Palestra a terapia cognitivo comportamental

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A Terapia Cognitivo Comportamental: práticas e contexto Erika Costa Barreto Psicóloga Clínica e Institucional Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental Mestre em Cognição e Linguagem Professora da UFF (Campos) e ISECENSA [email protected]

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A Terapia Cognitivo Comportamental: práticas e contexto

Erika Costa Barreto

Psicóloga Clínica e Institucional

Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental

Mestre em Cognição e Linguagem

Professora da UFF (Campos) e ISECENSA

[email protected]

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A Terapia Cognitivo-Comportamental integra

técnicas e conceitos vindos de duas principais abordagens tais

como a cognitiva e a comportamental.

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De acordo com a Terapia Cognitiva os indivíduos atribuem significado a

acontecimentos, pessoas, sentimentos e demais aspectos de sua vida, com base

nisso comportam-se de determinada maneira e constroem diferentes hipóteses

sobre o futuro e sobre sua própria identidade. As pessoas reagem de formas

variadas a uma situação específica podendo chegar a conclusões também variadas.

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Em alguns momentos a resposta habitual pode ser uma característica geral dos indivíduos dentro de determinada cultura, em outros momentos estas

respostas podem ser idiossincráticas derivadas de experiências particulares e peculiares a um

indivíduo. Em qualquer situação estas respostas seriam manifestações de organizações cognitivas

ou estruturas. Uma estrutura cognitiva é um componente da organização cognitiva em

contraste com os processos cognitivos que são passageiros (Beck, 1963; 1964).

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Objetivo da Teoria Cognitiva

Descrever a natureza de conceitos (resultados de processos cognitivos) envolvidos em

determinada psicopatologia de maneira que quando ativados dentro de contextos específicos podem caracterizar-se como maladaptativos ou

disfuncionais. O objetivo da terapia cognitiva seria, ainda, o de fornecer estratégias capazes

de corrigir estes conceitos idiossincrásicos (Bahls, 1999; Biggs & Rush, 1999; Beck &

Alford,2000).

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No processo de psicoterapia cognitiva ocorre algo muito semelhante a testagem

empírica das teorias científicas: os sistemas de crenças pessoais são testados com

relação à suas conseqüências e funcionalidade para a vida do paciente

dentro de contextos específicos (Lima & Wielenska, 1993).

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Este processo de testagem empírica ocorre a partir da aplicação de técnicas e conceitos

desenvolvidos na teoria cognitiva e por esta razão é imprescindível, para a realização de uma terapia com bases verdadeiramente científicas, que o terapeuta tenha um embasamento teórico

sólido bem como um domínio das técnicas e uma boa interação com a pessoa que buscou o

tratamento, já que deve haver uma parceria terapeuta-paciente nesta investigação cognitiva

(Rangé, 1998a; Beck & Alford, 2000).

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A história da terapia cognitiva inicia-se em 1956 quando Aaron Beck realizou um trabalho de

pesquisa com o intuito de verificar os pressupostos psicanalíticos acerca da

depressão. Para Freud (1917), pessoas deprimidas apresentavam uma “hostilidade

retrofletida” ou seja, uma espécie de masoquismo ou necessidade de sofrer. Os

estudos de Beck o levaram a deparar-se com resultados de outra natureza: alguns pacientes apresentaram melhoras em resposta a algumas experiências bem sucedidas e não resistiram a

estas mudanças, contrariando o esperado (Beck & Alford,2000).

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Aron Beck

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Isto fez com que Beck e demais pesquisadores iniciassem uma seqüência de novos e diversos

estudos sobre a depressão que passou a ser vista como um transtorno cuja principal característica

seria uma tendência negativa onde a pessoa deprimida apresenta, muito freqüentemente,

expectativas negativas com relação ao resultado de seus comportamentos e uma visão também

negativa de si mesma, do contexto em que está inserida e de seus objetivos (Beck, Rush, Shaw &

Emery, 1979). A partir disso os demais estudos desenvolveram-se de forma a testar estratégias de modificação de tais tendências negativas existentes na depressão bem como a extensão da testagem

deste novo modelo a outros transtornos.

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Beck e Alford (2000) definem cognição como a “função que envolve deduções sobre nossas experiências e sobre a ocorrência e o controle de eventos futuros” ou ainda

“... o processo de identificar e prever relações complexas entre eventos, de modo a facilitar a adaptação a ambientes passíveis de mudança”.

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TERAPIA COMPORTAMENTAL: PRESSUPOSTOS TEÓRICOS

A terapia comportamental embasa-se nas teorias sobre o comportamento que se desenvolveram a partir do início do século XX e que na década de

50 teve grande repercussão através obra de Skinner.

O desenvolvimento da teoria comportamental permitiu o conhecimento a respeito das leis gerais

do comportamento tornando-o mais previsível.

a terapia comportamental "clássica" tal como formulada pelos seus primeiros representantes nos anos 50,

baseada principalmente nos conceitos de condicionamento clássico e operante.

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A Terapia Comportamental se caracteriza por fundamentar-se em princípios sobre o

comportamento, definidos a partir de conhecimentos teóricos e práticos, preocupando-se ainda com a

comprovação científica de seus procedimentos. Ao contrário do que muitos pensam, ela não trata

apenas dos “sintomas observáveis”, mas entende o comportamento como uma relação entre o sujeito e o seu ambiente. Portanto, o terapeuta comportamental

investiga vários aspectos do comportamento (motores, afetivos, cognitivos) e busca estabelecer relações deste comportamento com as condições

físicas e sociais em que estes ocorrem.

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CONDICIONAMENTO OPERANTE

O comportamento operante é aquele que modifica o ambiente, estando sujeito a

alterações a partir das conseqüências de sua atuação sobre o ambiente. Ou seja, as

probabilidades futuras de um operante ocorrer novamente está na dependência

das conseqüências que foram geradas por ele (Skinner,1953).

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Todos os organismos nascem, em maior ou menor grau, preparados para se relacionar com o mundo que os cerca,

ou seja, nascem com um repertório comportamental inato. Aos comportamentos inatos dos organismos, damos

o nome de reflexos incondicionados, que são de grande importância para a sobrevivência das espécies.

Em psicologia, definimos um reflexo como uma relação entre um estímulo e uma resposta, referindo-se o estímulo

a aspectos (mudanças) do ambiente e a resposta a alterações produzidas no organismo. O comportamento

respondente é a relação entre um estímulo e uma reposta na qual o estímulo elicia a resposta (S → R), enquanto o operante é o comportamento que produz alterações no ambiente (conseqüências) e é afetado por elas (R → C).

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Condicionamento Clássico - S → R (Pavlov)

Condicionamento Operante - R → C (Skinner)

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Um exemplo característico de como funciona o condicionamento na área de comunicação é o

caso do McDonald's e da forma como são aplicadas as cores na marca e nos

estabelecimentos. As cores funcionam como estímulo que provoca respostas específicas nos

consumidores.

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Como são cores quentes, o vermelho e o amarelo estimulam o apetite. Outro ponto é que os fast foods buscam um

grande número de pessoas, e as cores quentes não te deixam exatamente confortável para comer devagar ou beber um

refrigerante vendo o tempo passar. Como eles mesmos dizem, time is money, portanto quanto menos tempo você

levar para consumir o que comprou mais lugares serão disponibilizados.

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TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL: DESENVOLVIMENTO E PRESSUPOSTOS

TEÓRICOS

As bases teóricas das terapias cognitivo-comportamentais passaram a ser desenvolvidas no início do século

XX com o surgimento do evolucionismo de Darwin e de uma crescente

realização de estudos empíricos sobre o comportamento.

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Na década de 70 houve um grande desenvolvimento e reconhecimento da terapia

comportamental devido ao surgimento de técnicas novas especialmente no tratamento de fobias,

obsessões e disfuncões sexuais (Lima & Wielenska, 1993). Foi nesta época que Lang, Rachman e

outros desenvolveram a idéia de que um problema psicológico poderia ser compreendido sob três enfoques diferentes (ou “três sistemas”) ligados entre si tais como os sistemas comportamental,

cognitivo/afetivo e fisiológico. Esta idéia representou uma quebra com a visão unitária dos problemas

psicológicos que até então existia.

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O PAPEL DO TERAPEUTA

É importante que o terapeuta se comporte de forma a minimizar o sofrimento do cliente e partir da

provisão de estímulos discriminativos e disposição de conseqüências que levem a mudanças de

comportamento mais efetivas. Para isso é importante que o terapeuta apresente-se como uma

audiência não-punitiva e um agente reforçador, trazendo um aumento da tolerância do cliente para a exposição a emoções aversivas e maximizando as chances do cliente aceitar interpretações, seguir

instruções e atentar quaisquer intervenções que o terapeuta possa fazer.

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A relação terapêutica é uma oportunidade para que o cliente emita comportamentos que lhe têm trazido problemas e, a partir da interação com o terapeuta,

aprender formas mais efetivas de respostas.• No início o terapeuta oferece expressões gerais de

aprovação pelo simples fato de o cliente estar em terapia.

• No segundo momento esse reforço torna-se contingente a falar sobre tópicos difíceis e expor-se em terapia.

• Aos poucos, o terapeuta passa a selecionar classes de comportamentos que indiquem mudanças relevantes de acordo com os objetivos previamente estabelecidos.

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AS CARACTERÍSTICAS DO TERAPEUTA

-Postura empática e compreensiva

-Aceitação desprovida de julgamento

-Autenticidade

Autoconfiança

-Flexibilidade na aplicação das técnicas

Pesquisas demonstram que os terapeutas avaliados como “calorosos”, “amigáveis”, “comprometidos” e “interessados” são os que têm maior sucesso no resultado dos tratamentos.

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Técnicas Cognitivo Comportamentais

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PSICOTERAPIA COGNITIVA O Modelo Cognitivo

Crença Central“Eu sou incompetente”

Crença Intermediária“Se eu não entendo algo, então eu sou burro”

Pensamentos Automáticos“Isso é difícil demais...

Eu jamais vou aprender...”

Situação ReaçõesAULA

Comportamental

Fisiológico

EmocionalTRISTEZA

DESCONFORTO

SAI DA SALA

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Pensamentos automáticos

São quase despercebidos e estão presentes diariamente no cotidiano. Existem várias situações

consideradas estressoras para a maioria das pessoas: medo da morte, acidentes, violência urbana etc.

Entretanto, pessoas com dificuldades psicológicas frequentemente interpretam, de forma distorcida situações consideradas neutras ou mesmo positivas, levando-as a

desenvolver padrões de pensamentos automáticos disfuncionais

O pensamento automático disfuncional esta conectado à padrões de crenças intermediárias e centrais, que são

mais complexas e difíceis de serem acessadas do que os primeiros.

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O primeiro passo antes de se utilizar uma técnica é identificar a(s) crença(s) central(is).

Isso pode ser feito pela:

1 - Expressão direta da crença pelo paciente2 - Repetição de interpretações distorcidas nas

sessões e nos registros de pensamento3 - Técnica de Flecha Descendente

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PSICOTERAPIA COGNITIVA

R.P.D.

Dia/hora Situação EmoçãoPensamento Automático Resposta adaptativa Resultado

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Uma pessoa deprimida pode apresentar o seguinte quadro:

“Jamais irei melhorar dessa doença” (Pensamento automático)

“Eu deveria fazer isso por mim mesma” (Regra)

“É muito ruim pedir ajuda” (Atitude)

“Se eu pedir ajuda, as pessoas irão achar que estou ficando louca” (Suposição)

“Uma pessoa louca é fracassada” (Crença central)

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“Eu não entendo isso... Eu jamais entenderei isso...”“Ei, eu só estou tendo algum problema agora...”“Se eu reler com calma em casa, entenderei...”“É apenas mais uma matéria ...”“Se cheguei até aqui, com certeza irei até o final...”

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UNIPProfª Lina Sue

PSICOTERAPIA COGNITIVA

Atitudes, Regras e SuposiçõesIsso é difícil

demais... Eu sou tão burro! Nunca vou ser um bom

terapeuta...

CC = “Eu sou incompetente”Atitude = “É horrível ser incompetente”Regra = “Eu devo estudar muito, o tempo todo”Suposição = “Se eu estudar o mais que puder, posso ser capaz de ser tão bom como os meus colegas”

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Diálogo Socrático

Três aspectos básicos caracterizam este método:

o questionamento sistemático;

o raciocínio indutivo e

a construção de definições universais

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TECNICAS COGNITIVAS -COMPORTAMENTAIS

Técnicas de relaxamento-Exercícios de respiração-Treino de relaxamento-Relaxamento muscular progressivo

Dessensibilização sistemáticaTreino de assertividade

-Parada do pensamentoAuto-instruçãoInoculação do estresseTreino de habilidades sociais

-Solução de problemas-Exposição e prevenção de respostas-Exposição interoceptiva

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TÉCNICAS DE RELAXAMENTORespiração diafragmática:

Orienta-se o paciente de que a respiração deve partir do diafragma, inspirando pelas narinas uma quantidade

suficiente de ar e expirando pela boca. Os movimentos devem ser pausados para facilitar a desaceleração da

respiração, contando-se até três para cada fase: inspiração, pausa, expiração e pausa para nova inspiração. Devem-se utilizar os músculos do abdome, sem movimentar o tórax

(empurrando o abdome para fora enquanto inspira e contraindo-o para dentro enquanto expira). Para que o

paciente aprenda essa nova forma de respirar, recomenda-se a sua prática várias vezes na ausência de sintomas de

ansiedade, estando sentado ou deitado, a fim de observar a movimentação abdominal e concentrando-se na contagem

dos movimentos.

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Relaxamento muscular:

É um exercício que envolve a prática de tensão e relaxamento progressivo dos principais grupos musculares do corpo. Inicialmente, orienta-se ao paciente a postura confortável para a prática do exercício. Posteriormente, que feche os olhos e focalize a sensação de tensão, que deve iniciar nos pés, passando pelas pernas, quadris, abdome, mãos, braços, ombros e pescoço até chegar à face. Mantém-se essa tensão por um período de 5 a 10 segundos e, então, relaxam-se todos os músculos ao mesmo tempo. Deve-se induzir a descoberta das sensações de conforto que surgem após o relaxamento. O paciente pode repetir várias vezes o exercício, até que se sinta completamente relaxado, inclusive mentalmente, pensando em algo agradável e respirando lentamente. Após 1 ou 2 minutos, pode-se abrir os olhos e alongar os músculos, movendo-os lentamente.

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1- dobre seus pés em direção ao seu corpo. Sinta a tensão, mantenha por alguns segundos e relaxe.

2 - estique seus pés, sinta a tensão nos músculos da barriga da perna, mantenha por alguns segundos e relaxe.

3 - Aperte o calcanhar contra o apoio, sinta os músculos da perna contraídos, mantenha e relaxe.

4 - Contraia os  músculos das nádegas mantenha por alguns segundos e relaxe.

5 - Expandir o abdômen abaulando a barriga. Mantenha e relaxe. Não prenda a respiração, respire normalmente.

6 - Contraia os músculos das costas como se quisesse se desprender do apoio. Mantenha e relaxe.

7 - Eleve os ombros na direção das orelhas, sinta a tensão e relaxe.

8 - Levante os braços estendidos em direção ao teto, mantenha e relaxe vagarosamente.

9 - Feche os olhos apertando-os, mantenha e relaxe.

10 - Franza as sobrancelhas, sinta a tensão dos músculos da testa e relaxe.

11 - Aperte os lábios, mantenha e relaxe. Os dentes devem estar separados e os lábios soltos.

12 - Olhe para o teto, para baixo, para os lados e relaxe.

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Reestruturação cognitiva:Inicia-se pela identificação e pelo registro de pensamentos automáticos e crenças disfuncionais. Subseqüentemente, é

feita uma análise dos “erros de lógica” inerentes às interpretações catastróficas. Para isso, é importante que o

paciente considere tais pensamentos como meras hipóteses, e não como fatos. A forma mais usual de corrigir esses erros

de lógica é o chamado questionamento socrático. Nessa técnica, o paciente, juntamente com o terapeuta, faz um

exame das evidências que apóiam o seu pensamento e das evidências que são contrárias, a fim de descobrir formas

alternativas de interpretar suas sensações físicas (16). Após a análise das probabilidades, elaboram-se novas

alternativas, que são chamadas de “lembretes” (por exemplo: “estou tendo um ataque que não mata nem enlouquece” ou,

ainda, “é um ataque que passa em pouco tempo”).

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Dessensibilização Sistemática

O paciente, durante um estado de relaxamento físico, vai imaginar uma hierarquia de situações que lhe provocam

ansiedade, com o objectivo de familiarizar-se com elas e, ao mesmo tempo, com a finalidade de reduzir as respostas ansiosas.

Em alguns casos mais graves é habitual a administração de medicamentos que tenham por objectivo principal a diminuição da ansiedade extrema, uma vez que esta impede que se realizem

as sessões terapêuticas de uma forma eficaz. Para aplicar a dessensibilização sistemática é condição si ne qua

non que o paciente desenvolva habilidades para alcançar um bom grau de relaxamento e que seja capaz de visualizar por imagens os

estímulos ou as situações temidas.

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TREINO DE ASSERTIVIDADE

Estilos de resposta

Para a compreensão do conceito de assertividade, é necessário distinguir este estilo de resposta de outros

estilos, nomeadamente as respostas passivas e as respostas agressivas.

Estes três estilos de respostas tem sido conceptualizados como pontos de um contínuo, diferindo, portanto, mais em termos de intensidade do que de tipo.

A resposta assertiva forma o ponto médio desse contínuo e é, habitualmente, a resposta mais apropriada

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O princípio teórico pressupõe que comportamentos de preocupação e medo são aprendidos a partir da

interação com modelos autoritários durante o desenvolvimento e inibem as respostas espontâneas e

naturais da pessoa, que deixa de expressar suas emoções, evita contatos visuais diretos e teme

apresentar suas opiniões aos outros. Segundo Wolpe, a expressão das emoções, especialmente da raiva,

reduz a ansiedade pelo processo da inibição recíproca, de modo que a emissão de respostas mais assertivas

nas relações sociais implicam gradual extinção de respostas de ansiedade. O ensaio comportamental

inclui:

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• Conceito de comportamento assertivo e treino do paciente no reconhecimento de respostas assertivas, agressivas e passivas.

• Treino do paciente na identificação de situações nas quais inibe respostas positivas de auto-expressão, mostrando submissão inadequada ou agressividade.

• Treino de respostas adequadas em procedimento de ensaio comportamental (role-playing), reproduzindo situações da vida real que geram desconforto.

• Feedback das respostas verbais e expressivas do paciente. Antecipação das possíveis conseqüências do comportamento assertivo, de modo que o paciente assegure-se de que saberá fazer a melhor opção no manejo e o melhor uso dos resultados de seu comportamento.

• Experimentação no ambiente natural onde as situações indesejáveis ocorrem.

• Apresentação de feedback ao paciente para determinação da eficácia do procedimento, com análise dos antecedentes, das características da resposta emitida e de seus conseqüentes.

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Role-Playing

Terapeuta e cliente se comportam imitando o comportamento de alguma pessoa

relevante no ambiente natural do sujeito ou fazendo uma representação do

comportamento do próprio sujeito em alguma situação social. Serve para treinar

o paciente a interagir

adequadamente em situações sociais.

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PARADA DO PENSAMENTOConsiste em formular claramente o pensamento indesejável e depois

pedir ao paciente que inicie atentamente esse pensamento. Um momento inicial do treino pode ser realizado com qualquer pensamento que o terapeuta sugira apenas para efeito de compreensão da técnica.

Iniciado o pensamento-alvo, o paciente sinaliza que ele está em curso e o terapeuta então ordena repentinamente em tom de voz alto e firme “PARE!”, enquanto bate palmas ou bate as mãos em uma mesa. O

objetivo é surpreender o paciente com o grito e o barulho de modo a atrapalhar o curso do pensamento. Pergunta-se ao paciente se o

pensamento foi interrompido quando a ordem foi ouvida. Depois, pese-se a ele que retome o mesmo pensamento e que informe com que facilidade conseguiu fazê-lo. Em geral, o paciente nota que tem

dificuldade para voltar a pensar da mesma maneira após o episódio. Esse procedimento deve ser repetido diversas vezes e, após o treino pelo terapeuta, deve ser solicitado ao paciente que ele próprio tente o

comando, inicialmente em voz alta, como fez o terapeuta, e depois subvocalmente. Na seqüência, o paciente é orientado a dar o comando

de “PARE!” tão logo o pensamento surja, para impedir sua evolução.

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TÉCNICAS MODERNAS

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AUTO-INSTRUÇÃO

Consiste em ensinar ao paciente a desenvolver pensamentos adequados à situação temida e realísticos quanto às

possíveis conseqüências do comportamento.

“O que mais poderia acontecer?”

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INOCULAÇÃO DO ESTRESSE

Variáveis cognitivas influenciam a interpretação dada ao evento estressante, que é, em si, mais relevante do que o evento propriamente dito. A

percepção que a pessoa tem da ameaça contida na situação, sua própria vulnerabilidade e

habilidade de enfrentamento definem a ocorrência e o nível do estresse. A

vulnerabilidade é a percepção da falta de recursos para manejar uma situação

estressante.

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O treinamento é programado conforme a queixa, as características e as necessidades de cada paciente e realizado em três etapas:

Preparação: o terapeuta informa e educa o paciente com relação ao conceito e a etiologia da ansiedade e do medo.

Treino em habilidade básicas: o paciente, inicialmente, antecipa a situação crítica e descreve o evento estressante. Aprende e ensaia respostas adequadas de auto-instrução para enfrentamento dessas situações sobre a maneira mais adequada de conduzir a seqüência de fatos possíveis. Depois, antecipa a situação tornando-a mais estressante até um nível no qual geralmente perde o controle e segue com auto-instrução sobre a maneira adequada de manejar a situação problema até removê-la. Ao final, congratula-se por ter conseguido enfrentar e reduzir o estresse.

Terceira etapa: o paciente é confrontado com situações reais, reconhecidas como estressantes, nas quais terá a oportunidade de aplicar suas habilidades. Iniciando com situações de dificuldade média, é orientado a confrontar cada situação e analisar suas respostas de enfrentamento.

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SOLUÇÃO DE PROBLEMAS

O paciente é treinado para assumir a responsabilidade de tomar decisões em

situações difíceis e aprende a lidar com a ansiedade ao invés de ser protegido

contra ela.

Um programa de treinamento nessa técnica pode ser delineado a partir dos seguintes

passos adaptados da proposta de D’Zurilla e Goldfried (1971):

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• Reconhecer e descrever o problema. Se o problema não é percebido ou se é negado, a pessoa perde a chance de tratá-lo objetivamente, assumindo um atributo pessoal ou uma variável contextual imutável.

• Apontar as especificidades do problema em partes e determinar os objetivos.

• Propor possíveis estratégias de ação para alcançar os objetivos, as quais devem ser viáveis e estar ao alcance da realidade pessoal a contextual do paciente.

• Ponderar sobre possíveis conseqüências de cada estratégia proposta, analisando ganhos e perdas a curto e médio prazo.

• Verificar os resultados do processo de decisão, avaliar o grau de satisfação do paciente com os resultados e avaliar se a alternativa selecionada esta conduzindo ao resultado desejado.

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O treinamento é conduzido por meio da modelagem de habilidades para resolver

situações da vida real trazidas pelo paciente e situações típicas simuladas durante as

sessões. O grau de dificuldade das situações são hierarquizados de modo a

ensinar o paciente a manejar primeiro situações simples e depois, gradualmente, situações avaliadas como mais difíceis ou

complexas.

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EXPOSIÇÃO

Consiste na exposição direta do paciente aos estímulos ou às situações temidas e evitadas por serem

desencadeadores de ansiedade. A exposição é feita repetidamente, de forma abrupta ou gradual, ao vivo ou imaginativa, conforme mais indicado pela avaliação do

sintoma e do contexto.

O tempo de permanência do paciente exposto ao estímulo viabiliza os processos de habituação e de extinção. A

habituação é um processo elementar de aprendizagem, no qual uma resposta, aprendida ou não, enfraquece após ser

emitida repetidamente em um determinado contexto. É importante que o tempo de exposição seja suficiente para

que a ansiedade diminua antes que o paciente seja removido desta situação, ou que o estímulo ansiogeno seja

terminado

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EXPOSIÇÃO E PREVENÇÃO DE RESPOSTAS

A exposição e prevenção de respostas inclui a técnica de exposição mais o bloqueio da reposta compulsiva para tratar pacientes portadores do Transtorno Obsessivo Conclusivo (TOC). Consiste basicamente em expor o organismo por longos

períodos de tempo a uma hierarquia de estímulos ansiógenos e, ao mesmo tempo,

prevenir a emissão da resposta compulsiva e ritualística.

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EXPOSIÇÃO INTEROCEPTIVA

Especialmente útil no tratamento na síndrome do pânico, esse tipo de exposição ocorre sobre o

mesmo princípio da exposição ao estímulo temido já descrito, com o objetivo de romper ou

enfraquecer a associação entre indicadores fisiológicos e reações de pânico.

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BIBLIOGRAFIA:

Friedberg, D, R & McClure, M. J. (2002). Clinical practice of cognitive therapy with

children and adolescents : the nuts and bolts. New York : Guilford Press.

Gonçalves, O. (2000). Terapias Cognitivas: Teorias e Práticas (3ª ed). Porto:

Edições Afrontamento.

Guilhardi, H & Abredu, C (2004). Terapia Comportamental e Cognitivo-

Comportamental. São Paulo: Roca.

Rangé, B. (2001). Psicoterapias Cognitivo- Comportamentais. São Paulo: Artmed.

Rijo, D & Galhardo, A. (s.d). Avaliação Cognitivo-Comportamental: objectivos,

propostas e dificuldades. Manuscrito não publicado.

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