Pan African Ismo

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Pan-africanismoO pan-africanismo uma ideologia que prope a unio de todos os povos de frica como forma de potenciar a voz do continente no contexto internacional. Relativamente popular entre as elites africanas ao longo das lutas pela independncia da segunda metade do sculo XX, em parte responsvel pelo surgimento da Organizao de Unidade Africana, o pan-africanismo tem sido mais defendido fora de frica, entre os descendentes dos escravos africanos que foram levados para as Amricas at ao sculo XIX e dos emigrantes mais recentes. Eles propunham a unidade poltica de toda a frica e o reagrupamento das diferentes etnias, divididas pelas imposies dos colonizadores. Valorizavam a realizao de cultos aos ancestrais e defendiam a ampliao do uso das lnguas e dialetos africanos, proibidos ou limitados pelos europeus. Pan-africanismo um movimento poltico, filosfico e social que promove a defesa dos direitos do povo africano e da unidade do continente africano no mbito de um nico Estado soberano, para todos os africanos, tanto na frica como em dispora. A teoria pan-africanista foi desenvolvida principalmente pelos africanos na dispora americana descendentes de africanos escravizados e pessoas nascidas na frica a partir de meados do sculo XX como William Edward Burghardt Du Bois [1] e Marcus Mosiah Garvey, entre outros, e posteriormente levados para a arena poltica por africanos como Kwame Nkrumah. No Brasil foi divulgada amplamente por Abdias Nascimento.

ndice

1 Introduo o 1.1 Origens do termo o 1.2 Definio 2 Histria 3 Ver tambm 4 Bibliografia 5 Referncias

IntroduoNormalmente se consideram Henry Sylvester Williams e o Dr. William Edward Burghardt Du Bois como os pais da Pan-Africanismo. No entanto, este movimento social, com vrias vertentes, que tm uma histria que remonta ao incio do sculo XIX. O Pan-Africanismo tem influenciado a frica a ponto de alterar radicalmente a sua paisagem poltica e ser decisiva para a independncia dos pases africanos. Ainda assim, o movimento tem conseguido dois dos seus principais objetivos, a unidade espiritual e poltica da frica, sob o pretexto de um Estado nico, e pela capacidade de criar condies de prosperidade para todos os africanos.

Origens do termoPan-Africanismo ou Panafricanismo, vem do grego, pan (toda) e africanismo (referindose a elementos africanos). A origem do termo inserido no corrente filosfica-poltica historicista do sculo XIX sobre o destino dos povos.[2]. E a necessidade de a unidade de grandes conjuntos culturais ou naes naturais a partir do expansionismo imperialista ocidental. discutido se a autoria da expresso pertence a William Edward Burghardt Du Bois ou Henry Sylvester Williams.

DefinioEm meados do sculo XX o Pan-africanismo foi explicado como a doutrina poltica defendida pela irmandade africana, libertao do continente africano de seus colonizadores e ao estabelecimento de um Estado que buscasse a unificao de todo o continente sob um governo africano. Alguns tericos como George Padmore acrescentaram a partir da Segunda Guerra Mundial, que o governo panafricano deveria ser gerido segundo as premissas do socialismo cientifico. Outros tericos postularam o caminho do rastafarianismo poltico, que defende um governo imperial. Originalmente, o pan-africanismo centrava-se mais sobre a questo racial que no geogrfico. Ainda hoje h muitos que defendam o caminho radicalista, visto os problemas de integrao do norte da frica, que conta com uma historia diferenciada rabe, em uma unidade cultural coerente com a frica negra. Os objetivos do panafricanismo atual, ainda que sejam semelhantes aos originais, mudaram.

Histria

Imagem de 1890 mostrando o contraste entre norte-americanos ricos e a pobreza de exescravos negros.

No incio do sculo XIX, a escravatura ainda estava em vigor no sul dos Estados Unidos da Amrica, mas no no norte, graas um decreto de 1787, que estabelecia o limite legal no Rio Ohio. Uma minoria de negros no norte tinha atingido uma posio socioeconmica prspera e alguns dos representantes desta classe comearam a desenvolver um sentimento de fraternidade racial que resultou no movimento "de volta para a frica". Entre eles Paul Cuffe, um negro nascido livre, de pai africano e me amerndia, que promoveu em 1815 uma tmida experincia de repatriamento para a frica, antecessora da Sociedade Americana de Colonizao fundadora da Libria, mas os custos da empreitada dissuadiram-no. No substrato intelectual que propiciou os movimentos abolicionistas, surgiram desde o incio duas tendncias na Amrica do Norte: por um lado, os que acreditavam que a escravatura iria acabar, de uma forma ou de outra, e que era necessrio encontrar uma casa para ex-escravos na frica, a sua terra de origem. Os britnicos tinham estabelecido uma colnia na Serra Leoa entre 1787 e 1808, que se destinava s pessoas libertas dos barcos escravistas que capturavam. O outro ponto de vista era dos que afirmavam que os descendentes dos escravos deviam permanecer na Amrica e que inclusive tinham que ser capazes de uma subsistncia independente. Mas, entre os mais acirrados abolicionista, no se acreditava que a raa negra e a raa branca podiam viver no mesmo espao e prosperar sem um perptuo conflito. Foi levado em considerao e pensado pelas prprias pessoas negras que, de uma forma ou de outra, seriam exploradas pelo sistema do homem branco, enquanto no tivessem a sua prpria ptria. O elevado custo de envio de tantas pessoas para a frica, fez com que a a segunda opo prevalecesse.O Pan-Africanismo

O Pan-Africanismo

Por Eliene Perclia Publicado em: http://www.brasilescola.com/geografia/panafricanismo.htm

Apesar do nome, o pan-africanismo no nasceu na frica, no foi idealizado e nem dirigido nos primeiros anos por africanos. O pan-africanismo foi idealizado por negros norte-americanos e negros antilhanos, em 1900, com o objetivo de expressar seu apoio a algumas comunidades africanas que estavam sendo vtimas de expropriao de suas terras. Considerado o pai do pan-africanismo, W.Burghardt du Bois, em 1903, passou a liderar os movimentos negros americanos. Fazendo a juno da defesa cultural e da luta pela independncia poltica, conseguiu mobilizar a vontade dos africanos e o apoio da opinio pblica em diversos pases. O pan-africanismo foi de extrema importncia para esse perodo, pois era o nico meio de transmitir os idealismos africanos. Seu grande mrito foi ter proporcionado aos africanos a oportunidade de tomar uma iniciativa na busca de solues para seus problemas. O erro primrio do pan-africanismo foi o de almejar um tipo de unidade africana impossvel de ser colocada em prtica. Os partidos da poca queriam constituir os Estados Unidos da frica, unindo todo o continente em um s pas. Aps os anos 60, os nacionalistas tinham boa parte do poder dos pases independentes em suas mos, a criao de uma frica uniforme se tornou algo impraticvel. Porm, esse movimento conseguiu mostrar ao mundo que os negros tambm tm seus direitos e que sabem lutar pelos mesmos, embora a parte preconceituosa da populao mundial diga e pense o contrrio. Desta forma, o panafricanismo pode ser considerado um dos maiores movimentos que defendem os direitos africanos perante o mundo.AS DUAS ECOLAS DO PAN-AFRICANISMO: O RACIALISMO E O IGUALITARISMO

Panafricanismo

Bandeira panafricana.

O panafricanismo ou Pan-africanismo um movimento poltico, filosfico e social, que promove o hermanamiento africano, a defesa dos direitos das pessoas africanas e a unidade da frica baixo um nico Estado soberano, para todos os africanos, tanto da frica como das disporas africanas. A teoria panafricanista tem sido elaborada principalmente por africanos da dispora americana descendentes de pessoas escravizadas e africanos nascidos na frica a partir de mediados do sculo XX como William Edward Burghardt Du Bois ou Marcus Mosiah Garvey entre outros e posteriormente levada areia poltica por africanos nascidos em solo africano como Kwame Nkrumah.

Contedo[ocultar]

1 Introduo 1.1 Origens do termo 1.2 Definio 2 Histria do Panafricanismo 2.1 Antecedentes 2.1.1 Liberia 2.1.2 Pan-negrismo filosfico 2.1.3 A situao na frica 2.2 Factores do surgimiento do panafricanismo 2.3 A Conferncia Panafricana de 1900 2.4 Maduracin do conceito 2.4.1 O Primeiro Congresso Panafricano 2.5 Segundo, Terceiro e Quarto Congressos Panafricanos 2.6 De Marcus Garvey Mstica do Panafricanismo 2.7 A Negritude 2.8 O Quinto Congresso Panafricano 2.9 Panafricanismo e independncias africanas 2.9.1 Perspectivas depois das independncias 2.10 Sexto e stimo Congressos Panafricanos 2.11 A dispora a partir das independncias africanas 3 O panafricanismo actual 4 Crticas ao Panafricanismo 4.1 Panafricanismo distorsionado 4.2 Inimigos do Panafricanismo 5 Lderes e filsofos panafricanistas 6 Referncias 6.1 Notas 6.2 Bibliografa 7 Veja-se tambm 8 Enlaces externos

IntroduoHabitualmente considera-se a Henry Sylvester Williams e ao Doutor William Edward Burghardt Du Bois como os pais do panafricanismo. No entanto, este movimento social, com vertentes diversas, tem antecedentes que se remontam a princpios do sculo XIX. O panafricanismo tem infludo na frica at o ponto de mudar fundamentalmente seu panorama poltico, sendo decisivo para as independncias. Ainda assim, o movimento no tem conseguido dois de suas principais metas; a unidade poltica e espiritual da frica baixo o manto de um nico Estado, e a capacidade de gerar condies de prosperidade para todos os africanos.

Origens do termoPanafricanismo ou pan africanismo, alternativamente, prove do grego, pan e africanismo ou volicin africana. A origem do termo insere-se nas correntes filosfico-polticas historicistas do sculo XIX sobre o destino dos povos e a necessidade da unidade de grandes conjuntos culturais ou "naes naturais" a partir do expansionismo imperialista ocidental.[1] Discute-se se a autoria do termo pertence a William Edward Burghardt Du Bois ou a Henry Sylvester Williams.

DefinioEm meados do sculo XX, o panafricanismo explicava-se como a doutrina poltica de hermanamiento africano que defendia a libertao do continente africano de seus colonizadores e a instauracin de um Estado que procurasse a unificao de todo o continente baixo um governo africano. Alguns tericos como Georges Padmore acrescentam a partir do segundo grande conflito tnico europeu, a Segunda Guerra Mundial, que tal governo panafricano devia ser gerido baixo as premisas do socialismo cientfico. Outros tericos postulan a via do rastafarismo poltico, que defende um governo imperial. Em origem, o panafricanismo centrava-se mais no factor racial que no geogrfico. Inclusive hoje no so poucos os que ainda defendem essa via racialista, vistos os problemas de integrar o norte da frica, que conta com uma histria diferenciada rabe, em uma unidade cultural coerente com a frica negra. Os objectivos do panafricanismo actual, ainda sendo semelhantes aos dos incios, tm mudado.

Histria do PanafricanismoA princpios do sculo XIX a escravatura seguia vigente no sul dos Estados Unidos da Amrica mas no no norte, graas a uma ordem de 1787 que estabelecia o limite legal no rio Ohio. Uma minoria de pessoas negras no norte e seus descendentes, unida aos descendentes de quem tinham sido escravos, atingiu uma verdadeira posio socioeconmica. Alguns dos representantes desta classe social comearam a desenvolver cedo um sentimento de hermandad racial que se traduziu no movimento de volta a frica. Entre eles Paul Cuffe, um naviero negro nascido livre, de pai africano e me amerindia, que levou a cabo em 1815 uma tmida experincia de repatriacin para a frica antecedente da Sociedade Americana de Colonizao fundadora de Liberia , mas os custos da empresa lhe disuadieron. No sustrato intelectual que propiciaram os movimentos abolicionistas, surgiram j desde o princpio duas tendncias em Norteamrica : Por uma parte a de quem achavam que, j que a escravatura acabaria de um modo ou outro, era necessrio procurar um lar para os exescravos na frica, a terra de origem. Os britnicos tinham criado uma colnia em Serra Leoa entre 1787 e 1808, e ali destinavam parte das pessoas esclavizadas dos barcos esclavistas que capturavam. A outra opinio, era a de quem afirmavam que os descendentes de escravos deviam permanecer na Amrica e que inclusive se lhes devia proveer de meios para uma subsistencia independente. Ainda entre os abolicionistas mais acrrimos no se costumava achar que a raa negra e a raa branca pudessem viver em um mesmo espao e prosperar sem um perptuo conflito. Isto era tomado em considerao pelas prprias pessoas negras que pensavam que, de um modo ou outro, seriam explodidos pelo sistema do homem branco enquanto no tivessem uma ptria prpria. O elevado custo de enviar a tantas pessoas a frica , fez que prevalecesse a segunda opo.Liberia

Seguindo a primeira tendncia, em 1821 criou-se uma colnia cerca de Serra Leoa que foi povoada por ex-escravos e que se denominou Liberia, sendo declarada independente em 1847 . O reverendo Edward Wilmot Blyden, um dos promotores intelectuais do movimento de volta a frica, apresenta em suas ideias um discurso elaborado de pan-negrismo j muito prximo ao Panafricanismo. No entanto as experincias de volta em Serra Leoa e sobretudo em

Liberia no foram positivas e os hoje chamados amrico-liberianos nunca se integraram com a populao local.Pan-negrismo filosfico

Depois da Guerra de Secesso Estadounidense (18601864/65) um reduzido nmero de intelectuais negros comeou a entretejer de um modo cientfico o sentimento de pertence a uma comunidade racial. Nos anos prvios Guerra Civil, alguns cientistas do sul tinham produzido um material de racialismo que justificasse a instituio. O racialismo negro daquele momento no deve ser confundido com o racialismo branco, enquanto este ltimo pretendia a preparar o campo para justificar a superioridad de uma raa sobre outra e fortalecer a prtica esclavista, o segundo procurava sobretudo argumentos de defesa e uma revalorizacin da pessoa negra. por isso que o racialismo negro conhecido como pan-negrismo. Entre os primeiros tericos do po-negrismo, encontram-se Martn R. Delany, Alexander Crummell e Edward Wilmot Blyden. O debate que sustentavam estes autores se centrava na histria e a filosofia porque as ideias hegelianas sobre o destino dos povos, entendido o termo de um modo muito racial, o impregnavam tudo.A situao na frica

Na frica entre a Conferncia de Berlim (18841885) e o fim da Primeira Guerra Mundial, numerosos movimentos nacionais e civis, tanto pacficos como armados, se tinham estado opondo denominada colonizao da frica, alis uma invaso. No entanto a maioria destas iniciativas estavam condenadas ao falhano por sua fragmentao e pela escassa tecnologia armamentstica disponvel. frica estava extenuada pelos efeitos do longo trfico de escravos que tinham freado o crescimento demogrfico do continente e tinha gerado um torque de dios internos fomentados desde Europa, pelo que a identidade panafricana era escassa e se circunscriba s classes comerciantes das cidades costeras.

Gravado do sculo XIX que mostra uma bicha de escravos recm capturados na frica.

Factores do surgimiento do panafricanismoO panafricanismo propriamente dito no tivesse existido sem a conjuncin de trs factores primordiais. O primeiro e o que lhe d razo de ser; o esclavismo ocidental e a explorao das pessoas negras na Amrica e frica bem como a carreira colonialista da Europa na frica. O segundo factor ser a presena nos Estados Unidos de emigrados e estudantes procedentes das Antillas, uma rea geogrfica com uma longa tradio de movimentos de emancipacin e auto libertao de escravos. Por ltimo, cabe destacar a actividade e produo de intelectuais negros como Du Bois.

A Conferncia Panafricana de 1900A preocupao de Williams pela condio dos africanos e os abusos cometidos pelos colonos levaram-lhe a organizar a Associao Africana em 1897 que possibilitou a celebrao da Primeira Conferncia Panafricana em Londres em Julio de 1900 , reunindo em torno de 30 representantes africanos e descendentes de africanos de Sur e Sudoeste da frica, Liberia, Estados Unidos e as Carabas. Os objectivos da conferncia eram:Assegurar os direitos civis e polticos para os africanos e seus descendentes ao redor do mundo; motivar s pessoas africanas onde estejam a levar a cabo projectos educativos industriais e comerciais; melhorar a condio dos Oprimidos Negros na frica, Amrica, o Imprio Britnico e outras partes do mundo.

O impulso de Williams foi fundamental, fundaram-se numerosas sedes da Associao Africana, telefonema desde ento panafricana. Williams morreu relativamente jovem, em 1911 .

Maduracin do conceito

Partilha da frica pelas potncias colonizadoras europias dantes da Primeira Guerra Mundial (1913). Alemanha Blgica Espanha Frana Itlia Portugal Reino Unido Estados independentes.

Em 1900 o Doutor Du Bois foi secretrio na Conferncia Pan Africana organizada por Henry Sylvester Williams., Para ento j era professor de Histria e Economia e um activista envolvido em poltica, assim mesmo era redactor do jornal Fisk Herald e tinha publicado sua tese doctoral sobre a erradicacin do trfico de pessoas esclavizadas. Ele relacionou outras propostas que se estavam a dar como o Paneuropesmo ou o Panamericanismo, com a ideia de um governo para os africanos. O conceito de partida destas ideias era que os povos deviam se governar por si mesmos sem injerencias externas nem colonialismos. Mas tambm que existiam umas unidades continentais com nexos histricos que deviam tender unidade poltica, ao mesmo tempo em que desenvolvia a concepo de que a raa negra tinha um destino que cumprir e uma grande contribuio que fazer Humanidade, mediante o desenvolvimento de sua independncia de aco.O Primeiro Congresso Panafricano

O Primeiro Congresso Panafricano organizado por Du Bois em Paris em 1919 ps sobre a mesa a exigncia de contraprestaciones. A este congresso assistiram numerosas personalidades com peso poltico na frica e suas decises foram vinculantes at o ponto que determinaram em parte como administrar-se-iam os territrios coloniales que tinha perdido Alemanha depois de sua derrota na Grande Guerra, conquanto no se formulava o direito ao autogoverno.

Segundo, Terceiro e Quarto Congressos PanafricanosDepois do Congresso de Paris , uma srie de congressos sucederam-se sem uma relevncia maior j que o contexto no permitia cruzar a fronteira traada em 1919 . Cabe destacar que a tendncia dos congressos foi a incorporar a cada vez mais a representantes africanos e a representantes de grupos de esquerda Europeus como os laboristas britnicos que fizeram sentir sua presena umas vezes entusiasta e outras vezes criticando o inmovilismo. O panafricanismo pareceu ento condenado a ser um movimento de moderados com escassa capacidade operativa.

De Marcus Garvey Mstica do PanafricanismoParalelamente aos congressos panafricanos, na rea Carabas estava a produzir-se uma revoluo de tipo mesinico e nacionalista. A princpios do sculo XX uma srie de grupos religiosos que reivindicam sua origem em Etipia e procuram proximidade com a Igreja Ortodoxa, se fazem presentes nas Carabas anglosajn. Em 1914 o africano-jamaicano Marcus Mosiah Garvey (18871940), funda o que ser o grupo nacionalista africano-americano com maior nmero de integrantes da histria, se trata da Associao Universal de Desenvolvimento Negro e a Une de Comunidades Africanas (UNIA). Em 1918 Garvey funda a sede de Nova York que ser a que ter maior projeco. Em 1920 a UNIA tinha cerca de quatro milhes de scios e um capital considervel. Contava com uma publicao prpria a revista Negro World e uma tendncia religiosa prpria, a Igreja Ortodoxa Garveyista. A filosofia poltica de Garvey era um nacionalismo negro e promulg a volta a frica. Fundou a Companhia martima Black Star Line que chegou a adquirir dois grandes navios que por razes tcnicas no chegaram a transportar a ningum a frica . Garvey era um grande orador e convenceu s massas negras da necessidade de um pas prprio, lanou o conceito de que o negro belo e afirmou que um imperador, seria coroado como rei de todos os africanos. No est muito claro se Garvey se referia a si mesmo, de facto tinha realizado uma intensa campanha entre os polticos de Liberia e alguns Reis tradicionais. O movimento de Garvey interrompeu-se abruptamente com seu encarceramento nos Estados Unidos, baixo os cargos de fraude fiscal, e seu posterior expulsin em uma das primeiras operaes norte-americanas de contrainsurgencia. Se Garvey Cometeu ou no fraude pode ser algo secundrio, pois o

verdadeiro que se tomou muito em srio sua tarefa e os historiadores se perguntam agora que tivesse passado de triunfar seu movimento. Garvey faleceu em Londres em 1940 esquecido e desacreditado por alguns sectores do nacionalismo negro. A despecho do que Garvey pensava, grupos de ortodoxos jamaiquinos comearam a tomar as palavras de Garvey sobre a coronacin de um Rei de todos os africanos como uma profecia. Paralelamente comearam a adoptar a Holy Piby como texto sagrado, se tratava de uma coleco de textos etopes com uma verso diferente da oficial sobre os acontecimentos bblicos. A situao chegou ao paroxismo quando se creu cumprida a profecia de Garvey com a coronacin de Haile Selassie como imperador de Etipia em 1930 , ento os seguidores adoptaram o nome de Ras Tafari, em honra ao ttulo de Selassie dantes de seu coronacin. Garvey negou que Haile Selassie fosse o imperador que ele tinha predito, mas os rastafaris recordaram que tambm Pablo tinha duvidado de Jess e com isto se solucionou a contradio. O rastafarismo evoluiu e converteu-se em um acicate para que o prprio imperador etope adoptasse posturas reformistas. Os acontecimentos da invaso dos fascistas italianos e a posterior libertao, bem como a visita de Haile Selassie a Jamaica em 1966 reforaram extraordinariamente o movimento. Com a queda do Haile Selassie em 1974 afundaram-se os sonhos de muitos rastafaris e etiopianistas e a realidade dos sonhos no conseguidos fez que muitos se refugiassem em um mundo de smbolos msticos e um verdadeiro afro-pesimismo espera da queda da Grande Babilonia, isto , a sociedade capitalista branca.

A NegritudeTambm em uma conjuncin entre frica e Amrica, neste caso a colnia francesa de Martinica , um grupo de intelectuais criaria, em Paris , um movimento de afirmao de valores das culturas negras a princpios do sculo XX. Tratava-se da negritude, uma verso francfona do orgulho negro. Seus supostos eram primordialmente estticos em princpio, pois seus criadores eram poetas; Lon Gontran Damas, Aim Csaire e Lopold Sdar Senghor, mas principalmente atravs da aco deste ltimo, o movimento derivou para uma postura poltica de afirmao dos valores africanos. Lopold Sdar Senghor seria depois o primeiro presidente do Senegal independente, mas cedo demonstrou que sua postura moderada no ia deixar lugar a revolues. O expoente da negritude filosfica era em realidade intelectualmente um autntico francs, e defendia os interesses da Frana. O movimento negritude seria mais influente que o Panafricanismo poltico entre as comunidades africanas de Latinoamrica .

O Quinto Congresso PanafricanoDe novo foi uma conflagracin mundial a que possibilitou uma mudana radical de posturas. O Quinto Congresso Panafricano celebrado em Mnchester em 1945 , depois da Segunda Guerra Mundial, configura a forma actual do panafricanismo. A figura mais prominente seria o Doutor Kwame Nkrumah, que viria a ser em 1957 o primeiro presidente de Ghana . Tambm foram ao congresso os que depois seriam presidentes da Nigria, Tanzania e Zambia, entre outros. Na declarao final redigida por Nkrumah, com a profundidade do marco terico de Georges Padmore diz-se:Cremos no direito de todos os povos a autogobernarse. Afirmamos o direito de todos os povos colonizados a controlar seu destino. Todas as colnias devem ser libertas do controle imperialista externo, seja este, poltico ou econmico. Os povos colonizados devem ter o direito a eleger seu prprio governo, um governo sem restries de uma potncia estrangeira. Dizemos aos povos das colnias que devem lutar por esses objectivos por qualquer meios a sua disposio.

O objectivo dos povos imperialistas a explorao. Assegurando o direito aos colonizados ao autogoverno estar-se- a derrotar esse propsito. Ainda mais, a luta pelo poder poltico por parte dos colonizados o primeiro passo, e o requisito prvio, para uma completa emancipacin econmica e poltica. O Quinto Congresso Pan-Africano, faz um apelo aos trabalhadores e os camponeses das colnias a organizar-se eficazmente. Os trabalhadores das colnias devem estar em primeira linha da batalha contra o imperialismo. O Quinto Congresso Pan-Africano, lume aos intelectuais e s classes profissionais das colnias a tomar conscincia de suas responsabilidades.A longa, longa noite tem terminado. Atravs da luta pelos direitos sindicais, pelo direito a formar cooperativas, liberdade de imprensa, assembleia, manifestao e greve; liberdade para a edio e divulgao da literatura necessria para a educao das massas, estareis a utilizar os nicos meios pelos quais vossa liberdade pode ser conseguida e mantida. Hoje s h um caminho para aco efectiva, a organizao das massas.

Panafricanismo e independncias africanasNos anos 60 do sculo XX as independncias africanas sucederam-se e a maioria dos movimentos que as lideravam eram de corte socialista e identitario. Frantz Fanon condensaba em seu iderio o

acordar dos povos aos que se lhes tinha arrebatado sua capacidade de autoafirmacin. No entanto um objectivo nunca pde se cumprir, se tratava de uma das premisas bsicas do Panafricanismo; a unidade da frica em um nico Estado. Dois dos principais projectos panafricanistas; a Federao de Mal (195960) e a Federao Congo-Ghana foram directamente abortados pelas potncias coloniales.Perspectivas depois das independncias

A All-African Peoples Conference celebrada em Accra , Ghana, ainda que no contada entre os Congressos Panafricanos historicamente correlativos, ser o primeiro Congresso Panafricano em solo africano e reuniu a vrios pases j independentes e autnomos. Entre a vehemencia de Kwame Nkrumah que propunha os Estados Unidos da frica e as posies pr-ocidentais se optou por criar a Organizao para a Unidade Africana (OUA) em 1963 , que estabeleceu como premisa inicial respeitar as fronteiras coloniales fazendo patente para todos os panafricanistas que no ia ser um instrumento de unidade. Entre os anos 70 e os 90 o Panafricanismo encontrou-se de cara com problemas diversos que tm dispersado sua ateno. Na frica a Guerra Fria no foi em absoluto fria e os conflitos que propiciam os blocos fomentaram o incipiente nacionalismo de Estados exticos criados por Europa , com pouco interesse pela integrao interna. Os interesses econmico-polticos ocidentais, unidos prpria desestructuracin do tecido social tradicional, tambm se manifestaram em forma de instabilidade e conflitos pouco propcios ao Panafricanismo.

Sexto e stimo Congressos PanafricanosEm junho de 1974 a instncias de Julius Nyerere, o ento presidente de Tanzania teve lugar em Dar Salaam o Sexto Congresso Panafricano, o Congresso desenvolveu-se no ambiente propiciado pelas tenses entre raa e luta poltica infludas em grande parte pelas Panteras Negras em EEUU, entre as contribuies de dito congresso est a assuno da multirracialidad da frica. O Stimo Congresso Panafricano teve lugar em Kampala , Uganda entre os dias 3 ao 8 de abril de 1994 , dito congresso tem sido amplamente criticado por destacada presena de lderes do Magreb considerados arabistas por parte dos lderes negros que acusam ao concreso de desvirtuar o esprito originario do Panafricanismo, qui a consequncia mais importante do Congresso tenha sido a criao da Pan African Women's Liberation Organization (PAWLO) A Organizao Panafricana de Libertao de Mulheres.

O Oitavo Congresso Panafricano tem sido convocado e adiado em diversas ocasies, a ltima em 2006 em Harare , Zimbabwe, em dita ocasio determinados sectores consideraram que o regime de Robert Mugabe no devia albergar o Congresso.

A dispora a partir das independncias africanasNos Estados Unidos a luta do Movimento pelos Direitos Civis supe uma concentrao excepcional de energias intelectuais que s em parte se desviam a frica , sem contribuir sempre o que esta precisa. Neste caso a frica, atravs de Naes Unidas, quem d apoio aos afroamericanos. Lderes como Omowale Malcolm X ou Kwame Tur recabaron apoios na frica para a luta contra o sistema racista em Norteamrica . A partir dos anos 90 cobra fora o internacionalismo africano, de base socialista, da Internacional Socialista Africana, cujo lder e idelogo Omali Yeshitela. No entanto, dito movimento, parece circunscribirse dispora africana, residente principalmente no mbito anglosajn. A afrocentricidad formulada principalmente pelo Doutor Molefi Kete Asante sobre investigaes de Cheick Anta Diop, por sua vez, resulta em uma vertente educativa e filosfica do Panafricanismo que apresenta correlaes com a filosofia da conscincia negra, que levou ao Doutor Kwame Nkrumah a afirmar a necessidade de auto-gesto poltica na frica.

O panafricanismo actualMembros da Unio Africana.

A dialctica que se estabelece entre nacionalismo africano, nacionalismo negro e panafricanismo continental um problema destacable. A formulacin de uma teoria poltica pragmtica enfrenta-se s particularidades de todo um continente; grandes grupos diferenciados no parecem dispostos unificao que no se percebe sempre como necessria, os pases emergentes desconfiam de ter que acarretar todo o peso do desenvolvimento africano e desde os pases pobres alguns sectores temem ser politicamente eliminados.

Outra vertente dos problemas do panafricanismo faz referncia forma de conseguir o objectivo da unificao africana. Enquanto autores como Al Mazrui, propem o expansionismo interno dos pases mais pujantes para incorporar aos microestados, polticos como Muammar a o-Gaddafi propem continuar com o projecto dos Estados Unidos da frica de Kwame Nkrumah, unificando os estados existentes actualmente. A corrente maioritria, em mudana, parece abogar por uma integrao regional econmica para aceder integrao poltica posterior, o qual no oculta uma verdadeira imitao que a Unio Africana faz da Unio Europia, facto que irrita aos intelectuais africanos que procuram a originalidad poltica. O panafricanismo contemporneo denota a lentido e burocratizacin do panafricanismo oficial que depois da criao da Unio Africana, no parece abordar a questo finque, a soberania artificial herdada das potncias coloniales. Nas comunidades da dispora africana segue viva o lume do Panafricanismo com as lgicas especificidades prprias da cada lugar. Deste modo actualmente a Europa, em especial: Gr-Bretanha, Frana e Espanha o lugar onde o Panafricanismo adquire nova savia.Veja-se tambm: Panafricanismo em Espanha

Crticas ao PanafricanismoDois grupos principais de crticas ao panafricanismo tm sido dirigidas contra esta filosofia poltica: O primeiro grupo, posibilista, incide na imposibilidad de conseguir a unidade africana devido diversidade sociopoltica do Continente.[4] O segundo grupo, crtico, afirma que o panafricanismo uma ideologia nociva para a frica j que relacionar-se-ia com uma forma de esencialismo.[5] Desde o ponto de vista do panafricanismo militante tais crticos so em realidade agentes ocidentais, ou Inimigos do Panafricanismo, cujo fim minar o processo de integrao africana e a culminacin do Estado panafricano.

Bandeira panafricana estadounidense.

Panafricanismo distorsionadoDeterminados grupos reduzidos principalmente em EEUU que se denominam a si mesmos Panafricanistas, mas que no so reconhecidos pelo movimento panafricanista geral, defendem tese supremacistas negras. Assim mesmo grupos extremistas e minoritrios surgidos do movimento rastafari declaram-se racistas anti-alvos. Em ocasies grupos armados no panafricanistas como o RUF em Serra Leoa ou dirigentes dictatoriales como Idi Amn Dad ou Mobutu Sese Seko se apoiaram em um suposto panafricanismo para justificar violaes aos direitos humanos. Os autores panafricanistas como Ali Mazrui ou Mbuyi Kabunda Badi, vem a estes elementos como representantes de um Panafricanismo distorsionado e essencialmente falsificado.

Inimigos do PanafricanismoA aplicao sobre o terreno poltico da ideologia panafricanista de unidade e soberania africana no tem estado exenta de dificuldades. A partir das independncias africanas, anos 60 e anos 70 do Sculo XX, o Panafricanismo tem sofrido ataques polticos por parte das Potncias ocidentais neocolonialistas que viam peligrar seus interesses em caso que uma unidade africana, derivasse em um controle africano dos recursos mineiros e agrcolas do Continente. Na Histria recente lderes panafricanistas como Patrice mery Lumumba ou Thomas Sankara tm sido assassinados para evitar a integrao africana. Em outros casos apoiou-se processos golpistas para evitar integraes como no caso da Ghana de Kwame Nkrumah com a Repblica Democrtica do Congo. Os inimigos do panafricanismo so os poderes polticos que se opem unidade africana baixo postulados panafricanistas e os idelogos que lhes secundan geralmente baixo argumentos posibilistas.

Lderes e filsofos panafricanistas

Henry Sylvester Williams William Edward Burghardt Du Bois Marcus Mosiah Garvey

Cheikh Anta Diop Frantz Fanon Nnamdi Azikiwe Thomas Sankara Georges Padmore Kwame Nkrumah Julius Nyerere

RefernciasNotas1. Georg Wilhelm Friedrich Hegel. 2. Froudacity Froudacity (Thomas, J. J., 1869) Livro electrnico em Vitanet [1] 3. Segundo Congresso Panafricano (Londres e Lisboa, 1921), Terceiro Congresso Panafricano (Londres, 1923), Quarto Congresso Panafricano (Nova York, 1927) 4. Valentn Mudimbe. 5. Kwame Anthony Appiah.

Bibliografa

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