PALAVRA AO LEITOR no livro OS PELEADORES de Elio Muller

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Elio E. Müller “Os Peleadores” Episódios da Revolução Federalista, na luta entre Maragatos e Picapaus

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Elio E. Müller

“Os Peleadores” 

Episódios da Revolução Federalista,

na luta entre Maragatos e Picapaus

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Palavra ao Leitor

Volto, semelhante ao que fiz nos volumes anteriores da

Coleção Memórias da Figueira, para enaltecer a frondosa figueiraque se eleva altaneira no Sítio da Figueira. Quanta coisa elapresenciou e tem guardado em seu passado.

Quero relatar um fato ocorrido em tempos atuais. Em 1999,quando eu me aposentara pelo Exército Brasileiro, Doris e eupensamos em ir residir no Sítio da Figueira.

Ficou, entretanto, evidente que iríamos atrapalhar muito mais,do que ajudar aquele povo. E, hoje tenho a certeza, pelaexperiência, de que na distância podemos ajudar melhor, sematrapalhar as lideranças comunitárias, políticas e eclesiásticas,locais.

Na condição de educadores, Doris e eu nos dispomos atransformar o Sítio da Figueira numa sala de aula a céu aberto, umaEscola do Meio Ambiente, onde a frondosa figueira exerce a funçãoda verdadeira mestra, educadora por excelência, para falar àsnovas gerações, aos estudantes e demais interessados.

Figura 1: O autor também é um aluno da Escola do Meio Ambiente ,

e o vemos sentado aos pés da mestra, a Figueira que Fala .Fonte: Ilustração feita pelo autor.

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 Quero ilustrar isso um pouco melhor: - No mês de abril de

1999, próximo ao feriado da Páscoa, estava eu sentado,escrevendo, num ponto discreto, ao lado da figueira.. Em certo

momento escutei um ruído causado por alguém, no lado oposto dafigueira, que fica para a estrada. Era um ruído estranho, como sealguém estivesse picando o tronco da árvore.

É necessário explicar que a figueira tornara-se uma parada deônibus, natural, para os que aguardavam para viajar. Afinal, afigueira acolhia sob sua sombra pessoas que ali se postavam naespera pelo ônibus.

Silenciosamente levantei e, curioso, fui espiar para verificar oque poderia causar tal ruído. Vi um jovem com talvez 18 anos deidade, munido de um canivete, picando a casca do tronco dafigueira, para gravar ali o seu nome.

Dei um rápido passo à frente e fiquei diante daquele jovem ereclamei: - O que você pensa que vai fazer com esse canivete?

Ele respondeu: Estou tascando o meu nome no tronco dafigueira. Quero deixar registrada a marca da minha passagem...

Procurei orientar o rapaz e expliquei: Você não vê que, naverdade, está machucando a figueira. Imagina se cada pessoa quepor aqui passa procede como você?

A primeira reação do jovem foi de contrariedade, dizendo: -Essa figueira não é tua! Ela pertence à estrada e aos que seguempela estrada...

Retruquei: - Tudo bem, se tu consideras que a figueira não mepertence, até concordo com isto, pois hoje em dia penso que, soueu quem pertence à figueira. Digamos então que a figueira a todospertence;, aos que buscam acolhida, proteção e abrigo. Mas entãonão deveriam também todos assumir a responsabilidade pelafigueira? Não deveriam todos cuidar da figueira para protegê-lacontra danos? Concordo que ela é daqueles que dela cuidam, bemcomo dela necessitam como abrigo, em especial daqueles que paracá vem, a espera do ônibus, ou que apenas seja para um momento

de descanso ou para uma meditação sobre a vida.

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O jovem passou a fechar o canivete. Aproveitei e fui até acozinha de minha casa peguei uma caneca de água e, em seguidame dirigi até um canteiro de flores e recolhi um punhado de terra.Aproximei-me de novo da figueira... Fiz lama com água e terra, e

passei a esfregar isso sobre a casca que havia sido danificada como canivete do jovem. A lama fechou as ranhuras e o dano foisumindo debaixo da camada de lama. Fiquei esfregando o localmachucado, como se estivesse fazendo um curativo.

O jovem ficou olhando com um misto de espanto e decuriosidade. Em dado momento, falou: - Desculpe, senhor, pelo quefiz com a figueira e pelo que lhe falei. Concordo que a figueira émais sua do que minha, pois vejo que o senhor cuida dela e aprotege.

Nisso o ônibus chegou, parando diante do jovem e, ele foiembarcando. Sorri satisfeito e aproveitei para ainda dizer: - Tenhauma boa viagem, meu amigo e retorne aqui sempre que precisaresde acolhida, proteção e, acima de tudo, de bons ensinamentos e deboas lições para a vida. Fico feliz que reconheceste que a ninguémcabe o direito de machucar esta figueira. Vá em paz pois em nomeda figueira declaro que ela te perdoa e que ela te convida para teunires aos protetores da figueira e de toda a natureza. Siga em

paz...

Jamais decobri o nome desse jovem... Afinal, isso nem era tãoimportante. Fora até bem melhor que ele permanecesse em minhamemória como um personagem anônimo, que personifica todos osque não sabem o que fazem, quando ferem, quando poluem ouquando machucam elementos do nosso meio ambiente, sejamárvores ou rio, o ar ou outros seres viventes.

Pensando neste jovem anônimo, o meu pensamento viajourumo ao passado. Voltei para Panambi, minha terra natal, onde umdia, como jovem, quando saía da adolescência, trabalhava no jornallocal, o Jornal O Panambiense. Eu também já fora um jovembisonho, de horizontes pequenos... Mas para felicidade minha,sempre contei com pessoas dispostas a gastar tempo comigo, parame conceder bons ensinamentos, com lições de vida e lições para avida.

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Recordo com satisfação da minha aprendizagem no jornalonde iniciei como impressor, passando a ser tipógrafo e finalmenteintegrante da equipe de redação e reportagem.

Dentre as grandes lições aprendidas, cito os ensinamentosque recebi da senhora Gertrud Schmitt Prym, esposa de WilhelmSchmitt Prym e mãe do proprietário do jornal, o Miguel. Ela era uma

 judia cristã que com a família tivera que fugir da Alemanha Nazista,onde ter ascendência judaica, onde ser israelita, era um risco detormentos terríveis ou até mesmo a morte em câmaras de gaz noscampos de concentração. Sabemos que milhares de judeuspereceram assassinados em massa e não tiveram a possibilidadede alguns poucos que conseguiram fugir em tempo.

Dona Gertrud escrevia o suplemento alemão, do jornal. Elavalorizava o meu trabalho de tipógrafo, exigindo que eucompusesse os textos tipográficos, para compor as chapas deimpressão. Ela dizia: - Você é o único dos nossos funcionários quedomina bem a língua alemã e consequentemente produz menoserros, quando compõe as letras no componedor.

Dona Gertrud era muito atenta e não apenas se interessavapelo meu trabalho. Ela gastava tempo para conversar comigo, para

saber o que se passava em minhas idéias, para ver o tamanho domeu universo intelectual e o tamanho da minha cosmovisão. Eufalava com ela a respeito dos meus sonhos e planos einvariavelmente eu enfatizava: - Quero me tornar alguém capaz deajudar a transformar a nossa sociedade para torná-la mais justa,mais humana e mais fraterna.

Inicialmente fiquei chocado com as avaliações que ela fazia arespeito de minhas idéias. Ela insistia em dizer: - “Elio, não existe

um mundo bom. Lamentavelmente o mundo sempre foi e sempreserá dominado por pessoas que se fazem de donos de tudo e detodos. Somos cercados de maus poderes. Por isto, o mundo podetornar-se em um lugar muito mau para as pessoas. Você precisaampliar sempre mais os seus horizontes e a sua cosmovisão. Omundo é muito mais do que a família à qual tu pertences... Omundo é também muito mais do que a escola que freqüentas... Omundo é muito mais do que o teu local de trabalho e a cidade ondevives e, conforme vejo, da qual jamais saíste. Tu não sabes o que

te espera lá fora, no mundo mais amplo e hostil... Por issorecomendo: - procure conhecer bem melhor o ser humano, procure

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saber mais sobre a natureza humana. Saberás que não existempessoas perfeitas. Todos são capazes de cometer erros. Todos sãocapazes de fazer algo que é mau. Este é o motivo porque jamaisteremos uma sociedade boa e perfeita. Uma sociedade sempre está

em construção. Uma sociedade sempre está a necessitar detransformação, para se tornar melhor do que está e para o bem detodos, em particular das minorias discriminadas e injustiçadas. Aspessoas ao seu redor jamais serão tão boas como gostaria que elasfossem... Você mesmo não é tão bom como gostaria de ser...Masnão perca jamais o seu idealismo, não perca jamais a suainocência, como a de uma criança que olha o mundo com olhosbons... Não desista jamais de sonhar e trabalhar por um mundomelhor... Acredite sempre que as pessoas e a sociedade podemmudar, podem melhorar... Todos nós podemos aprender, paraparticiparmos da construção de um mundo melhor para as novasgerações’. 

Dona Gertrud também costumava enfatizar: - “Precisamos degente com fé, iniciativa e coragem que se dispõe para lutar etrabalhar. Somente com esse espírito de luta e de trabalho, podeacontecer algo novo no nosso mundo...”

Isto me faz lembrar o refrão de uma música tradicionalista

gaúcha, composta pelo pelotense Leopoldo Rassier *, e que servemuito bem para indicar o enfoque do presente volume de Os 

Peleadores .

" Não tá morto quem luta e quem peleiaPois lutar é a marca do campeiro!"

 __________________________________________________________ 

No rodapé:  Leopoldo Rassier - Leopoldo Souza Soares Rassier erabisneto do Visconde de Sousa Soares. Rassier nasceu e se educou emPelotas. Nascido e criado em estância, era campeiro sem bravatas, mashomem de pé no estribo. Não por acaso, era um dos Cavaleiros da Paz, e oscompanheiros recordam sempre suas façanhas e causos na 1ª CavalgadaInternacional da Paz, cabresteando três ou quatro cavalos, desafiando a ferozenchente no braço e na raça para salvar o chapéu novo de um companheiro. Omúsico e advogado Leopoldo Rassier, faleceu aos 63 anos, no dia 06 defevereiro de 2000 no Hospital de Clínicas, em Porto Alegre. O cantor foienterrado, num final de tarde, no Cemitério Jardim da Paz.

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As lições de dona Gertrud Schmitt Prym tiveram influênciasobre meus interesses, sobre meu estudo e sobre a minha atividadeprofissional.

Por um lado entendi que Dona Gertrud fazia um chamado, aquem aspirasse a liderança, para que se mantivesse disposto apelear com coragem - lutar corajosamente - e se dedicar aotrabalho, com perseverança. Ela e sua família foram um exemplodessa disposição para a luta e trabalho, se observarmos como apósperderam tudo na Alemanha Nazista, mesmo tendo que fugir parase salvarem, vieram ao Brasil e aqui refizeram a vida.

Escutando a história desta família, passei também a quererconhecer melhor a história da minha própria família, da minha terra,do meu povo, dos meus pais e avós. Passei a ter um grandeinteresse para ter contato com os mais idosos. Eu os via comopotenciais contadores de histórias por serem conhecedores da vidae dos problemas enfrentados por aqueles que viveram antes denós.

Tenho hoje um currículo que atesta um meio século dededicação neste labor, no mister de escutar as histórias que osmais velhos tem para contar, primeiro na minha própria terra natal

e, depois, nos lugares por onde passei. Em 1970, ao chegar no valedo rio Três Forquilhas, passei a alimentar a idéia de transmitir ashistórias que eu ia recolhendo junto aos antigos “contadores dehistórias”, com os quais cruzara o meu caminho de vida. Afinal, nãoé a Coleção Memórias da Figueira a realização deste propósito?

Nessa minha nova condição, agora de escritor, não me vejono status de historiador. Não elaborei essa coleção para fazerconcorrência aos nossos historiadores, sejam eles do meio

eclesiástico ou de outras esferas do saber.

No meu entender, existe uma grande diferença entre umcontador de histórias e um historiador. O contador de histórias éuma pessoa que ouve, que escuta os mais velhos. Ele ouveaqueles que trazem consigo a tradição oral e que falam de casos ecausos do passado, por terem ouvido isso dos antepassados edesejam repassar isso às novas gerações.

Já um historiador faz algo diferente, pois, em geral, elecostuma, muito mais, ir em busca de arquivos, registros e

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documentos, visando comprovar fatos, acontecidos no passado,para elaborar a história de uma pessoa ou a história coletiva de umgrupo ou povo.. Mas uma pergunta aflora e me chama a atenção: -São todas as fontes primárias, arquivos, atas e registros, confiáveis,

como verdade absoluta de fatos e acontecimentos. São maisconfiáveis que as informações que nos são dadas pela tradiçãooral? Penso que, quem produz fontes primárias é, também, apenasuma pessoa que pode ser tendenciosa ou unilateral no que registra.As fontes primárias nada mais são do que a visão ou modo depensar de quem escreveu as informações.

Sabendo que, os fatos que recebi através do relato dos maisidosos, falam de uma época, que eu não vivi, procurei semprepreservar a realidade que se vivia naquela época. Porém os relatosvindos a mim através da tradição oral - através dos contadores dehistória  – eu os recebi como sendo também arquivos. Afinal, nãosão os contadores de história verdadeiros arquivos vivos?

Escutando os mais idosos, eu perguntava de circunstânciasdos fatos relatados e sobre as datas dos acontecimentos que nemsempre eram detalhadas com exatidão.. Por isso, quando possível,eu também ia em busca de fontes primárias, de documentos, paraesclarecer dúvidas e situar as histórias no tempo e no espaço.

Encontrei documentos que ajudaram a comprovar depoimentos dahistória oral. Consegui alcançar informações precisas sobrepersonagens, sobre eventos e sobre as instituições do passado.Procurei, desta forma, localizá-los no espaço e no tempo.

Tive paciência, na busca e na análise de depoimentoscolhidos sobre a história que agora passa a compor a ColeçãoMemórias da Figueira. Durante mais de 40 anos de minha vidadediquei-me a uma mesma pesquisa sobre a Colônia de Três

Forquilhas. Mesmo assim, não posso considerar o trabalho comoconcluído. Muita coisa poderá ainda vir a ser encontrado por novospesquisadores e que sirva para corrigir ou complementar o meutrabalho. Porém, no papel de menestrel das letras, como contadorde casos e causos ouvidos dos mais idosos  – de contador dehistórias - é certo que apresento algo novo, sem fazer mera cópiado que outros antes de mim escreveram sobre estes assuntos.

Em 1994 declarei: - sou um viajante no tempo, a procura do

conhecimento sobre o nosso passado - nossa história - com vistas àconstrução de um mundo melhor para as futuras gerações.

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Poderia o homem viajar no tempo?Poderia uma pessoa se deslocar tanto para o passado como

para o futuro?Seria isso possível? Será que em outra época distante já foi

inventado um equipamento que permita realizar essa façanha?Acredito que a pesquisa da história nos oportuniza esse feito,de poder viajar no tempo. Tornei-me um desses viajantes notempo...

No papel de viajante no tempo, tenho por proposta de contar ahistória, por mim pesquisada, de uma forma divertida, quase lúdica,no intuito de fazer da leitura um divertimento, em particular, atravésde diálogos criados para os personagens, com base em fatos reais.O propósito é de atiçar e prender a curiosidade do leitor, semprerealçando lições que sirvam para ensinar de modo particular asnovas gerações, os estudantes, sobre a vida, sobre os erros esobre os acertos, de nossos ancestrais, ou, porque não, tambémsobre os nossos próprios equívocos, cometidos no passado ou notempo presente. Mesmo que tenhamos sido movidos pela intençãode produzir algo confiável e bom. 

Convido pois o leitor a viajar um pouco no tempo, através daspáginas de Os Peleadores , conhecendo um pouco mais sobre

épocas passadas da Colônia de Três Forquilhas, em particular operíodo da Revolução Federalista que marcou dolorosamente todoo Sul do Brasil.

Em Os Peleadores o leitor pode observar Baiano Candinho eseu efetivo de peleadores, que surgiu no vale do rio TrêsForquilhas. Considero que os integrantes desse efetivo, em suamaioria, não eram soldados de fato, uma vez que jamais haviamsido preparados para exercerem o mister das armas. Dentre os

integrantes do Esquadrão Josaphat, apenas Baiano Candinho eseus camaradas cearenses, que desertaram da guerra, haviam sidosoldados, que sabiam o que era um combate. Eles haviamparticipado da Guerra do Paraguai. Haviam integrado o Corpo deVoluntários da Pátria, do Ceará.

Baiano Candinho, além de soldado dos Voluntários da Pátria,posteriormente também integrara a Escolta Policial da Colônia deTrês Forquilhas, sob o comando do subdelegado Major Adolfo

Felipe Voges, conforme foi revelado em Face Morena, o quintovolume da Coleção Memórias da Figueira. Candinho se destacara,

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sendo guindado ao posto de capitão. Recebera a maior confiançado subdelegado, sendo designado para as missões mais árduas ede maior responsabilidade.

No princípio da Revolução Federalista, Baiano Candinho foiorientado pelo chefe federalista de Conceição do Arroio para formaruma tropa, que foi denominada de Esquadrão Josaphat . Noprincípio foi apenas um pelotão, o Pelotão Protestante . Depois,durante a revolução, conseguiu formar mais dois pelotões, oSerrano e o dos Brigadas .

Portanto, Baiano Candinho, o comandante do EsquadrãoJosaphat, possuía as noções básicas para preparar a tropa,incluindo a prática de tiro e o manejo de lanças, mesmo querudimenmtares.

Mas conforme já frisamos, a maioria dos integrantes doEsquadrão eram apenas colonos, tropeiros ou peões, porém sefizeram peleadores dispostos para irem à luta, isso sem jamaisterem sido soldados de fato.

Nossa intenção em Os Peleadores também  é demostrar aface mais autêntica de Baiano Candinho, um homem honrado, que

viveu durante quase vinte anos na sede da Colônia de TrêsForquilhas. Ele, a princípio, não foi morar no Baixo Josaphat  – Arroio Carvalho e Rio do Pinto - conforme mais tarde tentaram fazercrer. Importa enfatizar que o primeiro emprego de Candinho foi como pastor Carlos Leopoldo Voges, o patriarca espiritual da Colônia.Depois foi o emprego de capataz na propriedade do veterano CarlDaniel Gross, instalado à margem da estradinha que leva de TrêsForquilhas até a localidade de Morro do Chapéu. Finalmente,Candinho tornou-se homem de confiança do subdelegado Major

Adolfo Felipe Voges, atividade que foi fundamental para a suaascensão como líder forte no movimento federalista, na área doLitoral Norte do Rio Grande do Sul.

Após estas informações deixamos que o leitor, realize essaviagem no tempo e conheça as trilhas e os caminhos percorridospelos peladores. Na maioria homens dignos e de valor que foramderrotados nessa revolução.

Desejo ainda, a todos, uma boa leitura, ou “leitoremsalutem” conforme já diziam os romanos. 

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Itati – RS, 12 de fevereiro de 2011.

Elio Eugenio Müller

Membro da Academia Virtual Brasileira de Letras – AVBL