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11 Jornal Popular - O verdadeiro jornal do povo 10 de agosto de 2013 Saúde Heloisa Ikeda Da Redação O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença crônica que afeta múltiplos órgãos e é ca- racterizada por períodos de irritação e remissões dos sintomas. A doen- ça vem despertando o interesse popular des- de que começou a ser abordada em uma das tramas da novela “Amor à Vida”, da Rede Globo. O que muitos não sabem é que a enfermidade não tem cura, mas pode ser tratada com medidas simples que não mudam em quase nada a rotina dos portadores. Segundo a reumatolo- gista Elaine de Azevedo, há um nítido predomínio do lúpus no sexo femi- nino, sendo menos evi- dente na infância e nos idosos. O diagnóstico de LES é estabelecido quando quatro ou mais dos seguintes critérios estiverem presentes: mancha, avermelhada ou não, em forma de bor- boleta ou não, localizada no rosto; lesão discóide, mancha na pele que pode ter uma forma arredon- dada e de cor marrom; fotossensibilidade - essa mancha piora com o sol; úlcera oral - são aftas ou pequenas lesões seme- lhantes; artrite; serosite (pleurite ou pericardite) - inflamações que po- dem surgir de repente com uma dor no peito; doença renal; doença neurológica (convulsão ou psicose repentina); doença hematológica; alteração imunológica. O lúpus, assim como outras doenças crônicas, exige um acompanha- mento prolongado. “Mas isso não quer dizer que a doença vai estar sempre causando sintomas, ou impedindo a pessoa de viver sua vida, trabalhar fora ou cuidar dos filhos e da casa”, informa Elai- ne. A evolução natural do lúpus se caracteriza por períodos de maior e menor atividade. O uso regular dos medicamentos auxilia na manutenção da doença sob controle, assim como o uso irre- gular destes favorece a sua reativação. A reumatologista ainda reforça que, quando a Lúpus, saiba como conviver com ela Doença autoimune provoca a inflamação de células e tecidos saudáveis do corpo e ainda não tem cura Aparecimento de manchas avermelhadas no corpo podem indicar doença DIVULGAÇÃO Grupo de autismo atende 45 famílias em Suzano O projeto oferece uma equipe multidisciplinar com profissionais da saúde e ajuda as famílias a conviver melhor com os portadores do distúrbio. Os interessados em participar do grupo devem entrar em contato com a Secretaria de Saúde pelo telefone 4741-8750. Doença pessoa com lúpus não aceita a existência da do- ença e não se conscientiza de que são necessárias algumas mudanças no dia a dia, as coisas ficam bem mais difíceis, pois quem tem LES, deve manter um acompanhamento médico para sempre. “Caso a doença não possa ser controlada, há o risco de morte em decorrência de alguma complicação, sobretudo nas manifesta- ções renais e de sistema nervoso central”. Tratamento O tratamento da pes- soa com LES depende do tipo de manifestação apresentada. Ao mesmo tempo, o tratamento sempre inclui remédios para regular as alterações imunológicas e de me- dicamentos gerais para regular alterações causadas pela inflamação, como hipertensão, inchaço nas pernas, febre, dor e etc. Os medicamentos que agem na modulação do sistema imunológico no LES incluem os corticói- des, os antimaláricos e os imunossupressores, em especial a azatioprina, ciclofosfamida e micofe- nolato de mofetila. É necessário enfa- tizar a importância do uso dos fotoprotetores que devem ser aplicados diariamente em todas as áreas expostas à cla- ridade. O produto deve ser reaplicado, ao longo do dia, para assegurar o seu efeito protetor. Atenção com a alimen- tação, repouso adequado, evitar estresse e cuidados com a higiene (pelo risco de infecções) também de- vem fazer parte da rotina de pessoas com LES. Evitar alimentos ricos em gorduras e o álcool em grande quantidade. Pessoas com hiper- tensão ou problemas nos rins devem diminuir a quantidade de sal na dieta. As com glicose eleva- da no sangue, devem restringir o consumo de açúcar e alimentos ricos em carboidratos Evitar ou suspender o uso de anticoncepcio- nais com estrogênio e o cigarro, ambas condições claramente relaciona- das à piora dos sintomas do LES. Adotar medidas de proteção contra a irradiação solar, in- dependentemente de apresentarem ou não manchas na pele, evitan- do ao máximo expor-se à claridade. Manutenção de uma atividade física regular também é importante, preferencialmente aeró- bia, que ajuda não só no controle da pressão e da glicose no sangue como também contribui para melhorar a qualidade dos ossos, evitando a oste- oporose e melhorando o sistema imunológico. Doença interna 2 por dia em SP Levantamento da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, com base nos dados de 2012, mostra que, em média, os hospitais pú- blicos do Estado inter- nam duas pessoas a cada dia com diagnóstico de lúpus eritematoso. No ano passado, houve 637 internações. Segundo Lenise Bran- dão Pieruccetti, chefe de reumatologia do Hospital Heliópolis, na zona Sul de São Paulo, a doença está ligada a uma pre- disposição genética, e os primeiros sintomas podem aparecer em qualquer faixa etária. O tratamento, realizado por um reumatologista, inclui o uso de protetor solar, anti-inflamatórios, corticóides e imunossu- pressores, mas a conduta médica varia conforme cada indivíduo. “Embora ainda sem cura, com a medicação correta, a do- ença pode ser tratada com sucesso. A sobrevida do paciente tem sido cada vez maior, chegando a 98% em alguns casos”, explica Lenise. Sintomas Os sintomas são os mais variados e podem aparecer isoladamente ou não. Eventualmente, o doente pode permanecer períodos prolongados sem qualquer sintoma da doença. Sintomas Gerais: Febre contínua ou intermitente; perda de peso e fadiga; Pele e Mucosa: Eritema facial em asa de borboleta ou qualquer tipo de lesão de pele; Fotossensibilidade; Úlceras orais e feridas cutâneas; Alopecia ou queda de cabelo; Articular: Artralgia (dor na articulação) ou artrite (inflamação na articulação) em pequenas e grandes articulações, num padrão simétrico; Sistema cardiovascular: Pericardite ou derrame pericárdico e a arritmia (em geral de pequena in- tensidade); Sistema pulmonar: Pleurite; o derrame; dor pleural; Sistema hematológico: Anemia; Rim: Evidência clínica de lesão renal; Sistema nervoso: Convulsões, psicose, AVC (Acidente Vas- cular Cerebral) e neuropatia periférica.

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11Jornal Popular - O verdadeiro jornal do povo10 de agosto de 2013

Saúde

Heloisa IkedaDa Redação

O Lúpus Eritematoso

Sistêmico (LES) é uma doença crônica que afeta múltiplos órgãos e é ca-racterizada por períodos de irritação e remissões dos sintomas. A doen-ça vem despertando o interesse popular des-de que começou a ser abordada em uma das tramas da novela “Amor à Vida”, da Rede Globo. O que muitos não sabem é que a enfermidade não tem cura, mas pode ser tratada com medidas simples que não mudam em quase nada a rotina dos portadores.

Segundo a reumatolo-gista Elaine de Azevedo, há um nítido predomínio do lúpus no sexo femi-nino, sendo menos evi-dente na infância e nos idosos. O diagnóstico de LES é estabelecido quando quatro ou mais dos seguintes critérios estiverem presentes: mancha, avermelhada ou não, em forma de bor-boleta ou não, localizada no rosto; lesão discóide, mancha na pele que pode

ter uma forma arredon-dada e de cor marrom; fotossensibilidade - essa mancha piora com o sol; úlcera oral - são aftas ou pequenas lesões seme-lhantes; artrite; serosite (pleurite ou pericardite) - inflamações que po-dem surgir de repente com uma dor no peito; doença renal; doença neurológica (convulsão ou psicose repentina); doença hematológica; alteração imunológica.

O lúpus, assim como outras doenças crônicas, exige um acompanha-mento prolongado. “Mas isso não quer dizer que a doença vai estar sempre causando sintomas, ou impedindo a pessoa de viver sua vida, trabalhar fora ou cuidar dos filhos e da casa”, informa Elai-ne. A evolução natural do lúpus se caracteriza por períodos de maior e menor atividade. O uso regular dos medicamentos auxilia na manutenção da doença sob controle, assim como o uso irre-gular destes favorece a sua reativação.

A reumatologista ainda reforça que, quando a

Lúpus, saiba como conviver com elaDoença autoimune provoca a inflamação de células e tecidos saudáveis do corpo e ainda não tem cura

Aparecimento de manchas avermelhadas no corpo podem indicar doença

DIVULGAÇÃO

Grupo de autismo atende 45 famílias em SuzanoO projeto oferece uma equipe multidisciplinar com profissionais da saúde e ajuda as famílias a conviver melhor com os portadores do distúrbio. Os interessados em participar do grupo devem entrar em contato com a Secretaria de Saúde pelo telefone 4741-8750.

Doença

pessoa com lúpus não aceita a existência da do-ença e não se conscientiza de que são necessárias algumas mudanças no dia a dia, as coisas ficam bem mais difíceis, pois quem tem LES, deve manter um acompanhamento médico para sempre. “Caso a doença não possa ser controlada, há o risco de morte em decorrência de alguma complicação, sobretudo nas manifesta-ções renais e de sistema nervoso central”.

TratamentoO tratamento da pes-

soa com LES depende do tipo de manifestação apresentada. Ao mesmo tempo, o tratamento sempre inclui remédios para regular as alterações imunológicas e de me-dicamentos gerais para regular alterações causadas pela inflamação, como hipertensão, inchaço nas pernas, febre, dor e etc.

Os medicamentos que agem na modulação do sistema imunológico no LES incluem os corticói-des, os antimaláricos e os imunossupressores, em especial a azatioprina,

ciclofosfamida e micofe-nolato de mofetila.

É necessário enfa-tizar a importância do uso dos fotoprotetores que devem ser aplicados diariamente em todas as áreas expostas à cla-ridade. O produto deve ser reaplicado, ao longo do dia, para assegurar o seu efeito protetor.

Atenção com a alimen-tação, repouso adequado, evitar estresse e cuidados com a higiene (pelo risco de infecções) também de-vem fazer parte da rotina de pessoas com LES.

Evitar alimentos ricos em gorduras e o álcool em grande quantidade.

Pessoas com hiper-tensão ou problemas nos rins devem diminuir a quantidade de sal na dieta. As com glicose eleva-da no sangue, devem restringir o consumo de açúcar e alimentos ricos em carboidratos

Evitar ou suspender o uso de anticoncepcio-nais com estrogênio e o cigarro, ambas condições claramente relaciona-das à piora dos sintomas do LES.

Adotar medidas de proteção contra a irradiação solar, in-dependentemente de apresentarem ou não manchas na pele, evitan-do ao máximo expor-se à claridade.

Manutenção de uma atividade física regular também é importante, preferencialmente aeró-bia, que ajuda não só no controle da pressão e da glicose no sangue como também contribui para melhorar a qualidade dos ossos, evitando a oste-oporose e melhorando o sistema imunológico.

Doença interna 2 por dia em SPLevantamento da

Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, com base nos dados de 2012, mostra que, em média, os hospitais pú-blicos do Estado inter-nam duas pessoas a cada dia com diagnóstico de lúpus eritematoso. No ano passado, houve 637 internações.

Segundo Lenise Bran-dão Pieruccetti, chefe de reumatologia do Hospital Heliópolis, na zona Sul de São Paulo, a doença está ligada a uma pre-disposição genética, e

os primeiros sintomas podem aparecer em qualquer faixa etária.

O tratamento, realizado por um reumatologista, inclui o uso de protetor solar, anti-inflamatórios, corticóides e imunossu-pressores, mas a conduta médica varia conforme cada indivíduo. “Embora ainda sem cura, com a medicação correta, a do-ença pode ser tratada com sucesso. A sobrevida do paciente tem sido cada vez maior, chegando a 98% em alguns casos”, explica Lenise.

SintomasOs sintomas são os mais variados e podem aparecer isoladamente ou

não. Eventualmente, o doente pode permanecer períodos prolongados sem qualquer sintoma da doença.• SintomasGerais:

Febre contínua ou intermitente; perda de peso e fadiga;

• PeleeMucosa:Eritema facial em asa de borboleta ou qualquer tipo de lesão de pele;Fotossensibilidade;Úlceras orais e feridas cutâneas;Alopecia ou queda de cabelo;

• Articular:Artralgia (dor na articulação) ou artrite (inflamação na articulação) em pequenas e grandes articulações, num padrão simétrico;

• Sistemacardiovascular:Pericardite ou derrame pericárdico e a arritmia (em geral de pequena in-tensidade);

• Sistemapulmonar:Pleurite; o derrame; dor pleural;

• Sistemahematológico:Anemia;

• Rim:Evidência clínica de lesão renal;

• Sistemanervoso:Convulsões, psicose, AVC (Acidente Vas-cular Cerebral) e neuropatia periférica.