para Barbosa Filho (2003), o rdio chega mais prximo do ouvinte, sempre falando do cotidiano e se aproximando da sua realidade. O regionalismo uma marca fundamental do rdio, pois oferece visibilidade s informaes locais. Esse princpio dinamiza as relaes entre rdio e comunidade (p. 46). O rdio um dos meios de comunicao de maior impacto na sociedade local e regional, comparando com outros de maior aporte e que atingem diretamente a massa no contexto global. O rdio pode transmitir comwww.bocc.ubi.pt

facilidade, em tempo real, dessa forma acelerando a disseminao do contedo e deixando informado o ouvinte sobre o que est ocorrendo. Para Ortriwano (1999, p. 79) o rdio pode estar presente com mais facilidade no local dos acontecimentos e transmitir as informaes mais rapidamente do que a televiso. Tal viso tambm descrita por Barbosa Filho (2003, 47): O rdio possui carter imediato, possibilitando que o ouvinte se inteire dos fatos no momento em que acontecem. A transmisso de um jogo de futebol, a cobertura de acidentes no local do ocorrido so agilidade para o meio. O rdio acelera a disseminao em curto espao de tempo, subsidiando a sociedade, os grupos e indivduos em dada formao cultural. No caso de um acidente automobilstico, por exemplo, o rdio tem o poder e a autonomia de informar o fato, minutos depois que ele tenha ocorrido, transmitindo de forma instantnea e imediata. Nesse ponto de vista, para Comassetto (2005b), mesmo com o surgimento de novas mdias, o rdio no deixa de ser surpreendente, destacando-se pela facilidade que tem de informar com rapidez, deixando o ouvinte mais prximo do acontecimento. O autor explica que o rdio dispensa aparatos sosticados na cobertura dos acontecimentos, dando mais mobilidade ao veculo, reconhecido pela imediaticidade com que pe o ouvinte em contato com a realidade. O imediatismo na transmisso fundamental para atender aos objetivos do rdio, mas tambm so importantes os noticirios como periodicidade xa, que permitiro a quem no possa ouvir rdio

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o dia todo saber quando poder encontrar reunidos fatos que, ao menos teoricamente, foram os mais importantes (ORTRIWANO, 1999, p. 95). Partido desse ponto de vista, Barbosa Filho (1985, p. 80) reitera que o rdio permite trazer o mundo ao ouvinte enquanto os acontecimentos esto se desenrolando. notrio tambm que a radiodifuso tem uma facilidade maior para cobrir eventos, e o ouvinte, para acompanh-los, pois est livre de os e tomadas (ORTRIWANO, 1999, p. 79). O rdio considerado o principal meio de comunicao, atingindo quase 100% dos domiclios. Conforme Ortriwano (1999, p.81), ao mesmo tempo, a atividade de ouvir no exclui a possibilidade de desenvolver outras tarefas, como ler, dirigir e trabalhar. Dessa forma, comum o rdio estar ligado na cozinha, carro e empresas. Barbosa Filho (2003, p. 48) garante que tal fato ocorre porque seu preo quase sempre acessvel e sua abrangncia alcana basicamente qualquer lugar, mesmo onde no existe energia eltrica. O rdio pode ser considerado um pano de fundo em qualquer ambiente, despertando interesse somente dos fatos mais atinentes ao ouvinte. Nesse contexto, o rdio atende um pblico de classes sociais das mais diversas, tem uma funo social fundamental para o desenvolvimento da comunidade regional, tanto educacional como cultural. Na sua essncia, funciona como um agente de informao, sobretudo, com a grande misso de fortalecer a opinio pblica e tornar-se um instrumento para a democratizao dentro do seu prprio contexto regional. Cabe aqui destacar, o que diz Friderichs, (2005, p. 51) para quem (...) se encontra na caracterstica regional

o impulso que poder fazer do rdio um instrumento de expresso igualitria de todos os membros de uma comunidade, no qual os diferentes sujeitos podero expor suas idias, problemas e manifestaes culturais no mesmo instante; assim, podem, juntos, debater, discutir e elaborar solues que melhorem as condies de vida de toda a comunidade. Preocupados em conquistar ouvintes, os prossionais do rdio desenvolvem tcnicas para informar o pblico de forma correta e para serem bem compreendidos. Comeando pelo vocabulrio sempre coloquial, evitando palavras rebuscadas e que so de difcil entendimento. Deve-se ter em mente que pessoas de todos os nveis de conhecimento esto ouvindo. Alm disso, o rdio ainda apresenta um texto leve e que imprime clareza e objetividade no que est sendo veiculado. O rdio proporciona uma discusso mais ampla com a comunidade, abordando fatos relevantes e que precisam de soluo. Para Mcleish (1999, p. 20), o rdio atua como um vigilante sobre os que detm poder, propiciando o contato entre eles e o pblico. Alm disso, considerado um multiplicador de informaes, propiciando o debate, propondo solues prticas e unindo mais a comunidade em que est inserido. frente a essas questes que o rdio destaca-se no cenrio contemporneo como um veculo sedutor, atraente e envolve os ouvintes com a facilidade de cativar e interagir diretamente com a sua prpria localizao. um dos meios de comunicao mais prximos da comunidade, atendendo s suas necessidades, desenvolvendo o papel de esclarecer a opinio, estimular o debate e acreswww.bocc.ubi.pt

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centar no conhecimento cultural de toda a sociedade. O rdio indispensvel no dias atuais, quando a informao e o conhecimento so quesitos bsicos para entender melhor o mundo globalizado.

GLOBO LTDA, 2004, p. 39). A necessidade de redimensionar o espao, ao mesmo tempo em que foi necessrio para a televiso, foi inevitvel tambm para o rdio. Ao rdio local, no restou alternativa, seno estreitar ainda mais seus laos com as comunidades em que est inserido e acentuar o trabalho jornalstico realizado nesses lugares, pois isso que justica a existncia, confere a identidade e fortalece a presena do rdio nas comunidades (COMASSETTO, 2005a, p. 76) Diante desta situao, ao rdio o mais importante cobrir as notcias que os demais no do. A concorrncia desnecessria, pois ao rdio no convm querer competir com quem, por ter mais recursos, pode oferecer produtos mais espetaculares (CEBRIN HERREROS, 2001, p. 157). Segundo Comassetto (2005), por ser essencialmente local, o rdio necessariamente deve retratar e aprofundar os acontecimentos da comunidade, sem, todavia, ignorar informaes que so regionais, estaduais, nacionais ou internacionais (p. 77), pois, com a globalizao, ocorrncias originadas em um lugar tm conseqncias planetrias, e por isso inuenciam tambm na comunidade. Observa ainda que a notcia condio bsica para a busca de resultados, mas sempre observada a credibilidade da informao e, sobretudo nos meio locais, os laos com as comunidades a que servem (2005b). Ainda nessa viso, o autor menciona que o rdio, alm de possuir um poder de informar o que envolve a sua realidade, tem a possibilidade de ater-se s discusses de abrangncia localizada, contemplando seu papel fundamental diante da sociedade e destacando-se como

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O jornalismo de proximidade

Diante do carter cada vez mais globalizado da mdia, uma discusso em evidncia na atualidade a que diz respeito cobertura dos fatos locais. No adianta querer esperar isso das grandes organizaes, nacionais e internacionais, que operam em redes ou cadeias, transmitindo para pblico amplo. Nesse sentido, cumpre ao rdio local um importante papel no que tange ao jornalismo de proximidade. Conforme Comassetto (2005), a informao de real interesse no rdio local a que est relacionada aos acontecimentos prximos, aos valores, situaes e vivncias de seu entorno. As emissoras de rdio, com o surgimento da televiso, foram praticamente obrigadas a tornar-se cada vez mais locais para sobreviver. Conforme Chantler e Harris (1998, p. 21), a fora do jornalismo numa emissora de rdio local o instrumento que d a ela a sensao de ser verdadeiramente local. A televiso, por sua vez, aborda as notcias de contexto global. As retransmissoras tm pouco tempo para o local, predominando os noticirios veiculados em rede. A TV Globo, ao desenvolver um padro de programa para o Jornal Nacional, optou em um novo conceito para selecionar as notcias. As matrias deveriam ser de interesse geral e no regionais ou particulares. Os assuntos tinham que chamar a ateno tanto do telespectador de Manaus quanto de Porto Alegre (TVwww.bocc.ubi.pt

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um meio de comunicao indispensvel para a populao. Frente a essas questes, o que questionado por vrios tericos que estudam o jornalismo praticado atualmente pelas emissoras radiofnicas voltado qualidade das informaes que esto sendo veiculadas na mdia. Para Del Bianco (2004), as emissoras do interior, por possurem uma estrutura menor, no quesito recursos humanos e tecnolgicos, apresentam uma produo precria de notcias jornalsticas. Explica que nessas emissoras predominam os programas de entretenimento centrados na gura de comunicadores, um mix de msicas, fofocas e pouca ou quase nenhuma informao jornalstica sobre a cidade ou regio (p. 319). A autora arma que na grande maioria das emissoras radiofnicas do interior no existe equipe de jornalismo, e ao mesmo tempo interesse em investir nessa rea para produzir notcias com qualidade e que seja interessantes para a comunidade local. Percebe-se nas emissoras de rdio, na maior parte, que a grande preocupao com a audincia e com o retorno nanceiro para o proprietrio, que, na maioria das vezes, so polticos e empresrios que nem sobrevivem da comunicao. Para eles, o rdio sinnimo de ganhar dinheiro fcil, com pouco investimento em funcionrios, equipes e tecnologia. Segundo Del Bianco (2004), a abertura de espaos nas emissoras para programas religiosos ou outros que possam ser revertidos em lucros para a empresa, esto tendo um espao volumoso. A autora conrma que no se sabe exatamente quantas emissoras adotam essa prtica, at pela ausncia de um controle legal sobre o contedo da programao (p. 319). Contudo, Del Bianco (2004) aponta que a

implantao dos novos conceitos para o rdio ser necessria, ainda mais com a chegada da era digital, quando a qualidade ser ponto crucial para manter as emissoras diante das concorrentes. O rdio praticado hoje, segundo a autora, passar por uma inovao e tudo indica que as emissoras tero de se estruturar melhor para oferecer audincia no somente programao de qualidade de CD, como tambm servios adicionais de dados e informao qualicada. Lembra que a era digital traz em si a promessa de integrar e convergir vrios meios de comunicao numa aldeia global constituda a partir das redes informatizadas interativas (p. 318). Para Del Bianco (2004), as emissoras radiofnicas que continuarem arraigadas a um modo antigo de fazer rdio sem compromisso com a audincia e direcionadas apenas promoo poltica ou religiosa estaro em poucos anos perdendo espao para a concorrncia, e para aqueles que souberem oferecer informao e servio com qualidade (p. 321). O rdio necessariamente tem que atender sociedade que vive em seu entorno, pois responsabilidade dele, alm das coberturas jornalsticas dos acontecimentos, o debate das problemticas, o esclarecimento de questes pblicas. Segundo Barbeiro (2004), as novas tecnologias esto inuenciando o rdio a partir para um novo formato. Diante da globalizao, h necessidade de ampliar o rool de servios disponibilizados sociedade, principalmente no que diz respeito a jornalismo que esclarea a opinio pblica e atenda a demanda sociedade que procura car informada diariamente atravs do rdio. Barbeiro (2004) arma que o pblico est, de certa forma, mais exigente no que diz reswww.bocc.ubi.pt

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peito ao esclarecimento da opinio pblica. Portanto, ca claro que s a notcia de qualidade capaz de salvar o rdio do redemoinho provocado pelas novas tecnologias eletrnicas, informticas e cibernticas que ativam outros meios. O autor conrma que a interao entre o rdio e receptor est cada vem mais forte. O radiojornalismo tem uma contribuio grande a dar quando est comprometido com o senso de responsabilidade pblica, conhecimento dos problemas bsicos da sociedade e o respeito e o cultivo da tolerncia, adversidade, pluralidade poltica e ideolgica e a constante vigilncia da ao do Estado (BARBEIRO, 2004, p. 146). Essa mescla de explicaes serve para tornar mais claro que o rdio precisa melhorar seu padro qualicativo. As emissoras ainda continuam ocupando um espao importante na sociedade e sendo um referencial de inuncia na educao e na cultura local. Cebrin Herreros (2001) entende que o rdio local dos novos tempos nada mais tem a ver com a antiga rdio de reproduo de discos, de baixo custo e quase nenhum prossionalismo, ou seja, o novo modelo exigir maior qualidade sonora e recursos adicionais. Enm, o rdio cada vez mais exigir qualicao dos prossionais, equipes estruturadas e informao adequada para as necessidades do pblico que espera receber conhecimento e esclarecimentos.

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A notcia como espetculo

Na sociedade atual, os meios de comunicao de massa produzem, selecionam, excluem e transformam aspectos da realidade, reproduzindo-a parcialmente e formando a opinio pblica. Na guerra pela audincia,www.bocc.ubi.pt

as regras de um bom jornalismo so comumente esquecidas. As notcias sensacionais e que chocam atraem o pblico; contudo, na maior parte, so apuradas de forma inadequada, sem profundidade e com grandes possibilidades de distorcer o contexto real dos fatos. Baseado em autores que discutem essa problemtica, interessa aqui discutir at que ponto o jornalismo segue a tendncia de supervalorizar as notcias de impacto ao invs de informar o pblico com responsabilidade. O sensacionalismo na mdia no novidade, desde o sculo passado os meios de comunicao tm explorado acontecimentos com contedos apelativos, com matrias capazes de emocionar ou escandalizar, isso pelo fato da mdia estar cada vez mais condicionada aos ndices de audincia (COMASSETTO, 2005a, p. 211). Segundo Marshall (2003, p. 75), ainda nos tempos da pr-imprensa, a frmula sexo, sangue e violncia j era um ingrediente que atraa a curiosidade. Exemplo so as primeiras manifestaes impressas que circulavam pela antiga Roma, na verdade, boletins sobre crimes e divrcios axados em vias pblicas. Os jornais populares tambm faziam sucesso na Frana no sculo XIX. A maior parte tinha apenas uma pgina, com ttulos, ilustraes e textos. Por relatarem fatos mais chocantes, eram os mais procurados pela populao da poca. Ao longo do tempo, o mesmo modelo de fazer notcia foi ganhando fora e atualmente utilizado por parte dos meios de comunicao. O conceito sensacionalista at hoje o grande lo do apelo popular. Conforme Comassetto (2005a, p. 214), a idia de que as notcias ruins so as boas notcias h muito que virou ditado no jornalismo. Portanto, a maior parte das notcias

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veiculadas so de fatos negativos. Quanto mais um acontecimento for negativo nas suas conseqncias, maior ser sua probabilidade de se tornar notcia (GALTUNG-RUGE apud WOLF, 2003, p. 215). Wolf tambm menciona que quanto maior, mais inslito ou mais cruel for o espetculo, maior o impacto que a informao ter perante o pblico (2003, p. 216). A mesma preocupao manifestada por Patterson (2003). O pesquisador garante que na maior parte das notcias veiculadas, principalmente policiais, os critrios utilizados visam audincia, pois o sensacionalismo atrai a ateno das pessoas no primeiro instante. Adverte, entretanto, que um sensacionalismo interminvel pode, por m, aborrec-las. Alm do que pode distorcer a percepo que as pessoas tm da realidade. O mesmo autor reitera que as notcias que salientam incidentes e assuntos que tem pouco a ver com questes pblicas e que so selecionadas pela sua capacidade de chocar ou entreter so mais veiculadas (PATTERSON, 2003, p. 22). Dessa forma, nota-se que as notcias esto cada vez mais orientadas para o que interessa audincia, em vez de para o que a audincia precisa saber (p.21). Para Patterson, as matrias do gnero tm grande aceitao popular, mas assinala que a idia segue uma linha contrria ao ideal do jornalismo de fornecer aos cidados a compreenso clara do seu papel na sociedade (p. 43). O mesmo autor ressalta ainda que as notcias consideradas sensacionalistas reduzem a qualidade da informao, dentro de uma percepo crtica, visto que notcias que no contribuem para o desenvolvimento da sociedade esto sendo veiculadas de forma intensa nos veculos de comuni-

cao. Frente questo, tambm observa Comassetto (2005b) que se deve manter um senso crtico das informaes, sobretudo da rea policial, que segundo apurou o autor, so divulgadas de forma exagerada, A busca pela audincia a qualquer custo, pelo recurso do exagero, da espetacularizao do contedo, da concorrncia, da baixaria, do excesso de improvisao e coloquialismo, tende a gerar desgastes, afeta a credibilidade e impe riscos futuros. Em se tratando de rdio, Comassetto descreve que o rdio perdeu qualidade, baixou de nvel e tornou-se, especialmente no caso das AMs, um veculo apelativo. Destaca que o rdio est tratando as notcias com exagero na emoo e apelo ao sensacionalismo, quando no descambando para a baixaria, em funo de demasiada ateno s ocorrncias do submundo das cidades, a violncia, o crime os desastres. Mais do que apontar os problemas sobre o sensacionalismo na mdia e a falta de tica na cobertura jornalstica, necessrio propor novas alternativas para incentivar uma conscincia mais humana e estabelecer a divulgao de notcias que sejam teis para a sociedade. O jornalismo sensacionalista tomado por uma competitiva briga de organizaes noticiosas, sempre ressaltando os incidentes dramticos, crimes e desastres, alm da violncia urbana que assusta a populao. Diante disso, que se deve repensar a forma em que os meios de comunicao, principalmente o rdio, esto se utilizando para a seleo da informao, j sabendo que a mdia eletrnica de origem pblica e deve estar preocupada tambm com a responsabilidade social.www.bocc.ubi.pt

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O jornalismo policialno rdio

O jornalismo policial no rdio teve incio ainda no sculo passado e atualmente ainda considerado um dos principais produtos das emissoras. Segundo Lopes (1988), a maior parte das informaes policialescas era transmitida normalmente por emissoras radiofnicas no populares, e atravs de inseres durante os noticirios. No sentido de repassar ao ouvinte uma notcia mais sria, devido ao carter do meio na poca, os fatos como assaltos, roubos e crimes eram agrupados em uma nica seo. Dessa forma, dava-se mais espao para informaes gerais, abordando poltica, economia e esporte, e determinando sempre um contedo informativo. As notcias policiais tambm ganhavam tratamento especial, evitando-se a distoro e o exagero na veiculao dos fatos. Nas emissoras radiofnicas mais populares, a abordagem para o fato policial j aparecia com mais destaque. As notcias eram veiculadas atravs de programas durante a programao das emissoras como: Gazeta, Globo e Tupi. De acordo com Lopes (1988), as informaes eram transmitidas por um reprter policial com locuo agressiva e certo toque sensacionalista (p. 125). Os programas policiais nas emissoras populares ainda destacavam-se pela frmula de transmitir a notcia juntando um estilo de rdioteatro e jornalismo. Nesse contexto, a expressividade do jornalismo policial foi tomando propores crescentes, destacando-se como de maior audincia no rdio e na penetrao das classes sociais de baixa renda. Isso, por ser um veculo de fcil acesso, barato e que pode ser ouvido em qualquer local. Alm disso, somente o rdio tem a vantagem de difundirwww.bocc.ubi.pt

a informao localizada e que est prxima do acontecimento. Conforme relata Lopes (1988), a receita de sucesso do noticirio policial baseia-se simplesmente na narrao e dramatizao dos prprios fatos, criando um clima de suspense crescente e de envolvimento emocional da rdio novela (p. 125). Os efeitos e trilhas sonoras para tornar o cenrio mais real possvel contribuam para ampliar a tenso dos ouvintes que acompanhavam os fatos contados em forma de histria. O programa policial de maior audincia entre as rdios de So Paulo foi o principal guia para o aumento do gnero mais contado, utilizando como base trilhas sonoras e o suspense, tornando a narrao do locutor mais realista. Gil Gomes, naquela poca, na Rdio Record, das 08h s 10h da manh, atingia picos de 53% de audincia, congurando um novo gnero radiofnico. De fato, os programas de maior audincia da rdio Record, a emissora mais ouvida pelas classes populares em So Paulo, so do gnero policial, sertanejo e de variedades (LOPES, 1988, p. 107). Na programao da emissora Record, que no nal da dcada de 70, incio de 80, era a rdio de maior audincia do pas, mantinhase uma grade de gneros voltados msica popular, variedades e policial, considerada pela autora povo e que caracterstico de So Paulo para todo o Brasil (p.116). Conforme Lopes (1988), o conjunto dos gneros variados que melhor expressam o discurso popular, principal motivo que manteve a emissora com grandes picos de audincia. Os programas policiais nas emissoras de rdio so, na maior parte das vezes, os de audincia e que atraem com mais veemncia a

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Alex Rmulo Pacheco Guaba (Porto Alegre, RS), Mrcio Pessoa3 , mostra-se mais preocupado com a notcia policial. Relata que a editoria de polcia presta hoje no Brasil um desservio populao, ainda mais quando uma parcela da sociedade vive em reas de baixa renda. Para Pessoa, o jornalismo policial praticado atualmente pela imprensa brasileira seria mais interessante para pases desenvolvidos, onde o pblico-alvo na maior parte das vezes tem aporte cultural para interpretar de forma menos nociva os crimes. O reprter critica a forma atual dos programas do gnero e declara que a imprensa brasileira incentiva o crime e glamouriza o bandido. Nessa viso, descreve que algumas matrias veiculadas pela mdia amedrontam a populao, produzindo criminosos e mostrando a facilidade de se cometer os delitos. Para Pessoa, o bom reprter aquele que consegue narrar o contexto social dos protagonistas desta guerra social, os criminosos, as vtimas e os policiais, a ponto de contextualizar as circunstncias do crime, os motivos pelos quais ele foi cometido, e dividir isto com o pblico. O jornalista ainda menciona que o jornalismo policial do rdio se tornou pretensioso, despreocupado e pouco cuidadoso com os efeitos, pela necessidade da mdia brigar pela audincia. No Rio de Janeiro, onde a violncia tomada por propores mais signicativas, o reprter da Rdio Tupi, Alberto Brando4 (RJ) arma que a informao nem sempre agradvel, por isso, os acontecimentos so narrados conforme os dados so colhidos junto fonte (polcia ou vtimas). OPESSOA, Mrcio. Depoimento ao autor, 18/04/2005, Porto Alegre. 4 BRANDO, Alberto. Depoimento ao autor, 31/05/2005, Rio de Janeiro.3

ateno do pblico. Atualmente os meios de comunicao, sem restries a qualquer veculo, tm direcionado espaos para acontecimentos do gnero. Para o apresentador de um programa policial no SBT (Florianpolis, SC), Hlio Costa1 , os programas policiais tm que informar, denunciar e divulgar as informaes sobre o dia-a-dia do que acontece em cada regio. Ele explica que existe uma briga entre os veculos para divulgar a matria em primeira mo, com exclusividade, para valorizar o trabalho que feito pelo reprter da rea. comum, segundo Costa, uma ateno grande com a manchete de impacto, isso para garantir a audincia e apelo popular. Pontua ainda que as notcias policiais que so veiculadas so as mais relevantes e que podem despertar maior interesse do pblico. Contudo, ressalta que, se o cara vagabundo, eu chamo de vagabundo, se o cara bandido, bandido. Defende ainda que a idia no s mostrar o marginal, mas mostrar para a populao o trabalho da polcia. De acordo com o reprter da RBS-TV (Chapec, SC), Claudrio Augusto2 , o jornalismo policial tem que informar. As notcias mais veiculadas so de assaltos, trco, furtos e roubos, ou seja, informaes que so colhidas junto delegacia e principalmente com autoridades policias que so as fontes ociais. Reitera ainda que somente notcias de maior impacto so veiculadas com o sentido de atender os interesses da comunidade. Nesse contexto, o reprter da RdioCOSTA, Hlio. Depoimento ao autor, 21/03/2005, Florianpolis. 2 AUGUSTO, Claudrio. Depoimento ao autor, 01/06/2005, Chapec.1

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papel do jornalismo policial buscar a notcia de forma objetiva e verdadeira, contudo, ressalta que qualquer notcia importante, pois toda sociedade gosta de car sabendo sobre um acidente e uma enchente ou fatos que envolvem o setor de segurana pblica. De acordo com Brando, o sensacionalismo na mdia muito comum. Segundo ele, em alguns veculos de imprensa, se a vtima no chorar, a matria no aprovada pelo departamento de jornalismo. O reprter da Rdio Tupi explica ainda que os programas policiais da atualidade nos meios de comunicao esto dentro de um padro que conta com a audincia e a necessidade de comercial do veculo de imprensa, que precisa de dinheiro para manter-se, como qualquer outra empresa. O apresentador dos programas policiais da Rdio Aliana (Concrdia, SC), Luiz Antonio Paludo5 , descreve que a editoria de polcia tem a funo de esclarecer e investigar os acontecimentos. Arma que a mdia explora e supervaloriza a violncia, por isso, trata os fatos com sensacionalismo. O apresentador explica tambm que o discurso para tornar a notcia policial mais digervel utilizando o humor, j que garante que esse estilo no prejudica a credibilidade e nem a qualidade da informao que est sendo veiculada. Na viso dos dois reprteres policiais da Rdio Rural (Concrdia-SC), Srgio Priman6 e Marcos Feij7 , o jornalismo de polcia para informar, investigar e orientar aPALUDO, Luiz Antonio. Depoimento ao autor, 20/05/2005, Concrdia. 6 PRIMAN, Srgio Luiz. Depoimento ao autor, 11/04/2005, Concrdia. 7 FEIJ, Marcos. Depoimento ao autor, 11/04/2005, Concrdia.5

populao. Priman diz que o prossional da rea no deve omitir opinio sobre o fato. Contudo, Feij ressalta a importncia da notcia de polcia para abrir os olhos da comunidade. Alerta ainda que a editoria deve evitar o excesso, ou seja, o reprter deve ir at o limite do que necessrio. A partir da, vira explorao barata do assunto. Priman conrma que a notcia policial est, de fato, supervalorizada nos meios de comunicao. Ele acredita que o ouvinte est acostumado a receber todos os dias informaes que chocam ou escandalizam a sociedade. Se continuar assim, dar uma informao da morte de um beb ser a mesma coisa que falar da viagem do presidente. O reprter da editoria de polcia da Rdio Gacha (Porto Alegre, RS), Giovani Grizotti8 , explica que preciso tratar a notcia policial com iseno, sem explorar as tragdias pessoais de todas as partes envolvidas, incluindo tambm o bandido. Segundo ele, a imprensa tem que cobrar melhorias na segurana, identicar as falhas e ouvir da populao quais so suas necessidades. O reprter verica ainda que talvez falte um pouco da mdia identicar tambm as causas da criminalidade, que no esto apenas ligadas decincia na segurana pblica, mas tambm falta de educao e emprego. A notcia de polcia uma das reas mais complexas do jornalismo moderno e que comea a despertar da crtica um embate mais forte sobre o que est sendo veiculado em programas jornalsticos do gnero. O discurso dos reprteres e apresentadores de proGRIZOTTI, Giovani. 18/04/2005, Porto Alegre.8

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gramas policiais no condiz, na maior parte, com a prpria realidade do que est sendo praticado. Atualmente, a mdia no est cumprindo com a sua principal funo, que a de esclarecer a opinio pblica e de levar conhecimento e cultura sociedade em que est inserida. Os programas, nesse sentido, seguem uma linha, a grosso modo, mais interessada na audincia e na questo econmica. Relatam episdios envolvendo a sociedade, mas sem o devido aprofundamento das causas e conseqncias. Na maioria das vezes, apenas lem ocorrncias conforme coletadas na fonte, ou seja, nos departamentos policiais e outros rgos de segurana.

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O rdio em Concrdia e o jornalismo policial

A implantao do rdio em Concrdia foi fundamental para o desenvolvimento da sociedade, mesmo quando utilizado para a comunicao agroindustrial de pequenos agricultores integrados e no campo poltico. Desde a sua origem no municpio, o rdio j tinha parte de sua programao voltada rea agrcola, por isso, desde o incio, foi visto como um instrumento importante para a comunicao com os agricultores. A partir da dcada de 60, por ser o nico meio de comunicao que chegava aos domiclios de forma mais acentuada, e pela precariedade das linhas telefnicas, que no estavam disponveis ao interior, o rdio mostrava-se verdadeiramente til, servindo como meio de difuso de novas tecnologias na criao de sunos e aves. Desde sua origem, a ainda Rdio Sulina, hoje Rural AM, adquirida pela Sadia em 1956, tinha a nalidade de ser essencialmente voltada ao ho-

mem do campo. Contudo, foi utilizada tambm com nalidade poltica, seja para a projeo de candidatos de interesse da empresa, seja para evitar crticas de grupos no alinhados com a conduta da Sadia ou dos polticos que interessavam a ela (COMASSETTO, 2005, p. 120). Dcadas se passaram, o rdio concordiense modernizou-se tecnologicamente, prossionalizou-se e se enraizou como meio de comunicao essencial no somente ao agricultor, mas tambm populao da regio urbana, que buscava informao e entretenimento. Por isso, a necessidade de uma programao mais popular, ecltica e que atingisse necessariamente o maior nmero de cidados e no mais somente a classe agrcola, como era o objetivo quando de seu surgimento. Os interesses comerciais, j pensando em retorno nanceiro, zeram com que os programas voltados ao gosto popular se acentuassem. nesse sentido que programas policiais, que j vinham conseguindo audincia em emissoras populares em capitais, vieram, com grande resistncia, a ser implantados tambm em rdios de Concrdia. A Rdio Rural, ainda sob o comando da empresa Sadia nos anos 80, abriu espao para a implantao de um programa do gnero, por isso considerada a pioneira em programao especca de jornalismo de polcia. Segundo o relato de antigos funcionrios da emissora, o primeiro programa de polcia, o Reprter Policial, foi ao ar no incio de 1981. Antes disso, as informaes eram includas dentro dos programas de jornalismo geral. De acordo com Jlio Mocelin9 , apresentador do9 MOCELIN, Jlio. 02/05/2005, Concrdia.

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primeiro programa de polcia do rdio concordiense, o incio foi agitado, pois o gerente da Rdio Rural, na poca Cllio Ivo Dal Piaz, no acreditava no novo programa, que se destacaria no futuro. O grande negcio nos anos 80 era o jornalismo geral e a ateno redobrada com o esporte, que tinha bastante destaque na programao da emissora. De acordo com Mocelin, o Reprter Policial tinha durao de 15 minutos e comeava s 6h45, terminando s 7h. Era o nico que fazia essencialmente cobertura dos fatos que ocorriam na cidade, como: assaltos, prises e acidentes de trnsito. Para ele, o jornalismo policial praticado naquela poca tinha diferenas bem distintas do que feito atualmente, mas conrma que as notcias, na maioria, vinham da Delegacia de Polcia ou fontes ociais. Segundo o apresentador, na poca o jornalismo policial no se atinha aos detalhes pequenos. Sem concorrncia, a emissora dava ateno somente s notcias de maior impacto. Lembra ainda que, pela decincia dos meios de contato, a comunicao era muito precria, at para localizar uma vtima era muito difcil. As matrias eram feitas a p, no centro da cidade, devido emissora no possuir carro, e eram poucos os que tinham telefone. Segundo o relato de Mocelin, o reprter, na poca, que cuidava exclusivamente de polcia, tinha um contato muito prximo com as autoridades, alm disso, era muito rara a ao policial que no nos convidasse para ir junto, e para dar mais realismo ao fato. Lembra ainda que a polcia tratava a imprensa de forma diferenciada, pela necessidade de mostrar populao o que estava sendo feito. Em 1985, Mocelin deixou a emissora ewww.bocc.ubi.pt

adaptou o programa de polcia que vinha sendo feito pela Rdio Rural na Rdio Aliana, levando grande parte da audincia que fora conquistada na emissora em que trabalhava. No ano seguinte, para dar mais fora ao jornalismo policial, que era um dos principais produtos de apelo popular e comercial, a Rdio Aliana contratou Luiz Antonio Paludo, que j havia trabalhado na Rdio Rural, mas tinha sado para atuar em uma emissora de Aratiba, no Rio Grande do Sul. A dupla, segundo Paludo10 , acompanhou e narrou os dois principais fatos que marcaram a rea policial de Concrdia em toda a sua histria. Um a morte do empresrio Narciso Colla, quando teve seu estabelecimento comercial assaltado, e o outro o assassinato do almoxarife Edemar Tondello, que foi morto com violentos golpes de faca, tendo partes de seu corpo mutiladas. O crime, provavelmente por motivos passionais, ainda hoje est envolto em mistrios. No primeiro caso, relata Paludo, o trabalho da polcia foi acompanhado de perto, a ponto, de transmitir a priso dos bandidos. Lembra ainda que a troca de tiros foi transmitida ao vivo, para deixar o acontecimento mais real. No segundo caso, que muitos da imprensa consideram o assassinato mais brbaro de toda a histria de Concrdia, Mocelin arma que, duas vezes por semana, durante muitos anos, o assunto voltava a ser manchete no programa Planto de Polcia (Aliana). De acordo com ele, o trabalho dos meios de comunicao era to intenso, que o governador da poca, Pedro Ivo Campos, autorizou o reprter a participar das prises dos envolvidos junto ao DEIC, em vrias regies10 PALUDO, Luiz Antonio, Depoimento ao autor, 06/05/2005, Concrdia.

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do pas, como: So Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso. Alm disso, Mocelin tambm viajou com a Polcia para o Paraguai, com o intuito de encontrar mais suspeitos de participao no crime que comoveu Concrdia pela crueldade como ocorreu. Em 1986, a Rdio Rural, para tentar desestruturar a equipe de polcia que estava na emissora concorrente, contratou Joo Carlos Fortes11 , que trouxe de Chapec um estilo novo de fazer programas policiais. Implantou-se o programa Pginas Amarelas do Crime, que, com um toque sensacionalista, alcanava bons ndices de audincia. De acordo com o apresentador, o programa seguia uma linha mais investigativa e tambm supervalorizava a notcia, que era apurada paralelamente com a investigao da prpria polcia. Arma ainda que era o responsvel pela matria mais impactante do dia, cando responsvel pelas ocorrncias corriqueiras, menos importantes, como extravio de documentos, briga de marido e mulher, golpes e pequenos acidentes, o ento reprter Dolmar Frizon. De acordo com Fortes, h 20 anos, os programas policiais que estavam no auge eram os que desaavam os bandidos, autoridades e quebravam o protocolo. O agito que era feito em cima das notcias era o que mais chamava a ateno e causava impacto na sociedade. Um jargo, segundo Fortes, que marcou o jornalismo policial da emissora durante o programa Pginas Amarelas do Crime, foi o seguinte: tem peixe grande na rede. A frase sempre dava a entender ao ouvinte que a polcia havia efetuado uma priso, s vezes, de pessoas conhecidas na so11 FORTES, Joo Carlos, Depoimento ao autor, 27/05/2005, Concrdia.

ciedade, que merecia at um destaque maior dentro da programao policial. O gerente da Rdio Rural, na dcada de 80, Cllio Ivo Dal Piaz12 arma que os programas policiais se intensicaram a partir de 1985 nas emissoras locais. Segundo Cllio, no se apostava tanto em polcia, pela regio no ser violenta e o esporte e o jornalismo geral apresentarem mais representatividade na sociedade. Contudo, pelo fato da audincia e retorno nanceiro, os programas do gnero emplacaram, e hoje ainda esto em destaque na programao das duas emissoras de rdio de Concrdia. Passados quase 25 anos, o jornalista critica o exagero e a grande ateno dispensada pelas emissoras de rdio aos programas de polcia, devido regio ser muito tranqila, comparando com outras do Estado e pas. Cllio lembra ainda que os programas policiais modernos evoluram. Com isso, a notcia melhor tratada, e a lei de imprensa e os danos morais esto evitando certos abusos nos programas policiais voltados ao esclarecimento pblico.

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Rotinas de produo no jornalismo concordiense

Atualmente, as duas emissoras AM de Concrdia tm diariamente programas especcos de cobertura policial. A rdio Aliana veicula o Planto de Polcia nos horrios das 6h35 s 06h50, 7h30 s 7h45 e 11h10 s 11h25. A Rural, por no possuir um programa especco de jornalismo policial, intercala as notcias do gnero no programa Viso Geral, das 6h30 s 6h50, no programaDAL PIAZ, Cllio Ivo. Depoimento ao autor, 02/05/2005, Concrdia.12

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Show da Manh, das 11h05 s 11h50, e s 15h no programa Tarde Legal. Todas as participaes so feitas pelos reprteres que fazem a cobertura local e regional dos fatos. As informaes no se limitam a esses horrios. Ambas as emissoras dedicam acentuada ateno s ocorrncias do gnero durante a sua programao. Tanto que boa parte das notcias veiculadas nos principais noticiosos das rdios Aliana e Rural refere-se rea da segurana. Em se tratando especicamente dos programas dedicados cobertura policial, o que se percebe o foco nos fatos rotineiros, factuais, com explorao do ocorrido em suas conseqncias, sem maior preocupao em investigar as causas dos problemas e os reexos para a comunidade. Na Aliana, o programa policial tem em mdia 20 minutos. Desse tempo, o apresentador utiliza aproximadamente 11 minutos para divulgar os fatos repassados diariamente pelas Polcias Militar e Civil, Corpo de Bombeiros, Polcia Rodoviria Estadual e Federal, ou seja, o relatrio das fontes ociais. As narrativas policiais das demais ocorrncias pouco escapam do supruo, pelo fato de as notcias serem relacionadas, na grande maioria, a pequenos acontecimentos do cotidiano, como: acidentes de trnsito, arrombamentos, pequenos furtos e brigas familiares, entre outros, que, observados criticamente, no contribuem para o esclarecimento da sociedade e o fortalecimento da opinio pblica. O reprter ainda faz a leitura na ntegra de relatrios e ocorrncias, intercalando as chamadas publicitrias ao vivo entre as notcias. A necessidade de informar em quantidade e no em qualidade de fato uma realidade. Os patrocinadores tambm so utiwww.bocc.ubi.pt

lizados pelo apresentador para se sobressair na ausncia de informaes. Os comerciais em mdia utilizam apenas quatro minutos do programa. Contudo, so feitos em horrios imprprios, como na abertura do programa. Ao invs de apresentar informaes que atraiam o interesse do ouvinte, o reprter abre o programa com um Bom Dia e menciona a lista com os patrocinadores13 . As informaes de utilidade pblica14 so tambm veiculadas nos programas policiais. So assuntos de ordem administrativa da Delegacia de Polcia, Frum, entre outros, que tambm permeiam os programas do gnero, utilizando uma mdia de trs minutos do programa. Os avisos so feitos pelo apresentador em um bloco de forma bastante objetiva. A utilidade pblica tambm funo do rdio local (Cebrin Herreros, 2001). O problema quando informaes dessa natureza se sobrepem ao contedo de maior importncia para um programa do gnero. Ainda notrio o nmero pequeno de matrias (reportagem) que so produzidas pelos dois reprteres que so ligados editoria de polcia da Aliana. Durante os cinco dias observados, somente uma notcia foi veiculada15 . A entrevista ao vivo durou aproxiO programa Planto de Polcia da Aliana tem cinco patrocinadores. Ambos so lidos ao vivo pelo apresentador trs vezes durante os 20 minutos do programa. 14 O apresentador todos os dias faz o anncio de uma lista com nomes de pessoas que devem comparecer na Delegacia e Frum. Ainda, inclui-se no mesmo tempo a divulgao de achados e perdidos, ou seja, o apresentador divulga a perda de documentos, chaves, entre outros. 15 A nica matria produzida era sobre o assassinato de um agricultor no interior de Concrdia, e um dos suspeitos estava prximo de se apresentar s autoridades policiais.13

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madamente dois minutos e foi feita pelo telefone, sem a necessidade de deslocamento de reprter para apurao mais aprofundada do fato. Isso sugere que a emissora no possui uma estrutura de reportagem, e, alm disso, o reprter se limita fonte ocial, como de fato ocorreu na nica matria divulgada durante os cinco dias do programa observado por este estudo. A fonte do jornalismo policial, como j foi citado, basicamente a ocial16 . As coberturas feitas no local do acontecimento esto praticamente extintas das redaes. Somente quando o fato apresenta propores realmente graves que a cobertura feita atravs de um reprter selecionado pela emissora. As fontes ociais, na maior parte das vezes, repassam ao reprter o acontecimento, mas no com uma viso jornalstica, de forma isenta. Dessa forma, pode a notcia perder em qualidade, uma vez que o reprter apresenta diculdade para relatar o fato ao ouvinte. Alm disso, fcil ocorrer equvocos17 na veiculao da notcia. Algo comum em Concrdia a rivalidade entre as duas emissoras. H uma disputa na divulgao das informaes, no sentido de furar o concorrente, sem se certicar primeiro do ocorrido, o que pode acarretar erro ou supercialidade na divulgao dos fatos.Todas as informaes que foram veiculadas na programao dos cinco dias na Aliana (quase 100%), foram repassadas pela fonte ocial. Ex: Delegacia de Polcia, PRE, PRF, etc. 17 Um fato que chama a ateno para essa questo foi quando um reprter da Rdio Rural ligou para a Polcia Militar, e o soldado de planto informou que no centro da cidade estava acontecendo uma tentativa de homicdio, quando era uma tentativa de suicdio. A manchete do reprter foi ao ar, criou-se uma expectativa e falsa idia do ocorrido, porque depois teve que se reticar a notcia.16

Os comentrios personalizados tambm so constantes nos 20 minutos de programa. Isso diminui a credibilidade e a qualidade da informao, visto que, no raramente, cai-se na baixaria, como, por exemplo: O locutor, ao ler na ntegra uma ocorrncia registrada na Delegacia de Polcia, que se tratava de uma briga familiar, relatou o caso conforme o boletim, tornou pblico o nome dos envolvidos, e, alm disso, divulgou frases ditas pelos envolvidos, baixando o nvel do programa desnecessariamente18 . Para nalizar, ainda comentou o apresentador: brigar e ofender sogra pedir para levar na cabea. Em outra situao, o reprter comeou uma discusso com o apresentador do programa de jornalismo geral, que o indagou pedindo sua opinio sobre as declaraes do presidente do Cmara dos Deputados, Severino Cavalcanti, que disse que uma de suas metas era aumentar o salrio dos parlamentares. O apresentador do Planto de Polcia mostrou-se desinteressado e desatualizado no assunto. No entanto, no perdeu a chance e ironizou o deputado federal19 . Num jornalismo policial que se pretende srio e esclarecedor, fatos como esses nada acrescentam. Com um estilo mais jornalstico, pelo menos o que se percebe, a rdio Rural inclui as informaes policiais dentro de um programa noticioso que tambm traz informaO relato feito pelo apresentador do programa da Aliana foi o seguinte: Ele me chamou de P.U.T.A e fedida. 19 De forma irnica e com risos, no estilo de falar nordestino, o apresentador comentou: O Severino agora assumiu a presidncia... brincadeira. Outro trecho: Bom, eu morro e no vejo tudo, comentrio sobre a eleio do deputado federal Severino Cavalcanti.18

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Jornalismo Policial Responsvel es gerais20 . Ao contrrio do que faz a emissora concorrente, o programa policial da Rural traz primeiro as manchetes dos assuntos que sero posteriormente mais detalhados pelos dois reprteres da editoria. O programa da Rural tem durao mdia de 15 minutos. Aproximadamente oito minutos so de informaes, incluindo divulgao de ocorrncias registradas na Delegacia de Polcia, que tem cerca de cinco minutos diariamente, utilidade pblica21 , e as matrias produzidas pela prpria editoria da emissora. Os comerciais22 ocupam em mdia trs minutos da programao, intercalados entre as notcias, com textos ao vivo e gravados. Alm do que j foi dito, a Rural ainda tm veiculado com freqncia matrias com participao de entrevistados. Das seis veiculadas durante a semana observada, quatro se ativeram a fontes ociais23 , e duas com pessoas ligadas s vtimas. As matrias em mdia tinham durao de dois minutos, e constituram o principal assunto do dia.O programa que utiliza a equipe com dois reprteres de polcia est includo dentro do noticioso Viso Geral, que comea s 6h30 e vai at as 8h. Contudo, das 6h35 at 6h50, somente notcias policiais so divulgadas. 21 A utilidade pblica do programa da Rural segue o padro do apresentado pela Aliana. Os avisos so de ordem administrativa da Delegacia de Polcia e Frum, e so divulgados pelo prprio reprter. 22 Dentro do bloco de notcias de polcia na Rural so veiculados comerciais de quatro patrocinadores. Ambos so lidos ao vivo, exceto um em que a propaganda gravada. 23 Uma das matrias feitas pelo reprter policial da Rural foi com o mesmo entrevistado da Aliana. Ambas as notcias foram veiculadas no mesmo dia e se tratando do mesmo assunto. O assassinato de um agricultor no interior de Concrdia e a possibilidade de um dos autores do crime se apresentar s autoridades.20

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Em algumas situaes tambm possvel vericar que o reprter utiliza, ao relatar as notcias, a linguagem tcnica e o jargo policial, que, em algumas situaes, pode ser considerada pejorativa24 . As narraes das ocorrncias policiais tambm so feitas na ntegra, sem uma apurao minuciosa do fato. O que parece, no entanto, que os programas divulgam o que est escrito na ocorrncia policial, sempre tomando o relato como verdadeiro, sem outra verso. Na maior parte dos casos, o reprter da Rural evita a divulgao de nomes de vtimas ou envolvidos com a polcia. So veiculadas somente as iniciais, o que ajuda a diminuir possveis problemas com a justia, pelo fato de algum se sentir ofendido25 . Outro ponto importante para destacar diz respeito leitura de informaes que so publicadas em jornais de circulao em todo o Estado, como: A Notcia, Dirio Catarinense, entre outros. So notcias de mbito nacional, estadual e regional com apelo popular26 . A seleo feita s pressas, minutos antes do programa entrar no ar. Por m, os comentrios so desnecessrios em algumas matrias veiculadas pelo reprter. Em uma das notcias que tratava soNas entrevistas com as fontes ociais, por vrias vezes, o reprter utilizou-se de elementos, como comum na linguagem policial, para referir-se aos suspeitos de envolvimento em um crime. 25 Caso a vtima tenha o nome veiculado pela imprensa, e caso esteja sentido-se prejudicada, poder recorrer na justia, pedindo indenizao por danos morais, etc. 26 Durante a semana, o reprter noticiou trs informaes sem nenhuma ligao local. Entretanto, as notcias causavam impacto perante o pblico, por tratar da condenao de quatro pessoas envolvidas com estupro na regio da cidade Itapiranga, no meio oeste catarinense.24

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bre a consso de um assassino que assumiu a autoria do crime no ar, em uma emissora de litoral, o apresentador comenta: Se tem algum a pensando em matar algum, aborte esse pensamento, pra no dar uma declarao dessas depois aqui. Eu estou arrependido. A no adianta nada. Os programas policiais da Rural e Aliana seguem a mesma tendncia de supervalorizar a notcia policial, disponibilizando, na programao das emissoras, espaos signicativos para veiculao. Alm disso, grande parte das informaes voltada busca de audincia, s vezes, ultrapassando os limites ticos da prosso de jornalista. A apurao das causas e aprofundamento dos fatos est fora de cogitao em ambas as emissoras. A maior preocupao no sentido de cativar a audincia pelo relato da intriga ou do chocante, s vezes, ressaltado pelo comentrio pessoal do apresentador. No se investiga, pouco se entrevista e no se importa se o relato contribuir ou no para melhorar a sociedade. O importante o show. Isso jornalismo?

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O jornalismo policial responsvel: uma proposta a ttulo de concluso

Os meios de comunicao so peas fundamentais para o desenvolvimento da sociedade, conforme j citado nos captulos anteriores. No entanto, importante ressaltar essa funo essencial, que muitas vezes desconsiderada pela maior partes dos veculos de informao. A mdia atualmente est se atendo muito ao apelo popular e ao gosto da audincia. Por isso, est esquecendo o

que o mais importante para a informao com responsabilidade social. Conrma Patterson, que a procura incessante de matrias apelativas vai contra o ideal do jornalismo de fornecer aos cidados a compreenso clara do seu papel na sociedade. Alerta ainda que a melhor forma de atrair o pblico para as notcias oferecer-lhe um relato equilibrado das questes (2003, p. 43). nesse sentido que a mdia pode contribuir, ao passo de fortalecer a opinio pblica, esclarecer a sociedade e trabalhar para o desenvolvimento comunitrio. O jornalismo responsvel tem como objetivo propor uma investigao mais aprofundada dos fatos, coberturas mais amplas e discusses mais democrticas, para melhorar as condies culturais e sociais dos cidados. Apurar tambm com mais fundamentao todas as notcias que so veiculadas nos meios de comunicao, ltrando o que pode ou no contribuir para melhorar o dia-a-dia das pessoas. Segundo Medina, h no compromisso social da comunicao popular a busca pela clareza e pela preciso a servio da ecincia da mensagem; se isso no acontecer, no se estabelece comunicao (apud FRIDERICHS, 2002, p. 68). Da mesma forma, o sensacionalismo no deve se sobrepor ao acontecimento. Especicamente sobre o rdio, visvel a necessidade de uma reestruturao da programao, em parte, at pela importncia que o veculo apresenta como mediador social e cultural. Escreve Rosen, que o jornalismo tem funo de atuar no reforo da cidadania, melhorando o debate pblico, dessa forma, estabelecendo uma ligao mais forte com a sociedade, que um dos pontos importantes do rdio local, aindawww.bocc.ubi.pt

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mais numa poca em que os conglomerados que atendem o pblico no contexto mais amplo e global esto em evidncia (apud TRAQUINA, 2001, p. 180). Por isso, ao invs de informar o pblico com notcias apelativas, o melhor a fazer divulgar informaes que possam desenvolver o conhecimento e ajudar a comunidade a ter uma viso mais ampla dos assuntos, elevando-se, de forma mais tica, o interesse da audincia, j que est necessria para a viabilizao comercial da emissora. Por este motivo que este estudo entendeu que deveria sugerir uma nova proposta de jornalismo policial. No que tenhamos a pretenso de ser os donos da verdade. Tambm no queremos dizer que o que est sendo feito errado. Acreditamos, todavia, que diante da funo social da mdia e de acordo com as idias dos autores aqui citados, possvel trabalhar em prol de um jornalismo mais prossional e esclarecedor, sem, contudo afetar a audincia das emissoras. Estas, pela maneira como abordam as questes, at reduzem parcela signicativas da populao. Entretanto, ao ligar o rdio, o ouvinte est quase sempre exposto aos discursos que no demonstram nenhuma orientao para a soluo dos problemas existentes na comunidade. Perguntamos, ento, se possvel conciliar as duas coisas: audincia e responsabilidade social. Acreditamos que sim e, como parte prtica deste trabalho, acrescentamos a proposta de um programa policial que julgamos relevante e atrativo, sem ser sensacionalista a atingir a identidade moral dos cidados, no importando a que classe social pertenam. Estamos cientes tambm de que tal proposta contribui para o estabelecimento de

uma sociedade menos violenta e mais digna de seus valores morais e culturais. O programa aqui anexado aborda um problema corriqueiro em Concrdia, que so os acidentes envolvendo condutores de motocicletas. Pela proposta, ao invs de meramente relatarmos os acidentes, como geralmente acontece nas emissoras locais, preferimos discutir as causas do problema, as limitaes do trnsito local, os perigos a que esto expostos os motoqueiros e tambm as possveis infraes praticadas por estes. Eventuais solues ou diminuio das ocorrncias tambm foram discutidas. O programa teve por proposta abordar um nico assunto e discuti-lo a fundo. Em nosso entendimento, de nada adianta relatar uma srie de ocorrncias sem nexo entre elas, com o to apenas de angariar audincia pelo vis hilrio, vulgar ou chocante. Tambm condenamos o jornalismo fcil, de simples leitura das ocorrncias apanhadas em cima da hora nos departamentos ou rgos de segurana. Se tal proposta ao menos contribui para um repensar do jornalismo hoje praticado pelas emissoras, acreditamos que este trabalho ter valido a pena.

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EntrevistasAUGUSTO, Claudrio. Apresentador e reprter policial da Rdio Super Cond, Chapec, SC. Entrevista: 01/06/2005. BRANDO, Alberto. Reprter da Rdio Globo. Rio de Janeiro, RJ. Entrevista: 31/05/2005. COSTA, Hlio. Apresentador de TV do SBT. Florianpolis, SC. Entrevista: 21/03/2005. DAL PIAZ, Cllio. Jornalismo e ex-gerente da Rdio Rural. Concrdia, SC. Entrevista: 02/05/2005. FEIJ, Marcos. Reprter da Rdio Rural. Concrdia, SC. Entrevista: 11/04/2005. FORTES, Joo Carlos. Ex-funcionrio da Rdio Rural. Concrdia, SC. Entrevista: 27/05/2005. GRIZOTTI, Giovani. Reprter da Rdio Gacha. Porto Alegre, RS. Entrevista: 18/04/2005. MOCELIN, Jlio. Ex-funcionrio da Rdio Rural, atualmente Reprter da Rdio Aliana. Concrdia, SC. Entrevista: 06/05/2005. PALUDO, Luiz Antonio. Ex-funcionrio da Rdio Rural, atualmente apresentador e reprter da Rdio Aliana. Concrdia, SC. Entrevista: 20/05/2005. PESSOA, Mrcio. Reprter da Rdio Guaba. Porto Alegre, RS. Entrevista: 18/04/2005.

PRIMAM, Srgio Luiz. Reprter da Rdio Rural. Concrdia, SC. Entrevista: 11/04/2205.

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