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Informe Agropecuário Belo Horizonte v. 26 n.226 p.1-110 2005

ISSN 0100-3364

Informe AgropecuárioUma publicação da EPAMIG

v.26 n.226 2005Belo Horizonte-MG

Editorial ..................................................................................................................... 3

Entrevista .................................................................................................................. 4

Situação atual das pastagens em Minas Gerais

Carlos Tadeu de Melo, José Alberto de Ávila Pires e Maurício Roberto Fernandes ...... 9

Importância da qualidade de sementes na formação

e recuperação de pastagens

Geraldo Antônio Resende Macêdo, Maria Augusta Araújo de Castro,

Silvana Rizza Ferraz e Campos e Vânia Maria Carvalho .............................................. 15

Opções de novas cultivares de gramíneas e leguminosas forrageiras tropicais

para Minas Gerais

Liana Jank, Cacilda Borges do Valle, Claudio Takao Karia, Antonio Vander Pereira,

Luiz Alberto Rocha Batista e Rosangela Maria Simeão Resende .................................. 26

Degradação de pastagens: conceitos, alternativas e métodos de recuperação

Manuel Cláudio M. Macedo ..................................................................................... 36

Manejo da fertilidade do solo em pastagens

Francisco Morel Freire, Dilermando Miranda da Fonseca

e Reinado Bertola Cantarutti ....................................................................................... 44

Importância do manejo do pastejo sobre a persistência

e a sustentabilidade da pastagem

Domingos Sávio Queiroz, Dilermando Miranda da Fonseca

e Luciano de Melo Moreira ...................................................................................... 54

Irrigação de pastagens

Maria Celuta Machado Viana, Antônio Carlos Cóser, Carlos Eugênio Martins,

Camilo de Lelis Teixeira de Andrade e Carlos Augusto Brasileiro de Alencar ............... 66

Utilização e contribuição de leguminosas na produção animal

Hortência M. Abranches Purcino, Alexandre O. Barcelos, Jaqueline R. Verzignassi,

Luiz J. Aroeira, Celso D. Fernandes e Domingos Sávio C. Paciullo .............................. 76

Insetos-praga em pastagens tropicais

José Raul Valério ......................................................................................................... 98

SumárioSumárioSumárioSumárioSumário

ApresentaçãoA pastagem é fonte natural de ali-

mentação do rebanho bovino e tem ganha-

do, cada vez mais, importância diante das

crescentes exigências do mercado consu-

midor para uma produção de alimentos

ecologicamente correta. Neste aspecto,

as condições ambientais brasileiras são

amplamente favoráveis à utilização das

pastagens no processo produtivo.

Apesar da evidente importância, essas

pastagens, em sua maioria, encontram-

se em processo de degradação, ou já

degradadas, o que motiva as institui-

ções de pesquisa a buscarem soluções

para a reversão deste quadro, através

de tecnologias que promovam a auto-

sustentabilidade do ecossistema.

Nesta edição do Informe Agropecuário

são abordados temas de alta relevância

sobre a manutenção e a preservação dos

pastos, como formação e recuperação de

áreas degradadas, importância do manejo

do pastejo, fertilidade do solo, entre outros

que, certamente, irão contribuir para a

utilização adequada e sustentável das

pastagens.

Geraldo Antônio Resende Macedo

Miguel Celestino Paredes Zúñiga

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Governo do Estado de Minas Gerais

Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Sistema Estadual de Pesquisa Agropecuária - EPAMIG, UFLA, UFMG, UFV

Assinatura anual: 6 exemplares

Aquisição de exemplares

Serviço de Assinaturas

Av. José Cândido da Silveira, 1.647 - Cidade Nova

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O Informe Agropecuário é indexado naAGROBASE, CAB INTERNATIONAL e AGRIS

© 1977 EPAMIG

ISSN 0100-3364

INPI: 1231/0650500

Informe Agropecuário. - v.3, n.25 - (jan. 1977) - . - BeloHorizonte: EPAMIG, 1977 - .

v.: il.

Cont. de Informe Agropecuário: conjuntura e estatísti-ca. - v.1, n.1 - (abr.1975).

ISSN 0100-3364

1. Agropecuária - Periódico. 2. Agropecuária - AspectoEconômico. I. EPAMIG.

CDD 630.5

CONSELHO DEDIFUSÃO DE TECNOLOGIA E PUBLICAÇÕESBaldonedo Arthur NapoleãoLuiz Carlos Gomes GuerraManoel Duarte XavierCarlos Alberto Naves CarneiroMaria Lélia Rodriguez SimãoEdson Marques da SilvaJúlia Salles Tavares MendesCristina Barbosa AssisVânia Lacerda

DEPARTAMENTO DE TRANSFERÊNCIA

E DIFUSÃO DE TECNOLOGIA

Cristina Barbosa Assis

DIVISÃO DE PUBLICAÇÕESEDITOR

Vânia Lacerda

COORDENAÇÃO TÉCNICAGeraldo Antônio Resende Macêdoe Miguel Celestino Paredes Zúñiga

REVISÃO LINGÜÍSTICA E GRÁFICA

Marlene A. Ribeiro Gomide e Rosely A. R. Battista Pereira

NORMALIZAÇÃO

Fátima Rocha Gomes e Maria Lúcia de Melo Silveira

PRODUÇÃO E ARTE

Diagramação/formatação: Rosangela Maria Mota Ennes,Maria Alice Vieira e Fabriciano Chaves Amaral

Capa e design: Thiago Fernandes Barbosa

Foto da Capa: Erasmo Pereira

PUBLICIDADEDécio CorrêaAv. José Cândido da Silveira, 1.647 - Cidade NovaCaixa Postal, 515 - CEP 31170-000 Belo Horizonte-MGTelefone: (31) [email protected]

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EPAMIG

É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, sem

autorização escrita do editor. Todos os direitos são reservados à

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para conveniência do leitor, não havendo preferências, por parte da

EPAMIG, por este ou aquele produto comercial. A citação de termos

técnicos seguiu a nomenclatura proposta pelos autores de cada artigo.

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Importância da pastagem napecuária brasileira

As pastagens têm grande importância para a produção bovina

no Brasil, somando um total de 105 milhões de hectares de áreas

cultivadas para um rebanho de 176 milhões de cabeças. A pujança

desse setor reflete-se positivamente nas atividades econômicas e sociais

do País. De igual importância são as pastagens de Minas Gerais, que

têm um rebanho de 20 milhões de cabeças e 11,7 milhões de pastagens

cultivadas.

No entanto, tradicionalmente, áreas de pasto são implantadas

em solos considerados marginais para a agricultura, com baixa ferti-

lidade, elevada acidez, topografia desfavorável, entre outros fatores.

Acrescentam-se a isso a falta de reposição de nutrientes e o manejo

inadequado, que têm, como conseqüência, a degradação. Estudos

comprovam que dois terços das pastagens brasileiras apresentam algum

tipo de degradação, sendo que 80% dos 40 a 50 milhões de hectares

implantados nos Cerrados encontram-se nesta situação.

Ações de pesquisa e programas de incentivo vêm sendo imple-

mentados para reverter esse quadro. A integração agricultura-pecuária,

complementares entre si, tem proporcionado bons resultados, poten-

cializando os retornos econômicos das atividades. Outras fórmulas têm

sido preconizadas pela pesquisa, as quais envolvem recuperações

química e física do solo, ressemeio ou substituição por outra espécie

forrageira, bem como por meio do sistema de plantio direto. Além de

fornecer alimentação aos rebanhos, as pastagens promovem a cober-

tura vegetal do solo e desempenham importante papel na preservação

ambiental. Neste sentido, seu uso racional, através de manejo adequado

e eliminação das queimadas, contribui para a auto-sustentabilidade do

ecossistema.

Nesse enfoque, a EPAMIG publica esta edição do Informe

Agropecuário, que contém informações que visam a produção

sustentável e saudável na atividade pecuária, através do manejo

ambientalmente correto e lucrativo das pastagens.

Baldonedo Arthur NapoleãoPresidente da EPAMIG

GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAISAécio Neves da Cunha

Governador

SECRETARIA DE ESTADO DE AGRICULTURA,PECUÁRIA E ABASTECIMENTO

Silas BrasileiroSecretário

Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas GeraisPresidência

Baldonedo Arthur NapoleãoDiretoria de Operações Técnicas

Manoel Duarte XavierDiretoria de Administração e Finanças

Luiz Carlos Gomes GuerraGabinete da Presidência

Carlos Alberto Naves CarneiroAssessoria de ComunicaçãoRoseney Maria de Oliveira

Assessoria de Planejamento e CoordenaçãoRonara Dias AdornoAssessoria Jurídica

Paulo Otaviano BernisAssessoria de InformáticaRenato Damasceno Netto

Auditoria InternaCarlos Roberto Ditadi

Departamento de Transferência e Difusão de TecnologiaCristina Barbosa Assis

Departamento de PesquisaMaria Lélia Rodriguez Simão

Departamento de Negócios TecnológicosEdson Marques da Silva

Departamento de Prospecção de DemandasJúlia Salles Tavares Mendes

Departamento de Recursos HumanosJosé Eustáquio de Vasconcelos Rocha

Departamento de Patrimônio e Administração GeralMarlene do Couto Souza

Departamento de Obras e TransportesLuiz Fernando Drummond Alves

Departamento de Contabilidade e FinançasCelina Maria dos Santos

Superintendência Financeira dos Centros Tecnológicos eFazendas Experimentais

José Roberto EnoqueSuperintendência Administrativa dos Centros Tecnológicos e

Fazendas ExperimentaisArtur Fernandes Gonçalves Filho

Instituto de Laticínios Cândido TostesGérson Occhi

Instituto Técnico de Agropecuária e CooperativismoMarcello Garcia Campos

Centro Tecnológico do Sul de MinasAdauto Ferreira Barcelos

Centro Tecnológico do Norte de MinasMarco Antonio Viana Leite

Centro Tecnológico da Zona da MataJuliana Cristina Vieccelli de CarvalhoCentro Tecnológico do Centro-Oeste

Cláudio Egon FacionCentro Tecnológico do Triângulo e Alto Paranaíba

Roberto Kazuhiko Zito

A EPAMIG integra oSistema Nacional de Pesquisa Agropecuária,

coordenado pela EMBRAPA

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IA - Qual a sua opinião sobre a situa-

ção das pastagens no Brasil?

Rômulo L’Abbate - Estima-se que

dos 110 milhões de pastagens cultiva-

das existentes hoje no Brasil, cerca de

60% estão em processo de degradação.

Muitos plantios foram feitos com va-

riedades inadequadas para determina-

das regiões. Não há uma preocupação

com a reposição de nutrientes, com o

controle da erosão e com o manejo

correto. Grandes concentrações de pas-

to utilizando poucas cultivares – domi-

nam as braquiárias, que são na verda-

de clones, ou seja, seu genótipo não

Pastagem – para cada regiãouma tecnologia própria

IA - Quais seriam as alternativas para

reverter esta situação?

Rômulo L’Abbate - O grande desafio

do pecuarista é tornar seus pastos pere-

nes e com suporte crescente. E isto não

vem ocorrendo. O que se vê são fazen-

das com suporte decrescente e grande

perda periódica de pastagens, seja por

secas, por ataques de pragas, por falta

de novos cultivares e, sobretudo, por

manejo inadequado.

É preciso que o pecuarista faça par-

cerias com entidades de pesquisas, co-

mo tem feito, por exemplo, a Fazenda

Colonial, onde têm sido realizados

muda – o que torna essas áreas extre-

mamente vulneráveis, caso apareçam

novas pragas ou doenças. Para cada

região há que se desenvolver uma tec-

nologia própria com escolha de gramí-

neas e sistemas de produção adequados.

Na região Semi-Árida, por exemplo, te-

mos poucas alternativas para solos mais

fracos, que são 80% das áreas. Para os

solos mais férteis existem já cultivares

de Buffel Grass (Cenchrus ciliaris), bem

adaptadas, resistentes à cigarrinha e

aos fungos, com bom suporte, toleran-

tes a 300 mm de chuva/ano e que com

100 mm já dão pasto.

O engenheiro agrônomo, Rômulo Augusto L’Abbate Marques, formou-se pela Universidade

Federal de Viçosa (UFV), em 1969. Trabalhou na Emater-MG e na EPAMIG, sendo fundador e

atual diretor da Empresa de Projetos Agropecuários e Consultoria (Propec). Rômulo L’Abbate é

também vice-presidente da Sociedade Rural de Montes Claros e presidente da Fundação para o

Desenvolvimento Técnico e Científico da Agropecuária do Norte de Minas (Fundetec), gestora do

Parque Tecnológico de Montes Claros e do Pólo de Agronegócios do Norte de Minas. É produtor

rural na Região Norte do Estado, onde cria Simental e Nelore. [email protected]

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experimentos com o Buffel Grass, jun-

to com a EPAMIG, Embrapa, Fundetec

e BNB-Fundeci. Desses trabalhos, fo-

ram selecionadas cinco cultivares bas-

tante produtivas, resistentes às secas,

tolerantes às cigarrinhas e ao fungo,

constituindo-se em alternativas susten-

táveis para as terras férteis das regiões

Semi-Áridas.

IA - A tecnologia de integração lavoura-

pecuária (ILP) pode solucionar a

questão da degradação das pasta-

gens e o esgotamento dos recursos

naturais?

Rômulo L’Abbate - A ILP está em

expansão e pode, sim, contribuir pa-

ra recuperar pastagens degradadas e

preservar os recursos naturais. É uma

técnica importante para melhorar a fer-

tilidade do solo, através da calagem

e da adubação das lavouras, que são

aproveitadas pelas pastagens. A lavou-

ra paga os custos dessa recuperação.

Por outro lado, contribui para a rotação

de culturas diminuindo sensivelmente

os ataques de pragas, doenças e plan-

tas daninhas das lavouras. Estão aí, já

no domínio de um grande número de

pecuaristas, os Projetos Barreirão e San-

ta Fé, lançados pela Embrapa. Caso o

pecuarista não tenha condições de fazer

essa integração, existem as parcerias

com agricultores que possuem equipa-

mentos e tecnologia, mas não querem

investir em terras.

IA - Quais são as vantagens e desvan-

tagens desta tecnologia?

Rômulo L’Abbate - As vantagens são

grandes, tanto para as pastagens, quan-

to para as lavouras. Se de um lado há

uma diminuição dos custos da recupe-

ração dos pastos, um melhor controle

da erosão através da construção de cur-

vas de nível e terraços, melhoria da ferti-

lidade dos solos e conseqüente aumento

da capacidade de suporte dos pastos,

e uma menor competição da vegetação

indesejável, de outro há todos os bene-

fícios da rotação de culturas com maior

quantidade de matéria orgânica para as

lavouras e menor incidência de pragas,

doenças e plantas daninhas.

Como desvantagem, existem as li-

mitações climáticas, de topografia, de

disponibilidade de capital para investi-

mentos em máquinas e equipamentos,

de conhecimento técnico, de infra-

estrutura de armazenamento, etc.

Em resumo, onde há condições cli-

máticas, solos, topografia e disponibi-

lidade de capitais, tanto pecuaristas,

quanto agricultores deverão partir para

a integração lavoura pecuária, pois há

grandes benefícios mútuos, sem con-

tar a questão da diluição dos riscos, a

elevada liquidez proporcionada pelos

investimentos em rebanhos e a preser-

vação dos recursos naturais.

IA - Os incentivos existentes atendem

às necessidades do produtor no que

tange à recuperação de pastagens

degradadas, tendo em vista os

aspectos econômicos da produção

bovina e da preservação ambiental?

Rômulo L’Abbate - Esses incentivos

têm de vir junto com uma tecnologia

sustentável. Apenas para citar dois

exemplos, veja o que ocorreu na déca-

da de 70 com o Polocentro, um pro-

grama de crédito subsidiado, mas que

veio junto com o lançamento das bra-

quiárias, que viabilizou toda pecuária

dos Cerrados no Centro-Oeste, a ponto

de termos uma pecuária antes e outra

depois. Por outro lado, esses mesmos

incentivos, como o Proterra e outros

com prazos longos e juros subsidiados,

não tiveram o mesmo êxito nas regiões

Semi-Áridas, porque não tínhamos, gra-

míneas resistentes às secas periódicas.

Atualmente, por um lado os incen-

tivos via crédito oficial a juros equali-

zados de 8,75% ao ano são escassos e

limitados, de acesso muito burocra-

tizado e demorado. Por outro, o incen-

tivo à pesquisa, para gerar tecnologias

sustentáveis, não vem merecendo, tan-

to do Governo Federal, quanto do

Estadual, o apoio e os recursos que a

atividade requer. O custo benefício da

pesquisa aplicada à agropecuária é po-

sitivo e muito favorável, e todos sabem

disso. Os resultados são espetaculares.

IA - Para manter níveis adequados de

produtividade é necessário fazer

adubações de manutenção. O que

o senhor acha que limita o produ-

tor a realizar esta prática?

Rômulo L’Abbate - A adubação de

pastagens deve ser uma rotina do pecua-

rista, assim como roçar o pasto, vacinar

seu rebanho ou dar manutenção em

suas máquinas. Mas não se deve cons-

tituir numa técnica isolada. Deve vir

junto com um manejo adequado dessas

pastagens, que inclui sua subdivisão,

a escolha da gramínea adequada ao ti-

po de solo e clima, ao correto dimen-

sionamento da reserva estratégica para

seca, à genética, profilaxia, gerencia-

mento, treinamento do pessoal, entre

outros. Caso contrário, ele aduba, pro-

duz muito e perde muito, por não ter

competência para usar o aumento da

produtividade do pasto. Adubações

isoladas, como ocorre na maioria dos

casos, são feitas sem a visão do sistema

de produção como um todo. É isso que

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tem limitado o produtor a tornar essa

prática uma rotina. É preciso começar

devagar e ir crescendo aos poucos. Ana-

lisar bem o solo, com amostragens bem-

feitas, e saber interpretar bem os resul-

tados, com a assessoria de profissionais

do setor. Busca-se, nesses casos, sem-

pre o equilíbrio de nutrientes, de acordo

com as exigências de cada gramínea.

Uma das piores decisões do pecua-

rista é usar tecnologia de forma incom-

pleta. Ou se utiliza uma tecnologia de

ponta a ponta, ou é melhor não usá-la.

IA - Levantamento feito sobre a qua-

lidade das sementes de forrageiras

comercializadas em Minas Gerais

mostrou que mais de 60% delas

apresentavam qualidade abaixo

dos padrões mínimos exigidos pela

legislação em vigor. Na sua opi-

nião, quais são os reflexos dessa

situação nos custos da formação e

na durabilidade da pastagem?

Rômulo L’Abbate - O custo das se-

mentes no processo de recuperação

de uma pastagem é inferior a 10%.

O produtor, na ânsia de economizar

10%, compromete 90% dos serviços e

insumos utilizados, sem contar o tem-

po perdido e infestações de suas pasta-

gens por invasoras exóticas, pragas e

doenças. Se 60% das sementes apre-

sentavam qualidade abaixo do padrão,

podemos afirmar que 40% delas esta-

riam acima do padrão. É um número

importante. Por que o pecuarista não

compra desses 40%? Conhecemos mui-

tas empresas produtoras de sementes que

estão no mercado há mais de 30 anos.

São idôneas, garantem o que vendem e

estão dispostas a pagar por eventuais

insucessos. Cabe ao pecuarista selecio-

nar bem de quem comprar, comprar mais

cedo, pagar pelo valor cultural, analisar

previamente as sementes, se estiver na

dúvida, e passar a exigir uma caracte-

rística importante que é o vigor das se-

mentes, ou seja, a capacidade de essas

plantas superarem situações adversas

na fase inicial de germinação. Isso está

muito ligado aos campos de produção

de sementes, seus níveis de adubação,

processos de colheita, beneficiamento

e armazenamento.

IA - O surgimento de cultivares de for-

rageiras tem contribuído para a me-

lhoria do perfil das pastagens?

Rômulo L’Abbate - Do Descobrimen-

to do Brasil, até o início da década de

1970, a pecuária brasileira cresceu e foi

sustentada por apenas quatro gramí-

neas: o colonião nas terras férteis, o ja-

raguá nos solos de média fertilidade, o

gordura nas terras fracas e o bengo nas

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terras úmidas. É bom lembrar que o

Brasil não possuía gramíneas de valor

forrageiro. Todas essas citadas vieram

por acaso nos navios negreiros. No iní-

cio da década de 70, surgiram as primei-

ras cultivares de Brachiaria decumbens.

Na década de 80, as coleções de ‘Bra-

chiarias’ e ‘Panicuns’ foram implantadas

no Centro Nacional de Gado de Corte

da Embrapa, em Campo Grande, MS.

E, daí, surgiram a Brachiaria brizantha,

cultivar Marandu, o Tobiatã, Tanzânia,

Mombaça e, mais recentemente, o Xaraés

e o Massai, dentre outras. Do Centro

de Pesquisas Agropecuárias do Cerra-

do (CPAC) surgiram novas cultivares

do gênero Andropógon. Ou seja, sem o

surgimento dessas gramíneas, não te-

nho nem idéia onde estaria a pecuária

hoje. Mas certamente não seríamos os

maiores exportadores de carne de boi

produzida a pasto. E tudo isto ocorreu

nos últimos 30 anos. A partir do melho-

ramento das pastagens existentes e

introdução de novas cultivares pode-

remos dobrar nossa produção atual,

sem muitos investimentos. Se já somos,

hoje, imbatíveis nos preços de carne

de boi nos mercados externos, imagine

com o surgimento de novas cultivares.

IA - Além do lançamento de cultivares,

que outras contribuições a pesqui-

sa tem dado para a melhoria das

pastagens brasileiras?

Rômulo L’Abbate - A pesquisa vem

orientando os produtores para a ade-

quação da pastagem ao clima da região.

Com o objetivo de garantir um pasto

adequado para a região Semi-Árida no

Norte de Minas, estamos buscando no-

vas espécies nas regiões Semi-Áridas

da África, das áreas lindeiras ao deserto

de Saara, na Etiópia, mantendo contato

com o International Livestock Research

Institute (ILRI), em Adis Abeba. Esta-

mos fazendo isso com a recomendação

da Embrapa Gado de Corte, através da

Fundetec, Unimontes e EPAMIG. É um

trabalho longo, mas tem de ser feito.

E cada região deve buscar suas gramí-

neas e seu sistema de produção mais

econômico e sustentável.

IA - Qual a sua opinião sobre a questão

da irrigação da pastagem?

Rômulo L’Abbate - Deve vir inserida

num sistema de produção. É a mesma

coisa da adubação. A irrigação de pas-

tagem é uma técnica cara, mas viável.

A produção pode chegar a mais de

70 arrobas/ha/ano. Assim, deve acom-

panhar um programa de intensificação

da exploração pecuária, juntamente com

outros fatores, ou seja, da intensifica-

ção dos pastos de sequeiro, do manejo

adequado, das adubações equilibradas,

e das reservas estratégicas bem dimen-

sionadas como a silagem, feno, cana,

pastos diferidos, e, sobretudo, de um

gerenciamento adequado da atividade.

Apenas para exemplificar, se elevarmos

a capacidade de suporte de nossas pas-

tagens de 1 para 2 UA/ha, a natalidade

de 70% para 90%, a redução da idade

de abate de 36 para 24 meses e da idade

de primeira cria das fêmeas de 36/40

meses, para 24 a 30 meses, podemos

multiplicar por seis nossa rentabilida-

de, numa mesma área.

IA - Como o senhor avalia o manejo

do pastejo sobre a persistência e a

sustentabilidade das pastagens?

Rômulo L’Abbate - Extremamente

importante. E aqui é preciso ressaltar a

figura escassa, do bom manejador de

pastos. Existem inúmeros cursos sobre

técnicas agrícolas, mas são raros aqueles

que ensinam como manejar bem as

pastagens. Noções básicas do compor-

tamento das gramíneas, tempo de des-

canso e de uso e o porquê desses tem-

pos, de pressão de pastejo, sobretudo,

de como calcular a disponibilidade de

forragem e o consumo animal para sa-

ber com precisão qual a capacidade de

suporte da fazenda. São raros os pro-

dutores que sabem calcular a disponi-

bilidade de forragem, o consumo ani-

mal e daí ajustar o suporte adequado.

Há momentos que sobra pasto, em

outros, falta.

Por outro lado, além de proporcionar

maior produtividade, pastagens bem

manejadas contribuem bastante para o

seqüestro de CO2, podendo tornar-se

fonte de receita futura, geradoras de

créditos de carbono.

Outro aspecto que precisa ser ressal-

tado é o do aprimoramento das técnicas

de diferimento, de grande importância,

sobretudo nas regiões Semi-Áridas.

Como fazer, em que áreas, quais gramí-

neas, como adubar, como integrar com

outras gramíneas de manejo mais inten-

sivo no verão, a exemplo do Andro-

pógon e do Mombaça de uso mais

intensivo no período chuvoso, reser-

vando as braquiárias para uso na seca.

IA - O que falta, na prática, para que o

bom manejo da pastagem possa

proporcionar máximos rendimen-

tos de pasto e de produção animal,

de forma sustentada?

Rômulo L’Abbate - Treinar maneja-

dores de pastos na teoria e na prática.

Contratar bons consultores nessa área.

Visitar fazendas e estações experimen-

tais aonde vêm sendo feitos trabalhos

de manejo, como na Embrapa Pecuária

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Sudeste, em São Carlos, SP, por exem-

plo. Não fazer pastejo rotacionado sem

estar bem assessorado e com pessoal

de campo treinado. Os resultados são

desastrosos. Cercando-se de conhe-

cimentos básicos e treinando pessoal

de campo, conseguem-se resultados

surpreendentes, tanto em pastejos con-

tínuos, de carga variável como no rota-

cionado. Manejar pastos exige, além de

conhecimentos básicos, uma interpre-

tação diária da situação das gramíneas,

em função do clima, de eventual ataque

de pragas, do pastejo pelos animais,

etc. Ou seja, os pastos devem ser per-

corridos diariamente e as decisões to-

madas de acordo com cada situação.

IA - Com o aumento da busca por sis-

temas de produção animal auto-

sustentáveis e ecologicamente cor-

retos, o senhor acredita que poderá

haver incremento do uso das le-

guminosas nos sistemas produ-

tivos?

Rômulo L’Abbate - O Brasil é o país

das leguminosas. Somente do gênero

Stylosanthes a Embrapa Cerrados tem

mais de mil acessos. Mas até hoje não

conseguimos, na prática, difundir a

consorciação de pastagens. Inúmeras

tentativas foram feitas, mas não co-

nhecemos consórcios, digamos, susten-

táveis. Às vezes começam bem, mas

pouco tempo depois quase sempre a

gramínea domina e a leguminosa some.

Entretanto, talvez esteja aí a solução para

o aumento da produtividade dos pas-

tos. Todos sabem a grande resposta das

gramíneas às adubações nitrogenadas,

cuja exigência é bem maior que os

outros elementos. E sabemos também

a grande capacidade de as leguminosas

fixarem o Nitrogênio atmosférico, mais Por Vânia Lacerda

de 80% do ar que respiramos. A pes-

quisa ainda deverá nos mostrar quais

leguminosas plantar em cada região,

como manejá-las de forma adequada e

como tornar essa técnica sustentável.

Leguminosas nativas, tanto as arbó-

reas como arbustivas, constituem-se em

alternativas interessantes e muitos pro-

dutores as têm preservado e difundido

em suas propriedades. É importante

ressaltar que, o que se quer das legu-

minosas é que incorporem o Nitrogênio

atmosférico, para uso das gramíneas.

E, nesse aspecto, é até interessante que

não sejam muito palatáveis.

É uma tecnologia que precisa ser

incrementada com urgência, pois além

de diminuir o uso de adubos nitroge-

nados, caros e se usados sem critérios

poluem os lençóis freáticos, é uma téc-

nica ecologicamente correta e auto-

sustentável.

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9Pastagem

1Engo Agro, Superintendência Estadual do Banco do Brasil S.A., R. Rio de Janeiro, 750, 6o Andar, CEP 30160-941 Belo Horizonte - MG. Correioeletrônico: [email protected]

2Engo Agro, M.Sc., Téc. EMATER-MG, Av. Raja Gabaglia, 1.626, CEP 30350-540 Belo Horizonte - MG. Correio eletrônico: [email protected] Agro, M.Sc., Téc. EMATER-MG, Av. Raja Gabaglia, 1.626. CEP 30350-540 Belo Horizonte - MG. Correio eletrônico: [email protected]

trada àquela época pelo editorial da revistaInforme Agropecuário (AS PASTAGENS...,1980):

A tradicional vocação pecuária de

Minas Gerais acha-se comprome-

tida, pois algumas estatísticas su-

gerem que, os poucos mais de 30

milhões de hectares em pastagens

do Estado teriam alcançado a sua

INTRODUÇÃO

Reconhecidamente, a pastagem é a ba-se da produção bovina. A partir da déca-da de 70, o plantio no Brasil, especialmenteda Brachiaria decumbens, apresentouum crescimento surpreendente, pela suaboa adaptação aos solos de baixa fertilida-de, típica das áreas de pastagens naturais(Campos e Cerrados). Mas decorridos de

10 a 15 anos da implantação e uso inten-sivo dessas pastagens, sem a devida cor-reção da baixa fertilidade das áreas em queforam plantadas, ficou evidente o estadode sua degradação (AS PASTAGENS...,1980).

No início dos anos 80, já havia preocu-pação quanto à necessidade de melhoriadessas pastagens. A situação pôde ser ilus-

Resumo - Em Minas Gerais e no Brasil, a pastagem tem sido considerada a base da ali-mentação de bovinos. A partir da década de 70, as chamadas “pastagens plantadas”, ou“cultivadas”, tiveram um crescimento surpreendente, especialmente através da introdu-ção da Brachiaria decumbens. Sem a devida correção da fertilidade e uso de boas práticasde manejo dessas pastagens, ficaram evidentes o seu estado de degradação e a baixacapacidade de suporte, associados a processos erosivos, com reflexos altamente negativosà fertilidade dos solos e a perdas de água, o que causa impactos ambientais muitas vezesirreversíveis. Estima-se que nos Cerrados do Brasil Central, onde se inclui o estado deMinas Gerais, cerca de 80% dos 45 a 50 milhões de hectares da área de pastagemapresentam algum estádio de degradação. Em Minas Gerais atinge cerca de 5 a 6 milhõesde hectares. A degradação das pastagens tem sido considerada um dos maiores problemasda pecuária bovina brasileira. Discutem-se aspectos ligados às causas da degradação esão apresentadas alternativas para reverter esse quadro, tanto na recuperação indiretadas pastagens, através da integração lavoura-pecuária, como nos aspectos ligados àrecuperação direta e ao uso de recursos do Programa de Modernização da Agricultura eConservação de Recursos Naturais (Moderagro).

Palavras-chave: Sustentabilidade. Pastagem. Degradação. Recuperação. Integraçãolavoura-pecuária. Pastagem cultivada. Meio ambiente. Agricultura empresarial. Finan-ciamento.

Situação atual das pastagensem Minas Gerais

Carlos Tadeu de Melo1

José Alberto de Ávila Pires2

Maurício Roberto Fernandes3

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10 Pastagem

máxima capacidade de suporte.

Será então muito difícil o crescimen-

to do rebanho bovino, a não ser que

a referida capacidade de suporte

(no ano de 1980, em torno de 0,6

cab./ha) fosse aumentada, ou, em

caso contrário, expandida a área de

pastagens. A elevação da capa-

cidade de suporte das pastagens

somente será possível, se os produ-

tores aplicarem tecnologia apro-

priada, o que implica geralmente

em maiores investimentos, nem sem-

pre acompanhados do aumento

proporcional de retornos. De qual-

quer forma, parte dos pecuaristas

encontra-se, há certo tempo, inte-

ressados na melhoria das pasta-

gens, seja pelo estabelecimento de

novos capins (às vezes consorcia-

dos com algumas leguminosas),

seja pelo aprimoramento das práti-

cas de manejo de seus pastos.

Apesar dos esforços para reverter essequadro, estima-se que, nos Cerrados doBrasil Central, onde se inclui o estado deMinas Gerais, cerca de 80% dos 45 a 50 mi-lhões de hectares da área de pastagemapresentam algum estádio de degradação(MACEDO, 1995). Em Minas Gerais é repre-sentada por 5 a 6 milhões de hectares.

Os efeitos da degradação das pastagenstranscendem aqueles relacionados apenascom a produtividade da pecuária bovina,tendo também influência na redução dainfiltração das águas fluviais com efeitosnocivos aos cursos e reservatórios de água,e ao meio ambiente de maneira geral.

As áreas de pastagens degradadas dosCerrados, por encontrarem-se em regiõespróximas aos grandes centros de consu-mo, vêm sendo utilizadas para plantio degrãos, especialmente soja e milho, segui-do de plantio da pastagem. Este sistemaficou conhecido como “integração lavoura-pecuária”, com benefícios para a agro-pecuária, como um todo, e para o meio ambi-ente. De maneira geral, tornou-se evidenteque este sistema de formação e recupe-ração de pastagens sofre uma influência

direta com a vocação para uma agricultu-ra empresarial de cada região. Em MinasGerais, este tipo de integração lavoura-pecuária vem ocorrendo com maior inten-sidade nas regiões do Triângulo Mineiro,Alto Paranaíba e Noroeste. Observa-se umatendência de avançar com este sistema paraas regiões Central e Centro-Oeste do Esta-do. Em outras regiões de Minas Gerais, porquestões climáticas e topográficas, é pou-co provável que esta integração venha aocorrer.

Além deste benefício indireto de melho-ria das pastagens, pela integração lavoura-pecuária, o Plano Agrícola e Pecuário doMinistério da Agricultura, Pecuária e Abas-tecimento (MAPA), disponibiliza uma linhade financiamento específica, com juros eprazos adequados, através do Programa deModernização da Agricultura e Conser-vação de Recursos Naturais (Moderagro),que, a partir de 2003, substituiu o ProgramaNacional de Recuperação de PastagensDegradadas (Propasto) (BRASIL, 2003).

HISTÓRICO E ESTADO ATUAL

A partir da década de 70, não só emMinas Gerais, mas também em todo o Brasil,as chamadas “pastagens plantadas” (oucultivadas) tiveram um crescimento sur-preendente, explicado pela introdução dasbraquiárias, que atualmente ocupam expres-sivas áreas. Segundo Macedo (1995), umadistribuição relativa aproximada das gramí-neas forrageiras nas regiões de Cerrados,em todo o Brasil, no ano de 1995, indicam55% para a Brachiaria decumbens e 20%para a Brachiaria brizantha. O interessemaior pela Brachiaria decumbens foi emfunção de sua boa adaptação aos solos debaixa fertilidade, típico das áreas de pasta-gens naturais (Campos e Cerrados), comrazoável produção de matéria seca e capa-cidade de suporte.

Entretanto, a partir da década de 80, oque parecia ser uma solução para a pecuáriabovina, tornou-se na verdade mais um pro-blema. O plantio da Brachiaria decumbensfoi feito sem a devida correção da baixafertilidade das áreas de pastagens naturais,

na maioria das vezes sem o uso de calcário(correção de acidez) e de adubações deplantio e reposição (cobertura). Em razãodisso, decorridos 10 a 15 anos de implanta-ção e uso intensivo dessas pastagensficou evidente o seu estado de degradaçãoe a baixa capacidade de suporte.

Entende-se por “degradação de pasta-gens” o processo evolutivo de perda devigor, de produtividade, de capacidade derecuperação natural das pastagens parasustentar os níveis de produção e qualidadeexigida pelos animais, assim como, o de su-perar os efeitos nocivos de pragas, doençase invasoras, culminando com a degradaçãoavançada dos recursos naturais em razãode manejos inadequados (MACEDO, 1995).

Particularmente no Brasil, a degradaçãode pastagens é considerada um dos maio-res problemas da pecuária. As estimativasrevelam que cerca de 80% dos 45 a 50 mi-lhões de hectares da área de pastagens nosCerrados do Brasil Central (que correspondea 60% da produção de carne bovina nacio-nal) apresentam algum estádio de degrada-ção. Essa situação remete a uma preocupa-ção muito grande, já que existe um elevadopotencial para produção de bovinos (leitee corte), no Brasil, que corre o risco de tornar-se inexplorado pelo mau uso dos recursosnaturais disponíveis. Nesse sentido, aexploração planejada, sustentada em prin-cípios sólidos relativos à biologia e à eco-logia de plantas forrageiras em pastagensé fundamental, e passará a ser a marca re-gistrada de países ditos desenvolvidos emprodução animal (SBRISSIE, 2001).

A demanda crescente de grãos, espe-cialmente soja e milho, encontrou nestasáreas de pastagens degradadas espaço pa-ra crescimento, sem a necessidade de aber-tura de nova fronteira agrícola. E, no casode Minas Gerais, estas áreas encontram-seem regiões estratégicas, próximas a gran-des centros de consumo, e bem servidasde estruturas viária e de armazenagem. Poresses motivos, um tipo de agricultura inten-siva passou a contribuir, a partir da décadade 80, para o crescimento e melhoria daschamadas “pastagens plantadas”, espe-

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11Pastagem

cialmente nas regiões do Cerrado de MinasGerais, através de um sistema que passoua ser conhecido como “integração lavoura-pecuária”.

Segundo o Centro de Estatísticas e Infor-mações (CEI), da Fundação João Pinhei-ro (ANUÁRIO ESTATÍSTICO DE MINASGERAIS, 2002), no período de 1980-1995, aárea total disponível para pastagem, emMinas Gerais, apresentou uma redução decerca de 5 milhões de hectares, mantendoestável um rebanho bovino aproximado de20 milhões de cabeças, o que representa umamelhoria da “densidade bovina” de 0,66para 0,79 cabeça por hectare, um aumentode cerca de 20%. A área disponível parapastagem que era de, aproximadamente,30 milhões de hectares, em 1980, reduziu-se para cerca de 25 milhões de hectares, em1995. As áreas de pastagens naturais apre-sentaram uma queda de 7,8 milhões de hec-tares (menos 37%) e as de pastagens plan-tadas tiveram um aumento de 3,5 milhõesde hectares (mais 44%) (Quadro 1).

Estima-se que no Brasil, nos próximosdez anos, cerca de 30 milhões de hectaresde pastagens serão ocupados com ativida-des de agricultura, especialmente soja emilho, além de cana-de-açúcar e eucalipto.

Mesmo assim, a manutenção da inte-gração lavoura-pecuária, especialmente nasculturas de soja e milho em áreas de pasta-gens, poderá trazer benefícios para a agro-

pecuária como um todo: a melhor conser-vação do solo e da água, a manutenção daqualidade das pastagens, o aumento daprodução de grãos favorecendo a inten-sificação da produção bovina via suple-mentação alimentar ou confinamento.

TIPOS DE PASTAGENS PORREGIÕES E SEUS SISTEMAS DEFORMAÇÃO E RECUPERAÇÃO

Os tipos de pastagens existentes, natu-rais ou plantadas, e o seu sistema de forma-ção e recuperação sofrem uma influênciadireta com a vocação para uma agriculturaempresarial, de cada região. Em MinasGerais, na região do Triângulo, já a partirda década de 70, e com mais intensidadena década de 80, observou-se um interessecrescente pelo plantio primeiro da soja edepois de milho, tanto nas áreas de pas-tagens naturais (Cerrado, Campo Cerrado,Campo Limpo), quanto de pastagens de-gradadas.

O Quadro 2 mostra a utilização das terrascom pastagens de acordo com as Regiõesde Planejamento (Fig. 1), em que as pasta-gens naturais são compostas exclusi-vamente por plantas nativas e as pastagensplantadas são de gramíneas e leguminosasque foram cultivadas.

Os dados apresentados mostram umpercentual maior de pastagens nativas pa-ra a Região II - Mata (77,54%), Região

IX - Jequitinhonha/Mucuri (71,63%) e Re-gião X - Rio Doce (75,21%). Exceção feitapara a Região da Mata, que apresentou umadensidade bovina acima da média do Esta-do (0,916 cab./ha), as demais apresentaram-se abaixo da média, respectivamente 0,624e 0,695 cab./ha. Para o caso de pastagensplantadas, o destaque é para a Região doTriângulo, com cerca de 2,7 milhões de hec-tares, 81,31% da área total das pastagensexistentes nesta região que ainda contacom o maior efetivo bovino do Estado, comcerca de 4 milhões de cabeças, e também amaior densidade bovina - 1,193 cab./ha.Nessa região, o sistema de formação depastagem consiste em: retirada da vege-tação natural/original (Cerrado, CampoCerrado ou Campo Limpo), destoca e cata-ção de raízes, calagem, aração, gradageme cultivo da terra (soja e milho), com usointensivo de adubação química. Quase sem-pre esse processo é feito através de arren-damento para terceiros. Em seguida, nessaslavouras, é feita a implantação da pastageme sua utilização por um período de 5 a 10anos. Depois, novo arrendamento de áreasde pastagens plantadas degradadas, umoutro plantio de lavoura e novamente apastagem e, assim, sucessivamente.

Com essa melhoria da fertilidade dosolo, promovida pelo plantio de culturas,deixou-se de usar a Brachiaria decumbenspara usar novas espécies de capins, maisexigentes, como a Brachiaria brizantha,o capim-tanzânia e o capim-mombaça. Estesdois últimos, cultivares do gênero Panicummaximum, têm merecido maior atençãoquanto à necessidade de critérios para adu-bação de manutenção e manejo (rotação)das pastagens.

Este sistema de incorporação de áreasde pastagens naturais para agriculturae/ou de recuperação de pastagens planta-das degradadas já vem ocorrendo tambémnas Regiões V - Alto Paranaíba e VII - Noro-este de Minas. Com a valorização da soja edo milho, a partir de 2001/2003, observa-seuma tendência de poder avançar com essesistema de integração lavoura-pecuária,pelo menos nas áreas de pastagens degra-dadas e naturais das Regiões I - Central eFONTE: Anuário Estatístico de Minas Gerais (2002).

Lavouras (1.000 ha) 4.774 5.340 4.172

Permanentes 1.136 1.289 1.188

Temporárias 3.638 4.051 2.984

Pastagens (1.000 ha) 29.609 28.925 25.350

Naturais 21.431 20.625 13.655

Plantadas 8.178 8.300 11.695

Bovinos (1.000 cabeças) 19.560 19.984 20.146

Densidade bovina

Cab./ha 0,660 0,691 0,795

Índice 100,00 104,70 120,45

QUADRO 1 - Utilização das terras, efetivo bovino e densidade bovina - Minas Gerais

1995Especificação 1980 1985

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12 Pastagem

VI - Centro-Oeste de Minas. Para as demaisRegiões do Estado, é pouco provável queessa integração venha a ocorrer pelo me-nos em níveis de intensidade, que possamrefletir de forma significativa em aumentoda densidade bovina dessas regiões.

É o caso da Região VIII - Norte de Mi-nas, onde o fator clima com falta de umaregularidade de chuvas, ou com períodosde secas prolongados, dificulta a ativida-de agrícola. Nas Regiões IX - Jequitinho-nha/Mucuri e X - Rio Doce, além destaquestão do clima em algumas áreas, a limi-tação poderá estar na topografia aciden-tada. Para a Mata e Sul de Minas, além deaspectos ligados à topografia acidentada,influencia também a ocupação dessas re-giões por pequenas propriedades.

Nestas regiões o sistema de formaçãoe/ou recuperação de pastagem vem sendofeito através de retirada da vegetação ori-ginal, calagem, aração, adubação, grada-gem e plantio da gramínea. Entretanto, oscustos desse sistema quase sempre inibema correção da fertilidade do solo (calageme adubação). Na maioria das vezes, a retira-da da vegetação original é feita através deuma simples roçada manual e a instalação

Minas Gerais 13.654.415 53,87 11.694.188 46,13 25.348.603 20.146.402 0,795

Central 1.448.140 56,52 1.114.144 43,48 2.562.284 2.258.538 0,881

Mata 1.287.687 77,54 372.809 22,46 1.660.496 1.521.095 0,916

Sul de Minas 1.368.531 58,26 981.796 41,74 2.350.327 2.456.727 1,045

Triângulo 613.272 18,69 2.666.213 81,31 3.279.845 3.913.625 1,193

Alto Paranaíba 1.096.057 55,35 882.911 44,65 1.978.968 1.502.010 0,759

Centro-Oeste de Minas 861.195 51,10 824.025 48,90 1.685.220 1.535.905 0,911

Noroeste de Minas 1.458.508 49,46 1.491.432 50,54 2.949.940 1.467.783 0,498

Norte de Minas 1.779.019 47,18 1.992.201 52,82 3.771.220 2.137.372 0,567

Jequitinhonha/Mucuri 2.027.664 71,63 803.695 28,37 2.831.359 1.768.163 0,624

Rio Doce 1.714.343 75,21 564.962 24,79 2.279.305 1.585.184 0,695

QUADRO 2 - Utilização das terras com pastagens, efetivos bovinos e densidade bovina, segundo regiões de planejamento - Minas Gerais - 1995

Região de Planejamento

Pastagem

Área total(ha)

Efetivobovino

(cabeças)

Densidadebovina

(cab./ha)

Natural Plantada

Área(ha)

Área(ha)

% %

FONTE: Anuário Estatístico de Minas Gerais (2002).

Figura 1 - Estado de Minas Gerais, regiões de planejamento

IV

VII

VIII

IX

IX

II

VI

V

III

NN

I

II

III

IV

V

VI

VII

VIII

IX

X

Central

Mata

Sul de Minas

Triângulo

Alto Paranaíba

Centro-Oeste

Noroeste

Norte de Minas

Jequitinhonha

Rio Doce

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13Pastagem

da pastagem faz-se por dois sistemas: atra-vés do plantio direto do capim, ou atravésdo plantio do capim junto com uma lavoura(especialmente o milho).

No geral, além desses aspectos ligadosà própria formação, ou à instalação de umapastagem em áreas de pastagens naturais,existe uma grande preocupação com a recu-peração de áreas de pastagens degradadas.Estima-se, para Minas Gerais, que de 40%a 50% das pastagens plantadas estão emprocesso de degradação ou totalmente de-gradadas, o que representa cerca de 5 a 6milhões de hectares.

A degradação de áreas de pastagensdecorre de uma complexa interação dos se-guintes fatores:

a) baixa fertilidade dos solos existentesassociada à falta de correção de aci-dez (uso de calcário) e à falta de adu-bações de plantio e cobertura;

b) superpastejo, que leva à degradaçãoda cobertura dos solos propiciadapelas forrageiras;

c) exposição dos solos à ação diretadas intempéries;

d) compactação dos solos superficiais;

e) substituição das forrageiras por plan-tas indesejáveis.

Os efeitos da degradação das pastagenstranscendem aqueles diretamente relacio-nados com a produtividade pecuária. Têminfluência no aumento do escoamento deáguas superficiais, aceleram os processoserosivos em todas as etapas, ou seja, de-sagregação, transporte e deposição de par-tículas de solos, com efeitos nocivos aossistemas hídricos superficiais lóticos (cur-sos d’água) e lênticos (reservatórios).A redução da infiltração das águas plu-viais, por sua vez, tem influência negativadireta na recarga dos aqüíferos e nas con-dições hídricas dos solos.

Existem várias maneiras de fazer a recu-peração dessas áreas de pastagens degra-dadas. A decisão sobre a melhor delas irádepender de um diagnóstico da área, con-siderando basicamente: o nível de degra-

dação (início ou área totalmente degra-dada) e as condições do solo (tipo de solo,relevo, nível de compactação, fertilidade,etc.). A análise do solo é de importânciafundamental, para se conhecer a sua fer-tilidade. A prática simples da vedação dopasto constitui, por si só, uma forma derecuperação de pastagem em início de de-gradação. Introdução de leguminosas emuma pastagem formada é, também, um re-curso para melhorar as condições do pasto.

Almeida (2003) faz referência à exis-tência, em Minas Gerais, das seguintesmaneiras de recuperação de áreas de pas-tagens degradadas:

a) recuperação direta sem preparo do

solo: utilizada para uma pastagem eminício de degradação, provocada pelomanejo inadequado e/ou pela defi-ciência de nutrientes. Consiste na apli-cação superficial de adubos e corre-tivos, seguida da vedação do pasto;

b) recuperação direta com preparo mí-

nimo do solo: utilizada quando exis-tir compactação do solo e em casosde pastagens malformadas. Se hou-ver compactação em profundidade,usa-se o subsolador ou escarifica-dor. Quando necessário, aplicam-sesementes da gramínea e adubos su-perficialmente;

c) recuperação direta com preparo total

do solo: utilizada para situações dedegradação total da pastagem. Con-siste, portanto, numa recuperaçãoda área de pastagem através de cor-reção, conservação e preparo totaldo solo-destoca (se necessário), ara-ção e gradagem, seguidas da aduba-ção e plantio da gramínea;

d) recuperação com o consórcio de

uma cultura anual: consiste no plan-tio de uma cultura anual (arroz, mi-lho, sorgo) com o plantio do capim.Após a colheita da cultura anual, aárea de pastagem estará recuperada.É uma forma utilizada, principalmen-te, quando se emprega a culturaanual para a produção de silagem

(colheita mais cedo), em áreas comnível avançado de degradação;

e) recuperação em rotação com uma

cultura anual: consiste no plantiode culturas anuais solteiras (soja,milho, sorgo, arroz, mucuna, etc.),durante um ou mais anos, após oqual se retorna à pastagem. Muitoutilizada para áreas de pastagenstotalmente degradadas e com altograu de invasoras. Esta rotação depastagem com culturas anuais cons-titui uma excelente forma de inte-gração pecuária-agricultura.

LINHA DE CRÉDITO AGRÍCOLA

A recuperação de áreas de pastagensdegradadas dispõe de uma linha de finan-ciamento específica no Plano Agrícola ePecuário, do MAPA (BRASIL, 2003). Estalinha de financiamento era conhecida co-mo Propasto, que, a partir de julho de 2003,foi agrupada ao Programa de Incentivo aoUso de Corretivos de Solos (Prosolo) e aoPrograma de Sistematização de Várzeas(Sisvarzeas), num novo programa conhe-cido como Moderagro. Um programa dedesenvolvimento sustentável aplicado àconservação de solo, à recuperação de pas-tagens cultivadas degradadas e à sistema-tização de várzeas.

Para o ano agrícola 2003/2004, a partirde julho/2003, a linha de financiamento doModeragro apresenta as seguintes carac-terísticas, específicas para a recuperaçãode áreas de pastagens cutivadas degra-dadas:

a) finalidade do crédito: recuperaçãode áreas de pastagens cultivadasdegradadas;

b) itens financiáveis: aquisição, trans-porte, aplicação e incorporação decorretivos de solos (calcário, gessoagrícola, fertilizantes para adubaçãode base e outros); operações de des-toca; implantação ou recuperação decercas nas áreas que estão sendorecuperadas; aquisição de energiza-dores de cercas; aquisição e plantio

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14 Pastagem

de sementes e mudas de forrageiras;implantação de práticas conservacio-nistas de solo e aquisição, constru-ção e reforma de pequenos bebedou-ros e de saleiros ou cochos de sal;

c) limite de crédito: R$ 200 mil (duzen-tos mil reais) por produtor, indepen-dentemente de outros empréstimosao amparo de recursos controladosdo crédito rural;

d) juros: taxa fixa de 8,75% ao ano;

e) prazo: até 5 anos, incluídos 2 anosde carência;

f) amortizações: semestrais ou anuais,de acordo com o fluxo de receitas dapropriedade beneficiada.

Segundo o MAPA, o objetivo de linhasde crédito específicas, como a recuperaçãode áreas de pastagens cultivadas degra-dadas, é fortalecer e estimular a expansão ea modernização da pecuária bovina, criarambiente propício aos investimentos naatividade rural, gerar mais empregos, agre-gar renda ao meio rural, fomentar investi-mentos, aumentar a competitividade, alémde incrementar e diversificar a pauta dasexportações brasileiras (BRASIL, 2003).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A situação atual das pastagens em Mi-nas Gerais mostra um evidente estado dedegradação. Muito embora já exista umaconsciência clara de que as pastagens tec-nicamente manejadas constituem uma das

atividades agropecuárias que possibilitamconcretamente a sustentabilidade da pro-dução. Segundo Macedo (1995), a explora-ção agropecuária sustentada deve manterou melhorar a produção, com vantagenseconômicas para os agricultores, sem pre-juízos ao meio ambiente e em benefício detoda a sociedade.

O recente interesse por produtos ruraisem sistemas de produção ecologicamentecorretos vem potencializando, também napecuária bovina, iniciativas que atendama este crescente e definitivo interesse, sen-do as pastagens a base para atingir esteobjetivo. A notória expressão das áreas depastagens no estado de Minas Gerais po-tencializa a importância destas áreas nocontexto ambiental, sobretudo nos aspec-tos relacionados com os processos erosi-vos, refletindo também como uma expres-siva área receptora das águas pluviais eno direcionamento destas águas para oabastecimento e manutenção dos aqüífe-ros superficiais e profundos.

Assim, é coerente afirmar que todas aspráticas de recuperação e manejo de pasta-gens, com a elevação das respectivas ca-pacidades de suporte, refletem diretamen-te no aumento da cobertura vegetal dossolos e, por conseqüência, na atenuaçãodos processos erosivos. Portanto, a pecuá-ria bovina, através do manejo adequadodas pastagens, constitui uma das ativida-des rurais que permitem concretamente aalmejada compatibilização de interessespuramente econômicos com aqueles de

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, M. Recuperação de pastagensdegradadas de Cerrado. Belo Horizonte:EMATER-MG, 2003.12p.

ANUÁRIO ESTATÍSTICO DE MINAS GERAIS2000-2001. Belo Horizonte: Fundação JoãoPinheiro, v.9, 2002.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária eAbastecimento. Plano Agrícola e Pecuário:safra 2003/2004. Brasília, 2003. 79p.

MACEDO, M. C. M. Pastagens no ecossiste-ma Cerrado: pesquisas para o desenvolvimen-to sustentável. In: REUNIÃO ANUAL DASOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA,32.; SIMPÓSIO SOBRE PASTAGENS NOSECOSSISTEMAS BRASILEIROS: PESQUISASPARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁ-VEL, 1995, Brasília. Anais... Brasília: SociedadeBrasileira de Zootecnia, 1995. p.28-62.

As PASTAGENS como opção para alimentar orebanho bovino. Informe Agropecuário, BeloHorizonte, ano 6, n.70, p.2, out. 1980.

SBRISSIE, A.F.; SILVA, S.C. O ecossistema depastagens e a produção animal. In: REUNIÃOANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DEZOOTECNIA, 38., 2001, Piracicaba. Anais...A produção animal na visão dos brasileiros. Pira-cicaba: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2001.

natureza ambiental. Este é o destaque maisimportante sobre a situação atual das pas-tagens em Minas Gerais e que, segura-mente, deverá trazer grandes benefíciospara a pecuária bovina no Estado, nos pró-ximos anos.

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15Pastagem

INTRODUÇÃO

A qualidade da semente é resultantedo somatório dos atributos genéticos, fí-sicos, fisiológicos e sanitários que afetama capacidade de originar plantas de altaprodutividade, refletindo-se diretamentena cultura, em termos de uniformidade dapopulação, ausência de pragas e doençastransmissíveis pela semente e pelo vigordas plantas (POPINIGIS, 1977).

Importância da qualidade de sementes na formaçãoe recuperação de pastagens

Geraldo Antônio Resende Macêdo1

Maria Augusta Araújo de Castro2

Silvana Rizza Ferraz e Campos3

Vânia Maria Carvalho4

Em forrageiras tropicais, devem-se levarem conta as peculiaridades inerentes desuas sementes para aplicação desse con-ceito, tendo em vista que estas ainda estãoaquém dos avanços tecnológicos alcança-dos pela indústria de sementes das grandesculturas. Apesar de existir distância entreo estádio atual de qualidade e o que é ne-cessário para atender às exigências de ummercado globalizado, houve, nas últimasduas décadas, significativa evolução no

processo produtivo das sementes de forra-geiras no Brasil.

BREVE HISTÓRICO

O cultivo de pastagens tropicais é relati-vamente recente no Brasil. A partir da déca-da de 70, iniciou-se uma expressiva implan-tação de pastagens, tendo como principalveículo de propagação a semente, em subs-tituição ao restrito método por mudas. Essemarco histórico foi proporcionado pelo plantio

Resumo - O cultivo de pastagens tropicais no Brasil é relativamente recente. Teve maiorimpulso a partir dos anos 70, com a introdução das braquiárias nas áreas de Cerrado.A qualidade das sementes de forrageiras sempre foi um ponto vulnerável. Isto deve-se,talvez, à própria peculiaridade dessas espécies na formação das sementes. Avançostecnológicos têm ocorrido neste setor, com geração de informações, os quais têm possibi-litado produzir sementes com melhor padrão de qualidade, apesar de levantamentosrecentes em nível de comércio em Minas Gerais demonstrarem o contrário. O setorprodutivo encontra-se em transformação, se profissionalizando e migrando da RegiãoSudeste para a Centro-Oeste. Ocorreram modificações recentes na legislação de sementesde forrageiras, que trouxeram avanços para garantia de melhor padrão de qualidade eagilidade para a comercialização ao introduzir o teste de tetrazólio para algumas espécies.O sucesso na formação da pastagem está na utilização de semente de boa qualidade, noseu preparo adequado e na observação de alguns cuidados básicos no plantio. Ajuste daquantidade de sementes a ser utilizada, com base na qualidade, permite maior garantiade estabelecimento da pastagem.

Palavras-chave: Semente. Planta forrageira. Pastagem. Forrageira tropical.

1Engo Agro, M.Sc., Pesq. EPAMIG-CTCO, Caixa Postal 295, CEP 35701-970 Prudente de Morais-MG. Correio eletrônico: [email protected]

2Enga Agra, M.Sc., Fiscal Federal Agropecuário MAPA, Av. Raja Gabaglia, 245, CEP 30380-090 Belo Horizonte-MG. Correio eletrônico:[email protected]

3Enga Agra, M.Sc., Fiscal Federal Agropecuário MAPA, Vila Gianetti, Casa 38, CEP 36570-000 Viçosa-MG. Correio eletrônico: silvanarizza@viçosa.ufv.br

4Enga Agra, Superintendente Técnica IMA, Av. dos Andradas, 1220, CEP 30120-010 Belo Horizonte-MG. Correio eletrônico: [email protected]

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16 Pastagem

em grande escala das braquiárias em áreasdo Cerrado, o que proporcionou um saltoem áreas de pastagens no Brasil, que pas-saram de 30 milhões para 100 milhões dehectares (ZIMMER; EUCLIDES, 2000).

De importador de sementes de forra-geiras no início dos anos 70, o País passoua ser o maior produtor, consumidor e expor-tador dessas sementes, movimentando emtorno de 200 milhões de dólares, anual-mente (SOUZA, 2000). No entanto, aindacontinua sendo desafiadora a produção co-mercial de sementes forrageiras tropicais.Em relato sobre os aspectos biológicos daprodução, Souza (2001) menciona que érecente a história de manipulação genéticae agronômica dessas espécies, o que lhesconfere certas características selvagens,dificultando sua produção comercial.Dentre as principais características estãoo período prolongado de emissão dasinflorescências e da abertura de flores entree dentro de uma mesma inflorescência, que-da natural (degrana) das sementes, por oca-sião da maturação, ou mesmo antes, dor-mência das sementes (BOONMAM, 1971).Acrescentam-se a isto dois ou mais picosde floradas num mesmo ano em algumasespécies, os diferentes pesos de sementes(leves/muito leves) e suas variadas caracte-rísticas morfológicas (sementes com/semaristas). A situação é agravada pelo fatode o critério de seleção destas espécies serpara produção de forragem e não para se-mentes.

Santos Filho (1984) relata que, no iníciodos anos 70, muitos fazendeiros acredita-vam que o capim-colonião só era plantadopor mudas, porque suas sementes eram debaixíssima qualidade. Na verdade, as se-mentes eram produzidas de forma rudimen-tar e artesanal e apresentavam qualidadesfísicas e fisiológicas muito baixas. Àquelaépoca, a colheita das sementes, principal-mente a de capim-colonião, era feita docacho, só havendo expansão da utilizaçãodo método de varredura com a introdu-ção das braquiárias. No início, esse proces-so era feito de forma bastante rudimentar,quando, após as sementes terem caído no

chão, as plantas eram cortadas com enxa-das ou outra ferramenta, amontoadas deespaço em espaço para facilitar a varredu-ra. O produto obtido era semente madura,terra, areia, paus, torrões, sementes silves-tres, etc. Quando o ano era seco durante operíodo de colheita, proporcionava semen-te com boa germinação, porém com muitasimpurezas. Santos Filho (1984) relata se-mentes com 10% de pureza física, mas com80% de germinação. Este tipo de sementeera preferido pelos pecuaristas. O preço erarelativamente baixo e os pecuaristas sabiamque tinha muita semente madura, devido àdegrana (queda da semente ao chão apósatingir a maturação), o que proporcionavauma boa germinação. Em termos de preçopor unidade de valor cultural, essa semen-te era muito mais cara do que aquela limpacolhida do cacho. O produto de varredura,por ser difícil de beneficiar, quase semprese apresentava com torrões e sementes sil-vestres.

A colheita de varredura àquela épocaera feita normalmente no Brasil Central, porpequenos proprietários ou arrendatários,em áreas que geralmente não se sabia qualcapim-braquiária estava-se colhendo. Essasemente passava, às vezes, pelas mãos demuitos intermediários, antes de chegar pa-ra a firma beneficiadora ou vendedora doproduto. Curiosamente, registra-se quemuitos ao colherem sementes do cacho co-mo as de capim-colonião e capim-jaraguácolocavam terra, areia, colmos, folhas deplantas picadas, para dar a impressão desementes de varredura, sabendo da pre-ferência dos pecuaristas (MASCHIETTO,1984). Obviamente que isso trouxe pro-blemas como contaminação de áreas comespécies silvestres antes não existentes,cigarrinhas-das-pastagens através do trans-porte de seus ovos, entre outros.

No entanto, avanços tecnológicos acon-teceram de forma rápida e várias empresasprepararam máquinas para limpeza dassementes, atingindo de imediato teoresde pureza de 50% (SANTOS; SANTOSFILHO, 2000). Isto, sem dúvida, foi um sal-to no padrão de qualidade.

CARACTERÍSTICASDO MERCADO

Um número crescente de clientes de se-mentes de forrageiras está exigindo umproduto de melhor qualidade, por imposi-ção imperiosa da competitividade do setor,bem como daquelas destinadas às exporta-ções. Souza (2001) faz uma caracterizaçãodo mercado atual, em que, nos anos recen-tes, a cadeia produtiva das sementes deforrageiras tropicais tem passado por impor-tantes transformações, buscando adaptar-se aos novos tempos. Dentre elas são ci-tadas:

a) mecanização crescente da produção;

b) especialização dos sistemas de pro-dução;

c) transferência regional dos pólos deprodução, indo de São Paulo paraMato Grosso, Goiás, Triângulo Mi-neiro e Mato Grosso do Sul;

d) redução da competição do mercadoparalelo;

e) aumento da competição entre pro-dutores especialistas;

f) mercado mais exigente por quali-dade;

g) predomínio de pequeno número deespécies e de cultivares;

h) preferência por sementes de varre-dura.

Na atualidade, as exigências para produ-ção e comercialização de sementes de forra-geiras estão estabelecidas pelas InstruçõesNormativas no 41 e no 57 (BRASIL, 2002ab),baixadas pelo Ministério da Agricultura,Pecuária e Abastecimento (MAPA).

AVANÇOS TECNOLÓGICOS

A geração de informação para se obte-rem sementes de melhor qualidade nos últi-mos anos no Brasil é inconteste. Certamen-te que um dos fatores decisivos foi atravésdo próprio lançamento de cultivares pelosórgãos de pesquisa que passaram a darinformações de como produzir sementes

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17Pastagem

daquela cultivar. Exemplos podem ser cita-dos como o capim-andropógon, estilosan-tes, capim-mombaça, capim-tanzânia, etc.Por outro lado, surgiram adaptações ou con-cepções de novas máquinas, que permiti-ram modernizar a colheita, bem como obeneficiamento das sementes.

No aspecto agronômico, o manejo deplantas, que visa maior produtividade,concentração de florescimento e melhoradequação aos métodos de colheita foiinvestigado, assim como as respostas àsadubações.

A colheita manual do cacho passou aser menos utilizada por resultar em meno-res produções. O uso de automotrizes fi-cou mais restrito a Brachiaria humidicola,pela dificuldade de colheita de varredurapara esta espécie e para leguminosas co-mo calopogônio, estilosantes Campo Gran-de e Mineirão (ZIMMER et al., 2002).

Na atualidade, a colheita do chão é bas-tante comum em cultivares de Panicum epraticamente exclusiva nas braquiárias, re-sultando em maiores produtividades e se-

mentes de melhor qualidade, como podemser vistos nos Quadros 1 e 2. Isso resultaem colher sementes que já completaramsua maturação, portanto com máxima qua-lidade intrínseca. Por outro lado, com oaperfeiçoa-mento do processo de benefi-ciamento com possibilidade de eliminaçãomáxima de impurezas, o padrão de qualida-de das sementes passou a ser bastante su-perior.

No entanto, um levantamento feito pe-lo MAPA sobre a qualidade das sementesexpostas à venda em Minas Gerais, nosanos de 2000, 2001 e 2002, revelou resul-tados preocupantes, o que contrapõe aosavanços tecnológicos alcançados pelosetor e que já estão em uso pela indústriade sementes de forrageiras.

Levantamento da qualidadedas sementes de forrageirascomercializadas emMinas Gerais em 2000/2002

A fiscalização do comércio de semen-tes de forrageiras tropicais realizada pelo

MAPA, por meio do seu órgão estadual, aDelegacia Federal de Agricultura em Mi-nas Gerais (DFA-MG), através da coleta deamostras das sementes expostas à vendaem todo o Estado e analisadas em seu La-boratório de Apoio Vegetal, detectou quea qualidade do material oferecido para co-mercialização no estado de Minas Gerais,com base em padrões oficiais (conjunto deatributos estabelecidos por ato oficial, fe-deral ou estadual, que permite avaliar a qua-lidade da semente), é preocupante.

Nos Quadros 3, 4 e 5 e Gráficos 1 a 8são apresentados os dados referentes àamostragem de sementes de forrageiras eseus resultados, realizados pelos fiscaisfederais agropecuários do Serviço de Fis-calização e Fomento da Produção Vegetal(SFFV), da DFA-MG, durante os anos de2000, 2001 e 2002.

Os Gráficos 3 a 8 apresentam a distri-buição das amostras das principais espé-cies de forrageiras fora dos padrões (FP)durante o período analisado.

Com base nos resultados, observou-seque 62,5% do total das amostras de espé-cies forrageiras coletadas em 2000 e 68,0%,em 2001 e 2002, apresentaram-se abaixo dospadrões mínimos de qualidade exigidos pe-la legislação em vigor (Quadro 4). A purezadas sementes foi o fator determinante nacondenação da maioria das amostras, se-guida pela presença de sementes nocivastoleradas (Quadro 5).

Esta situação leva a uma reflexão maisprofunda, tendo em vista que sementes co-mercializadas desta forma trarão signifi-cativos prejuízos à pecuária, destacando-se o maior tempo gasto para a formação dapastagem, o provável aparecimento deplantas invasoras até então inexistentes naárea, a diminuição da área coberta pela ve-getação que expõe o solo à maior erosão, oprovável aumento do uso de herbicidas nocontrole de invasoras e a conseqüente con-taminação do meio ambiente e das pessoasenvolvidas no processo.

As técnicas de produção e de benefi-ciamento de sementes, atualmente dispo-níveis, permitem a obtenção de um produto

Cacho 40-60 35 50

Chão 60-80 10 80

QUADRO 2 - Qualidade de sementes de Brachiaria decumbens em função do método de colheita

Após

beneficiamento

Método de colheitaGerminação

média

(%)

Pureza física

(%)

Na colheita

FONTE: Santos Filho (1984).

QUADRO 1 - Produtividade de sementes de Panicum maximum BRA/007102(T-21) em áreas de

primeiro ou de segundo ano

Semente/g

(no)

Varredura 380 85 880

Pilha (1)300 75 940

Colheitadeira (1)200 50 970-1000

Método

de

colheita

Produtividades

possíveis

(40% pureza

física)

Germinação

provável

(%)

FONTE: Zimmer et al. (2002).

(1) Produtividade total, resultante de colheitas múltiplas.

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18 Pastagem

de alta qualidade, não justificando mais aexistência de sementes com padrão de qua-lidade abaixo do exigido por lei. Afora isso,o Brasil é o maior produtor, consumidor eexportador de sementes de forrageiras tro-picais e vem concentrando esforços paramodernizar a pecuária, visando garantir omercado externo da carne bovina e, ao mes-mo tempo, fortalecer o mercado interno. Pa-ra que a cadeia produtiva da pecuária sefortaleça, é necessário que todos os seuselos sejam fortes. Para isso, o segmento deprodução de sementes de forrageira precisaintegrar-se nesse processo.

PADRÃO DE QUALIDADEDAS SEMENTES

A causa primeira para o sucesso da for-mação de pastagem está na boa semente eo seu uso é totalmente justificável por re-presentar apenas cerca de 10% do custototal da formação.

O padrão de qualidade está fundamen-tado em critérios técnicos e estabelecidos nor-mativamente pelo MAPA e os parâmetros

Andropogon gayanus Embrapa 23 (Baeti) _ _ 01 01

Planaltina 04 13 02 19

Total 04 13 03 20

Brachiaria brizantha Marandu 178 121 142 441

MG 4 01 01 03 05

MG- 5 Vitória _ 01 01 02

Outras 04 _ 07 11

Total 183 123 153 459

Brachiaria decumbens Basilisk 72 43 45 160

Brachiaria humidicola B. humidicola 04 06 07 17

Brachiaria ruziziensis B. ruziziensis _ 01 01 02

Panicum maximum Colonião _ 01 01 02

Guiné _ _ 02 02

Mombaça 15 16 09 40

Tanzânia-1 20 23 21 64

Total 35 40 33 108

QUADRO 3 - Número de amostras coletadas das principais forrageiras por espécie e cultivar

Espécie Cultivar/EspéciePeríodo

Total2000 2001 2002

QUADRO 4 - Número e percentuais de amostras dentro e fora do padrão de sementes das principais espécies de forrageiras coletadas, de acordo com

análises laboratoriais

Andropogon gayanus 04 01 25 03 75 13 03 23 10 77 03 _ _ 03 100

Brachiaria brizantha 183 82 45 101 55 123 47 38 76 62 153 57 37 96 63

Brachiaria decumbens 72 25 35 47 65 43 13 30 30 70 45 13 29 32 71

Brachiaria humidicola 04 _ _ 04 100 06 01 17 05 83 07 _ _ 07 100

Brachiaria ruziziensis _ _ _ _ _ 01 _ _ 01 100 01 _ _ 01 100

Panicum maximum 35 04 11 31 89 40 09 23 31 78 33 08 24 25 76

Total 298 112 37,5 186 62,5 226 73 32 153 68 242 78 32 164 68

Espécie

Período

2000 2001 2002

Amostra Amostra Amostra

DP FP DP FP DP FP

No % No % No % No % No % No %

NOTA: DP - Dentro do padrão; FP - Fora do padrão.

Total Total Total

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19Pastagem

Andropogon gayanus 2000 03 02 _ _ _ _ 02

2001 10 07 02 _ _ _ 04

2002 03 02 _ _ _ _ 01

Brachiaria brizantha 2000 101 97 _ _ 02 06 09

2001 76 71 01 02 01 01 09

2002 96 86 _ 01 _ 02 34

Brachiaria decumbens 2000 47 44 01 _ 01 _ 11

2001 30 30 _ _ 02 01 01

2002 32 30 _ _ 01 03 09

Brachiaria humidicola 2000 04 4 _ _ _ _ _

2001 05 5 _ _ _ _ _

2002 07 4 _ 03 _ _ _

Brachiaria ruziziensis 2000 _ _ _ _ _ _ _

2001 01 1 _ _ _ _ _

2002 01 _ _ _ _ _ 01

Panicum maximum 2000 31 28 01 01 _ 05 05

2001 31 26 _ 02 _ 04 05

2002 25 19 _ 02 _ 03 01

QUADRO 5 - Número de amostras por espécie, ano e tipo de análise fora do padrão de qualidade de semente(1)

Sementenocivatolerada

Espécie AnoAmostra

FP(total)

PurezaValor

culturalGerminação

Sementecultivada

Sementesilvestre

NOTA: FP – Fora do padrão.(1) A amostra pode ter sido reprovada em mais de um tipo de análise e, quando não alcançou o padrão de pureza, a análise foi interrompida, não tendosido avaliada a germinação.

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20 Pastagem

Gráfico 1 - Número total de amostras coletadas de sementes de forrageiras tropicais

Gráfico 2 - Distribuição das amostras coletadas pela origem (Estado produtor)

de qualidade são avaliados em laboratóriosde sementes, com base em regras para aná-lise de sementes, fundamentadas em crité-rios internacionais.

Os principais parâmetros avaliados emamostras de sementes de forrageiras tropi-cais são: pureza física, germinação, viabili-dade da semente através do teste de tetra-zólio, outras cultivares, outras espécies,sementes silvestres, sementes nocivas to-leradas, sementes nocivas proibidas.

As definições desses parâmetros estãoexpostas nas Regras para Análise de Se-mentes (BRASIL, 1992) e podem ser resu-midas da seguinte forma:

a) pureza física: são consideradas purastodas as sementes e/ou unidades dedispersão pertencentes à espécie emexame, identificadas pelo remetenteou como predominante na amostra.Esta fração é expressa em porcen-tagem do peso da amostra. Em gra-míneas, a cariopse (semente), que seencontra em qualquer fase de desen-volvimento do endosperma, tambémé considerada pura. Os demais com-ponentes da amostra (terra, pedras,areia, talos, palhas e outros) consti-tuem a fração das impurezas. Outrassementes encontradas na amostraque não as da análise em questãotambém são parte da fração impu-rezas, devendo ser contadas e identi-ficadas. Estas formam as categorias:outras cultivares, outras espécies,sementes silvestres, sementes no-civas toleradas, sementes nocivasproibidas;

b) germinação: é a emergência e o de-senvolvimento das estruturas essen-ciais do embrião da semente em tes-te de laboratório, demonstrando suaaptidão para produzir uma plantanormal sob condições favoráveis decampo. O resultado é expresso emporcentagem de plântulas normaissob as condições e limites de tem-po especificados nas regras de aná-lise;

Minas Gerais São Paulo

67%

2000

33%

64%

35%

1%

Minas Gerais São Paulo Mato Grosso do Sul

2001

2002

Minas Gerais São Paulo Mato Grosso do Sul

48%47%

5%

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21Pastagem

Gráfico 3 - Andropogon gayanusNOTA: DP – Dentro do padrão; FP – Fora do padrão.

Gráfico 4 - Brachiaria brizanthaNOTA: DP - Dentro do padrão; FP - Fora do padrão.

Gráfico 5 - Brachiaria decumbensNOTA: DP - Dentro do padrão; FP - Fora do padrão.

Gráfico 6 - Brachiaria humidicolaNOTA: DP – Dentro do padrão; FP – Fora do padrão.

Gráfico 7 - Brachiaria ruziziensisNOTA: DP - Dentro do padrão; FP - Fora do padrão.

Gráfico 8 - Panicum maximumNOTA: DP - Dentro do padrão; FP - Fora do padrão.

20%

80%

DP FP

4

13

3

20

16

33

10

0

5

10

15

20

25

2000 2001 2002 Total

Total FP

Am

ostr

as

cole

tadas

(n)

o

41% 59%

DP FP

183

123153

459

10176

273

96

0

100

200

300

400

500

2000 2001 2002 Total

Total FP

Am

ostr

as

co

leta

da

s(n

)o

32%68%

DP FP

72

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22 Pastagem

c) teste de tetrazólio: o objetivo desseteste é determinar rapidamente aviabilidade das sementes através deteste bioquímico, sendo importanteseu uso em espécies que germinamlentamente em testes normais, comoem algumas gramíneas forrageiras, ounaquelas que não germinam, quandosubmetidas aos métodos usados emlaboratório, por se apresentarem dor-mentes. O fenômeno de dormênciaresulta na incapacidade temporária degerminação da semente. É comum istoocorrer em forrageiras. O resultadodo teste de tetrazólio é expresso emporcentagem de sementes viáveis naamostra.

Com a legalização do uso do teste detetrazólio para algumas gramíneas for-rageiras, a partir de junho de 2002 peloMAPA, a comercialização de sementespassa a ter maior agilidade, o que é bompara produtores de sementes e pecuaris-tas. Outra modificação na legislação foi aeliminação do valor cultural do padrão desementes de forrageiras. No entanto, foramestabelecidos mínimos de germinação paraespécies que antes não eram exigidos, comopor exemplo o capim-andropógon. Essasmodificações buscaram mecanismos quegarantem sementes de melhor qualidade.No entanto, é interessante que o cálculodo valor cultural continue sendo feito, paraque se possam fazer comparações entrelotes de sementes e sirva para determinar ataxa de semeadura para o plantio. O valorcultural (VC) é obtido multiplicando-se aporcentagem conseguida no teste de pure-za, pela porcentagem do teste de germina-ção (ou do teste de tetrazólio) e dividindo-se o resultado por 100 ou:

PREPARO DA SEMENTEPARA O PLANTIO

Considerando as peculiaridades das se-mentes de forrageiras, com vistas à me-lhoria do estabelecimento e recuperação dapastagem, torna-se importante o preparoadequado delas para o plantio. Atençãodeve ser dada à questão da dormência dassementes, uma vez que, estando presente,estas não germinam, embora colocadas sobcondições ambientais favoráveis à germi-nação. Por outro lado, é um mecanismo desobrevivência da espécie, podendo retar-dar a germinação e distribuí-la no tempo.Em gramíneas forrageiras, a principal dor-mência é a fisiológica, onde o embrião é asede dessa dormência, que está associadaà presença de substâncias químicas inibi-doras da germinação. É mais caracterizadalogo após a colheita, sendo naturalmentesuperada com o armazenamento (períodode até seis meses). O revestimento da ca-riopse (semente) pela lema e pálea tam-bém promove dormência, especialmente emcapim-braquiária. No plantio, o própriocontato das sementes com os microorganis-mos do solo e com o meio ácido, essa dor-mência é superada. Comercialmente, já exis-tem sementes de gramíneas previamenteescarificadas (retirada da casca através detratamento com ácido) e peletizadas. Emleguminosas, a presença de uma coberturaimpermeável (tegumento) à água, configu-ra a causa da dormência das sementes, sen-do de maior ou menor grau, dependendoda espécie, do método de colheita, entreoutros fatores. O processo de quebra dessadormência já é razoavelmente conhecido.Tem-se utilizado imersão em água quente,com temperatura que varia de acordo coma espécie, e por determinado tempo, co-

mo por exemplo: em soja perene (65oCdurante 10 min), em calopogônio e Kudzutropical (70oC durante 5 min), em centro-sema (70oC durante 10 min), em leucena(80oC durante 4-5 min), em estilosante (60oCdurante 10 min). Outro processo eficienteé a escarificação mecânica, podendo serrealizada em trilhadeiras ou tambores rota-tórios revestidos por lixas de madeira ousimilar.

Além da escarificação, recomenda-se ainoculação das sementes, visando a fixaçãobiológica do nitrogênio atmosférico pelasbactérias do gênero Rhizobium, quandoassociadas às leguminosas forrageiras.Essa simbiose permite melhoria da quali-dade e produtividade das pastagens, alémda substituição de adubos químicos nitro-genados. A inoculação consiste em mistu-rar o inoculante a um adesivo, como a gomaarábica a 40%-45%, ou a solução de pol-vilho de mandioca a 5%, e colocar sobre asemente, misturando bem, a tal ponto quetodas fiquem envolvidas. Os inoculantessão adquiridos no comércio e devem sereficientes e, de preferência, específicos pa-ra a espécie que se vai plantar.

Para melhorar a eficiência da inocula-ção, as sementes poderão ser peletizadas.Isto consiste no envolvimento dessas se-mentes já inoculadas com calcário, ou, depreferência, com fosfato de rocha, o queresultará na maior efetividade do inoculan-te.

CUIDADOS BÁSICOSPARA O PLANTIO

O uso de boa semente mesmo em con-dições edafoclimáticas favoráveis não re-duz e nem tampouco elimina a necessidadede adotar cuidados básicos no processode estabelecimento ou recuperação dapastagem. Quando se utilizam sementesde qualidade, a expressão de seu potencialdependerá em muito das condições a elaoferecida. É importante seguir algumas ins-truções (EMBRAPA, 1998), como:

VC (%) =pureza física (%) x germinação (%) (ou %sementes viáveis)

100

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23Pastagem

a) observar a época mais adequada pa-ra o plantio, sendo a melhor quandoas chuvas ocorrerem com maior fre-qüência (novembro a janeiro);

b) distribuir as sementes uniformemen-te em toda a área, durante o plantio.No caso deste ser em linha ou emcovas, o espaçamento deve ser omenor possível, de preferência infe-rior a 20 cm;

c) a quantidade de semente a plantar(kg de sementes por hectare), cha-mada de taxa de semeadura, deve sercom base na pureza física e na ger-minação das sementes, obtidas emanálise de laboratório. Com esses va-lores, calcula-se a porcentagem desementes puras viáveis contidas nolote de sementes, que é o valor cul-tural. No Quadro 6, são apresenta-dos valores que permitem ajustar ataxa de semeadura em função da por-centagem de sementes puras viáveis(valor cultural). Ao comprar a semen-te, deve-se exigir do vendedor ospercentuais de pureza e de germi-nação do lote da semente, necessá-rios para o cálculo da quantidade desemente a ser usada por hectare;

d) o plantio poderá ser feito a lanço,em linha ou em covas e as sementes,necessariamente, deverão ser co-bertas pelo solo. No caso de seremutilizadas semeadoras em linhasou matracas, estas fazem automati-camente a cobertura das sementes.No caso de plantio a lanço, quandosão utilizadas distribuidora de calcá-rio, adubadeiras, ou mesmo a mão,deverá ser passado na área, após adistribuição da semente, um rolocompactador de ferro, ou de um oumais conjuntos de pneus lisos (quepode ser construído na própria fazen-da), ou, ainda, grade leve fechada,com os discos dispostos no sentidoda linha do trator;

e) enterrio excessivo das sementes écausa de insucesso na formação dapastagem. Sementes miúdas como asdos capins colonião, tanzânia, mom-baça, andropógon, setária devem serenterradas, no máximo, a 2 cm deprofundidade, enquanto que as doscapins braquiarão, decumbens, hu-midícola, não mais de 4 cm;

f) para regular a distribuidora de calcá-rio serão gastos no mínimo 10 kg desementes/ha. No caso de quantida-des menores, misturar a sementecom calcário, fosfato de rocha, su-perfosfato simples, esterco moído eseco, para aumentar o volume a serplantado;

g) alguns fertilizantes, como sulfato deamônia, cloreto de potássio, uréia,

não devem ser misturados com assementes, pois causam a morte delas;

h) trabalhar com o depósito de semen-tes sempre cheio para evitar a estra-tificação das sementes (separaçãoda semente pesada da leve). Istoocorre por causa da trepidação damáquina, o que poderá resultar nadesuniformidade no estabelecimen-to da pastagem;

i) para um bom início da formação dapastagem é necessário que para oscapins braquiarão, decumbens, hu-mídicola obtenham-se, no mínimo, 20plantas nascidas por metro quadra-do e para os capins tanzânia, mom-baça, andropógon, colonião, setária,cerca de 40 plantas nascidas por me-tro quadrado;

j) para as leguminosas calopogônio,centrosema, soja perene, estilosan-tes devem-se obter 20 plantas pormetro quadrado. Para feijão-guandu,leucena, puerária, pelo menos cincoplantas. No Quadro 7, são apresen-tadas as recomendações de taxas desemeadura para plantio de algumasleguminosas;

k) em consorciações, reduzir as semen-tes de capim em 20% a 30%.

RECOMENDAÇÕESDE TAXAS DE SEMEADURAS

No Quadro 6, são indicadas taxas míni-mas de semeaduras para algumas espéciesforrageiras, tendo como base informaçõestécnicas e observações práticas correntessobre o assunto.

Para ajustar a taxa de semeadura paralotes comerciais de sementes que não apre-sentam 100% de sementes puras viáveis(VC = 100%), faz-se o seguinte cálculo:

Andropógon 2,80

Braquiarão 2,80

Decumbens 1,80

Humidícola 2,50

Colonião, Mombaça,

Tanzânia 1,80

Massai 2,00

Pojuca 2,00

Setária 1,50

Taxa de semeadura =SPV (kg/ha) x 100

VC (%) do lote de sementes

QUADRO 6 - Taxas de semeadura mínimas

para algumas forrageiras para o

plantio em áreas de solo prepa-

rado

(1)Taxa mínimade semeadura(kg/ha de SPV)

NOTA: kg/ha de SPV= quilo de sementes puras

viáveis por hectare, equivalentes a um

valor cultural de 100%.

(1) Valores compilados a partir de informações

técnicas e práticas correntes sobre o assunto.

Capim

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24 Pastagem

O valor resultante do cálculo corres-ponderá à quantidade mínima de quilogra-ma de sementes a ser plantada por hectare.

De modo geral 20% a 60% das sementespuras viáveis (SPV) germinam no campo.Em razão disso, é recomendável aumentara taxa de semeadura para compensar taisdeficiências (ZIMMER et al., 2002).

Em nível de comércio, está sendo indi-cada para plantio uma taxa de semeaduraque corresponde, aproximadamente, aodobro do recomendado tecnicamente paraáreas com solo preparado. É óbvio que,com esta prática, aumenta-se a probabilida-de de sucesso no estabelecimento da pas-tagem em condições adversas de plantio,como: condições climáticas desfavoráveis,pouco preparo do solo, equipamentos debaixa precisão utilizados no plantio.

No caso de plantio aéreo, a taxa de se-meadura deverá ser acrescida em pelo me-nos 50%.

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Amendoim-forrageiro 10-15 (1)

Calopogônio 8-10 (1)

Crotalaria juncea 20-25 (1)

Feijão-de-porco 70-80 (1)

Feijão-guandu 20-25 (1)

Lablab 25-30 (1)

Leucena 10 (vc = 70%) Embrapa (1996b)

Mucuna-preta 50-60 (1)

Puerária 8 (1)

Soja perene 6-8 (1)

Etilosantes Mineirão 1,5-2,0 (vc = 100%) Embrapa (1996a)

Etilosantes Campo Grande 2,0-2,5 (vc = 100%) Embrapa Gado de Corte (2000)

QUADRO 7 - Recomendação de taxa de semeadura para algumas leguminosas

FonteLeguminosa

(1) Recomendação corrente, em termos práticos, podendo ser alterada de acordo com a finalidade

do plantio e qualidade da semente.

Taxa de semeadura

(kg/ha)

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26 Pastagem

INTRODUÇÃO

A produção de carne no Brasil, com umrebanho de 176,4 milhões de cabeças (IBGE,2003), baseia-se quase que exclusivamen-te em pastagens de gramíneas e legumino-sas forrageiras. As pastagens cultivadasocupam em torno de 105 milhões de hectarese o mercado de sementes de forrageiras mo-vimenta 250 milhões de dólares, equivalenteao mercado de milho híbrido (ANDRADE,2001). Nos últimos 32 anos, a área de pas-

Opções de novas cultivaresde gramíneas e leguminosas forrageiras tropicais

para Minas GeraisLiana Jank1

Cacilda Borges do Valle2

Claudio Takao Karia3

Antonio Vander Pereira4

Luiz Alberto Rocha Batista5

Rosangela Maria Simeão Resende6

Resumo - A produção de carne no Brasil baseia-se em pastagens de gramíneas e de legu-minosas forrageiras, que ocupam em torno de 105 milhões de hectares. Minas Gerais é umgrande produtor com uma área de 25.348.603 ha de pastagens, sendo 11.694.188 ha depastagens cultivadas. Novas cultivares de forrageiras estão disponíveis no mercado,resultantes dos trabalhos de seleção e melhoramento desenvolvidos principalmente pelaEmbrapa. São destacadas as mais recentes forrageiras lançadas pela Embrapa e seusparceiros na última década, com suas características, adaptação e uso.

Palavras-chave: Andropogon. Arachis. Brachiaria. Panicum maximum. Paspalum. Pennisetum.Stylosanthes. Melhoramento genético. Leguminosa forrageira. Gramínea forrageira.Forrageira tropical.

tagens aumentou em 17%, enquanto que aprodução de carne aumentou em torno de114%. O mérito deve-se não só à adoçãode novas tecnologias pelos pecuaristas,como vacinação, mineralização e técnicasde manejo das pastagens, mas também aouso de novas forrageiras mais adaptadas eprodutivas, resultantes de lançamentospelas instituições de pesquisa.

Minas Gerais é um Estado cujo rebanho,em 1996, totalizava 20.044.616 bovinos em

uma área de pastagem de 25.348.603 hec-tares (IBGE, 2003). O Estado é dividido emquatro regiões: Norte, de clima seco; asregiões Central, Noroeste e Triângulo Mi-neiro, com terras de Cerrado e de cultura;a Zona da Mata e o Sul de Minas Gerais,onde predominam áreas montanhosas eo Vale do Rio Doce, uma área bastantedegradada. A maior parte das pastagensencontra-se nas regiões Norte, Central,Noroeste e Triângulo Mineiro.

1Enga Agra, Ph.D., Pesq. Embrapa Gado de Corte, Caixa Postal 154, CEP 97002-970 Campo Grande-MS. Correio eletrônico: [email protected] Agra, Ph.D., Pesq. Embrapa Gado de Corte, Caixa Postal 154, CEP 97002-970 Campo Grande-MS. Correio eletrônico: [email protected] Agro, M.Sc., Pesq. Embrapa Cerrados, Rod. Brasília/Fortaleza BR 020, km 18, CEP 73301-970 Planaltina-DF. Correio eletrônico: karia@

cpac.embrapa.br4Engo Agro, Ph.D., Pesq. Embrapa Gado de Leite, Rua Eugênio do Nascimento, 610, CEP 36038-330 Juiz de Fora-MG. Correio eletrônico:

[email protected] Agro, Dr., Pesq. Embrapa Pecuária Sudeste, Caixa Postal 339, CEP 13570-970 São Carlos-SP. Correio eletrônico: [email protected]óloga, Dr., Pesq. Embrapa Gado de Corte, Caixa Postal 154, CEP 97002-970 Campo Grande-MS. Correio eletrônico: [email protected]

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27Pastagem

SELEÇÃO E MELHORAMENTODE FORRAGEIRASNO BRASIL

De modo geral, as gramíneas forrageirassão originárias do Continente Africano eestão disponíveis para estudos na medidaem que instituições africanas e internacio-nais as coletam e as distribuem pelo mundotropical. Coletas extensivas, com base emuma só espécie ou gênero, foram realizadaspara Panicum maximum Jacq. pelo Institutde Recherche pour le Développement (IRD),no final da década de 60, e para Brachiariaspp. pelo Centro Internacional de Agricul-tura Tropical (CIAT), com o apoio de insti-tuições africanas, na década de 80. Estascoleções estão disponíveis na EmbrapaGado de Corte, para realização de seleção emelhoramento. A gramínea Pennisetum spp.não foi exclusivamente coletada na África,mas o germoplasma mundialmente dispo-nível está reunido na Embrapa Gado deLeite, para realização da seleção e melhora-mento.

A gramínea Paspalum spp. é uma exce-ção, por ser originária do Brasil e do nortede países vizinhos ao sul do Brasil. Váriascoletas foram realizadas nas últimas dé-cadas pela Embrapa Recursos Genéticos eBiotecnologia, e a coleção está disponívelna Embrapa Pecuária Sudeste para seleçãoe melhoramento.

As principais leguminosas forragei-ras são originárias, na sua maioria, do Bra-sil, e também de outros países da AméricaLatina. Extensas coletas foram realizadaspela Embrapa Recursos Genéticos e Bio-tecnologia e estão disponíveis para estu-dos em diversas instituições brasileiras.A Embrapa Cerrados reúne as coleções deStylosanthes spp., Arachis spp., Leucaenaspp. e Cratylia spp. O Stylosanthes é estu-dado também na Embrapa Gado de Corte,o guandu (Cajanus cajan), na EmbrapaPecuária Sudeste, e a alfafa (Medicagosativa) e Cratylia spp., na Embrapa Gadode Leite. Alguns trabalhos com coleçõesmenores são realizados em diversas outrasinstituições.

OPÇÕES DE CULTIVARESDE GRAMÍNEAS FORRAGEIRAS

Andropogon gayanuscv. Baeti – Embrapa 23

Histórico e descrição

A cultivar Baeti foi lançada pela EmbrapaPecuária Sudeste, em 1993. Ela é produtodo melhoramento genético do capim-andropógon e visa aliar aos atributos dacultivar Planaltina maior velocidade nodesenvolvimento de suas plântulas e maiorrapidez no estabelecimento das pastagens,a principal limitação dessa cultivar (BA-TISTA; GODOY, 1994). Ela foi obtida apóstrês ciclos de seleção intrapopulacionalna cultivar Planaltina com base em famíliasde meios-irmãos, e seleção massal dentrodas famílias selecionadas para as caracterís-ticas de vigor das plântulas e desenvol-vimento inicial mais rápido (BATISTA;GODOY, 1995). Esta é uma planta cespitosacom até 1,90 m de altura. Sua rebrota ocor-re por gemas basais e, excepcionalmente,por gemas axilares. É uma planta de diascurtos e floresce no final de abril ou iníciode maio, no Brasil Central. Campos de pro-dução de sementes devem ser isolados deoutras cultivares da espécie por no mínimomil metros. Sementes colhidas nas bordasdos campos devem ser eliminadas paraevitar contaminação com pólen de outrascultivares da espécie.

Características agronômicas

A cultivar Baeti produziu 25 tonela-das/ha de matéria seca, sendo 22% noperíodo seco (abril a setembro). Os teoresde proteína bruta foram 7,3% e 6,9%,respectivamente, no período das águase da seca, e a digestibilidade in vitro damatéria orgânica de 65% e 55%, respec-tivamente (BATISTA; GODOY, 1993). Aprodução de sementes atingiu 700 kg/hacom colheita manual e 250 kg/ha com co-lheita mecânica. A maioria das tecnologiasde produção de sementes desenvolvidaspara a cultivar Planaltina, também se aplicaà cultivar Baeti (FERGUSON; ANDRADE,1999).

Adaptação

A cultivar Baeti é adaptada a regiõesentre latitudes 19oN e 26oS, e altitudes de12 a 1.500 metros, embora seja encontradaem localidades com até 2 mil metros. Tem-peraturas entre 18oC e 28oC são as maisadequadas. Não se adapta bem em locali-dades onde a temperatura mínima atinge4,4oC, embora tolere bem geadas rápidas.Requer uma precipitação anual acima de400 mm, com estação seca de três a quatromeses. Esta cultivar é tolerante à seca e aqueimadas, é compatível com leguminosase bem-aceita por bovinos e eqüinos.

Exigência em fertilidade

A cultivar Baeti é adaptada a solos áci-dos com altos níveis de alumínio tóxico ebaixa fertilidade. O sistema radicular é se-melhante a B. decumbens e P. maximum cvs.Tanzânia-1 e Tobiatã (KANNO et al., 1999).

Semeadura

O plantio deve ser realizado na estaçãochuvosa com 2,0 a 2,2 kg/ha de sementespuras viáveis, a uma profundidade de 1 a 2cm, manual ou mecanizado. O plantio de-ve ser feito de preferência a lanço, devidoà natureza das sementes pequenas, em-pregando rolo compactador para cobrir e/ou fixar as sementes. A germinação ocorregeralmente entre cinco e dez dias após oplantio.

Utilização e manejo

A cultivar Baeti tem sido utilizada maisintensamente nas águas em pastagensextensivas, devido a sua persistência e acei-tabilidade. Contudo, devido a sua rebro-ta vigorosa ela também pode ser utiliza-da em sistemas intensivos de produçãocom pastejo rotacionado. Esta cultivar ébem-aceita por bovinos, eqüinos e ovinos.A cultivar Baeti deve ser manejada entre60 e 80 cm de altura durante o período chu-voso, evitando-se o acúmulo de talos, devi-do ao florescimento, o que diminui o valornutritivo na seca e faz com que uma roçagemseja necessária para melhorar a rebrota noinício da estação chuvosa.

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28 Pastagem

Tolerância a pragas e doenças

O capim-andropógon possui mecanis-mos de antibiose e antixenose que lhe con-ferem resistência ao ataque de insetos,principalmente à cigarrinha-das-pastagensdos gêneros Deois, Aenoslania e Zulia(COSENZA et al., 1981). Poucas doençastêm sido detectadas na América Tropical.Entretanto, na região Central do País osfungos Rhynchosporium oryzae, agenteda mancha foliar, e Myriogenospora sp. têmcausado alguns danos. Não têm sido de-tectados problemas causados por nema-tóides nessa gramínea (LEITE et al., 2001).

Brachiaria brizanthacv. Xaraés

Histórico e descrição

A cultivar Xaraés foi liberada pelaEmbrapa Gado de Corte, em 2003, com oobjetivo de promover a diversificação depastagens de braquiária e oferecer umaopção de qualidade para substituir a B.brizantha cv. Marandu, desencorajando,assim, o monocultivo predominante noBrasil Central pecuário. A B. brizanthacv. Xaraés é originária de Cibitoke, Burun-di, África, e foi introduzida pela Embrapa,em 1986, com uma coleção de cerca de 350acessos de 15 espécies (VALLE, 1990).A cultivar Xaraés é uma planta cespitosa,que pode enraizar-se nos nós basais. Temaltura média de 1,5 m e colmos verdes de6 mm de diâmetro. A bainha apresenta pê-los claros, rijos, ralos, e densos nas bordas;lâmina foliar verde-escura, com compri-mento de até 64 cm e largura de 3 cm, compilosidade curta na face superior e bordosásperos. A inflorescência é racemosa, comeixo de comprimento de 14 cm, com seteramos horizontais, e pêlos junto às rami-ficações. O ramo basal tem comprimentoem média de 12 cm. As espiguetas são uni-seriadas, em número médio de 44, compêlos longos, claros, translúcidos na parteapical e arroxeados no ápice.

Características agronômicas

Em ensaios em canteiros apresentouprodução de 21 t/ha de matéria seca e

porcentagem de folhas de 69%, com 30%da produção ocorrendo no período seco(VALLE et al., 2001). O estabelecimento érápido e a rebrota é superior à cultivarMarandu, com taxas respectivas de cres-cimento foliar para as duas cultivares, de28,2 e 17,9 kg/ha/dia nas águas, e 9,8 e 6,7kg/ha/dia na seca (EUCLIDES et al., 2001).O florescimento é tardio e concentrado(maio/junho) e a produtividade de semen-tes puras chega a 120 kg/ha.

Adaptação

A cultivar Xaraés é adaptada a regiõesde clima tropical úmido entre as latitudes 0a 25°S, e de 0 a 1 mil m de altitude. É indicadapara solos de média fertilidade, bem dre-nados e de textura média nas regiões tro-picais úmidas como a pré-Amazônia (nortedo Mato Grosso, Tocantins, Rondônia,Acre e sul do Pará) e Mata Atlântica ou declima de Cerrado com estação seca de qua-tro a cinco meses.

Exigência em fertilidade

Esta cultivar não é adaptada a solos áci-dos de baixa fertilidade tal como a cultivarMarandu, mas responde bem à correção eà adubação. Em ensaios de casa de vege-tação mostrou bom desempenho com 1 a4 t/ha de calcário e entre 0 e 140 kg/ha defósforo. Recomenda-se a aplicação de cal-cário necessária para elevar a saturação porbases ao mínimo de 40% (MACEDO, 2001).

Semeadura

O plantio deve ser realizado na estaçãochuvosa de verão, com 3,0 kg/ha de se-mentes puras viáveis semeadas a lanço, ouem linhas, com até 20 cm de espaçamentoe profundidade de 2 e 5 cm, seguido deincorporação com grade leve.

Utilização e manejo

A cultivar Xaraés apresenta desempe-nho animal semelhante à cultivar Maranducom ganhos de 0,675 e 0,695 kg/animal/dianas águas e 0,32 e 0,35 kg/animal/dia naseca, para as duas cultivares, respectiva-mente. Entretanto, sua maior produção deforragem e mais rápida rebrota após o pas-

tejo garantem maior capacidade de suportedurante o período chuvoso (9,9 animais/ha)e produtividade anual (658 kg/ha/ano), doque a cultivar Marandu (6,2 animais/ha e487 kg/ha/ano, respectivamente) (EUCLI-DES, 2002). O valor nutritivo das duascultivares é semelhante. Ele é em torno de61% e 54% de digestibilidade nas águas ena seca, respectivamente, e 10,4% e 8,5%de proteína bruta, também nos dois pe-ríodos (EUCLIDES, 2002). Além disso, seuflorescimento tardio (outono) resulta emmaior valor nutritivo por mais tempo du-rante o período chuvoso.

Tolerância a pragas e a doenças

No campo, a cultivar Xaraés mostrouresistência moderada às cigarrinha-das-pastagens, com baixos níveis populacio-nais e sem danos até o momento. Entretan-to, na casa de vegetação, esta cultivar nãoapresentou antibiose às cigarrinhas N.entreriana e D. flavopicta, como a cultivarMarandu. A cultivar Xaraés é tolerante afungos foliares e de raiz (VERZIGNASSI;FERNANDES, 2001) e é mais toleranteao excesso de umidade no solo do que aB. brizantha cv. Marandu.

Panicum maximumcv. Tanzânia-1

Histórico e descrição

P. maximum, cv. Tanzânia-1, foi lança-da em 1990 pela Embrapa Gado de Corte.Ela foi selecionada a partir de uma coleçãode 426 acessos apomíticos, coletada pelosfranceses do IRD, na África do Leste, centrode origem da espécie. A cv. Tanzânia-1 éde hábito cespitoso, de cerca de 1,30 m dealtura e folhas decumbentes, com 2,6 cmde largura. Os colmos são arroxeados e aslâminas e bainhas não possuem pilosidadeou cerosidade. As inflorescências contêmespiguetas arroxeadas sem pilosidade(EMBRAPA GADO DE CORTE, 1990;JANK et al., 1997).

Características agronômicas

Em parcelas, o capim-tanzânia-1 produ-ziu 26 t/ha de matéria seca de folhas (85%

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mais que o capim-colonião), com 10,5%desta produção ocorrendo no período secodo ano. Apresentou 80% de folhas (30%mais que o ‘Colonião’). Os teores de pro-teína foram 16,2% nas folhas e 9,8% noscolmos (EMBRAPA GADO DE CORTE,1990; JANK et al., 1994). O florescimentodo capim-tanzânia-1 é mais concentrado doque o do capim-colonião e, em Mato Gros-so do Sul, a maior parte das inflorescênciasemerge na primeira quinzena de abril. A pro-dução de sementes puras é de, aproximada-mente, 230 kg/ha, quando bem manejadoe adubado e colhido com colheitadeiraautomotriz (EMBRAPA GADO DE CORTE,1990).

Adaptação

A cultivar Tanzânia-1 mostrou adapta-ção aos climas e solos no Acre, Pará, Brasília,Mato Grosso do Sul, Bahia, Minas Gerais eParaná. Ela produziu bem desde latitudes3° até 23°S, altitudes de 100 a 1.007 m acimado nível do mar, com precipitações anuaisde 1.040 a 1.865 mm, e solos de pH de 4,9até 6,8.

Exigência em fertilidade

O capim-tanzânia-1 é exigente em fós-foro (P) e potássio (K), principalmente nasua implantação. Exige solos de média aalta fertilidade, ou plantio após a lavouraem solos de menor fertilidade. Os teoresmínimos no solo para melhor produçãosão 5 a 8 mg/dm3 de P (extrator-Mehlich)em solos argilosos e arenosos, respectiva-mente, e de 30 a 40 mg/dm3 de K. A sa-turação de bases deve estar entre 40% e45%. Recomenda-se ainda a aplicação de30 kg/ha de enxofre e 40 a 50 kg/ha de frittedtrace elements (FTE), que contenha zinco,cobre e molibdênio.

Semeadura

Na Região Centro-Oeste, a semeaduradeve ser feita de preferência entre 15 denovembro e 15 de janeiro, com, no míni-mo, 1,8 kg/ha de sementes puras viáveis, auma profundidade de 2 a 4 cm. Recomenda-se passar o rolo compactador após a se-meadura.

Utilização e manejo

Devido ao porte médio do capim-tanzânia-1 e à pouca lenhosidade dos col-mos, as touceiras são pastejadas por igual,o que permite a este capim a utilizaçãoextensiva ou em rotação. Em comparaçãoao capim-colonião e ao capim-tobiatã, ocapim-tanzânia-1 apresentou maior ganhode peso por animal e por área. O ganhodiário por cabeça foi, em média, 720 g naságuas e 240 g na seca. O ganho médio anualfoi 520 g/animal e a produtividade foi446 kg/ha/ano (vs. 450 e 420 g/animal/diae 414 e 324 kg/ha/ano nos capins tobiatãe colonião, respectivamente) (EMBRAPAGADO DE CORTE, 1990).

Tolerância a pragas e doenças

O capim-tanzânia-1 é mais resistente àscigarrinhas-das-pastagens do que o capim-colonião e o capim-tobiatã. Ocasionalmen-te, são observados ataques de lagartas,necessitando de controle químico, e ocor-rência de manchas foliares, sem expressãoeconômica.

Panicum maximumcv. Mombaça

Histórico e descrição

A cultivar Mombaça foi lançada pelaEmbrapa Gado de Corte e o Instituto Agro-nômico do Paraná (Iapar), em 1993. Ela foiselecionada a partir da coleção do IRD,introduzida na Embrapa Gado de Corte, em1982. A cultivar Mombaça apresenta por-te alto de 1,65 m e folhas de largura de 3 cm.As lâminas foliares apresentam poucospêlos curtos na face superior e bainhas gla-bras. Não apresenta cerosidade. Os colmossão levemente arroxeados. As espiguetassão glabras e verdes com poucas manchasroxas. O verticilo basal da inflorescência églabro (EMBRAPA GADO DE CORTE,1993; JANK et al., 1997).

Características agronômicas

Em Campo Grande, MS, em parcelas, acultivar Mombaça produziu 33 t/ha dematéria seca de folhas, sendo 130% a maisque a cultivar Colonião e 28% a mais que a

cultivar Tanzânia-1. A porcentagem defolhas foi semelhante a esta última, apro-ximadamente 80%. Os teores de proteínaforam 13,4% nas folhas e 9,7% nos colmos(JANK et al., 1994). O florescimento é umpouco mais concentrado do que o da cul-tivar Colonião e foram obtidos 142 kg/hade sementes puras, quando bem manejadoe adubado e colhidas manualmente pelométodo de pilha (EMBRAPA GADO DECORTE, 1993).

Adaptação

A cultivar Mombaça é adaptada àsmesmas condições climáticas que a cultivarTanzânia-1, como já descrito anteriormente.

Exigência em fertilidade

A cultivar Mombaça, como as outrascultivares de P. maximum é exigente emfertilidade, sendo recomendada para solosde média a alta fertilidade. Entretanto, estacultivar tem a capacidade de aproveitar me-lhor o fósforo do solo do que a cultivarTanzânia-1 e, portanto, apresenta maioresproduções nas mesmas condições. Para umbom estabelecimento, o P deve estar entre3 mg/dm3 (solos argilosos) e 8 mg/dm3

(solos arenosos) (extrator-Mehlich), o Kentre 30 e 40 mg/dm3, e a saturação de basesentre 40% e 45%. Recomenda-se ainda aaplicação de 30 kg/ha de enxofre e 40 a 50kg/ha de FTE que contenha zinco, cobre emolibdênio.

Semeadura

As recomendações de semeadura pa-ra a cultivar Mombaça são semelhantes àsda cultivar Tanzânia-1, ou seja, de prefe-rência entre 15 de novembro e 15 de janeirona Região Centro-Oeste, com no mínimo1,8 kg/ha de sementes puras viáveis, a umaprofundidade de 2 a 4 cm. Recomenda-sepassar o rolo compactador após a semea-dura.

Utilização e manejo animal

Devido ao alto porte deste capim, reco-menda-se o pastejo rotativo, para contro-le dos colmos que são rejeitados pelosanimais, se não consumidos jovens. Em um

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experimento no Iapar, esta cultivar apre-sentou 700 kg de peso vivo/ha/ano emcomparação ao capim-tanzânia-1 e aocapim-tobiatã (600 e 590 kg/ha/ano), res-pectivamente. As taxas de lotação foramde 4,8, 4,0 e 4,5 novilhos/ha para as trêscultivares, respectivamente (EMBRAPAGADO DE CORTE, 1993).

Tolerância a pragas e a doenças

A cultivar Mombaça é medianamenteresistente às cigarrinhas-das-pastagens,sendo mais resistente do que a cultivar To-biatã e menos do que a cultivar Tanzânia-1.Ocasionalmente, são observadas a ocor-rência de manchas foliares, sem expressãoeconômica, e o ataque de lagartas, neces-sitando de controle químico.

Panicum maximumcv. Massai

Descrição

A cultivar Massai foi lançada pelaEmbrapa Gado de Corte e seus parceiros,em 2001. Ela foi selecionada a partir dacoleção do IRD. É um híbrido espontâneoentre P. maximum e P. infestum, cujas inflo-rescências são intermediárias entre a paní-cula do P. maximum e o rácemo da última.É uma planta cespitosa com altura médiade 60 cm e folhas sem cerosidade e larguramédia de 9 mm. As lâminas apresentamdensidade média de pêlos curtos e durosna face superior. A bainha apresenta den-sidade alta de pêlos curtos e duros. Os col-mos são verdes. As inflorescências apre-sentam ramificações primárias curtas e semramificações secundárias. As espiguetassão pilosas com a metade da superfícieexterna arroxeada. O verticilo é piloso (JANKet al., 1997; EMBRAPA GADO DE CORTE,2001).

Características agronômicas

A cultivar Massai apresentou uma pro-dução de matéria seca de folhas em parcelas(15,6 t/ha) semelhante à cultivar Colonião(14,3 t/ha), apesar do porte baixo. Essa altaprodução deve-se à capacidade 30% maiorque o capim-colonião de produzir folhas,

uma rebrota 80% mais eficiente e 50% me-nor estacionalidade de produção. As con-centrações de proteína bruta foram 12,5%nas folhas e 8,5% nos colmos (JANK et al.,1994; EMBRAPA GADO DE CORTE, 2001).Esta cultivar é precoce, floresce e produzsementes várias vezes ao ano. A época demaior produção é no mês de maio, quandochega a produzir 85 kg/ha de sementespuras em parcelas.

Adaptação

A cultivar Massai é adaptada às mesmascondições climáticas que as cultivaresTanzânia-1 e Mombaça, conforme descritoanteriormente. Ela apresentou a mais altaprodução de matéria seca de folhas e a maisalta porcentagem de folhas entre os 25acessos e testemunhas (‘Tanzânia-1’, ‘To-biatã’, ‘Vencedor’ e ‘Colonião’) avaliadospela Empresa de Pesquisa Agropecuária deMinas Gerais (EPAMIG), em GovernadorValadares, MG (JANK et al., 1993).

Exigência em fertilidade

O desempenho e persistência da cul-tivar Massai são melhores em solos detextura média e argilosa. Ela requer níveisaltos de fertilidade do solo na implanta-ção, mas é a menos exigente em adubaçãode manutenção e persiste maior tempoem baixa fertilidade com boa produçãosob pastejo, que outras cultivares da espé-cie. Ela é a mais tolerante ao alumínio dosolo. Recomendam-se os mesmos níveisdos elementos no solo que as cultivaresTanzânia-1 e Mombaça.

Semeadura

A cultivar Massai deve ser semeada depreferência entre 15 de novembro e 15 dejaneiro, com 2 kg/ha de sementes purasviáveis, a semeadura pode ser a lanço ouem linhas com menos de 20 cm de espa-çamento e profundidade de 2 cm, seguidade uma ligeira compactação.

Utilização e manejo animal

O capim-massai pode ser pastejadoextensivamente ou rotacionado. Neste ca-

so, o período ideal para descanso é de 21 a28 dias, devido a sua rapidez de rebrota.Sob um pastejo de sete dias e 35 de descan-so, o capim-massai suportou maior núme-ro de animais por área (4,45 novilhos/ha),do que as cultivares Tanzânia-1 e Mombaça(3,73 e 3,78 novilhos/ha, respectivamente),porém resultou em menor ganho de pesoindividual (306 g/novilho/dia) e produ-tividade por área (625 kg/ha/ano), do queas duas cultivares (483 e 445 g/novilho/diae 720 e 690 kg/ha/ano, respectivamente)(EUCLIDES et al., 2000; EMBRAPA GADODE CORTE, 2001). Entretanto, suplemen-tando os animais na seca, o desempenhoanimal das três cultivares foi semelhante(de 690 a 730 g/novilho/dia). O valor nu-tritivo da cultivar Massai é próximo dosvalores de B. decumbens e B. brizantha(10,7% de proteína e 57% de digestibili-dade). Este capim apresenta excelente co-bertura de solo (87%) e é indicado parapastejo de bovinos, eqüinos e ovinos.

Tolerância a pragas e doenças

A cultivar Massai apresenta maiorresistência à cigarrinha-das-pastagens(N. entreriana), que as demais cultivaresde P. maximum.

Paspalum atratumcv. Pojuca

Histórico e descrição

Pojuca, em tupi-guarani, significa brejo,área úmida. Este capim é um Paspalumatratum, originário de Mato Grosso doSul, colhido próximo a Terenos, em áreasujeita a inundações com lençol freáticosuperficial. Foi levado à Embrapa Cerra-dos, em 1986, e incorporado a uma coleçãode outros acessos do mesmo gênero. Par-ticipou de ensaios em canteiros e avalia-ções com animais em várzea sistematiza-da (EMBRAPA CERRADOS, 2000). Estegenótipo é perene, de porte ereto, atin-gindo altura superior a 1,5 m. As folhassão tenras, as lâminas foliares possuempêlos brancos e longos nas bordas dabase da face ventral. A reprodução é porapomixia.

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31Pastagem

Características agronômicas

A cultivar Pojuca apresentou alta pro-dução de forragem (até 26 t/ha de matériaseca por ano) e 20% a 30% dessa produ-ção ocorre no período de seca. Apresentacerca de 65% de folhas, grande velocida-de de estabelecimento e rápida rebrota apóso pastejo ou corte, é resistente ao fogo emedianamente tolerante ao frio. O floresci-mento é abundante no final do verão (mea-dos de fevereiro a meados de março) comcolheita entre março e abril. A produtividadede sementes é estimada entre 100 e 150 kg/hade sementes puras viáveis.

Adaptação

O capim-pojuca é uma opção forrageirapara áreas úmidas de baixadas, sujeitas aoalagamento temporário. Pode ser utiliza-do como alternativa a B. humidicola comvantagens em termos de valor nutritivo.Pode ser plantado em regiões de alta preci-pitação ou com período seco de curta du-ração, como na Amazônia e pré-Amazônia.

Exigência em fertilidade

O capim-pojuca tem baixa exigência emfertilidade de solo, recomendando-se umaaplicação de calcário necessária para elevara saturação por bases ao mínimo de 30%(EMBRAPA CERRADOS, 2000).

Semeadura

A semeadura deve ser efetuada no iní-cio da estação chuvosa com 2 kg/ha desementes puras viáveis e o plantio podeser a lanço ou em linhas, na superfície dosolo. No plantio com máquinas, recomenda-se misturar as sementes com adubo su-perfosfato simples (40 a 50 kg/ha de adubo),para facilitar a regulagem da semeadora emelhorar a distribuição das sementes. É re-comendável uma ligeira compactação apóso plantio.

Utilização e manejo

Trabalhos realizados em Planaltina,DF, com animais em confinamento indi-

caram que não existe limitação ao consu-mo desse capim, até os 48 dias de rebrota(LEITE; FERNANDES, 1999; EMBRAPACERRADOS, 2000), sendo o teor de pro-teína de 8% a 10% e de digestibilidade aci-ma de 60%. Com a mesma taxa de lotação(2,2 UA/ha), a produtividade animal comcapim-pojuca foi maior (303 g/animal/diae 176 kg/ha), do que com B. humidicola(214 g/animal/dia e 126 kg/ha)7. Quandoconsorciado com amendoim-forrageiro(Arachis pintoi) em área de várzea, com taxade lotação equivalente a três animais adultospor hectare, obtiveram-se 600 kg/ha de pe-so, vivo anualmente. A Embrapa Cerrados(2000) recomenda uma taxa de lotação de3 UA/ha nas águas e 2 UA/ha na seca empastos bem-formados e em regiões com pre-cipitação anual acima de 1.600 mm por ano,com período de seca menor que três meses.Já em regiões com menor precipitação eestação seca mais longa, a taxa de lotaçãono período chuvoso seria 3 UA/ha e 1 a 1,5UA/ha na seca.

Tolerância a pragas e a doenças

A cultivar Pojuca apresentou na EmbrapaGado de Corte níveis de sobrevivência e du-ração do período ninfal de cigarrinha-das-pastagens (Deois flavopicta) intermediá-rias entre B. decumbens e B. brizantha cv.Marandu. As três gramíneas foram igual-mente preferidas pelas cigarrinhas, mas ocapim-pojuca mostrou alto nível de tolerân-cia, quanto ao dano causado pelo adulto.

Pennisetum purpureumcv. Pioneiro

Histórico e descrição

A cultivar Pioneiro foi lançada em 1997para uso sob pastejo rotativo, devido suascaracterísticas de crescimento rápido eexpansão lateral das touceiras. Esta cultivarfoi obtida pelo programa de melhoramen-to de forrageiras da Embrapa Gado de Lei-te, com o apoio da Assistência Nestlé aosProdutores de Leite (ANPL) e Cooperati-

va Agropecuária Regional de Montes Cla-ros (Coopagro), por cruzamento realiza-do em 1991, tendo como progenitores asvariedades Três Rios e Mercker Santa Ri-ta. A cultivar Pioneiro apresenta toucei-ras em formato aberto, grande número debrotações aéreas e basais, colmos finose folhas eretas. O intenso lançamento deperfilhos aéreos e basais possibilita umarecuperação mais rápida dos piquetes apóso pastejo. O florescimento normalmenteocorre no mês de abril, e nos meses de inver-no pode produzir folhas mais finas e curtas.

Características agronômicas

A produção de matéria seca da ‘Pio-neiro’ (46,735 t/ha/ano) tem-se mostrado81% e 39% superior às cultivares TaiwanA-146 e Cameroon, respectivamente, comum teor de proteína de 18,5%, sendo 9% e34% maior que estas cultivares, respectiva-mente. Seu crescimento vigoroso e a rápidaexpansão das touceiras resultam numamaior cobertura do solo. Sob condição decapineira, a cultivar Pioneiro pode apresen-tar acamamento de perfilhos em áreassujeitas a ventos fortes.

Adaptação

Esta cultivar foi desenvolvida e reco-mendada, inicialmente, para as condiçõesedafoclimáticas da Região Norte de MinasGerais. Contudo, informações recentesindicam que ela tem apresentado boa adap-tação a outras regiões tropicais brasilei-ras. Portanto, recomenda-se uma avaliaçãopreliminar antes do seu cultivo em maiorescala.

Exigência em fertilidade

Deve-se fazer análise da fertilidade dosolo. No plantio, recomenda-se utilizar ape-nas a adubação fosfatada. O nitrogênio e opotássio são distribuídos em cobertura,parceladamente, durante o ano.

Semeadura

O plantio deve ser realizado durante operíodo chuvoso ou sob irrigação. Devem-

7Informação obtida através de Lourival Vilela, da Embrapa Cerrados, em agosto 2003.

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32 Pastagem

se utilizar mudas maduras com 100 a 120 diasde idade, sendo necessárias de 4 a 5 tone-ladas de mudas para plantio de 1 ha de pas-tagem. Recomenda-se o plantio em sulcos,com 15 a 20 cm de profundidade. As mudasdevem ser distribuídas no fundo do sulco,com sobreposição de ponta e pé, cortando-se os toletes a cada 70 cm. Para pastagem,o espaçamento indicado é de 50 a 60 cm nasentrelinhas, visando mais rápida coberturada pastagem. Entretanto, pode-se utilizarum espaçamento de até 100 cm entre sulcos,caso seja difícil sulcar em um espaçamentomenor. O custo de implantação por hectareequivale a 3.500 litros de leite. Assim, devem-se utilizar vacas com potencial de produçãode leite superior a 10 litros/dia.

Utilização e manejo

Recomenda-se dividir a pastagem em11 piquetes de tamanhos iguais. Quandoas plantas atingirem 160-180 cm de altura,deve-se fazer um pastejo suave para uni-formização da pastagem, seguido de umaroçada a 20 cm de altura. O início do pastejorotativo deve ocorrer, quando a pastagematingir novamente cerca de 160 cm de altura.Devido ao rápido crescimento do capim,sugerem-se 30 dias de descanso, três diasde pastejo e uma carga de 4 a 5 UA/ha.Para acelerar o crescimento da pastagem,deve-se evitar o superpastejo, deixando umresíduo de 10% a 15% de folhas. Em áreassujeitas à estiagem, a pastagem deve serirrigada.

OPÇÕES DE CULTIVARES DELEGUMINOSAS FORRAGEIRAS

Arachis pintoicv. Belmonte

Histórico e descrição

A cultivar Belmonte (amendoim-forrageiro) é nativa do Brasil e foi intro-duzida há mais de 20 anos na ComissãoExecutiva do Plano da Lavoura Cacaueira(Ceplac), em Ilhéus, BA. Em 1992, iniciaram-se testes com animais, em Itabela, BA, de-monstrando excelentes resultados. Estacultivar é perene, estolonífera, com 20 a

40 cm de altura, folhas alternas, com doispares de folíolos ovalados, glabros, mascom pêlos sedosos nas margens. O caule éramificado, cilíndrico, ligeiramente achata-do com entre-nós curtos (PEREIRA, 200-?).Os estolões fixam-se no solo por meio deraízes, que ocorrem nos nós. O crescimentoé rasteiro e a produção de uma densa ca-mada de estolões com entrenós curtos fazcom que os pontos de crescimento fiquemprotegidos, conferindo grande persistên-cia sob pastejo. Possui raiz pivotante quecresce até uma profundidade de 80 cm.A floração é indeterminada e contínua, comas inflorescências axilares em espiga.

Adaptação

A cultivar Belmonte adapta-se desde onível do mar até 1.800 m de altitude e pre-cipitação superior a 1.200 mm. Não é muitotolerante a períodos secos prolongados,embora nas condições de Cerrado, temdemonstrado excelente adaptação em áreasde baixada, onde a umidade do solo é maiore tolera períodos de encharcamento tem-porário. A seca prolongada provoca quedade folhas e morte de parte da “teia de esto-lões”, mas as plantas apresentam rápidarebrotação no início do período chuvoso.

Exigência em fertilidade

Esta leguminosa é bem adaptada asolos ácidos, de baixa a média fertilidade(PEREIRA, 200-?), embora responda bemà calagem e à adubação (VILELA et al.,2000).

Plantio

A cultivar Belmonte produz poucas se-mentes, sendo recomendada a propagaçãovegetativa por meio de mudas ou estolões.O plantio pode ser em covas ou sulcos,segundo recomendações de Valentim et al.(2000). Esta cultivar pode ser introduzidaem covas em pastagens já estabelecidas,que devem ser rebaixadas pelo pastejo ouroçagem antes do plantio. A pastagemdeve ser vedada por um período de 28 a 35dias (VALENTIM et al., 2000). Ela podetambém ser introduzida em sulcos, como

sugerida para a cultivar Porvenir da mesmaespécie, após o rebaixamento da pastagem,feitos após a dessecação de linhas espa-çadas de 1 m com herbicida não seletivo(ARGEL; VILLARREAL, 1998).

Utilização e manejo

No sul da Bahia, as consorciações dacultivar Belmonte com B. humidicola co-mercial e a cultivar Llanero apresentaramtaxas de lotação de 1,6 a 4,0 novilhos/ha.A consorciação com a cultivar Llanero re-sultou em ganho animal de 558 g/cab./dia eganho por área de 568 kg/ha/ano. Na con-sorciação com a cultivar comercial, o ganhode peso foi de 565 g/cab./dia, superior aos444 g/cab./dia e aos 494 g/cab./dia obtidosrespectivamente na humidícola em mo-nocultivo e com adubação nitrogenada(PEREIRA, 200-?). Em áreas úmidas, naEmbrapa Cerrados, em Planaltina, DF, foramobtidos ganhos acima de 600 kg/ha/anode peso vivo, quando consorciado comP. atratum cv. Pojuca com 7 dias de pastejoe 21 de descanso, no primeiro ano, e 10 depastejo e 30 de descanso a partir do se-gundo ano (BARCELLOS et al., 1996).

Tolerância a pragas e doenças

No Brasil não há relato de doenças quecausem danos significativos em condiçõesde pastejo, embora se observem a ocorrên-cia de doenças fúngicas causadoras demanchas foliares. Em Planaltina, DF, foramobservadas a ocorrência de Cercospora sp.;antracnose (Colletotrichum sp.) e a virosecausada por peanut mottle virus (PeMoV),que se caracteriza por provocar manchascloróticas em forma de anel. Sob pastejo, aúnica praga relatada foi o ataque do ácaroTetranychus urticae, que se caracteriza pelaformação de teia sobre as plantas, clorosee deformação dos folíolos.

Stylosanthes guianensisvar. vulgaris cv. Mineirão

Histórico e descrição

O estilosantes cultivar Mineirão foi co-letado próximo a Belo Horizonte, MG, em1979, e introduzido na Embrapa em 1980,

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33Pastagem

para avaliação. Após 13 anos de pesquisas,foi lançado comercialmente pela EmbrapaCerrados e Embrapa Gado de Corte, em1993. A cultivar Mineirão é perene, semi-ereta, podendo atingir 2,5 m de altura. Temcaules grossos na base e pilosos no finaldas hastes, os folíolos centrais têm compri-mento de 2 a 5 cm e largura de 0,4 a 0,8 cmcom cinco a sete pares de veias. Os ramose folhas possuem viscosidade que se acen-tuam no período seco. No Brasil Central,o florescimento ocorre de maio/junho aagosto/setembro. As sementes são peque-nas (360 sementes/g).

Adaptação

A principal característica desta cultivaré a capacidade de permanecer verde du-rante o período seco nas condições de Cer-rado. Os teores de proteína bruta na parteaérea variam de 12% a 18%, no períodoseco. Em provas regionais, mostrou exce-lente adaptação e desempenho de Roraimaaté São Paulo e Mato Grasso do Sul. É reco-mendada para formação de pastagem con-sorciada, banco de proteína, recuperaçãode pastagem e em associação com cultu-ras anuais como adubo verde (EMBRAPACERRADOS, 1998).

Exigência em fertilidade

Esta cultivar é pouco exigente em ferti-lidade do solo, entretanto responde bem àadubação fosfatada. O nível adequado defósforo no solo varia de 3 mg/dm3 (extratorMehlich 1), para solos com teor de argilaacima de 60%, e mais de 9 mg/dm3, parasolos com teor de argila abaixo de 15%.Recomenda-se calagem para elevação dasaturação por bases para 30% a 35%(VILELA et al., 2000).

Semeadura

As sementes da cultivar Mineirão pos-suem um tegumento duro, sendo necessá-ria a escarificação ou quebra desse tegu-mento. Na maioria das vezes as sementesadquiridas no mercado já estão escarifica-das. Elas são muito pequenas e, portanto, énecessária uma semeadura superficial paragarantir bom estabelecimento, evitando solos

muito trabalhados e fofos. É importante tam-bém a compactação do solo após a semea-dura. A taxa de semeadura recomendada variaentre 0,5 e 0,8 kg/ha. A cultivar Mineirão écapaz de nodular livremente com estirpesnativas de rizóbio, não sendo necessária ainoculação das sementes.

Utilização e manejo

Recomenda-se a utilização da culti-var Mineirão em consorciação com B.decumbens, B. ruziziensis e o capim-andropógon. Trabalhos realizados na re-gião de Prata (MG) demonstraram que aconsorciação com B. decumbens resul-tou em 15,6% maior produção de leite(BARCELLOS; VILELA, 1999). Em Uber-lândia, MG, as consorciações com B.decumbens e B. ruziziensis proporcionaramum aumento no ganho de peso animal de59,5% e 52,8%, respectivamente, em relaçãoàs pastagens solteiras (VILELA et al., 2001).As consorciações com esta cultivar per-sistem por cinco a seis anos e os efeitosresiduais sobre a gramínea persistem pormais dois anos. Para suplementação depastos com as cultivares Marandu, Tan-zânia e Mombaça, onde a consorciaçãonão é recomendada, a cultivar Mineirãopode ser utilizada como banco de proteínana estação seca. Para a cultivar Marandu,a área com banco de proteína deve ser de30% da área total do pasto.

Tolerância a pragas e a doenças

A cultivar Mineirão é muito toleranteà antracnose, doença causada pelo fun-go Colletotrichum gloeosporioides, o prin-cipal fator de impedimento para maior uti-lização das cultivares do gênero no mundotropical.

Stylosanthes capitata xS. macrocephalacv. Campo Grande

Histórico e descrição

A cultivar Campo Grande lançada pe-la Embrapa Gado de Corte, em 2000, é umamistura física de sementes de duas espéciesna proporção de 80% de S. capitata e 20%

de S. macrocephala. Esta cultivar é resul-tante do melhoramento genético dentro decada uma das duas espécies, entre plantasremanescentes de um experimento em Cam-po Grande, MS e acessos pré-selecionadosdas duas espécies (EMBRAPA GADO DECORTE, 2000). O S. capitata é uma plantacespitosa de até um metro de altura. As flo-res variam de bege a amarelo. O floresci-mento ocorre a partir de meado de outono(maio), em Campo Grande, MS, e amadureceno final de junho. S. macrocephala é dehábito de crescimento decumbente, poden-do tornar-se mais ereto, quando associadoou competindo por luz, atingindo um me-tro de altura. As folhas são mais estreitas epontiagudas que as de S. capitata, as flo-res são normalmente amarelas, mas podemser também beges. O florescimento é maisprecoce (meados de abril) e a maturaçãodas sementes ocorre em meados de maio.

Características agronômicas

Produções de 13 t/ha de matéria seca e300 kg/ha de sementes com casca foramobtidas em MS, MG e GO. Esta cultivarapresenta alta capacidade de regeneraçãopor sementes em pastagens consorciadas.A produção de sementes dá-se em camposseparados para cada espécie, os quaisdevem ser manejados adequadamente(EMBRAPA GADO DE CORTE, 2000).

Adaptação

O estilosantes cultivar Campo Grandeé recomendado para solos mistos e are-nosos, de média fertilidade. Observou-seadaptabilidade com alta produtividade noMS, GO e MG.

Exigência em fertilidade

A cultivar Campo Grande absorve ni-trogênio do ar pela associação com bacté-rias do tipo rizóbio em suas raízes. Em con-sorciação com a B. decumbens, 88% daprodução de 7.400 kg/ha de matéria seca(180 kg/ha do N dos tecidos) foram obtidospela fixação simbiótica. Esta cultivar é tole-rante à acidez do solo, suportando satura-ção de alumínio até 35% e níveis de satu-

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34 Pastagem

ração por bases entre 30% e 35%. Ela épouco exigente em fertilidade do solo, masdeve ser fertilizada com P2O5 de acordo coma análise química (EMBRAPA GADO DECORTE, 2000). Os níveis de potássio nosolo devem ser observados para não limi-tar o crescimento da leguminosa, uma vezque as gramíneas têm uma demanda maiore são mais eficientes na absorção destenutriente.

Semeadura

Para o plantio em consórcio com gra-míneas usam-se 2 a 2,5 kg/ha de sementespuras viáveis e uma quantidade de 20 a 30%menor de semente de gramínea em relaçãoà recomendada, para facilitar o estabeleci-mento. A profundidade de plantio deve serde até 2 cm, seguida de uma compactaçãocom rolo. Em plantios com Brachiaria ePanicum, pode-se fazer o plantio da gra-mínea a lanço e incorporar as sementescom grade niveladora em abertura médiae, em seguida, semear a leguminosa a lan-ço e compactar com rolo. Na recuperaçãode pastagens, recomendam utilizar 2,5 a3 kg/ha de sementes puras viáveis destacultivar.

Utilização e manejo

A consorciação com B. decumbensrecuperada proporcionou ganhos por ani-mal e por área 10% a 22% maiores do que agramínea solteira (EMBRAPA GADO DECORTE, 2000). O manejo deve sempre fa-vorecer a leguminosa. O pastejo deve seriniciado 30-40 dias após o plantio na pas-tagem recuperada ou 40 a 50 dias após asemeadura de pastagens novas. Lotaçõesaltas favorecem a leguminosa por controlaro crescimento da gramínea e permitir umamelhor floração e produção de sementes,essencial para a ressemeadura natural quevai garantir a persistência da consorciação.No final do período de chuvas e durante ooutono, o pastejo deve ser mais leve parapermitir a produção de sementes e deixarmaior oferta de forragem para o períodoseco.

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Tolerância a pragas e doenças

A cultivar Campo Grande é resistente àantracnose. Doenças de ocorrência espo-rádica como Cercospora, outras manchase envassouramento por Potyvirus foramdetectadas, mas sem expressão econômica(EMBRAPA GADO DE CORTE, 2000).

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36 Pastagem

INTRODUÇÃO

A exploração de gado de corte e de leitena região dos Cerrados é realizada principal-mente com o uso de pastagens cultivadas.Esta exploração é normalmente efetuada emsistemas extensivos e combina, muitasvezes, o pastejo com a suplementação ani-mal, utilizando a silagem, o feno, ou rações.A grande maioria da produção, principal-mente no caso de gado de corte, é feita sobregime exclusivo a pasto.

As pastagens utilizadas podem ser na-tivas ou cultivadas. As forrageiras cultiva-das mais importantes, atualmente em uso,foram introduzidas da África e pertencem,em sua maioria, aos gêneros Brachiaria,Panicum e Andropogon.

Nos trópicos, as pastagens estão con-centradas no ecossistema Savanas, e este

Degradação de pastagens:conceitos, alternativas e métodos de recuperação

Manuel Claudio M. Macedo1

representa cerca de 43% das terras agricul-táveis. A área total de savanas nas Améri-cas é estimada em 250 milhões de hectares.No Brasil, a região de Savanas é conhecidacomo Cerrados. Esta região é responsá-vel por cerca de 40%-50% da produção decarne do País. Em outros países da Améri-ca do Sul, como a Colômbia e a Venezuela,a região de Savanas também responde porimportante parte da produção de gado decorte (MACEDO, 1997).

Os solos ocupados por pastagens emgeral são marginais, quando comparadosàqueles usados pela agricultura de grãos.Estes solos apresentam problemas de fer-tilidade natural, acidez, topografia, pe-dregosidade ou limitações de drenagem.Os solos de melhor aptidão agrícola sãoocupados pelas lavouras anuais de grãos

ou as de grande valor industrial para a pro-dução de óleo, fibras, resinas, açúcar, etc.

Dessa forma é de se esperar que asáreas de exploração para os bovinos de cor-te apresentem problemas de produtividadee de sustentabilidade de produção.

No Brasil, antes da introdução das pas-tagens cultivadas na região dos Cerrados,a lotação animal era de 0,3-0,4 animais/ha eos bovinos só atingiam a idade de abateapós os 48-50 meses. No início da déca-da de 70, teve início a introdução de espé-cies do gênero Brachiaria, notadamentea espécie Brachiaria decumbens. Estaespécie adaptou-se muito bem ao grandeecossistema Cerrados, de solos ácidos ede baixa fertilidade natural. A lotação ini-cial proporcionada passou a ser de 0,9-1,0 animal/ha e o ganho de peso animal

1Engo Agro, Ph.D., Pesq. Embrapa Gado de Corte, Rod. BR 262, km 4, Caixa Postal 154, CEP 79002-970 Campo Grande-MS. Correio eletrônico:[email protected]

Resumo - A degradação das pastagens pode ser explicada como um processo dinâmico dedegeneração ou de queda relativa da produtividade. Após a implantação, ou renovação deuma pastagem, a produtividade é normalmente sempre maior no primeiro e no segundoanos de exploração. Estima-se que a produção das pastagens e a produção animal sejam30%-40%, em média, superiores no primeiro ano de exploração em relação aos três ouquatro anos subsequentes, quando o potencial produtivo não é limitado por problemasde clima, solo ou manejo animal inadequado. As causas mais importantes da degradaçãodas pastagens podem ser: germoplasma inadequado ao local; má-formação inicial; manejoe práticas culturais inadequados; ocorrência de pragas, doenças e plantas invasoras; manejoanimal inapropriado; ausência ou aplicação incorreta de práticas de conservação do soloapós uso relativo ou uso prolongado de pastejo. Métodos alternativos de recuperação erenovação das pastagens degradadas, que envolvem práticas mecânicas, químicas eculturais são empregadas, bem como integração lavoura-pecuária e plantio direto sobreas pastagens.

Palavras-chave: Pastagem. Queda de produtividade. Renovação. Integração lavoura-pecuária. Plantio direto.

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37Pastagem

também aumentou, em média, de duas a trêsvezes ao da pastagem nativa.

Esta produtividade resultou em umgrande impulso na exploração da pecuáriade corte no Brasil e ampliou consideravel-mente a fronteira agrícola. Estima-se que aárea plantada com pastagens cultivadasnos Cerrados está em torno de 50 milhõesde hectares. Deste total, provavelmentemais de 50% estão sendo cultivados coma Brachiaria decumbens. Outras espéciesde grande importância são: Brachiariabrizantha, Andropogon gayanus e Panicummaximum.

A imensa área explorada de B.decumbens representa quase que uma mo-nocultura, se comparada às demais espé-cies. Se por um lado a introdução dessasespécies do continente africano proporcio-nou grande aumento na produtividade, poroutro também trouxe um sério problemadecorrente do mau manejo das pastagens:a degradação e queda da sustentabilidadeda produção animal.

DEGRADAÇÃO DAS PASTAGENS

A degradação das pastagens pode serexplicada como um processo dinâmico dedegeneração ou de queda relativa da produ-tividade e, portanto, é interpretada de di-ferentes formas por produtores e técnicos.

Neste sentido, observa-se que, após aimplantação ou renovação de uma pasta-gem, a produtividade é normalmente sem-pre maior no primeiro e no segundo anosde exploração. Estima-se que a produçãodas pastagens e a produção animal sejam30%-40%, em média, superiores no primei-ro ano de exploração em relação aos trêsou quatro anos subseqüentes, quando opotencial produtivo não é limitado por pro-blemas de clima, solo ou manejo animalinadequados.

Após essa fase mais produtiva, nota-se uma queda natural da produtividade como tempo. Esta queda pode ser mais intensa,rápida e constante, até atingir um deter-minado ponto de equilíbrio, caso não sejaaplicada uma ação de manejo, que vise à

manutenção da produção. Pondera-se queo estresse do pastejo e a constante desfo-lhação da planta modificam o hábito decrescimento causado, principalmente, pelaalteração na estrutura do relvado. Assim,são alterados: o número de perfilhos, tama-nho e número de folhas e relação parte aéreae raiz. Esse novo perfil morfológico conduza diferentes relações fisiológicas e nutri-cionais na planta, que, se não manejadasadequadamente, para cada situação espe-cífica, alteram o equilíbrio solo-planta-animal e dão início ao processo de degra-dação das pastagens.

Recomenda-se que, antes do início doprocesso de degradação, seja introduzidauma ação de manejo que vise à manutençãoda produtividade. Esta pode estar relacio-nada com o manejo animal, como um ajusteda lotação, ou com o manejo da pastagem,através de práticas culturais, tais como acalagem, gessagem e adubação.

Neste artigo, degradação de pastagens:

é o processo evolutivo de perda de vi-

gor, de produtividade, de capacidade de

recuperação natural das pastagens pa-

ra sustentar os níveis de produção e de

qualidade exigidos pelos animais, assim

como o de superar os efeitos nocivos

de pragas, doenças e plantas invasoras,

culminando com a degradação avan-

çada dos recursos naturais, em razão

de manejos inadequados (MACEDO,

1995).

Esta versão simples e didática de de-gradação baseia-se num processo contínuode alterações da pastagem, que tem iníciocom a queda do seu vigor e da sua produ-tividade. Pode-se comparar este processoa uma escada, onde no topo estariam asmaiores produtividades e, à medida quefosse descendo os degraus, com a utili-zação da pastagem, avança-se no processode degradação. Até um determinado ponto,ou um certo degrau, haveria condições deconter a queda da produção e manter a pro-dutividade através de ações mais simples,diretas e com menores custos operacionais.A partir desse ponto, passaria para o pro-

cesso propriamente de degradação, ondesó ações de recuperação ou de renovação,muitas vezes mais drásticas e dispendiosas,apresentariam respostas adequadas.

O final do processo culminaria com aruptura dos recursos naturais, represen-tados pela degradação do solo, com alte-rações em sua estrutura, evidenciadas pelacompactação e a conseqüente diminuiçãodas taxas de infiltração e capacidade de re-tenção de água, causando erosão e asso-reamento de nascentes, lagos e rios.

O Gráfico 1 ilustra essa visão.Estas considerações sobre o processo

de degradação, que estão apresentadasnuma seqüência lógica, na realidade nãosão tão simples e nem sempre ocorremnessa mesma ordem, podendo apresentar-se em diferentes seqüências e graus, de-pendendo do ecossistema e do manejoutilizado. O próprio limite entre a fase demanutenção e o início da degradação, ain-da é objeto de pesquisa, pois para cadasistema de produção pode-se ter uma situa-ção diferente. É razoável a suposição deque estes limites, estabelecidos por indica-dores, sejam diferentes e situem em faixase não em valores fixos e pontuais.

A verificação e a determinação de indi-cadores da sustentabilidade da produçãoem pastagens e na produção animal têmsido tema de vários projetos de pesquisa,pois é fundamental para a tomada de de-cisões de manejo, a fim de prevenir e/oureverter a queda da produtividade. Nesteponto está o grande desafio que a pesquisaterá que esclarecer para a compreensão esolução do problema da degradação daspastagens.

Os produtores muitas vezes deixam-selevar pela aparência momentânea do esta-do da pastagem e não usam as ferramen-tas importantes de predição de queda daprodução, tais como variáveis componen-tes da fertilidade, de propriedades físicasdo solo e do estado nutricional das plan-tas.

Uma das características indicativasmais notadas no processo de degradaçãodas pastagens é a capacidade de suporte

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animal ao longo do tempo. Quando a explo-ração pecuária é monitorada com certograu de organização e critério, é freqüenteobservar que, num primeiro momento, di-minui a capacidade de suporte para a mes-ma oferta de forragem. Ao proceder-se aum descanso ou veda da pastagem, o cres-cimento no período não é suficiente paramanter a lotação anterior. Posteriormente,caso nenhuma ação de manejo seja tomada,decresce simultaneamente a quantidade ea qualidade da forragem e o reflexo passa a

ser mais acentuado no desempenho indi-vidual dos animais. Nesta fase, é possívelque o relvado já não seja uniforme, pos-suindo áreas descobertas, sem forragem ecom o solo exposto. Ocorrências de inva-soras e pragas também podem ser notadas,pois a pastagem cultivada introduzidacomeça a perder a capacidade de recupe-ração natural pela competição exercidapelas espécies nativas.

Considerando-se a degradação das pas-tagens, têm-se as seguintes etapas:

Assim, pode-se concluir que o acompa-nhamento criterioso da capacidade de su-porte, em princípio, permite antecipar etapasmais graves do processo de degradação.

A observação da queda da capacidadede suporte, no entanto, não tem sido sufi-ciente para conscientizar a adoção de açõesde manejo de manutenção, o que tem obri-gado, posteriormente, a utilização de alter-nativas de recuperação ou renovação maisonerosas e de difícil realização do pontode vista financeiro.

Enquanto está-se preconizando o usode adubação e/ou calagem apenas com apli-cação superficial e a lanço, os custos podemestar próximos de US$ 80 a US$ 200/ha,mas quando o processo de degradação estámais avançado e exige revolvimento do so-lo, práticas de conservação, etc., os custospodem exceder a US$ 250/ha.

Causas da degradação

As causas mais importantes da degrada-ção das pastagens podem ser as seguintes:

a) germoplasma inadequado ao local;

b) má-formação inicial - causada pelaausência ou mau uso de alguns dosseguintes itens:- práticas de conservação e de pre-

paro do solo,- correção da acidez e/ou adubação,- sistemas e métodos de plantio,- manejo animal na fase de formação;

c) manejo e práticas culturais:- uso de fogo como rotina,- métodos, épocas e excesso de ro-

çagens,- ausência ou uso inadequado de

adubação de manutenção;

d) ocorrência de pragas, doenças eplantas invasoras;

e) manejo animal:- excesso de lotação,- sistemas inapropriados de pastejo;

f) ausência ou aplicação incorreta depráticas de conservação do solo apósuso relativo ou uso prolongado depastejo.

Gráfico 1 - Representação gráfica simplificada do processo de degradação de pastagenscultivadas em suas diferentes etapas no tempo

FONTE: Macedo (1999).

Fase produtiva

Perda de vigor, produtividade

Perda de produtividade e qualidadeInvasoras

Pragas Doenças

Compactação

Fasede

manutenção

Degradação da pastagem

Degradação do solo

Prod

ução

da

past

agem

- N- N, - P, etc.

Implantação e estabelecimento das pastagens↓

Utilização das pastagens,

ação climática e bióticapráticas culturais e manejo animal

↓ Queda do vigor e da produtividade → efeito na capacidade de suporte

Queda na qualidade nutricional → efeito no ganho de peso animal

↓Degradação dos recursos naturais

Erosão

Tempo

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39Pastagem

MÉTODOS DE RECUPERAÇÃOE RENOVAÇÃO

Recuperação e renovação direta

Entende-se por recuperação direta depastagens as práticas mecânicas e quími-cas aplicadas a uma pastagem com o intuitode revigorá-la sem substituir a espécie for-rageira existente.

Entre as operações mecânicas incluem-se a aplicação superficial a lanço de insu-mos, escarificação, subsolagem, gradagem,aração, etc. Nas opções químicas estão acalagem, a gessagem e a adubação.

A escolha da operação depende, prin-cipalmente, do estádio de degradação dapastagem. Quanto mais avançado o graude degradação mais drástica deverá ser aação mecânica.

Assim, pastagens com erosão laminar,grande incidência de invasoras de portealto, cupins de montículo e baixa cobertu-ra vegetal poderão exigir operações derevolvimento de solo com grade, arado, ter-raceador e/ou uso de subsolador.

Por outro lado, pastagens no estádioinicial de degradação, onde apenas seobserva perda de vigor e produtividade,podem ser recuperadas por meio de simplesaplicação superficial de fertilizantes, corre-tivos e/ou escarificação/subsolagem.

Antes da tomada de qualquer decisão,deve-se proceder a uma análise histórica daárea e suas implicações na produção glo-bal da propriedade, assim como das re-percussões econômicas. Recomenda-setambém um levantamento agronômicogeral, com avaliações do potencial pro-dutivo atual, do estado nutricional da pas-tagem, de propriedades físicas do solo ede componentes da fertilidade do solo.Um levantamento cuidadoso permitirá aescolha de quais atividades mecânicas equímicas serão mais eficientes em cadacaso, assim como as épocas e formas derealizá-las. As fontes, doses e épocas deaplicação de corretivos e fertilizantes, tam-bém deverão ser realizadas de forma orien-tada para cada caso.

Para solos ácidos e de baixa fertilida-de, alguns nutrientes desempenham papel

fundamental na sustentabilidade da pro-dução. Um dos nutrientes mais importan-tes é o fósforo (MACEDO, 1995). Pesquisasefetuadas na Embrapa Gado de Corte têmdemonstrado que em grande parte doscasos, os baixos teores iniciais de P, ou aqueda destes, após algum tempo de explo-ração, afetam diretamente a produção. Re-sultado ilustrativo pode ser observado noQuadro 1.

Uma vez corrigido o fósforo, com a apli-cação simultânea de outros nutrientes essen-ciais, o nitrogênio passa a exercer papel fun-damental na sustentabilidade da produção.

Renovação direta de pastagens seriaas ações relativas às práticas agronômicasaplicadas sobre pastagens degradadas, afim de substituir a espécie presente e rever-ter o processo de degradação através daimplantação de uma nova espécie forra-geira. A renovação direta de pastagens écaracterizada principalmente pela tentati-va de substituição de forrageiras sem a

utilização de uma cultura intermediária.Esta alternativa apresenta, de forma

geral, problemas de ordem prática e econô-mica, pois as espécies forrageiras tropicais,mesmo quando a pastagem está em degra-dação, possuem um elevado banco de se-mentes no solo e taxas altas de crescimentorelativo. Portanto, nem sempre as ações me-cânicas de preparo do solo ou de desseca-ção das plantas por herbicidas são efici-entes para permitir a implantação de umanova espécie, evitando a competição complantas remanescentes da espécie anterior.Esta competição pode ser elevada na faseinicial do estabelecimento da nova espécieou no decorrer da utilização da pastagem,principalmente se houver alta seletivida-de sob pastejo animal.

Podem-se citar, como exemplo de espé-cies agressivas e possuidoras de gran-des bancos de sementes no solo, as do gê-nero Brachiaria. Uma renovação diretade pastagem muito utilizada recentemen-

Testemunha 0,46 100

Adubação completa (AF) 4,80 1043

Adubação completa (menos nitrogênio) 4,23 920

Adubação completa (menos fósforo) 0,44 96

Adubação completa (menos potássio) 4,89 1063

Adubação completa (menos enxofre) 4,38 952

Adubação completa (menos cálcio) 4,76 1035

Adubação completa (menos magnésio) 5,45 1185

Adubação completa (menos micronutrientes) 5,22 1135

Adubação completa (menos boro) 5,42 1178

Adubação completa (menos cobre) 5,51 1198

Adubação completa (menos molibdênio) 4,78 1039

Adubação completa (menos zinco) 5,26 1143

Adubação completa (SS) 4,87 1058

Adubação completa (FR) 0,56 122

Adubação completa (FPA) 2,30 500

QUADRO 1 - Resultados de produção de matéria seca de Brachiaria decumbens 30 dias apóssemeadura em solo de Areia Quartzosa coletados sob pastagem degradada (5 a6 anos de uso) – Bandeirantes, MS, Brasil - Teste do elemento faltante – EmbrapaGado de Corte

% relativaTratamento

Produção de matéria seca

g/vaso

NOTA: Fonte de fósforo: AF - Ácido fosfórico; SS - Superfosfato simples; FR - Fosfato de rocha deAraxá; FPA - Fosfato parcialmente acidulado.Dose de P total = 50 ppm.

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40 Pastagem

te tem sido a substituição de espécies deBrachiaria spp. por espécies do gêneroCynodon (Coastcross, Tiftons, etc.). Comoestas últimas são implantadas por propa-gação vegetativa, a utilização de herbici-das do grupo das trifluralinas tem sido bas-tante eficiente para retardar o crescimentode novas plantas de Brachiaria, atravésde sementes, e permitir o fechamento doestande com maior rapidez.

Recuperaçãoe renovação indireta

A recuperação indireta de pastagensdegradadas pode ser compreendida comoaquela efetuada através de práticas mecâ-nicas, químicas e culturais, utilizando-se deuma pastagem anual (milheto, aveia), oude uma lavoura anual de grãos (milho, soja,arroz) por um certo período, a fim de revi-gorar a espécie forrageira existente.

As técnicas agronômicas podem variardesde a dessecação da pastagem com umherbicida e plantio direto de um pasto anualou de uma lavoura anual, com cultivo mí-nimo, até o preparo do solo e plantio con-vencional dele. Após a utilização do pas-to anual ou colheita de grãos da lavoura,deixa-se a pastagem retornar através dobanco de sementes existente, ou procede-se a uma semeadura complementar parauniformizar a população de plantas.

O objetivo principal desta técnica éaproveitar a adubação residual empregadano pasto anual ou lavoura, para recuperara espécie de pastagem existente com me-nores custos. A produção de carne ou deleite obtida com o pasto anual, de formaintensiva, ou da venda dos grãos da lavou-ra, amortiza em parte os custos de recupe-ração/renovação da pastagem.

A renovação indireta de pastagens, porsua vez, pode ser entendida como aquelaefetuada através de práticas mecânicas,químicas e culturais, utilizando-se de umapastagem anual (milheto, aveia), ou de umalavoura anual de grãos (milho, soja, arroz)por um certo período, a fim de substituir aespécie forrageira existente por outra demelhor valor nutritivo ou com diferentes

características que as da espécie em de-gradação.

INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA

A cada ano tem crescido, nos Cerradosdo Brasil, uma alternativa bastante eficientede manutenção da produtividade de pas-tagens e de recuperação/renovação indire-ta de pastagens que é o sistema de integra-ção lavoura-pecuária.

Este sistema permite um uso mais racio-nal de insumos, máquinas e mão-de-obrana propriedade agrícola, além de diversificara produção e o fluxo de caixa dos produto-res. Evidentemente que alguns requisitossão necessários para implementar o sis-tema, tais como, máquinas e implementosagrícolas, infra-estrutura de estradas e arma-zéns, mão-de-obra qualificada e domínio datecnologia de lavouras anuais e pecuária.

A integração lavoura-pecuária permiteum sistema de exploração em esquema derotação, onde se alternam anos ou períodosde pecuária com a produção de grãos oufibras, etc.

A Embrapa Gado de Corte vem desen-volvendo, desde 1993/1994, um experimen-to de longa duração, onde estão sendoestudados sistemas de rotação lavoura-pecuária, comparados a sistemas contínuosde pecuária e lavoura. O objetivo é compa-rar a eficiência agronômica e econômica eavaliar a sustentabilidade da produção dosdiferentes sistemas, bem como determinaralguns indicadores da sustentabilidade.

É importante ressaltar que esse projetofoi implantado em uma área de pastagensdegradadas de Brachiaria decumbens,as quais foram recuperadas ou renovadaspor meio de diferentes tratamentos: adu-bação, calagem e tratos mecânicos; reno-vação com troca de espécies: Brachiariabrizantha e Panicum maximum, com plan-tio de soja ou milho, etc. Uma área de ve-getação natural e uma área de pastagemdegradada estão sendo mantidas como tes-temunhas para comparações.

Os resultados, até o momento, têmdemonstrado que, enquanto a pastagemdegradada está produzindo cerca de 45-

60 kg de carne equivalente carcaça/ha/ano,as pastagens recuperadas ou renovadasestão produzindo 150–225 kg carne/ha/ano,em sistema de recria de animais anelora-dos. Os tratamentos de integração lavoura-pecuária têm apresentado um custo bene-fício favorável, em função da venda degrãos e da adubação residual deixada pelaslavouras anuais de milho e soja.

PLANTIO DIRETOSOBRE PASTAGENS

O sistema de plantio direto sobre pasta-gens também é uma tecnologia alternati-va de manutenção da produtividade e derecuperação/renovação de pastagens emestádios iniciais de degradação. Este sis-tema pode ser utilizado para o plantio depastagens anuais (milheto ou sorgo forra-geiro), leguminosas, como o estilosantesou guandu, ou culturas anuais de grãos,como a soja ou milho, sobre pastagens deBrachiaria ou Panicum.

O sucesso da produção da cultura uti-lizada no plantio direto será tanto maiorquanto menos degradada estiver a pasta-gem. Pastagens em estádios avançados dedegradação, com problemas de erosão, altaspopulações de invasoras, solos com baixasaturação por bases (< 30% na camada ará-vel), baixos teores de fósforo (< 3 mg/dm3

em Mehlich-1) e problemas de compacta-ção podem comprometer a produção dacultura e atrasar a amortização dos custosalmejada no processo de recuperação ourenovação de pastagens. A insistência douso do plantio direto nessas condiçõestem frustrado os objetivos de muitos pro-dutores e desestimulado a utilização destaimportante tecnologia.

O plantio direto de culturas anuais emrotação com pastagens, em sistemas deintegração lavoura-pecuária, quando bemplanejado tem proporcionado excelentesresultados na região dos Cerrados, comvantagens para o produtor e melhor manejodos recursos naturais.

A Figura 1 ilustra um esquema simplifi-cado de alternativas de recuperação e reno-vação de pastagens.

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Figura 1 - Esquema simplificado de alternativas de recuperação e renovação de pastagens

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INTRODUÇÃO

O pasto é considerado a base de sus-tentação da pecuária de leite e/ou carne,uma vez que é o item da alimentação queapresenta o menor custo. Enfatizando aindasua importância, merece ser lembrado queo chamado “boi verde” ou “boi de pasto”possui grande apelo junto aos consumido-res, especialmente dos países desenvolvi-dos. Apesar disso, grande parte das pasta-gens no Brasil encontra-se em degradação.Estima-se que cerca de 50% das pastagensdo Cerrado, ou seja, 50 milhões de hectaresestão degradados ou em processo de de-gradação (MACEDO, 1995).

Neste contexto, a recuperação e/ou re-novação de pastagens é considerada de-terminante para sobrevivência do pecuaris-ta em sua atividade. Para tanto, a melhoria

Manejo da fertilidade do solo em pastagensFrancisco Morel Freire1

Dilermando Miranda da Fonseca2

Reinaldo Bertola Cantarutti3

da fertilidade do solo, seja pela adubação,seja pela correção, é essencial para obten-ção de resultados satisfatórios e para asustentabilidade de altas produtividades.A esse respeito, sabe-se que a utilização defertilizantes na atividade pecuária é usual-mente baixa. Em média, aplicam-se apenas7,4 kg/ha/ano de NPK, em pastagens cul-tivadas (FERREIRA et al., 1999).

RECURSO FORRAGEIROADAPTADO ÀS CONDIÇÕESDE SOLO

A idéia de encontrar uma superfor-rageira, adaptada a amplas condições cli-máticas e edáficas e adequada a diferen-tes sistemas de produções, é uma utopia.Dispõe-se, hoje, de um acervo de recursogenético forrageiro com potencial de adap-

1Engo Agro, D.Sc., Pesq. EPAMIG-CTCO, Caixa Postal 295, CEP 35701-970 Prudente de Morais-MG. Correio eletrônico: [email protected] Agro, D.Sc., Prof. UFV-Depto Zootecnia, CEP 36571-000 Viçosa-MG. Correio eletrônico: [email protected] Agro, D.Sc., Prof. UFV-Depto Solos, CEP 36571-000 Viçosa-MG. Correio eletrônico: [email protected]

Resumo - As pastagens brasileiras, apesar de serem consideradas a base de sustentação dapecuária, encontram-se, em grande parte, em degradação. Como conseqüência, a pecuárianacional tem mostrado desempenho abaixo do seu potencial. A recuperação e/ou renova-ção de pastagens são consideradas, assim, determinantes para sobrevivência do pecuaristaem sua atividade. A melhoria da fertilidade do solo, seja pela adubação, seja pela correção,é essencial para obtenção de produtividades elevadas e sustentáveis. Nas últimas décadas,têm-se acumulado informações e conhecimentos sobre o manejo da fertilidade do solo depastagens em solos tropicais ácidos e de baixa fertilidade. Tal fato levou a uma abordagemsobre o recurso genético forrageiro com potencial de adaptação às principais condiçõesedafoclimáticas e com atributos forrageiros para atender às exigências de diferentessistemas de produções. São apresentadas e discutidas orientações de como manejar afertilidade do solo dessas pastagens, estando incluídos tópicos sobre amostragem dosolo, correção do solo pela calagem, melhoria do ambiente radicular pela gessagem eadubação com os macro e micronutrientes.

Palavras-chave: Forrageira. Pastagem. Correção do solo. Adubação. Potencial produtivo.

tação às principais condições edafoclimá-ticas e com atributos forrageiros para aten-der às exigências de diferentes sistemas deproduções.

Considerando que a pecuária tropicalocupa, via de regra, solos com elevada aci-dez e limitada disponibilidade de fósforo,deu-se grande ênfase à seleção de forragei-ras adaptadas a tais condições. Assim, du-rante as décadas de 70 e 80, as pesquisascom plantas forrageiras foram conduzidas,essencialmente, sob o enfoque dos “míni-mos insumos” (TOLEDO, 1987), sendofundamentadas:

a) na seleção de germoplasma adapta-do às condições ambientais, visandootimizar a eficiência de utilização dosrecursos naturais disponíveis (água,solo e clima);

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b) no estabelecimento de pastagenscom baixo custo e baixo risco para oprodutor;

c) na capacidade de incorporar eficien-temente o nitrogênio do ar com o usode pastagens de gramíneas e legumi-nosas consorciadas produtivas;

d) no manejo apropriado para otimizara utilização e persistência dos com-ponentes das pastagens.

Diante das condições dos solos pre-dominantes nos trópicos, a estratégia deinsumos mínimos fundamentou-se na sele-ção de gramíneas e leguminosas tolerantesà toxidez por alumínio e manganês e adap-tadas à baixa disponibilidade de fósfo-ro (LASCANO, 1991; THOMAS, 1995;SMYTH; CASSEL, 1995; FISHER et al.,1996). As pesquisas concentraram-se emespécies como Andropogon gayanus eespecialmente, Brachiaria decumbens e B.humidicola, por apresentarem grandeadaptação aos solos ácidos dos trópicos.Para a pecuária brasileira, estas são espéciesde grande relevância, uma vez que, segun-do Macedo (1995), ocupam 64% das pasta-gens da região dos Cerrados, sendo 55%de B. decumbens e 9% de B. humidicola.

No entanto, a partir da década de 90,sistemas de maior produtividade demanda-ram o desenvolvimento de tecnologia paraviabilizar aumentos tanto na qualidadequanto na capacidade de suporte das pas-tagens. Neste contexto, a estratégia deseleção de forrageiras tem-se fundamen-tado em:

a) maximizar a eficiência do uso de fer-tilizantes e corretivos com a utili-zação de espécies e/ou variedadesmais tolerantes às condições quími-cas adversas;

b) minimizar as perdas de nutrientesdo sistema solo-planta, por meio deuma eficiente reciclagem de nutrien-tes. Para tanto, espécies e cultiva-res de gramíneas, como Brachiariabrizantha cv. Marandu, Panicummaximum cvs. Tanzânia-1 e Momba-

ça, Pennisetum purpureum (capim-elefante), híbridos do gênero Cynodone outros passaram a ter maior des-taque. Embora não sejam adaptadasà estratégia de “mínimos insumos”,por requererem maiores doses defertilizantes, caracterizam-se pelaeficiência nutricional e pelo elevadopotencial produtivo (EUCLIDES etal., 1997; ALVIM et al., 1999; THIAGOet al., 2000).

Favorável a estas estratégias destaca-se o fato de as forrageiras apresentarem di-ferenciada tolerância à acidez. Espéciescomo B. decumbens, B. humidicola e A.gayuanus toleram saturação por alumíniosuperior a 70%, e mesmo espécies como B.brizantha, P. maximum e P. purpureummantêm seu elevado potencial produtivosob saturações de alumínio entre 40% e70% (INFORME..., 1982; RAO et al., 1993,2001). Nesse sentido, espera-se que a res-posta dessas plantas à calagem relacione-se principalmente aos requerimentos de Cae de Mg e não à neutralização da acidez(INFORME..., 1982).

O conhecimento relacionado com essascaracterísticas associado ao potencial pro-dutivo das forrageiras tem possibilitadoclassificá-las para a formulação de recomen-dações de adubação das pastagens. Nes-sas recomendações, levam-se em consi-deração, basicamente, algumas proprieda-des dos solos e o nível tecnológico (NT)do sistema de produção ou a intensidadede uso da pastagem: NT alto ou intensi-vo (rotativo/capineira/campo de feno);NT médio e NT baixo ou extensivo. Essesníveis tecnológicos relacionam-se com aprodutividade, valor forrageiro e com osrequerimentos nutricionais das forragei-ras (Quadro 1) (WERNER et al., 1997;CANTARUTTI et al., 1999b).

AMOSTRAGEM DE SOLO

Após a definição da área a ser estabele-cida com uma pastagem, ou mesmo a serrenovada, ou recuperada, a amostragem dosolo é uma das primeiras e principais etapas

para avaliar a fertilidade do solo. De acordocom os resultados das análises química efísica do solo, é que se podem definir asdoses de calcário e de adubos a serem apli-cadas.

Uma amostragem inadequada do soloresultará em interpretação e recomendaçãoincorreta, podendo levar a prejuízos econô-micos e a danos ao meio ambiente.

Para que a amostra de solo seja repre-sentativa, a área a ser amostrada deve sera mais homogênea possível e deverá sersubdividida em glebas ou talhões, levando-se em consideração a vegetação existentenela, a posição topográfica (topo do mor-ro, meia-encosta, baixada), a cor e a texturado solo (argilosa, arenosa), condições dedrenagem, o histórico da área no que serefere à utilização atual e anterior, a produ-tividade, uso de fertilizantes e corretivos(CANTARUTTI et al., 1999a).

Portanto, o tamanho da gleba a ser amos-trada deve ser limitado pela homogenei-dade, conforme as características descritasanteriormente e não pela área. Contudo,sugere-se que as glebas a serem amostra-das não ultrapassem a 10 hectares para ga-rantir maior eficiência na amostragem, ouseja, áreas muito grandes, mesmo quehomogêneas, devem ser subdivididas emsubglebas de até 10 hectares.

Na amostragem de solo para a análisequímica, recomenda-se colher entre 20 e 30amostras por gleba, ou subglebas, que sãodenominadas amostras simples. Estas, de-pois de rigorosamente misturadas, formarãoa amostra composta, da qual se obtém umaamostra (200 a 250 g), que será encaminha-da ao laboratório para análise.

Vale lembrar que as amostras simplespara serem representativas da gleba devemser colhidas em pontos uniformemente dis-tribuídos em toda a gleba, o que é conse-guido com um caminhamento em zigue-zague.

É importante também que todas as amos-tras simples tenham o mesmo volume desolo, padronizando-se a profundidade deamostragem. Isto pode ser facilmente obti-do, quando se utilizam trados ou mesmo

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Alto ou intensivo/ (1)Grupo I Pennisetum purpureum (Elefante; Napier; Cameroon;

Anão ou Mott); Cynodon spp. (Coastcross; Tifton);

Panicum maximum (Colonião; Tobiatã; Tanzânia;

Mombaça); Brachiaria brizantha (Braquiarão;

Marandu).

Médio / Grupo II Panicum maximum (Colonião; Tobiatã; Tanzânia;

Mombaça; Aruana; Centenário); Brachiaria brizantha

(Braquiarão; Marandu); Brachiaria decumbens;

Andropogon gayanus; Hyparrhenia rufa (Jaraguá);

Setaria anceps.

Baixo ou extensivo / Grupo III Brachiaria decumbens; Brachiaria humidicola;

Brachiaria dictyoneura; Andropogon gayanus

(Planaltina); Melinis minutiflora (Gordura);

Paspalum notatum (Grama-batatais, Pensacola)

QUADRO 1 - Gramíneas e leguminosas adaptadas a sistemas ou tipos de exploração de diferentes níveis tecnológicos

Leguminosa

Leucaena leucocephala (Leucena); Medicago sativa

(Alfafa); Neonotonia wightii (Soja perene)

Leucaena leucocephala (Leucena); Neonotonia wightii

(Soja perene); Centrosema pubescens; Macroptilium

atropurpureum (Siratro); Arachis pintoi (Amendoim-

forrageiro); Cajanus cajan (Guandu); Calopogonio

mucunoides; Stylosanthes guianensis (Mineirão;

Bandeirantes)

Desmodium ovalifolium; Arachis pintoi (Amendoim-

forrageiro); Stylosanthes guianensis (Mineirão);

Pueraria phaseoloides (Kudzu); Calopogonium

mucunoides; Galactia striata.

FONTE: Dados básicos: Werner et al. (1997) e Cantarutti et al. (1999b).(1) Neste grupo estão incluídas as espécies recomendadas para capineiras e para fenação.

Nível tecnológico/

Tipo de exploraçãoGramínea

pá ou enxadão. Para áreas a serem estabe-lecidas com pastagem e com pastagemdegradada, a profundidade de amostragemdeve ser realizada na camada de 0 a 20 cm.Em pastagens já estabelecidas, recomenda-se a amostragem na camada de 0 a 5 cm, ouaté 10 cm e quando necessário.

CALAGEM

As exigências das forrageiras, quantoa clima (temperatura, quantidade e distri-buição de chuvas) e solo (condições físicase químicas), devem ser consideradas naseleção da espécie ou cultivar para deter-minado local. As condições químicas dosolo constituem um dos componentes dosistema que pode ser mais facilmente mo-dificada pelo homem. A maioria dos solosbrasileiros, em especial os da região de ve-getação de Cerrado, apresenta, em geral,elevada acidez, altos teores de alumíniotrocável e deficiências de nutrientes, prin-cipalmente, cálcio, magnésio e fósforo.A correção dessas características químicasinadequadas possibilitará o estabelecimen-to e a sustentabilidade de pastagens pro-

dutivas. Deve-se também lembrar que asforrageiras tropicais, em geral, adaptadasàs condições de solos ácidos, nem semprerespondem positivamente à calagem. Con-tudo, a necessidade de corretivo vai depen-der da interação solo, espécie forrageira,tipo de exploração e do nível tecnológicodo sistema em questão. Além disso, a cor-reção da acidez do solo contribui para oestímulo da atividade microbiana, aumentoda disponibilidade da maioria dos nutrien-tes para as plantas, melhoria da fixação denitrogênio pelas leguminosas, preservaçãoou aumento no teor de matéria orgânica nosolo (ALVAREZ V.; RIBEIRO, 1999).

Os critérios de recomendação de cala-gem dependem dos objetivos e dos princí-pios analíticos envolvidos, estando o pró-prio conceito de necessidade de calagem(NC) relacionado com o que se pretendecom essa prática. Assim, a NC pode ser de-finida como a quantidade de calcário compoder relativo de neutralização (PRNT)100%, a ser aplicada no solo para diminuirsua acidez até um nível desejado. A NC estárelacionada com o teor e o tipo de argila e o

teor de matéria orgânica no solo, que carac-terizam a capacidade tampão da acidez.

Em Minas Gerais, para estimar a NC sãoutilizados dois métodos: a neutralização daacidez trocável e a elevação dos teores decálcio e de magnésio trocáveis ou elevaçãoda saturação por bases (ALVAREZ V.; RI-BEIRO, 1999). Assim, a NC (t/ha de CaCO3)é calculada pelo primeiro e segundo méto-do, respectivamente, da seguinte maneira:

NC = Y [Al3+ – (mt.t/100)] + [X – (Ca2+ + Mg2+)]

em que:

Y = varia com a capacidade tampão daacidez do solo com valores de: 0 a 1(solos com 0% a 15 % de argila); 1 a 2(solos com 0% a 35% de argila); 2 a 3(solos com 35% a 60% de argila) e 3 a4 (solos com mais de 60% de argila);

Al3+= acidez trocável (cmolc/dm3);

mt = máxima saturação por Al3+ toleradapela forrageira (%);

t = CTC efetiva (cmolc/dm3);

X = exigência da forrageira em Ca2+ eMg2+ (cmolc/dm3);

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NC = T(Ve – Va)/100

em que:

T = CTC a pH 7 (cmolc/dm3);

Ve = saturação por bases adequada pa-ra a forrageira (%);

Va = saturação por bases atual do solo(%).

Considerando que para pastagens a ca-lagem é aplicada em área total, a quantidadedo calcário é obtida pela correção da NCpelo PRNT do calcário e pela profundidadede incorporação.

Em áreas destinadas ao estabelecimen-to ou renovação de uma pastagem, o cal-cário deve ser aplicado e incorporado aosolo, na profundidade de 20 cm, por ocasiãodo preparo do solo, 20 a 30 dias antes dasemeadura ou plantio da forrageira e, sepossível, com o solo úmido. Para pastagemestabelecida, o cálculo da quantidade decalcário deverá considerar a profundidadeefetiva de incorporação natural de 5 cm parasolos argilosos e 10 cm para solos are-nosos.

A calagem de manutenção, que é feitaem pastagem estabelecida, mesmo quetenha sido efetuada a correção da acidezantes do estabelecimento, vai depender donível tecnológico, da fonte de nitrogênioutilizada, do manejo da pastagem e da for-rageira. A partir do segundo ano, quandose intensifica o processo de acidificaçãodo solo poderá, portanto, haver necessida-de de aplicação de calcário para manter aprodutividade e a sustentabilidade daspastagens. Nesta condição, recomenda-sea aplicação superficial do corretivo no iní-cio do período chuvoso, após o rebaixa-mento do pasto.

USO DO GESSO AGRÍCOLA

O gesso agrícola (CaSO4.2H2O) é obti-do como subproduto da indústria de fer-tilizantes fosfatados. Apesar de váriosestudos mostrarem o potencial de utiliza-ção do gesso em culturas e em pastagens,existem muitas dúvidas de como, quando

e quanto utilizar deste insumo. Entretan-to, nos últimos anos acumularam-se infor-mações sobre a sua influência na melho-ria do ambiente radicular das plantas, emrazão da movimentação de cálcio para ca-madas subsuperficiais do solo e/ou di-minuição dos efeitos tóxicos de teores ele-vados de alumínio (ALVAREZ V. et al.,1999).

Portanto, segundo Alvarez V. et al.(1999), para a recomendação do gesso agrí-cola, além do conhecimento das caracte-rísticas físicas e químicas da camada arável(0 a 20 cm) do solo, as camadas de 20 a 40cm ou de 30 a 60 cm deverão apresentarteor de Ca2+ menor ou igual a 0,4 cmolc/dm3

e/ou teor de Al3+ maior que 0,5 cmolc/dm3

e/ou saturação por Al3+ superior a 30%.A quantidade de gesso a ser aplicada

pode ser estimada independentemente danecessidade de calagem ou de acordo coma sua estimativa por um dos dois métodosutilizados em Minas Gerais. Recomendam-se 25% da NC estimada para a camada sub-superficial. Esta quantidade refere-se a umacamada de 20 cm de espessura, devendoser corrigida de acordo com a espessuraque se quer corrigir. A dose de gesso podeser aplicada junto com o calcário e incor-porada na camada arável, ou em superfícieem pastagem já estabelecida.

Além de condicionador do solo, o gesso(14% a 17% de S) pode ser utilizado comofonte de enxofre. Neste contexto, doses de100 a 250 kg/ha de gesso seriam suficientespara atender à necessidade desse nutrienteda maioria das forrageiras. Além do gesso,deve-se considerar o uso de outros ferti-lizantes como superfosfato simples, sulfatode potássio e sulfato de amônio que pos-suem enxofre em sua composição.

ADUBAÇÃO NITROGENADA

As gramíneas tropicais apresentamuma alta capacidade de resposta à aduba-ção nitrogenada se comparadas àquelasde climas temperados. Segundo Jarvis etal. (1995), a produção das principais gramí-neas forrageiras cultivadas na Europa res-

ponde de forma linear até doses de 250 a300 kg/ha/ano de N, com produções dematéria seca de 15 a 25 kg /kg de N. Por suavez, para gramíneas tropicais, Vicente-Chandler (1974) menciona que o capim-colonião, a grama-estrela e o capim-pangolaresponderam linearmente a doses anuaisde até 448 kg/ha de N, com produção mé-dia de cerca de 30 t/ha/ano de matéria se-ca, enquanto o capim-elefante produziu50 t/ha/ano de matéria seca com aplicaçãoanual de 896 kg/ha de N. Isto correspon-deria a taxas de produção de matéria secada ordem de 56 a 67 kg/kg de N.

Apesar do potencial de resposta dasgramíneas tropicais à adubação nitroge-nada, no Brasil o uso de adubos nitrogena-dos, no estabelecimento de pastagem, érestrito a sistemas mais intensivos. Emsistemas de baixo nível tecnológico, a de-manda de nitrogênio para o estabelecimen-to da forrageira pode ser atendida pela mi-neralização da matéria orgânica do solo, queé estimulada pelo preparo do solo, pelacorreção da acidez e adubação fosfatada.Para sistemas de médio nível tecnológi-co, no entanto, recomenda-se aplicaçãode 50 kg/ha de N, enquanto que para sis-temas com nível tecnológico elevado sãorecomendados de 100 a 150 kg/ha de N,parcelados de modo que a dose por apli-cação não exceda a 50 kg/ha. Para maioreficiência, a adubação com N deve ser feitaem cobertura, quando a forrageira cobrirde 60% a 70% do solo. Em caso de deficiên-cia de nitrogênio, pode-se antecipar a adu-bação nitrogenada aplicando-se no máximo50 kg/ha de N. Quanto à fonte, embora osulfato de amônio seja o mais recomendá-vel, a uréia é, sem dúvida, a mais utilizada,o que requer cuidados especiais na aduba-ção. Para tanto, a aplicação deve ser feitaem solo com adequada umidade e em diasnão muito quentes e, se possível, com chu-vas regulares (CANTARUTTI et al., 1999b).

A adubação nitrogenada de manuten-ção é de fundamental importância para asustentabilidade das pastagens. Dessa ma-neira, dependendo da dose, a adubação ni-

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trogenada pode ser usada com o objetivode manter a disponibilidade de nitrogêniopara evitar o declínio na produção e a suadegradação, ou para intensificar o sistemade exploração com obtenção de elevadasprodutividades. As recomendações para ocapim Panicum maximum, por exemplo,variam de 50 a 300 kg/ha/ano de N, sendo adose mais baixa recomendada com o intui-to de evitar a degradação da pastagem e asdoses mais altas para obter altas de produ-tividade (MONTEIRO et al., 1995).

Para a adubação de manutenção, dosesmenores que 50 kg/ha de N são considera-das inócuas, embora esta dose seja reco-mendável para sistemas extensivos, de-vendo ser aplicada no início do período dechuvas. Nestes sistemas, uma alternativaeconomicamente viável é a consorciaçãode leguminosa forrageira com gramínea, quepode adicionar anualmente ao sistema oequivalente a 50 a 80 kg/ha de N (CANTA-RUTTI et al., 1999b). Recomendam-se, parasistemas com média intensidade de explora-ção, adubações entre 100 e 150 kg/ha/ano,aplicadas em parcelas de 50 kg/ha, sendoa primeira no início da estação chuvosa.As demais devem ser aplicadas a intervalosde modo que a última aplicação aconteçaantes do fim do período de chuvas. Parasistemas de alto nível tecnológico, as dosessão de 200 kg/ha/ano, também distribuídasdurante o período chuvoso. Para sistemasrotativos de alto nível tecnológico, sob irri-gação, indicam-se 300 kg/ha/ano de N,divididos em seis aplicações, junto com adose recomendada de potássio.

ADUBAÇÃO FOSFATADA

O fósforo é considerado, depois do ni-trogênio, o nutriente mais importante pa-ra as forrageiras. Enquanto, o nitrogênio éconsiderado o elemento chave na manu-tenção da produtividade e persistência deuma pastagem de gramínea, o fósforo temsua relevância no estabelecimento da pas-tagem (WERNER, 1986a). Ele tem grandeinfluência no desenvolvimento inicial dasplantas, no crescimento das raízes e no per-filhamento destas. Monteiro et al. (1995),

cultivando a Brachiaria brizantha cv.Marandu em solução nutritiva, verificaramque com a omissão de fósforo, apresentaram-se plantas raquíticas e sem perfilhos late-rais, além de elevada concentração de nitro-gênio na matéria seca, caracterizando oefeito de concentração, devido ao limitadocrescimento das plantas.

De maneira geral, os solos brasileirosdestinados às pastagens apresentam bai-xíssima disponibilidade de fósforo, asso-ciada à alta capacidade de adsorção destenutriente. Cerca de 92% dos solos de Cerra-do, por exemplo, apresentam teores de fós-foro disponíveis, pelo extrator de Mehlich-1,menores que 2 mg/dm3, que é inferior aonível crítico da maioria das forrageiras, sen-do que alguns adsorvem mais de 2 mg/dm3

de P, o que equivale a 4 mil kg/ha de P nacamada de 0 a 20 cm de profundidade(LOPES, 1983; NOVAIS; SMYTH, 1999).Dessa forma, têm sido observadas res-postas das gramíneas à adubação fosfata-da, mesmo aquelas do gênero Brachiaria,especialmente na formação das pastagens(WERNER, 1994). Entretanto, apesar de res-ponsivas e capazes de desenvolverem-seem solos com baixos teores de fósforo dis-ponível, algumas espécies de Brachiarianão requerem, segundo Pereira (1987),doses superiores a 45 kg/ha de P2O5. Esteautor salienta que, por apresentarem baixosrequerimentos internos em fósforo, as pas-tagens de Brachiaria não satisfazem asnecessidades dos animais, precisando dasuplementação mineral com este nutriente.

Ademais, a adubação fosfatada mostra-se muito importante na recuperação depastagens degradadas, proporcionandoaumento da produção de forragem e, con-seqüentemente, redução da presença deplantas espontâneas. Veiga e Serrão (1987)verificaram que a dose de 50 kg/ha de P2O5proporcionou aumentos superiores a 200%na produção de forragem em pastagens de-gradadas de Panicum maximum e reduçãode 75% a 80% para menos de 5% na porcen-tagem de plantas espontâneas. Em pasta-gens degradadas de Andropogon gayanuscultivar Planaltina, Costa et al. (1998) obser-

varam que a aplicação de 100 kg/ha de P2O5

proporcionou um aumento de 284% naprodução de forragem e redução de 56%na incidência das plantas indesejáveis.Da mesma maneira, Costa et al. (1999), estu-dando a resposta em pastagens degrada-das de Brachiaria brizantha cv. Marandua fontes e a doses de fósforo, obtiveram osmaiores rendimentos de matéria seca coma aplicação de 100 kg/ha de P2O5, comosuperfosfato triplo ou simples. Com rela-ção à incidência de plantas invasoras, asua participação na composição botânicada pastagem foi reduzida entre 59% e 70%com a aplicação das diferentes fontes e do-ses de fósforo.

Eficiência das espécies nautilização do fósforo

Considerando a pobreza dos solos bra-sileiros em fósforo na escolha da espécieou cultivar, devem-se considerar as varia-ções quanto à eficiência na aquisição e uti-lização do fósforo. Leguminosas nativas,como Stylosanthes capitata, S. guianensise Zornia, são capazes de utilizar baixasquantidades de fósforo mais eficientemen-te que outras espécies (CIAT, 1978 apudLOBATO et al., 1986). No que tange às gramí-neas, é citado que as espécies Brachiariahumidicola, Hyparrhenia rufa e Andropogongayanus comportam bem em níveis baixosde fósforo no solo, quando comparadascom a Setaria e o Panicum (MARTINEZ;HAAG, 1980; COUTO et al., 1985). É inte-ressante lembrar que algumas espécies dePanicum são indicadas para solos férteis,com teores elevados de fósforo, ou quan-do se usa maior dose de adubação fosfa-tada (LOBATO et al., 1986). Nesta mesmalinha de pesquisa, a gramínea Brachiariahumidicola e as leguminosas Centrosemaacutifolium, Stylosanthes capitata e Arachispintoi foram caracterizadas com eficiên-cia intermediária (RAO et al., 1996, 1997,1999ab).

Fontes de fósforo

A eficiência da fonte de fósforo estárelacionada com as características do solo,

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da espécie forrageira e da fonte. Indepen-dente da fonte, os solos brasileiros repre-sentam um forte dreno para o fósforo solu-bilizado, devido à elevada capacidade deadsorção desse nutriente (NOVAIS; SMYTH,1999). Dessa forma, ao se utilizarem fontesde alta solubilidade, grande parte do fósforopassará para formas não-lábeis, emborapossa atender, parcialmente, à necessidadeda planta. Por outro lado, fosfatos natu-rais de baixa reatividade, com baixa veloci-dade de liberação do fósforo, dificilmenteatenderão à demanda imediata das plantas(SANZONOWICZ; GOEDERT, 1986).

Considerando a expectativa de melhorrelação custo/benefício, devido ao efeitoresidual, a utilização de fosfatos naturaisde baixa e alta reatividade e fosfatos parcial-mente acidulados vem sendo amplamenteestudada. A solubilização dos fosfatos na-turais é favorecida nos solos argilosos eácidos. De modo geral, os resultados daspesquisas indicam que os fosfatos naturaisde baixa e média reatividade são inferioresàs fontes mais solúveis de fósforo na fasede estabelecimento da pastagem (FENSTER;LEÓN, 1982; COUTO et al., 1985, 1985bapud LOBATO et al., 1986; SANZO-NOWICZ; GOEDERT, 1986). Sanzonowicze Goedert (1986) observaram que a eficiên-cia do fosfato de Araxá foi inicialmenteprejudicada pelas maiores doses de calcá-rio. Embora este efeito tenha desapareci-do com o tempo, os maiores rendimentossempre foram obtidos com aplicação da fon-te solúvel (superfosfato simples). Com basena produção total de Brachiaria decumbens,estes autores verificaram que o superfos-fato simples e o termofosfato magnesiano(Yoorin) mostraram melhor desempenho doque os fosfatos naturais reativos de Gafsa,Marrocos e Carolina do Norte. Estas quatrofontes, por outro lado, foram superiores aofosfato de Araxá. Couto et al. (1985b apudLOBATO et al., 1986) encontraram maiorprodução de Andropogon gayanus em umLatossolo Vermelho-Amarelo argiloso deCerrado, com a aplicação de 52 e 26 kg/hade P, respectivamente, nas formas de fosfa-to natural e de superfosfato triplo. Consi-

derando que a solubilização do fosfatonatural dá-se ao longo do tempo e queexiste um elevado requerimento inicial defósforo pelas plantas forrageiras, a estra-tégia de aplicar no plantio conjuntamen-te o fosfato natural com a fonte solúvel defosforo é, aparentemente, interessante.No entanto, para o estabelecimento de pas-tagens recomendam-se fontes solúveis defósforo, aplicadas localizadas, próximas àssementes ou mudas, de modo que favoreçaa alta disponibilidade de fósforo junto àsraízes e atenda aos maiores requerimentosdo nutriente na fase inicial do crescimentoda planta.

Considerando que a acidez é um fatorextremamente importante para a solubi-lização dos fosfatos naturais, espera-se queespécies acidificantes da rizosfera favo-reçam a dissolução e a eficiência agronômi-ca destes fosfatos. Em espécies do gêneroBrachiaria foi verificada uma diminuiçãodo pH da rizosfera em resposta ao supri-mento de amônio. A B. humidicola queproporcionou maior produção de H+, maiorsolubização do fosfato natural, apresentoumaior crescimento (LOGAN et al., 1999,2000). Da mesma forma, Rao et al. (1999b),ao adicionarem fontes de fósforo de menordisponibilidade para as plantas, consta-taram que tanto a B. humidicola como oArachis pintoi solubilizaram e absorverammais fósforo, quando este foi adicionadona forma de P-Ca (fosfato di-cálcico). Taisresultados apontam para perspectivas deuso dos fosfatos naturais para a fase demanutenção das pastagens, quando osrequerimentos externos da planta são efe-tivamente menores, devido à maior efi-ciência na aquisição do fósforo.

Métodos de aplicação

Em solos argilosos, a elevada capaci-dade de adsorção de fósforo, a maior capa-cidade de troca catiônica (CTC) e mesmo amaior acidez são fatores que favorecem adissolução dos fosfatos naturais se aplica-dos a lanço e incorporados ao solo, pelomaior contato das partículas do fosfato comas partículas de solo (LOBATO et al., 1986).

Isto, entretanto, como salientado por No-vais (1999), não implica, necessariamente,em maior disponibilidade de fósforo paraas plantas, uma vez que o solo, sendo umforte dreno para o fósforo solubilizado, émais beneficiado que estes. Em se tratandode uma fonte solúvel, a planta é, ainda, maisdesfavorecida em relação ao solo. A partirdesse raciocínio, este autor sugere a apli-cação de fosfatos de baixa ou de medianareatividade da mesma maneira que as fon-tes solúveis, isto é: de forma localizada, demodo que as raízes das plantas sejam odreno principal para o fósforo solubilizado.Esta estratégia é plausível para o estabele-cimento e recuperação de pastagens.

Com base no que foi exposto, depreende-se que a pastagem, em sua fase de pós-estabelecimento, reúne condições favorá-veis para o uso de fosfatos naturais debaixa reatividade. É um sistema perene oupelo menos de longa duração, com baixosrequerimentos externos de fósforo após afase de estabelecimento. Para as espéciestolerantes à acidez, os solos de pastagenspodem ser mantidos em nível de acidez quefavorece a solubilização destes fosfatos.Além disso, as espécies forrageiras commaior potencial de acidificação da rizosferafavorecem o aproveitamento do fósforo deuma fonte natural. Entretanto, como discu-tido anteriormente, o seu uso aplicado alanço e incorporado não é recomendável,sobretudo por não atender à alta demandainicial de fósforo da forrageira, nem à baixademanda de manutenção, diante da elevadacapacidade de adsorção de fósforo dos so-los tropicais, em geral (CANTARUTTI etal., 1999b).

Doses de fósforo

As doses de fósforo, para os diferentesníveis tecnológicos, recomendadas para oestabelecimento e manutenção de pasta-gens, em função da disponibilidade defósforo e de acordo com a textura ou com oteor de fósforo remanescente encontram-se nos Quadros 2 e 3. Segundo Cantaruttiet al. (1999b), sistemas de alto nível tecno-lógico são aqueles em que as pastagens

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50 Pastagem

são divididas em piquetes com manejorotativo, recebem insumos (calagem, fer-tilização e irrigação), o que possibilita atin-gir as taxas de lotação potencial de cadaespécie forrageira. Em sistemas onde apastagem constitui o principal alimento nadieta dos animais, podem ser consideradasas seguintes taxas de lotação: Pennisetumpurpureum, Cynodon dactylon e C.nlenfluensis (5 a 7 UA/ha), Pannicummaximum (4 a 6 UA/ha), Brachiariabrizantha (4 a 5 UA/ha), B. decumbens, B.ruziziensis e Setaria anceps (3 a 4 UA/ha).Os sistemas de baixo nível tecnológicocaracterizam-se pelo manejo com taxas delotações menores que 1 UA/ha/ano, va-riando de acordo com a sazonalidade re-gional. Por sua vez, os sistemas de médionível tecnológico caracterizam-se por inten-sidade de pastejo e taxas de lotação inter-mediárias.

No caso de decidir-se pelo uso do fos-fato natural, na implantação de pastagem,para solos com baixa disponibilidade defósforo em sistemas de baixo a médio níveltecnológico, recomenda-se a aplicação de250 a 500 kg/ha deste fosfato, incorporadosnos primeiros 15 cm. Em solos mais argi-losos, maior eficiência pode ser conseguidaaplicando-se o fosfato em sulcos espaça-dos de 30 a 50 cm. Chama-se atenção parao fato de que o uso do fosfato natural nãoelimina a necessidade de aplicar parte dadose recomendada como fonte solúvel.Ainda para sistemas de produção de baixoe médio nível tecnológico, com a finalida-de de atender à demanda de manutenção,pode ser utilizado em cobertura de 300 a600 kg/ha/ano de fosfato natural, sendo asmenores doses recomendadas para soloscom média disponibilidade de fósforo epara solos arenosos e as maiores para so-los com baixa disponibilidade de fósforo epara solos argilosos (CANTARUTTI et al.,1999b).

ADUBAÇÃO POTÁSSICA

O potássio desempenha um papel fun-damental não só no metabolismo vegetal,mas também na translocação de carboi-

60 - 100 0 - 9 80 45 0

35 - 60 9 - 19 70 35 0

15 - 35 19 - 33 50 25 0

0 - 15 33 - 60 30 15 0

60 - 100 0 - 9 100 80 0

35 - 60 9 - 19 90 70 0

15 - 35 19 - 33 70 50 0

0 - 15 33 - 60 50 30 0

60 - 100 0 - 9 120 100 50

35 - 60 9 - 19 110 90 40

15 - 35 19 - 33 90 70 30

0 - 15 33 - 60 70 50 20

QUADRO 2 - Recomendação de adubação fosfatada para o estabelecimento de pastagens em

sistemas com diferentes níveis tecnológicos, considerando a disponibilidade de

fósforo de acordo com a textura do solo ou com o fósforo remanescente (P-rem)

Disponibilidade de PArgila

(%)

P-rem

(mg/L)Baixa

(kg/ha de P2O5)

Média

(kg/ha de P2O5)

Alta

(kg/ha de P2O5)

Baixo nível tecnológico

FONTE: Cantarutti et al. (1999b).

Médio nível tecnológico

Alto nível tecnológico

60 - 100 0 - 9 40 0 0

35 - 60 9 - 19 30 0 0

15 - 35 19 - 33 20 0 0

0 - 15 33 - 60 15 0 0

60 - 100 0 - 9 50 30 0

35 - 60 9 - 19 40 25 0

15 - 35 19 - 33 30 20 0

0 - 15 33 - 60 20 15 0

60 - 100 0 - 9 60 40 0

35 - 60 9 - 19 50 30 0

15 - 35 19 - 33 40 20 0

0 - 15 33 - 60 30 15 0

QUADRO 3 - Recomendação de adubação fosfatada para a manutenção de pastagens em sistemas

com diferentes níveis tecnológicos, considerando a disponibilidade de fósforo de

acordo com a textura do solo ou com o fósforo remanescente (P-rem)

Disponibilidade de PArgila

(%)

P-rem

(mg/L)Baixa

(kg/ha de P2O5)

Média

(kg/ha de P2O5)

Alta

(kg/ha de P2O5)

Baixo nível tecnológico

FONTE: Cantarutti et al. (1999b).

Médio nível tecnológico

Alto nível tecnológico

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51Pastagem

dratos produzidos nas folhas para outrosórgãos da planta. Assim, tem influênciaindireta sobre a taxa de fotossíntese. Eleestá diretamente relacionado com o contro-le de abertura e fechamento dos estômatos,portanto desempenha papel fundamentalno balanço hídrico da planta. O potássio éainda, um ativador de enzimas (BRAGA;YAMADA, 1984 apud WERNER 1986b,1994).

Conforme resultados do trabalho deMonteiro et al. (1995), conduzido em solu-ção nutritiva com a Brachiaria brizanthacv. Marandu, a deficiência de potássio nãoestá relacionada com a redução do cresci-mento desta gramínea, no que tange à pro-dução de matéria seca e ao número de perfi-lhos. Estes pesquisadores verificaram queos teores de potássio na parte aérea e nasraízes foram marcadamente mais baixos doque nas plantas da solução nutritiva com-pleta. Os sintomas de deficiência de potás-sio, por sua vez, surgiram a partir da terceirasemana após o transplantio para os vasos,com plantas exibindo folhas estreitas enecrose nas margens das lâminas foliares.

A resposta ao potássio está relaciona-da com as doses dos outros nutrientes.De acordo com SANZONOWICZ (1986 apudWERNER, 1994), o efeito da adubação po-tássica na Brachiaria decumbens depen-deu da dose de fósforo usada e, para ummesmo nível de fósforo aplicado, a respostatendeu a ser maior na presença da calagem.Pereira (1987), com base em trabalhos con-duzidos no Centro Internacional de Agri-cultura Tropical (CIAT), menciona quedoses relativamente baixas de potássio fo-ram suficientes para o estabelecimento daBrachiaria humidicola (12,1 kg/ha de K2O)e das Brachiaria decumbens e Brachiariabrizantha (22,2 kg/ha de K2O). No entanto,com 200 kg/ha/ano de N exigiram-se aplica-ções anuais superiores a 50 kg/ha de K2O,para manter produtivas as pastagens. Istodecorre do fato de que altos níveis de nitro-gênio, ao promoverem uma elevada produ-ção de fitomassa, acarretam uma extraçãomuito elevada de potássio do solo pelasplantas, especialmente em regime de cortes.

Em solos originalmente supridos em po-tássio, não se esperam problemas de suadeficiência nas pastagens, uma vez quehá uma reciclagem desse nutriente peloretorno ao pasto das fezes e das urinasdos animais. No entanto, quando os teoresde potássio no solo são baixos, é necessá-rio aplicá-lo para corrigir sua limitação.Da mesma forma, em áreas de pastejo inten-sivo, com aplicação de doses elevadas denitrogênio, deve-se dar maior atenção àadubação potássica, para que o efeito daadubação nitrogenada possa ser maximi-zado (WERNER, 1994).

Recomendações de adubação potássi-ca para o estabelecimento e manutençãode pastagens em sistemas de diferente ní-vel tecnológico, considerando a disponibi-lidade de potássio no solo, encontram-seno Quadro 4.

ADUBAÇÃO COM ENXOFRE

O enxofre desempenha um papel impor-tante nas plantas. Ele é encontrado em algunsaminoácidos e melhora a nodulação dasleguminosas forrageiras, estimula o cresci-mento e a formação de sementes, é essen-cial para transformar o nitrogênio nãoprotéico em proteína, além de aumentar aresistência ao frio e à seca e ser demandado

em quantidades semelhantes ao fósforo.Apesar disso, é um macronutriente pou-co lembrado na adubação das pastagens(SOUSA et al., 2001).

Quanto à resposta à adubação comenxofre, Sousa et al. (2001) verificaram, numLatossolo Vermelho-Amarelo de Cerrado,com 26% de argila, uma perda de produtivi-dade da pastagem de Brachiaria decumbens,onde não se aplicou gesso, principalmen-te no terceiro ano após o estabelecimento.O aumento no rendimento de matéria secacom a aplicação de 200 kg/ha de gesso porocasião da semeadura da braquiária foide até 174%. Em outro trabalho, conduzi-do em um solo de Cerrado com 19% deargila, para recuperação de pastagem de-gradada de Brachiaria brizantha cv. Ma-randu, Sousa et al. (2001) observaram quea adição de apenas 200 kg/ha de gessoaumentou o rendimento de matéria secaem até 50%.

Levando-se em conta somente o for-necimento de S, doses da ordem de 100 a250 kg/ha de gesso seriam suficientes pa-ra corrigir sua deficiência para a maioriadas culturas. Além do gesso agrícola (14a 17 dag/kg de S), deve-se considerar oemprego de outros fertilizantes que pos-suem S em sua formulação, como o super-

Baixo 20 0 0

Médio 40 20 0

Alto 60 30 0

Baixo 40 0 0

Médio 100 40 0

Alto 200 100 0

Baixa

(kg/ha de K2O)

QUADRO 4 - Recomendação de adubação potássica para o estabelecimento e manutenção de pas-

tagens em sistemas com diferentes níveis tecnológicos, considerando a disponi-

bilidade de potássio no solo

FONTE: Cantarutti et al. (1999b).

(1) Baixa: < 40 mg/dm3; Média: 40 a 70 mg/dm3; Boa: > 70 mg/dm3.

(1)Disponibilidade de K no solo

Média

(kg/ha de K2O)

Boa

(kg/ha de K2O)

Nível tecnológico

Estabelecimento

Manutenção

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52 Pastagem

fosfato simples (12 dag/kg de S) e o sulfatode amônio (24 dag/kg de S) (ALVAREZ V.et al., 1999).

ADUBAÇÃO COMMICRONUTRIENTES

São escassos os trabalhos de adubaçãocom micronutrientes em pastagens exclu-sivas de gramíneas, não sendo comprova-da de forma evidente a importância delespara o estabelecimento destas pastagens.Apesar disso, a preocupação com suas de-ficiências vem crescendo, de modo especialnos solos de Cerrado. Para as leguminosas,contudo, eles são relativamente mais impor-tantes. O molibdênio é particularmentenecessário para o processo de fixação denitrogênio pelo rizóbio (SOUSA et al., 2001).Além do molibdênio, nas áreas de Cerrado,micronutrientes, como boro, cobre e zinco,pela comprovada deficiência, merecem tam-bém especial atenção, sendo recomenda-dos por ocasião da semeadura ou plan-tio. Merece ainda ser lembrado que não seespera, segundo Werner (1994), que a adu-bação com micronutrientes possa resul-tar em aumentos de produção de forragemem pastagens exclusivas de gramíneas,enquanto os chamados macronutrientesnão forem fornecidos em quantidades ade-quadas, visto que suas deficiências sãomais limitantes.

Quanto às doses de micronutrientes aserem recomendadas, é citado que uma mis-tura de 0,2; 2,0; 2,0 e 1,0 kg/ha, respectiva-mente, de molibdênio, zinco, cobre e boro,normalmente, satisfaz a exigência da maio-ria das plantas forrageiras (SOUSA et al.,2001). Cantarutti et al. (1999b), por sua vez,recomendam para corrigir as deficiênciasde zinco, comuns nas áreas de Cerrado, aaplicação de 2 kg/ha de Zn, equivalente a10 kg/ha de sulfato de zinco, juntamente coma adubação fosfatada por ocasião do plan-tio. Ainda, segundo estes autores, de formageral, os micronutrientes podem ser aplica-dos por meio de fritted trace elements(FTE) nas formulações BR-10 ou BR-16,recomendando-se de 30 a 50 kg/ha com aadubação fosfatada.

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1Zootecnista, D.Sc., Pesq. EPAMIG-CTZM, Vila Gianetti, 46, Caixa Postal 216, CEP 36571-000 Viçosa-MG. Correio eletrônico: [email protected] Agro, D.Sc., Prof. UFV - Depto Zootecnia, CEP 36571-000 Viçosa-MG. Corrreio eletrônico: [email protected], Doutorando, UFV - Depto Zootecnia, CEP 36571-000 Viçosa-MG.

Importância do manejo do pastejosobre a persistência e a sustentabilidade da pastagem

Domingos Sávio Queiroz1

Dilermando Miranda da Fonseca2

Luciano de Melo Moreira3

INTRODUÇÂO

A contribuição das pastagens para aprodução de bovinos no Brasil é inquestio-nável. Da área utilizada pela agropecuária,estima-se que 75% sejam ocupadas porpastagens, o que corresponde a, aproxima-damente, 20% da área total do País. Alémda sua grande abrangência, as plantas for-rageiras são importantes, pois 88% da carneproduzida no País é oriunda de rebanhosmantidos exclusivamente em pasto. Nes-te cenário, constata-se, com relativa fre-qüência, falhas no sistema de produção debovinos em pastejo, em conseqüência dafalta de uso de estratégias e tecnologias

apropriadas, geralmente associadas como manejo inadequado do solo e da planta(PENATI et al., 1999), tornando-as sujei-tas ao processo de degradação. Segun-do Macedo et al. (2000), aproximadamente80% dos quase 60 milhões de hectares dasáreas de pastagens do bioma Cerradosapresentam algum estádio de degradação.Para reverter este quadro, o manejo da pas-tagem constitui uma das principais ferra-mentas. O manejo adequado deve ser combase em técnicas e estratégias que consi-dere a aplicação de princípios de fisiologiae morfologia das plantas forrageiras visan-do não só assegurar a produção animal,

mas também garantir o vigor e conseqüen-temente a perenidade da pastagem.

No Brasil, explora-se um número grandede espécies forrageiras e, dentro de cadaespécie, pode ocorrer grande número de cul-tivares, ampliado freqüentemente pelo lan-çamento de novas cultivares. Isto faz comque o manejo de pastagens no Brasil conti-nue sendo praticado mais como “arte” que“ciência”, uma vez que não se dispõe de infor-mações básicas e essenciais para o plane-jamento e desenvolvimento de sistemaseficientes e efetivos de exploração com res-paldo do conhecimento científico dessasplantas forrageiras (SILVA; PEDREIRA, 1997).

Resumo - O manejo do pastejo produz grande efeito sobre a maioria dos processos emsistemas que se baseiam no uso de pastagens. O estudo de fluxo de tecidos, por meio deprocessos morfogênicos, vem constituindo importante instrumento para o conhecimen-to detalhado da fisiologia e morfologia das plantas forrageiras e de sua interação com ocomportamento do animal em pastejo. Três características morfológicas básicas têm sidoestudadas: taxa de aparecimento, taxa de alongamento e duração de vida das folhas. Essascaracterísticas influenciam diretamente as características estruturais do pasto, definidaspelo número de folhas por perfilho, pelo tamanho de folhas e pela população de perfilhos.O objetivo final dos estudos de morfologia e da dinâmica de folhas e perfilhos é forne-cer novas informações que possibilitem a construção de uma base de conhecimento capazde auxiliar o pecuarista no processo de tomada de decisão a respeito de como manejar opastejo. Esses aspectos, ao lado dos recursos físicos, tais como tipo de solo, topografia,condições climáticas, fertilização, e dos recursos animais, definirão a capacidade de o sistemade produção manter sua longevidade e sustentabilidade.

Palavras-chave: Brachiaria. Estrutura do pasto. Morfogênese. Cynodon. Panicum. Plantaforrageira.

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EFEITO DO MANEJO INADEQUADONA DEGRADAÇÃO DE PASTAGENS

A demanda de conhecimento e de téc-nicas, que visam à sustentabilidade dossistemas de produção animal e à necessi-dade crescente de preservar os recursosambientais, como o solo e a água, minimi-zando os impactos negativos da erosão ecompactação, constitui alvo permanente domanejo de pastagens. Em geral, a perda dacapacidade produtiva de um pasto estáestreitamente relacionada com o manejoinadequado durante vários anos. Even-tualmente, há casos em que falhas ligadasao seu estabelecimento concorrem para suadegradação. O superpastejo, a deficiênciade nitrogênio e de outros nutrientes e ouso da queima são os principais agravantesque contribuem para a situação encontra-da hoje nas pastagens. A dificuldade docriador em administrar a estacionalidade deprodução das forrageiras constitui um gran-de problema. Normalmente, ele adota umataxa de lotação animal na pastagem, que,apesar de permitir grandes sobras na esta-ção de crescimento das forrageiras, podeprovocar pastejo excessivo no período frioe seco do ano, quando o pasto apresentataxa de crescimento muito baixa. Se o exces-so de forragem disponível não é consu-mido, o produtor faz uso da queima paraeliminar a macega e favorecer a brotaçãona estação de crescimento seguinte. Entreas causas que têm levado as pastagens cul-tivadas à degradação, o esgotamento dafertilidade do solo e o manejo inadequadodas plantas são as mais comuns. Este fatotem levado os pecuaristas a uma cíclicasubstituição das espécies forrageiras, porespécies menos exigentes em nutrientes e,freqüentemente, de menor valor nutritivo.

Por definição, considera-se que umapastagem está degradada, quando elasofreu diminuição considerável na sua pro-dutividade potencial para as condiçõesedafoclimáticas e bióticas a que está sub-metida (SPAIN; GUALDRON, 1991), oca-sionada por um processo evolutivo de per-da do vigor e da capacidade de recuperaçãonatural. Isso torna a pastagem incapaz de

manter determinado número de animais porcerto período e superar efeitos nocivos depragas, doenças e invasoras (MACEDO,1995). As principais fases de degradaçãode uma pastagem incluem o distúrbio fisio-lógico da espécie principal com perda devigor, mudanças na composição botânicado pasto, com invasão de novas espécies,desaparecimento da espécie principal e di-minuição da densidade de invasoras menospalatáveis, que passam a ser consumidaspelos animais, levando à ocorrência deáreas de solo descoberto. Uma vez atingi-da a última fase, o restabelecimento da suacapacidade produtiva torna-se bastanteoneroso (STODDART apud NASCIMEN-TO JÚNIOR et al., 1994).

O manejo da pastagem ganha impor-tância no processo de degradação, princi-palmente pela possibilidade de ajustar opastejo às condições de produção do pas-to. Assim, em condições que limitam aprodutividade e em períodos de estresse,a taxa de lotação animal deve ser reduzida,de modo que não comprometa a sobrevi-vência da planta. A taxa de lotação animalna pastagem deve estar compatibilizadacom sua taxa de crescimento momentânea,a fim de representar pressão ótima de pas-tejo que não comprometa a persistênciada forrageira na pastagem e o equilíbriodo complexo clima-solo-planta-animal(NASCIMENTO JÚNIOR et al., 1994). Istosó pode ser atingido com o pleno conhe-cimento das características da espécieforrageira, incluindo a sua morfologia,fisiologia e o modo como responde às con-dições do meio ambiente em que a pasta-gem se insere.

MANEJO DO PASTO COM BASENA MORFOFISIOLOGIAE NA ESTRUTURA

O manejo do pastejo produz um grandeefeito sobre a maioria dos processos envol-vidos em sistemas que se baseiam no usode pastagens. Além de afetar o crescimentoe a morfologia das plantas, exerce efeitosobre a reciclagem de nutrientes, modifi-cando a quantidade e a qualidade da

matéria orgânica no solo. Nascimento Jú-nior et al. (2002), fazendo uma retrospectivahistórica da evolução dos fundamentospara o manejo de pastagens, ressaltamdiversas fases. As primeiras pesquisas de-monstraram a estreita relação entre carboi-dratos de reserva, índice de área foliar (IAF)e interceptação luminosa sobre o cresci-mento das forrageiras (GRABER, 1927;BROUGHAM, 1956 apud NASCIMENTOJÚNIOR et al., 2002). Apesar das dificul-dades na obtenção da medida dos teoresde carboidratos de reserva e do IAF, essesconceitos vigoraram até a década de 70.

A estrutura da planta passa a ser consi-derada como componente do manejo dapastagem a partir da década de 70. Contudo,Blaser et al. (1973) ainda continuam ressal-tando o papel dos carboidratos de reservae do IAF, mas acrescentam a questão dasobrevivência de meristemas apicais paraa rebrota do pasto. Diferenças de compor-tamento entre gramíneas de crescimentocespitoso ou estolonífero são destacadas.No caso de gramíneas estoloníferas, a rebro-tação não é tão dependente das reservas,uma vez que o crescimento inicial ocorre apartir da atividade fotossintética de folhasremanescentes, ou seja, do IAF residual.Esses conceitos prevaleceram nos artigossobre manejo da pastagem, apresentadosnos Informes Agropecuários da décadade 80 (ESCUDER, 1980; ZUÑIGA, 1985;GOMIDE, 1988).

Os trabalhos mais recentes, conduzidoscom gramíneas temperadas, na década de90, mostraram que a contribuição dos car-boidratos de reserva para a rebrotação degramíneas forrageiras concentra-se somen-te nos dois primeiros dias após a desfo-lhação. Com base nesses trabalhos, Nasci-mento Júnior et al. (2002) apresentam osconceitos que vêm ganhando maior con-sistência:

a) a mobilização das reservas orgânicasé a principal fonte de carbono e nitro-gênio da planta logo após a desfo-lhação;

b) a contribuição direta dos carboidra-tos de reserva, suprindo carbono

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para as zonas de crescimento daplanta, após uma desfolhação, é pe-quena e de curta duração;

c) a principal função dos carboidratosde reserva, após a desfolhação daplanta, é o fornecimento de energiapara respiração da parte aérea e ma-nutenção da integridade e funciona-mento das raízes, o que é importantepara a continuidade da absorção deágua e nutrientes após a desfolha-ção;

d) os compostos nitrogenados de re-serva são importantes para o supri-mento de nitrogênio e de carbonopara as zonas de crescimento daplanta, após a desfolhação, devidoà redução temporária da capacida-de de aquisição de nitrogênio pelasplantas desfolhadas;

e) a rebrotação das plantas forrageiras,após uma desfolhação, apresentamaior dependência, em magnitude eduração, dos compostos nitrogena-dos de reserva do que dos carboidra-tos de reserva.

A partir dessa nova concepção, criou-se a necessidade do conhecimento deta-lhado da fisiologia e morfologia das plantasforrageiras e de sua interação com o com-portamento animal em pastejo, o que levoua implementação de estudos minuciososdo crescimento e do desenvolvimento deplantas forrageiras. Corsi et al. (1994) con-cluíram que a definição da freqüência ealtura de pastejo nas espécies forrageiraspodem ser obtidas por meio de estudos so-bre a taxa de alongamento, aparecimento,senescência de folhas e ontogenia de per-filhos. Silva e Pedreira (1997) afirmam queo ponto de colheita da forrageira que mini-mize as perdas de matéria seca verde porsenescência pode ser determinado para asdiferentes espécies e cultivares através deestudos de fluxo e renovação de tecidos(dinâmica de acúmulo de matéria seca),aliados a avaliações de demografia de per-filhos. Esses aspectos, ao lado dos recur-sos físicos, tais como: tipo de solo, topo-

grafia, condições climáticas, infra-estruturada propriedade e dos recursos animais (ra-ça, grau de seleção, aptidão, exigência nu-tricional, etc.), definirão a capacidade de osistema de produção manter sua longevi-dade e sustentabilidade.

Folhas e perfilhos constituem as unida-des básicas consumidas pelos bovinos nosistema de produção em pasto. Conhecer adinâmica de crescimento e desenvolvi-mento dessas frações da planta constituio alvo de estudos de morfogênese, quepode ser descrito por três característicasmorfológicas básicas: taxa de aparecimen-to (TApF), taxa de alongamento (TAlF) eduração de vida das folhas. Embora de-terminadas geneticamente, essas carac-terísticas são influenciadas por variáveisde ambiente como temperatura, luz, água,nutrientes presentes no solo, estação doano e intensidade de desfolhação (NASCI-MENTO JÚNIOR et al., 2002).

As características morfológicas do pas-to influenciam diretamente as suas caracte-rísticas estruturais, que são definidas pelonúmero de folhas por perfilho, pelo tama-nho de folhas e pela população de perfilhos

que, por sua vez, irão determinar o índicede área foliar (IAF), que é o fator determi-nante da interceptação de luz pelo dossel(Fig. 1). A TApF desempenha papel centralna morfogênese e, por conseqüência, noIAF, pois influencia diretamente cada umdos três componentes da estrutura do pas-to, como se pode ver na Figura 1. Dentreos fatores ambientais, a temperatura exerceuma grande influência sobre a TApF, mas avariação entre espécies e cultivares deter-mina grandes diferenças na estrutura dopasto pelo seu efeito sobre o tamanho dafolha e a população de perfilhos. Outra ca-racterística importante para o manejo efi-ciente de pastagens é o conhecimento daduração de vida da folha, uma vez que elaafeta a proporção e a quantidade da pro-dução bruta de forragem que pode ser efe-tivamente colhida em sistemas de produ-ção de bovinos (LEMAIRE; CHAPMAN,1996).

As características estruturais da vege-tação como a altura do pasto, densidadede perfilhos (perfilhos/m2), distribuição dosperfilhos, IAF, proporção de perfilhos vege-tativos, reprodutivos e mortos, densidade

Figura 1 - Diagrama da relação entre as principais características morfogênicas degramíneas e os componentes da estrutura do pasto

FONTE: Lemaire e Chapman (1996).

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da biomassa vegetal (kg/ha.cm), acúmulode material morto e, principalmente paragramíneas tropicais, relação folha:colmo,determinam o nível de pastejo seletivo exer-cido pelos bovinos, assim como a eficiênciacom que colhem a forragem na pastagem,interferindo no padrão de consumo de nu-trientes (STOBBS, 1973ab).

Entretanto, ainda existem poucos estu-dos sobre a morfogênese de gramíneastropicais, enquanto nas regiões de ambien-te temperado, onde a produção animal écom base na exploração de três ou quatroespécies forrageiras, existe um nível de co-nhecimento bastante significativo sobresua biologia e ecologia em condições depastagem (FARIA et al., 1996). Ademais, adiversidade de ecossistemas de pastagensexistentes no Brasil e as diferentes intensi-dades de exploração, indo desde sistemasextremamente intensivos com adubaçãoe irrigação até sistemas extensivos comexploração de pastos naturais, dificultamo estabelecimento de uma única estratégiapara o uso de pastagens tropicais. Diantedessas considerações, como obter e utili-zar informações sobre a morfogênese paraa definição do manejo mais adequado depastagens tropicais? Obviamente que apesquisa deve oferecer ao produtor umaferramenta de controle que seja de fácil apli-cação em campo e que otimize a explora-ção de todas as variáveis da Figura 1, semque o produtor tenha de se preocupar coma medição de qualquer uma dessas variá-veis isoladamente. Os trabalhos de pesqui-sa citados nos tópicos seguintes avaliamcaracterísticas morfogênicas e estruturaise buscam correlacionar a melhor estratégiade manejo com base na altura de pastejo.Embora a altura de entrada e a altura desaída dos animais da pastagem venhamsendo usadas há muito tempo como refe-rência de manejo, a novidade é que as reco-mendações atuais incluem a otimização decaracterísticas como a taxa de alongamen-to e de senescência de folhas, número deperfilhos, acúmulo de colmos, etc. São fo-calizadas espécies recentemente lançadas,embora os manuais de manejo de pastagensainda contenham poucas informações.

MORFOGÊNESE E MANEJO

Nas regiões temperadas, os resultadosde pesquisa mostraram que em pastos ma-nejados com lotação contínua, a produçãolíquida de forragem verde, que é a diferençaentre o crescimento da forrageira e a perdade folhas e colmos por morte, permane-cia relativamente constante numa grandeamplitude de condições de pasto. Assim,embora o acúmulo total de massa de for-ragem crescesse com o aumento da alturae da área foliar do pasto, a taxa de senes-cência de folhas elevou-se linearmente,neutralizando qualquer ganho em mas-sa líquida de forragem verde (Gráfico 1).Ou seja, não houve vantagem ao permitirum grande acúmulo de forragem residualno pasto, pois a produção líquida que po-tencialmente poderia ser colhida pelo animalem pastejo praticamente não se alteravacom esse procedimento.

O acúmulo de forragem é definido comoa diferença entre a taxa de crescimento detecido vegetal e a taxa de perda de tecidospor senescência, decomposição e remoçãopelos animais. Pastos mantidos mais baixospor desfolhações mais intensas geralmenteapresentam menor proporção de materialmorto, pois apresentam menores valoresde senescência de tecidos foliares do queáreas não pastejadas. Assim, mudanças naestrutura do pasto não resultam, necessa-riamente, em aumento no acúmulo de for-ragem verde, uma vez que altas taxas decrescimento podem ser neutralizadas pormaiores taxas de senescência.

As respostas de animais em pastejoem termos de consumo de forragem e de-sempenho animal também estão relacio-nadas com variações na estrutura do pasto.Normalmente o consumo e o desempenhoanimal aumentam com a elevação na massade forragem, oferta de forragem, altura dopasto e resíduo pós-pastejo, atingindo umvalor máximo variável com a espécie e acategoria animal. As estratégias de mane-jo do pasto com base na morfogênese e naestrutura do pasto buscam compatibilizaros interesses da sustentabilidade da forra-geira e da maximização da produção animal,

otimizando a utilização dos fatores de pro-dução como fertilizantes, irrigação, suple-mentação, etc.

Concluiu-se que existe um mecanismode auto-regulação do sistema que permitemanter o estado de equilíbrio de suas variá-veis essenciais, por meio do qual mudançascompensatórias na densidade de perfilhose no fluxo de tecidos de perfilhos individuaisinteragem, para manter relativamente cons-tante a taxa de produção líquida de forra-gem. Isto indica que o manejo do pastejoaplicado dentro de limites que excluem assituações extremas, como sub ou super-pastejo, não promove ganhos na produçãolíquida de forragem. Esta observação impli-ca numa importante conseqüência práti-ca, uma vez que permite uma ampla faixade liberdade para o manejador tomar a deci-são de uso da pastagem com pouca reper-cussão no potencial de colheita da forra-gem. A pergunta que se faz é: as forrageirastropicais comportam-se também dessa ma-neira?

RESPOSTAS DE PLANTAS E ANIMAISA SISTEMAS DE MANEJO

Gênero Cynodon

As forrageiras do gênero Cynodon, pelasua adaptação às regiões de clima tropicale subtropical e bom potencial de produção,constituem excelente opção para sistemasde produção em pasto.

As cultivares do gênero Cynodon spp.,Tifton 85, Florakirk e Coastcross foramsubmetidas ao pastejo com lotação contí-nua e taxa variável utilizando-se ovinos comalturas de pastejo de 5, 10, 15, e 20 cm dopasto. O pressuposto era que as alturas dopasto produzissem uma amplitude grandede condições, variando de pastejo pesadoa pastejo leve para cada cultivar estudada.Os resultados obtidos mostraram compor-tamento bastante semelhante àquele obser-vado com forrageiras temperadas (Gráfi-co 1), variando-se apenas o valor absolutodas frações de forragem acumuladas e aaltura do pasto em que os equilíbrios ope-ravam, conforme observa-se no Gráfico 2.

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Houve uma amplitude de condições depasto que variou de 10 a 20 cm de alturadas plantas forrageiras, com disponibi-lidade de forragem de 3.500 a 5.500 kg dematéria seca por hectare, respectivamen-te, na qual as taxas de acúmulo de forragemlíquida foram relativamente constantes(SILVA; CORSI, 2003). Os ganhos de peso

vivo de ovinos em crescimento alcançaramrendimento máximo na altura de pastejode 15 cm do pasto, equivalente à massa deforragem medida no nível do solo de 5 milkg de matéria seca/ha.

Diferentemente do trabalho de Pinto(2000 apud SILVA; CORSI, 2003), queavaliou sob pastejo contínuo, Oliveira

et al. (2000b) usaram variáveis morfogê-nicas para determinar o melhor período dedescanso do capim-tifton 85 durante aestação de crescimento para uso sob pas-tejo rotativo. Com base na taxa de apareci-mento, taxa de alongamento e senescênciade lâminas foliares, Oliveira et al. (2000b)definiram um período de descanso de 28dias que otimiza a disponibilidade de folhasverdes, com as menores taxas de senes-cência e perda de matéria seca. Do mesmomodo, a melhor combinação entre rendi-mento e valor nutritivo da forragem produ-zida foi obtida entre 28 e 35 dias de rebrota(OLIVEIRA et al., 2000a).

Trabalhos de pesquisa realizados naEmbrapa Gado de Leite, segundo relato deVilela (2004), revelaram o potencial das gra-míneas do gênero Cynodon, particular-mente da cultivar Coastcross, manejada soblotação rotacionada para produção de lei-te. Ainda segundo Vilela (2004), o pastejotem sido conduzido com um dia de ocupa-ção e, em média, 32 dias de descanso noperíodo seco (maio a agosto) e 25 dias noperíodo chuvoso (setembro a abril). Adu-bações anuais com 360 kg/ha de nitrogênio,80 kg/ha de P2O5 e 280 kg/ha de K2O,distribuídas em dez aplicações a lanço aolongo do ano, após o pastejo e irrigaçõesno período seco, têm sido realizadas. Pro-duções diárias de 16,6 até 24,3 kg de leitepor vaca por dia têm sido obtidas, depen-dendo da quantidade e da estratégia defornecimento do concentrado às vacas, aolongo de cinco anos de estudo (VILELA,2004). O pastejo com 25 dias de descansono período chuvoso revela uma antecipa-ção em relação à recomendação de Oliveiraet al., 2000b. Obviamente, que outros aspec-tos devem ser levados em consideraçãocomo a dose de adubação e a necessida-de de ofertar uma forragem de alto valornutritivo, uma vez que se tratavam de va-cas holandesas de potencial superior deprodução. Não é mencionado nenhumcomprometimento do pasto ao longo doscinco anos de estudo, o que leva a crer quea cultivar suportou bem o manejo prati-cado.

Gráfico 1 - Frações da forragem acumulada em pastos de azevém perene mantidos soblotação contínua em diversas alturas do relvado

FONTE: Dados básicos: Hodgson (1990).

Gráfico 2 - Dinâmica de acúmulo de forragem em pastos de Cynodon spp. (Coastcross,Tifton 85 e Florakirk) mantido a diversas alturas do dossel por meio de lota-ção contínua e taxa de lotação variável com ovinos

FONTE: Pinto (2000 apud SILVA; CORSI, 2003).

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Gráfico 3 - Dinâmica de acúmulo de forragem em pastos de capim-marandu (Brachiariabrizantha) mantido a diversas alturas do dossel por meio de lotação contínuae taxa de lotação variável por bovinos de corte

FONTE: Sbrissa (2003 apud SILVA; CORSI, 2003).

Gênero Brachiaria

Os mesmos pressupostos aplicados àscultivares de Cynodon spp. foram aplicadosao capim-marandu (Brachiaria brizantha),pastejado por bovinos nas alturas de 10,20, 30 e 40 cm, sob lotação contínua comtaxa variável (SILVA; CORSI, 2003). Para ocapim-marandu a faixa de equilíbrio na altu-ra do dossel forrageiro em que a taxa deacúmulo de forragem líquida foi relativa-mente constante ficou entre 20 e 40 cm,com o equivalente a 8.500 a 12.500 kg dematéria seca por hectare, respectivamente(Gráfico 3). Estes autores concluíram que,assim como para as cultivares de Cynodon,existe uma grande flexibilidade de manejodo pastejo para o capim-marandu, uma vezque a amplitude de condições de pasto emque o equilíbrio foi mantido correspondeua uma ampla faixa de regimes de desfolha-ção possíveis de serem aplicadas em con-dição de campo. Valores ótimos de desem-penho animal no capim-marandu foramobtidos com pastos manejados acima de30 cm de altura, condição que está dentroda faixa de equilíbrio na altura em que ataxa de acúmulo de forragem líquida foirelativamente constante (Gráfico 3).

Cavalcante (2001) avaliou o capim-bra-

quiária (B. decumbens cv. Basilisk) noperíodo chuvoso, manejado nas alturas de10, 15, 20 e 25 cm, com lotação contínua etaxa de lotação variável. O aumento na altu-ra de pastejo de 10 cm para 25 cm elevou adisponibilidade de forragem e a taxa diáriade acúmulo de forragem. Entretanto, a taxade senescência da forragem aumentou ea relação folha/colmo caiu entre 10 cm e25 cm, revelando que a elevação na altura

de pastejo resultou em maior perda de for-ragem e grande acúmulo de colmo na mas-sa forrageira com deterioração do dossel.Embora não avaliado, os dados permitemverificar que o acúmulo de folhas, principalfração consumida pelos animais em paste-jo, não sofreu grandes alterações com asalturas de pastejo estudadas.

Também Grasselli et al. (2000), ao estu-darem pastagem de B. decumbens subme-

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tida a pastejo, nas alturas de 10, 15, 20 e25 cm, com lotação contínua e taxa de lo-tação variável, estimaram máximo rendimen-to forrageiro na altura de 20 cm, mas commenor resposta da fração lâmina foliar aelevação na altura de pastejo. Estes resulta-dos remetem à observação de Silva e Corsi(2003), de que a taxa de acúmulo líquido deforragem não sofre alterações significa-tivas em função da altura de pastejo, den-tro de uma faixa de utilização. No caso daB. decumbens, a faixa de estabilidade deveocorrer a alturas um pouco abaixo daque-las observadas para B. brizantha cv. Ma-randu.

Moreira et al. (2004a) avaliaram o efei-to da adubação nitrogenada nas doses de75, 150, 225 e 300 kg/ha sobre a estruturade Brachiaria decumbens sob pastejo comlotação contínua e taxa de lotação variável,na época chuvosa. A proporção de lâminasfoliares, colmos e a relação lâmina foliar:colmo da forragem mantiveram-se estáveis

Matéria seca (kg/ha) 6.569 7.596 8.017 8.277 L**

Matéria seca verde (kg/ha) 4.290 5.206 5.288 5.846 L**

Perfilhos vivos/m2 1.418 1.884 1.894 2.196 L*

Índice de área foliar 2,5 3,6 3,8 4,1 L+

Lâmina foliar (%) 22 21 23 23 NS

Colmo (%) 44 47 45 48 NS

Material morto (%) 34 32 32 29 L+

Relação lâmina foliar/Colmo 0,50 0,45 0,51 0,48 NS

Taxa de lotação (UA/ha) 3,3 4,6 4,9 5,1 L*

Oferta forragem (kg MS verde/UA) 1.300 1.132 1.079 1.146 NS

Ganho médio diário (g/novilho.dia) 485 553 544 623 NS

Ganho/área (kg/ha) 387 551 606 740 L*

QUADRO 1 - Características estruturais e de produção vegetal e animal em pasto de Brachiaria

decumbens adubado com nitrogênio, sob lotação contínua e taxa de lotação variável

no período chuvoso

Efeito

FONTE: Dados básicos: Moreira et al. (2004ab).

NOTA: +, *, **, significativo a 10%; 5% e 1 % de probabilidade, respectivamente, pelo teste t.

L - Linear; NS - Não significativo.

Característica avaliada

Dose de nitrogênio

(kg/ha)

75 150 225 300

com as doses de nitrogênio, fato atribuídoao ajuste da pressão de pastejo de acordocom a disponibilidade de forragem (Qua-dro 1). Embora o ganho médio diário nãotenha aumentado com as doses de nitrogê-nio, a elevação da taxa de lotação resultouem grande incremento no ganho de pesovivo dos novilhos por área. Apesar dasalterações de desempenho das plantas edos animais em decorrência dos tratamen-tos com adubação nitrogenada, o pasto foimanejado para manter a altura média de20 cm em todos os níveis de adubação.O incremento de produção do pasto e daprodutividade animal pela adubação foiobtido pela elevação na densidade popula-cional de perfilhos, na densidade verticalde forragem e no índice de área foliar.

As características morfogênicas ava-liadas permitiram verificar que a estratégiade manejar o pasto a 20 cm de altura médiacai dentro da faixa de equilíbrio, conformeobservado por Cavalcante (2001) e Grasselli

et al. (2000), independente do nível de adu-bação nitrogenada, evitando o acúmulo decolmos e de material morto na pastagem,que beneficia o desempenho por animale por área. Estes autores não mencionamnenhum comprometimento do pasto emdecorrência da estratégia de manejo ado-tada.

Gênero Panicum

Para o capim-mombaça (Panicummaximum), o estudo foi conduzido sob lo-tação intermitente, utilizando o sistemade pastejo rotativo (SILVA; CORSI, 2003).Os animais utilizados foram vacas de leite,introduzidas nos piquetes, quando o pas-to atingia 95% e 100% de interceptação daenergia luminosa incidente e removidasquando o resíduo pós-pastejo era de 30 cme 50 cm. Segundo estes autores, a altura de30 cm de resíduo visava propiciar condi-ções para colheita eficiente da forragemproduzida e a de 50 cm visava representaras condições normalmente encontradas emfazendas. Observou-se que após o pastejo,a rebrotação inicial deu-se com o acúmulode folhas somente e que, a partir dos 95%de interceptação luminosa pelo pasto, ocor-reu uma mudança drástica, com aumentoacentuado na produção de colmos e mate-rial senescente (Gráfico 4).

Nesse trabalho, Silva e Corsi (2003) ca-racterizaram duas fases claras de rebrotaçãoem função da estratégia de introdução dosanimais nos piquetes. Na primeira fase derebrotação, logo após o pastejo, somentefolhas são produzidas. Quando a rebro-tação encontra-se avançada e condiçõesde restrição ou limitação de luminosidadecomeçam a ocorrer, normalmente acima de95% de interceptação de luz pelo pasto, ocapim-mombaça apresentou alongamentode colmos. Com isso, aumentaram-se osombreamento e a senescência de folhasbasais, resultando em aumento na propor-ção de hastes e material morto na massade forragem pré-pastejo (Quadro 2). O pro-longamento do período de rebrota até 100%de interceptação luminosa comprometeua qualidade da forragem, com redução nosteores de proteína bruta e na digestibilidade

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medida de altura do pasto mostrou relaçãoconsistente com a interceptação luminosa,independente da época do ano, altura deresíduo estudada e estádio fisiológico dagramínea. Assim, atendendo aos critériosde composição morfológica e produção,recomendou-se o uso do capim-mombaçasob pastejo rotativo com entrada dos ani-mais no piquete quando o estrato de folhasdo pasto atingisse 90 cm de altura e saídacom um resíduo pós-pastejo de 30 cm dealtura.

Da mesma forma que no capim-mombaça, trabalhos com capim-tanzânia(MELLO, 2002; PENATI, 2002; BALSA-LOBRE, 2002 apud SILVA; CORSI, 2003),sob condições de pastejo rotativo por bo-vinos de corte, revelaram que a condiçãode 95% de interceptação luminosa pelopasto foi caracterizada consistentementepor uma altura de 65 a 70 cm do estrato defolhas, independente do resíduo de forra-gem pós-pastejo (1.000, 2.500 e 4.000 kg dematéria seca por hectare). Os resultadospermitiram recomendar o manejo do capim-tanzânia sob pastejo rotativo com entradados animais a altura pré-pastejo de 70 cm esaída com resíduo pós-pastejo em tornode 30 cm, sem comprometimento da com-posição morfológica, qualidade nutricio-nal e desempenho de bovinos de corte empastejo.

Corroborando os dados citados emSilva e Corsi (2003), Barbosa et al. (2002),avaliando o comportamento de rebrota-ção do capim-tanzânia pós-pastejo, dei-xando resíduo alto (3.600 kg/ha) e baixo(2.300 kg/ha), também não observaramdiferença no acúmulo líquido de forragem.O pasto cuja rebrotação partiu de resíduobaixo apresentou elevadas taxas de apare-cimento de folhas e perfilhos novos, nãohavendo comprometimento da produçãode forragem.

Para o capim-tanzânia, padrão análogoao comportamento descrito para o capim-marandu foi observado, quando ofertas aci-ma do ótimo para atendimento da capaci-dade de consumo dos animais não propi-ciaram aumentos de desempenho animal,

Gráfico 4 - Dinâmica de acúmulo de forragem em pastos de capim-mombaça (Panicummaximum) sob lotação intermitente com vacas de leite

FONTE: Carnevalli (2003 apud SILVA; CORSI, 2003).NOTA: IL – Interceptação de luz.

Folhas (%) 80,6 85,2 71,4 77,4

Colmos (%) 10,3 5,6 17,6 11,8

Matéria morta (%) 7,7 5,2 11,7 7,7

Matéria seca (T/ha) 27,2 18,2 24,9 20,4

Ciclos de pastejos 7,0 8,3 6,0 5,8

(1)Intervalo médio (dias) 23,0 24,0 38,5 33,0

QUADRO 2 - Características morfológicas, estruturais e de valor nutritivo de pastos de capim-

mombaça submetidos a regime de manejo sob lotação intermitente – janeiro de

2001 a fevereiro de 2002

FONTE: Dados básicos: Bueno (2003) e Uebele (2002) (apud SILVA; CORSI (2003).(1) Média relativa somente ao período de primavera e verão. (2) Média relativa a todo o períodoexperimental.

Interceptação luminosa a entrada dos animais

95% 100%

Resíduo pós-pastejo Resíduo pós-pastejo

30 cm 50 cm 30 cm 50 cm

(2)Altura do pasto (cm) 88,7 115,5

(2)Teor de proteína (%MS) 11,2 9,0

(2)Digestibilidade in vitro 58,1 55,0

Característica

da matéria seca. A produtividade foi maiorpara os tratamentos de 30 cm de resíduopela maior colheita de forragem decorrentedo corte mais baixo em relação ao resíduode 50 cm.

O critério usado para definir a entradadas vacas nos piquetes foi a interceptaçãoluminosa, medida difícil de ser obtida emcondições de fazenda por requerer a dis-ponibilidade de um fotômetro. Contudo, a

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62 Pastagem

certamente em decorrência de alteraçõesna composição morfológica e na estruturado pasto com acúmulo de colmos e materialmorto (Gráfico 5).

Outra variável morfogênica, o númerode folhas vivas por perfilho, razoavelmen-te constante para cada espécie, constituiinformação importante para definir o inter-valo de tempo entre cortes ou pastejos,quando se pretende minimizar a perda porsenescência e morte foliar e, portanto,orientar o manejo das forrageiras, visandomaximizar a eficiência de colheita da forra-gem produzida (GOMIDE, 1997). A faci-lidade na obtenção do número de folhasverdes por perfilho constitui um critérioprático para definição do momento idealde desfolhação, seja ela ocasionada porcorte, seja por pastejo. Alexandrino (2004)concluiu pela vantagem do manejo do pas-tejo de Panicum maximum cv. Mombaçacom período de descanso suficiente para aformação de apenas 2,5 folhas por perfilho,em relação a 3,5 e 4,5 folhas por perfilho.Após três anos de avaliação sob esse cri-tério de manejo, esse autor verificou quenão havia indícios de degradação da pas-tagem, que houve elevação da densidadepopulacional de perfilhos e o desempenhoanimal mostrou-se sempre superior com oretorno do pastejo com 2,5 folhas. Ademais,

o manejo com período de descanso de 2,5folhas foi o único a exercer algum controlesobre o alongamento de colmos, evitandoseu acúmulo excessivo com o avanço daestação de crescimento.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A demanda pela sustentabilidade dossistemas de produção de bovinos em pastoe a imposição crescente da sociedade empreservar os recursos ambientais, como osolo e a água, para minimizar os impactosnegativos da erosão e compactação deve-rão constituir-se em alvo permanente domanejo de pastagens. Falhas no sistemade produção de bovinos em pastejo, emconseqüência da falta de uso de estraté-gias e tecnologias apropriadas, geralmenteassociadas ao manejo inadequado do soloe da planta, tornam essas áreas sujeitas aoprocesso de degradação. A diversidadedos ecossistemas em que as pastagenssão cultivadas e o grande número de espé-cies, com características morfofisiológicasdas mais variadas, dificultam o estabele-cimento de recomendações consistentes.Ainda não se encontram disponíveis infor-mações completas e detalhadas para o pla-nejamento e desenvolvimento de sistemaseficientes e efetivos de exploração de to-das as principais plantas forrageiras. O su-

cesso na utilização das pastagens depen-de não só da escolha da planta forrageira,mas também da compreensão dos mecanis-mos fisiológicos e de sua interação com oambiente, ponto fundamental para supor-tar tanto o crescimento, quanto a manu-tenção da capacidade produtiva da pasta-gem.

A análise do crescimento e do desen-volvimento de plantas forrageiras constituiimportante ferramenta tanto para a caracte-rização do potencial de produção de umadada espécie, como para a definição do po-tencial de uso de um dado ecossistema naprodução animal. Um dos grandes desafiosno manejo de pastagens tem sido, justa-mente, estabelecer as práticas mais eficien-tes, para se alcançar o melhor rendimentosustentável de tais ecossistemas.

A taxa de aparecimento, alongamen-to e duração de vida de folhas representaatualmente o resultado de um grande esfor-ço em determinar um referencial morfogê-nico que permita integrar diferentes carac-terísticas estruturais do pasto, de modo quese atinjam os principais objetivos da pro-dução animal sustentável com base no usode plantas forrageiras. O estudo de fluxode tecidos por meio de processos mor-fogênicos vem constituindo importanteinstrumental para avaliação da dinâmica defolhas e perfilhos em comunidades deplantas forrageiras. O objetivo final doestudo de morfologia e da dinâmica de fo-lhas e perfilhos, como respostas de pro-cessos morfogênicos a diferentes fatoresde produção (clima, solo, animal, planta emanejo), é fornecer novas informações quepossibilitem a construção de uma base deconhecimento capaz de auxiliar o pecuaristano processo de tomada de decisão a res-peito do manejo da pastagem. Importantescaracterísticas estruturais de um dosselforrageiro no seu estado vegetativo podemser determinadas por atributos morfogê-nicos da planta.

Embora o número de trabalhos até ago-ra conduzidos não seja suficientemen-te grande para recomendar uma proposta

Gráfico 5 - Ganho de peso de bovinos de corte em crescimento em pastos de capim-tanzânia (Panicum maximum) submetidos a pastejo rotativo com diversosresíduos de forragem

FONTE: Penati (2002 apud SILVA; CORSI, 2003).

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63Pastagem

de manejo com a consistência necessá-ria, foram apresentadas propostas que vem-se consolidando como as mais apropria-das. Os resultados obtidos por diversospesquisadores demonstram que o mane-jo de desfolhação levando-se em conta osprocessos morfogênicos e estruturais quedeterminam a dinâmica de folhas e perfilhosdentro da comunidade, embora ancoradona altura média do pasto sob lotação contí-nua, ou na altura do pasto à entrada e saídados animais sob lotação intermitente, queé uma referência antiga, estão fundamen-tados em uma nova base de conhecimentoque é muito mais sólida.

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1Enga Agra, M.Sc., Pesq. EPAMIG-CTCO, Caixa Postal 295, CEP 35701-970 Prudente de Morais-MG. Correio eletrônico: [email protected] Agro, D.Sc., Pesq. Embrapa Gado de Leite, R. Eugênio do Nascimento, 610, CEP 36038-330 Juiz de Fora-MG. Correio eletrônico: [email protected] Agro, D.Sc., Pesq. Embrapa Gado de Leite, R. Eugênio do Nascimento, 610, CEP 36038-330 Juiz de Fora-MG. Correio eletrônico: [email protected] Agro, D.Sc., Pesq. Embrapa Milho e Sorgo, Caixa Postal 151, CEP 35701-970 Sete Lagoas - MG. Correio eletrônico: [email protected] Agro, M.Sc., Prof. Adj. UNIVALE- FAAG, Caixa Postal 295, CEP 35020-220 Governador Valadares-MG. Correio eletrônico: [email protected]

INTRODUÇÃO

As pastagens representam a forma maisprática e econômica de alimentação de bo-vinos e constitui a base de sustentação dapecuária no Brasil. Contudo, a maioria delasé formada por espécies tropicais e subtropi-cais que apresentam estacionalidade deprodução, pois têm seu crescimento limi-tado por fatores climáticos.

O déficit hídrico ocorre na maior par-te das áreas agricultáveis, sujeitas à dis-tribuição irregular das chuvas, limitando ocrescimento e a produtividade das plan-tas (BOYER, 1982). Para os trópicos e sub-

Irrigação de pastagensMaria Celuta Machado Viana1

Antônio Carlos Cóser2

Carlos Eugênio Martins3

Camilo de Lelis Teixeira de Andrade4

Carlos Augusto Brasileiro de Alencar5

trópicos, a temperatura e a deficiência hí-drica são os principais fatores limitantesda produção de forragens (MCWILLIAM,1978).

Nas Regiões Central e Sudeste do Bra-sil, a época seca coincide com o inverno,caracterizada por redução de tempera-tura e ausência de chuvas entre os mesesde maio e outubro, ocorrendo uma drásti-ca redução na produção forrageira, situa-ção marcante na pecuária de leite da re-gião, com reflexos negativos na produçãoanimal. Nestas áreas, as pastagens come-çam a enfrentar limitações a partir do outo-

no, quando as temperaturas e as precipi-tações diminuem, pois os capins tropicaise subtropicais que são espécies C4 têmseu ótimo de crescimento entre 30oC e 35oC,com limite superior de 40oC-45oC e redu-zem suas atividades metabólicas quandoa temperatura atinge níveis abaixo de 15oC(ROCHA, 1991). Mais especificamente, emáreas de Cerrado, a baixa disponibilidade eo valor nutritivo da forragem durante aépoca seca implicam em redução da pro-dução de leite e perda de peso dos animaisna pastagem, refletindo em baixa produ-tividade animal.

Resumo - No Brasil, houve um incremento na produtividade de leite nos últimos anos, quepode estar relacionado com a melhoria no manejo da pastagem e na utilização de animaiscom maior potencial produtivo. Em relação ao manejo da pastagem, essa melhoria ocorreutanto pela utilização de forrageiras com maior potencial de produção, quanto pela utilizaçãode insumos, especialmente adubação. Nas regiões em que não há limitação climática, deveu-se, também, à irrigação. A partir dos resultados obtidos em sistemas intensivos de produçãode leite a pasto, pode-se deduzir que, com o uso de forrageiras com alto potencial de produçãode biomassa e de boa qualidade, é possível obter melhoria na produtividade de leite empequenas áreas das propriedades, e o produtor de leite pode diversificar sua atividade, libe-rando parte dela para outras do setor agrícola. Embora a irrigação seja excelente alternativade aumento na produção de forragem, pesquisas devem ser conduzidas para estudar ainteração entre água e nutrientes, a influência do clima na resposta à irrigação, enfocando osperíodos de maior limitação, a resposta das principais forrageiras à irrigação e a determinaçãode fatores relacionados com a técnica de irrigação de forrageiras, tais como a determinaçãoda lâmina e freqüência de irrigação, dentre outros.

Palavras-chave: Gramínea forrageira. Pastagem irrigada. Produção animal. Produção deforragem. Qualidade da forragem. Forrageira tropical.

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Uma das opções para diminuir a esta-cionalidade na produção de forrageiras noperíodo da seca é a utilização da irrigaçãonesta época. Com relação ao emprego dairrigação durante o período seco do ano,com o objetivo de diminuir a estacionali-dade da produção de forrageiras, existemcontrovérsias entre os resultados obti-dos, que variam com a espécie estudada eo local.

Em regiões onde ocorre limitação de tem-peratura na estação seca do ano, a irrigaçãopassa a ser fator secundário no aumentoda produção forrageira. Em vários traba-lhos conduzidos durante o inverno, nãofoi observado efeito prático do uso da irri-gação para minimizar a estacionalidade daprodução, indicando que outros fatores,tais como a temperatura e o fotoperíodo,estão influenciando na produção de ma-téria seca das forrageiras (CARVALHO etal., 1975; MARCELINO et al., 2003). Nestascondições, é aconselhável irrigar por oca-sião da ocorrência de veranicos na épocadas chuvas e quando a temperatura e ofotoperíodo não são limitantes à produçãode forragem. Nesse sentido, a irrigação depastagem pode-se constituir em prática demanejo, com o objetivo de eliminar os efei-tos do déficit hídrico, durante o verão e,assim, proporcionar maior economicidade,quando associada ao uso de fertilizantes,principalmente os nitrogenados, para maxi-mizar o potencial de produção das gramí-neas forrageiras tropicais.

Nas regiões em que as condições detemperatura e o fotoperíodo no inverno nãosão limitantes à produção da planta forra-geira, têm-se verificado respostas conside-ráveis da irrigação em pastagens durante aépoca seca.

A crescente valorização das terras agri-cultáveis, principalmente aquelas localiza-das próximas aos grandes centros consu-midores, pressiona o produtor a intensificaro nível de produtividade da agropecuária,para torná-la competitiva.

Ao se pensar no aumento da produti-vidade de leite no âmbito de propriedaderural, uma das opções que mais têm-se des-tacado refere-se à intensificação da produ-

ção de leite a pasto, pelo uso racional detecnologias relacionadas com o manejo dosolo, do ambiente, da planta e do animal.

ESCOLHA DA FORRAGEIRAPARA UTILIZAÇÃOEM SISTEMAS IRRIGADOS

Ultimamente, tem crescido a utilizaçãoda irrigação como forma de aumentar acapacidade produtiva de biomassa dasforrageiras tropicais. O processo de inten-sificação da produção de leite com o usode pastagem irrigada implica o empregode forrageiras com alta capacidade deprodução de matéria seca de boa qualida-de. Dentre essas, destacam-se as forragei-ras dos gêneros: Pennisetum, Cynodon,Medicago, Panicum, Setaria e Brachiaria.Dependendo da espécie e da cultivar utiliza-da, poderão ser obtidos aumentos expres-sivos na exploração leiteira, o que possibi-lita aumentos na taxa de lotação da pas-tagem para 4,0 a 7,0 UA/ha, com o uso dairrigação.

O capim-elefante (Pennisetum purpureumSchum.) é uma gramínea de reconhecida ca-pacidade produtiva, podendo ser utilizadana alimentação animal nas mais variadasformas (pastejo, silagem, corte). É cultivadoem todo o Brasil, tolerando condições cli-máticas desfavoráveis como seca e frio.Está entre as espécies que possuem altaeficiência no aproveitamento da luz, resul-tando em grande capacidade de acumula-ção de matéria seca. Responde a tempera-turas relativamente altas (30oC-35oC) e po-de tolerar temperaturas baixas, em torno de10oC antes de cessar seu desenvolvimen-to (BOGDAN, 1977; FERRARIS,1978). Estaforrageira tem sido largamente utilizada porprodutores de leite, no sistema de corte,como capineira e, mais recentemente, sobsistema de pastejo rotacionado, buscandointensificar a utilização de pastagens naprodução de leite, além de reduzir os cus-tos operacionais da exploração leiteira.

Gramíneas do gênero Cynodon pos-suem características forrageiras desejáveiscomo boa cobertura do solo, crescimentorápido, elevada produção de matéria secapor área, adaptação ao clima tropical, rela-

ção folha/colmo favorável e elevado valornutritivo. As cultivares mais difundidas sãoa Coastal, Coastcross-1, Tifton 68, Tifton85, Florona e Florakirk. Pesquisas avalian-do cultivares do gênero Cynodon têmdemonstrado o seu elevado potencial for-rageiro, destacando-se a cultivar Tifton 85,pela sua tolerância às temperaturas maisbaixas e pelo seu potencial de rebrota naprimavera (CECATO et al., 1996; ISEPONet al., 1998; MORAES et al., 1998), sendoapontada por Postiglioni e Messias (1998)como a melhor opção para uso intensivonos sistemas de produção de carne/leiteda Região dos Campos Gerais do Paraná.

Gramíneas do gênero Panicum têm si-do utilizadas há muito tempo no Brasil,especialmente em locais com solos de boafertilidade. Apresenta alto potencial deprodução, boa adaptação a uma grandefaixa de climas, destacando-se as cultivaresTobiatã, Tanzânia, Vencedor, Mombaça eCentenário, entre outras. Ghisi e Paulino(1996), estudando a sensibilidade de seiscultivares de Panicum maximum à geada,concluíram que a cv. Tanzânia apresentoumaior tolerância a condições de baixa tem-peratura. Este capim, quando manejadobaixo (20 cm), teve uma produção maior dematéria verde, indicando sua maior adap-tação ao pastejo baixo, com maior produ-ção de matéria verde de folhas, o que émuito importante do ponto de vista nutri-cional, uma vez que a matéria seca da folhaproporciona forragem de boa qualidade(MACHADO et al., 1997).

Dentre as forrageiras cultivadas, as gra-míneas do gênero Brachiaria são as maisusadas no Brasil. Segundo Macedo (1995),cerca de 40 milhões de hectares (85% daárea dos Cerrados) são cobertos por pas-tagens de capim-braquiária que formamextensos monocultivos, especialmente noBrasil Central e Amazônia. É uma forrageiraque requer, em média, precipitação anualde 1 mil mm e solos bem drenados, possu-indo boa adaptabilidade a solos de baixafertilidade natural, tolerando a acidez dosolo. Entretanto, quando bem manejadas eadubadas, podem ser incorporadas em sis-temas intensivos de utilização.

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SELEÇÃO DOSISTEMA DE IRRIGAÇÃOPARA PASTAGEM

A irrigação da pastagem, ou de espé-cies para produção de forragem, deve ser aúltima etapa a ser cumprida num sistemade produção pecuário ou de agricultura-pecuária. Todos os demais cuidados rela-tivos ao planejamento da propriedade, agenética animal, o manejo do rebanho, arecuperação e a adubação das pastagensjá devem ter sido tomados (ANDRADE,2000). Os pecuaristas e agricultores devemresistir ao modismo e às pressões comer-ciais, pois irrigação é uma tecnologia dealto custo e deve ser empregada somentequando as demais tecnologias envolvidasno processo produtivo já estão ou possamser adotadas com facilidade. Além do mais,um estudo da viabilidade econômica deveser realizado para verificar a rentabilidadeda atividade que envolve pastagem irri-gada.

Está-se considerando neste artigo quejá foram realizadas análises para verificaçãoda real necessidade de irrigação da espécieforrageira na região (dados de precipitaçãoe conhecimento da curva de retenção deágua do solo), da resposta da forrageiraà irrigação (fisiologia da espécie e dadosclimáticos), da disponibilidade e qualidadeda água e dos aspectos legais da outorgapara uso desse recurso, do tipo e da dispo-nibilidade de energia e possível aprovei-tamento de desnível existente e dos aspec-tos relacionados com o respeito às leisambientais (proteção dos mananciais enascentes, reserva legal, uso múltiplo daágua, etc.).

Em princípio, a maioria dos sistemas deirrigação disponíveis (ANDRADE, 2001)poderia ser considerada para irrigação depastagens. Todavia, na prática, vários fa-tores limitam essa generalização, entre osquais os custos do investimento e de ope-ração do sistema, disponibilidade de mão-de-obra para operação, topografia, solo,clima, espécie forrageira, presença do ani-mal e mesmo a questão cultural arraigadanos usuários.

No Brasil, a quase totalidade da irriga-ção de pastagem está sendo realizada poraspersão, empregando pivô central, asper-são convencional em malha (ANDRADE,2000; VILLELA, 1999) e, em menor escala,aspersão convencional com canhão e auto-propelido.

O sistema pivô central consiste em umaúnica lateral que gira em torno de um pontoonde está ancorada uma de suas extremi-dades. Esse sistema pode irrigar áreas des-de 2,4 até mais de 100 hectares, dependendodas condições locais da área, como solo etopografia. É um sistema mais facilmenteadaptável a áreas planas ou levementeonduladas, embora, para vãos entre torresde até 30 m e declividade de até 30% na di-reção radial, pode ser tolerado. É um sistemacom alto grau de automação que possibi-lita redução no uso de mão-de-obra paraoperação. Pode ser empregado para irrigargrandes áreas, o que potencialmente possi-bilita redução no custo por hectare. Cuida-dos devem ser tomados no dimensiona-mento do pivô central para evitar problemascom a alta taxa de aplicação de água quepode ocorrer no final da lateral. Pivôs maismodernos podem ser equipados com con-troles microprocessados que facilitam omanejo das irrigações e também podem serdotados de bocais especiais para aplicaçãode dejetos de animais via água.

Uma variação do pivô central é o siste-ma linear que se desloca em linha reta eirriga áreas retangulares. Esse sistema ne-cessita que a fonte de água seja um canal,ou rede hidráulica com hidrantes, posicio-nada no centro ou em uma das extremidadesda área. Em geral, utiliza-se motor de com-bustão interna para acionar a bomba quese desloca junto com a lateral, por isso cos-tuma ter custo mais elevado que os pivôs.Adapta-se melhor a áreas planas e retan-gulares e tem a vantagem de não perderárea nos cantos como os pivôs.

Os sistemas de aspersão convencionalsão bastante flexíveis e podem ser adap-tados às mais diversas condições de solo,topografia e espécie forrageira. Eles po-dem ser do tipo móvel, semifixo ou fixo(ANDRADE, 2001).

No sistema móvel, tanto a motobombaquanto as tubulações podem ser removi-das e utilizadas em outras áreas com topo-grafia similar, o que dá ao usuário algumaflexibilidade, sobretudo quando a bomba éacionada por motor de combustão interna.Podem ser empregados para aplicação tem-porária de dejetos animais, em irrigaçõesde salvação ou mesmo para implantação depastagem fora da época das chuvas. Deve-se considerar, todavia, a necessidade de mão-de-obra para mudança dos componentes.

No sistema semifixo, a motobomba e alinha principal são fixas e mudam-se as la-terais, que podem ou não acompanhar ascercas dos piquetes, uma vez que as irriga-ções são realizadas sempre quando nãohá animais na área. A vantagem desse emrelação ao totalmente móvel está na menornecessidade de mão-de-obra para mudarapenas as laterais, que são dotadas deengate rápido.

Os sistemas de aspersão convencionalmóvel e semifixo são recomendados paraáreas pequenas, com disponibilidade demão-de-obra para mudar os componentesde lugar entre uma irrigação e outra. Podemoperar em áreas mais inclinadas, desde quetomados os devidos cuidados com as taxasde aplicação de água, para evitar escorri-mento superficial. Deve-se também utilizarmaior rigor no projeto, para evitar desuni-formidade de aplicação de água.

No sistema fixo, tanto a linha principalquanto as laterais são fixas e cobrem todaa área a ser irrigada. Em geral, as tubulações,não-dotadas de engate rápido, são enter-radas. Os aspersores ou minicanhões po-dem ser projetados para operar todos deuma só vez ou apenas algumas laterais oucanhões por vez. É obvio que o custo deimplantação e de operação dos sistemastotalmente fixos é elevado e só se justificaem condições muito especiais.

Uma variação do sistema fixo é o quese convencionou chamar de aspersão emmalha (MOURTHÉ, 1995), no qual todasas tubulações são enterradas, inclusive aslaterais. Apenas um aspersor, geralmentede baixa pressão e baixa vazão, opera porlateral que, por sua vez, são interconec-

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tadas duas a duas no final. Assim, lateraisde PVC de pequeno diâmetro e de menorclasse de pressão podem ser empregadas,o que permite redução de custo em relaçãoao sistema totalmente fixo. Os aspersoressão mudados de uma posição para outrauma a duas vezes por dia apenas, para quea necessidade de mão-de-obra envolvidacom a irrigação fique liberada para outrasatividades na propriedade (NEIVA, 2003).É um sistema que vem sendo muito empre-gado no Leste de Minas Gerais para irrigarcana e pastagem, onde se aproveitam des-níveis nos cursos d’água para irrigar áreasa jusante por gravidade, ou com menor con-sumo de energia. É geralmente recomen-dado para áreas pequenas, embora tecni-camente possa ser empregado em áreasgrandes, desde que se leve em conside-ração a necessidade de mão-de-obra paramudar os aspersores de posição. Por serparcialmente fixo e utilizar aspersores depequena vazão, esse sistema pode operarem dois turnos diários, inclusive à noitepara aproveitar tarifas reduzidas de energiae possibilitar a redução geral dos custos.

Nos sistemas de aspersão convencionalpodem ser empregados desde aspersoresde baixa pressão e baixa vazão, até canhõeshidráulicos, que permitem espaçamentoslargos, mas necessitam de pressões de ope-ração mais elevadas.

O sistema autopropelido consiste emum canhão hidráulico montado em umcarrinho que se desloca durante a irriga-ção. Devido ao alcance do canhão, o espa-çamento entre as posições do carrinho égrande, o que possibilita a irrigação deáreas maiores (até 70 ha), geralmente pou-co inclinadas e retangulares, com reduzidoemprego de mão-de-obra. As taxas de apli-cação de água são altas e a uniformidadede aplicação pode ser deficiente, sobretudona presença de vento. É um sistema aindautilizado em pastagem e cana-de-açúcar,sobretudo para aplicação de dejetos ani-mais e águas residuárias, via irrigação. Ge-ralmente, os canhões demandam alta pres-são e grande vazão que, associadas com aperda de carga na mangueira, torna-osgrandes consumidores de energia.

O custo de implantação do sistema deirrigação tende a aumentar, à medida queos sistemas passam de totalmente móveispara totalmente fixos e à medida que maisaspersores ou canhões operam simulta-neamente. Da mesma forma, o custo do sis-tema tende a diminuir à medida que aumentao número de horas de operação por dia.Entretanto, o custo operacional tende acrescer com o aumento da vazão, da pres-são de operação e, se considerar o paga-mento de horas extras ao operador, com oaumento do número de horas de operação.Esses fatores devem ser balanceados deforma que minimizem os custos do equi-pamento e da operação, levando-se emconsideração as características socioeco-nômicas do agricultor. Atualmente, o custopor hectare de um sistema de aspersãoconvencional em malha, projetado para ascondições especiais de topografia do lestede Minas, pode custar R$ 700,00 (NEIVA,2003), enquanto o custo de um pivô noBrasil Central está na faixa de R$ 2 a 2,6 mil(VIEIRA, 2003).

Outros sistemas possíveis de ser empre-gados, mas pouco estudados, são a inun-dação temporária e a subirrigação em áreasde várzea, como alternativa ou como opçãode rotação para a cultura do arroz inundado(MARTINS et al., 2000), tomando-se o cui-dado com a compactação do solo. No casoda subirrigação, o nível dos drenos podeser controlado para umedecer permanenteou temporariamente a zona das raízes.

A escolha do método de irrigação develevar em consideração a declividade doterreno, a taxa de infiltração de água do so-lo, as condições climáticas, sobretudo ovento, profundidade do lençol freático,possíveis problemas ambientais, a espécieforrageira, as condições socioeconômicasdo agricultor (disponibilidade de recursose mão-de-obra familiar). Algumas opçõesde métodos de irrigação devem ser sele-cionadas levando-se em consideraçãoinclusive a preferência do usuário. A deci-são final deverá ser tomada em função daanálise de viabilidade econômica dessasopções previamente selecionadas.

Uma recomendação final para escolha

do sistema de irrigação para pastagem develevar em consideração também as possíveisrotações de culturas que eventualmentepossam ocorrer na área, principalmente coma possibilidade de integração agricultura-pecuária. Outro ponto importante é a ques-tão ambiental quanto à proteção dos ma-nanciais, nascentes e reserva legal (ÁGUA...,2003), além dos riscos de contaminação pe-lo uso de fertilizantes e defensivos nas pas-tagens, sobretudo quando aplicados viairrigação.

DESEMPENHO ANIMALEM PASTAGENS IRRIGADAS

Desempenho animalem pastagensde forrageiras de inverno

Devido à falta de conhecimento sobreo melhor manejo a ser adotado na aveiaamarela (Avena byzantina), irrigada, quan-do submetida a pastejo, foi conduzido umexperimento no qual se verificou o ganhode peso vivo de bezerros mestiços leitei-ros em pastagens de aveia submetidas adiferentes disponibilidades de forragem(CÓSER et al., 1981; GARDNER et al., 1982).Foram avaliadas as disponibilidades de for-ragem entre 700 e 1.200; 1.500 e 2.000 kg/hae acima de 2.000 kg/ha de matéria seca; comganhos de peso vivo médio diário de 0,520;0,990 e 1,010 kg por animal respectivamente,durante 84 dias do experimento. Isso pro-porcionou um ganho total por animal de44, 83 e 85 kg, respectivamente, sem dife-rença entre a disponibilidade de matériaseca de 1.500-2.000 e acima de 2.000 kg/ha.Os resultados mostraram que, com aproxi-madamente 1.500 kg/ha de MS, o consu-mo e o ganho de peso foram maximizados.A disponibilidade de forragem além desseponto não resultou em aumento do desem-penho por animal. No entanto, se a disponi-bilidade de forragem decrescer a um nívelabaixo de 1.500 kg/ha, o desempenho ani-mal também decrescerá, chegando a umganho de 520 g/animal/dia, quando a dispo-nibilidade de forragem está em torno de milkg/ha de matéria seca. Foi realizado outroexperimento comparando vacas leiteirasque pastejavam aveia em sistema contínuo,

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com vacas alimentadas no cocho receben-do 30 kg de silagem de milho acrescidosde 3,6 kg de farelo de trigo. As vacas quepastejaram aveia produziram, em média,11,1 kg/vaca/dia de leite, enquanto as ali-mentadas no cocho produziram 10,2 kg/va-ca/dia.

Na seqüência, Alvim et al. (1985) com-pararam a aveia amarela e o azevém anual(Lolium multiflorum) em cultivos puros eem mistura, sob pastejo, usando vacas deleite. A produção média diária de leite/vacafoi de 8,6; 9,8 e 9,7 kg e a produção por áreade 2.437, 3.818 e 3.771 kg/ha de leite, paraas vacas que pastejaram aveia, azevém eaveia/azevém, respectivamente. Este tra-balho foi repetido em 1982 e as produçõesmédias diárias de leite observadas foram11,9; 13,2 e 14,3 kg/vaca para os animaisem aveia, azevém e a mistura aveia/azevém,respectivamente.

Produção de leiteem pastagem de capim-setária

Com o objetivo de maximizar a produ-tividade de forragem em áreas de baixa-das, Alvim et al. (1995) avaliaram o efeitode diferentes disponibilidades de forragemde capim-setária durante o período daságuas, bem como o efeito da irrigação nessagramínea, associada ao pastejo de azevém,durante o período seco do ano, sobre a pro-dução de leite de vacas mestiças Holan-dês x Zebu. Os resultados desse trabalhomostraram que as diferenças verificadas emprodução de leite na época seca baseiam-seem diferenças na qualidade das forragens deazevém e capim-setária (Quadro 1). As va-cas que, além da pastagem de setária, tive-ram acesso à pastagem de azevém, de maiorqualidade, apresentaram maiores produ-ções de leite. Foi observado, ainda, que asvacas que usavam a pastagem de setáriacomo único alimento reduziram gradati-vamente a produção de leite e que aquelasque pastejaram azevém, por duas horasdiárias, aumentaram acentuadamente aprodução de leite. Verificou-se, também,que a irrigação da setária no período secoteve pequeno efeito sobre a produção de

forragem, provocando redução na produ-ção de leite das vacas, só favorecendo aprodução de leite dos animais, a partir demeados de agosto para as condições daZona da Mata de Minas Gerais. A respostado capim-setária à irrigação deve-se, pro-vavelmente, ao aumento da temperatura eda luminosidade, nessa época, resultandoem aumento da atividade fotossintética.No período chuvoso, a produção de leitepor vaca/dia mostrou pequena diferençaentre as duas disponibilidades de forragem(Quadro 1), estando relacionada com a qua-lidade da dieta ingerida pelas vacas. Emboraa alta disponibilidade de forragem tenhapermitido maior oportunidade de seleçãoda dieta pelos animais, a baixa disponibili-dade permitiu o acesso dos animais a umadieta de melhor qualidade, o que provocouum efeito compensatório, que resultou emproduções de leite bem próximas.

Produção de leite empastagem de capim-elefante

O capim-elefante é uma das forrageirastropicais que mais contribuem para aprodução de leite nas condições do BrasilCentral. Destaca-se pela alta produtividadede forragem (CARVALHO, 1985).

Resultados de pesquisa em pastagemde capim-elefante têm demonstrado serpossível obter produções de leite acimade 10 kg/vaca/dia, com uma taxa de lotaçãoda pastagem que varia de 4 a 6 UA/ha/ano,sem o uso de concentrados, na época chu-

vosa. Partindo destes resultados e consi-derando apenas as vacas em lactação, épossível atingir níveis de produção de lei-te equivalentes a 18.250 kg/ha/ano em sis-temas não irrigados.

Levantamento bibliográfico efetuadopor Carvalho (1985) mostra uma marcanteestacionalidade na produção de forragemdessa espécie, em que 70% a 80% da pro-dução anual ocorre no período das águas.Pesquisas conduzidas no Brasil, que visamdiminuir a produção estacional do capim-elefante por meio da irrigação, são escassas,e os resultados, muitas vezes, contraditó-rios (PEREIRA, 1966; ANDRADE, 1972;GHELFI FILHO, 1972; GHELFI FILHO;FARIA, 1972).

Botrel et al. (1991) conduziram traba-lho, visando estudar o efeito da irrigaçãona época seca sobre a produção e a quali-dade de sete cultivares de capim-elefante.

No Quadro 2, observa-se que a irriga-ção teve efeito positivo na produção deforragem de todas as cultivares sem alte-rar substancialmente a estacionalidade daprodução. Verifica-se que o melhor desem-penho foi da cultivar Taiwan A-146, comprodução de matéria seca (MS) de 30,8%em relação à época chuvosa, enquanto acultivar Elefante de Pinda teve pior desem-penho, com apenas 15,5%.

No Quadro 3 observa-se que a irrigaçãonão influenciou os teores de proteína e dedigestibilidade in vitro de matéria orgâni-ca (DIVMO) das sete cultivares de capim-

FONTE: Alvim et al. (1995).(1) Capim-setária irrigado mais pastejo em azevém. (2) Capim-setária sem irrigação mais pastejoem azevém. (3) Pastejo exclusivo em capim-setária irrigado. (4) Média de dois períodos e de seisvacas/período. (5) Média de 151 dias, no período de seca, e de 188 dias, no período de chuvas.

(4)Leite

kg/vaca/dia 12,0 10,8 8,7 9,8 10,4

kg/ha 4.237 3.751 3.284 5.896 5.279

(5)Lotação (UA/ha) 2,3 2,3 2,5 3,2 2,7

QUADRO 1 - Efeito da irrigação em pastagem de capim-setária e do pastejo em azevém na épocaseca e da disponibilidade de forragem alta (D1 ) e baixa (D2) em capim-setária naépoca de chuvas, sobre a produção de leite

(1)A (2)B (3)C D1 D2

VariáveisÉpoca de seca Época de chuva

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elefante. As diferenças obtidas nos teoresde proteína bruta (PB) e na DIVMO estãorelacionadas com as diferenças morfofisio-lógicas das cultivares, tanto no tratamentoirrigado como no não irrigado.

Em sistemas de produção em que seutiliza o capim-elefante sob condições deirrigação, têm-se conseguido produçõesde leite superiores a 38 mil kg/ha/ano, obti-das na Região Norte de Minas Gerais nasFazendas Santa Mariana e Jucurutu (CRUZFILHO et al., 1996). Estes autores mostra-ram a viabilidade técnica e econômica des-ses sistemas irrigados, se comparados coma produtividade média de rebanhos em sis-temas tradicionais de produção. Verificaramque na Fazenda Santa Mariana foi conse-guida taxa de lotação média de 7,54 UA/hae produção de leite de 104,8 kg/ha/dia ena Fazenda Jucurutu, taxa de lotação de5,13 UA/ha com produção de leite de 81,3kg/ha/dia. Verificaram, ainda, que o custoda irrigação foi mais baixo que os custosrelativos ao concentrado, mão-de-obra efrete. Na Fazenda Santa Mariana, os cus-tos relativos à energia (óleo diesel) foi de9,4%, enquanto na Fazenda Jucurutu o cus-to de energia foi de 4,8%. Esse custo rela-tivo à energia utilizada nas duas fazendasfoi exclusivamente para movimentar o sis-tema de irrigação. Vale salientar que estebaixo custo de energia elétrica na FazendaJucurutu está relacionado com a irrigaçãorealizada no período noturno (a partir das23 horas), quando a tarifa de energia elétricacobrada é reduzida substancialmente.

Produção de leite empastagem de Panicum maximum

As informações aqui apresentadasreferem-se aos resultados obtidos em expe-rimento conduzido na Embrapa Meio-Norte,Teresina, PI, de 1994 a 1996, por Leal (1997),comparando o capim-elefante cultivar Na-pier com duas cultivares de Panicum (BRA8716 e BRA 8826 cultivar Vencedor), nasépocas chuvosa e seca, sob irrigação.

No Quadro 4, encontram-se as produ-ções médias de leite, expressas em kg/va-ca/dia, onde se podem observar produçõesmédias de leite superiores a 10 kg/vaca/dia

Capim-elefante 10,1 11,7 11,3 12,4 11,4 13,0 10,9 12,4

BRA 8761 10,6 11,9 10,9 12,8 11,7 12,0 11,1 12,2

BRA 8826 10,0 11,7 10,9 14,1 11,4 12,8 10,8 12,9

QUADRO 4 - Produção média de leite (kg/vaca/dia), em pastagens irrigadas de capim-elefante e

Panicum maximum (BRA 8716 e BRA 8826), nas épocas chuvosa e seca, em Teresina,

PI, no período 1994-1996

FONTE: Dados básicos: Leal (1997).

Pastagem1994 1995 1996 Média

Chuvosa Chuvosa Chuvosa ChuvosaSeca Seca Seca Seca

Taiwan A-146 1.435 a A 179 a B 4.651 a C

Cameroon 1.198 ab A 188 a B 4.772 a C

Kizozi 972 bc A 220 a B 3.639 ab C

Mineiro 793 bc A 265 a B 4.515 a C

Cana Africana 792 bc A 172 a B 4.441 a C

Mott 706 c A 247 a B 2.948 b C

Elefante de Pinda 607 c A 198 a B 3.904 ab C

QUADRO 2 - Taxa mensal de crescimento (kg/ha de matéria seca), de cultivares de capim-elefantesubmetidas ou não à irrigação durante a época seca

Não irrigado

FONTE: Botrel et al. (1991).

NOTA: Letras minúsculas comparam médias nas colunas e letras maiúsculas, comparam nas

linhas médias de uma mesma cultivar, conforme teste Duncan 5%.

Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente (P>0,05).

Cultivar

Taxa mensal de crescimento

SecaÁgua

Irrigado

Taiwan A-146 9,3 ab A 13,1 ab A 64,99 ab A 62,74 ab A

Cameroon 10,5 ab A 14,5 a A 62,50 ab A 64,85 a A

Kizozi 11,0 ab A 13,9 a A 65,61 ab A 57,82 b A

Mineiro 11,4 ab A 14,2 a A 66,94 ab A 53,03 c A

Cana Africana 11,1 ab A 15,8 a A 51,91 b A 63,28 ab A

Mott 10,1 ab A 12,9 b A 56,79 b A 58,68 ab A

Elefante de Pinda 12,3 a A 14,6 a A 61,96 ab A 60,03 b A

Média 10,8 14,1 61,53 60,00

QUADRO 3 - Teores de proteína bruta (PB) e de digestibilidade in vitro da matéria orgânica(DIVMO) de cultivares de capim-elefante submetidas ou não à irrigação durante aépoca seca

FONTE: Botrel et al. (1992).

NOTA: Letras minúsculas comparam médias nas colunas e letras maiúsculas comparam nas

linhas médias de uma mesma cultivar, conforme teste Duncan 5%.

Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente (P>0,05).

CultivarPB DIVMO

Irrigado Não irrigado Irrigado Não irrigado

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e produções anuais de leite (Quadro 5), emtorno de 21 mil e de 17 mil kg/ha/ano pa-ra capim-elefante e as duas cultivares dePanicum maximum, respectivamente.

Neste trabalho (LEAL, 1997), o capim-elefante possibilitou uma taxa de lotaçãode cinco vacas/ha/ano, enquanto nas pas-tagens de Panicum, a taxa de lotação foide quatro vacas/ha/ano. Além disso, Leal(1997) observou uma taxa líquida de retor-no para o capim-elefante, acima de 100%,para cada R$ 1,00 investido, enquanto ascultivares BRA 8716 e BRA 8826 (cultivarVencedor de Panicum maximum) apresen-taram taxa líquida de retorno de 63% e 66%para cada R$ 1,00 investido, respectivamente.

Esses resultados são expressivos e indi-cam que, para aquela região, as pastagensde capim-elefante e as duas cultivares dePanicum apresentam um grande potencialforrageiro para uso em sistemas intensivosde exploração de leite a pasto, sendo, ainda,necessárias pesquisas para melhor enten-dimento da interação entre a irrigação e aadubação da pastagem.

Produção de leite em pastagemde cultivar Coastcross-1

Na busca de sistemas alternativos dealimentação de vacas puras da raça Holan-desa, de abril de 1992 a janeiro de 1993, foiconduzido um experimento no qual se com-pararam dois sistemas de produção de lei-te: um com vacas a pasto de Coastcross-1irrigado e outro com os animais em confi-namento total (VILELA, 1998). As vacasconfinadas recebiam dieta completa, àvontade, à base de silagem de milho e con-centrado, variando a relação em funçãodo estádio da lactação. No sistema a pasto,as vacas recebiam, diariamente, 3 kg desse

mesmo concentrado. A irrigação era reali-zada nos meses de menor precipitação ouapós as adubações de modo que veicu-lassem os nutrientes aplicados.

Os resultados mostraram que a produ-ção de leite de vacas mantidas em pastagemde Coastcross-1, quando suplementadadiariamente com 3 kg de concentrado, foide 20,8 kg/dia, em média, nas primeiras12 semanas de avaliação, e de 16,6 kg/dia,na média de 40 semanas. A taxa de lotaçãomédia foi de 5,8 UA/ha, com a produçãomédia diária de leite por área de 74 kg/ha.A produção de leite das vacas mantidasem confinamento foi de 20,6 kg/vaca/dia,na média de 40 semanas.

Apesar de a receita bruta do sistema apasto ter sido inferior à do sistema em con-finamento, a margem bruta foi 32% superior,indicando que o pastejo em Coastcross-1,usando vacas com potencial de produçãode leite de 5 mil kg/lactação, constitui-seem alternativa viável para a intensificaçãoda produção de leite a pasto, na RegiãoSudeste do Brasil.

Com o objetivo de avaliar o potencialdo pasto de Coastcross-1 irrigado para aprodução de leite comparou-se o forneci-mento de 3 e 6 kg/vaca/dia de concentradoa dois grupos de vacas da raça Holandesamantidas em pastagem de Coastcross-1,no período das águas e da seca (VILELA;ALVIM, 1996). Os resultados indicaram, pa-ra ambos os grupos de vacas, uma taxa delotação média na pastagem de 4,2 UA/ha,na época seca e de 6,08 UA/ha, na épocachuvosa. As vacas que receberam 3 kg deconcentrado produziram 15,1 kg de leite,enquanto as que receberam 6 kg produzi-ram 19,1 kg de leite, em média de 315 diasde avaliação (Quadro 6).

FONTE: Vilela e Alvim (1996).(1) Resultados médios do ano experimental.(2) Na linha, médias seguidas da mesma letranão diferem entre si, a 5% de probabilidade.

(2)Produção de leite 15,1a 19,1b

(kg/vaca/dia)

Taxa de lotação (UA/ha)

Na seca 4,1 4,3

Nas águas 6,6 6,9

Peso vivo (kg/vaca)

Inicial 539 567

Final 561 585

QUADRO 6 - Produção média de leite corrigidoa 4% de gordura, taxa de lotaçãomédia e peso vivo de vacas empastagem de Coastcross-1 em ra-zão do nível de concentrado(1)

Variáveis avaliadasConcentrado

3 kg 6 kg

O fornecimento de 6 kg relativo ao de3 kg de concentrado/vaca/dia resultouno aumento médio de 1,3 kg de leite porquilo extra de concentrado fornecido. Pe-los custos relativos à alimentação, essasubstituição foi economicamente viável.

Produção de leitea pasto de alfafa

Existem poucos trabalhos sobre pro-dução de leite a pasto de alfafa (Medicagosativa L.), principalmente na condição declima tropical.

Vilela et al. (1994) procuraram identifi-car o potencial de um sistema de pastejoem alfafa irrigada como único alimento, emrelação ao sistema convencional de produ-ção de leite em confinamento total. Foramavaliados, de abril de 1992 a janeiro de 1993,a produção e a qualidade da forragem, osresíduos após o pastejo, a produção de lei-te, a variação do peso vivo, assim como aviabilidade econômica, em termos de leiteproduzido, alimentos adquiridos, mão-de-obra e eficiência do capital investido emambos os sistemas. Foram utilizadas vacaspuras Holandesas pretas e brancas, até aterceira lactação, a partir da sexta semanade lactação. Os animais, confinados em gal-pões tipo free-stall, recebiam dieta comple-

Capim-elefante 19.893 21.626 22.265 21.261

BRA 8761 16.243 17.301 17.301 16.948

BRA 8826 15.841 18.250 17.666 17.252

QUADRO 5 - Produção média de leite (kg/ha/ano), em pastagens irrigadas de capim-elefante ePanicum maximum (BRA 8716 e BRA 8826), nas épocas chuvosa e seca, em Tere-sina – PI, no período 1994-1996

FONTE: Dados básicos: Leal (1997).

Pastagem 1994 1995 1996 Média

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ta, à vontade, à base de silagem de milho econcentrado, com 14,4% de proteína brutae 46,1% de fibra em detergente neutro, namatéria seca (Quadro 7). Os pastos de alfafaforam manejados, usando-se cerca elétrica,com um dia de ocupação e 14 a 36 dias dedescanso. A pastagem, estabelecida oitomeses antes do início do trabalho, foi adu-bada com PK mais micronutrientes após

FONTE: Vilela et al. (1994).NOTA: C.V. - Coeficiente de variação; NS - Não significativo; P - Probabilidade; PV - Peso vivo.

pastejos alternados e irrigada, quando ne-cessário. As médias da produção diária deleite, corrigida para 4% de gordura e doteor de gordura, avaliado semanalmente,durante o período de 294 dias, foram res-pectivamente de 18,6 ± 0,8 kg; 3,5 ± 0,3%para os animais a pasto, e 21,2 ± 0,4 kg;4,1 ± 0,2% para os confinados, respecti-vamente (Quadro 8).

Houve diferença entre as variáveisavaliadas, exceto para o ganho de peso.A taxa de lotação média foi de 3,1 ± 0,8animais/ha, o que permitiu produção de lei-te de 51,3 ± 14,0 kg/ha/dia. O pasto de alfafa,fornecido como único alimento para ani-mais com potencial de produção de leite de7 mil kg/lactação, demonstrou ser econo-micamente viável.

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QUADRO 8 -Médias de produção de leite nos três períodos de avaliação e no total, porcentagem de gordurado leite e o consumo médio de matéria seca (MS) para animais a pasto de alfafa e confinado

Produção de leite (kg/vaca/dia)Semana 1 - 10 23,6 ± 0,5 25,3 ± 0,3 0,05 11,1Semana 11 - 23 20,3 ± 0,7 21,5 ± 0,4 0,17 10,0Semana 24 - 35 16,8 ± 0,7 16,8 ± 0,4 NS 9,0Total (1-35) 20,0 ± 0,2 20,9 ± 0,1 0,11 9,1% de gordura 3,5 ± 0,3 4,1 ± 0,2 0,10 11,2

Produção de leite para 4% MG (kg/vaca/dia)Semana 1 - 10 21,3 ± 0,9 25,3 ± 0,5 0,01 12,1Semana 11 - 23 19,0 ± 1,2 21,6 ± 0,7 0,04 10,3Semana 24 - 35 16,2 ± 1,6 17,3 ± 0,9 0,24 11,1Total (1-35) 18,6 ± 0,8 21,2 ± 0,4 0,02 10,0

Consumo MSkg/vaca/dia 16,4 ± 1,0 16,9 ± 2,9 _ _% PV 3,2 ± 0,2 3,1 ± 0,1 _ _

C.V.(%)

Variáveis avaliadasSistema Estatísticas

Pasto Confinado P <

FONTE: Vilela et al. (1994).NOTA: PB - Proteína bruta; FDN - Fibra em detergente neutro; MS - Matéria seca; DIVMS - Di-

gestibilidade in vitro da matéria seca.

Dieta completa

Matéria seca (%) 61,5 57,0 38,2 52,2

PB (% MS) 17,7 15,7 12,0 14,4

FDN (% MS) 42,2 4,0 52,2 46,1

Proporção SM:C 45:55 55:45 74:26 _

Alfafa

Matéria seca (% MS) 16,6 20,1 17,4 18,1

PB (% MS) 26,1 26,8 24,4 25,9

FDN (% MS) 39,8 35,5 45,0 40,1

DIVMS (% MS) 72,0 72,5 65,2 69,9

QUADRO 7 - Composição química dos alimentos e as proporções médias de silagem de milho:concentrado (SM:C) utilizadas nos três períodos de avaliação

24 a 35

AlimentoPeríodo

(semana) Média

(1 a 35)1 a 10 11 a 23

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1Bacharel Geociências, M. Sc., Pesq. EPAMIG-CTCO, Caixa Postal 295,CEP 35701-970 Prudente de Morais-MG. Correio eletrônico:[email protected]

2Engo Agro, M.Sc., Pesq. Embrapa Cerrados, Rod. Brasília/Fortaleza, BR 020, km 18, CEP 73301-970 Planaltina-DF. Correio eletrônico:[email protected]

3Enga Agra, D.Sc., Profa Universidade Estadual de Maringá - Depto Agronomia, Av. Colombo, 5790, CEP 870200-900 Maringá-PR. Correioeletrônico: [email protected]

4Médico-Veterinário, D.Sc., Pesq. Embrapa Gado de Leite, R. Eugênio do Nascimento, 610 - Dom Bosco, CEP 36038-330 Juiz de Fora-MG.Correio eletrônico: [email protected]

5Engo Agro, Ph.D., Pesq. Embrapa Gado de Corte, BR 262 - km 4, Caixa Postal 154, CEP 79002-970 Campo Grande-MS. Correio eletrônico:[email protected]

6Médico-Veterinário, Recém-doutor CNPq/Embrapa Gado de Leite, R. Eugênio do Nascimento, 610 - Dom Bosco, CEP 36038-330 Juiz de Fora-MG.Correio eletrônico: [email protected]

INTRODUÇÃO

Os benefícios da fixação biológica denitrogênio (FBN) pelas leguminosas já eramconhecidos e utilizados desde a Antigüi-dade. A partir das décadas de 80/90, com oaumento dos cultivos em sistemas de plantiodireto e/ou orgânico, nas regiões tropicais,e com a busca por sistemas de produçãoauto-sustentáveis e ecologicamente corre-tos, a utilização das leguminosas tornou-se uma fonte econômica e não poluidorade nitrogênio. A produção animal, também,pode-se beneficiar da introdução de legu-

Utilização e contribuição de leguminosasna produção animal

Hortência M. Abranches Purcino1

Alexandre O. Barcelos2

Jaqueline R.Verzignassi3

Luiz J. Aroeira4

Celso D. Fernandes5

Domingos Sávio C. Paciullo6

minosas em diferentes sistemas, como naconsorciação com gramíneas em pastagensem formação e na recuperação destas, quan-do degradadas; em bancos de proteína; nasilagem mista (gramínea e leguminosa); naprodução de feno; no sombreamento depastagens e como adubação verde em áreasde produção de volumoso para silagem.

Pastagens de gramíneas, leguminosaspuras ou consorciadas (gramíneas e legu-minosas), bem estabelecidas e com boamanutenção das exigências nutricionais,podem-se beneficiar de microrganismos do

solo, como da associação simbiótica comfungos micorrízicos que aumentam a ca-pacidade de absorção de nutrientes e daFBN, principalmente pelas leguminosas,o que resulta em melhores qualidade equantidade de forragem (MIRANDA et al.,1999) e proporciona incremento econô-mico na produtividade de carne e de leite.Pela FBN, a prática de aplicação de adubosnitrogenados, para a recuperação de pas-tagens degradadas, poderá ser reduzidaou suprimida (FREIRE, 1992; MIRANDAet al., 1999; VEASEY et al., 1999).

Resumo - Plantas da família Fabaceae (=Leguminosae) utilizadas em diferentes agrossiste-mas têm como principal objetivo adicionar nitrogênio ao sistema solo/planta/animal,pela fixação biológica de nitrogênio do ar atmosférico, sendo o aporte desse nutrientepelas leguminosas uma fonte não poluidora do meio ambiente. Leguminosas adaptadas àregião do Cerrado contribuem para aumentar a quantidade e a qualidade nutricional daspastagens. Imprescindíveis nos sistemas de produção orgânica de carne e de leite.

Palavras-chave: Pastagem tropical. Gramínea forrageira. Leguminosa forrageira. Con-sorciação. Adubação. Nutrição.

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As leguminosas, através da FBN, pelaassociação simbiótica com bactérias do gê-nero Rhizobium, são capazes de fixar gran-des quantidades de nitrogênio (N) (Qua-dro 1). Entretanto, a média de N fixado é de70 a 140 kg/ha/ano, sendo que 15% a 20%desse total é aproveitado pelas gramíneasforrageiras, quando em consórcio (BENE-DETTI apud YASSU; CAMPOS, 2004).Além dos benefícios citados, as legumino-sas têm valores nutricionais maiores doque as gramíneas com maior digestibilida-de e maiores teores de nitrogênio, cálcio,fósforo e magnésio (EVERS, 2001?).

HISTÓRICO

No Cerrado do Brasil, o uso de legumi-nosas na alimentação animal é ainda pe-queno, devido aos fracassos observados,quando de sua introdução na década de 70.Naquela época, tecnologias e leguminosasforam diretamente importadas da Austrá-lia, consorciadas com gramíneas muitoagressivas e plantadas em solos ácidos daregião (ZIMMER et al., 2003). Com o inícioda avaliação de forrageiras (leguminosas e

gramíneas), em rede nacional, foram sele-cionados materiais mais adaptados àsdiferentes condições edafoclimáticas doPaís. Na década de 90, teve início o uso deleguminosas para a produção animal emáreas mais extensas, na região do Cerrado,com o lançamento de materiais adaptadosa este ecossistema. As cultivares das le-guminosas Stylosanthes guianensis cv.Mineirão (lançada em 1993) e Stylosanthescapitata + Stylosanthes macrocephalaestilosantes Campo Grande (lançada em2001), recomendadas para a região do Cer-rado, e o Arachis pintoi cv. Belmonte (semdata, possivelmente no final dos anos 90),para várzeas e áreas de maior pluviosida-de são exemplos desta seleção. O interessecomercial na produção de sementes doestilosantes Mineirão, do Campo Grande,de estolões do amendoim-forrageiro Belmon-te e a demanda, pelo produtor, por estes ma-teriais indicam a quebra de resistência domercado e do produtor à adoção de legumi-nosas nos sistemas produtivos. Estima-seque, na região do Cerrado, a área cultivadacom a cultivar Mineirão seja de 30 mil ha7

e com o estilosantes Campo Grande de120 mil ha (YASSU; CAMPOS, 2004). Gran-des áreas de pastagem da cultivar Belmonte,consorciada com Brachiaria humidicolae B. dictyoneura, são comuns no sul daBahia (PEREIRA, 2004), havendo tendên-cia de aumento destas áreas.

Para o bom estabelecimento das pasta-gens, devem-se considerar as exigênciasnutricionais das espécies, a qualidade dassementes, as características e o preparo dosolo e o manejo da formação (VILELA etal., 2000). As exigências mínimas de legumi-nosas forrageiras quanto à fertilidade dosolo variam entre as espécies (Quadro 2).Embora a fertilidade do solo possa ser mo-dificada com calagem e adubação, comas condições climáticas isto não ocorre.A irrigação é um exemplo para suprir o dé-ficit hídrico. Porém, além do custo eleva-do desse sistema (equipamentos, água eenergia), fatores como o fotoperíodo e atemperatura podem influenciar na fisiolo-gia da planta, o que torna a irrigação pou-co eficiente (ZIMMER; VALLE, 2002). Umexemplo disso é o cultivo da crotalária queé uma leguminosa muito sensível ao fo-toperíodo. Sua produção de matéria seca,sob irrigação, é reduzida em 35%, quandoplantada na primeira semana de fevereiro ena primeira semana de maio na região cen-tral de Minas Gerais.

A partir dos resultados das análisesfísica e química do solo e da exigência dasespécies, recomenda-se a calagem para ele-var a saturação por bases à necessidadeda leguminosa (Quadro 2), como tambémas adubações fosfatada (Quadro 3 e 4) epotássica (Quadro 5). Em pastagens con-sorciadas deve-se atender à espécie maisexigente. A adubação com micronutrien-tes é importante, quando se cultivam le-guminosas. De modo geral, podem-seusar fritas do tipo FTE BR12, na dose de40 kg/ha do produto comercial.

É importante verificar se há necessi-dade de escarificação da semente para aquebra de dormência e de inoculação para

7Informação obtida em 2004, através de Claudio Takao Karia, pesquisador da Embrapa Cerrados.

FONTE: Dados básicos: Caracterização... (2002).

(1) A alfafa (Medicago sativa), leguminosa de clima temperado, originária do Oriente Médio e capaz

de fixar de 127 a 333 kg N/ha/ano, possui cultivares adaptadas, sob irrigação, à região do Cerrado.

Amendoim-forrageiro Arachis pintoi América do Sul 60-150

Calopogônio Calopogonium mucunoides América do Sul 70-200

Crotalária Crotalaria juncea Índia 300-400

Estilosantes Stylosanthes América do Sul 30-196

Feijão-de-porco Canavalia ensiformis América do Sul 80-160

Guandu Cajanus cajan África 280

Lablab Dolichos lablab África 180

Leucena Leucaena leucocephala América Central 250-400

Puerária Pueraria phaseoloides Sudeste da Ásia 100

Siratro Macroptilium atropurpureum Ásia 181-200

Soja perene Neonotonia wightii Ásia 181-200

QUADRO 1 - Origem e quantidade estimada de nitrogênio fixado (kg N/ha/ano) por leguminosas

tropicais(1)

N fixado

(kg N/ha/ano)Nome comum Nome científico Origem

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aumentar a FBN. A escarificação deve serrealizada antes da inoculação. Embora amaioria das leguminosas tropicais nodu-le com as estirpes de rizóbio nativas dosolo, em área de primeiro plantio e/ou emárea de temperaturas elevadas e de estaçãoseca longa, recomendam-se inocular assementes para garantir o rápido estabele-cimento da nodulação e a eficiência da FBN(NEVES; ESPÍNDOLA, 2004). Com exceçãoda leucena e da alfafa, que exigem inoculan-tes específicos para cada uma das espé-cies, as demais leguminosas podem serinoculadas com estirpes de rizóbio do gru-po cowpea. Cuidado especial deve ser da-do, na compra do inoculante, ao prazo devalidade e às condições de armazenamen-to que devem ser sob refrigeração. Apósa inoculação, as sementes devem secarà sombra e em local ventilado e tambémseco. Seu plantio deve ocorrer no mesmodia ou no máximo um dia após a inocula-ção.

A adubação de manutenção poderá serfeita a cada dois anos, tendo a preocupa-ção de manter os níveis exigidos pelasespécies da consorciação quanto a potás-sio e fósforo (BARCELLOS et al., 2000).

Em pastagens utilizadas para a pro-dução de feno e para capineiras, a aduba-ção de reposição deve ser feita com basena matéria seca removida da área. Não érecomendada adubação nitrogenada empastagens consorciadas (VILELA et al.,2000).

Outras características, além da fertilida-de do solo e da época de plantio, devemser observadas para o bom desenvolvimen-to das leguminosas como a textura, a pro-fundidade, a drenagem do solo e a decli-vidade do terreno da área a ser cultivada(Quadro 6).

Segundo Macedo (1995), 80% das pas-tagens na região do Cerrado estão degra-dadas ou em processo de degradação. Estasituação constitui o maior obstáculo parao estabelecimento de pecuária bovina sus-tentável em termos agronômicos, econô-micos e ambientais (MARTHA JÚNIOR;VILELA, 2002). Esses autores relatam que

QUADRO 4 - Recomendação de adubação fosfatada (kg de P2O5/ha) para o estabelecimento depastagens em função dos resultados da análise do solo e da exigência da espécieforrageira

>60 120 90 60 0

36-60 90 70 45 0

15-35 60 45 30 0

<15 40 30 20 0

>60 180 135 90 0

36-60 140 105 70 0

15-35 90 70 45 0

<15 70 55 35 0

Teor de argila(%) Muito baixa

Disponibilidade de fósforo no solo

Baixa Média Adequada

Espécies pouco exigentes

Espécies muito exigentes

Pouco exigente

Estilosantes (Mineirão, Bandeirante,

Pioneiro e Campo Grande) Alto 30-35

Calopogônio Alto 30-35

Puerária Alto 30-35

Amendoim-forrageiro cultivar Amarillo Alto 30-35

Exigente

Leucena Muito baixo 45-50

Soja perene Baixo 45-50

QUADRO 2 - Potencial de adaptação de algumas leguminosas forrageiras às condições de fertili-

dade do solo e saturação por bases adequada

Saturação por bases

(%)Espécie

Grau de adaptação à

baixa fertilidade

FONTE:Vilela et al. (2000).

FONTE: Vilela et al. (2000).

60-100 ≤ 2,7 2,8-5,4 5,5- 8,0 8,1-12,0

35-60 ≤ 4,0 4,1-8,0 8,1-12,0 12,1-18,0

15-35 ≤ 6,6 6,7-12,0 12,1-20,0 20,1-30,0

0-15 ≤ 10,0 10,1-20,0 20,1-30,0 30,1-45,0

QUADRO 3 - Classes de interpretação da disponibilidade para o fósforo de acordo com o teor de

argila do solo(1)

(1) Método Mehlich.

Argila

(%)Fósforo disponível (P)

(mg/dm3)

Muito baixo Baixo Médio Bom

Classificação

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79Pastagem

da freqüência de pastejo (menor descan-so), favorecendo o consumo da gramínea(BARCELLOS et al., 2000).

Dentre as leguminosas forrageiras, osgêneros Stylosanthes (estilosantes), Leucaena(leucena), Cajanus (guandu), Arachis(amendoim-forrageiro), Glycine (soja pe-rene) e Calopogonium (calopogônio) apre-sentam bom potencial de utilização, quandoconsorciados com gramíneas.

Estilosantes

As espécies de Stylosanthes estão na-turalmente distribuídas nas Américas doSul e Central, América do Norte tropical,África e Ásia (BURT, 1984). Elas estão entreas mais importantes leguminosas forragei-ras para uso sob pastejo em áreas de solosácidos e de baixa fertilidade, sob ambientestropicais áridos e semi-áridos (GUODAOet al., 1997) e também em regiões úmidas.O gênero destaca-se como a forrageiratropical com maior potencial de uso emconsorciação com gramíneas dos gênerosAndropogon, Brachiaria e Panicum, apre-sentando o maior número de cultivares lan-çadas (LOCH; FERGUSON, 1999). Con-forme Karia e Andrade (1996), as principaisespécies de Stylosanthes com potencial deuso comercial no Brasil são S. guianensis,S. capitata e S. macrocephala.

Dentre as oito cultivares de Stylosantheslançadas no mercado, desde 1973, a Minei-rão (S. guianensis var. vulgaris) e a Cam-po Grande (S. capitata + S. macrocephala)tornaram-se as mais populares.

A cultivar Mineirão é perene e apresentaboa retenção de folhas verdes e manuten-ção de sua qualidade nutricional durantea seca. Produções de mais de 10 t/ha/anode matéria seca (MS), teores de proteínade 12% a 18% e digestibilidade de 25% a60% foram encontrados pela Embrapa Cer-rados (2000). Purcino et al. (2004a) obser-varam produção de MS de 15 t/ha/ano, emexperimento em parcelas conduzido na re-gião Centro-Oeste de Minas Gerais, sendo33% dessa produção disponibilizada noperíodo da seca. Ressalta-se que essa cul-tivar mantém crescimento vegetativo nesse

FONTE: Dados básicos: Zimmer e Valle (2002).

Alfafa Argiloso Profundo Boa Plano/pouco ondulado

Araquis Arenoso Média Baixada úmida Plano/pouco ondulado

Calopogônio Média Média Imperfeita Ondulado/muito ondulado

Estilosantes Arenosa Raso Boa Plano/pouco ondulado

Guandu Média/arenosa Profundo Boa Plano/pouco ondulado

Leucena Argilosa Profundo Boa Plano/pouco ondulado

Pueraria Média Média Baixada úmida Ondulado/muito ondulado

Soja perene Argilosa Média Imperfeita Ondulado/muito ondulado

QUADRO 6 - Exigência mínima ou tolerância de leguminosas forrageiras quanto à textura (argi-

losa, média e arenosa) e profundidade do solo (profundo, médio e raso), drenagem

do perfil (boa, imperfeita e baixada úmida), declividade do terreno (planos a pouco

ondulados, ondulados a muito ondulados, muito ondulados a montanhosos)

Declividade do terrenoLeguminosaTextura

do solo

Profundi-

dade do solo

Drenagem

do perfil

<25 60 40

25-50 40 20

>50 20 0

QUADRO 5 - Recomendação de adubação potássica (kg de K2O) para pastagens consorciada e

solteira em função dos resultados da análise de solo

Pastagem solteira

FONTE: Vilela et al. (2000).

Teor de potássio no solo

(mg/dm3)

Doses recomendadas de potássio

(kg de K2O/ha)

Pastagem consorciada

o cenário de degradação de pastagens ésério e deve servir de estímulo ao desenvol-vimento de alternativas rentáveis e susten-táveis para a produção animal. A intro-dução de leguminosas é uma alternativaviável para a região.

UTILIZAÇÃO DE LEGUMINOSASEM SISTEMAS PRODUTIVOS

Consórcio de leguminosa/gramínea na implantaçãoe na recuperaçãode pastagem degradada

O principal benefício da pastagem con-sorciada sobre a pastagem pura de gramí-nea é o ganho ou a manutenção do pesodos animais, durante o período da seca,como resultado da melhor qualidade dapastagem. A manutenção do equilíbrio

entre leguminosas e gramíneas na pas-tagem depende do tipo de mecanismo depersistência apresentado pela leguminosae da capacidade competitiva da gramíneae, em função dessas duas características,do manejo adotado.

O manejo do pastejo em áreas consor-ciadas está representado na Figura 1. O pro-dutor dispõe de duas ferramentas para omanejo do pastejo: lotação e períodos dedescanso. Em função da oferta de forrageme da composição botânica, deverão serdefinidos a lotação e o período de pastejo,na busca de maior estabilidade dos compo-nentes da pastagem (janela do bom ma-nejo). O predomínio da leguminosa acimade 40% na pastagem exige que o períodode descanso seja aumentado. Redução naparticipação da leguminosa exige aumento

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período, quando não há precipitação e astemperaturas são mais baixas (Quadro 7).

A cultivar Mineirão é beneficiada pormanejos que evitem o superpastejo dasplantas adultas e que permitam a manuten-ção da boa estrutura das plantas (alturamínima entre 0,30-0,40m). Outras caracte-rísticas dessa cultivar são resistência àantracnose, boa resposta a solos férteis,apesar de demonstrar baixa exigência emfertilidade (EMBRAPA CERRADOS, 2000)e FBN em torno de 95 kg de N/ha/ano(MIRANDA et al., 1999).

A cultivar Campo Grande originou-sede plantas sobreviventes de um antigo cam-po de seleção de acessos de Stylosanthes,em Campo Grande, MS. Constitui-se em umamistura de S.capitata e de S. macrocephala

na proporção de 80% e 20% em peso, res-pectivamente. A produção de matéria secapode atingir 12 a 13 t/ha/ano e a produ-tividade de sementes de 200 a 400 kg/ha.A possibilidade de colheita mecânica desementes reduz os custos de produção.A qualidade da forragem da ‘Campo Gran-de’ é sempre alta durante a estação chuvo-sa e apresenta teor de proteína próximo a18% e digestibilidade de 60% (EMBRAPAGADO DE CORTE, 2000; VERZIGNASSI;FERNANDES, 2002).

Durante a estação chuvosa, o consumodessas espécies de estilosantes sob pas-tejo é diferenciado, sendo S. capitata e S.macrocephala as mais consumidas nesseperíodo. No entanto, a menor preferênciapela ‘Mineirão’ beneficia sua competição

com a gramínea no período chuvoso empastagens consorciadas e garante boa dis-ponibilidade de leguminosa para o períodoseco do ano. Em pastos consorciados, oconsumo da cultivar Mineirão começa aser maior a partir do início da estação seca.Para a ‘Campo Grande’, que apresenta flo-rescimento mais precoce e menor capacida-de de retenção de folhas verdes que a cv.Mineirão, são observados teores de pro-teína de aproximadamente 6%, em setem-bro, e de 12%, em outras épocas do ano,em Mato Grosso do Sul, e aumento no teorde proteína nas folhas de B. decumbensconsorciada (Quadro 8). A FBN da cultivarCampo Grande situa-se em torno de 180 kgde N/ha/ano (MIRANDA et al.,1999).Quanto à sua persistência sob pastejo, po-de permanecer por mais de cinco anos emconsorciação com B.decumbens, sendoque a alta capacidade de ressemeadura na-tural contribui sobremaneira para a referidapersistência.

A compatibilidade entre gramíneas eo estilosantes tem grande influência napermanência da leguminosa na pastagem.Portanto, não é recomendada a consor-ciação desta leguminosa com Panicummaximum cvs. Tanzânia e Mombaça. Estasgramíneas são agressivas e a permanênciado estilosantes na pastagem fica reduzi-da, no máximo, a dois anos (BARCELLOSet al., 2000). Por outro lado, o estilosantesconsorcia bem com Andropogon gayanuse com as braquiárias, B. decumbens e B.Brizantha cv. Marandu. A cultivar Mineirãopermanece na pastagem por quatro anos,conforme foi observado em áreas experimen-tais e comerciais (BARCELLOS et al., 2000).

Animais recriados e terminados compastagem consorciada de cultivar Mineirão

Figura 1 - Estratégia de manejo para persistência de leguminosas em pastagens con-sorciadas

FONTE: Dados básicos: Spain e Pereira (1985 apud BARCELLOS et al., 2000).

1 2 1 2 1 2 1 2 1 2 1 2

55,0 80,5 57,5 97,0 16,1 9,87 30,3 36,5 1300 5205 209 514

QUADRO 7 - Produtividade de cultivar Mineirão (S. guianensis) em duas épocas de corte (23/05 e 12/08) - Sete Lagoas, MG - 1999

Produçãode matéria seca

(kg/ha)

NOTA: 1 - Plantas aos 150 dias após o plantio; 2 - Plantas aos 220 dias após o plantio.

Alturadas plantas

(cm)

Comprimento dosramos laterais

(cm)

Teorde proteína

(%)

Teor dematéria seca

(%)

Produçãode proteína

(kg/ha)

Aumentarlotação

Aumentarperíodo dedescanso

Reduzirperíodo dedescanso

Diminuirlotação

Janela do bom manejo

Máxima

MínimaOfe

rta d

e fo

rrage

m

20% 40%Participação (%) de leguminosas na pastagem

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82 Pastagem

e B. decumbens atingiram peso médiode 500 kg, aos 29 meses de idade (BAR-CELLOS et al., 2000). Em estudos realiza-dos com pequenos produtores no muni-cípio do Prata, MG, ocorreu incrementomédio de 15,6% na produção de leite naspastagens consorciadas, quando compa-radas à gramínea pura (VILELA; AYARZA,1999 apud BARCELLOS et al., 2000).Em Brasília, a cultivar Mineirão consorcia-da com Andropogon gayanus proporcio-nou ganhos de peso de 800 g/animal/dianas águas e 150 g na seca com lotaçõesmédias de 1,8 e 1,3 UA/ha, respectivamen-te (EMBRAPA, 1998).

Em área experimental de 48 hectares,implantada em Chapadão do Sul (MS),em 1998, obtiveram-se, durante o ano de2000, resultados positivos de desempe-nho animal na associação de estilosantesCampo Grande, com B. decumbens (VALLEet al., 2001). Valle et al. (2001) verificaram7% de aumento de ganho de peso anual(kg/ha/ano), para a lotação 0,6 UA/ha, 18%para 1 UA/ha e 20% para 1,4 UA/ha em re-lação ao pastejo em B. decumbens solteira.Verificaram, também, incrementos nos ga-nhos médios diários (grama/animal/dia) daordem de 10%, 18% e 23%, respectivamen-te para as três lotações, em pastejo con-sorciado, quando comparado à gramíneasolteira. Com esses resultados, a RibeirãoAgropecuária (Chapadão do Sul, MS) quepossuía cerca de 5 mil hectares de pasta-

gens consorciadas com a cultivar CampoGrande, no início de 2002, aumentou suaárea cultivada para 11 mil hectares da legu-minosa, no final de 2002, sendo sua metaimplantar a leguminosa em toda a área depastagem da propriedade (VERZIGNASSI;FERNANDES, 2002). Segundo esses mes-mos autores, a estimativa de produção desementes da cultivar Campo Grande, para2002, era de 50 toneladas de sementes lim-pas e escarificadas.

A recuperação da capacidade de produ-ção de pastagens em Brachiaria decumbenspela introdução da cultivar Mineirão tem de-monstrado excelentes resultados. O aumen-to médio no ganho em peso de novilhasnelores foi 56%. Esse aumento foi equiva-lente à produção de carcaça de 4,5 @/ha/ano(rendimento equivalente a 50%). A diferen-ça do custo de recuperação das duas pas-tagens (com leguminosa e sem legumi-nosa) foi de apenas 0,8 kg de sementes deestilosantes Mineirão. Os rendimentos daspastagens, estimados pela produção decarne, foram 1,5 a 2,6 vezes maiores naspastagens estabelecidas nos solos maisargilosos. Pastagens de B. decumbensrecuperadas e consorciadas com Mineirãotêm apresentado capacidade média anualde suporte da ordem de 1,2 a 1,5 UA/ha(VILELA et al.,1999).

As pastagens de estilosantes são esta-belecidas por sementes e estas, geralmente,são vendidas escarificadas, sem neces-

sidade de serem inoculadas. Recomenda-se 1,5 kg/ha de sementes da cv. Mineirãono estabelecimento de pastagens consor-ciadas, para a introdução em pastagensjá estabelecidas, ou degradadas. Quandoplantada com capim-andropógon, a taxapoderá ser reduzida a 1 kg/ha de sementes(EMBRAPA, 1998). Para o estilosantes Cam-po Grande recomenda-se de 2 a 2,5 kg/hade sementes na formação de pastagens ede 2,5 a 3 kg/ha de sementes na recuperaçãodelas (ZIMMER et al., 2003). A profundida-de de semeadura deve ser até 2 cm e podemser semeadas a lanço ou em linhas espaça-das de 0,40 a 1 m. Quando a semeadura forrealizada em linha, pode-se misturar às se-mentes 10% a 15% do fósforo recomenda-do para o estabelecimento para facilitar aoperação. Devido ao pequeno tamanhodas sementes, o solo não deve estar muitofofo. A semeadura deve ocorrer de outubroa dezembro e, aproximadamente de 100 a110 dias após, recomenda-se realizar umpastejo leve, evitando-o durante a primeiraestação seca, para que ocorra a ressemea-dura da cultivar Mineirão. Outra recomen-dação para assegurar forragem de boa qua-lidade na seca, é manter a altura mínima daleguminosa sob consórcio em 0,30m emmeados de fevereiro (EMBRAPA, 1998).

Amendoim-forrageiro

Nativo dos Cerrados brasileiros, oArachis pintoi, conhecido como amendoim-forrageiro, apresenta produção de forragemde boa qualidade e tolerância ao sombrea-mento, bom crescimento estolonífero e boaadaptação em solos de várzea com alaga-mentos temporários ou em áreas onde aestação seca não é prolongada.

No mercado brasileiro existem duas cul-tivares de A. pintoi, a cultivar Amarillo ouMG 100 (BRA 013251) e a cultivar Belmon-te (BRA 031828), lançada pelo Centro dePesquisas do Cacau (Cepec) da ComissãoExecutiva do Plano da Lavoura Cacaueira(Ceplac), nos anos 90, sendo as caracterís-ticas agronômicas dessa última, superioresàs da cultivar Amarillo (PURCINO et al.,2004b).

Folha Braquiária consorciada 10,0 9,1 8,4 8,2 10,1

Braquiária pura 10,6 9,0 6,9 5,7 8,6

Talo Braquiária consorciada 6,7 5,7 6,8 4,4 6,7

Braquiária pura 8,7 7,4 6,8 5,0 7,7

Planta inteira Leguminosa 12,8 14,5 11,5 5,9 13,3

QUADRO 8 - Teor de proteína (%) em braquiária (B. decumbens) e na consorciação de B. decumbens

com estilosantes Campo Grande em diferentes datas de amostragem - Chapadão do

Sul, MS

FONTE: ZIMMER et al. (2003).

Gramínea

10/2/2000

Teor de proteína

(%)

25/5/1998 1/2/1999 1/6/1999 14/9/1999

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83Pastagem

A Embrapa possui a maior coleção degenótipos de A. pintoi do mundo (KARIA;ANDRADE, 1996). Uma subcoleção comdez materiais, que se destacaram por suasprodução e adaptação, foi indicada paramultiplicação e avaliação em ensaios regio-nais para produção de forragem. Os resul-tados dos ensaios regionais destacaramos acessos BRA 031496, BRA 031534 eBRA 31828 (cv. Belmonte), com produçõesacumuladas de out./2001 a mar./2003 de11.670, 11.510 e 12.340 kg/ha, respectiva-mente, na região Centro-Oeste de Minas(PURCINO et al., 2004b). Resultados seme-lhantes para estes acessos foram encon-trados por Leite et al. (2002), na Zona daMata pernambucana.

Resultados obtidos na região do Cerra-do de Sete Lagoas (MG), onde a precipita-ção anual de, aproximadamente, 1.300 mme estação seca de maio a outubro mostraramque A. pintoi permanece verde e em cres-cimento vegetativo durante toda a estaçãoseca, quando estabelecido em áreas devárzea (VIANA et al., 2004b), onde o lençolfreático situa-se entre 0,60 e 1,20 m abaixoda superfície do solo. Em áreas bem dre-nadas e em terras altas de Cerrado, estaleguminosa seca na estação seca. Porém, arápida rebrota dos estolões e a germinaçãode suas sementes com as primeiras chuvasgarantem boa cobertura do solo, e promo-vem excelente controle de plantas inva-soras, podendo ser utilizada como cober-tura vegetal em área de culturas perenes(PURCINO et al., 2004b).

Uma característica marcante desta espé-cie é a capacidade de extrair fósforo em so-los com baixa disponibilidade desse ele-mento. Esta capacidade está relacionadacom a existência de uma grande rede de raí-zes finas, em solos de textura média (RAO;KERRIDGE,1994) e com uma elevada ati-vidade de fungos micorrízicos, em solosde textura mais pesada (RAO; KERRIDGE,1994; PURCINO et al., 1999). Em compara-ção com outras leguminosas tropicais, asexigências do A. pintoi podem ser consi-deradas baixas para cobre, molibdênio ecalcário. Para nutrientes como fósforo, po-

tássio e zinco, essa exigência é consideradamédia (ZIMMER et al., 2003).

A qualidade de forragem do A. pintoi éconsiderada melhor que a da maioria dasleguminosas tropicais utilizadas, pois adigestibilidade da matéria seca pode atin-gir de 60% a 70% e os teores de proteínasituam-se entre 13% e 25%. A palatabilida-de é alta e os animais em pastejo selecionamo A. pintoi durante todo o ano. Esta carac-terística contrasta com o pastejo de outrasleguminosas como puerária e estilosantes,duas leguminosas mais consumidas pelosanimais no período seco do ano, ou, ainda,de desmódio que é pouco aceito por ani-mais (ZIMMER et al., 2003).

A persistência do amendoim-forrageirosob pastejo é garantida pela grande quan-tidade de sementes subterrâneas que per-manecem viáveis no solo e pelo crescimen-to estolonífero com enraizamento nos nós,que proporciona proteção aos pontos decrescimento contra o pastejo e o pisoteiopelo gado. Em pastagens de A. pintoi cv.Amarillo, consorciada com B. humidicolaou com B. dictyoneura com dois anos deidade, a densidade de sementes presen-tes no solo foi de, aproximadamente, 650sementes/m2 (GROF, 1979). Nestas pasta-gens, a densidade de plantas, um ano apósa amostragem anterior, situou-se em tornode 130 plântulas/m2 (ROCHA et al., 1985).A excelente persistência de A. pintoi sobpastejo foi também observada, quandoesta leguminosa foi consorciada com gra-míneas como B. decumbens, A. gayanus eCynodon nlemfuensis (ARGEL; PIZARRO,1992). A leguminosa também apresentouótimos resultados, quando consorciadacom Brachiaria e Paspalum, com altapersistência sob pastejo (CARVALHO,M.A., 1999). De acordo com Pereira et al.(2004), a cultivar Belmonte também consor-cia muito bem com espécies de gramíneasdo gênero Brachiaria. No sul da Bahia, aconsorciação com B. humidicola e B.dictyoneura vem persistindo sob pastejocontínuo há cinco anos, na proporção de6,6% a 16% do pasto disponível e com taxasde lotação, que variam de 1,6 a 4,0 novilhos

por hectare. Ainda segundo Pereira et al.(2004), experimentos em andamento naCeplac indicam também viabilidade deconsorciação da cultivar com B. brizanthacv. Marandu.

O ganho de peso médio diário de bo-vinos em pastagem de B. dictyoneura,consorciada com a cultivar Belmonte, obti-do em experimento com quatro anos foi558 g/cab./dia e a produtividade médiaobtida foi de 568 kg/ha/ano ou, ainda,19 @/ha de carcaça. No caso da consorcia-ção com B.humidicola, os ganhos de pe-so médio obtidos durante três anos foram565 g/cab./dia, superiores aos 444 g/cab./diaobtidos com humidícola em monocultivoe aos 494 g/cab./dia obtidos com aduba-ção nitrogenada (PEREIRA et al., 2004).

Em áreas úmidas da Embrapa Cerradosforam obtidos ganhos acima de 600 kg/ha/anode peso vivo em pastagens de A. pintoiBRA 031143, consorciado com Paspalumatratum cv. Pojuca (BARCELLOS et al.,1996). Em parcelas experimentais, em áreade várzea da EPAMIG, em Sete Lagoas(MG), a consorciação da cultivar Belmontecom capim-tangola, avaliado sob cortes,manteve-se em torno de 40% da legumino-sa e proporcionou acréscimos significa-tivos nos rendimentos e nos teores de pro-teína bruta da forragem produzida, quandocomparado com o cultivo puro da gramínea(VIANA et al., 2004).

Em consorciação, a densidade de plan-tio da leguminosa deve ser de 8 sementes/mlinear, distanciadas 0,5 m entrelinhas, sendonecessários 8 kg/ha de sementes (SEMEN-TES NATERRA, 2001). Quando a propaga-ção for por meio de estolões, recomenda-se, para a cultivar Belmonte, sulcos espaça-dos de 0,5 m ou covas com espaçamento1 x 0,5 m. A necessidade de material vege-tativo é de 500 a 600 kg/ha, o que pode serobtido a partir de sementeira de 500 m2 (PE-REIRA et al., 2004). Para maior rapidez noestabelecimento, Pereira et al. (2004) reco-mendam o plantio em faixas alternadas degramínea/leguminosa, com 2 a 3 m de largura.

Embora a nodulação do amendoim-forrageiro com estirpes nativas de rizóbio

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84 Pastagem

seja abundante, a inoculação das sementesou estolões com as estirpes MGAP 13 ouNC 230, registradas como “SEMIA 6440” e“SEMIA 6439” respectivamente, aumen-tam as produções de matéria seca e de pro-teína na leguminosa. Em condições deCerrado em Sete Lagoas (MG), em corterealizado 115 dias após o plantio, as produ-ções de matéria seca (10.560 kg/ha) e deproteína (1.688 kg/ha) foram 62% maioresque o tratamento que não recebeu inocula-ção (PURCINO et al., 2003). A cultivarBelmonte e os acessos BRA 031496, BRA031534, BRA 031801 responderam melhorà inoculação com a estirpe SEMIA 6439 emexperimento conduzido em casa de vege-tação.

Leucena

O centro de diversidade desta legumi-nosa localiza-se no sul do México (HUGHES,1998). Existem dez cultivares de leucena nomundo, sendo oito pertencentes à espécieLeucaena leucocephala e duas lançadasna Malásia, híbridas de L. leucocephala eL. diversifolia. No Brasil, o genótipo maisplantado é a cultivar australiana Cunninghan(LOCH; FERGUSON, 1999), proveniente docruzamento entre os tipos Salvadorenho ePeru. Essa cultivar possui excelente capa-cidade de rebrota, a forragem produzida éde alta qualidade e apresenta teor de pro-teína bruta nas folhas de, aproximadamente,24%, por isso é também conhecida comoalfafa dos trópicos. Com essas caracterís-ticas, foi considerada por muitos comoárvore milagrosa. Mais tarde, observou-seque essa espécie apresentava limitaçõescomo: pouca tolerância à geada, à seca eao encharcamento, pouco crescimento emsolos ácidos, pouca durabilidade da ma-deira, presença de fatores de antiqualida-de para consumo animal (mimosina) e, emlocais com solos de boa fertilidade, a plan-ta pode-se tornar uma praga, pois possuialta capacidade de produção de sementes,que, além disso, apresentam dormência(HUGHES, 1998). O pouco crescimento daleucena em solos ácidos restringe o seucultivo na maioria dos solos do Cerrado,

que apresentam limitações químicas aocrescimento de suas raízes, devido aoexcesso de alumínio e/ou deficiência decálcio. Entretanto, quando a acidez do so-lo é reduzida pela adição de corretivos, hámaior crescimento radicular na camada cor-rigida do solo, o que aumenta o seu po-tencial produtivo e sua tolerância à seca(SOUSA et al., 1992). Classificada comomuito exigente em fertilidade, esta legumi-nosa responde bem à aplicação de gessoagrícola, quando há deficiência de cálcionas camadas abaixo de 0,40 m. Esta práticaaumentou a produção de matéria seca daleguminosa em 85%, quando se aplicaram6 t/ha/gesso (SOUZA; RODRIGUES, 1994).

A necessidade de cruzamento interes-pecífico de Leucaena foi enfatizado porHutton (1985), com o intuito de produzirecótipos mais adaptados a solos ácidos,pobres em cálcio e com capacidade de de-senvolvimento radicular mais profundo.Atualmente, existem híbridos cujos mate-riais selecionados encontram-se em áreade multiplicação de sementes na EmbrapaCerrados, para futura liberação como culti-vares (BARCELLOS et al., 2000).

Em regiões tropicais, onde ocorre eleva-da precipitação, ou mesmo em áreas irriga-das, são registrados ganhos de 900 kg/hade carne, em pastagens consorciadas comleucena (NATIONAL ACADEMY OFSCIENCE, 1977). Pastos de B. brizantha,com 123 dias de pastejo, apresentaram ga-nhos de 394 g/animal/dia, enquanto que,no de Brachiaria + leucena em forma defaixas foi de 726 g/animal/dia. Estes resul-tados demonstraram o potencial dessaleguminosa para melhorar a qualidade daforragem disponível no pasto, acrescen-tando 83% no ganho de peso vivo diáriopor animal, durante o período das águas(LOURENÇO, 1993).

Resultados obtidos na Embrapa Cer-rados, em protótipos de produção de carneem regime de pastagens, apresentaram,na média das pastagens, taxa de lotação(1 UA/ha/ano) e produtividade (215 kg deganho de peso/ha/ano) superiores à médianacional (145 kg de ganho de peso/ha/ano)

(ZIMMER; EUCLIDES FILHO, 1997). O ga-nho médio diário dos animais variou aolongo do ano, sendo, na média dos trata-mentos, 100 e 650 g/animal/dia na seca enas águas, respectivamente. Durante o pe-ríodo seco do ano, a utilização de pastagemde B. brizantha cv. Marandu + banco deproteína de S. guianensis cv. Mineirão,destacou-se em termos de manutenção doganho de peso dos animais. Contudo, asdiferenças entre os tratamentos passarama ser mais evidentes a partir de novembrode 2002, quando se constataram maioresganhos acumulados para os animais man-tidos na pastagem de B. brizantha cv.Marandu + leucena (híbrido 11 x 25). Esseresultado pode ser atribuído à utilizaçãode leucena, que confere dieta de melhorqualidade aos animais em pastejo duranteas águas. Entretanto, na região do Cerrado,tem-se observado que a contribuição daleucena para a produção e para a qualidadeda forragem, na seca, é pequena, em razãoda queda das folhas da leguminosa nessaépoca do ano (Gráfico 1).

A leucena deve ser plantada no inícioda estação chuvosa. As sementes devemser escarificadas antes do plantio e, para aregião do Cerrado, recomenda-se a inocula-ção delas com a estirpe DF-15 (VARGAS etal., 1994). Em áreas consorciadas com gra-míneas, o espaçamento entrelinhas deveser de 2 a 3 m, com 25 a 30 plantas/m linear(SEMENTES NATERRA, 2001). A pro-fundidade de semeadura deve ser de 1,5 a2,5 cm. Durante dois a três meses após agerminação, a cultura deve ser mantida livreda competição das plantas invasoras, atéque a leucena atinja 1 m de altura, quandoterá rápido crescimento, cobrindo o solo(COSTA et al., 2001). Formigas e cupinsdevem ser controlados na área. Esta legumi-nosa não suporta pastejo contínuo, pois osbrotos e as folhas novas são selecionadospelos animais, o que prejudica o cresci-mento das plantas. Este problema é evitadoatravés da divisão das áreas da legumino-sa em piquetes e da adoção de pastejo rota-cionado. O pastejo deve iniciar, quando asplantas alcançarem 1,5 m de altura. Para

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pastagens consorciadas, a Embrapa reco-menda dez dias de pastejo, quando as plan-tas atingem 0,80 a 1 m de altura e 40 diasde descanso, durante a estação chuvosa.O ajuste da lotação deverá considerar a ca-pacidade de suporte da gramínea.

Guandu

O guandu é uma leguminosa tropi-cal arbustiva de origem africana, anual abianual, adaptada à ampla faixa de condi-ções de solo, principalmente em solos pro-fundos, não tolerando os alagados. Apre-senta bom desenvolvimento em condiçõesde clima quente e úmido, com temperaturaentre 20oC e 40oC. É cultivada desde a regiãotropical até a subtropical, sob condição deprecipitação de 500 mm até 1.500 mm/ano,sendo tolerante à seca (sistema radicu-lar profundo) e apresentando capacidadede fixação de nitrogênio entre 90 e 150 kgpor hectare ao ano (GREENLAND, 1977;FRANCO, 1978).

O plantio do guandu em faixas, em pas-tagens com gramíneas, possibilita ofe-recer ao gado forragem suplementar, aomesmo tempo em que promove o melhora-mento do solo. Neste sistema, são aradase gradeadas faixas dentro da pastagem

e estas poderão ser separadas de 20 mentre si, espaços estes a serem ocupadoscom a gramínea preexistente (SEIFFERT,1988).

Experimento com a utilização do guanduem faixas de 1,5 m de largura, alternadaspor faixas de pastagem de 4 m, possibili-tou ganhos de peso vivo em touros Nelorede 0,370 kg/cabeça/dia, durante 93 diasna época seca (SCHAAFFAUSEN, 1982).Utilizando-se garrotes Nelore e Lavínia,mantidos em pastos com faixas de guanduentre junho e outubro e na lotação de 1,8cabeça/ha, Schaaffausen (1982) verificouganhos de peso de 0,586 kg por dia.

Baldan (1999) relata, que, na recupe-ração de pastagens, deve-se aplicar umherbicida sistêmico em dose baixa antesdo plantio da cultivar Super N, que deve-rá ser realizado sob plantio direto comespaçamento de 0,50 a 0,60 m e densidadede 12 a 15 plantas/m linear, formando umestande de 350 mil plantas/ha. Nas con-dições de Mato Grosso do Sul, é possívela obtenção de animais pesando entre 430 e450 kg em menos de 24 meses. O própriogado controla a altura das plantas ao co-mer as vagens e as flores nas pontas dosgalhos.

O guandu pode ser consorciado combraquiárias (B. decumbens, B. brizantha eB. humidicola) e com gramíneas do gêne-ro Panicum (Colonião, Tanzânia, Tobiatã eMombaça) (BALDAN,1999). O guandu,cultivar Super N, possui alta resistênciaà seca e se estabelece bem com o capim-braquiária, cultivar Marandu (CONSÓR-CIO..., 2004). A quantidade de sementesnecessária para o plantio de um hectaredepende do tipo de consorciação. Não hánecessidade de escarificar as sementes.No sistema citado por Baldan (1999),utilizam-se cerca de 30 kg/ha de sementesda cultivar Super N e, apesar do guanduser classificado como uma leguminosa depouca exigência de fertilidade do solo, hánecessidade de correção da acidez desteantes do plantio.

Soja perene

De origem africana, esta leguminosa éuma trepadora volúvel e encontra-se disse-minada em todas as regiões tropicais domundo. Conhecida como soja perene ousojinha, sobrevive a geadas, porém comqueda das suas folhas e em temperaturasinferiores a 10oC, o seu crescimento é pa-ralisado (BOGDAN, 1977). Apresenta boaadaptação em áreas com chuvas de verãoentre 750 e 1.500 mm, alta exigência em fer-tilidade do solo e baixa tolerância a solosácidos. No Brasil, pode-se adaptar bem àsregiões norte do Paraná, São Paulo, MinasGerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grossodo Sul. A produção é, no entanto, muitodependente da fertilidade do solo e variade 1,3 a 5,8 t MS/ha na região do Brasil Cen-tral (BULLER et al., 1970 apud ZIMMERet al., 2003). O teor de proteína bruta da so-ja perene está situado entre 11% e 20%,com a diminuição do conteúdo protéicocom o incremento na idade da planta eapresenta melhor palatabilidade na esta-ção seca.

As cultivares conhecidas no Brasil são‘Tinaroo’, ‘Cooper’ e ‘Clarence’ (SEIFFERT,1988) e, em boas condições de cultivo,produz de 8 a 10 t de matéria seca por hec-tare/ano. Em função de seu desenvolvi-

Gráfico 1 - Ganho de peso de tourinhos da raça Nelore, no período setembro de 2001 –março de 2003, recriados em pastagens renovadas

NOTA: O peso inicial médio dos animais correspondeu a 217 ± 7,4 kg.

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mento lento, Gartner e Fischer (1966 apudSKERMAN 1977) propõem que o manejoda consorciação soja perene com Panicumdeverá seguir o seguinte critério: no pri-meiro ano de pastejo, o gado não deveráconsumir a leguminosa e as plantas dani-nhas deverão ser controladas com roça-deira, sendo o pastejo iniciado de sete aoito semanas após a semeadura. No segun-do ano, a leguminosa estará estabelecida epoderá ser usada em pastejo normal duran-te todo o ano. Uma maneira de manter umbom controle é utilizar pastejo rotativo comlotações mais altas durante o verão, quan-do o crescimento é rápido, e pastejo contí-nuo na estação seca, com lotações leves.Segundo Skerman (1977), a altura de pas-tejo nesta consorciação deverá ser man-tida entre 0,60 (máximo) e 0,10 m (mínimo).

Pequenas doses de nitrogênio porocasião do plantio da soja perene bene-ficiam o seu estabelecimento (ZIMMERet al., 2003). As sementes devem ser esca-rificadas antes do plantio e o estabeleci-mento das plantas ocorre em torno de120 dias. A sojinha consorcia-se bem comPanicum, Setaria e Chloris gayana (Rho-des) (SEMENTES NATERRA, 2001).

Calopogônio

O gênero Calopogonium é nativo daÍndia e das Américas, sendo encontradodo México até o norte da Argentina e nasregiões tropicais do Brasil. De clima quen-te e úmido, é cultivado nos trópicos des-de o nível do mar até 2 mil m de altitude,tornando-se perene em climas úmidos comprecipitação acima de 1.125 mm. Em regiõescom estação seca ou ocorrência de geadasfracas, o calopogônio perde as folhas epode morrer durante o período seco, masse regenera na estação chuvosa, por res-semeadura natural, formando uma densacamada de vegetação num período de 4 a5 meses. A temperatura ótima de cresci-mento situa-se em torno de 30oC, cresceem solos úmidos, apresenta boa tolerânciaà inundação, adapta-se bem em solos levese pesados, desenvolvendo-se bem em so-los com pH 4,5 a 5,0.

As vantagens da utilização do calopo-gônio em consorciações, apesar de apre-sentar pouca aceitação pelo gado, residemna sua capacidade de fixar nitrogênio eem seu fácil estabelecimento com preparomínimo do solo, embora se estabeleça me-lhor em solos bem preparados. Seu rápi-do crescimento inicial é de fundamentalimportância na competição com gramíneastropicais, as quais têm alta velocidade decrescimento.

O calopogônio tem sido usado em con-sorciações com capins dos gêneros Panicum,Hyparrhenia, Setaria, Brachiaria eMelinis (SKERMAN, 1977). Bogdan (1977)relata que esta leguminosa tem sido testa-da com sucesso moderado a bom em con-sorciações com Melinis minutiflora (gor-dura), C. gayana (Rhodes) e Digitariadecumbens (pangola).

O manejo da pastagem na consorcia-ção deve ser efetuado todos os anos, detal forma que o calopogônio tenha cres-cimento intenso e, assim, apresente boafixação de nitrogênio e produza sementesem grande quantidade para ressemeaduranatural. O objetivo desta consorciação nãoé aumentar, em muito, a capacidade de su-porte, mas sim melhorar o ganho de pesoanimal e prolongar a vida útil da pastagem(ZIMMER et al., 2003).

Em trabalho de recuperação de pasta-gens de B. decumbens a partir da consor-ciação com calopogônio, Zimmer (1987)relata que, mesmo com baixa presença decalopogônio na terceira e na quarta esta-ção, foram obtidos ganhos de peso animal25% maior, quando comparado à braquiá-ria pura. Os maiores ganhos de peso naconsorciação puderam ser atribuídos, prin-cipalmente, à ciclagem de nitrogênio, de1.032 kg de N/ha/ano na consorciação con-tra somente 617 kg/ha na braquiária pura(ZIMMER; SEIFFERT, 1983). Euclides et al.(1998) também obtiveram maiores ganhosde peso animal nas consorciações de calo-pogônio com B. decumbens e B. brizantha,mesmo com disponibilidade de leguminosade somente 10% a 25% na média de trêsanos. Além disso, no terceiro ano, a parti-

cipação da leguminosa na consorciaçãohavia sido reduzida para seis pontos per-centuais. Os ganhos por animal e por hec-tare foram maiores nas consorciações noperíodo seco, e, na estação das águas, fo-ram os mesmos para pastagens consorcia-das e não-consorciadas. Euclides et al.(1998) atribuíram esta diferença à presençade leguminosas na dieta durante a seca,quando apresenta melhor palatabilidade, eà ciclagem de nitrogênio nas águas.

Esta leguminosa apresenta boa tolerân-cia à inundação e baixa exigência quanto àfertilidade do solo. Seu rápido crescimentoinicial e sua grande capacidade de resse-meadura natural são características impor-tantes na competição com as gramíneastropicais. É necessário escarificar as semen-tes por ocasião do plantio. A quantidade desementes/ha varia de 4 a 6 kg/ha, na recupe-ração de pastagens, e de 2,5 a 3,5 em plantioconvencional (ZIMMER et al., 2003).

Banco de proteína

Nas regiões tropicais, as gramíneas for-rageiras caracterizam-se pela elevada pro-dução de matéria seca e pela baixa qua-lidade nutricional, pois são pobres em pro-teínas e ricas em carboidratos estruturais.O alto teor de celulose (ou de carbono) e obaixo teor de proteína (ou de nitrogênio)determinam alta relação C/N e inadequadosvalores nutricionais, induzindo à queda dadigestibilidade e ao baixo consumo pelosanimais. Nos períodos secos do ano, o pro-blema é intensificado, devido ao fato deas forrageiras terem seu crescimento inibi-do, diminuindo, sensivelmente, a disponi-bilidade de forragem. Nessas condições, asuplementação com leguminosas faz-senecessária, visando oferta de alimentosque permita melhor desempenho animal,os chamados bancos de proteína ou legu-mineiras. Os bancos de proteína apresen-tam baixo custo de implantação e podemproporcionar importantes incrementos nodesempenho dos bovinos durante o perío-do seco.

Os bancos de proteína referem-se aoplantio de uma determinada área de legu-

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minosa dentro da pastagem com gramí-neas. São desejáveis as seguintes carac-terísticas das espécies para a formação deum banco de proteína eficiente: boa adap-tação à região, elevado teor de proteína,rápido crescimento e boa capacidade derebrota, resistência à seca, boa palatabi-lidade (AMARAL; OLIVEIRA, 1985) e re-tenção de folhas no período da seca naregião do Cerrado. Em função do modelode exploração da propriedade e das exi-gências das categorias animais, os bancosde proteína podem ser implantados pa-ra uso na estação de chuvas ou de seca,utilizando espécies diferentes para cadauma destas situações (BARCELLOS et al.,2000).

Dentre as espécies mais recomendadaspara constituir os bancos de proteína nasregiões tropicais, destacam-se as legumi-nosas: estilosantes, leucena, guandu, gli-ricídia e cratília. Na região do Cerrado, osestilosantes, principalmente as espécies deguianensis, apresentam bom crescimentovegetativo e mantêm as folhas verdes du-rante a estação seca. O guandu e a leucenaapresentam bons resultados na estação dechuvas e uso limitado na estação da seca,devido à baixa produção de massa e à que-da de suas folhas. As leguminosas gliricídiae cratília estão sendo utilizadas mais recen-temente. A amoreira (Morus alba), emboranão seja uma leguminosa, é utilizada comobancos de proteína, na América Central, eestá sendo avaliada nas diferentes regiõesdo Brasil para esse fim. No Quadro 9, sãoapresentadas algumas características agro-nômicas das espécies promissoras em ava-liação recente para utilização em bancosde proteína.

Estilosantes

O gênero Stylosanthes é um dos maisutilizados para banco de proteína, no BrasilCentral. A área recomendada como bancode proteína corresponde de 15% a 20% daárea total da pastagem de gramínea. A quan-tidade de forragem acumulada anualmentena área de banco de proteína permite ofertarproteína para complementar as pastagens

de gramínea pura, cuja capacidade de su-porte na estação de seca situa-se entre 1,3e 1,8 UA/ha (BARCELLOS et al., 2000).

Os bancos de proteína com a cultivarMineirão têm sido adotados com grandesucesso, na complementação de pastagenscultivadas. Em pastagens de B. brizanthacv. Marandu, por exemplo, em função deesta gramínea proporcionar consórcio está-vel, a cultivar Mineirão é recomendada pa-ra a formação de bancos de proteína. Paraespécies B. decumbens e A. gayanus tan-to pode ser adotado o banco de proteí-na ou a formação em consórcio com a‘Mineirão’. Quanto ao gênero Panicum(cultivares Tanzânia, Mombaça, Vencedor,etc.), o uso em consórcio apresenta restri-ções, devido à exigência em fertilidade e àdemanda por nitrogênio destas gramíneas(BARCELLOS et al., 2000).

No ano de implantação do banco deproteína, praticamente toda a forragem pro-duzida deverá ficar acumulada para uso naseca. Recomenda-se apenas pastejo leve,cerca de 90 dias após implantação do ban-co de proteína, para proporcionar a forma-ção de ramificações da planta da cultivarMineirão. O banco de proteína da cultivarMineirão pode ser manejado em pastejocontínuo durante a seca, embora o maisrecomendado seja a adoção de pastejo ro-tacionado. Uma maneira prática de definiro número mínimo de subdivisões do bancode proteína para pastejo rotacionado é con-siderar o número de meses de seca de cadaregião. Se uma dada região apresenta qua-tro meses de seca, a área do banco de pro-teína deverá ser subdividida em quatro

subáreas. Em cada mês de seca, os animaisterão acesso a uma das subáreas. Dessaforma, será possível tornar mais eficiente oaproveitamento da forragem e eliminar oefeito de pisoteio sobre as áreas já pasteja-das. Em caso de necessidade, ou de sobrade forragem, os piquetes poderão ser nova-mente pastejados após o término do ciclode pastejo. O acesso ao banco de proteínaé feito de forma voluntária pelo animal emfunção de suas necessidades. Observa-ções de campo demonstram que o animalpromove o balanceamento de sua ração ede suas necessidades por meio de doispastejos diários nas áreas de banco de pro-teína, normalmente pela manhã e final datarde. Caso a oferta de gramínea esteja mui-to baixa poderá ocorrer um consumo maisacentuado da leguminosa. O uso de cercaelétrica para subdivisão dos bancos de pro-teína tem sido muito eficiente para o ma-nejo do pastejo. Para vacas leiteiras podetambém ser adotado o sistema de pastejorestrito, com 1 a 2 horas diárias de ocupaçãoapós a ordenha. O bebedouro, o saleiro oumesmo os cochos para suplementação dosanimais deverão ser colocados na área depastagens de gramínea (Fig. 2), evitando aconcentração dos animais na área do bancode proteína (BARCELLOS et al., 2000).

Após o pastejo, o banco de proteínadeverá ser vedado durante a estação chu-vosa. Um a dois pastejos leves deverãoser promovidos nos meses de dezembroe fevereiro para o controle da altura dasplantas. Dependendo da precipitação daregião e em anos de poucas chuvas, essesdois pastejos não serão necessários

Cratilia argentea Difícil Lento Não Média Alta Médio

Gliricidia sepium Fácil Lento Sim Média-alta Média Médio

Morus spp. Fácil Rápido Não Alta Alta Alto

QUADRO 9- Características agronômicas de novas espécies usadas como bancos de proteína

Valornutritivo

FONTE: Pizarro et al. (1997).

EspéciePropa-gação

vegetativa

Estabele-cimento

Necessi-dade

de corrigiracidez

Alternativasde uso

Retençãode folhasdurante a

seca

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88 Pastagem

(BARCELLOS et al., 2000). A altura mínimarecomendada para as plantas é de 0,40 mpara o mês de fevereiro e de 1 m no inícioda seca (EMBRAPA, 1998).

Com os anos de utilização, existe umatendência de invasão das áreas do ban-co de proteína por gramíneas. Esta inva-são ocorre após o terceiro ou quarto ano.E, neste caso, é aconselhável o desloca-mento do banco de proteína para uma novaárea e o antigo banco de proteína torna-seárea de pastagem consorciada. Nesta novacondição, a cultivar Mineirão deverá per-sistir por mais dois ou três anos. Este seriaum sistema onde a rotação e a implantaçãode bancos de proteína passaria a propor-cionar a recuperação da pastagem comefeitos sobre sua longevidade, a qualida-de da forragem e o desempenho animal(BARCELLOS et al., 2000).

O uso de bancos de proteína para asuplementação de animais em pastagensnativas também é possível. Neste caso,recomenda-se, preferencialmente, a implan-tação de áreas de cultivar Mineirão emdiferentes pontos da pastagem, o que pos-sibilita pastejo mais uniforme da vegetaçãonativa. O acesso deve ser controlado porcercas, permitindo o uso de uma parcela decada vez. A área total implantada com ban-cos de proteína deverá considerar a capaci-dade de suporte da pastagem nativa. Paracada animal, implanta-se de 2.500 a 3 mil m2

de bancos de proteína. A forragem acumu-

lada permite atender à exigência dos ani-mais por toda estação seca. No Cerrado,normalmente, são necessários cerca de4,7 ha de pastagem nativa e 0,3 ha de ban-cos de proteína para suportar um animaladulto (BARCELLOS et al., 2000).

Em regiões mais úmidas, como na Ama-zônia peruana, a utilização de banco de pro-teína de estilosantes para bezerros na des-mama, em sistema de amamentação restrito,proporcionou ganhos de peso vivo entre0,50 e 0,82 kg/dia (VELA ALVARADO etal., 1999).

Para o estabelecimento de banco deproteína de ‘Mineirão’, a taxa de semeadu-ra é de 2 kg a 2,5 kg/ha de sementes comespaçamento entrelinhas de 0,40 a 0,60 m(EMBRAPA, 1998).

Leucena

A produtividade da leucena dependeda cultivar, do espaçamento, do solo, domanejo e das condições climáticas. As pro-duções de matéria seca comestível estãoem torno de 8 a 12 e de 2 a 5 t/ha, respecti-vamente para os períodos chuvoso e seco.As folhas e ramos finos da leucena sãobastante nutritivos, sendo considerado ali-mento completo para ruminantes e mono-gástricos.

A leucena tem sido largamente utiliza-da para bovinos, caprinos, bubalinos eovinos, havendo, contudo, restrições doseu uso para eqüinos. Em um bom sistema

de manejo, a leucena deve contribuir com,aproximadamente, 30% da alimentação.Como banco de proteína, esta leguminosapode ser utilizada de dois modos. O primei-ro consiste em cortar os ramos e fornecê-los fresco aos animais, triturados ou não.O corte poderá ser efetuado de 0,50 a0,80 m acima do solo, ou quando as plan-tas atingirem entre 1,4 e 1,6 m de altura.Cortes a cada 60 a 90 dias, normalmente,garantem a manutenção contínua da pro-dutividade e asseguram a persistência dasplantas. O segundo modo consiste em colo-car os animais em áreas isoladas cultiva-das com leucena (bancos de proteína) parapastejo. Os animais devem iniciar o pastejo,quando as plantas atingirem 1 m a 1,5 m dealtura, as quais devem ser rebaixadas entre0,50 e 0,70 m do solo. A área do banco deproteína deve corresponder em 10% a 30%da pastagem. Sugere-se o acesso dos ani-mais três a quatro vezes por semana, sendoo período de pastejo de duas a três horaspor dia, dependendo da disponibilidade deforragem.

Estudos desenvolvidos no estado deSão Paulo (Quadro 10), com pastagensde B. brizantha fertilizadas com nitrogênio,em relação a pastagens da mesma espécieassociada com banco de proteína de leuce-na e animais suplementados todo o ano esomente na seca, indicaram claramente opotencial de produção desta leguminosa.Durante a estação de chuvas, o ganho mé-dio diário e a produção por hectare nas pas-tagens com banco de proteína de leucenasuperaram os valores obtidos na área comdose de 100 kg/ha de nitrogênio. A produ-ção por hectare total, somando a estaçãoseca e a chuvosa, foi superior apenas quan-do esta produção era adotada durante to-do o ano (LOURENÇO; LEME, 1999 apudBARCELLOS et al., 2000).

Resultados obtidos na Embrapa Cer-rados em protótipos de produção de carneem regime de pastagens resultaram, namédia das pastagens, em taxa de lotação(1 UA/ha/ano) e em produtividade (215 kgde ganho de peso/ha/ano) substancial-mente maior à média nacional (ZIMMER;

Figura 2 - Área do banco de proteína em pastagem cultivada, correspondendo entre15% e 20% da área total, em pastagem cultivada com gramínea

FONTE: Barcellos et al. (2000).

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90 Pastagem

EUCLIDES FILHO,1997). O ganho médiodiário dos animais variou ao longo do ano,sendo, na média dos tratamentos, 100 e650g/animal/dia na seca e nas águas, respec-tivamente. Durante o período seco do ano,a utilização de pastagem de B. brizanthacv. Marandu + banco de proteína de S.guianensis cv. Mineirão destacou-se namanutenção do ganho de peso dos animais.Contudo, as diferenças entre os tratamen-tos passaram a ser mais evidentes a partirde novembro de 2002, quando se consta-taram maiores ganhos acumulados paraos animais mantidos na pastagem de B.brizantha cv. Marandu + leucena (híbri-do 11 x 25) (Gráfico 1). Esse resultado podeser atribuído à utilização da leucena, queconfere dieta de melhor qualidade aos ani-mais em pastejo durante as águas. Entre-tanto, na região do Cerrado, tem-se obser-vado que a contribuição da leucena para aprodução e para a qualidade da forragem,na seca, é pequena, em razão da queda dasfolhas da leguminosa nessa época do ano(BARCELLOS et al., 2000).

Em plantios densos, destinados a cor-tes, o espaçamento recomendado é de 1 mentrelinhas, distribuindo-se de 10 a 12 se-mentes/metro linear. A densidade de plan-tio, neste caso, situa-se entre 15 e 20 kg/ha.Quando o plantio destina-se ao pastejo dire-to, o espaçamento deve ser de 2 a 3 m entre-linhas, com três covas/metro linear. Nes-te sistema serão gastos entre 5 e 7 kg/ha desementes (ZIMMER et al., 2003).

Guandu

Para formação de legumineiras, emprega-se espaçamento de 2 a 3 m entrelinhas, comseis sementes por metro linear. Neste espa-çamento são empregados 4,5 kg de semen-tes por hectare. Podem ser adotados plan-tios mais densos, em que se emprega 1,5 mentrelinhas e seis sementes por metro linear,usando-se 8 a 10 kg de sementes por hec-tare (SEIFFERT; THIAGO, 1983). A grandeprodução de MS desta espécie ocorre naestação chuvosa, embora na estação secaesta leguminosa possa contribuir para oganho de peso animal. Em Campo Gran-de (MS), plantando-se guandu em 1/3 deárea de B. decumbens, em lotação de 3 be-zerros/ha, com acesso livre ao guandu, dejulho a outubro, obteve-se incremento noganho de peso de 18 kg de peso vivo poranimal, quando comparados com animaismantidos em área com B. decumbens sol-teira (SEIFFERT, 1988).

Favoretto et al. (1989) estudaram o de-sempenho de novilhas sob pastejo emcapim-colonião com acesso ao guandudurante a estação seca, em colonião aduba-do com 100 kg de nitrogênio por hectare eem colonião consorciado com soja perene,empregando o put-and-take com o ajustede carga animal em função da disponibili-dade de forragem. Estes autores verificaramganhos de peso vivo de 356 g/animal/dia ede 104 kg/ha para o pasto de colonião comacesso ao guandu, de 262 g/animal/dia ede 55 kg/ha para o pasto de colonião adu-

bado com nitrogênio e de 199 g/animal/diae de 41 kg/ha, para o pasto de colonião con-sorciado com soja perene.

Gliricídia

Nativa das zonas baixas do México eda América Central, a gliricídia (Gliricidiasepium) foi introduzida na maior parte daszonas tropicais e naturalizada desde o nor-te da América do Sul até o Brasil, além deoutros países. Essa espécie se desenvolvebem em áreas com precipitações de 600 a3 mil mm e em altitudes que variam desdeo nível do mar até 1.300 m. O rendimentode matéria seca de folhas pode alcançar22 t/ha/ano, com teores de proteína bru-ta de 22% a 25% e digestibilidade entre 61%e 70% (MATÍAS, 2000).

No Brasil, o uso desta planta ainda érecente, apesar de a importância do uso dagliricídia como leguminosa arbórea ter sidocomprovada nos sistemas agrossilvipas-toris de outros países.

O cultivo da gliricídia com gramíneaspara pastejo direto pelos animais em regi-me rotativo é uma opção promissora paraaumentar a produtividade e a sustentabi-lidade das pastagens. Nesse sistema, aleguminosa contribui para a melhoria dafertilidade do solo e para a dieta dos animaiscomo suplemento alimentar. Durante o pe-ríodo das águas ocorre, normalmente, baixaaceitação da gliricídia pelos animais, sen-do a biomassa proveniente das folhas edos ramos, podada e deixada no solo para

B. brizantha + 100 kg/ha/ano de N 0,498 77 0,345 120

B. brizantha + banco de proteína de leucena 0,562 87 0,472 166

B. brizantha + 100 kg/ha/ano de N + suplemento na seca 0,700 109 0,352 122

B. brizantha + 100 kg/ha/ano de N + suplemento durante todo o ano 0,719 112 0,592 207

QUADRO 10 - Efeito do banco de proteína de leucena e da suplementação alimentar no ganho de peso de novilhos Nelore em pastagens de

B. brizantha cv. Marandu(1)

FONTE: Dados básicos: Lourenço e Leme (1999 apud BARCELLOS et al., 2000).NOTA: Suplemento das secas: 67,5% NDT e 46,4% PB; consumo médio de 756 g/animal/dia.

Suplemento das chuvas: 68% NDT e 37% PB; consumo médio de 944 g/animal/dia.(1) Período de avaliação: junho/1997 a março/1998 (277 dias).

SistemasSeca Chuva

kg/dia kg/ha kg/dia kg/ha

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91Pastagem

decomposição. Com o avanço da estaçãoseca, ocorre a diminuição da quantidadee qualidade do pasto e a gliricídia passaa ser excelente complemento alimentar(RANGEL, 1998).

Cratília

A cratília (Cratylia argentea) é umaleguminosa arbustiva, nativa da Amazô-nia, da parte central do Brasil e de áreasdo Peru, Bolívia e nordeste da Argentina.Caracteriza-se por sua ampla adaptação àscondições de solo e ao elevado potencialde produção de matéria seca. Estas carac-terísticas completam-se com abundanteprodução de sementes e com estabeleci-mento relativamente rápido quando as con-dições são adequadas (ARGEL; LASCANO,1998).

A alta retenção de folhas, particular-mente de folhas jovens, e a capacidade derebrota durante a época seca são caracte-rísticas relacionadas com o desenvolvi-mento de raízes vigorosas que alcançamaté 2m de profundidade e que favorece atolerância da planta a condições de seca ede solos pobres e ácidos (PIZARRO et al.,1995).

A C. argentea multiplica-se facilmen-te por sementes, não sendo recomendadaà propagação vegetativa (PIZARRO et al.,1995). Esta leguminosa responde à inocula-ção das sementes com cepas de rizóbio dogrupo cowpea (ARGEL; LASCANO, 1998).As sementes não necessitam de escarifi-cação antes do plantio (XAVIER et al., 1995).A época mais indicada para o plantio é noinício da estação das chuvas. Em sistemade corte, o espaçamento recomendado é

de 1 m entrelinhas, com 0,30 m entre covas,colocando-se em cada uma três sementes.Neste sistema, a densidade de semeaduraé de 24 kg/ha. Em sistemas de pastejo dire-to, recomenda-se um espaçamento de 2 mentrelinhas, com três sementes por cova e0,50 m entre covas. Com esse espaçamen-to são empregados 8 kg de sementes porhectare (XAVIER et al., 1995).

O crescimento da cratília é lento duranteos dois primeiros meses depois do estabe-lecimento, apesar de o vigor das plântu-las ser maior do que o de outras espéciesarbustivas (ARGEL; LASCANO, 1998).Aos 189 dias após o plantio, a leguminosaapresentou produção de matéria seca de14,3 t/ha e aos 84 dias após rebrota pro-dução de matéria seca de 4 t/ha. O teor deproteína bruta desta leguminosa, que va-ria de 20% a 23%, é considerado elevado.Quanto à digestibilidade da matéria seca,valores entre 48% e 56% são encontrados(XAVIER et al., 1995; MAGALHÃES et al.,2003). Outras características nutricionais dacratília são mostradas no Quadro 11.

Através de observações, verificou-sepouca aceitação, por parte de vacas mesti-ças Holandês x Zebu, à cratília sob pastejodireto, embora, após um período de adap-tação, tenha-se registrado aumento daingestão de matéria seca (XAVIER et al.,1995). Raaflaub e Lascano (1995) mostraramque animais em pastagem de gramínea comacesso a banco de proteína de cratília con-sumiram mais folhas maduras do que novas.Esse resultado indica que a cratília pode serutilizada por ruminantes durante a épocaseca em sistemas de pastejo direto, semnecessidade de outras práticas de manejo.

Feno e silagem

Feno e silagem são produtos oriundosde forrageiras, conservados para seremutilizados em época de escassez de alimen-to, o que na região do Cerrado coincide coma estação seca. O feno consiste em plantaforrageira desidratada e a silagem, rica emenergia, é produzida na estação chuvosa econservada por fermentação anaeróbicaaté a época de sua utilização (PUPO, 1950).Normalmente, a qualidade nutricional dofeno é menor que a da matéria-prima utili-zada. A relação folha-caule (haste) do ma-terial a ser fenado é fator determinantena qualidade do feno. Quanto mais alta arelação, melhor é a qualidade, pois as fo-lhas apresentam maiores valores nutricio-nais.

Segundo Vilela (2003), os seguintes pro-cedimentos devem ser adotados para o pre-paro de feno de qualidade: ceifar o materialpela manhã e apenas a quantidade que pu-der ser manejada convenientemente, prin-cipalmente na estação chuvosa; procederao acondicionamento do material (pelomenos duas passagens); espalhar a forra-gem por algumas horas até que fique par-cialmente curada; amontoar a forragem empequenas leiras antes da queda das folhas;prosseguir na cura do material nestas leiras;enfardar o feno (se ele sofrer molhamento,recomenda-se revirar as leiras para apres-sar a secagem) e o enfardamento na próprialeira evita perda das folhas, principalmentenas leguminosas.

Como matéria-prima para o feno utilizam-se alfafa, calopogônio, soja perene, puerária,estilosantes e mucuna-preta (SEMENTESNATERRA, 2001).

G. sepium 24,8 44,8 27,9 16,1 12,2 60,5 7,5 19,6 3,9

C. argentea 45,5 59,0 36,6 18,1 16,7 48,3 7,8 21,4 1,7

M. alba 43,6 45,3 29,6 20,5 6,4 60,0 12,8 14,8 2,0

QUADRO 11 - Teores médios de matéria seca (MS), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), lignina, cinzas, celulose, pro-

teína bruta (PB), extrato etéreo (EE) e digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) de algumas espécies forrageiras

EE

(%)

FONTE: Magalhães et al. (2003).

EspécieMS(%)

FDN(%)

FDA(%)

Celulose

(%)

Lignina

(%)

DIVMS

(%)

Cinza(%)

PB(%)

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92 Pastagem

O teor de água do feno deve variar entre15% e 18%. Um método prático para avalia-ção do ponto de fenação consiste em tor-cer um molho de forragem, que não deveráestar quebradiço e nem com água, ou deixaras mãos umedecidas. A exposição prolon-gada do feno ao sol provoca redução doseu teor de nitrogênio.

Devido à desidratação dos caules dealgumas leguminosas ser muito mais lentaque a das folhas, podem-se bater os cau-les e armazenar somente as folhas/folíolos(ex.: leucena, cujo feno dos folíolos é tãonutritivo quanto o da alfafa).

Como o feno é alimento desidratado,um quilograma deste equivale a três quilo-gramas de silagem. Quando o feno é pica-do, o consumo, pelo animal, é aumentado.Um animal de 300 kg de peso vivo conso-me 6 kg de feno picado ou moído e 4 kg defeno integral (VILELA, 2003).

O feno de leguminosa mais conhecidoé o da alfafa (Medicago sativa). A cultivarCrioula, adaptada às condições tropicais eirrigada quando há déficit hídrico, pode pro-duzir 18 t/ha/ano de matéria seca com teorde proteína bruta de 22% a 24% em novecortes anuais (VIANA et al., 2004a). O cul-tivo desta leguminosa mantém-se econô-mico por cinco anos. Apesar de poder serutilizada em pastejo direto e cortada nococho, o feno é a sua principal forma deutilização. As plantas devem ser cortadasà altura de 5 cm a 15 cm, quando a culturaapresentar 10% de floração. O espaçamentoentrelinhas deve ser de 0,30 m, sendo ne-cessários 25 kg/ha de sementes que devemser inoculadas com estirpes de rizóbio espe-cíficas. Esta planta exige solos profundose férteis. Outras leguminosas utilizadas pa-ra fenação são calopogônio, soja perene,puerária, estilosantes, guandu e mucuna(SEMENTE NATERRA, 2001).

As referências sobre silagem de legu-minosas são escassas. Algumas legumino-sas podem ser ensiladas puras e outras emmisturas com gramíneas como, por exem-plo, a alfafa, que pode ser ensilada isolada-mente enquanto lablab (Dolichos lablab)e guandu podem ser acrescentados às

ensilagens de milho e sorgo (SEMENTESNATERRA, 2001). A Embrapa Caprinosrecomenda a adição de 20% de leucena nasilagem mista com gramíneas para a ali-mentação de ovinos e caprinos.

Sombreamento depastagens

As árvores na pastagem podem bene-ficiar o gado e a fauna nativa. Os animaisbeneficiam-se com a sombra e protegem-se contra quedas bruscas de temperaturae ventos. As árvores plantadas e as nati-vas preservadas devem estar, de prefe-rência, dispostas em nível, ou em terraços,para reduzir a erosão (ENCARNAÇÃO;KOLLER, 1998). Em sistemas de produçãode leite a pasto, a sombra é essencial paragarantir a produtividade e favorecer a repro-dução animal (CARVALHO, M.M., 1999;DASSIE, 1999).

Leguminosas arbóreas podem serintroduzidas nas pastagens, que, alémdos benefícios citados, podem enriquecê-las. Maiores teores de N e de K foramobservados em folhas de braquiárias sobcopas de angico-vermelho (Anadenantheramacrocarpa ) , ang ico -b ranco ( A.colubrina), angico-mirim (Minosaartemisiana) e vinhático (Plathymeniafoliolosa), como também maior quantida-de (112%) e qualidade (mais N e P) de liteiraforam encontradas em comparação comas gramíneas conduzidas fora das copas.A B. decumbens e a B. brizantha e culti-vares de P. maximum estão entre as gramí-neas mais tolerantes ao sombreamento(CARVALHO, M.M., 1999). A leucena etambém materiais exóticos como as acácias(A. mangium e a A. auriculiformis) e a gli-ricidia (G. sepium) podem ser cultivadascom este propósito (CARVALHO, M.M.,1999).

Na pastagem consorciada com leucena,o isolamento de uma ou mais fileiras duplasde leguminosas arbóreas, por dois anos,propicia a formação de áreas com sombrea-mento da pastagem. Essas áreas deverãoestar situadas em locais estratégicos, distan-tes de aguadas e de colchetes. Recomenda-

se o raleamento das plantas, com a elimi-nação daquelas de menor crescimento, parao favorecimento das demais. Para a leucena,recomenda-se uma planta por metro emcada linha e que sejam intercaladas entre-linhas. As sementes produzidas por estasplantas poderão germinar no solo, servindode forragem aos animais (BARCELLOS etal., 2000).

Adubo verde para culturade volumosos

As leguminosas podem ser utilizadascomo adubo verde para área de produçãode milho e de sorgo, para silagem, e emárea de cana-de-açúcar, contribuindo, prin-cipalmente, com nitrogênio demandadopelas culturas. Também contribuem para oaumento da biomassa em sistemas de plan-tio direto, da fertilidade do solo e reduçõesda população de plantas invasoras, da com-pactação, da erosão do solo e da infestaçãopor nematóides. Em áreas infestadas pornematóides-de-galhas (M. javanica e M.incognita) não se deve plantar as legumi-nosas sesbânia, feijão-de-porco, lablab,tremoço, calopogônio, ervilhaca e trevos,pois estas são plantas hospedeiras de fito-parasitos (ROSSI, 2002).

Os adubos verdes podem ser planta-dos na estação chuvosa. Eles crescem du-rante todo o verão, com grande produçãode biomassa na região central do Brasil.Entretanto, a grande desvantagem é aocupação do solo durante a época de cul-tivo de culturas comerciais. Guerreiro (2002)sugere, como alternativa, a divisão da áreaem quatro glebas reservando uma para oplantio do adubo verde. Este sistema foiimplantado com sucesso na renovação doscanaviais de São Paulo, com a utilizaçãoda crotalária como adubo verde. No Brasilcentral, produções de 17,6; 15,9 e 15,6 t/hade MS foram observadas para crotalá-ria, indifófera e guandu, respectivamente(CARVALHO et al, 1999). Outra utilização éo plantio das leguminosas em consórciocom a cultura do milho para silagem, oupara a produção de grãos. Neste contex-to, pode-se optar pelo consórcio do milho

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93Pastagem

com leguminosas de estabelecimento lentocomo estilosantes cultivar Mineirão e zór-nia (SHUET et al., 1994). Estes autores rela-tam que, após três anos, a produção de mi-lho consorciado com zórnia foi equivalenteà que recebeu 100 kg de N/ha. Outra opçãoseria o plantio de leguminosas após a co-lheita do milho e a incorporação dos res-tos culturais antes da próxima semeadurada gramínea. As leguminosas mais adapta-das a este sistema, na região central doBrasil, são mucunas, feijão-bravo-do-ceará,

feijão-de-porco, guandu e crotalária (CAR-VALHO et al., 1999). Algumas leguminosasutilizadas para adubação verde estão cita-das no Quadro 12.

CUSTO DE IMPLANTAÇÃODE LEGUMINOSAS

O preço de sementes das leguminosasé fator muito importante na escolha da espé-cie a ser utilizada nos diferentes agrossis-temas (Quadro 13). O alto preço dessas se-mentes dificulta a adoção destas pelo setor

produtivo, principalmente pelo pequenoprodutor. Entretanto, algumas alternativaspodem ser adotadas para minimizar o fa-tor custo. O produtor pode destinar umapequena área da propriedade para produ-zir sementes, para o seu próprio uso. Para apropagação do amendoim-forrageiro, porexemplo, pode-se optar pelo plantio deestolões bem desenvolvidos ou mudas,cujo material vegetativo necessário para oplantio de um hectare pode ser obtido deuma sementeira de 500 m2.

QUADRO 12- Caracterização das principais leguminosas utilizadas como adubo verde

Utilização

FONTE: Dados básicos: Caracterização... (2002).

(1) Espaçamento de 0,50 m, exceto para leucena (1,50 m).

Calapogônio

Crotalária

Estilosantes

Feijão-de-porco

Guandu-anão

Guandu-arbóreo

Lablab

Mucuna-preta

Leucena

Caloapogonium

mucunoides

Crotalaria juncea

Stylosanthes

guianensis

Canavalia

ensiformis

Cajanus cajan

Cajanus cajan

Dolichus lablab

Stizolobium

aterrinus

Leucena

leucocephala

Trepador

Arbustivo

Semi-ereto

Ereto

Arbustivo

Arbustivo

Prostrado/

Trepador

Prostrado/

Trepador

Arbóreo

Boa

Insuficiente

Suficiente

Insuficiente

Insuficiente

Suficiente

Insuficiente

Insuficiente

Suficiente

Suficiente

Insuficiente

Insuficiente

Insuficiente

Insuficiente

Insuficiente

Suficiente

Suficiente

Boa

4 a 5

15 a 21

10 a 13

3 a 6

4 a 7

5 a 9

5 a 9

7 a 8

7 a 10

40

25

55

3

20

20

10

4

19

1 a 2

2 a 3

1 a 2

2 a 5

2 a 3

2 a 3

2 a 3

2 a 3

2 a 4

10

25

2

80

25

50

50

65

8

Cobertura

(forragem)

Cobertura

Cobertura

(forragem)

Cobertura

Cobertura

(forragem/

alimentação)

Cobertura

(forragem/

alimentação)

Cobertura

(forragem)

Cobertura

Cobertura

(forragem)

Produçãode

matériaseca

(t/ha)

Nome comum Nome científicoHábito(cresci-mento)

RebrotaRessemea-

duranatural

(1)Densi-dade

(semente/mlinear)

Profun-didade/

Semente(cm)

Quanti-dadede

semente(kg/ha)

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Calopogônio 8,55

Crotalária 3,15

Estilosantes cultivar Mineirão 108,00

Estilosantes cultivar Campo Grande 34,20

Estilosantes Mix = cv. Mineirão (10%-12%) + cv. Campo Grande (88%-90%) 45,00

Feijão-de-porco 3,00

Guandu 2,88

Lablab 2,88

Leucena 6,80

Mucuna-preta 2,88

Soja perene 40,00

QUADRO 13 - Preço de semente (kg) de algumas leguminosas

(1)Preço(R$)

Leguminosa

(1) Valores de venda da safra de 2003.

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INTRODUÇÃO

As pastagens constituem a base daalimentação dos rebanhos na bovinocul-tura de corte nacional. Como qualquer outracultura, elas estão sujeitas ao ataque deinsetos-praga. No entanto, por serem cul-turas de baixo valor por unidade de área,raramente são adotadas medidas curati-vas, que visem ao controle de pragas.O controle químico, no caso das pasta-gens, depara com limitações de ordem eco-nômica e ambiental, havendo a necessi-dade de pesquisar medidas alternativaspara isto. Estas, em função do sistema exten-sivo de exploração, deverão ser de baixocusto e de fácil adoção. Neste trabalho, autilização de plantas resistentes, os con-troles cultural (ex. práticas de manejo daspastagens) e biológico apresentam grandepotencial.

Insetos-praga em pastagens tropicaisJosé Raul Valério1

INSETOS-PRAGA E OPROCESSO DE DEGRADAÇÃODE PASTAGEM

Insetos-praga podem favorecer e mes-mo abreviar a degradação das pastagens.No entanto, não devem ser consideradoscomo fatores principais nesse processo.Admite-se que pastagens bem manejadas,estabelecidas e mantidas em solos corrigi-dos e adubados sejam menos vulneráveisao ataque de pragas. Não que esses ata-ques não ocorram, apenas que as plantas,neste caso, terão melhores condições pararesistir às eventuais infestações. Assim, éde se esperar que pastagens cujas plan-tas apresentem um sistema radicular pro-fundo e vigoroso, que explore um maiorvolume de solo, resistam mais ao ataquede pragas subterrâneas, como o percevejo-castanho e as larvas de escarabeídeos, do

1Engo Agro, D.Sc., Pesq. Embrapa Gado de Corte, Caixa Postal 154, CEP 79002-970 Campo Grande-MS. Correio eletrônico: [email protected]

Resumo - São apresentados os principais insetos-praga constatados em gramíneas forra-geiras no Brasil. Mesmo não representando os principais fatores na degradação daspastagens, ataques de insetos-praga contribuem e podem acelerar tal processo. Ênfase édada às cigarrinhas, consideradas as pragas mais importantes das pastagens na Amé-rica Tropical. Esforços de pesquisa, os quais visam ao controle destes insetos, têm sidoconcentrados na área de resistência de plantas a insetos, alternativa reconhecida como debaixo custo e de fácil adoção. Acredita-se que a melhor estratégia seja a integração de váriastáticas de controle, que promovem a diversificação das pastagens com a inclusão de gramí-neas forrageiras resistentes. Outras pragas consideradas são os cupins-de-montículo,Cornitermes spp. e Syntermes spp.; os percevejos-castanhos do gênero Scaptocoris, cujos re-centes surtos têm constituído séria ameaça às pastagens; as lagartas, Spodoptera frugiperda eMocis latipes; o percevejo das gramíneas, Blissus antillus; as formigas-cortadeiras, Atta spp.e Acromirmex sp.; a cochonilha-dos-capins, Antonina graminis; gafanhotos e larvas de esca-rabeídeos.

Palavras-chave: Controle de pragas. Gramíneas forrageiras. Pastagem tropical. Cigarrinhas-das-pastagens. Percevejo-castanho. Cupim-de-montículo. Lagartas. Formigas-cortadeiras.Blissus. Cochonilha-dos-capins.

que outras, já degradadas, em solos com-pactados, com um sistema radicular pobree superficial. Por vezes, de forma equivo-cada, responsabilizam-se altas infestaçõesde cupins-de-montículo pela degradaçãoda pastagem. Na verdade, constituem ape-nas indicadores de pastagem degradada.Tais cupins proliferam em áreas menossujeitas à mecanização e o número de colô-nias será tanto maior, quanto mais velhafor a pastagem. É verdade, por exemplo,que ataques freqüentes das cigarrinhas-das-pastagens podem reduzir o sistemaradicular, surgindo a hipótese de reduçãona persistência da gramínea. No entanto,de maneira geral, admite-se que a impor-tância de insetos-praga, como agentes dedegradação, estaria restrita a pastagensjá enfraquecidas, especialmente, devido àbaixa fertilidade do solo.

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PRINCIPAIS INSETOS-PRAGADE PASTAGENS

Cigarrinhas-das-pastagens

O comprometimento das pastagens,anualmente atacadas pelas cigarrinhas-das-pastagens, tem-se constituído em um pro-blema relevante dentro da bovinocultura decorte nacional. No estado de Minas Gerais,a importância desses insetos desencadeouinúmeros trabalhos de pesquisa (EPAMIG,1980). Trata-se de um problema entomoló-gico complexo. Tal relacionamento inseto-planta, engloba uma ampla gama de espé-cies de cigarrinhas (Fig. 1 e 2) associada aum diverso grupo de espécies de gramíneasforrageiras, sob diferentes sistemas de ma-nejo numa vasta amplitude de condiçõesecológicas. Diferentes regiões do Brasilapresentam diversos complexos de cigar-rinhas. A ocorrência desses insetos coinci-de com a estação chuvosa do ano, justamen-te quando as forrageiras estão em francocrescimento e os animais, recuperando-seda seca anterior, ganham peso e adqui-rem condições para a reprodução e o abate.As cigarrinhas são capazes de reduzir dras-

Figura 1 - Exemplar de Mahanarva(cigarrinha-das-pastagens)

Figura 2 - Adulto de cigarrinha-das-pastagens (Deois flavopicta)

Figura 3 - Infestação de ninfas de cigarrinha-das-pastagens

ticamente a produção e a qualidade daspastagens estabelecidas com gramíneassuscetíveis, com conseqüente redução emsua capacidade de suporte.

A eclosão das ninfas, provenientes deovos em diapausa, ocorre por ocasião doinício da estação chuvosa que, no BrasilCentral, acontece geralmente nos mesesde setembro e outubro. As ninfas, após aeclosão, alojam-se nas bases das touceiras,junto ao solo, onde permanecem envoltaspor uma massa de espuma produzida porelas mesmas até completarem o períodoninfal (Fig. 3), originando os adultos. Estesacasalam-se, ocorre a oviposição e dá-seorigem a uma nova geração. 0 ciclo ovo atéa emergência do adulto varia com as di-ferentes espécies. Está entre 40 e 50 dias(período de incubação, 15 dias, e períodoninfal, 25 a 35 dias). Atribui-se uma lon-gevidade média de 10 dias às cigarrinhas.

e alertaram para o fato de que estes insetospodem afetar a persistência da gramínea(VALÉRIO; NAKANO, 1987). Pastagensseveramente atacadas pelas cigarrinhasapresentam qualidade inferior. Valério eNakano (1988, 1989) constataram aumentono teor de fibra e reduções significativasna digestibilidade in vitro, assim como nosteores de proteína bruta, fósforo, magné-sio, cálcio e potássio de B. decumbens.Os danos causados à produção e à quali-dade da forragem determinam redução tem-porária na capacidade de suporte das pas-tagens.

Sobre as alternativas de controle

Resistência de gramíneas forrageirasàs cigarrinhas

A busca de gramíneas alternativas, quevisam à composição de um quadro maisdiversificado no contexto da exploração,

Figura 4 - Área com dano causado por cigarrinha-das-pastagens

Danos

Muito embora as nin-fas causem algum dano,são os adultos os respon-sáveis pelos maiores pre-juízos. Estes, ao se alimen-tarem, injetam secreções sa-livares, que determinam amorte das folhas. No geral,as folhas atacadas pelascigarrinhas morrem a partirdas pontas, apresentando,posteriormente, um aspectoretorcido (Fig. 4).

Quando em altas popu-lações, as cigarrinhas redu-zem o crescimento da gramí-nea, afetando a produçãodestas. Valério e Nakano(1988) constataram que 25adultos de N. entreriana,por metro quadrado, em 10dias, reduziram em 35% aprodução de matéria secade B. decumbens. Obser-varam também, reduçõessignificativas na produçãode raízes de B. decumbens,

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deve ser uma constante. Ao se liberaremnovas cultivares que, além das caracterís-ticas agronômicas desejáveis, apresentemtambém razoável (se não elevado) grau deresistência às cigarrinhas, estar-se-á ofere-cendo aos produtores uma alternativa decontrole. Esta será, pelas boas qualidadesda forrageira, de fácil adoção, e também debaixo custo, uma vez que o controle estarásendo efetivado simplesmente através daaquisição das sementes. Portanto, resis-tência de plantas a insetos apresenta a van-tagem de se constituir num método de baixocusto, além do fato de ser facilmente ado-tado pelo produtor. Tem havido um grandeesforço para identificar gramíneas resis-tentes às cigarrinhas. A princípio, váriasdelas pertencentes a diferentes gêneros,foram avaliadas (BOTELHO et al., 1980;COSENZA et al., 1989; MENEZES; RUIZ,1981), sendo algumas de menor expressãoem termos de área plantada; como exem-plo: Setaria, Cynodon, Hyparrhenia,Digitaria e Melinis. Entre as braquiárias,B. decumbens cv. Basilisk e B. ruziziensisforam consideradas suscetíveis, enquantoque B. humidicola e B. brizantha cv. Ma-randu, resistentes. B. humidicola é consi-derada resistente por ser mais tolerante, namedida em que sofre menos dano do queoutras mais suscetíveis, quando sujeita àmesma pressão do inseto. A cultivar Ma-randu é mais resistente pelo mecanismodenominado Antibiose e afeta a sobrevi-vência e o desenvolvimento do inseto. Ne-nhuma outra cultivar de Brachiaria, lança-da nos últimos 20 anos, apresenta resis-tência às cigarrinhas, comparável àquelapresente na B. brizantha cv. Marandu.

A diversificação de pastagens, utilizando-se gramíneas resistentes, apresenta gran-de potencial para minimizar os danos cau-sados por esses insetos. Atualmente, alémde B. brizantha cv. Marandu, novas alter-nativas de gramíneas forrageiras, resis-tentes às cigarrinhas, estão disponíveispara o produtor, incluindo Andropogongayanus cv. Planaltina, Panicum maximumcv. Tanzânia, P. maximum cv. Mombaça, P.maximum cv. Massai e Paspalum atratumcv. Pojuca.

Sobre o controle biológico

das cigarrinhas

O controle biológico das cigarrinhastem sido implementado ainda de formalimitada, apesar do grande potencial. Pas-tagens, por serem culturas perenes, propi-ciam um microclima razoavelmente estávele favorecem a persistência de inimigosnaturais que venham a ser liberados. Esfor-ços nessa linha de controle, usando-se ofungo Metarhizium anisoplae, têm gera-do resultados inconsistentes, limitando asua recomendação. Estudos adicionaissão necessários não só com o fungo M.anisoplae e outros fungos entomopato-gênicos, mas também com outros agentesde controle biológico, como, por exemplo:o microhimenóptero Anagrus sp, um pa-rasitóide de ovos de cigarrinhas; a larvada mosca Salpingogaster nigra, eficien-te predador de ninfas; adultos da moscaPorasilus barbiellini, predador de adultosde cigarrinhas; assim como formigas, quepodem atuar sobre populações de cigarri-nhas, particularmente sobre ninfas recém-eclodidas.

Práticas culturais

Populações de várias espécies de insetos-praga de pastagens podem ser reduzi-das utilizando-se diferentes cargas-animal(EAST; POTTINGER, 1983). O impacto dopastejo no número de insetos, aparente-mente é indireto ao afetar o microclima econdições ambientais do inseto. Além deser ecologicamente desejável, a manipu-lação da carga animal é barata, facilmenteimplementada e prontamente assimiladapelo produtor. De acordo com Suber et al.(1985), as populações de cigarrinhas tendema aumentar em pastagens viçosas subuti-lizadas. Através de observações, feitas du-rante três anos por Valério e Koller (1993),concluiu-se que tanto as populações deninfas, como as de adultos da cigarrinhaNotozulia entreriana diminuíram com oaumento da pressão de pastejo. Essa con-clusão reforça dados obtidos por Koller eValério (1988), sobre a influência da palhaacumulada na superfície do solo na popu-

lação de cigarrinhas. Esses autores cons-tataram números significativamente maisbaixos de ninfas e adultos de cigarrinhasem pastagens, onde a palha havia sido re-movida. A quantidade de palha na super-fície do solo aumenta em pastagens sobpressões de pastejo mais leves. Hewitt (1986)observou maior sobrevivência de ovos decigarrinhas em pastagens de Brachiariacom mais de 30 cm de altura e com grandequantidade de palha. Em outros estudos(BOTELHO; REIS, 1980; COSENZA et al.,1989; HEWITT, 1988; RAMIRO et al., 1984),a avaliação de diferentes cargas-animal nocontrole das cigarrinhas gerou resultadoscontraditórios. Isso enfatiza a necessidadede estudos complementares, considerando,principalmente, a existência de diferentesespécies de cigarrinhas. Reconhece-se, noentanto, que essa alternativa apresenta opotencial de desempenhar papel impor-tante na associação com outros métodosde controle.

Sobre o controle químico

das cigarrinhas

O uso de inseticidas químicos em pasta-gens depara com duas limitações impor-tantes: a primeira, de ordem ecológica, umavez que demandaria o tratamento de exten-sas áreas e, a segunda, de ordem econômica,associada ao custo resultante do tratamen-to dessas áreas. Tais limitações poderiamser talvez minimizadas através da seletivi-dade na aplicação, ou seja, aplicações fei-tas rigorosamente apenas nas ocasiões elocais necessários. Na maioria das vezes, oprodutor tem lançado mão dessa opção emocasiões impróprias, motivado pela cons-tatação de danos (amarelecimento) nas pas-tagens. Valério e Nakano (1992) observaramque a sintomatologia dos danos causa-dos pela cigarrinha N. entreriana, em B.decumbens, expressa-se plenamente apóstrês semanas. Considerando que a longe-vidade média dos adultos está em torno dedez dias, ao se constatar o pasto amare-lecido, a quase totalidade da populaçãoresponsável por aqueles danos já estariamorta, não se justificando, portanto, a apli-

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cação de inseticidas naquele momento.Caso faça opção pelo controle químico, oalvo deverá ser a cigarrinha adulta por oca-sião de sua emergência. Os princípios ati-vos registrados no Ministério da Agri-cultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)incluem Carbaril, Clorpirifós, Fenitrotiom eMalatiom.

Medidas preventivas

Reconhece-se, todavia, que, devido àscaracterísticas do sistema de produção eàs dificuldades práticas em definir mo-mentos adequados para a adoção de me-didas curativas, o controle das cigarrinhasdeva ser preventivo, sendo recomendado:

a) diversificar as pastagens na proprie-dade com a inclusão de gramíneasresistentes às cigarrinhas. Sugere-se:

- gramíneas Brachiaria brizanthacv. Marandu, Andropogon gayanuscv. Planaltina, Panicum maximumcv. Tanzânia, P. maximum cv.Mombaça, P. maximum cv. Massaie Paspalum atratum cv. Pojuca,

- que, onde possível, a inclusão des-tas gramíneas seja feita por ocasiãoda formação de novas áreas, bemcomo quando da renovação depastagens,

- evitar o estabelecimento de áreasextensas com um único tipo de gra-mínea, procurando intercalar áreasde gramíneas suscetíveis com gra-míneas resistentes;

b) manejar as pastagens, ajustando acarga-animal, de modo que evite so-bra de pasto. Sugere-se:

- adotar tal procedimento, principal-mente nas pastagens suscetíveis,em particular, nas áreas da pro-priedade com histórico de maioresinfestações,

- implementar práticas em caráterpermanente, em especial nos mesesdo ano que ocorre pico de produ-ção de forragem. No Brasil Central,

estes meses são janeiro e feverei-ro. A sobra de pasto, originará ma-terial vegetal morto, que contribui-rá para o acúmulo de palha no níveldo solo, favorecendo o inseto.

Ao atingir o objetivo (pastagens comreduzida quantidade de palha no nível dosolo), o produtor poderá aliviar a pressãode pastejo por ocasião de março/abril (BrasilCentral), permitindo um aumento na pro-dução de forragem, visando à alimentaçãodo gado no período seco. Nesta ocasião, osanimais poderão ser transferidos para áreastradicionalmente menos sujeitas a altasinfestações, bem como para pastagensestabelecidas com gramíneas resistentes.

É importante frisar que pastagens cons-tituem-se em sistemas perenes estabele-cidos numa ampla gama de condições cli-máticas, geográficas e edáficas. A relativacondição de estabilidade associada aos sis-temas perenes, favorece a implementaçãode táticas de manejo integrado de pragas.No entanto, devido ao fato de as pastagensestarem estabelecidas nesse amplo espec-tro de condições ecológicas, de estaremsujeitas a diferentes sistemas de manejo e,também, à diversidade de espécies de ci-garrinhas, uma proposta de manejo, quevise ao controle das cigarrinhas, não poderáser generalizada para todo o País. Há, por-tanto, a necessidade de estudos com enfo-que regional, considerando toda essa di-versidade de fatores.

Cupins-de-montículo

A espécie Cornitermes cumulans(Kollar), dada a alta freqüência com que

dominando do paralelo 20 para o norte, eC. ovatus, mais comum na região Norte.Várias outras formas de nidificação epí-gea (que afloram à superfície do solo) sãoencontradas e estão associadas a diversasoutras espécies de cupins. Dentre as de-mais, que constróem montículos em pas-tagens e que também são conhecidas dosprodutores, há a C. bequaerti, responsá-vel pela construção de cupinzeiros comaberturas tipo chaminés, e Syntermes spp.,cujos ninhos, quando afloram à superfície,são espalhados, mais baixos e mais molesque os ninhos de Cornitermes. Cupins dogênero Syntermes são predominantemen-te subterrâneos. Estes, além de forragea-rem carregando pedaços de folhas secas,cortam folhas vivas, lembrando, até certoponto, formigas-cortadeiras. Trata-se deum grupo de cupins que merece, portanto,mais atenção do produtor e dos pesquisa-dores.

Ocorrência em pastagens

O número de ninhos epígeos tende aaumentar em áreas menos sujeitas à me-canização, como as pastagens. Dessa for-ma, pastagens mais velhas tenderão aapresentar níveis de infestação mais eleva-dos. Num estudo realizado por Siqueira eKitayama (1983), verificou-se que a ocor-rência da espécie C. cumulans em rela-ção a outras espécies de cupins tornava-se maior em pastagens cultivadas, em con-traste com áreas naturais inalteradas deCerrado. Enquanto que nestas áreas, de41 cupinzeiros amostrados, oito perten-ciam à espécie C. cumulans, em áreas de

Figura 5 - Área infestada por cupins

seus ninhos são encontrados, temsido a mais estudada. Em verdade,o termo cupim-de-montículo, noBrasil, tem sido associado, quaseque exclusivamente, com essaespécie. Trata-se de espécie predo-minante nas pastagens na RegiãoSudeste e em parte das regiõesCentro-Oeste, Sul e Nordeste doBrasil (Fig. 5). Outras desse gê-nero, apresentando ampla distri-buição, incluem C. silvestrii, pre-

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pastagens cultivadas, de 46 cupinzeiros,36 pertenciam a essa espécie. Pastagensparecem, portanto, constituir ambientesfavoráveis a essa espécie, possivelmentedevido à farta disponibilidade de alimen-tos. De acordo com Fernandes et al. (1998),além dos efeitos do desmatamento na elimi-nação de competidores e inimigos natu-rais, a modificação do ambiente e a ofertaabundante de alimento, com a implemen-tação das pastagens, são decisivos. ParaRedford (1984), um interessante fato a sernotado é que as áreas com predominânciade Cornitermes foram aquelas sujeitas aintenso pastoreio pelo gado. Ele concluiuque o pastoreio, ou o fogo, comum nasáreas de pastagens, tornam o hábitat maisapropriado para C. cumulans.

No Brasil, freqüentemente se faz a afir-mação de que cupins predominam em solosácidos. Lima (1997 apud FERNANDES etal., 1998), no entanto, em estudos para ve-rificar a influência de diferentes práticas demanejo de solo sobre cupins subterrâneose de montículos, não verificou efeito diretoda calagem sobre os cupins.

Danos em pastagens

Sempre existiu uma demanda, por partedos produtores, no que tange ao controledesses insetos em pastagens (C. cumulans,em particular). Embora, historicamente, noBrasil se tenha atribuído o status de pragapara as espécies de cupins, que comumenteconstróem montículos em pastagens, hácontrovérsias quanto aos seus possíveisdanos.

Há um componente cultural arraigadona atividade pecuária, onde se vinculamaltas infestações de cupinzeiros, com a idéiade abandono e/ou de manejo inadequadodas pastagens, gerando a demanda, o queestimularia os estudos, visando ao con-trole.

Se, de um lado, altas infestações de cupin-zeiros dessa espécie podem ser facilmenteencontradas em pastagens, de outro, nãoestá bem claro se esses insetos estariamcausando danos diretos às pastagens. Essadúvida existe, talvez, por não se conhecer

o suficiente a respeito de seus hábitos ali-mentares. Sabe-se que muitas espécies decupins podem consumir diferentes tipos dealimentos e que, mais do que uma prefe-rência em particular, o maior consumo deum ou outro alimento pode estar associadoà predominância, ou disponibilidade des-ses alimentos. Há espécies que se alimen-tam de folhas, ramos, sementes e outrosrestos vegetais depositados na superfíciedo solo e, só eventualmente, em tecidovegetal vivo. Esse parece ser o caso deC. cumulans em pastagens, uma vez quenão se têm verificado danos visíveis causa-dos por esse cupim em pastagens, mesmono caso de altas infestações.

Um trabalho conduzido na tentativa deavaliar os possíveis danos causados poresse inseto às pastagens foi conduzido porCosenza e Carvalho (1974). Esses autoresconcluíram, após observações conduzi-das por 16 meses, que a eliminação docupim-de-montículo (densidade média de170 cupinzeiros por hectare) não alterou aprodução de matéria seca, a qualidade dapastagem, bem como a cobertura vegetal.Suspeita-se, que esse cupim poderia seraté mesmo benéfico, sob o ponto de vistade fertilidade de solo.

Segundo Holt e Coventry (1982), oenriquecimento do solo modificado peloscupins está associado com o aumento noteor de matéria orgânica, provavelmentedevido à incorporação de resíduos vegetaise de material fecal e salivar com o solo, du-rante a construção do cupinzeiro e escava-ções de galerias. Estes autores sugeremque a existência de pequenas áreas de solocom melhor fertilidade, antes ocupadaspor cupinzeiros, podem explicar locais comgramíneas mais viçosas em solos de menorfertilidade.

No Brasil, como mencionado anterior-mente, cupins do gênero Syntermes têm acaracterística de forragear na superfície daspastagens, coletando folhas secas e ver-des. Embora admita-se que ocorram commenor freqüência, se comparado a outrasespécies de cupins-de-montículo em pasta-gens, é importante registrar que estes repre-

sentam uma ameaça em potencial. Na maio-ria dos casos seus ninhos não afloram àsuperfície, o que dificulta medidas de con-trole. Aliás, esse é um fator a ser conside-rado, quando se admite o fato de cupinsdo gênero Syntermes ocorrerem em níveispopulacionais mais baixos, pois em muitoscasos suas colônias podem não estar sen-do visualizadas. Seja como for, é necessárioque esforços de pesquisa sejam direcio-nados para se caracterizar a real importânciadas espécies de Syntermes em pastagens,assim como para avaliar e refinar técnicas,que visem ao seu controle.

Danos indiretos

Quanto aos possíveis danos indire-tos atribuídos à espécie C. cumulans,mencionam-se inconvenientes como redu-ção da área útil das pastagens, o fato de oscupinzeiros abrigarem animais peçonhen-tos, de dificultarem a movimentação demáquinas e até mesmo de depreciarem apropriedade.

O argumento referente à redução daárea útil das pastagens é, também, ques-tionável. Num levantamento, mencionadoem Valério (1995), realizado no norte deMato Grosso do Sul, a área média ocupadapor cupinzeiro era inferior a 0,5 m2. Assim,mesmo para uma infestação de 200 cupin-zeiros por hectare, a área útil reduzida seriade apenas 1%. Cosenza e Carvalho (1974)afirmaram, já naquela ocasião, que a áreaocupada pelos cupinzeiros não era signifi-cativa e menor mesmo do que se supunha.

Cupinzeiros podem abrigar animaispeçonhentos. Na verdade, eles abrigam umadiversidade de organismos. Em estudorealizado por Redford (1984), C. cumulansfoi considerada a espécie chave em seuhábitat, tal a quantidade de animais (mesoe macrofauna) associada com seus ninhos.Além de várias espécies, referidas comoinquilinas, e outros insetos intimamenterelacionados com os cupins (os termitó-filos), podem ser encontrados nos cupin-zeiros abelhas, vespas, aranhas, escor-piões, centopéias, assim como roedores,lagartos e cobras. Estes últimos alojam-se

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em cupinzeiros abandonados. No mesmotrabalho, constatou-se uma grande quanti-dade de ninhos abandonados de C. cumulansem ambiente natural de cerrado, onde qua-se 60% dos ninhos examinados estavammortos. Em pastagens cultivadas, provavel-mente esse percentual seja menor. No entan-to, sempre existirão cupinzeiros abandona-dos, que propiciam abrigo para a mencionadadiversidade de animais. Estes cupinzeirossão passíveis de erosão, originando bura-cos na pastagem, o que constitui um riscode fratura aos animais do rebanho.

Outro inconveniente, refere-se à movi-mentação de máquinas e implementos, queé muito prejudicada em pastagens altamen-te infestadas por cupinzeiros.

A idéia de abandono ou de que altasinfestações por esses insetos depreciama propriedade está firmemente estabele-cida no meio rural. Independente de pos-síveis danos diretos ou indiretos, esseconceito é, talvez, o mais contundente nadecisão do produtor em controlar os cupins-de-montículo em sua pastagem. Fernandeset al. (1998) questionaram se cupins-de-montículo em pastagens representam pre-juízo real, ou se, na verdade, resumem ape-nas o que denominaram de “praga esté-tica”. A verdade, todavia, é que seja qualfor a motivação, a demanda por medidasde controle tem sido uma constante.

Controle em pastagens

Nas áreas onde se decidir pela imple-mentação do controle, este tem sido fei-to, predominantemente, através do uso deinseticidas químicos, introduzidos nocupinzeiro por perfuração feita com umabarra de ferro pontiaguda e uma marreta,utilizando-se inseticidas registrados paraesse fim. Para as espécies C. cumulans eC. bequaerti, sugere-se que a perfuraçãodo cupinzeiro atinja o endoécio. Este, nocaso de C. bequaerti, geralmente é maisprofundo, se comparado com os ninhosde C. cumulans. No caso de C. silvestrii,em cujo ninho não se observa um núcleo(endoécio), recomenda-se que a perfuraçãoseja feita verticalmente e numa profundi-

dade equivalente à sua altura. Para cupin-zeiros de Syntermes spp. que afloram àsuperfície, onde também não se constatafacilmente um endoécio e, devido ao fatode eles poderem ocupar áreas de vários me-tros quadrados, recomendam-se as seguin-tes medidas:

a) medir a área ocupada pela porçãodo cupinzeiro que aflora à superfície(multiplicando-se o maior compri-mento pela maior largura);

b) aplicar o inseticida através de per-furações feitas no cupinzeiro (umaperfuração para cada metro quadra-do). A barra de ferro deve atravessara camada de solo exposto e atingiruns 20 cm abaixo do nível do solo.Os produtos a serem utilizados de-verão ter registro para esse fim juntoao MAPA. Atualmente, os produ-tos registrados para o controle deC. cumulans são: Fipronil (Regent20G), 5 g/cupinzeiro; Imidaclopride(Confidor 700 GRDA), 30 g/100 litrosde água, aplicando-se 1 L da calda/cupinzeiro; Fosfeto de alumínio (Gas-toxin, Phostek), 4 pastilhas chatas/cupinzeiro médio; e Fenthion (Le-baycid 500), 200 mL/100 L de água,aplicando-se 1 L da calda/cupinzei-ro. Para as espécies C. bequaerti eC. silvestrii, o produto registrado éo Fipronil (Regent 20G), 5 g/cupin-zeiro. Segundo o fabricante, esteproduto (Regent), além do métodotradicional de aplicação através deperfuração, poderá ser aplicado sim-plesmente retirando-se uma tampatransversal da superfície (topo) doscupinzeiros, espalhando-se os grânu-los sobre a parte exposta. Recomenda-se retornar com a tampa ao local deorigem, para cobrir o produto ali pre-sente. Quanto a este produto, Valérioet al. (1998) obtiveram excelente con-trole com apenas 1/4 da dose reco-mendada, tanto para C. cumulans,como para C. bequaerti, aplicando-se o inseticida através de perfuração.No caso da espécie C. bequaerti

(cupim-de-chifre ou chaminés), emespecial, assim como para as demais,evitar colocar os produtos nos canaisde ventilação, onde dificilmente oscupins entrarão em contato com oproduto.

Resultados promissores têm sido obti-dos experimentalmente com a utilização dosfungos entomopatogênicos Metarhiziumanisoplae e Beauveria bassiana. O grandedesafio, segundo Fernandes et al. (1998), étornar estes fungos disponíveis para osprodutores.

Mais recentemente, o controle mecâ-nico tem-se revelado como boa alternativa.Implementos acopláveis à tomada de forçado trator, como a broca cupinzeira e, poste-riormente numa nova versão, a demolidorade cupins, foram desenvolvidos para des-truição dos cupinzeiros. Nos casos ondese consegue completa penetração do imple-mento no solo, ocasionando destruição to-tal do cupinzeiro, a eficiência de controle émuito alta. Neste caso, não há necessidadede utilizar produtos inseticidas (ÁVILA;RUMIATTO, 1995; VALÉRIO et al., 1998).Por se tratar de implementos novos e porserem variáveis as condições dos camposinfestados (espécie de cupim, tamanho eprofundidade do cupinzeiro, tipo de solo,nível de umidade do solo, tipo e declividadedo terreno etc.), só com o tempo poder-se-á dispor de uma avaliação mais completasobre esta alternativa de controle.

É importante lembrar que, na maioriadas vezes, pastagens altamente infestadassão, também, pastagens velhas e, portanto,passíveis de recuperação. Caso se planejea recuperação da pastagem, recomenda-se,primeiro, que se efetuem os procedimentosde recuperação. A mecanização da área e aconseqüente destruição dos cupinzeirosreduzirão, em muito, a infestação. De acor-do com Lima (1997 apud FERNANDES etal., 1998), a recuperação criteriosa das pas-tagens, por si só, reduz em quase 100% ainfestação de cupins do gênero Cornitermes.No caso de eventuais cupinzeiros remanes-centes, estes ocorrerão, então, em menornúmero, barateando o controle. É impor-

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tante considerar que nas infestações porcupins-de-montículo, especialmente empastagens mais velhas, boa parte dos cupin-zeiros encontra-se abandonada. Este é umargumento adicional, para que não se optepor controlar os cupins antes das práticasde recuperação da pastagem, pois, muitosdeles (aqueles já abandonados) serão tra-tados sem necessidade. Estas informaçõessão para as espécies do gênero Cornitermes.Atenção especial deve ser dada àquelaspertencentes ao gênero Syntermes, cujosninhos, em sua maioria, são subterrâneos.De acordo com Wood et al. (1977), os cupinscom ninhos subterrâneos são menos afe-tados por práticas agrícolas e as espéciestornam-se abundantes. Outro aspecto aser considerado é que, em contraste coma alta taxa de ninhos abandonados de C.cumulans, constatada por Redford (1984),todos os ninhos de Syntermes examinadospor este autor, estavam ativos. Assim, nocaso do controle de Syntermes em áreas depastagens a serem recuperadas, a aplicaçãode um inseticida é necessária, admitindo-se ser mais eficiente pelo menos 30 diasantes da mecanização do solo. Nessa oca-sião, com a área ainda inalterada, a localiza-ção dos ninhos de Syntermes que afloraramà superfície será mais fácil.

Percevejo-castanho

O percevejo-castanho tem-se consti-tuído importante praga de pastagens emalguns Estados brasileiros, particularmenteno Mato Grosso (Fig. 6). Esse inseto apre-senta hábito subterrâneo, predomina emsolos arenosos e pode matar a gramínea,originando reboleiras ocupadas com plan-

tas invasoras. Seu controle em pastagensé difícil.

O percevejo-castanho é um inseto polí-fago e alimenta-se de uma variedade deplantas hospedeiras, o que lhe assegurasobrevivência em extensas áreas. Emborafreqüentemente referido como Scaptocoriscastanea, há, também, outra espécie,Scaptocoris carvalhoi, antes referida co-mo Atarsocoris brachiariae. Sua impor-tância tem sido reconhecida por muitosanos em culturas como algodão, cana-de-açúcar, arroz, amendoim, milho, fumo, efeijão, entre outras, assim como em gramí-neas forrageiras cultivadas ou não.

Pouco se sabe sobre sua biologia. Na ver-dade, trata-se de um inseto muito conheci-do, porém, pouco estudado. Ambos, nin-fas e adultos, vivem no solo, alimentando-se de raízes. As ninfas são brancas; osadultos, usualmente em torno de 10 mmde comprimento, são de coloração casta-nha, com suas patas anteriores adaptadaspara escavar. O forte odor que exalamquando o solo em que se encontram é re-volvido, lembra o cheiro típico de maria-fedida. Durante períodos do ano de maiorumidade, esse inseto permanece nas ca-madas mais superficiais do solo, mas, emcondições mais secas, ele se desloca paracamadas inferiores, com profundidadesalém de 1,5 m.

Recentemente, esse inseto tem causadodanos severos em pastagens de diferentesespécies de Brachiaria, ameaçando áreasextensas com estas gramíneas, particular-mente no estado de Mato Grosso. Foi cons-tatado também em Mato Grosso do Sul,Bahia, São Paulo e Tocantins. Admite-seque a ressurgência desta praga possa estarocorrendo também em outros Estados.

Danos

Os danos ocasionados pelo percevejo-castanho são resultantes da sucção da sei-va das raízes, tanto pelas formas jovens,as ninfas, como pelos adultos. Geralmente,danos significativos já ocorreram, quandoda constatação da infestação deste inse-to. Em níveis populacionais baixos, oFigura 6 - Percevejo-castanho

percevejo-castanho retarda o desenvol-vimento da planta, o que, muitas vezes pas-sa despercebido. Entretanto, quando emaltas populações, determinam a morte detouceiras da gramínea forrageira, alterandoa composição da pastagem, originandoreboleiras ocupadas com plantas inva-soras.

Controle

O controle químico do percevejo-castanhoé exeqüível em culturas anuais, uma vezque pode ser realizado preventivamente,durante o preparo do solo, portanto, antesdo plantio. Mas em pastagens, culturasperenes, o controle é mais difícil, exigindoa reforma das áreas atacadas, associada auma aplicação preventiva de inseticida.

Admite-se a necessidade de, a médioprazo, desenvolver-se, ou propor alternati-vas de controle, possivelmente através deplantas resistentes ou práticas de manejo,como, talvez, rotação pastagens/culturaanual, incluindo controle químico preven-tivo. Esta prática de rotação, na verdade,tem sido recomendada atualmente comoproposta, visando à reforma de pastagensdegradadas. Admite-se que plantas maisvigorosas, com um sistema radicular bemdesenvolvido, em solos corrigidos e adu-bados, sejam menos sensíveis ao ataquedesse inseto.

Lagartas

As lagartas são insetos consideradospragas ocasionais em pastagens. Ocorremciclicamente em níveis populacionais eleva-dos. São duas as principais espécies de la-gartas que atacam as pastagens: Spodopterafrugiperda e Mocis latipes. Ambas sãocapazes de desfolhar totalmente extensasáreas de pastagens.

Spodoptera frugiperdaÉ também conhecida como lagarta-

militar, ou lagarta-do-cartucho-do-milho(Fig. 7). O ciclo biológico compreendequatro fases: ovo, lagarta, pupa e adulto.Requer, em média, três dias para a períodode incubação dos ovos, 16 a 20 dias para

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a período larval, e 10 dias para o períodopupal. O adulto, que vive em média 15 dias,inicia postura por volta do quarto dia desua emergência. Cada fêmea oviposita emmédia 2 mil ovos. Estes são colocados emmassas com, aproximadamente, 70 a 90ovos cada. Várias gerações podem ocorrerao longo do ano.

As lagartas, após a eclosão, alimentam-se, raspando as folhas. À medida que sedesenvolvem, no entanto, passam a con-sumir as folhas a partir das bordas para ocentro. Durante a fase larval, a lagarta-militarpassa, em média, por seis estádios de de-senvolvimento (instares). São nos doisúltimos instares que a lagarta consome 85%do total que necessita para completar a faselarval.

Ao término do período larval, as lagar-tas transformam-se em pupas, que ficamlocalizadas predominantemente no solo,ou, eventualmente, sob restos vegetais nonível do solo. Esta é uma informação impor-tante, quando se objetiva o controle quími-co desse inseto, devendo-se tomar o cuida-do para não aplicar o produto, quando amaior parte da população estiver na fasede pupa, uma vez que esta estará protegi-da. A pupa apresenta coloração marrom econsiste de uma fase do desenvolvimento,em que se processa a transformação da la-garta em mariposa. Os adultos são maripo-sas que medem, aproximadamente, 2 cm decomprimento e 3,5 cm de envergadura (asastotalmente abertas). As fêmeas apresentamas asas anteriores uniformemente cinzas,enquanto que as posteriores são brancas

e transparentes com borda levemente escu-recida. Os machos, muito embora sejamtambém acinzentados, apresentam duasáreas esbranquiçadas na asa anterior, umano ápice e outra na região mediana da asa.

Mocis latipes

Possivelmente esta é a mais importan-te das lagartas que atacam as pastagens(Fig. 8). Também conhecida como curuquerê-dos-capinzais, esta lagarta é facilmentediferenciada da anterior, porque se loco-move como se estivesse medindo palmos,enquanto a lagarta-militar arrasta-se sobrea superfície das folhas. Os ovos são colo-cados sobre as folhas. A eclosão das la-gartas ocorre após um período de 7 a 12dias. Totalmente desenvolvidas, as lagar-tas medem 40 mm. Sua coloração é verde-escura, com estrias longitudinais castanho-escuras, limitadas por estrias amarelas.A cabeça é globosa também com estriaslongitudinais amarelas. A fase larval duracerca de 25 dias, logo após ocorre a trans-formação em pupa. Esta pode ser encon-trada encoberta por folhas aderidas a elapor um frágil casulo, ou então no solo, aoredor das plantas. 0 período pupal temduração aproximada de 14 dias, quandoentão ocorre a emergência do adulto. A ma-riposa mede, aproximadamente, 40 mm deenvergadura e apresenta asas de coloraçãopardo-acinzentado.

Controle

Estas lagartas, se em altas populações,podem consumir totalmente a forragem dis-

ponível. Se a área infestada estiver prontapara o corte ou pastejo, recomenda-se cortá-la ou pastejá-la procurando, com isso, apro-veitar o pasto antes que as lagartas o façam.Não sendo possível, recomenda-se aplicarinseticida, lembrando que este será maiseficiente, se aplicado quando as lagartasestiverem ainda pequenas. Aconselha-sea aplicação de inseticidas de baixa toxici-dade e curto poder residual nos focos ini-ciais. Para tanto, é desejável que as pas-tagens sejam vistoriadas freqüentemente.É necessário retirar os animais das áreastratadas por um tempo que dependerá doproduto utilizado.

Estas lagartas, quando em níveis po-pulacionais muito altos, apresentam ummovimento migratório. Esta migraçãoprocessa-se de áreas com grande concen-tração de lagartas e já com baixa disponi-bilidade de alimento, para áreas adjacentescom abundância de alimentos. Quandoocorre esse movimento, sugere-se a utiliza-ção de barreiras físicas ou químicas comoabertura de valetas, cortando o sentido mi-gratório. Dentro destas valetas são colo-cados produtos inseticidas. Nessas con-dições, pode-se ainda utilizar o rolo faca,visando à destruição das lagartas. Inse-ticidas químicos registrados para o con-trole de lagartas em pastagens incluemos seguintes princípios ativos: Carbaril,Fenitrotiom, Malatiom e Triclorfom. Há,também, produtos biológicos à base deBacillus thuringiensis que podem seraplicados. Trata-se de um inseticida micro-biano seletivo para lagartas não sendo,portanto, necessária a retirada dos animaisquando da aplicação.

Percevejo-das-gramíneas

O percevejo-das-gramíneas, inicialmen-te identificado como Blissus leucopterus,tem sido registrado, no Brasil, desde 1975,quando foi constatado no município deFortuna, MG. No contexto referente às pra-gas de pastagens no Brasil, este percevejoconstitui um caso particular. Muito emboratenha sido admitido que fora introduzido

Figura 7 - Lagarta-militar ou docartucho-do-milho(Spodoptera frugiperda)

Figura 8 - Lagartacuruquerê-dos-capinzais(Mocis latipes)

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no País, há evidências de que esta espécienão ocorra no Brasil (VALÉRIO et al., 1999).Enquanto nos EUA ela tem sido associa-da com importantes culturas de cereais, gra-míneas forrageiras e gramados, no Brasil,infestações de Blissus estão associadasquase que exclusivamente às gramíneasBrachiaria arrecta (ex B. radicans, Tannergrass), capins angola e tangola (REIS etal., 1976; OHASHI et al., 1980; PEREIRA;SILVA, 1988). Esse percevejo, apesar daspreocupações surgidas logo após a suaconstatação, não reproduziu nas condi-ções brasileiras a importância que lhe éatribuída nos EUA. O fato de não ter sidoconstatados (no País) a presença e os da-nos em cultura de milho (uma das plantashospedeiras dessa espécie nos EUA), plan-tada em áreas adjacentes a B. arrecta, alta-mente infestada e danificada, fez com quese questionasse sobre a sua identificação.Exemplares de Blissus coletados em 1996,no estado de Mato Grosso do Sul, foram,então, enviados para identificação, resul-tando tratar-se de B. antillus (Fig. 9). A par-tir dessa constatação, espécimens de Blissus,coletados em 1975, em Minas Gerais (oca-sião e local de sua suposta introdução noBrasil), foram submetidos novamente àidentificação, resultando tratar-se tambémde B. antillus. Embora esse grupo de inse-tos necessite de revisão (havendo, portan-to, a possibilidade de novas alterações),conclui-se ter sido equivocada a identifi-cação feita, quando de sua suposta intro-dução.

Acredita-se que o percevejo-das-gramíneas ocorra no Brasil, onde os capins

tanner grass, angola e tangola, principaisplantas hospedeiras, tenham sido esta-belecidos. Isso deve-se ao fato de queessas gramíneas são propagadas atravésde mudas, disseminando, assim, o per-cevejo que, predominantemente, aloja-sesob as bainhas das folhas dessas forra-geiras.

Descrição

Os adultos são percevejos muito pe-quenos, que medem de 3,0 a 3,5 mm de com-primento, por 1,0 mm de largura. Corponegro; asas anteriores, em sua maior parte,brancas, com duas pequenas manchaspretas laterais; pernas claras de coloraçãovermelho-amarelado. Os adultos podemocorrer tanto na forma macróptera (comasas longas, normais), como braquíptera(asas curtas); as fêmeas são maiores e maisrobustas que os machos. Os ovos, a prin-cípio brancos, tornam-se avermelhados, àmedida que se aproxima o momento daeclosão da ninfa. São alongados e ligeira-mente curvos, com as extremidades arre-dondadas. As formas jovens, ao longo deseus cinco instares ninfais, apresentamdistintas colorações. O primeiro e o segun-do instares têm coloração vermelha comuma larga faixa dorsal branca na regiãoanterior do abdome; o terceiro instar é ala-ranjado, notando-se o surgimento de te-cas alares; o quarto é marrom-alaranjadocom tecas alares que atingem a região pos-terior do primeiro segmento abdominal e,o quinto, negro com as tecas alares, queatingem além do segundo segmento abdo-minal.

Biologia

Os ovos são colocados, preferencial-mente, nas bainhas das folhas basais oulogo abaixo da superfície do solo, poden-do, quando há fendas no solo, ser postospróximo ou mesmo nas raízes. Após a eclo-são, as ninfas iniciam imediatamente asucção de seiva. No Brasil, através de estu-dos bioecológicos conduzidos por Ohashiet al. (1980), em Minas Gerais, constatou-se que esses percevejos ocorrem em níveis

mais elevados nos meses de outubro e no-vembro. O desenvolvimento desde a fasede ovo até a emergência do adulto, tem aduração aproximada de 90 dias (incubação:20 dias; primeiro instar: 21,5 dias; segundoinstar: 9,5 dias; terceiro instar: 9,5 dias;quarto instar: 11,5 dias e quinto instar: 18,0dias).

Controle

Tendo em vista que este inseto per-manece predominantemente sob as bai-nhas das folhas, reconhece-se a dificul-dade de controlá-lo. Há, no entanto, pro-dutos inseticidas registrados para o seucontrole (princípios ativos Carbaril e Feni-trotiom).

Formigas-cortadeiras

As formigas-cortadeiras, saúvas(Atta bisphaerica - saúva-mata-pasto eA. capiguara - saúva-parda) e quenquéns(incluindo o gênero Acromyrmex spp.) sãopragas importantes em alguns Estados bra-sileiros, particularmente no norte de MinasGerais, em pastagens de Andropogongayanus. Trata-se de um grupo de insetos,cujo controle é muito difícil, mesmo quan-do se utilizam iscas formicidas eficazes. Istodeve-se, em parte, ao grande número depequenos formigueiros espalhados porextensas áreas, muitas vezes difíceis de serlocalizados. Uma terceira espécie de saúva,A. laevigata - saúva-cabeça-de-vidro, mui-to embora corte preferencialmente dicotile-dôneas, tem freqüentemente exploradomonocotiledôneas, tornando-se comum empastagens.

Controle

O controle dessas formigas deve serconduzido permanentemente e o ideal éque não ficasse restrito à propriedade, masfosse conduzido por toda a comunidade.Apesar de várias formulações estarem dis-poníveis, como pós secos, concentradosemulsionáveis, gases liquefeitos, produtospara termonebulização, as iscas formicidastêm sido as mais amplamente empregadasno controle desses insetos.

Figura 9 - Percevejo-das-gramíneas(Blissus antillus)

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Cochonilha-dos-capins

As informações sobre a cochonilha-dos-capins, Antonina graminis (Homoptera:Pseudococcidae), extraídas de SilveiraNeto (1976), dão conta de tratar-se de uminseto presente em todas as regiões tropi-cais e subtropicais do mundo. Apresentahábito sugador, tem corpo ovalado de corarroxeada e mede 3 mm de comprimento.Externamente, apresenta-se envolto por umacamada cerosa branca. São insetos sés-seis, encontrados geralmente nos perfilhosdas gramíneas hospedeiras, concentrando-se, principalmente, junto aos nós, sob asbainhas das folhas, próximo às gemas(Fig. 10). A duração de seu ciclo biológicoé de, aproximadamente, 70 dias, passandopor três instares ninfais. A cochonilhadispersa-se durante o primeiro instar, per-manecendo sedentária durante os demais,ocasião em que já fixa a um local específicoda planta e recobre-se com uma substân-cia cerosa branca. Podem ocorrer, ao lon-go do ano, até cinco gerações. SegundoSilveira Neto (1976), a cochonilha apre-senta como fator limitante a temperatura,desenvolvendo-se melhor entre 24oC e29oC. Ao contrário do que ocorre com ascigarrinhas, a cochonilha é mais prejudi-cial, quando a deficiência de água é maiorpara as plantas, ou seja, no período da seca.Esse inseto ataca os perfilhos da gramínea,a partir do colo da planta, onde se obser-

va a maior concentração de cochonilhas.A sucção dos perfilhos resulta em seca-mento e, eventualmente, morte das plan-tas. Esta se manifesta geralmente em re-boleiras.

Controle

Apesar dos danos que podem causaràs gramíneas, a cochonilha-dos-capins écontrolada eficientemente através do para-sitóide Neodusmetia sangwani. Trata-sede uma pequena vespa de 1 mm de compri-mento, cor preta, sendo o macho alado e afêmea áptera. Acredita-se que esse inimigonatural esteja espalhado por todo o terri-tório nacional.

Gafanhotos

Os gafanhotos são pragas gerais, cujaimportância tem sido enfatizada, devido àsexplosões populacionais verificadas noestado de Mato Grosso, há alguns anos.Naquele Estado, constatou-se a espécieRhammatocerus schistocercoides de hábi-to migratório. Também, em vários Estadosdo Nordeste constataram-se altas popula-ções de gafanhotos, porém pertencentes aoutras espécies e que apresentavam há-bito solitário. Sendo necessário, o seu con-trole será mais eficiente, quando dirigidoàs formas jovens (saltões), que se concen-tram em determinadas áreas. Princípiosativos registrados para o controle de ga-fanhotos incluem Carbaril, Deltametrina,Fenitrotiom e Malatiom.

Larvas de escarabeídeos

Larvas de escarabeídeos (Coleoptera:Scarabaeidae) constituem pragas de pasta-gens de importância localizada. São larvasde hábito subterrâneo, robustas e de corbranca (a parte posterior do corpo pode-seapresentar escurecida, devido ao conteú-do do trato digestivo). Seu corpo tem aforma típica da letra C. Vivendo no perfildo solo e alimentando-se de raízes, os da-nos ocasionados por essas larvas podemoriginar reboleiras amarelecidas na pas-tagem. Em muitos casos, esses danos têm

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EPAMIG. Projeto bovinos - cigarrinha-das-Figura 10 - Cochonilha-dos-capins

(Antonina graminis)

sido erroneamente atribuídos a outrascausas. A espécie referida como sendomais comum em pastagens é Diloboderusabderus. Portanto, por ser praga de hábi-to subterrâneo, que ocorre em cultura pe-rene, o seu controle em pastagens é muitodifícil.

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