Panico moral

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O PÂNICO MORAL ou de como o underground será parte do mainstream por Cláudio M.

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O PÂNICO MORALou de como o underground será

parte do mainstreampor Cláudio M.

A descoberta da subjetividade• Os Estudos Culturais olham para as

subculturas e para a cultura jovem como temas científicos: a subjetividade, alteridade e diferença, as análises de recepção e as configurações identitárias

O sentido (por trás) da comunicação

• A linguagem não basta em si mesma como "expressão física da comunicação“

• O sentido se desloca para o receptor.• Não são mais os signos, apenas; mas se

esses signos são reconhecidos e de que forma.

• A interpretação é fundamental; mais fundamental do que a linguagem ela mesma.

O sentido é produzido

• As manifestações identitárias passam a assumir um posto de destaque nos estudos culturais, pois é a partir delas que podemos pensar de uma forma mais concreta na recepção, na linguagem, na interpretação dos signos: a produção de sentido está na recepção também.

Pensando interdisciplinar...

• A comunicação envolve agora vários aspectos, inclusive o antropológico, identificando a linguagem alinhada também ao comportamento de grupos identitários

A cultura jovem, por exemplo• Essa cultura se firma num corpo substancial

de conhecimento• Num ativo senso de escolha por parte dos

músicos e público• Há uma base “interna” que possibilita o

julgamento de valor e significado

Auto-referência• A "originalidade“: a música significa a

identidade de cada um• A performance (a apresentação das bandas):

ponto vital, o principal ritual, onde tanto o público como os próprios músicos assumem enorme importância: a verdadeira experiência da realização

• A música articula a comunidade, juntado p e s s o a s p a r a u m a e x p e r i ê n c i a (com)partilhada, estabelecendo vínculos efetivos e afetivos.

Eis a “cena”• As cenas são as visibilidades• Cena é a superprodução de uma comunidade

musical• Ao se tornar pública – essa superprodução,

essa cena - é alvo de olhares diversos de outras cenas, de outras interpretações, inclusive da mídia, ressaltando-a positivamente ou vitimado-a

• A cena é apropriada pela indústria cultural porque chama a atenção do público consumidor: é consumível, é vendável.

A cena: rotina e point

Temporalidade e localidade

Além do som• "Cena" (scene): o caráter amplificador além

da própria expressão artística (música), envolvendo outros níveis de trabalho e informação: um "mundo" além da música, ela mesma

• A cena se daria a partir do link da "prática musical contemporânea" e da "herança musical“ (informação anterior + atualização)

• Eis o CAPITAL CULTURAL

O “original” no mainstream?

• Apropriada ou não os elementos de uma cena – moda, música, gíria... – chega ao mercadão

• Underground no mainstream: overground• Os punks circulam impunes pela mídia nos

anos 80.

Criticando os estudos culturais

• Os Estudos Culturais anteriores sempre procuram recuperar a idéia de que "cultura" é o que está fora das mídias.

• (Pois) a mídia produziria algo sem valoração (estética, simbólica, não transgressora, “pastel”...)

Anti-mídia

• A academia científica reforça esse equívoco: utiliza termos que trazem um discurso anti-mídia: “comercial, hegemonia, produtor vendável, incorporado, experimental, underground...“ para falar de culturas que “brigam” entre si, por estarem dentro ou fora das grandes mídias

O espaço é mercadológico• A vinculação direta entre a mídia

tradicional e as culturas, inclusive as populares, sempre esteve presente.

• Uma não sobrevive sem a outra: uma se fortalece com a outra.

• Na tríade mercadológica “produção, circulação e consumo” tudo é produto

Festas com público de 8 mil a 15 mil pessoas aconteciam nos campos da Inglaterra (1990 - 1993)

Passaram a ser uma preocupação oficial: o governo britânico criou legislação específica que proibia festas fora da cidade com "música repetitiva".

A cena inglesa Acid House Parties

• Sempre sofreu uma cobertura sensacionalista dos tradicionais jornais tablóides ingleses, que destacavam o uso de drogas, em detrimento da música (acid house)

• Ao atacar a cena underground inglesa esses tablóides publicizavam-na cada vez mais e terminavam por fortalecê-la

Ao (contra) ataque!

• a mídia fazia discurso sensacionalista, distorcia a informação

• cena da acid house inventava seus instrumentos de comunicação para rebater as informações

• fanzines, flyers, uso de redes de computadores: low e high tech midia

A construção de sentido

• Se a cultura underground é tida como ilícita, a mídia (ao invés da polícia) é quem a criminaliza, através da interpretação dos fatos para as outras camadas sociais

• A necessidade de instrumentos de respostas (da cena) para desconstruir sentidos

O prazer e o novo causam medo

• Ao desaprovar moralmente as acid house parties, os tablóides mostram um pânico moral que é nada mais que a "metáfora que descreve uma sociedade moderna cheia de medos sobre suas próprias virtudes" (Thornton).

Estudos Culturais insistiam...

• A cultura jovem como inocente vítimas das versões negativas da mídia?

• No entanto a mídia trata a cultura jovem como qualquer outro produto de mercado, vendável, enquanto notícia.

O perigo vendável

• O pânico moral se dá sempre na relação entre mídia e cultura jovem, mas é, significativamente, uma estratégia eficaz de marketing

• A indústria cultural, ao contrário do que se defendia, gera idéias e incita a própria subcultura (underground)

• Subcultura X Mídia: Interdependência histórica

Os mass media tornam as subculturas politicamente

relevantes