Pães do mundo todo brasil

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Sindicato dos Padeiros de São Paulo - Projeto Memória 1 Pães do Mundo Todo Brasil pão só chegou ao Brasil mais de trezentos anos depois da sua descoberta, trazido pela família real em 1808, quando o rei abandonou Portugal ao exército de Napoleão e fugiu para sua principal colônia. Antes disso, outros alimentos ocupavam o lugar do pão à mesa: biju de tapioca, farofa, pirão escaldado e massa de farinha de O

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Pães do Mundo Todo

Brasil

pão só chegou ao Brasil mais de trezentos anos

depois da sua descoberta, trazido pela família real

em 1808, quando o rei abandonou Portugal ao exército de

Napoleão e fugiu para sua principal colônia. Antes disso,

outros alimentos ocupavam o lugar do pão à mesa: biju de

tapioca, farofa, pirão escaldado e massa de farinha de

O

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mandioca com caldo de peixe ou de carne. Embora em alguns

lugares da colônia o trigo fosse cultivado, não havia pão. De

acordo com cronistas estrangeiros que visitaram o Brasil nos

vinte anos seguintes à independência, em alguns lugares do

nordeste do país, as pessoas simplesmente não sabiam o que

era pão.

Mas isso mudou quando a corte portuguesa se mudou para

cá. Além de artistas, arquitetos, militares, nobres, médicos e

outros profissionais, a família real também trouxe padeiros e

confeiteiros para abastecer a mesa real.

Vendedroas de Pão, Jena Baptiste Debret (c. 1830)

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Ao longo do século 19, o pão produzido e consumido no Brasil

tinha o miolo e a casca escuros, feito com farinha pouco

refinada. Contudo, a expansão da panificação se deu mesmo

com a vinda dos imigrantes. Receitas trazidas por franceses,

italianos e alemães se misturaram às já desenvolvidas pelos

portugueses e foram adaptadas ao sabor e aos ingredientes

locais, criando os pães típicos do Brasil - muitos deles com

forte sotaque europeu, como o pão francês, muito consumido

em todo o país.

Todas as regiões do Brasil

desenvolveram pães

típicos

Cada região do Brasil desenvolveu, assim, pães

característicos. O pão d’água e o chineque paranaenses, o

pão italiano recheado de linguiça do bairro do Bixiga, em São

Paulo, o cuque gaúcho, o pão de queijo de Minas e de Goiás,

o pão de mandioca nordestino são alguns dos muitos

exemplos da panificação brasileira. Mesmo assim, comparado

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a outros países, o brasileiro come pouco pão. Aqui, cada

pessoa consome em média 33 quilos de pão por ano, bem

menos que os franceses (53 quilos por anos), argentinos (76

quilos) e chilenos (98 quilos).

No Brasil, as padarias também adquiriram características

próprias. Na Europa, em países como Portugal e França, a

padaria vende apenas pães e confeitos. Em nosso país, as

padarias oferecem diversos outros produtos e muitas delas

também funcionam como lanchonete.

No Brasil, as padarias

oferecem outros produtos

além de pães e muitas delas

também funcionam como

lanchonete

Há uma diversidade de pães desenvolvidos no Brasil,

especialmente nas últimas décadas, com a especialização e

do interesse pela arte da panificação. Várias receitas foram

criadas e novos tipos de pães introduzidos e popularizados.

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Alguns deles são, porém, mais tradicionais - os preferidos dos

brasileiros.

Pão francês: preferência nacional

O campeão é o pão francês, também chamado de pãozinho

(SP), pão de sal (PR), cacetinho (RS, BA), filão (SE), pão de

trigo (SC), carioquinha (CE). É tão popular por aqui que em

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Portugal é conhecido como pão brasileiro. Acredita-se que

surgiu no começo do século passado, quando brasileiros que

voltavam da Europa, principalmente da França,

encomendavam esse tipo de pão nas padarias locais. Naquela

época, em Paris, o pão mais popular era curto, com miolo

branco e casca dourada, o qual veio a dar origem ao baguete,

hoje, o mais consumido pelos franceses. Seguindo essa

descrição os padeiros e cozinheiros dos viajantes tentavam

recriar o pãozinho, dando origem ao pão mais consumido no

Brasil.

O pão francês e tão popular em

nosso país que em Portugal é

conhecido como pão brasileiro

Outro preferido dos brasileiros é o pão de queijo. Originário

de Minas e de Goiás, espalhou-se pelo resto do território

nacional - e depois pelo mundo - a partir dos anos 1950. É um

dos tipos de pães mais antigos criados no Brasil. Acredita-se

que já no século 18 os mineiros e goianos faziam um tipo de

pão, cuja massa levava polvilho azedo e queijo (além de ovos,

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sal e banha de porco). O pão de queijo escaldado, que

mistura água fervente ao polvilho, é mais raro. Seu sabor é

diferente do pão de queijo tradicional, pois a massa é cozida

durante a escalda. Escaldado ou tradicional, o sucesso do pão

de queijo é inegável. Hoje, é produto de exportação, vendido

para os EUA, Europa e Japão.

Pão de queijo: de Minas para o mundo

A broa é um dos mais tradicionais tipos de pão do Brasil.

Como é feita com farinha de milho (fubá) acabou tendo a

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palavra “milho” acrescentada ao nome, especialmente

porque, hoje, há broas feitas com diferentes tipos de farinha.

Daí, broa de milho.

As broas eram feitas originalmente com farinha de fubá

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Entre os confeitos mais populares das nossas padarias está o

Sonho, um tipo de pão doce frito, recheado com creme de

baunilha ou goiabada e recoberto de açúcar. Em algumas

regiões, pode também ser enfeitado com frutas em calda. O

sonho é uma variação de um confeito típico da cidade alemã

de Berlim, o berliner. Também é muito popular em Portugal,

onde se encontram algumas versões sem recheio. Até os anos

1970, nas cidades do interior do Brasil, vendedoras corriam as

ruas com cestos cheios de sonho.

Sonho: sabor e textura oníricos

O pão de São José, um dos nomes do pão sovado, também é

muito consumido pelos brasileiros. Tem sua origem na

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França, na região da Provença. Por isso, em certos locais é

conhecido como pão provençal. A principal característica

desse tipo de pão é a necessidade de se sovar bem a massa

para que ela adquira sua textura.

O pão de mandioca é outra criação da panificação brasileira.

O pão caipira, como é chamado em alguns lugares, leva em

sua massa a água do cozimento da mandioca e também

mandioca cozida e amassada.

Pão de mandioca: um dos pães regionais brasileiros

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O pão de forma também é

conhecido como pão pullman,

pois era o pão servido nos

vagões ferroviários pullman

Com a popularização dos sanduíches, a partir da metade do

século passado, um novo tipo de pão passou a frequentar a

dispensa dos brasileiros, o pão de forma - ingrediente

essencial do misto quente ou do bauru. Feito com massa doce

da farinha de trigo, o pão é colocado num molde com aspecto

de tijolo antes de ser levado ao forno. O pão de forma

também é conhecido como pão pullman, porque era o pão

servido nos vagões ferroviários pullman. A vantagem é que

três pães desse tipo ocupavam o lugar de dois pães comuns,

arredondados, maximizando o espaço das diminutas cozinhas

dos trens.

No Brasil, nos anos 1950, foi fundada uma fábrica de pães

que usava tecnologia importada dos EUA para produzir o pão

de forma, rotulando-o como “pão pullman”. Assim, “pullman”

acabou se tornando nome genérico para pães de forma. Hoje,

a empresa originalmente brasileira pertence a uma

multinacional mexicana.

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