Panico moral
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Transcript of Panico moral
A descoberta da subjetividade• Os Estudos Culturais olham para as
subculturas e para a cultura jovem como temas científicos: a subjetividade, alteridade e diferença, as análises de recepção e as configurações identitárias
O sentido (por trás) da comunicação
• A linguagem não basta em si mesma como "expressão física da comunicação“
• O sentido se desloca para o receptor.• Não são mais os signos, apenas; mas se
esses signos são reconhecidos e de que forma.
• A interpretação é fundamental; mais fundamental do que a linguagem ela mesma.
O sentido é produzido
• As manifestações identitárias passam a assumir um posto de destaque nos estudos culturais, pois é a partir delas que podemos pensar de uma forma mais concreta na recepção, na linguagem, na interpretação dos signos: a produção de sentido está na recepção também.
Pensando interdisciplinar...
• A comunicação envolve agora vários aspectos, inclusive o antropológico, identificando a linguagem alinhada também ao comportamento de grupos identitários
A cultura jovem, por exemplo• Essa cultura se firma num corpo substancial
de conhecimento• Num ativo senso de escolha por parte dos
músicos e público• Há uma base “interna” que possibilita o
julgamento de valor e significado
Auto-referência• A "originalidade“: a música significa a
identidade de cada um• A performance (a apresentação das bandas):
ponto vital, o principal ritual, onde tanto o público como os próprios músicos assumem enorme importância: a verdadeira experiência da realização
• A música articula a comunidade, juntado p e s s o a s p a r a u m a e x p e r i ê n c i a (com)partilhada, estabelecendo vínculos efetivos e afetivos.
Eis a “cena”• As cenas são as visibilidades• Cena é a superprodução de uma comunidade
musical• Ao se tornar pública – essa superprodução,
essa cena - é alvo de olhares diversos de outras cenas, de outras interpretações, inclusive da mídia, ressaltando-a positivamente ou vitimado-a
• A cena é apropriada pela indústria cultural porque chama a atenção do público consumidor: é consumível, é vendável.
Além do som• "Cena" (scene): o caráter amplificador além
da própria expressão artística (música), envolvendo outros níveis de trabalho e informação: um "mundo" além da música, ela mesma
• A cena se daria a partir do link da "prática musical contemporânea" e da "herança musical“ (informação anterior + atualização)
• Eis o CAPITAL CULTURAL
O “original” no mainstream?
• Apropriada ou não os elementos de uma cena – moda, música, gíria... – chega ao mercadão
• Underground no mainstream: overground• Os punks circulam impunes pela mídia nos
anos 80.
Criticando os estudos culturais
• Os Estudos Culturais anteriores sempre procuram recuperar a idéia de que "cultura" é o que está fora das mídias.
• (Pois) a mídia produziria algo sem valoração (estética, simbólica, não transgressora, “pastel”...)
Anti-mídia
• A academia científica reforça esse equívoco: utiliza termos que trazem um discurso anti-mídia: “comercial, hegemonia, produtor vendável, incorporado, experimental, underground...“ para falar de culturas que “brigam” entre si, por estarem dentro ou fora das grandes mídias
O espaço é mercadológico• A vinculação direta entre a mídia
tradicional e as culturas, inclusive as populares, sempre esteve presente.
• Uma não sobrevive sem a outra: uma se fortalece com a outra.
• Na tríade mercadológica “produção, circulação e consumo” tudo é produto
Passaram a ser uma preocupação oficial: o governo britânico criou legislação específica que proibia festas fora da cidade com "música repetitiva".
A cena inglesa Acid House Parties
• Sempre sofreu uma cobertura sensacionalista dos tradicionais jornais tablóides ingleses, que destacavam o uso de drogas, em detrimento da música (acid house)
• Ao atacar a cena underground inglesa esses tablóides publicizavam-na cada vez mais e terminavam por fortalecê-la
Ao (contra) ataque!
• a mídia fazia discurso sensacionalista, distorcia a informação
• cena da acid house inventava seus instrumentos de comunicação para rebater as informações
• fanzines, flyers, uso de redes de computadores: low e high tech midia
A construção de sentido
• Se a cultura underground é tida como ilícita, a mídia (ao invés da polícia) é quem a criminaliza, através da interpretação dos fatos para as outras camadas sociais
• A necessidade de instrumentos de respostas (da cena) para desconstruir sentidos
O prazer e o novo causam medo
• Ao desaprovar moralmente as acid house parties, os tablóides mostram um pânico moral que é nada mais que a "metáfora que descreve uma sociedade moderna cheia de medos sobre suas próprias virtudes" (Thornton).
Estudos Culturais insistiam...
• A cultura jovem como inocente vítimas das versões negativas da mídia?
• No entanto a mídia trata a cultura jovem como qualquer outro produto de mercado, vendável, enquanto notícia.
O perigo vendável
• O pânico moral se dá sempre na relação entre mídia e cultura jovem, mas é, significativamente, uma estratégia eficaz de marketing
• A indústria cultural, ao contrário do que se defendia, gera idéias e incita a própria subcultura (underground)
• Subcultura X Mídia: Interdependência histórica