PANORAMA DAS LICENCIATURAS DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA … · doutorado em ensino de ciÊncias e...

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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DOUTORADO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA PANORAMA DAS LICENCIATURAS DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA NO BRASIL: FRAGILIDADES, OFERTAS E TECNOLOGIAS IVO DE JESUS RAMOS Orientador: Prof. Dr. Luiz Henrique Amaral Tese apresentada ao Doutorado em Ensino de Ciências e Matemática, da Universidade Cruzeiro do Sul, como parte dos requisitos para a obtenção do titulo de Doutor em Ensino de Ciências e Matemática. SÃO PAULO 2013

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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

DOUTORADO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA

PANORAMA DAS LICENCIATURAS DE CIÊNCIAS E

MATEMÁTICA NO BRASIL: FRAGILIDADES, OFERTAS E

TECNOLOGIAS

IVO DE JESUS RAMOS

Orientador: Prof. Dr. Luiz Henrique Amaral

Tese apresentada ao Doutorado em Ensino de Ciências e Matemática, da Universidade Cruzeiro do Sul, como parte dos requisitos para a obtenção do titulo de Doutor em Ensino de Ciências e Matemática.

SÃO PAULO

2013

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA

UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

R143p

Ramos, Ivo de Jesus. Panorama das licenciaturas de ciências e matemática no Brasil:

fragilidades, ofertas e tecnologias / Ivo de Jesus Ramos. -- São Paulo; SP: [s.n], 2013.

112 p. : il. ; 30 cm. Orientador: Luiz Henrique Amaral. Tese (doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Ensino de

Ciências e Matemática, Universidade Cruzeiro do Sul. 1. Educação matemática 2. Tecnologias de informação e

comunicação (TICs) 3. Formação de professores – Ensino de ciências e matemática 4. Processo de ensino-aprendizagem I. Amaral, Luiz Henrique. II. Universidade Cruzeiro do Sul. Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática. III. Título.

CDU: 51:37.018.43(043.2)

UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

PANORAMA DAS LICENCIATURAS DE CIÊNCIAS E

MATEMÁTICA NO BRASIL: FRAGILIDADES, OFERTAS E

TECNOLOGIAS

Ivo de Jesus Ramos

Tese de doutorado defendida e aprovada

pela Banca Examinadora em 13/12/2013.

BANCA EXAMINADORA:

Prof. Dr. Luiz Henrique Amaral

Universidade Cruzeiro do Sul

Presidente

Profa. Dra. Carmem Lúcia Costa Amaral

Universidade Cruzeiro do Sul

Prof. Dr. Marcio Eugen Klingenschmid Lopes dos Santos

Universidade Cruzeiro do Sul

Prof. Dr. Carlos Henriques Barroqueiro

Instituto Federal de São Paulo

Profa. Dra. Vera Maria Jarcovis Fernandes

Universidade Cidade de São Paulo

AGRADECIMENTOS

O que se expressa em um texto não é somente os esforços e a visão de

seus autores, é, na verdade, a manifestação de muitas vozes, assim como a

harmonia sonora de uma sinfonia. Portanto, são muitos os agradecimentos a

serem feitos, entretanto este espaço se torna reduzido para fazê-los.

Tornando-se assim, difícil a tarefa de recuperar no tempo todos que de uma

forma ou de outra contribuíram com a construção deste trabalho.

Inicio agradecendo a Deus por ter me propiciado mais um momento de

vitória em minha vida.

Aos meus pais, Geraldo Ramos (in memoriam) e Celeste da Silva Ramos

(in memoriam), que sempre me inspiraram e mesmo não estando presentes in

material o estão espiritualmente.

Aos meus filhos, Fernanda, Isabella e Leonardo pelo apoio e incentivo

fundamentais para que meu sonho se tornasse realidade concretizada neste

trabalho.

Muito carinhosamente e amorosamente de forma especial à Natália e à

Vanda pela leitura paciente e sugestões em que muito contribuíram e

melhoraram o texto.

Às “muitas mentes” que muito me ajudaram nessa caminhada

questionando-me sobre minhas crenças relativas ao tema e à pesquisa.

Ao meu orientador, professor Dr. Luiz Henrique Amaral, por sua atenção

e empenho em todos os momentos, possibilitando-me “aprendizagens

únicas”, oferecendo-me apoio necessário quando as “tarefas da tese” me

pareciam insuportáveis, ajudando-me a vencer as dificuldades inerentes à

realização deste trabalho e pela absoluta generosidade com que me ajudou na

finalização do texto.

Aos membros da banca examinadora Profª. Drª. Carmem Lucia Costa

Amaral, Prof. Dr. Marcio Eugen Klingenschmid Lopes dos Santos, Prof. Dr.

Carlos Henriques Barroqueiro e Profª. Drª. Vera Maria Jarcovis Fernandes, que

com muito cuidado e carinho leram esse trabalho com um olhar crítico e

competente e que nos deram significativas contribuições para que se tornasse

melhor.

Aos servidores (funcionários e docentes) do CEFETMG onde desenvolvo

minhas atividades docentes, em especial, aos professores que contribuíram

com essa investigação respondendo ao questionário da pesquisa.

A todos da Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática:

professores, alunos e funcionários, em especial ao Rafael por sua

colaboração, competência e compromisso.

Por fim, à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior – Capes – pelo apoio.

RAMOS, I. J. Panorama das licenciaturas de ciências e matemática no Brasil: fragilidades, ofertas e tecnologias. 2013. 112 f. Tese (Doutorado em Ensino de Ciências e Matemática)–Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2013.

RESUMO

O presente trabalho de pesquisa tem como objetivos avaliar: o panorama das

licenciaturas de Ciências e Matemática no Brasil, suas fragilidades e ofertas; a

relação dos professores de Ciências e Matemática com as Tecnologias da

Informação e Comunicação (TICs); os investimentos realizados pelo Governo na

formação de professores e a inserção da Rede Federal de Educação Profissional,

Científica e Tecnológica (REDE) no processo nacional de Formação de Professores

de Ciências e Matemática na modalidade educação à distância (EAD). A

metodologia adotada consistiu em uma abordagem quanti-qualitativa caracterizando-

se como um estudo de caso (exploratória-descritiva) em que utilizamos a análise de

conteúdo para análise dos dados e construímos relações entre as categorias. A

pesquisa aponta para um agravamento no déficit de professores nos próximos anos,

mesmo com o aumento constante de oferta de vagas nos cursos de Licenciatura. De

acordo com os resultados obtidos, o percentual de ingresso de novos alunos não

tem ultrapassado, em média, 50% das vagas ofertadas. Por outro lado, a pesquisa

aponta que os recursos financeiros despendidos pelo Governo, em especial nas

Instituições Públicas, produzem pouco efeito nas políticas de formação de

professores, devido ao alto percentual de evasão. A discussão sobre os Institutos

Federais/Centro Federal de Educação Tecnológica (IF/CEFET) no cenário da

formação de professores no País, apesar de ser considerada importante como

subsídio aos estudos que visam à melhoria e à implementação de novos cursos,

tanto na modalidade presencial quanto a distância, mostra deficiências tanto na

formação quanto na qualificação de seus docentes para atuar com o uso das TICs.

Os dados mostram que estamos ainda em uma fase de transição de geração na

formação de professores, em que a maioria dos docentes não está ainda preparada

para atuar fazendo uso das TICs no processo de ensino e aprendizagem.

Palavras-chave: Licenciaturas de ciências e matemática, Déficit de professores,

TICs.

RAMOS, I. J. Overview of undergraduate science and mathematics in Brazil: weaknesses, and technology offers. 2013. 112 f. Tese (Doutorado em Ensino de Ciências e Matemática)–Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2013.

ABSTRACT

This research aims to evaluate: the overview on teachers education

undergraduations in Science and Mathematics in Brazil, its weaknesses and

offerings, the relationship among science and mathematics teachers with Information

and Communication Technologies (ICTs), the investments made by the Government

in teachers education and insertion of the Federal Network of Vocational, Science

and Technology Education (REDE) in the national process of Teacher of Science

and Mathematics in distance education modality (EAD). The methodology consisted

of a quantitative and qualitative approach which can be characterized as a case

study (exploratory - descriptive) based on content analysis to the data analysis and

build relationships among the categories. The research results point out to an

increasing in the teacher deficit in the next years, even with the continous increasing

of school placement in teachers education undergraduate courses. According to the

results, the percentage of new students has not exceeded an average of 50% of the

vacancies offered. On the other hand, the research shows that financial resources

expended by the Government, especially in public institutions, produce little effect on

instructional policies for teachers, due to the high drop out percentage. The

discussion about the Federal Institutes/Federal Center of Technological Education

(IF/CEFET) in the scenario of teacher education in the country, despite being

considered an important subsidy to studies aimed at improving and implementing

new courses, both in face to face and at distance modalities, shows deficiencies both

in training and in the qualification of its teachers for working with the use of ICTs. The

data show that we are still in a transition phase of generation in teacher education,

where most teachers are not yet prepared to act making use of ICTs in the teaching

and learning processes.

Keywords: Teacher’s education in science and mathematics, Teachers deficit, ICT.

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Evolução das vagas, ingressantes e concluintes – Biologia ......... 52

Gráfico 2 – Evolução do percentual (concluintes/ingressantes) – Biologia .... 53

Gráfico 3 – Evolução das vagas, ingressantes e concluintes - Ciências ......... 54

Gráfico 4 – Evolução do percentual (concluintes/ingressantes) – Ciências .... 55

Gráfico 5 – Evolução das vagas, ingressantes e concluintes – Física ............. 56

Gráfico 6 – Evolução do percentual (concluintes/ingressantes) – Física ........ 57

Gráfico 7 – Evolução das vagas, ingressantes e concluintes - Matemática .... 58

Gráfico 8 – Evolução do percentual (concluintes/ingressantes) –

Matemática .......................................................................................... 59

Gráfico 9 – Evolução das vagas, ingressantes e concluintes – Química ......... 60

Gráfico 10 – Evolução do percentual (concluintes/ingressantes) – Química .... 61

Gráfico 11 – Evolução das vagas, ingressantes e concluintes – Biologia ......... 63

Gráfico 12 – Evolução do percentual (concluintes/ingressantes) – Biologia .... 64

Gráfico 13 – Evolução das vagas, ingressantes e concluintes – Ciências ........ 65

Gráfico 14 – Evolução do percentual (concluintes/ingressantes) – Ciências .... 66

Gráfico 15 – Evolução das vagas, ingressantes e concluintes – Física ............. 67

Gráfico 16 – Evolução do percentual (concluintes/ingressantes) – Física ........ 68

Gráfico 17 – Evolução das vagas, ingressantes e concluintes – Matemática .... 69

Gráfico 18 – Evolução do percentual (concluintes/ingressantes) –

Matemática .......................................................................................... 69

Gráfico 19 – Evolução das vagas, ingressantes e concluintes - Química .......... 70

Gráfico 20 – Evolução do percentual (concluintes/ingressantes) – Química .... 71

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Porcentagem das vagas ofertadas; matrículas; vagas não

preenchidas e da relação concluintes/ingressantes nas

licenciaturas em Ciências e Matemática, nas modalidades

presencial e a distância ..................................................................... 72

Quadro 2 – Vagas ofertadas, Ingressantes e Concluintes ................................. 72

Quadro 3 – Vagas não ocupadas nas IES públicas ............................................ 73

Quadro 4 – Estimativa de gasto anual do Governo com vagas não

ocupadas ............................................................................................ 74

Quadro 5 – Número de unidades da REDE e das universidades federais ........ 75

Quadro 6 – Distribuição por faixas etárias .......................................................... 76

Quadro 7 – Distribuição por titulação .................................................................. 77

Quadro 8 – Distribuição por regime de trabalho ................................................. 77

Quadro 9 – Distribuição por tempo de trabalho no magistério ......................... 78

Quadro 10 – Distribuição por tempo de trabalho na instituição .......................... 78

Quadro 11 – Número de acesso à internet por semana ....................................... 82

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANFOPE Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação

AVA Ambientes Virtuais de Aprendizagem

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CEB Câmara de Educação Básica

CEFET Centro Federal de Educação Tecnológica

CNE Conselho Nacional de Educação

DCN Diretrizes Curriculares Nacionais

DE Efetivo: Dedicação Exclusiva

E40 Efetivo: quarenta horas

EAD Educação à Distância

EITIE Escala Sobre Integração das Tecnologias de Informática na Educação

ENCI Ensino de Ciências por Investigação

FGV Fundação Getúlio Vargas

IES Instituições de Ensino Superior

IF Instituto Federal

IGP-M Índice Geral de Preços do Mercado

INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

LDB Lei de Diretrizes Básicas da Educação Nacional

MEC Ministério de Educação e Cultura

AO Objetos de Aprendizagem

PB Professor de Biologia

PDE Plano de Desenvolvimento da Educação

PF Professor de Física

PM Professor de Matemática

PNE Plano Nacional de Educação

PQ Professor de Química

PROEB Programa Especial de Formação de Professores para a Educação Básica

S20 Substituto: vinte horas

S40 Substituto: quarenta horas

SETEC Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica

TICs Tecnologias da Informação e Comunicação

UAB Universidade Aberta do Brasil

UFMG Universidade Federal de Minas Gerais

UFV Universidade Federal de Viçosa

UTFPR Universidade Tecnológica Federal do Paraná

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 13

CAPÍTULO 1 – REVISÃO DA LITERATURA ........................................................... 19

1.1 SOBRE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES .............................................................. 19

1.2 SOBRE A ESCASSEZ DE PROFESSORES ............................................................... 21

1.3 SOBRE AS PARTICULARIDADES DA ÁREA DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA .................. 22

1.4 DOS ESTUDOS SOBRE AS POLÍTICAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES ................ 23

1.5 SOBRE AS TICS E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES .............................................. 28

1.6 SOBRE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES E A EAD ................................................ 35

1.7 AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM (AVA) E OBJETOS DE

APRENDIZAGEM (OA) ........................................................................................ 41

1.8 BREVE HISTÓRICO DA REDE ............................................................................. 42

CAPÍTULO 2 – METODOLOGIA DA PESQUISA .................................................... 44

2.1 PESQUISAS EM FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO BRASIL .................................... 45

2.2 A LICENCIATURA NO CENÁRIO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR BRASILEIRA ................... 46

2.3 A REDE E SUA EVOLUÇÃO HISTÓRICA ............................................................... 46

2.4 RELAÇÕES E INTERAÇÕES DOS PROFESSORES DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA, DE

UMA DAS UNIDADES DA REDE, COM AS TICS ..................................................... 47

CAPÍTULO 3 – RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................... 51

3.1 LICENCIATURAS EM CIÊNCIAS E MATEMÁTICA ...................................................... 51

3.2 DADOS DO CENSO – 2007 A 2011: DAS LICENCIATURAS PRESENCIAIS NAS IES .... 51

3.2.1 Biologia .......................................................................................................... 52

3.2.2 Ciências ......................................................................................................... 53

3.2.3 Física.............................................................................................................. 56

3.2.4 Matemática .................................................................................................... 58

3.2.5 Química .......................................................................................................... 60

3.3 DADOS DO CENSO – 2007 A 2011: DAS LICENCIATURAS A DISTÂNCIA (EAD)

NAS IES ........................................................................................................... 62

3.3.1 Biologia .......................................................................................................... 62

3.3.2 Ciências ......................................................................................................... 64

3.3.3 Física.............................................................................................................. 66

3.3.4 Matemática .................................................................................................... 68

3.3.5 Química .......................................................................................................... 70

3.4 CONCLUINTES, EVASÃO E INVESTIMENTO NAS LICENCIATURAS ............................. 71

3.5 A CAPILARIDADE DA REDE NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES ............................... 74

3.6 RELAÇÕES E INTERAÇÕES DOS PROFESSORES DE UMA UNIDADE DA “REDE”

COM AS TICS .................................................................................................... 76

3.6.1 Perfil dos Professores .................................................................................. 76

3.6.2 Relação e Interação dos Docentes com a Informática .............................. 78

3.6.3 Relação e Interação com a Internet ............................................................. 81

3.6.4 Relação e Interação com Ambientes Virtuais de Aprendizagem

(AVA) .............................................................................................................. 84

3.6.5 Relação e Interação com os Objetos de Aprendizagem (OA) ................... 84

3.6.6 Relação e Interação com as TICs ................................................................ 85

3.6.7 Reflexões sobre os Sujeitos da Pesquisa .................................................. 86

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 88

REFERÊNCAS .......................................................................................................... 93

APÊNDICES ........................................................................................................... 101

13

INTRODUÇÃO

Inicio essa tese descrevendo um pouco do meu percurso acadêmico, da

minha relação com o uso das TICs no ensino e com a formação de professores. Sou

licenciado em Física e Matemática, bacharel em Engenheira Química, Especialista

em Educação e Mestre em Educação Tecnológica. Desde 1996 sou professor de

Física no Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFETMG),

que tem como filosofia incentivar e favorecer a qualificação de seu pessoal.

Associando-se à filosofia da instituição, a formação, a experiência e mais o meu

“sonho”, iniciei o doutorado em Ensino de Ciências e Matemática no ano de 2010.

A escolha pelo tema de pesquisa desenvolvido no doutorado está relacionada

com minha formação acadêmica e as atividades com as quais estive envolvido em

minha carreira como educador.

Em meados da década de 1980, no início de minha carreira como educador,

tive experiências com o uso do computador na escola em que lecionava, quando a

direção da instituição montou um laboratório de informática com o discurso de

propiciar um ensino de melhor qualidade a seus alunos. Porém, os investimentos

tanto em equipamento quanto na capacitação de seus professores nessa área se

diluíram com o tempo. Nesses primeiros passos, percebia que a caminhada no

sentido de inserir essa ferramenta no processo de ensino e aprendizagem não seria

nada fácil, como o tempo tem me mostrado. Entretanto, minha curiosidade continuou

e motivou-me na busca por novos conhecimentos e oportunidades de utilização

dessa ferramenta no processo de ensino e aprendizagem.

Um novo fator motivador surgiu, na década de 1990, quando iniciei o

mestrado e nele cursei as disciplinas “Tecnologia Educacional” e “Tópicos

Avançados em Educação Tecnológica: Educação e Informática”. Momento em que

tive a oportunidade de aprofundar minhas relações e interações com a informática

educativa. Ainda na década de 1990, vivenciei uma segunda experiência, em outra

instituição de ensino, em que ao implantar um laboratório de informática convidaram-

me a contribuir na sua otimização. Nos anos de 2000 e 2001, vivenciei uma terceira

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experiência ao ministrar a disciplina informática em turmas de primeiro ano do

Ensino Médio na instituição pesquisada.

Percebo, hoje, que houve diferenças nas três experiências vivenciadas por

mim. Na primeira experiência, o foco do uso do computador estava centrado em

ensinar aos alunos a programarem o computador com o uso de linguagem de

máquina; na segunda, a ideia era fazer com que os alunos utilizassem o computador

como meio lúdico e a navegar na internet sem nenhum roteiro e sem objetivos claros

ligados ao processo de ensino e aprendizagem e na terceira, os objetivos estavam

ligados à utilização dos recursos das TICs, e também, ao processo de ensino e

aprendizagem.

Trabalhando como educador fui me envolvendo com as atividades de

formação de professores na instituição pesquisada. Em 1998, com a participação em

um grupo de estudo, com o qual tinha o objetivo construir um projeto de formação de

professores de Ciências e Matemática. Projeto este apresentado no “1º Workshop

Nacional sobre a formação de professores de Ciência e Tecnologia”, organizado

pelo Ministério de Educação e Cultura (MEC). Desde então, trabalho em cursos de

formação continuada de professores da rede pública em várias cidades do Estado

de Minas Gerais. Nesses cursos, sempre que possível faço uso dos recursos das

TICs tanto para trabalhar o curso quanto para iniciar professores no uso desses

recursos no processo de ensino e aprendizagem.

Nos anos de 2006, 2007 e 2008, atuei como professor visitante, em curso de

especialização em informática na educação em uma universidade da Região

Metropolitana de Belo Horizonte ministrando as disciplinas: “Ética na Internet”;

“Didática do Ensino” e “Didática do Ensino Superior”, em que também orientei 11

monografias. Os alunos desse curso eram professores da rede pública municipal de

Betim.

No intuito de entender melhor os novos processos e recursos utilizados pela

Ciência da Informação, cursei, na Escola de Ciência da Informação da Universidade

Federal de Minas Gerais (UFMG), em 2008, a disciplina “Tópicos Especiais em

Ciência da Informação: Informação e Política Educacional”, e, em 2009, a disciplina

“Tópicos Especiais em Ciência da Informação: Representação da Informação”.

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De 2010 a 2012 orientei 7 monografias de especialização em curso de pós-

graduação na modalidade EAD “Ensino de Ciências por Investigação (ENCI)” da

UFMG pela Universidade Aberta do Brasil (UAB). Esses cursistas, orientados por

mim, eram oriundos das redes pública e particular da educação básica de várias

cidades do estado de Minas Gerais.

O contato com os cursistas propiciou-me constatar o que se tem divulgado na

imprensa e em documentos oficiais do governo sobre a escassez de professores

com formação adequada, em particular de Ciências e Matemática.

Considerando os déficits atuais na formação de professores de Ciências e

Matemática, procuramos no cenário brasileiro e, em especial, na REDE, conhecer o

panorama das licenciaturas de Ciências e Matemática no Brasil, suas fragilidades e

ofertas buscando informações relativas às categorias: vagas ofertadas;

ingressantes; concluintes e capilaridade da REDE. Paralelamente, avaliamos as

relações dos professores de Ciências e Matemática com as TICs em uma das

unidades da REDE, para trabalhar na formação de educadores, especialmente, nas

licenciaturas em Ciências e Matemática, modalidades presencial e/ou EAD, a

inserção da REDE no processo nacional de formação de professores de Ciências e

Matemática, bem como, um levantamento relativo ao gasto anual do Governo com

as vagas não ocupadas nessas licenciaturas em instituições públicas no ano de

2011.

Para atender a esses objetivos, recorremos à literatura pertinente na busca

por informações que se apresentassem relevantes para o estudo do tema. Com

sustentação nas reflexões originadas dessas leituras construímos um planejamento

no sentido de proceder a um levantamento investigativo.

A relevância de refletir sobre esses tópicos se sustenta em dados de

pesquisas sobre formação de professores, as quais indicam fragilidades nessa

formação e que a atual crise na educação brasileira, provocada pela falta de

professores com formação adequada, tende a se agravar. De acordo com o relatório

produzido pela Comissão Especial, instituída pelo Ministério da Educação1 (BRASIL,

1 Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica.

MEC/CNE/CEB

16

2007), estudar medidas que visem a superar o déficit docente no Ensino Médio é

uma necessidade urgente. Essa Comissão Especial sinaliza que a situação se

agrava quando se observa que o número de vagas ofertadas pelas Instituições de

Ensino Superior (IES), nos cursos de Licenciatura é insuficiente. Essa afirmativa é

alvo do nosso questionamento e investigação.

Considerando os déficits atuais de professores de Ciências e Matemática o

Governo Federal vem convocando a REDE para que desenvolva cursos de

licenciatura, especialmente para as disciplinas de Biologia, Ciências2, Física,

Matemática e Química, em particular, na modalidade EAD. Assim, as TICs

representam meios, apoios e ferramentas que auxiliam na formação de professores.

De acordo com Gatti (2010), nos cursos de graduação somente os de

licenciatura, as matrículas apresentaram números negativos de crescimento. Assim,

entendemos que esse é um problema que exige solução para que a educação possa

atingir níveis minimamente aceitáveis em nosso país.

A contradição entre a afirmativa feita pela Comissão Especial de que faltam

vagas nos cursos de Licenciatura nas IES e o constatado por Gatti de que o Censo

da Educação Superior aponta a redução das matrículas nos cursos de licenciatura

de 2006 para 2007, nos levou a desenvolver um estudo mais aprofundado do

assunto, visto que formar mais professores e com qualidade é necessário. Assim, o

questionamento que fazemos é: qual o panorama das licenciaturas de Ciências e

Matemática no Brasil?

Em face do exposto, este trabalho busca analisar o panorama das

licenciaturas de Ciências e Matemática no Brasil, suas fragilidades e ofertas, a atual

relação dos professores de Ciências e Matemática com as TICs, o gasto anual do

Governo com as vagas não ocupadas nessas licenciaturas em instituições públicas

no ano de 2011 e a inserção da REDE no processo nacional de formação de

professores de Ciências e Matemática na modalidade EAD. As questões

norteadoras dessa pesquisa foram:

2 Licenciatura para formar professores para trabalhar do 6º ao 9º ano da educação básica.

17

a) A oferta de vagas pelas IES nos cursos de Licenciatura em Ciências e

Matemática é suficiente para atender a demanda na formação de

professores nessa área?

b) As atuais relações e interações dos Professores de Ciências e

Matemática da REDE, com as TICs são suficientes para atuarem como

professores nos cursos de licenciaturas em Ciências e Matemática na

EAD?

c) Como, quando, por que e qual a relevância da inserção da REDE no

processo nacional de formação de professores de Ciências e

Matemática?

Para refletirmos sobre essas questões norteadoras, são necessárias

investigações sobre a situação atual das licenciaturas de Ciências e Matemática no

Brasil e suas fragilidades, o número de vagas ofertadas, de ingressantes, de

concluintes e a evolução das matrículas, histórico, a origem, e também, a

responsabilidade da REDE na oferta de licenciaturas, as TICs na Educação, a EAD

e as relações dos professores de uma unidade da REDE com as TICs. Assim,

questionamos, as ações do Governo são suficientes para sanar a escassez de

professores, em particular de Ciências e Matemática para o ensino médio?

Para responder a essas questões desenvolvemos essa Tese, a qual está

estruturada da seguinte forma:

No primeiro capítulo, iniciamos pelo caminho da construção da

fundamentação teórica do objeto de estudo. Destacamos os estudos sobre a

formação, a escassez, as particularidades na área de Ciências e Matemática, as

políticas de formação, as TICs e a EAD na formação de professores em Ciências e

Matemática.

A metodologia adotada consistiu em uma abordagem quali-quantitativa

caracterizando-se como um estudo de caso (exploratória-descritiva) em que

utilizamos a análise de conteúdo para análise dos dados e construímos relações

entre as categorias. Esse estudo está desenvolvido no segundo capítulo deste

trabalho.

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No terceiro capítulo, relatamos os resultados e discussão dos achados da

pesquisa sobre as Licenciaturas em Ciências e Matemática, os dados do Censo de

2007 a 2011 das licenciaturas presenciais e à distância nas IES, os Concluintes,

Evasão e Investimento nas Licenciaturas, a Capilaridade da REDE na Formação de

Professores, e as Relações e Interações dos Professores de uma Unidade da REDE

com as TICs.

Finalizamos o trabalho tecendo algumas considerações sobre o que

encontramos no percurso da investigação. Os achados mostram que o panorama

das licenciaturas em Ciências e Matemática no Brasil, apresenta fragilidades, oferta

de cursos nessa área é suficiente e o uso das TICs nas licenciaturas ainda é

incipiente.

19

CAPÍTULO 1 – REVISÃO DA LITERATURA

Neste capítulo, destacamos os estudos sobre a formação, a escassez, as

particularidades na área de Ciências e Matemática, as políticas de formação, as

TICs e a EAD na formação de professores em Ciências e Matemática.

1.1 Sobre a Formação de professores

Um estudo sobre a formação de professores no Brasil, nos últimos dois

séculos foi realizado por Saviani (2009). Seu estudo mostra que houve sucessivas

mudanças nesse processo, e que, de início, a questão pedagógica não estava

presente, porém, lentamente foi penetrando nos ensaios de reformas da década de

1930 até ocupar a posição central. De acordo com Saviani, ainda não se encontrou

um encaminhamento que possa ser aceito como minimamente satisfatório, e o que

se revela comum é a precariedade das políticas de formação docente. Além de que

essas sucessivas mudanças nas políticas formativas não lograram êxito em

estabelecer um padrão mínimo e consistente na formação de professores. Na

opinião de Saviani (2009, 2011), essas mudanças que foram introduzidas ao longo

do tempo se mostraram insuficientes para encaminhar possíveis soluções aos

problemas existentes no processo nacional de formação docente.

Para Gabini e Diniz (2009) as políticas de formação docente necessitam ser

repensadas tanto em seus conteúdos quanto em suas metodologias com que estes

são trabalhados. As mudanças na educação necessitam passar pela formação de

professores, pois o modelo aplicado pelos formadores de professores atua como

uma espécie de currículo oculto3 das metodologias. O currículo que se

operacionaliza nos cursos de licenciaturas traz subjacente uma forma oculta, como

um conjunto de normas e valores implícitos e efetivamente transmitidos pelos

cursos, embora não apareçam de forma explicita e seus fins e objetivos planejados

pelos formadores (APPLE, 1982, pág. 127, apud ROMANELLI, 1997). Assim, esse

currículo oculto irá agir de maneira a formar o futuro professor e que perpetuará ao

3 Currículo oculto: os alunos passam crer nas crenças de seus formadores e a reproduzir as

metodologias trabalhadas por seus formadores.

20

longo de sua carreira docente, já que esses modelos se convertem

involuntariamente em crenças e pauta de sua atuação.

É nesse contexto que Imbernón (2004) traz para o debate a formação do

formador de professores. Para ele esse currículo oculto se constitui por

metodologias e didáticas que são ensinadas e aprendidas de forma não explícita nas

licenciaturas. Portanto, o currículo oculto atuará de tal forma que o professor leva

para o seu fazer pedagógico algumas metodologias e didáticas de seus formadores.

Dessa forma, a reprodução do modelo pedagógico se perpetua, tornando-se difícil

uma mudança significativa no modelo dominante e esse persiste e a crise

permanece.

Para Pretto e Riccio (2010) as discussões relativas à crise da formação de um

professor que seja capaz de enfrentar os desafios atuais ocupam os espaços dos

debates sobre o sistema educacional brasileiro e mundial. É nesse contexto que

Orth, Mangan e Sarmento (2011) entendem que na formação docente, os sentidos

atribuídos e o uso das TICs exigem reflexões sobre as atividades e a natureza do

trabalho pedagógico, tomando como base as mediações técnicas e o processo

formativo do professor no contexto de uma sociedade em transformação.

No entendimento de Gasque e Tescarolo (2010), nessa sociedade em

constante mutação, a formação continuada torna-se necessária e fundamental em

função das transformações sociais, culturais, políticas e econômicas que têm

ocorrido de forma acelerada nas últimas décadas. Para Realli, Tancredi e Mizukami

(2008) essa formação deverá, prioritariamente, ser centrada na escola e nas

necessidades dos docentes, bem como contextualizadas no local de trabalho.

Outro aspecto relacionado à formação docente diz respeito ao uso das TICs.

Para Gabini e Diniz (2009) a possibilidade da reflexão e discussão com outros

docentes sobre a inserção das TICs, como recurso na educação escolar poderá

propiciar ao professor segurança quando se colocar diante dessa situação

pedagógica.

As dificuldades no encaminhamento de políticas de formação de professores

no Brasil se arrastam por mais de dois séculos, e que ainda passam por dificuldades

para se ajustarem de maneira que possam propiciar uma formação docente

21

adequada. Acreditamos que mudanças na educação só ocorrerão se essas

passarem pela formação do professor. Pensamos que se faz necessário uma

ruptura com o currículo oculto desenvolvido de forma tácita e que as TICs sejam

introduzidas nos cursos de licenciatura. Dessa forma, o professor passaria a ter uma

proximidade com essas ferramentas na sua formação inicial, propiciando assim uma

melhor relação e interação com essas tecnologias.

1.2 Sobre a Escassez de Professores

Pesquisas, segundo Tardif e Lessard (2009), indicam que um significativo

percentual de professores, em vários países, se aposentará nos próximos anos.

Diante desse cenário questionam: mas a que ritmo, por quem e como serão

substituídos? Conjugando-se a isto a lenta e difícil inserção de novos professores no

sistema educacional levantam, assim, a questão da formação e da capacitação do

professor para o exercício de uma profissão cada vez mais complexa. Combinando-

se a essa dificuldade, têm-se também os problemas de retenção, às restrições

orçamentárias, à Gestão Pública que se instala no sistema educacional e que afeta

a seleção de professor, a rotatividade e mobilidade dos docentes, etc. Quanto à

problemática da formação docente, segundo esses autores, dados de pesquisa nos

Estados Unidos indicam que 75% dos licenciados não seguem a carreira de

magistério, e que essa situação não é muito diferente em vários países.

Esses problemas apontados por Tardif e Lessard (2009) são corroborados

com pesquisa realizada pela Comissão Especial (BRASIL, 2007) no que se refere à

formação e a inserção de novos professores no sistema educacional brasileiro. De

acordo com o Relatório produzido por essa Comissão Especial, o número de vagas

ofertadas pelas IES nos cursos de Licenciatura é insuficiente. Além da falta de

vagas, há outros problemas que dificultam suprir a carência de professores na

Educação Básica, a questão salarial é uma dentre outras (BRASIL, 2007; GATTI,

2010; PAINI, GRECO, AMBLARD, s/d; SAVIANI, 2009 e 2011). É nesse contexto

que a Comissão Especial sinaliza que haverá um Apagão do Ensino Médio, por falta

de professores. Portanto, se medidas emergenciais e estruturantes não forem

implementadas no sentido de reestruturar e valorizar a carreira docente essa terá

22

em curto espaço de tempo, particularmente no Brasil, uma escassez de professores

notadamente na área de Ciências e Matemática.

O que agrava mais a situação brasileira, segundo Gatti (2010) com

sustentação nos dados do censo, é que somente nos cursos de licenciatura houve

redução nas matrículas de 2006 para 2007. Assim, este problema exige solução

para que a educação possa atingir níveis minimamente aceitáveis em nosso país.

Podemos observar que entre o apontamento feito pela Comissão Especial e a

constatação feita por Gatti há uma contradição. A Comissão Especial sinaliza a falta

de vagas e Gatti sinaliza a redução das matrículas nos cursos de licenciatura. Diante

dessa situação, há que se verificar essa contradição, a qual propomos na

metodologia desse trabalho.

1.3 Sobre as Particularidades da Área de Ciências e Matemática

Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais/MEC

(INEP/MEC) em 2003 sinalizavam para uma necessidade de aproximadamente 711

mil professores para a Educação Básica, sendo 476 mil professores para o segundo

ciclo do Ensino Fundamental (do 6º ao 9º ano) e 235 mil professores para o Ensino

Médio. Nos 12 anos anteriores, formaram-se 457 mil alunos nos cursos de

licenciatura. Comparando os números e supondo que todos os licenciados foram

para a sala de aula e que nenhum professor aposentou e nem abandonou a carreira

do magistério, pode-se perceber que o déficit chegava a 254 mil professores,

particularmente em Ciências (Física, Química e Biologia) e Matemática.

A metodologia empregada pelo INEP/MEC (2003) para se chegar a esses

dados considerava a demanda de professores tendo em vista o número de turmas

existentes e a carga horária curricular estimada para a educação básica, o número

de licenciandos que graduaram nos últimos 12 anos e a expectativa de conclusão

até o ano de 2010. Cabe destacar que o INEP não considerou as aposentadorias e o

abandono da carreira de magistério.

Esse levantamento apontava que a escassez de professores na área de

Ciências e Matemática era ainda mais crítica. O estudo mostrou, também, que havia

uma necessidade de 23,5 mil professores de Física apenas para o ensino médio.

23

Porém nos últimos 12 anos, anteriores a 2003, licenciaram apenas 7,2 mil, ou seja,

em média 600 licenciados em Física por ano. Seguindo esta mesma linha de

raciocínio, até 2010 formariam mais 4,2 mil professores de Física. Portanto,

sustentando-nos nessa estimativa, em 19 anos seriam licenciados 11,4 mil em

Física. O secretário da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC)

do MEC4, Antônio Ibañez, argumentou que "mesmo que cada professor ministrasse

aula em três turnos, não atenderia nem 50% da demanda". Declarou, também, que

os baixos salários não atraiam esses docentes para a sala de aula e que havia fuga

desses licenciados para outras atividades.

Essa declaração do secretário do SETEC corrobora com a sinalização feita

por Tardif e Lessard (2009) de que dados de pesquisa realizada nos Estados Unidos

indicaram que grande parte dos licenciados não segue a carreira do magistério, e

que essa situação não era muito diferente em outros países. Juntando-se ao número

dos que não seguem a carreira, temos ainda o abandono da carreira e as

aposentadorias. Dessa forma, podemos inferir que a situação é muito mais grave do

que se imaginava.

1.4 Dos Estudos Sobre as Políticas de Formação de Professores

A seguir, apresentamos pesquisas que relatam sobre políticas de formação

de professores tendo em vista as diretrizes estabelecidas pela legislação

educacional.

O estudo realizado por Schneider (2007) analisou a reforma curricular dos

cursos de licenciaturas no contexto das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para

a Formação de professores. Identificou relações e contradições entre o instituído

legalmente e o campo da prática pedagógica, e que essas Diretrizes mostram-se

atreladas a um propósito de formação no sentido de atender às demandas de

mercado e que representam uma tecnologia e política de controle e regulação social.

Depois de fazer o percurso da investigação, concluiu que as DCN possuem um

caráter multifacetado o que permite variações de interpretações, as quais

propiciaram a construção de diversas propostas de curso. Resultando, assim, num

4 http://portal.inep.gov.br/c/journal/view_article_content?groupId=10157&articleId=15215&version=1.1

24

quadro de continuidades e rupturas logradas pelos idealizadores dos projetos

pedagógicos em relação à criação de respostas concernentes às determinações

exaradas pelo poder central.

Por sua vez, Fonseca (2008b) analisou os documentos orientadores das

políticas oficiais para a formação docente, as concepções de conhecimento e as

práticas veiculadas nos mesmos. Procurando identificar o modo como relacionam

teoria e prática nos papéis que atribuem ao professor e em suas implicações para o

exercício e para a formação docente. O estudo concluiu que essas políticas

fundamentam-se na perspectiva da racionalidade prática, contrariamente ao que

esses documentos se propõem como referência para a formação de professores,

que é a favor de uma racionalidade crítica e emancipatória.

Na pesquisa desenvolvida por Canan (2009), foram investigadas as tensões e

os limites expressos nas DCN para a formação docente, no que se refere ao

específico e ao pedagógico. De acordo com a autora, os organismos multilaterais

têm exercido fortes influências, especialmente no que diz respeito ao traçado das

políticas de educação. Entendendo que o elemento nuclear na formação é a

competência para a empregabilidade, fazendo com que, no plano educativo,

também se vivencie uma postura compatível com o ideário do mercado.

O foco da análise realizada por Carvalho (2010) foram as políticas de

formação de professores da Educação Básica no Brasil, a partir da Lei de Diretrizes

Básicas da Educação Nacional (LDB) e as demais normas orientadoras

determinadas pelo MEC. Sua busca partiu do pressuposto de que a política de

formação docente tem como meta apenas promover certificação em massa e em

curto espaço de tempo. Seus achados revelaram que essa política oferece

possibilidades para a formação cultural, e que essa possibilidade existe porque na

legislação prevalece a liberdade acadêmica das instituições conveniadas.

A análise desenvolvida por Lauande (2010) foca o PROEB (Programa

Especial de Formação de Professores para a Educação Básica), formulado e

implementado no âmbito das atuais políticas educacionais Brasileira. O autor partiu

do pressuposto de que as diretrizes elaboradas nas últimas décadas do século XX

estão articuladas aos organismos internacionais. Para o investigador esses

25

organismos disseminaram no Continente Latino-americano um modelo homogêneo

de formação de professores que tem como principais características ser realizada

em serviço, por meio da modalidade à distância tendo a escola como lócus principal.

Modelo que se sustenta na LDB e no Parecer 09/2001 que trata das DCN para a

formação de Professores da Educação Básica.

Ao analisar o currículo elaborado para um curso de licenciatura, Lauande

evidencia que esse currículo, apesar de possuir diretrizes que apontam para a

superação da dicotomia teoria/prática e estabelecer o trabalho como princípio

educativo, possui uma organização que reforça a visão instrumental do currículo,

não possibilitando, na prática, a efetivação de sua proposta inicial. Os egressos do

curso realçaram as fragilidades do mesmo, entretanto evidenciaram que ele

possibilitou uma melhoria da formação inicial, por meio das disciplinas do tronco

comum do currículo e das disciplinas de formação especial. Os egressos deixaram

transparecer, em suas falas, que o curso proporcionou repercussões positivas na

sua prática pedagógica, na melhoria da sua inserção no mercado de trabalho e na

comunidade local.

Macedo (2011) analisou os desdobramentos das políticas de formação do

professor da Educação Básica, em nível superior, conforme previsto na Lei 9.394/96.

Partindo da hipótese de que tal exigência está atrelada à lógica de reprodução do

capital, possibilitando a exploração desses trabalhadores. Em sua pesquisa, o autor

estabeleceu relações entre as sugestões/imposições dos organismos internacionais

para a formação de professores e a política pública de formação docente, no Brasil,

a partir dos anos 1990. Os resultados evidenciaram que as políticas de formação do

professor da Educação Básica, em nível superior, estão diretamente ligadas aos

interesses do capital, representados pelos organismos internacionais, cujo objetivo

principal é manter o Brasil em sua condição de país de capitalismo periférico

heteronômico. Concluindo que a alternativa viável para a formação do professor em

nível superior é aquela proposta pela ANFOPE (Associação Nacional pela Formação

dos Profissionais da Educação) que, mesmo com todas as suas contradições, tem

como objetivo uma formação para a emancipação humana que contribui para a

construção de outra sociabilidade que não a burguesa.

26

Silva e Bastos (2012) analisaram a formação continuada de professores de

Ciências a luz da LDB da Educação. Esses autores entendem que essa formação é

inadequada e insuficiente para enfrentarem as atuais demandas oriundas da

produção em grande escala de conhecimentos científicos. Acreditam que a análise e

a avaliação das políticas e das ações de formação continuada de professores devem

ocorrer por meio de pesquisas científicas, e que essas, por sua vez, são essenciais

para que não se repliquem conteúdos e modelos de ensino ultrapassados e que se

assim não se proceder estará favorecendo apenas a continuidade da distância entre

o Ensino de Ciências e a realidade social. Concluem que o desenvolvimento

profissional docente deveria ocorrer por meio da formação continuada institucional.

André (2012) empreendeu uma investigação no sentido de identificar a

existência ou não de políticas voltadas aos professores iniciantes no Brasil. A busca

consistiu na realização de 15 estudos de caso em estados e municípios das cinco

regiões brasileiras. Nessa busca, a autora encontrou ações formativas voltadas aos

professores iniciantes em dois estados e em um município. Em dois municípios,

identificou ações de apoio aos professores principiantes, inseridas em uma política

de formação continuada. Identificou, também, três programas de aproximação entre

universidade e escola. Para a pesquisadora esses programas poderão favorecer a

inserção na docência. Entendendo que as ações e iniciativas do Programa

Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência proposto pela Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior/MEC (CAPES/MEC) em âmbito

federal, o Bolsa Alfabetização, pelo Estado de São Paulo, e o Bolsa Estagiário, pelo

município de Jundiaí (SP) são incipientes, mas acredita que são bastante

promissoras na tentativa de amenizar as dificuldades do início da docência.

Masson (2012) analisou o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE)

com a intenção de explicitar a concepção de educação adotada e sua repercussão

no campo da formação de professores. De acordo com o autor, os fundamentos que

subsidiam o PDE não se distanciam de uma abordagem gerencialista,

demonstrando uma aproximação com a concepção liberal de educação, concluindo

que a proposta de formação de professores do PDE é neopragmatista, pois prioriza

a busca de instrumentos úteis para as demandas imediatas da prática profissional e

não contribui para o desenvolvimento de uma sólida e ampla formação.

27

Mesquita, Cardoso e Soares (2013) analisaram a abordagem governamental

no âmbito da formação de professores a partir de 1990, em particular a formação de

professores de Química. O estudo teve como objetivo estabelecer uma relação entre

aspectos legais e as necessidades presentes no contexto educacional brasileiro nas

duas últimas décadas. Para os autores, as reformas da educação básica iniciadas

na década de 1990 foram pautadas no modelo neoliberal de educação e essas

atrelaram as necessidades formativas do professor às demandas da educação

básica. No entendimento desses autores, o efeito, aparentemente positivo da

obrigatoriedade da formação superior para o docente do ensino básico expresso na

Lei 9.394/96, trouxe consigo algumas consequências não tão positivas, tais como: o

não aumento de vagas no ensino superior gratuito; em algumas regiões houve

diminuição de vagas e expansão de forma exponencial nas instituições privadas.

Assim, no final da década de 1990, o governo buscou dar solução para esse

problema, incentivando a REDE a criar cursos de licenciaturas para atender às

demandas de formação de professores. Concluindo que as licenciaturas, em geral,

sofreram um “empobrecimento” no sentido de restringir o contexto formativo aos

aspectos orientadores da educação básica, deixando de lado discussões

importantes como as políticas públicas de formação de professores e questões

éticas relacionadas à atuação docente.

Alguns aspectos das políticas oficiais de formação docente nos permitiram

verificar relações e contradições entre o instituído legalmente e o campo da prática

pedagógica. Quando observamos mais atentamente as orientações dessas políticas

verificamos que elas se mostram atreladas a um propósito de formação no sentido

de atender às demandas de mercado e que representam uma tecnologia e política

de controle e regulação social. De modo geral, essas políticas têm seu foco na

construção de competências e habilidades para a empregabilidade, fazendo com

que, no plano educativo, também se vivencie uma postura compatível com o ideário

do mercado. Orientando-se com a lógica de reprodução do capital, possibilitando

assim, a exploração dos trabalhadores da educação.

28

1.5 Sobre as TICs e a Formação de Professores

A utilização das TICs introduz alterações que atingem todas as instituições e

todos os espaços sociais. O estágio atual do conhecimento se caracteriza por um

saber ampliado e em mutação que modificam as formas de se pensar e de fazer

educação. Para Kenski (2007, 2012) e Teles (2009), as tecnologias contemporâneas

causaram mudanças estruturais nas formas de ensinar e de aprender. Assim,

abriram possibilidades para novas educações escolares.

A educação escolar encontra-se em um momento conflituoso diante de um

duplo desafio que é adaptar-se aos avanços das tecnologias e orientar o caminho de

todos para o domínio e a apropriação crítica desses novos meios (KENSKI, 2007).

Dentre essas tecnologias, destaca-se a Internet, como a mais visível e que mais

influencia continuamente, de forma profunda, o caminho a ser trilhado pela

educação. A Internet é um espaço que se torna cada vez mais importante para o

processo de ensino e aprendizagem em que as TICs possuem um potencial

transformador na maneira como o processo de ensino e aprendizagem pode ocorrer.

De acordo com Ramos e Amaral (2012), as TICs quando pensadas apenas

como recursos a serem utilizados na realização de atividades programadas são

sustentadas na teoria behaviorista. Dessa forma, elas estarão desempenhando um

papel secundário que não oportuniza e nem capitaliza seus verdadeiros potenciais.

Entretanto, se sua utilização for feita com base na teoria construtivista, em que os

estudantes participam ativamente do processo de construção do conhecimento, à

medida que entendem suas experiências, estarão sendo utilizadas de forma a

capitalizar seu verdadeiro potencial.

Assim, tecnologias em educação representam meios, apoios e ferramentas

que podem ser utilizadas no fazer pedagógico, para mediar a aprendizagem. Nesse

sentido, podemos pensar na possibilidade do uso das TICs na formação de

professores.

As discussões sobre a necessidade de formação docente para enfrentar os

desafios do mundo contemporâneo tomam conta dos debates sobre esse tema no

Brasil e no mundo. A formação de professores, os sentidos atribuídos e o uso das

TICs na educação demandam reflexões sobre a natureza do trabalho pedagógico,

29

com base nas mediações técnicas e no desenvolvimento do processo de formação

de professores (GABINI; DINIZ, 2009; RAMOS; AMARAL, 2012).

É nesse sentido que Realli, Tancredi e Mizukami (2008) apontaram que o

desenvolvimento de experiências mútuas, em que professores em estágios

diferentes de conhecimento podem se ajudarem constituindo uma comunidade de

aprendizagem. Entendemos que essa forma de interação entre professores se

encaixa na proposta de inteligência coletiva de Pierre Lévy (2011).

Nessa mesma linha, Belloni (2003) apontou que qualquer transformação na

educação, necessariamente, tem que passar pelo professor. Portanto, para que as

TICs sejam introduzidas na educação, deve-se começar por formar o professor com

o uso delas, de modo intensivo e sistemático. Para esse autor o professor que

aprende com elas estará muito melhor preparado para ensinar com e por meio

delas.

Fonseca (2008a) relatou as carências da infraestrutura na área de

informática, equipamentos e o acesso à internet no estudo a respeito da forma como

professores e estudantes dos cursos de licenciaturas, do Campus II da Universidade

Estadual da Bahia, relacionam-se com as TICs em sua vida acadêmica. Concluindo

que as atividades desses cursos de licenciaturas são desenvolvidas como se as

TICs não fizessem parte do mundo pedagógico e acadêmico. O autor entende que

sem o desejo de transgredir, na vida cotidiana, torna-se mais difícil a implementação

de mudanças necessárias e urgentes na educação de nosso tempo. Ou seja, ousar,

pensar, fazer, experimentar, avaliar em conjunto e usar o máximo possível as

possibilidades e potencialidades das TICs.

Gianotto (2008) analisou o processo de formação de professores em que se

utiliza uma metodologia colaborativa para uso do computador como recurso

pedagógico. Esse processo o permitiu concluir que houve resistências, dificuldades

e conflitos, mas também houve avanços e conquistas significativas.

Kawasaki (2008) investigou os reflexos do uso das TICs pelos professores em

seu fazer pedagógico em um curso de formação continuada. Nessa investigação, a

autora analisou a resistência do professor à incorporação das TICs no processo de

30

ensino e aprendizagem, concluindo que o sujeito que muda é o mesmo que resiste,

ou seja, que a mudança também sinaliza resistência.

Por outro lado, o estudo realizado por Lima (2008) analisou como as TICs

potencializam os saberes colaborativos no processo de ensino e aprendizagem.

Seus achados indicam que os saberes colaborativos são vivenciados e aprimorados

em contexto de utilização das TICs, e que as ferramentas da Web 2.0, ainda que

insuficientemente exploradas, favorecem e induzem às práticas colaborativas.

Sugeriu que haja definição de políticas públicas em gestão e financiamento, acesso

à Internet pelas diversas camadas sociais e formação docente voltada para ações

críticas e autônomas.

A investigação empreendida por Magalhães (2008) discutiu a centralidade

atribuída às TICs nas atuais propostas de formação de professores e da

reconfiguração do trabalho docente. A autora analisou os documentos dos

organismos internacionais e das políticas educacionais nacionais para a formação

de professores. Investigou, também, que sentidos são atribuídos, pelos

coordenadores, professores e alunos às TICs e concluiu que a proposta de

incorporação das TICs como substituição tecnológica tem servido para legitimar e

aprofundar a dualidade nos níveis micro e macro.

Reis (2008), em seu trabalho, avaliou os limites e possibilidades da utilização

de um sistema didático denominado Espaço Virtual de Aprendizagem na formação

de professores e no ensino de Física. O pesquisador concluiu que os licenciandos

apresentam dificuldades para transpor os conhecimentos construídos na graduação

para sua prática pedagógica.

Rocha (2008) analisou a possibilidade da inserção do computador no

processo de ensino e aprendizagem. Sua investigação foi realizada com a utilização

de uma metodologia de intervenção em sala de aula. Para tanto, desenvolveu

atividades que utilizavam o computador de forma integrada ao processo de ensino e

aprendizagem. De acordo com ele, isso permite ao professor ter uma formação

continuada em sua própria atividade da sala de aula. Para o autor, os professores

resistiram à aceitação do computador como uma ferramenta que poderia favorecer a

31

prática pedagógica e conclui que a estratégia de ensino com o uso do computador

depende de um conjunto de ações diretas, principalmente, do componente humano.

A investigação empreendida por Andre (2009) procurou mostrar como a

pesquisa e o mapeamento bibliográfico, apoiados pelas TICs, poderiam ser

utilizados na formação de professores. Investigou a construção de estratégias de

desenvolvimento de habilidades, como: saber acessar informações bibliográficas e

organizá-las com o auxilio das TICs. De acordo com suas observações, o uso

pedagógico desses recursos trouxeram significativa contribuição na mobilização e

registro da prática docente e socialização coletiva de aprendizagens relacionadas à

pesquisa e ao mapeamento informacional bibliográfico. Para esse autor, o trabalho

de pesquisa apoiado por esses recursos trata de um processo complexo de

organização que leva tempo até ser plenamente incorporado. Concluindo que é

indispensável investir em atividades desta natureza no sentido de contribuir para a

formação qualitativa do professor e do pesquisador.

O estudo realizado por Basso (2009) analisou as concepções dos professores

sobre a linguagem digital interativa e seu uso em escolas públicas, identificando as

competências necessárias para a utilização da linguagem digital interativa em

práticas pedagógicas. Constatando que muitos docentes ainda estão dando os

primeiros passos no sentido de manusear os recursos tecnológicos, e que ainda é

grande o número daqueles que não dão conta de produzir seu próprio conteúdo

fazendo uso das ferramentas tecnológicas. Apontou que o acesso às TICs não se

limita apenas a um problema de estrutura educacional, mas também político,

econômico e social. Concluindo que a maioria dos pesquisados, além de apresentar

certa reserva, se considera despreparado para a utilização das TICs.

A investigação realizada por Goulart (2009) analisou as características de

uma proposta curricular para um curso de Licenciatura em Matemática que integre o

uso do computador e os reflexos desse uso no processo de ensino e aprendizagem.

Identificando que os professores da Licenciatura em Matemática fazem diferentes

usos do computador e que esses formadores estão em diferentes estágios no que

se refere ao seu uso.

32

Marco (2009) investigou as implicações didáticas provenientes da vivência de

atividades de ensino e da produção de atividades computacionais de ensino por

futuros professores e as possíveis influências que daí decorrem para sua formação

inicial. A investigação indicou que os protagonistas desenvolveram um processo de

reflexão sobre a atividade de ensino, concebendo-a como geradora da necessidade

e do motivo para ensinar e aprender Matemática. Observou, também, que a inserção

e a utilização de computadores nesse contexto se torna importante por possibilitar o

despertar e desenvolver nos estudantes uma nova visão de acesso à informação

para a construção e a representação de seu conhecimento.

Miquelin (2009) investigou o uso das TICs na Educação Básica, mais

especificamente no Ensino de Física. Ele estabeleceu um panorama geral dessas

tecnologias possíveis de serem utilizadas em sala de aula, aplicou questionários a

professores para obter informações referentes a esse uso em seu fazer pedagógico,

sua formação inicial e continuada e seu relacionamento com elas. Os resultados da

pesquisa apontaram: a crença da qualidade do ensino e uso das TICs pelos

professores; a incompatibilidade da formação destes professores e o uso dessas

tecnologias; a necessidade de refletir e aprofundar sobre o uso das TICs e

implicações dessas ferramentas no Ensino, e ainda, aprofundar no conhecimento

das TICs. De acordo com o pesquisador o uso dessas tecnologias nas escolas não

se refere apenas a assimilar conhecimento tecnológico, trata sim, do compromisso

ético existente numa relação tecno-educacional para a construção de uma didática

condizente com essas tecnologias.

Richit (2010) analisou a apropriação de conhecimentos pedagógico-

tecnológicos mobilizados por professores em uma prática formativa semipresencial.

Concluiu que a apropriação de conhecimentos pedagógico-tecnológicos é

influenciada pelas: pré-concepções dos professores sobre ensino e tecnologia;

experiências prévias com as TICs; conhecimentos didáticos de sua prática e pelas

condições estruturais (como a ausência/presença de tecnologias). De acordo com o

autor, esse conjunto de elementos interfere no modo como os professores pensam e

concretizam o uso desses recursos, ao mesmo tempo em que potencializam ou

restringem as possibilidades de seu uso.

33

Allan (2011) investigou o impacto na pós-formação de um programa de

informática educativa, com o objetivo de identificar as transformações na prática

docente e nas relações que se estabeleceram entre professores-pares em um curso

de formação continuada para o uso das TICs, sob a ótica dos participantes. Os

resultados da pesquisa revelaram que o programa se mostrou eficaz no

desenvolvimento de habilidades pessoais em relação ao uso das TICs, alavancando

a carreira de muitos participantes e sinalizando a necessidade de aprimoramento e

desenvolvimento das competências requeridas pelos professores quanto ao uso

desses recursos nas práticas pedagógicas em sala de aula, e mais, a necessidade

de criação de espaços de diálogo, articulados institucionalmente entre os pares de

professores. Seus resultados apontaram também para a necessidade de

investimentos em infraestrutura de suportes tecnológicos com finalidade pedagógica.

Para o investigador todas as variáveis analisadas indicam que qualquer projeto de

formação de professores requer apoio estratégico da instituição de ensino, uma

política pública de desenvolvimento educacional de médio e longo prazo e

infraestrutura adequada para que o programa possa ter sustentabilidade.

Alvarenga (2011) investigou as crenças de autoeficácia de professores para

integrarem as TICs ao processo de ensino e aprendizagem. Segundo o investigador,

o estudo permitiu identificar uma relação significativa entre os escores dos fatores da

EITIE5 e as variáveis: gênero; rede de ensino que leciona; situação trabalhista;

tempo de formado; experiência docente; área de formação; realização de Pós-

Graduação; acesso ao computador na residência há mais de três anos; participação

em cursos para o uso didático de tecnologias; habilidade para usar o computador;

sentimento de preparação para usar as TICs no processo de ensino e

aprendizagem; motivação; apoio do corpo administrativo para usar tecnologias e

percepção de que as tecnologias favorecem o processo de ensino e aprendizagem.

Jesus (2011) analisou as relações de aproximação e distanciamento entre

trabalho docente e tecnologias. Os dados da pesquisa destacaram que apenas a

minoria teve acesso à formação na área das Tecnologias Educacionais e as

opiniões dos cursistas em relação à utilização da mídia no trabalho docente dividem-

se em opiniões positivas e negativas. As positivas caracterizaram-se pela

5 Escala Sobre Integração das Tecnologias de Informática na Educação.

34

impessoalidade, pela perspectiva de futuro e pela possibilidade de vir a acontecer, já

as negativas consistiram em comentários difusos nos quais explicitam os impeditivos

para a articulação do trabalho docente com as tecnologias, entre eles, destacam o

sentimento de impotência, insegurança e intimidação. Jesus considerou que os

dados analisados confirmaram que não somente a falta de conhecimento é geradora

de resistência e culpabilização do professor, mas que vários outros fatores

concorrem para tanto: o fato de políticas definirem-se externamente sem a

participação da escola e do professor; a ineficiência e inexistência de conhecimento

a respeito da natureza complexa das tecnologias em suas múltiplas dimensões;

entre outros.

Em sua investigação, Peixoto (2011) apresentou uma proposta de formação

continuada para os egressos da licenciatura em Matemática em uma instituição

Fluminense, visando à integração das TICs à prática docente. Os dados da

investigação apontaram que o processo de letramento digital é pré-condição para se

integrar esses recursos ao fazer pedagógico e possibilitaram identificar dimensões

do capital social nas atividades presenciais e nos conteúdos postados na rede e que

essas dimensões contribuíram para aumentar a confiança no uso pedagógico das

TICs, bem como, promover o desenvolvimento pessoal, social e cognitivo dos

professores e influenciar sua prática docente.

Viseu e Ponte (2012) investigaram as potencialidades das TICs para

supervisionar a prática pedagógica de estagiários, futuros professores de

Matemática. Nessa investigação, tinha como objetivo identificar: o desenvolvimento

de aspetos centrais do conhecimento didático da Matemática de três estagiários

colocados em escolas diferentes; sua capacidade reflexiva e a influência das TICs

nesse desenvolvimento. De acordo com esses investigadores, as TICs permitiram o

compartilhamento e a discussão de situações da sala de aula.

Sant’Ana, Amaral e Borba (2012) buscaram identificar “se e como” os

recursos das TICs foram incorporados à prática pedagógica do professor, após

alguns anos da realização de cursos online de formação continuada de professores

da educação básica. De acordo com os autores, os cursos tinham como objetivo

familiarizar os professores de Matemática com os recursos da TICs, para sua

utilização no processo de ensino e aprendizagem em sala de aula. Identificaram

35

diferentes escolhas dos professores, tais como: não-uso; uso de forma semelhante

(ou não) à vivenciada no curso online e o uso interdisciplinar. Perceberam que os

professores “retraduziram” o curso para sua prática de variadas formas.

1.6 Sobre a Formação de Professores e a EAD

Para Kipnis (2009) a EAD é uma modalidade alternativa de se oferecer

educação escolar; reconhecida formalmente pelo marco legal brasileiro, sendo

explicitamente tratada na lei 9394/96, e facilitada com a evolução das TICs bem

como sua introdução no seio da educação, mesmo que ainda de forma incipiente.

Uma das argumentações apresentada em favor da EAD é que os cursos de

licenciatura à distância poderiam suprir a escassez de professores da educação

básica.

Cunha (2006) e Alves (2009) entendem que um dos maiores méritos da EAD

está em poder atender cidadãos que estão fora das regiões favorecidas, ou seja,

distantes das sedes universitárias, que de outra forma estariam excluídos. Portanto,

esse argumento é o mais forte e convincente a seu favor, por favorecer a

democratização da educação.

A EAD favorece a democratização da educação, pois permite que pessoas,

até então excluídas do modelo convencional, possam ser incluídas e ter seus

direitos de acesso à educação e à informação. Arieira et. al (2009) acreditam que a

EAD não veio para substituir a educação presencial, mas complementá-la no sentido

de possibilitar a individualização da aprendizagem do sujeito, de acordo com seu

perfil, preferências, habilidades cognitivas e tempo disponível. Nesse aspecto a EAD

pode ser pensada como mais um meio a ser utilizado no processo de formação de

professores.

Azevedo (2011) entende que a formação de professores na modalidade EAD

hoje se apresenta como uma modalidade repleta de potencialidades e de desafios.

No entanto, necessita de um projeto pedagógico, e mais, atender as peculiaridades

existentes e ampliar a reflexão sobre o processo de formação de professores,

considerando como estes constroem seus próprios conhecimentos profissionais.

36

Cunha (2006) e Cruz (2009) entendem que a limitação da expansão da EAD

está nas dificuldades de inserção das TICs na educação. Essas dificuldades estão

no alto nível de exclusão social e digital da sociedade brasileira e a carência de

didáticas adequadas a elas, bem como de sua apropriação pelo sistema de ensino.

Não se pode conceber uma EAD de qualidade enquanto o ensino presencial não for

de qualidade e se apropriar dos recursos das TICs.

Para Valente (2009) a modalidade EAD oferece grandes possibilidades

educacionais desde que se entendam suas especificidades. Ele entende que a

oferta atual deixa muito a desejar, sendo assim fundamental e necessário

reconhecer essas deficiências para que possa avançar e atingir estágios superiores

de qualidade. Nesse mesmo sentido, Loyolla (2009) acredita que a qualidade no

ensino na modalidade EAD deve ser a meta em busca contínua e incessante e que

o suporte ao aluno é um, dentre outros elementos fundamentais para se obter a

qualidade. Assim, devemos considerar todos os aspectos de suporte que sejam

compatíveis e pertinentes ao tipo, ao estilo e à proposta pedagógica do curso, no

sentido de promover o processo de aprendizagem em sua mais ampla concepção.

Guioti (2007) investigou as tendências atuais da EAD no ensino superior

brasileiro e utilizou como contraponto o contexto espanhol. O estudo teve como foco

principal a formação do professor-tutor para atuar na EAD. O investigador concluiu

que o papel do professor na EAD é diferente e apresenta características próprias

que devem ser consideradas na formação dos formadores. Concluiu, também, que

existem muitas similaridades entre o contexto brasileiro e o espanhol.

Carvalho (2009) investigou a educação à distância como instrumento de

mudança de paradigma na formação docente por meio do Programa Pró-

Licenciatura. Analisou essa formação dentro dos referenciais paradigmáticos do

processo de construção, implementação e avaliação do programa de formação de

professores Pró-licenciatura. Carvalho questiona se uma vez garantindo a

acessibilidade aos professores, mudando completamente os paradigmas de sua

formação, se conseguiremos transformar sua atuação no ambiente escolar?

Estaremos construindo uma nova forma não apenas de atuação do professor, mas

sim, de gestão escolar? A opção por uma metodologia a distância garante as

transformações nos processos individuais? Concluindo que o modelo de EAD

37

implementado atualmente apresenta convergência com a proposta fordista no

processo de educação de massas, apesar da roupagem tecnológica com a qual foi

revestida.

O foco do trabalho de Rangel (2009) teve como tema a mediação pedagógica

na formação continuada de professores em educação à distância. Seu objetivo foi

estudar o processo de arritmia entre a mediação, a aprendizagem e os letramentos,

apontado pelo sintoma da falta de tempo. Entendendo que a mediação online,

aprendizagem e letramentos se constituem, de fato, como um único e complexo

processo, e que, por não ser considerado globalmente enquanto relações sistêmicas

entre seus componentes podem introduzir elementos de arritmia e levar à

desistência/exclusão. Para Rangel a arritmia entre mediação, aprendizagem e

letramentos surge como uma categoria de análise importante para se aferir a

qualidade das práticas sociais da EAD.

A investigação empreendida por Osório (2010) focou nos discursos da UAB

sob dois aspectos: o do discurso oficial e de um Curso de Licenciatura à Distância.

Segundo ele os discursos oficiais se apresentam com a intenção de transformar e

modernizar a formação docente por meio da modalidade EAD, e também no sentido

de transformar a formação de professores, o próprio professor e o que significa ser

professor. Produzindo assim um sistema de racionalidades que cria, dirige, anima e

orienta os rumos da formação docente pela modalidade à distância, enquanto no

curso de licenciatura à distância, a prática pedagógica de subjetivação defende que

os discursos, voltados para a EAD, condicionam e criam fronteiras para o governo

das condutas dos professores, porque interferem no modo como os licenciandos

atuam sobre si mesmos para produzirem suas subjetividades.

O pesquisador entende que a UAB passa a guiar a formação do professor por

um caminho único, estreito e excluindo outras opções e condições possíveis que as

formas de subjetivação as quais são organizadas nos cursos de licenciaturas na

modalidade EAD trabalham com sujeitos ativos, autônomos e racionais, capazes de

se autorresponsabilizarem, individualmente, pelo processo de sua formação no

curso e na vida. O que detectou o investigador foi a constituição de professores

solitários, submissos e desconfiados consigo mesmos e com suas formações,

práticas pedagógicas aligeiradas e focadas, principalmente, na obtenção de

38

resultados quantitativos e a maximização da importância das ferramentas

tecnológicas em detrimento de outras condições – políticas, pedagógicas,

curriculares, de gestão e das relações entre os diferentes sujeitos.

Silva (2010) analisou a constituição docente à distância, quando os saberes

relativos à prática e os saberes relativos à formação superior se encontram.

Detectou que a experiência dessa constituição se dá ao longo da vida a partir de

diferentes experiências vivenciadas como discente e em sua relação com docentes

estabelecida antes mesmo da formação superior. Segundo a pesquisadora, os

sujeitos buscam presentificar ausências criando grupos de estudos e formas de

interação e que na modalidade EAD é possível de aprender a ser professor

articulando os diferentes saberes e práticas vivenciadas. Entendendo que a

modalidade EAD possibilita maior incorporação das TICs, abrindo espaços para uma

possível (re)organização do pensamento. Sinalizando que há a necessidade de que

as instituições incentivem e viabilizem, nos cursos ofertados à distância, a criação de

grupos de estudo, vivências extensionistas e a participação dos alunos em projetos

de iniciação científica, enfim, que esses alunos gozem das mesmas prerrogativas

dos alunos dos cursos presenciais dentro das instituições.

Motta (2011) analisou, em uma unidade curricular da modalidade EAD, a

ponderação das variáveis: diálogo; estrutura; inserção de mídias e uso das TICs no

desenvolvimento da autonomia do aprendiz. O investigador parte do pressuposto

que mudanças na ação docente se fazem necessárias, quando da participação em

cursos de EAD e que a utilização das TICs exige modificação nas formas

conhecidas de educação e, portanto, requer novas competências do professor; e

cabe ao professor modificar sua metodologia de trabalho. Ou seja, que não cabe

simplesmente transferir as estratégias utilizadas no ensino presencial para o virtual.

Entendendo que não há garantias de que a cooperação e a interação podem

desencadear uma reflexão crítica no trabalho docente. Entretanto, o estabelecimento

de competências técnicas e comportamentais aliadas a uma base interacionista de

concepção educacional estabelece um diferencial na modalidade EAD, sendo as

relações professor-aluno, aluno-aluno, aluno-máquina, entre outras destacadas com

profundas mudanças se comparadas ao ensino presencial.

39

Nascimento (2011) analisou as políticas públicas da modalidade EAD,

especificamente para as licenciaturas, a partir da ação ideológica do Estado, do

capital e das TICs. Tecendo uma conexão entre o cenário da EAD e o projeto

dominante de educação e apontando seu alinhamento com as novas demandas

culturais, impostas pelo neoliberalismo, destacando a função alienadora da ideologia

do progresso técnico. Como contraponto, abordou as finalidades de uma educação

emancipadora a qual capacita a classe trabalhadora para a vida. Analisou o

fetichismo tecnológico, a ideologia e sociabilidade capitalista mediada pelas TICs e

argumentou que a relação orgânica do Estado com o capital impõe aos sujeitos

sociais noções e valores de uso das tecnologias que contribuem para a reprodução

ampliada do capital. Destacando a reforma do Estado brasileiro, os documentos do

Banco Mundial sobre educação e a reforma universitária, como elementos usados

para abrir caminho rumo à consolidação do projeto neoliberal de ensino superior, no

qual a EAD é situada como uma panaceia. Comprovou o crescimento massivo e

mercantilista da EAD, ao abordar sua evolução histórica até a LDB 9.394/96.

Abordando os programas de EAD implementados pelo Estado para formar

professores para a Educação Básica. Para o pesquisador a UAB é uma proposta de

educação nociva para a classe trabalhadora que luta por uma formação em nível

superior. O investigador entende que a EAD se consolidou por meio do fetichismo

tecnológico que anula o caráter de classe das TICs e as apresenta apenas como

ciência aplicada. A partir dessa comprovação, entende que o cenário atual da EAD é

uma construção do Estado e do capital para aprofundar a ofensiva capitalista no

âmbito educacional, por meio da precarização do trabalho docente virtual sob o

manto da democratização, massificação e mercantilização do ensino superior. Para

Nascimento, suas reflexões alertam e qualificam os educadores para o

enfrentamento dos processos de internalização da ideologia dominante e para a luta

por uma proposta de educação ominilateral, para além do capital.

Rodrigues (2011) analisou a licenciatura em Matemática na modalidade EAD

oferecida por um consórcio formado por seis universidades públicas do Estado do

Rio de Janeiro. O estudo se sustentou no ponto de vista dos egressos, da equipe

que promove o curso e de suas observações de campo, e tem seu foco na

organização institucional e o contexto dessa formação. Sua reflexão foi sobre a

formação de professores, o uso das TICs e a modalidade de EAD. Dos dados, o

40

pesquisador extraiu e analisou as categorias: características dos egressos do curso;

existência de aulas presenciais; estudo em grupo; tutorias; estágios

supervisionados; pioneirismo; preconceitos e descrença no curso; o uso das TICs e

a qualidade do curso e dos egressos. A pesquisa apontou que a formação dada pela

EAD é uma possibilidade para quem vive fora da capital, ressalvando que esse tipo

de formação apresenta pontos frágeis que devem ser revistos no sentido de

melhorar a qualidade da formação dos egressos do curso.

O trabalho realizado por Vieira (2011) investigou a capacidade, ou

adaptabilidade dos professores da educação básica para participarem e

aproveitarem adequadamente de cursos de formação continuada na modalidade

EAD tendo como suporte as TICs. Para o investigador, há um problema de usuários

alfabetizados digitalmente quando se trata da apropriação das TICs, mesmo quando

este usuário está adaptado a ela, conserva sotaque da não alfabetização digital,

portanto não consegue ter o mesmo domínio e fluência de usuários plenamente

alfabetizados digitalmente. O pesquisador acredita que os baixos salários têm criado

dificuldades de acesso aos computadores e à internet, e que esse é um dos

empecilhos à apropriação das TICs. Concluindo que há uma grande diferença entre

as decisões de gabinete e a realidade concreta na qual os professores se

encontram, e que além dos baixos salários, identificou outros fatores limitantes que

são: a falta de tempo e de estrutura material para a participação em cursos na

modalidade EAD. Com base nos dados de sua pesquisa, Vieira concluiu que o

professorado brasileiro não tem computador e não possui acesso à internet.

A evolução das TICs favorece a possibilidade da oferta de EAD que é

considerada por muitos como uma alternativa à oferta de educação escolar. Um de

seus maiores méritos reside em atender cidadãos que estão distantes das sedes

das IES, que de outra forma não poderiam cursar a graduação. Assim a EAD

funciona como um agente que favorece a democratização da educação, pois

possibilita que pessoas até então excluídas do modelo convencional possam ser

incluídas e ter o seu direito de acesso à educação.

Para nós, as modalidades de educação presencial e a distância não são

dicotômicas e sim complementares. Acreditamos que a EAD não veio para substituir

o modelo convencional de educação, mas complementá-la no sentido de possibilitar

41

a individualização da aprendizagem do sujeito, de acordo com seu perfil,

preferências, habilidades cognitivas e tempo disponível. Portanto, a formação de

professores na modalidade EAD se apresenta como uma modalidade repleta de

potencialidades e de desafios. Entretanto, necessita de projeto pedagógico, novas

metodologias e novas didáticas para além da formação presencial.

A utilização das TICs no ensino exige modificações nas didáticas

desenvolvidas na educação escolar, requerendo, assim, do professor novas

competências para ensinar, como proposto por Perrenoud (2000). Não cabendo

simplesmente a transferência das estratégias utilizadas no ensino presencial para o

virtual.

A inserção e a apropriação das TICs na e pela educação presencial

potencializam a expansão da EAD, pois esta modalidade de educação oferece

grandes possibilidades desde que se entendam suas especificidades. Assim a

qualidade do ensino na EAD deve ser a meta a ser alcançada.

Uma das dificuldades de inserção das TICs na educação escolar reside no

problema de usuários alfabetizados digitalmente quando se trata de sua

apropriação. Assim, mesmo quando este usuário está adaptado a ela, conserva

sotaque da não alfabetização digital, portanto não consegue se apropriar, dominar e

ter a mesma fluência de usuários plenamente alfabetizados digitalmente.

As políticas públicas para a EAD, especificamente para as licenciaturas, a

partir da ação ideológica do Estado, do capital e das TICs visam a formação e a

certificação de professores em massa. O modelo atual de EAD apresenta

convergência com a proposta fordista no processo de educação de massas, mesmo

assim, acreditamos que se possa tirar proveito dessa forma de se fazer educação

em benefício do cidadão brasileiro.

1.7 Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) e Objetos de Aprendizagem

(OA)

As demandas atuais da educação exigem que o professor seja capaz de

relacionar e interagir com as TICs. Portanto, os AVA e os OA se mostram recursos

42

que podem favorecer na formação inicial e continuada do professor e também em

seu fazer pedagógico quando em atividade profissional.

Na formação de professores que trabalham e irão trabalhar com uma geração

que nasce e vive mergulhada no mundo das novas tecnologias, faz-se necessário

que recursos das TICs sejam avaliados e introduzidos em sua formação inicial e

continuada.

Os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA), que de acordo com Araújo jr.

e Marquesi (2009), são espaços criados na Web que simulam os ambientes

presenciais de aprendizagem. Em que esses ambientes possuem uma interface

gráfico-interativa, possibilitando a interação e a produção de conhecimento entre

sujeitos, além de permitir uma comunicação múltipla mediada pelas TICs. A

mediação acontece através do hipertexto, ou seja, via Chat, fóruns de discussão,

correio eletrônico dentre outras várias possibilidades que estão disponíveis hoje e as

novas que surgirão.

Outra possibilidade no contexto da formação de professores é o uso dos

Objetos de Aprendizagem (OA), que de acordo com Nascimento (2009), são

recursos digitais que podem ser utilizados e reutilizados em diferentes formas e

ambientes virtuais para dar suporte à aprendizagem, atendendo a uma determinada

característica de ensino, visibilidade e interação com o aprendiz. Para Nascimento,

OA são recursos educacionais em diversos formatos e linguagens, que tenha

aplicação na educação e que possa ser incluído em um repositório educacional e

nele podem-se encontrar materiais como software, multimídia, textos, livros

eletrônicos, testes, ementas de cursos, cursos, simulações, planos de aula,

apresentações, arquivos de áudio, vídeo dentre outros.

1.8 Breve Histórico da REDE

A REDE teve suas origens no início do século XX, quando em 1909, o

governo federal, por meio do Decreto nº 7.566, criou, em cada uma das dezenove

capitais dos estados, as Escolas de Aprendizes Artífices. Essas escolas tinham

como finalidade ministrar o Ensino Profissional em Nível Primário. Em 1937, essas

escolas foram transformadas em Liceus Profissionais, com seus objetivos

43

ampliados, ou seja, desenvolver o Ensino Profissional em todos os ramos e graus. O

Decreto nº 4.127, de 1942, transformou os Liceus Profissionais em escolas

industriais e técnicas, passando a oferecer a formação profissional em nível

equivalente ao secundário, estabelecendo, assim, as bases de organização da rede

federal de estabelecimentos de Ensino Industrial.

O Decreto nº 5.224, de 2004, definiu os CEFET como IES pluricurriculares,

especializadas na oferta de educação tecnológica nos diferentes níveis e

modalidades de ensino, caracterizando-se pela atuação prioritária na área

tecnológica. A atuação dos CEFET foi alterada pelo Decreto Nº 5.773, de 2006,

incluindo, em seus objetivos, a oferta de cursos de Licenciatura, bem como

programas especiais de formação pedagógica nas áreas científica e tecnológica.

O Decreto Nº 6.095, de 2007, estabeleceu diretrizes para o processo de

integração de instituições federais de Educação Tecnológica. Essa integração

constituiu, então, os IF, como instituições de Educação Superior, Básica e

Profissional, pluricurricular e multicampus, especializadas na oferta de Educação

Profissional e Tecnológica dos objetivos atribuídos aos IF foi ministrar, em nível de

Educação Superior, cursos de Licenciatura, bem como programas especiais de

formação pedagógica, com vistas à formação de docentes para a Educação Básica,

sobretudo nas áreas de Ciências e Matemática, de acordo com as demandas de

âmbito local e regional.

A Lei nº 11.892, de 2008, instituiu a REDE, criando os IF. Essa rede federal

passou a ser constituída pelos IF, pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná

(UTFPR), pelos Centros Federais de Educação Tecnológica Celso Suckow da

Fonseca (CEFET-RJ) e de Minas Gerais (CEFET-MG) e pelas escolas técnicas

vinculadas às universidades federais.

Assim, a experiência e a capilaridade da REDE, em nível nacional, aliada à

possibilidade de utilização da EAD apresentam-se como oportunidade ímpar e de

extrema relevância na formação continuada e na capacitação de professores,

focando a formação inicial de docentes, preferencialmente por meio de ensino

presencial, subsidiariamente fazendo uso de recursos da EAD para a capacitação

continuada.

44

CAPÍTULO 2 – METODOLOGIA DA PESQUISA

Esta pesquisa caracteriza-se como um estudo de caso, na medida em que

procuramos avaliar o panorama das licenciaturas de Ciências e Matemática no

Brasil, fragilidades e ofertas analisando o número de vagas ofertadas, de

ingressantes e de concluintes, disponibilizados nos censos de 2007 a 2011, estudar

as atuais relações dos Professores de Ciências e Matemática de uma das unidades

da REDE, com as TICs, realizar um levantamento relativo ao gasto anual do

Governo com as vagas não ocupadas nessas licenciaturas em instituições públicas

no ano de 2011 e analisar a inserção da REDE no processo nacional de formação

de professores de Ciências e Matemática.

O estudo de caso é uma investigação empírica, em profundidade, de um

fenômeno contemporâneo em seu contexto de vida real, especialmente, quando os

limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente evidentes. Enfrentando

uma situação tecnicamente diferenciada em que existirão muito mais variáveis de

interesse do que pontos de dados e, como resultado conta com múltiplas fontes de

evidências e com os dados precisando convergir de maneira triangular. E como

outro resultado, beneficiar-se do desenvolvimento anterior das proposições teóricas

para orientar a coleta e a análise de dados (YIN, 2010).

Enquanto estudo de caso, esta pesquisa segue uma abordagem quanti-

qualitativa, efetuada de forma direta e indireta no universo pesquisado, nos anos de

2011 e 2012, intervalo de tempo em que foram feitos os estudos bibliográficos, os

levantamentos, aplicado os instrumentos de pesquisa nos sujeitos investigados e os

documentos analisados.

A pesquisa é qualitativa, pois na obtenção dos dados houve interação do

pesquisador com os sujeitos por meio dos instrumentos de pesquisa e da

observação. É também uma pesquisa bibliográfica, uma vez que, consistiu-se em

uma revisão da literatura disponível sobre o tema, isto é, um estudo sistematizado

com base em material publicado em livros, artigos, revistas e documentos oficiais

disponíveis nos sites das instituições, na busca da fundamentação teórica do

trabalho (DESLANDES, 2009).

45

De acordo com Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (1998) e Yin (2010),

anteriormente a coleta de dados, devemos realizar uma imersão no contexto a ser

estudado, com o objetivo de identificar questões básicas e definir procedimentos

adequados para investigá-las.

A pesquisa é exploratória-descritiva, que segundo Marconi e Lakatos (2008),

tem por objetivo descrever determinado fenômeno para o qual são realizadas

análises empíricas e teóricas. Buscar nos sujeitos da pesquisa, no ambiente em que

atuam manifestações e observações livres a respeito do tema em questão.

Seguindo essas orientações, buscamos, na literatura pertinente, informações

que se apresentaram relevantes para o estudo do tema. Sustentamo-nos nas

reflexões originadas dessas leituras e construímos um planejamento no sentido de

proceder a um levantamento investigativo. Iniciamos pelo caminho da construção da

fundamentação teórica do objeto de estudo. Na segunda etapa, descrevemos o

procedimento para coleta de dados dos Censos de 2007 a 2011 relativos aos cursos

de Licenciatura em Ciências e Matemática, em que mostramos o número de vagas

ofertadas, ingressantes, concluintes e suas relações. Na terceira etapa, narramos o

caminho percorrido para se obter as informações sobre a distribuição das unidades

da REDE e das IES, bem como, dos dados relativos ao histórico da inserção da

REDE no processo nacional de formação docente. Por fim, expomos a maneira

como buscamos identificar as atuais relações e interações de professores de

Ciências e Matemática de uma das unidades da REDE, com as TICs.

2.1 Pesquisas em Formação de Professores no Brasil

Para identificarmos as pesquisas sobre a formação de professores no período

de 2007 a 2013, no Brasil, recorremos ao banco de teses da CAPES6. O

procedimento de busca nesse banco percorreu o seguinte caminho: assunto,

Formação de professores; nível, Doutorado e ano base para a pesquisa.

Após identificarmos os trabalhos que faziam interface com nossa pesquisa,

iniciamos o procedimento de suas análises. Seguimos as três fases propostas por

6 http://www.capes.gov.br

46

Bardin (2010): a pré-análise; a exploração do material; o tratamento dos resultados;

a inferência e a interpretação.

Na pré-análise, procedemos com a leitura do título, do resumo e das palavras-

chave de cada um dos trabalhos, no sentido de obter as informações gerais e as

mais específicas, tais como: foco temático; problema; objetivos do estudo;

resultados obtidos e contribuições teóricas e práticas ao campo da pesquisa. O

critério para selecionar os trabalhos foi o de que os mesmos estivessem de alguma

forma, relacionados com a nossa investigação. De posse dessas informações,

realizamos a exploração do material com a leitura completa desses trabalhos. Por

último, tratamos os resultados, realizamos inferências e interpretações desses textos

selecionados.

2.2 A Licenciatura no Cenário da Educação Superior Brasileira

Para obtermos informações sobre os cursos de licenciatura em Ciências e

Matemática, realizamos buscas no site do INEP7 para obtenção dos dados sobre os

números das seguintes categorias: vagas ofertadas; ingressantes e concluintes, nas

modalidades presencial e EAD, nos censos do período de 2007 a 2011. Utilizamos

esses dados e efetivamos as análises nas categorias e construímos relações entre

elas. Depois da tabulação e das análises, construímos quadros e gráficos para

sintetizar essas informações.

2.3 A REDE e Sua Evolução Histórica

Para construirmos um breve histórico da REDE buscamos informações na

legislação específica de sua fundação e evolução histórica. Por meio dos dados

disponíveis no Ministério da Educação, levantamos o total de unidades das

Universidades Públicas e da REDE, visando a avaliar a capilaridade da rede no

processo de formação de professores, considerando as atuais regiões do país onde

estão localizadas as IES responsáveis pelos cursos de licenciaturas na área de

Ciências e Matemática.

7 http://portal.inep.gov.br/superior-censosuperior-sinopse

47

2.4 Relações e Interações dos Professores de Ciências e Matemática, de

uma das Unidades da REDE, com as TICs

Sessenta (60) professores de Ciências e Matemática, de uma das unidades

da REDE situada no estado de Minas Gerais, foram investigados sobre suas

relações e interações com as TICs com o objetivo de identificarmos a possibilidade

de atuarem como formadores de professores na modalidade EAD. O levantamento

dos dados ocorreu com a aplicação de um questionário (APENDICE A) no período

de outubro a novembro de 2011, e observações realizadas pelo pesquisador no

contexto do estudo ao longo do ano de 2011.

Foram entregues questionários aos 60 professores que lecionam Ciências e

Matemática no Ensino Médio. Dos 60 questionários, 57 foram respondidos e

devolvidos ao pesquisador. Dos professores colaboradores com a pesquisa que

responderam aos questionários, 9 são da área de Biologia, 17 de Física, 19 de

Matemática e 12 de Química. No texto, os professores de Biologia foram

denominados por PB1, PB2, ... PB9; os de Física PF1, PF2, ... PF17; os de

Matemática PM1, PM2, ..., PM19 e os de Química por PQ1, PQ2, ... PQ12, a fim de

resguardar suas identidades.

Nesse levantamento investigativo, os eixos orientadores que selecionamos

foram a caracterização do sujeito e sua relação e interação com as TICs, mais

especificamente, com a informática, com a internet, com os AVA e com os OA. Para

realizar a coleta de dados desse levantamento investigativo, fizemos contato com a

direção da instituição, solicitando autorização para que a investigação com

professores de seu quadro de docentes pudesse ser realizada. Obtida a autorização,

fizemos contato com a Coordenação de Ciências (Biologia e Física), com a

Coordenação de Matemática e com o Departamento de Química. Solicitamos, aos

responsáveis de cada setor, a lista de professores com os respectivos quadros de

horários das aulas de cada professor para, assim, contatá-los.

Para a coleta dos dados adotamos como instrumento um questionário

destinado a captar as percepções do professor de Ciências e Matemática em

relação às suas relações e interações com as TICs.

48

Conforme orientação de Marconi e Lakatos (2008) e Severino (2007), esse

questionário foi pré-testado, para sua validação, com quatro (4) professores não

pertencentes ao universo dos que seriam investigados. Com o retorno desse

primeiro pré-teste foi possível identificar que alguns itens geraram dúvidas, os quais

foram reelaborados e receberam nova redação. Assim, o questionário foi aplicado a

outro grupo de quatro (4) professores, também não pertencentes ao grupo de

professores que seriam investigados. Nesse segundo pré-teste, o questionário não

apresentou itens significativos geradores de dúvida aos respondentes.

Com a finalidade de avaliar o tempo médio necessário para se responder ao

questionário, solicitamos aos colaboradores, no processo de validação que

cronometrassem o tempo gasto para respondê-lo. De posse desses dados,

calculamos o tempo médio necessário para responder ao mesmo, seria de

aproximadamente quarenta (40) minutos. Ao entregar o questionário aos sujeitos da

pesquisa, esse tempo médio era informado com a intenção de permitir um

planejamento por parte dos pesquisados para que eles pudessem respondê-lo sem

interrupção.

O instrumento de coleta de dados foi elaborado em formulário impresso com

perguntas dissertativas, dicotômicas, de múltipla escolha e mistas. Neste trabalho,

denominamos como pergunta mista aquela na qual se utiliza mais de um tipo de

resposta.

Seguindo orientações de Marconi e Lakatos (2008) e Yin (2010) anexamos,

ao instrumento de pesquisa, uma carta (Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido) (APÊNDICE 2) explicando a natureza da pesquisa, seus objetivos, sua

importância e a necessidade de se obter respostas, uma autorização para a

utilização dos dados fornecidos no questionário para os fins da pesquisa, além de

oferecer garantia, ao respondente, de sua privacidade por meio do anonimato

durante qualquer apresentação de resultados da mesma.

No questionário, as quarenta (40) perguntas foram distribuídas em seis

categorias: caracterização do sujeito (seis perguntas); relação e interação com a

informática (nove perguntas); com a internet (nove perguntas); com os AVA (seis

perguntas); com os OA (seis perguntas); com as TICs (três perguntas). Destinou-se

49

para uma pergunta espaço necessário para que o sujeito investigado pudesse se

manifestar sobre algum assunto do qual as perguntas anteriores não teriam lhe dado

à oportunidade de fazê-lo.

Nas seis perguntas relativas à caracterização do sujeito, procuramos

qualificar: sexo; faixa etária; formação; regime de trabalho; tempo que leciona e

tempo que leciona na instituição pesquisada.

Com a finalidade de identificarmos as relações e interações do professor com

a informática, as nove perguntas apresentadas foram relativas ao tema. Essas

perguntas tiveram como objetivo coletar informações tais como: se o professor

possuía computador; notebook e/ou netbook; conhecimento (experiência) e cursos

na área de informática; além de captar suas opiniões sobre as vantagens e/ou

desvantagens do uso destes recursos no processo de ensino e aprendizagem.

Com o objetivo de identificarmos as relações e interações do professor com a

internet, as nove perguntas apresentadas relativas ao tema objetivaram obter

informações sobre: a ter conhecimento (experiência); a participação em cursos; se

tem acesso e ao número de vezes que acessam a internet por semana. Também se

procurou identificar as opiniões dos sujeitos sobre as vantagens e/ou desvantagens

do uso de recursos da internet no processo de ensino e aprendizagem.

As seis perguntas referentes às relações e interações do professor com os

AVA tiveram como objetivo coletar informações relativas: a ter conhecimento

(experiência); à participação em cursos e ao uso de recursos dos AVA como apoio

ao processo de ensino e aprendizagem, além de captar suas opiniões sobre

vantagens e/ou desvantagens do uso de recursos dos AVA no processo de ensino e

aprendizagem.

As seis perguntas referentes às relações e interações do professor com os

OA tiveram como objetivo captar informações relativas: a ter conhecimento

(experiência); a participação em cursos e ao uso de recursos dos OA como apoio ao

processo de ensino e aprendizagem. Também procurou captar suas opiniões sobre

vantagens e/ou desvantagens do uso de recursos dos OA no processo de ensino e

aprendizagem.

50

Das três perguntas relativas às relações e interações do professor com as

TICs: a primeira procurou identificar se o professor em sua formação profissional

recebeu orientação (treinamento) sobre o uso de recursos das TICs no processo de

ensino e aprendizagem; a segunda procurou identificar se o professor recebe ou já

recebeu incentivo para fazer uso dos recursos das TICs no mesmo processo; a

terceira procurou identificar se o professor se sente à vontade para utilizar, avaliar

criticamente e criar novas possibilidades pedagógicas, partindo da integração dos

recursos das TICs ao processo de ensino e aprendizagem.

A última pergunta do questionário consistiu em um espaço para que o

professor se manifestasse sobre o uso de recursos das TICs no processo de ensino

e aprendizagem, que as perguntas anteriores não lhe deram à oportunidade de fazê-

lo.

Antes de distribuirmos os questionários, fizemos contato pessoal com cada

sujeito da pesquisa com a finalidade de explicar e expor as ideias da pesquisa e

convidá-lo a participar da investigação. Todos os sessenta (60) professores, que

fariam parte da pesquisa, se mostraram solidários e em princípio com a intenção de

colaborar.

Com o recebimento de cinquenta e sete (57) questionários respondidos dos

sessenta (60) distribuídos procedemos a tabulação dos dados contidos nos

mesmos. Assim, possibilitou-nos construir um quadro das relações e interações

desses professores com as TICs, ou seja, ter uma visão geral do panorama das

relações e interações dos sujeitos investigados com as TICs.

51

CAPÍTULO 3 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Licenciaturas em Ciências e Matemática

A evolução das novas tecnologias modificaram a sociedade e sua cultura.

Portanto, pensar em formação de professores nos leva a refletir sobre o uso das

TICs. A EAD, com o advento da Internet, tornou-se mais viável no processo de

ensino e aprendizagem. Essa forma de trabalhar a educação poderá ser favorecida

por ferramentas tecnológicas, tais como: os AVA e OA.

É neste contexto que se percebe que a Internet e todas as suas ferramentas

estão à disposição da educação, para que possa ser usada em benefício tanto do

processo de ensino e aprendizagem quanto na formação inicial e na

capacitação/formação continuada de professores.

No intuito de conhecer o panorama das licenciaturas de Ciências e

Matemática no Brasil, suas fragilidades e ofertas, buscamos dados e informações

disponibilizados nos censos do período de 2007 a 2011, relativos às categorias:

vagas ofertadas; número de ingressantes, de concluintes e de matrículas nessas

licenciaturas.

3.2 Dados do Censo – 2007 a 2011: das Licenciaturas Presenciais nas IES

Iniciamos nessa seção a apresentação da análise quantitativa sobre o objeto

de estudo, que servirá de base para uma reflexão qualitativa dos resultados

articulados com o referencial teórico apresentado. Tratamos das vagas ofertadas, do

número de ingressantes, de concluintes, das vagas não ocupadas, do percentual de

concluintes em relação às vagas ofertadas e aos ingressantes e da taxa média de

evasão nas licenciaturas em Ciências e Matemática, modalidade presencial nas IES

públicas e privadas, com base nos dados do Censo no período de 2007 a 2011.

52

3.2.1 Biologia

No Gráfico 1, apresentamos a evolução das vagas ofertadas, do número de

ingressantes e de concluintes nos cursos de licenciatura em Biologia modalidade

presencial, no período estudado.

Gráfico 1 – Evolução das vagas, ingressantes e concluintes – Biologia Fonte: INEP/MEC

Podemos observar nesse Gráfico que a oferta de vagas, na licenciatura em

Biologia, nesse período subiu de 24.664 em 2007, para 46.898 em 2011. Variação

que correspondeu a um crescimento de 90,1%, o que nos parece bastante

significativo. Nesse gráfico, observamos também que o número de ingressantes

aumentou em 30,9%, embora tenha sido inferior ao número de vagas ofertadas, ano

a ano, e que o número de concluintes aumentou cerca de 96%. Notamos também

que no período analisado, em termos percentuais, o crescimento da categoria

concluintes está bem próximo do crescimento da categoria vagas ofertadas,

entretanto a relação concluintes/vagas ofertadas ficou em aproximadamente 32%.

Ou seja, cerca de 68% das vagas ofertadas não foram ocupadas nesse período. O

que consideramos ser um percentual alto.

O Gráfico 2 apresenta o percentual da relação concluintes/ingressantes nos

cursos de licenciatura em Biologia modalidade presencial, no período estudado.

53

Gráfico 2 – Evolução do percentual (concluintes/ingressantes) – Biologia Fonte: Elaborado pelo autor

Podemos observar nesse Gráfico que esse percentual, praticamente se

manteve constante em aproximadamente 63%. A evolução dessa taxa variou,

aproximadamente, de 49% em 2007 a 68% em 2009. Sendo que no período de 2008

a 2011 se manteve praticamente constante oscilando entre 64% e 68%.

De posse desses dados, a partir do cálculo (100% – a taxa média de

concluintes/ingressantes) obtivemos a média de evasão do período analisado de

37% que entendemos ser bastante alta.

3.2.2 Ciências

No Gráfico 3, apresentamos a evolução das vagas ofertadas, do número de

ingressantes e de concluintes nos cursos de licenciatura em Ciências modalidade

presencial, no período estudado.

54

Gráfico 3 – Evolução das vagas, ingressantes e concluintes - Ciências Fonte: INEP/MEC

A partir desse Gráfico, podemos notar que a oferta de vagas na licenciatura

em Ciências modalidade presencial, nesse período, caiu de 6.954 em 2007 para

5.271 em 2011. Variação negativa correspondente a 24,2%, o que nos parece

bastante preocupante no tocante a formação de professores para atuarem no ensino

fundamental. Observamos também que a oferta de vagas nesse segmento, no

período estudado, foi bastante irregular. Em 2007, a oferta de vagas foi de 6.954.

Subiu para 7.330 em 2008, caindo drasticamente para 1.669 em 2009. Em 2010,

subiu para 7.028, mesmo assim não atingiu os números de 2008. Em 2011,

apresentou nova queda e ofereceu 5.271 vagas.

Nesse Gráfico, podemos notar também que o número de ingressantes

praticamente não sofreu acréscimo, quando os dados do ano de 2007 dessa

categoria são comparados com os dados do ano de 2011. Ao passo que, no período

analisado, essa categoria sofreu variações irregulares e bastante significativas. De

2007 para 2008, a variação foi positiva de aproximadamente 12%. De 2008 para

2009, a variação foi negativa de aproximadamente 79%, que entendemos ser muito

alta. De 2009 para 2010, a variação foi positiva apresentando crescimento bastante

significativo de aproximadamente 400%. Porém, de 2010 para 2011, voltou a cair de

aproximadamente 15%. Observamos também que o número de ingressantes

sempre foi inferior ao número de vagas ofertadas, ano a ano, e que o número de

55

concluintes, de 2007 para 2011, diminui em aproximadamente 72%. Notamos

também que no período analisado, em termos percentuais, a relação

concluintes/vagas ofertas ficou aproximadamente em 33%. Ou seja, cerca de 67%

das vagas ofertadas não foram ocupadas nesse período. O que consideramos ser

um percentual alto de vagas não ocupadas.

Nessa investigação, não buscamos explicações para o comportamento

irregular ocorrido na licenciatura em Ciências. Entretanto, acreditamos que esse

comportamento irregular se deva ao desinteresse devido à restrição de atuação

desse profissional no âmbito da educação escolar e também devido às condições de

trabalho e salário. Pensamos que um fator que pode ter influenciado no aumento na

procura pela licenciatura de Ciências possa ter sido a obrigatoriedade imposta pela

LDB de o professor ser graduado para poder lecionar. Acreditamos que essa

exigência legal tenha levado muitos professores em exercício que não eram

graduados recorrem aos cursos de licenciaturas em Ciências para se adequar a

exigência imposta pela LDB.

O Gráfico 4 mostra o percentual de concluintes em relação aos ingressantes

nos cursos de licenciatura em Ciências modalidade presencial, no período estudado.

Gráfico 4 – Evolução do percentual (concluintes/ingressantes) – Ciências Fonte: Elaborado pelo autor

Podemos observar nesse Gráfico que a evolução da taxa

(concluintes/ingressantes), ano a ano, variou de forma irregular, sendo: 108,4% em

2007; 73,5% em 2008; 40,0% em 2009; 22,4% em 2010; e 30,3% em 2011. Sendo

que nesse período a variação oscilou entre 108,4% e 22,4%, com o menor

56

percentual em 2010 de 22,4%. A taxa média da relação (concluintes/ingressantes),

no período analisado, foi de aproximadamente 55%.

De posse desses dados, a partir do cálculo (100% – a taxa média de

concluintes/ingressantes) obtivemos a média de evasão do período analisado, de

45% que entendemos ser muito alta, pois esse percentual indica que muitos iniciam

o curso, mas não o concluem.

3.2.3 Física

No Gráfico 5, apresentamos a evolução das vagas ofertadas, do número de

ingressantes e de concluintes nos cursos de licenciatura em Física modalidade

presencial, no período estudado.

Gráfico 5 – Evolução das vagas, ingressantes e concluintes – Física Fonte: INEP/MEC

Esse Gráfico mostra que a oferta de vagas nesse período subiu de 6.907 em

2007 para 9.893 em 2011. Variação positiva correspondente a 43,2%, o que nos

parece bastante significativo. Observamos também que a oferta de vagas nesse

segmento, no período estudado, apresentou oscilações, ano a ano. De 2007 para

2008, apresentou uma variação negativa de 6%, de 2008 para 2009, cresceu 11%,

de 2009 para 2010 cresceu 46%, a mais significativa do período, e de 2010 para

2011 voltou a apresentar uma variação negativa de 7%. Em 2007, a oferta de vagas

foi de 6.907, caindo para 6.523 em 2008, subindo para 7.257 em 2009. Em 2010,

57

subiu significativamente para 10.630. Percebemos que, nesse período, essa

categoria apresentou um viés de alta, entretanto, em 2011, apresentou queda e

ofereceu 9.893 vagas sinalizando uma possível tendência de redução da oferta de

vagas para essa licenciatura.

Podemos observar, nesse gráfico, que o número de ingressantes

praticamente dobrou no período estudado, com acréscimo de 77,8%. De 2007 para

2008, a variação foi negativa de 3,9%. De 2008 para 2009, cresceu em 13,6%. De

2009 para 2010, apresentou crescimento significativo, o maior do período estudado,

em 59,7%. De 2010 para 2011, voltou a crescer, porém com uma taxa bem menor

do que dos dois períodos anteriores, ou seja, em 2%. Notamos também que no

período analisado o crescimento da categoria concluinte foi de 21%. Entendemos

que esse percentual é bem significativo, entretanto, em termos numéricos o

crescimento foi de 276 licenciados. Nesse aspecto, esse crescimento nos parece

muito pequeno. Notamos também que no período analisado, em termos percentuais,

a relação concluintes/vagas ofertadas ficou aproximadamente em 18%. Ou seja,

cerca de 82% das vagas não foram ocupadas nesse período. O que consideramos

ser um percentual muito alto de vagas não ocupadas.

O Gráfico 6 mostra o percentual de concluintes em relação aos ingressantes

nos cursos de licenciatura em Física modalidade presencial, no período estudado.

Gráfico 6 – Evolução do percentual (concluintes/ingressantes) – Física Fonte: Elaborado pelo autor

Nesse Gráfico podemos observar que a evolução da taxa

(concluintes/ingressantes) variou de forma decrescente. Sendo: 34,8% em 2007;

58

33,0% em 2008; 32,5% em 2009; 26,1% em 2010 e 23,6% em 2011. Como os

dados mostram, ao longo do período analisado, a variação foi sempre negativa.

Entendemos que essa tendência de queda é um fator preocupante e deveria ser

tratada com mais atenção. A taxa média no período estudado foi de

aproximadamente 30%.

De posse desses dados, a partir do cálculo (100% – a taxa média de

concluintes/ingressantes) obtivemos a média de evasão de 70%, entendendo ser

muito alta, e merecer ser investigados a razão e os motivos desse alto índice de

evasão.

3.2.4 Matemática

No Gráfico 7, apresentamos a evolução das vagas ofertadas, do número de

ingressantes e de concluintes nos cursos de licenciatura em Matemática modalidade

presencial, no período estudado.

Gráfico 7 – Evolução das vagas, ingressantes e concluintes -

Matemática Fonte: INEP/MEC

Nesse Gráfico, podemos notar que a oferta de vagas nesse período subiu de

34.440 em 2007, para 37.414 em 2011. Variação que correspondeu a um

crescimento de 9%, o que nos parece ser um crescimento relativamente pequeno.

Observamos também que o ingresso cresceu de 15.817 em 2007 para 17.965 em

2011, correspondendo a um aumentou de 14%.

59

Quanto ao número de concluintes, observamos que nesse período,

apresentou variação negativa de 11,9%. Ou seja, variou de 9.663 em 2007 para

8.514 em 2011. Entretanto, observamos que ao longo desse período ocorreram

oscilações. De 2007 para 2008, caiu em 4,9%. De 2008 para 2009, cresceu em

0,9%. De 2009 para 2010, diminuiu em 2,4%. De 2010 para 2011, apresentou

variação negativa em 6,0%. Nesse período, essa categoria apresentou um viés de

queda, o que pensamos ser preocupante para o futuro da educação escolar.

Notamos também que no período analisado, em termos percentuais, a relação

concluintes/vagas ficou aproximadamente em 25%. Ou seja, cerca de 75% das

vagas não foram ocupadas o que consideramos ser um percentual muito alto.

Com os dados disponibilizados e mostrados no Gráfico 8, observamos que,

no período estudado, o percentual de concluintes em relação aos ingressantes nos

cursos de licenciatura em Matemática modalidade presencial, apresentou uma

variação negativa de aproximadamente 13,7 pontos percentuais. De 2007 para

2008, aumentou em 1,3 pontos percentuais. De 2008 para 2009, cresceu em 2,6

pontos percentuais. Entretanto, de 2009 para 2010, caiu em 15,3 pontos percentuais

e de 2010 para 2011, mostrou queda de 2,3 pontos percentuais.

Gráfico 8 – Evolução do percentual (concluintes/ingressantes) – Matemática Fonte: Elaborado pelo autor

Nesse gráfico, podemos perceber que a evolução da taxa

(concluintes/ingressantes, ano a ano) variou, no geral, de 2007 para 2011 em 22%.

Sendo que, de 2007 a 2009, apresentou viés de crescimento. Por outro lado, de

60

2009 a 2011, apresentou tendência de queda. A taxa média, no período de 2007 a

2011, foi de aproximadamente 57%.

De posse desses dados, calculamos a taxa de evasão como (100% – a taxa

média de concluintes/ingressantes, ano a ano), assim, obtivemos a média de 43%.

Entendemos que essa taxa de evasão é muito alta, e merecem ser investigados a

razão e os motivos desse alto índice.

3.2.5 Química

No Gráfico 9, apresentamos a evolução das vagas ofertadas, do número de

ingressantes e de concluintes nos cursos de licenciatura em Química modalidade

presencial. Podemos observar nesse Gráfico, no período estudado, que a oferta de

vagas, o número de ingressantes e de concluintes apresentaram variações positivas

ao longo do período estudado, como apresentado a seguir.

Gráfico 9 – Evolução das vagas, ingressantes e concluintes – Química Fonte: INEP/MEC

Em relação à oferta de vagas, essa subiu de 8.214 em 2007 para 16.625 em

2011, o que corresponde a 102,4%. Crescimento que entendemos ser bastante

significativo. Observamos também que a oferta de vagas cresceu em 8,5% de 2007

para 2008, 13,6% de 2008 para 2009, 55,5% de 2009 para 2010, sendo esse o mais

significativo do período estudado e 5,6% de 2010 para 2011.

61

Percebemos também, nesse gráfico, que o número de ingressantes cresceu

de 4.812 em 2007 para 10.080 em 2011, correspondendo a um aumentou de 109%.

Entendemos que esse acréscimo no ingresso é muito significativo. Quanto aos

concluintes, observamos que no período de 2007 a 2011, apresentou variação

positiva de 121%. Ou seja, variou de 1733 em 2007 para 3.826 em 2011.

Consideramos que essa variação positiva também é muito significativa. Podemos

constatar nesse gráfico que a categoria concluinte apresentou crescimento ao longo

de todo o período. Cresceu em 16% de 2007 para 2008, 35% de 2008 para 2009,

32% de 2009 para 2010 e 7% de 2010 para 2011. Constatamos também, nos dados

disponibilizados no gráfico, que as variações percentuais apresentadas pelas três

categorias são bem próximas, ou seja, a oferta de vagas variou de 102,4%, o

número de ingressantes, de 109% e número de concluintes, de 121%. Notamos

também que, no período analisado, em termos percentuais a relação

concluintes/vagas ofertadas ficou aproximadamente em 23%. Ou seja, cerca de 77%

das vagas não foram ocupadas, o que consideramos ser um percentual muito alto.

O Gráfico 10 mostra o percentual de concluintes em relação aos ingressantes

nos cursos de licenciatura em Química modalidade presencial, no período estudado.

Gráfico 10 – Evolução do percentual (concluintes/ingressantes) – Química Fonte: Elaborado pelo autor

Nesse gráfico, podemos observar que a evolução da taxa

(concluintes/ingressantes) variou, no geral, de 2007 para 2011, em 2 pontos

percentuais. Sendo que, de 2007 a 2009, apresentou viés de crescimento. Por outro

62

lado, de 2009 a 2011, apresentou tendência de queda. A taxa média, no período de

2007 a 2011, foi de aproximadamente 40%.

De posse desses dados, calculamos a taxa de evasão como (100% – a taxa

média de concluintes/ingressantes, ano a ano), assim obtivemos a média de 60%.

Ou seja, em cada 10 ingressantes, seis abandonam o curso. O que consideramos

ser muito alto.

3.3 Dados do Censo – 2007 a 2011: das Licenciaturas a Distância (EAD) nas

IES

Nessa seção, tratamos das vagas ofertadas, do número de ingressantes, de

concluintes, das vagas não ocupadas, do percentual de concluintes em relação às

vagas ofertadas e aos ingressantes e da taxa média de evasão nas licenciaturas em

Ciências e Matemática, modalidade EAD nas IES públicas e privadas, com base nos

dados do Censo no período de 2007 a 2011.

3.3.1 Biologia

No Gráfico 11, apresentamos a evolução das vagas ofertadas, do número de

ingressantes e de concluintes nos cursos de licenciatura em Biologia modalidade

EAD, no período estudado.

63

Gráfico 11 – Evolução das vagas, ingressantes e concluintes –

Biologia Fonte: INEP/MEC

Nesse Gráfico, podemos observar que, de 2007 a 2011, a oferta de vagas

caiu de 16.254 para 9.176, o equivalente a uma queda de 43,5%, o que entendemos

ser um percentual significativo. Nesse mesmo Gráfico, observamos também que o

número de ingressantes caiu praticamente pela metade, ou seja, de 8.478 para

4.101 que representa uma variação negativa de 51,7%. Quanto ao número de

concluintes, constatamos que cresceu de 104 para 1.497, correspondendo uma

variação positiva de 1.339,4%, percentual muito significativo. Notamos também que

no período analisado, em termos percentuais, a relação concluintes/vagas ofertadas

ficou em aproximadamente 18%, ou seja, cerca de aproximadamente 82% das

vagas não foram ocupadas nesse período, o que consideramos ser um percentual

altíssimo.

O Gráfico 12 mostra o percentual de concluintes em relação aos ingressantes

nos cursos de licenciatura em Biologia modalidade EAD, no período estudado.

64

Gráfico 12 – Evolução do percentual (concluintes/ingressantes) – Biologia Fonte: Elaborado pelo autor

Com os dados disponibilizados e mostrados nesse Gráfico, observamos que o

percentual de concluintes em relação aos ingressantes nos cursos de Biologia na

modalidade educação a distância, apresentou uma variação positiva de 35,3 pontos

percentuais e a taxa média do período ficou em 30%.

Essa razão apresentou crescimento de 2007 a 2009 e queda de 2009 a 2011.

Em termos de pontos percentuais, tem-se: um aumento 15,5 de 2007 para 2008;

37,8 de 2008 para 2009; uma queda de 14,1 de 2009 para 2010 e também uma

queda de 3,9 de 2010 para 2011.

De posse desses dados, a partir do cálculo (100% – a taxa média de

concluintes/ingressantes) obtivemos a média de evasão do período analisado de

70% o que entendemos ser bastante alto.

3.3.2 Ciências

As categorias vagas ofertadas, ingressantes e concluintes na licenciatura em

Ciências modalidade EAD apresentaram oscilações ao longo do período estudado,

como apresentado no Gráfico 13.

65

Gráfico 13 – Evolução das vagas, ingressantes e concluintes –

Ciências Fonte: INEP/MEC

Nesse Gráfico, podemos observar que em 2007 as categorias vagas

ofertadas, ingressantes e concluintes foram zero. Portanto, analisaremos o período

de 2008 a 2011.

Nesse período, a oferta de vagas caiu de 400 para 160, correspondendo a

uma variação negativa de 60,0%, que entendemos ser um percentual significativo.

Nesse mesmo Gráfico, observamos também que o número de ingressantes caiu de

392 em 2008 para 137 em 2011, representando uma variação negativa de 65,1%,

percentual muito próximo do verificado na oferta de vagas. No tocante ao número de

concluintes, constatamos que, em 2008 foi zero e de 2009 para 2011 caiu de 229

para 30, com variação negativa de 86,9%, que entendemos ser bastante

significativo.

No período estudado, a análise em termos percentuais da relação

concluintes/vagas ofertadas ficou prejudicada, pois essa categoria apresentou um

comportamento irregular, com alguns valores iguais a zero.

O Gráfico 14 mostra o percentual de concluintes em relação aos ingressantes

nos cursos de licenciatura em Ciências modalidade EAD, no período estudado.

66

Gráfico 14 – Evolução do percentual (concluintes/ingressantes) – Ciências Fonte: Elaborado pelo autor

Com os dados disponibilizados e mostrados nesse Gráfico, observamos que o

percentual de concluintes em relação aos ingressantes nos cursos de Ciências na

modalidade educação a distância, apresentou uma variação positiva de 21,9 pontos

percentuais. Essa relação apresentou variação irregular ao longo do período

estudado. Em termos de pontos percentuais, não apresentou variação de 2007 para

2008, pois no ano de 2007 todas as informações apresentaram o valor zero. Variou

positivamente de 381,7 pontos percentuais de 2008 para 2009, negativamente de

375,2 pontos percentuais de 2009 para 2010 e positivamente de 15,4 pontos

percentuais de 2010 para 2011. Devido a essa irregularidade deixamos de analisar a

taxa média de evasão.

3.3.3 Física

As categorias vagas ofertadas, ingressantes e concluintes na licenciatura em

Física modalidade EAD apresentaram oscilações ao longo do período estudado,

como apresentado no Gráfico 15.

67

Gráfico 15 – Evolução das vagas, ingressantes e concluintes – Física Fonte: INEP/MEC

Podemos observar nesse Gráfico que, nesse período, a oferta de vagas subiu

de 4.380 em 2007 para 50.505 em 2011, correspondendo a uma alta de 1.053,1%

que entendemos ser uma variação muito significativa. Nesse mesmo Gráfico, temos

o número de ingressantes caindo de 1.485 em 2007 para 1.258 em 2011,

representando uma variação negativa de 15,3% e o número de concluintes subindo

de 3 em 2007 para 363 em 2011.

Notamos também que no período analisado, em termos percentuais, a

relação concluintes/vagas ofertadas ficou em aproximadamente 1%. Ou seja, cerca

de aproximadamente 99% das vagas não foram ocupadas nesse período, o que

consideramos ser um percentual altíssimo.

O Gráfico 16 mostra o percentual de concluintes em relação aos ingressantes

nos cursos de licenciatura em Física modalidade EAD, no período estudado.

68

Gráfico 16 – Evolução do percentual (concluintes/ingressantes) – Física Fonte: Elaborado pelo autor

Com os dados disponibilizados e apresentados nesse Gráfico, observamos

que o percentual de concluintes em relação aos ingressantes nos cursos de Física

na modalidade educação à distância apresentou uma variação positiva de

aproximadamente 28,7 pontos percentuais e a taxa média do período ficou em 10%,

apesar do baixo percentual apresentado nos anos de 2007 e 2008.

De posse desses dados, a partir do cálculo (100% – a taxa média de

concluintes/ingressantes) obtivemos a média de evasão do período analisado, de

90% o que entendemos ser bastante alto.

3.3.4 Matemática

No Gráfico 17, apresentamos as categorias vagas ofertadas, ingressantes e

concluintes nos cursos de licenciatura em Matemática modalidade EAD, no período

estudado.

69

Gráfico 17 – Evolução das vagas, ingressantes e concluintes –

Matemática Fonte: INEP/MEC

O Gráfico 18 mostra o percentual de concluintes em relação aos ingressantes

nos cursos de licenciatura em Matemática modalidade EAD, no período estudado.

Gráfico 18 – Evolução do percentual (concluintes/ingressantes) – Matemática Fonte: Elaborado pelo autor

Com os dados disponibilizados e mostrados nesse Gráfico, observamos que o

percentual de concluintes/ingressantes, ano a ano, apresentou uma variação

positiva de aproximadamente 35,5 pontos percentuais e a taxa média do período

ficou em 25%. Essa razão se apresentou crescente no período, com exceção do

período de 2010 para 2011 que mostrou queda de 7,5 pontos percentuais. Em

70

termos de pontos percentuais, subiu 11,4 de 2007 para 2008, 18,5 de 2008 para

2009 e 13,1 de 2009 para 2010.

De posse desses dados, a partir do cálculo (100% – a taxa média de

concluintes/ingressantes) obtivemos a média de evasão do período analisado, de

75% o que entendemos ser bastante alto.

3.3.5 Química

No Gráfico 19, apresentamos as categorias vagas ofertadas, ingressantes e

concluintes nos cursos de licenciatura em Química modalidade EAD, no período

estudado.

Gráfico 19 – Evolução das vagas, ingressantes e concluintes -

Química Fonte: INEP/MEC

Como apresentado nesse Gráfico, no período estudado, a oferta de vagas

diminuiu de 8.600 em 2007 para 5.115 em 2011, com queda de 40,5%, o que

pensamos ser um percentual bastante significativo. Nesse mesmo gráfico, é

possível constatar que o número de ingressantes variou de 1.674 em 2007 para 923

em 2011, com variação negativa de 44,9%, enquanto o número de concluintes subiu

de 35 em 2007 para 297 em 2011, com crescimento de 748,6%, que também

entendemos ser um percentual bastante significativo. Notamos também que no

período analisado, em termos percentuais, a relação concluintes/vagas ofertadas

71

ficou em aproximadamente 3%. Ou seja, cerca de aproximadamente 97% das vagas

não foram ocupadas nesse período, o que consideramos ser um percentual

altíssimo.

Com os dados disponibilizados e mostrados no Gráfico 20, observamos que o

percentual de concluintes/ingressantes, ano a ano, em Química modalidade EAD,

apresentou uma variação positiva de aproximadamente 30,1 pontos percentuais e a

taxa média do período ficou em 13%. Em termos de pontos percentuais, somente de

2007 para 2008 ocorreu queda de 1,8, subindo 7,9 de 2008 para 2009, 11,8 de 2009

para 2010 e 12,2 de 2010 para 2011.

Gráfico 20 – Evolução do percentual (concluintes/ingressantes) – Química Fonte: Elaborado pelo autor

De posse desses dados, a partir do cálculo (100% – a taxa média de

concluintes/ingressantes) obtivemos a média de evasão do período analisado, de

87% o que entendemos ser bastante alto.

3.4 Concluintes, Evasão e Investimento nas Licenciaturas

No quadro 1, apresentamos o percentual médio do aumento das vagas

ofertadas, do aumento do número de matrículas, das vagas não ocupadas e da

relação concluintes/ingressantes relativo às licenciaturas em Ciências e Matemática,

modalidades presencial e EAD, a partir dos dados obtidos nos Censos de 2007 a

2011, englobando as redes pública e privada.

72

Nesse quadro, podemos observar que houve aumento médio no número de

vagas ofertas e no número de matrículas nas licenciaturas analisadas neste

trabalho. Observamos também que o maior aumento no número de vagas ofertas

ocorreu em Física (77%), seguida por Ciências (67%), Biologia e Química (10%) e

Matemática (4%). Excetuando-se a Licenciatura em Ciências, os dados no quadro

mostram que mais de 50% das vagas ofertadas não foram preenchidas, e ainda, e

mais agravante, mais da metade dos ingressantes não concluíram o curso.

Modalidades Presencial e EAD (Média)

Média do aumento da oferta de vagas

Média do aumento de matrículas

Média das vagas não preenchidas no ingresso

Média da relação concluintes / ingressantes

Biologia 10% 14% 50% 53%

Ciências 67% 45% 37% 57%

Física 77% 17% 58% 25%

Matemática 4% 5% 69% 44%

Química 10% 23% 52% 34%

Quadro 1 – Porcentagem das vagas ofertadas; matrículas; vagas não preenchidas e da relação concluintes/ingressantes nas licenciaturas em Ciências e Matemática, nas modalidades presencial e a distância

Fonte: INEP/MEC (adaptado)

Para se estimar o custo da perda com as vagas não ocupadas, construímos o

quadro 2 com os dados das IES públicas, dados obtidos no Censo de 2011, para

vagas ofertadas, ingressantes e concluintes nas Licenciaturas de Ciências e

Matemática, modalidades presencial e a distância. Essa construção foi realizada

com o objetivo de servir de base nas relações de vagas não preenchidas no

ingresso, vagas perdidas por evasão, matrículas trancadas e alunos transferidos

(vagas não ocupadas), com o objetivo de calcularmos os gastos do governo com as

vagas não ocupadas nessas licenciaturas.

Vagas ofertadas Ingressantes Concluintes

Biologia 16.146 14.152 6.275

Ciências 4.236 3.914 845

Física 9.530 7.936 1.466

Matemática 21.040 17.931 6.649

Química 10.089 9.290 2.238

Quadro 2 – Vagas ofertadas, Ingressantes e Concluintes Fonte: Censo 2011

Dos dados disponibilizados no quadro 2, podemos observar que para as

licenciaturas em Ciências e Matemática, nas IES públicas, no ano de 2011, o

73

número total de vagas ofertadas foi 61.041, o número total de ingressantes foi

53.223 e o número total de concluintes foi 17.473. Portanto o número de vagas não

preenchidas no ingresso (número de vagas ofertas menos número de ingressantes)

foi 7.818, ou seja, 12,8%. Por licenciatura, o percentual de vagas não preenchidas

no ingresso foi cerca de aproximadamente 12% em Biologia, 8% em Ciências, 17%

em Física, 15% em Matemática e 8% em Química.

Observamos também, nesse quadro, que o número total de ingressantes nas

licenciaturas aqui estudadas, no ano de 2011 nas IES pública foi 53.223. Por

licenciatura, o número de ingressantes foi 14.152 em Biologia, 3.914 em Ciências,

7.936 em Física, 17.931 em Matemática e 9.290 em Química.

A partir dos dados disponíveis no quadro 2, observamos que o número de

vagas perdidas por evasão (número de ingressantes menos o número de

concluintes) foi 35.750, ou seja, 67,2%. Por licenciatura o percentual de vagas

perdidas por evasão foi cerca de aproximadamente 55,7% em Biologia, 78,4% em

Ciências, 81,5% em Física, 62,9% em Matemática e 75,9% em Química.

No quadro 3, apresentamos o número de vagas não preenchidas no ingresso,

vagas perdidas por evasão, matrículas trancadas e alunos transferidos, nas

licenciaturas de Ciências e Matemática, no ano de 2011, das IES públicas.

Vagas não preenchidas no ingresso

Vagas perdidas por evasão

Matrículas trancadas

Alunos transferidos

Biologia 1.994 7.877 4.046 393

Ciências 322 3.069 1.007 59

Física 1.594 6.470 2.141 435

Matemática 3.109 11.282 7.110 561

Química 799 7.052 2.922 495

SOMA TOTAL 7.818 35.750 17.226 1.943

Quadro 3 – Vagas não ocupadas nas IES públicas Fonte: Censo 2011

De acordo com Magalhães, et. al. (2010), o custo médio por aluno/ano no

ensino de graduação da Universidade Federal de Viçosa (UFV), apurado para o ano

de 2004, foi de R$ 8.965,91 (oito mil, novecentos e sessenta e cinco reais e noventa

e um centavos). De posse deste valor, o corrigimos monetariamente utilizando o

74

IGP-M/FGV8 (Índice Geral de Preços do Mercado – Fundação Getúlio Vargas) para

valores de outubro de 2013 e obtivemos o valor de R$ 14.682,00 (quatorze mil,

seiscentos e oitenta e dois reais) aluno/ano. A partir daí calculamos o gasto do

governo com as vagas não ocupadas.

Com essa linha de raciocínio, construímos o quadro 4. Para esse cálculo,

consideramos o total de vagas não ocupadas ou “perdidas”, referindo-as como a

soma do número de: vagas não preenchidas no ingresso; vagas perdidas por

evasão; matrículas trancadas e alunos transferidos. O investimento perdido pelo

governo foi considerado então pela multiplicação dessa somatória pelo valor

calculado do custo ano/aluno.

Vagas não preenchidas no Ingresso R$ 114.783.876,00

Vagas perdidas por evasão R$ 524.881.500,00

Matrículas trancadas R$ 252.912.132,00

Alunos Transferidos R$ 28.527.126,00

SOMA TOTAL R$ 921.104.634,00

Quadro 4 – Estimativa de gasto anual do Governo com vagas não ocupadas

Fonte: Elaborado pelo autor

O quadro 4 apresenta o valor gasto de R$ 921.104.634,00 (novecentos e

vinte e um milhões, cento e quatro mil, seiscentos e trinta e quatro reais) com as

vagas não ocupadas nas licenciaturas em Ciências e Matemática no ano de 2011 a

valores de outubro de 2013. O que consideramos ser um valor bastante significativo

para uma nação que clama por verbas em todas as áreas sociais, particularmente

na educação. Este valor trata apenas das vagas não ocupadas nesses cursos de

graduação aqui analisados.

3.5 A Capilaridade da Rede na Formação de Professores

Considerando os déficits atuais na formação de professores de Ciências e

Matemática, buscamos, no cenário atual dos IF/CEFET, avaliar a oferta de vagas

para a formação de educadores, especificamente para as disciplinas de Física,

Química, Biologia e Matemática, nas modalidades presencial e/ou à distância.

8 http://www.portalbrasil.net/igpm.htm

75

Dados recentes, disponibilizados pelo INEP, mostram que há um grande

déficit de professores, principalmente na área do ensino de Ciências e Matemática.

No sentido de minimizar esse problema, o Governo Federal, com base em dados

estatísticos, tem procurado ampliar as bases de formação de docentes nos cursos

de licenciatura. Nesse sentido, o governo, através da Lei nº 11.892 (2008) que

instituiu a REDE, determinou que no mínimo 20% da dotação orçamentária anual

dos IF deveriam estar vinculadas aos cursos de licenciaturas para a Educação

Básica. Sobretudo nas licenciaturas de Ciências e Matemática, bem como nos

programas especiais de formação pedagógica.

Nessa perspectiva, qual seria a motivação de se impor as licenciaturas na

REDE? Acredita-se que tal iniciativa esteja fundamentada no fato de a REDE ter

uma capilaridade bem maior do que as universidades públicas federais. A maioria

das universidades federais atende às capitais e a algumas grandes cidades. Já a

REDE, além de atender às capitais, contempla também as cidades de menor porte.

Esse diferencial permitiria, então, ofertar cursos de licenciatura em mais municípios

brasileiros, facilitando, em princípio, a capacitação e a formação continuada de

professores em exercício.

Os dados disponíveis no site do MEC mostravam que até outubro de 20129,

havia 451 unidades da REDE e 329 unidades de universidades federais instaladas e

em funcionamento. O Quadro 5 mostra a distribuição, entre capitais e interior, das

unidades tanto da REDE quanto das Universidades Federais.

Localização REDE Universidades Federais

Capitais 64 53

Interior 387 276

Total Geral 451 329

Quadro 5 – Número de unidades da REDE e das universidades federais

Fonte: MEC

Os dados disponibilizados nesse quadro mostram que, no geral, o número de

unidades da REDE é 37% maior, sendo 40% no interior e 21% nas capitais.

9 http://painel.mec.gov.br/

76

Consideramos que 111 unidades a mais da REDE no interior representa um número

bastante significativo. Acreditamos que são nesses números que o governo federal

se baseou para convocar a REDE para colaborar na formação de professores para o

Ensino Médio, mais especificamente, na área de Ciências e Matemática.

A REDE apresenta uma capilaridade que favorece a um atendimento de

número maior de pessoas que estão em cidades de menor porte e não atendidas

por universidades públicas. Assim, os IF/CEFET se colocam no cenário nacional de

formação e capacitação de professores com possibilidades de atender e favorecer

populações que residem em municípios de menor porte. Esse atendimento mostra-

se, atualmente, com dificuldades na implantação e implementação de uma rede de

formação e capacitação continuada de professores na modalidade presencial e/ou à

distância. As possibilidades de uso das TICs e a capilaridade da REDE representam

um caminho possível e viável de ser explorado, integrando o uso das tecnologias

nos cursos presenciais de formação inicial com os cursos de formação continuada

de professores na modalidade de EAD.

3.6 Relações e Interações dos Professores de uma Unidade da “REDE” com

as TICs

3.6.1 Perfil dos Professores

De acordo com a metodologia apresentada no Capítulo 2, procuramos

qualificar a caracterização do sujeito por meio de seis questões, identificando

quanto: ao sexo; faixa etária; formação; regime de trabalho; tempo que leciona e

tempo que leciona na instituição.

Referente à distribuição do gênero da amostra (57 professores), observamos

os seguintes dados: 35 são do sexo masculino e 22 do sexo feminino. Quanto à

distribuição de idade desses professores, os dados foram tabulados e a distribuição

feita por intervalo de idade, em anos, conforme apresentado no Quadro 6.

20 | 30 30 | 40 40 | 50 50 | 60 60 |70

5 20 14 10 8

Quadro 6 – Distribuição por faixas etárias Fonte: Dados da pesquisa

77

Dos dados nesse quadro cabe destacar que a maior parte dos professores

está na faixa etária de 30 a 50 anos, ou seja, 59,6%.

A terceira questão procurou identificar a formação do professor, em que

consideramos a maior titulação para tabular os dados, conforme distribuição

apresentada no Quadro 7.

Graduação Especialização Mestrado Doutorado

6 11 25 15

Quadro 7 – Distribuição por titulação Fonte: Dados da pesquisa

Os dados nesse quadro mostram que o percentual de professores que possui

apenas graduação (10,5%) é relativamente pequeno. Observa-se, ainda, que o

percentual de professores que possui mestrado e/ou doutorado, de 70,2%, é

bastante significativo. Isto provavelmente decorre do perfil da Instituição analisada,

visto não ser este o perfil de titulação de professores nas escolas públicas que

atuam no ensino médio brasileiro.

Referente ao regime de trabalho dos professores investigados, o Quadro 8

mostra a distribuição dos dados no quesito regime de trabalho.

DE E40 S40 S20

33 3 17 4

Quadro 8 – Distribuição por regime de trabalho. (DE – Efetivo: Dedicação Exclusiva; E40 – Efetivo: quarenta horas; S40 – Substituto: quarenta horas; e S20 – Substituto: vinte horas).

Fonte: Dados da pesquisa

Nesse quadro, podemos observar que o percentual de professores substitutos

é bastante significativo (35%), ou seja, são 21 professores substitutos de um quadro

de 60 professores atuantes na área de Ensino de Ciências e Matemática na

instituição.

O Quadro 9 mostra a distribuição por faixas, em anos, do tempo de magistério

dos professores. Merece destaque o percentual de professores com menos de 10

anos de magistério (22,8%), que entendemos ser relativamente pequeno quando

78

comparado com o universo pesquisado. Outra informação que chama atenção é o

número de professores que já possui tempo para se aposentar e assim não o fez.

0 | 5 5 | 10 10 | 15 15 | 20 20 | 25 25 | 30 30 | 35 35 | 40

6 7 13 8 3 5 5 10

Quadro 9 – Distribuição por tempo de trabalho no magistério Fonte: Dados da pesquisa

O Quadro 10 mostra a distribuição por faixas, em anos, de tempo de

magistério dos professores na instituição. Destaca-se 56,1% de professores com

menos de 5 anos de magistério na instituição, sendo 32 professores ao todo e

desses, 21 professores são substitutos. Deve-se considerar, neste quesito, o fato de

o professor substituto não poder ter seu contrato renovado para além de dois anos

consecutivos.

0 | 5 5 | 10 10 | 15 15 | 20 20 | 25 25 | 30 30 | 35 35 | 40

32 1 3 7 6 1 6 1

Quadro 10 – Distribuição por tempo de trabalho na instituição Fonte: Dados da pesquisa

3.6.2 Relação e Interação dos Docentes com a Informática

Com a finalidade de identificar as relações e interações com a informática

apresentamos aos professores nove questões relativas ao tema. Essas questões

tiveram como objetivo coletar informações se os professores possuíam: computador;

notebook e/ou netbook; conhecimento (experiência) e cursos na área de informática.

Além de captar suas opiniões sobre as vantagens e/ou desvantagens do uso de

recursos de informática no processo de ensino e aprendizagem.

Todos os 57 professores declararam possuir computador, sendo que 56

professores possuem notebook ou netbook. Contudo, 4 professores afirmaram não

possuir conhecimento em informática e 1 não respondeu a essa pergunta. A maioria

(46) se capacitou por meio de cursos da área de informática, tais como: editores de

texto; planilha eletrônica; apresentações e ferramentas básicas de internet. A

maioria dos professores afirma utilizar seus equipamentos para fins particulares (53),

para fins profissionais (55) e como apoio ao processo de ensino e aprendizagem

79

(51). Os recursos de informática mais citados como utilizados para assuntos

particulares foram: correio eletrônico; pesquisas para compra; realização de viagens

e informação de assuntos gerais. Para assuntos profissionais, o PF8 (Professor de

Física identificado como número 8 nesta pesquisa) apresenta uma boa síntese da

posição da maioria dos professores. “Elaboração de provas e roteiros de atividades

em sala de aula” (PF8). Quanto ao uso de recursos de informática como apoio ao

processo de ensino e aprendizagem a maioria dos professores afirmou utilizar

apresentações no PowerPoint, exibição de vídeos e preparação de material didático

(textos e provas).

A oitava questão procurou captar a opinião dos professores quanto os

benefícios do uso de recursos de informática no processo de ensino e

aprendizagem. Do total de professores pesquisados, 56 professores acreditam haver

benefícios e, apenas, 1 pensa não haver vantagens.

Dentre os benefícios citados destacaram-se:

Otimização do tempo, qualidade de imagens e representação; aplicação das

possibilidades de comunicação para além da sala de aula. (PF1);

Agilizar a informação e seus recursos tornam as aulas mais interessantes.

(PF2);

Visualização/simulação contribuem no processo de aprendizagem. (PF4);

Agilidade, visão de esquemas e processos complexo de serem feitos no

quadro. (PF5);

Vários fenômenos físicos podem ser evidenciados através de vídeos, e muitas

vezes são difíceis de serem reproduzidos ou até mesmo impossíveis na

nossa região. (PF11);

Facilidade de visualização de imagens, processamento de dados, busca de

informação, simulação de situações difíceis de serem reproduzidos. (PF15);

São dinâmicos, atrativos e refletem uma linguagem da geração atual de

alunos. (PQ3);

80

Rapidez, facilidade de acesso e atualidade. (PQ10);

Para visualização de gráficos. (PM9) e

Permite completar lacunas que ocorrem quando falha o abstrato. O recurso

audiovisual completa ou substitui, informalmente formaliza um conteúdo.

(PM18).

Referente às desvantagens no uso dos recursos de informática no processo

de ensino e aprendizagem, 36 professores responderam ver algum tipo de

desvantagem enquanto 21 responderam não ver desvantagem.

Dentre as desvantagens citadas destacaram-se:

Se o recurso for utilizado apenas para reforçar uma atitude passiva do aluno.

(PF1);

Quando o ensino se baseia unicamente em visualizar. (PF4);

Em termos de pesquisa, os alunos podem fazer cópias sem mesmo ler o seu

próprio trabalho. (PF11);

Instituições com poucos recursos financeiros não tem como oferecer tais

recursos. (PQ3);

O uso inadequado dos recursos da informática. (PQ6);

Não sendo bem direcionado torna o trabalho individual. (PB2);

O tempo e dificuldade de acesso aos laboratórios de informática. (PM16);

Falta de preparo dos usuários. (PM7);

Quando seu uso não é precedido pela definição de objetivos claros e

precisos. A metodologia precisa antecipar o computador. (PM10) e

Se for utilizado sem preparação ou apenas para ilustração. (PM14).

81

O PM10 destacou um ponto importante quando menciona “A metodologia

precisa antecipar o computador”. Infere-se daí que é necessário construir novas

metodologias para se obter melhores resultados com o uso dos recursos das TICs

na educação. O que corrobora com a posição de Feldkercher e Matias (2010),

quando afirmam que se fazem necessárias novas metodologias que levem em

consideração essa nova possibilidade de ensino, pois não bastam tecnologias para

que a aprendizagem ocorra.

3.6.3 Relação e Interação com a Internet

Com a finalidade de identificarmos as relações e interações com a internet,

apresentamos aos professores nove questões relativas ao tema. Tais questões

objetivaram obter informações relativas a terem: conhecimento; realizado cursos;

acesso e o número de vezes que acessam a internet por semana. Também

procuramos identificar suas opiniões sobre as vantagens e ou desvantagens do uso

de recursos da internet no processo de ensino e aprendizagem.

Dos 57 professores apenas 5 disseram não possuir conhecimento dos

recursos da Internet. Em geral, os depoimentos podem ser sintetizados com o ter

conhecimentos básicos para navegar, acessar email e realizar pesquisas. Cabe

destacar o registro deixado pelo PM6: “Só o básico adquirido com o uso frequente”.

Entendemos que esse posicionamento sinaliza que o conhecimento da atual

geração de professores, relativo à internet depende muito do esforço individual de

cada educador. A declaração do PM6 aponta no sentido de que a aprendizagem só

ocorre se houver interesse e/ou necessidade de aprender por parte do sujeito que

aprende.

Referente a realização de algum curso na área da internet, 20 professores

afirmaram já ter realizado e 37 afirmaram não ter realizado. Ao se comparar os

dados dessa questão com os dados da questão anterior, pode-se inferir que a

declaração deixada pelo PM6 é valida para outros professores, pois 52 professores

afirmaram possuir conhecimento em internet e 37 professores afirmaram não ter

realizado nenhum curso na área da internet. Por outro lado, todos os professores

responderam ter acesso à internet tanto em casa quanto no local de trabalho,

82

acessando, em sua maioria, mais de 7 vezes por semana, conforme os dados

mostrados no quadro 11.

Número de vezes por semana 7 ou mais 6 5 4 2

Número de professores 48 1 2 5 1

Quadro 11 – Número de acesso à internet por semana Fonte: Dados da pesquisa

Em geral, os professores utilizam os recursos da internet para fins particulares

(53), para fins profissionais (55) e como apoio ao processo de ensino e

aprendizagem (51), em que pese essas duas últimas questões se sobreporem, já

que a atividade profissional do professor está relacionada com o processo de ensino

e aprendizagem.

Os recursos da internet mais citados para assuntos particulares foram:

acessar e-mail, citado praticamente por todos os professores, e redes sociais;

compras; download de filmes e músicas; obter informações; pesquisa escolar;

programação de eventos e trabalhos particulares. Para assuntos profissionais, os

recursos de internet mais citados foram avisos, comunicação com outros

professores, disponibilização de atividades, divulgação de resultados de provas,

download de filmes didáticos, além de envio de: arquivos aos alunos; e-mail para

alunos e para colegas de trabalho; indicação de sites de pesquisa para alunos;

pesquisa de softwares educacionais; pesquisa escolar e uso do sistema acadêmico

para lançar notas. Como apoio ao processo de ensino e aprendizagem, os recursos

de internet mais citados foram o uso de: animações; filmes e simulações disponíveis

na internet; blog e disponibilização de conteúdos de aula no sistema acadêmico.

Além de exemplos de aplicações, tais como: Geogebra; Google Docs; pesquisas

com estudo dirigido; provas online (jogos); sites de busca em sala de aula; sites de

pesquisa e vídeos do Youtube.

No quesito vantagens do uso de recursos da internet no processo de ensino e

aprendizagem, 54 professores responderam que pensam haver benefícios, 2

pensam não haver vantagens e 1 não respondeu a essa pergunta.

Dentre as vantagens citadas destacamos:

83

O aluno ter contato com vários formatos de divulgação científica. (PF2);

Visualização de um experimento e análise de uma simulação experimental.

(PF4);

Muitos materiais didáticos e de pesquisa à disposição. (PF5);

Facilidade de interação simultânea com todos os alunos – troca de opiniões,

etc. (PF7);

Possibilidade de interação com os estudantes além do horário da aula seja

para orientação ou para esclarecimento de dúvidas. (PF12);

Postar notícias recentes; abordar assuntos científicos polêmicos e

apresentação de figuras, imagens e gráficos complexos. (PF14) e

Sair da rotina, complementar o conteúdo sistemático contido nos livros, fonte

inesgotável de informação e pesquisa. (PF14).

No quesito desvantagens do uso de recursos da internet no processo de

ensino e aprendizagem, 30 professores responderam ver algum tipo de

desvantagem, 26 responderam não ver nenhum tipo de desvantagem e 1 não

respondeu a essa pergunta. A maioria dos professores apresentou como

desvantagens: conteúdo nem sempre confiável; o procedimento do estudante de

copiar/colar e falta de preparo do professor para trabalhar uma metodologia

adequada a essa nova realidade contemporânea. Dentre as desvantagens citadas

destacamos:

Quando o ensino se baseia unicamente em visualizar. (PF4);

O aluno utiliza material pronto e apenas faz uma cópia. (PF7);

Em termos de pesquisa, os alunos podem fazer cópias sem mesmo ler o seu

próprio trabalho. (PF11);

Os mesmos vícios do processo de exposição tradicional, normalmente os

professores não recebem formação para apresentação e elaboração

audiovisual. (PF14) e

84

Perda do entendimento do processo, do foco e concentração devido à

facilidade de navegação, etc.... (PF15).

3.6.4 Relação e Interação com Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA)

Questões referentes às relações e interações dos professores com AVA

tiveram como objetivo coletar informações relativas ao conhecimento dos

professores quanto à realização de cursos e ao uso de recursos dos AVA como

apoio ao processo de ensino e aprendizagem, além de procurar captar suas

opiniões sobre suas vantagens e/ou desvantagens. Apenas 23 professores

responderam possuir noções elementares dos AVA, enquanto que 34 disseram não

possuir nenhum conhecimento. Somente 9 professores responderam já ter utilizado

algum recurso e 48 responderam não ter usado nenhum recurso.

Referente à opinião dos professores sobre vantagens do uso de recursos dos

AVA no processo de ensino e aprendizagem, 24 indicaram que há vantagens, 11

acreditam que não há e 22 não responderam a essa pergunta. No entanto, no

tocante a indicação das vantagens e desvantagens, a maioria não quis se

manifestar, pois se julgaram incapazes de fazê-lo por não ter conhecimento

suficiente sobre os AVA.

3.6.5 Relação e Interação com os Objetos de Aprendizagem (OA)

Referentes às relações e interações dos professores com os OA procuramos

captar informações relativas a seus conhecimentos, cursos e formas de uso como

apoio ao processo de ensino e aprendizagem. Apenas 20 professores responderam

possuir algum tipo de conhecimento, 30 responderam não possuir conhecimento e 7

não responderam a essa pergunta, sendo que apenas 7 professores fizeram algum

curso que se utilizou de OA.

Questionamos os professores sobre já terem utilizado algum recurso de OA

como apoio ao processo de ensino e aprendizagem. De acordo com as respostas,

14 responderam já ter utilizado, 36 responderam não ter utilizado e 7 não

responderam a essa questão. O nível de relação e interação da maioria dos

professores fica bem representado pelo questionamento, deixado pelo PM7:

“Depende do conceito?! O que é O.A??”.

85

Em sua maioria, os professores ao serem questionados sobre as vantagens e

ou desvantagens do uso de recursos dos OA no processo de ensino e

aprendizagem, responderam que não sabiam especificar por falta de melhor

conhecimento do assunto.

3.6.6 Relação e Interação com as TICs

Procuramos identificar se o professor em sua formação profissional recebeu

orientação (treinamento) sobre o uso de recursos das TICs no processo de ensino e

aprendizagem. Sendo negativo na maioria dos casos (44) e de forma mais

agravante (52) professores informaram não terem recebido incentivo para

capacitação nesta área.

Buscou-se, ainda, por meio do formulário de pesquisa, avaliar se o professor

se sentia à vontade para utilizar, avaliar criticamente e criar novas possibilidades

pedagógicas, partindo da integração dos recursos das TICs ao processo de ensino e

aprendizagem. A esse questionamento, 20 professores responderam que sim, 30

responderam que não e 7 não responderam a esse questionamento. Das respostas

apresentadas pelos professores sobre esse questionamento selecionamos as

seguintes:

Por não ter o domínio ou desconhecer a ferramenta em toda sua

potencialidade eu não me sinto confortável para utilizar tais recursos. (PF2);

Não sei avaliar (preciso conhecê-las primeiro). (PF5);

Não, gostaria de conhecer melhor esses recursos e suas potencialidades.

(PF12);

Embora não tenha recebido treinamento oficial julgo que é um recurso válido

desde que tenha uma metodologia voltada para o processo de ensino e

aprendizagem. (PF15);

Para utilizar sim, pois seria uma aprendizagem comum para aluno e

professor. No entanto, avaliar e criar possibilidades pedagógicas talvez sejam

86

mais difíceis, pois necessita-se mais tempo para uma avaliação junto aos

alunos (PQ1);

Não conheço o assunto para dizer sobre ele. (PQ6);

Novos métodos e tecnologias devem ser testados nos processos de ensino

para incentivar os alunos no aprendizado. (PB4); e

Teria que ter o conhecimento. (PM19).

Assim, a maioria dos professores investigados manifestou-se interessada em

conhecer e aprender como utilizar as TICs no processo de ensino e aprendizagem,

mostrando disposição para aprender inovações que favoreçam esse processo.

3.6.7 Reflexões sobre os Sujeitos da Pesquisa

Na caracterização do sujeito, observamos que a maioria dos professores se

situa na faixa de 30 a 50 anos, sendo considerados como “Imigrantes Digitais”.

Diferentemente dos atuais alunos que são considerados pertencentes a “Geração

Z”. Prensky (2001) define como “nativos digitais” nossos alunos atuais do ensino

médio, uma vez que todos falam de forma corrente a linguagem dos computadores,

dos vídeos - games e da Internet. Já todas as outras pessoas que não nasceram

inseridas no contexto da tecnologia digital, mas que de certa forma adotaram

práticas tecnológicas durante suas vidas são chamadas de “Imigrantes digitais”. Por

outro lado, a “Geração Z”, também conhecida como geração dos Nativos Digitais, é

composta por pessoas constantemente conectadas por meio de dispositivos

portáteis e, preocupados com o meio ambiente, estando muito familiarizadas com a

World Wide Web, YouTube, telefones móveis, smartphones e MP3 Players, e não

apenas acessando a internet de suas casas, e sim pelo celular, de forma extrema e

constantemente conectada.

Na identificação das relações e interações dos professores com a informática,

observamos que a maioria dos professores possui uma relação e interação amigável

com a mesma. Amigável porque a maioria utiliza a informática para fins particulares

e profissionais e como apoio ao processo de ensino e aprendizagem. Contudo, o

87

recurso de informática mais usado, segundo as informações coletadas, foi o correio

eletrônico e o software MS PowerPoint.

Os professores veem, em sua maioria, vantagens no uso das TICs,

informática, internet no processo de ensino e aprendizagem, apesar de um número

significativo desconhecer ou pouco utilizar os recursos disponíveis. Observa-se

ainda uma utilização muito incipiente por parte dos professores, vinculada

basicamente ao uso do e-mail para comunicação e softwares para apresentação de

suas aulas.

Especificamente, no aspecto relações e interações dos professores com os

AVA, os professores, em geral, declararam possuir noções elementares e mostraram

desconhecer sua utilização como apoio ao processo de ensino e aprendizagem.

Poucos afirmaram já ter utilizado algum recurso dos AVA, contudo, em termos de

vantagens e ou desvantagens, não quiseram emitir opinião por não terem

conhecimento suficiente sobre os AVA. Similarmente, observou-se pouco

conhecimento e utilização dos OA.

Destaca-se, ainda, que sobre as relações e interações dos professores com

as TICs a maioria informou não ter recebido orientação (treinamento) em sua

formação e nem incentivo para fazer uso dos recursos das TICs no processo de

ensino e aprendizagem. Ao serem questionados se se sentiam à vontade para

utilizar, avaliar criticamente e criar novas possibilidades pedagógicas, a partir da

integração dos recursos das TICs ao processo de ensino e aprendizagem, as

justificativas apresentadas são permeadas por dúvidas e incertezas. Como, por

exemplo, “por não ter o domínio ou desconhecer a ferramenta em toda sua

potencialidade eu não me sinto confortável para utilizar tais recursos” (PF2). Nas

justificativas desse item, ficou latente o desejo dos professores em conhecer,

entender e compreender como integrar as TICs ao processo de ensino e

aprendizagem.

88

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesse estudo, foi possível identificar que os estudiosos da área de ensino de

Ciências e Matemática apontam que há uma crise na formação de professores.

Alguns autores apontam que para minimizá-la faz-se necessário formar um professor

que seja capaz de enfrentar os desafios atuais em que se inclui as TICs.

Quanto à escassez de professores, os estudos sinalizam que ocorrerá, em

curto espaço de tempo, falta de professores notadamente na área de Ciências e

Matemática com formação adequada. Estudos indicam que há falta de vagas nos

cursos de licenciaturas enquanto outros apontam que houve redução nas matrículas

de 2006 para 2007. Diante dessa situação, que nos pareceu contraditória,

propusemo-nos a verificá-la.

No aspecto, particularidades da área de Ciências e Matemática, dados

disponibilizados pelo INEP/MEC apontavam que a situação nessa área é ainda mais

grave. Constatamos que a metodologia utilizada para se chegar a esses dados

sinalizava que nesse ritmo de formação de professores as graduações/licenciaturas

não darão conta de atender a demanda na área de Ciências e Matemática.

Sobre políticas oficiais de formação de professores, depreendemos alguns

aspectos como, as relações e contradições entre o que está instituído legalmente e

a prática pedagógica. Percebemos que essas políticas se mostram atreladas a um

propósito de formação no sentido de atender às demandas de mercado e que

representam uma tecnologia e política de controle e regulação social.

Depreendemos também, que estão focadas na competência para a

empregabilidade, fazendo com que, no plano educativo, também se vivencie uma

postura compatível com o ideário do mercado. Alinhando-se com a lógica de

reprodução do capital, possibilitando a exploração desses trabalhadores.

No tocante às políticas de formação docente, identificamos nos trabalhos

analisados, a indicação de que essas necessitam ser repensadas tanto em seus

conteúdos quanto em suas metodologias. Quanto as TICs e a formação de

professores, inferimos que essas podem em muito contribuir no sentido de propiciar

89

mudanças significativas na educação escolar, em particular na formação docente.

De modo geral, os trabalhos aqui analisados corroboram com o nosso pensar,

sinalizando que para uma intervenção mais adequada possa ocorrer, é necessário

ter o foco das políticas no professor. Acreditamos que só assim essas políticas

poderão favorecer a diminuição dos medos, dos conflitos, do desinteresse e das

resistências em relação a essas tecnologias.

Nesse sentido, podemos pensar que as TICs podem contribuir para que

ocorram mudanças significativas na educação escolar. A leitura que fazemos desses

trabalhos aponta para que uma intervenção mais adequada ocorra, é necessário ter

o foco das políticas no professor, de forma que essas políticas possam favorecer a

diminuição dos medos, dos conflitos, do desinteresse e das resistências em relação

a essas tecnologias. O estabelecimento do “diálogo” entre os professores e as TICs

faz-se necessário e urgente, pois a contribuição dessas tecnologias à educação

escolar é mais uma ferramenta a favor do processo de ensino e aprendizagem. É

nesse contexto que as TICs se apresentam como mais uma possibilidade de se

viabilizar a formação de professores e a educação para todos os cidadãos.

A incorporação das TICs no ensino passa necessariamente por modificações

nas didáticas, requerendo, assim, do professor novas competências para ensinar. E

que não se trata simplesmente de transferir as estratégias utilizadas no ensino

presencial para o virtual.

Sustentando nos achados das pesquisas referenciadas, é possível

pensarmos que cada meio utilizado pelo professor em seu fazer pedagógico poder-

lhe-á ser útil ou não. Ou seja, a utilidade está relacionada ao uso que se faz dos

recursos das TICs. Assim, o importante não é saber o que pode ser feito com esses

recursos, mas em que podem ser úteis, como e quando utilizá-los.

As políticas públicas para a EAD, especificamente para as licenciaturas, a

partir da ação ideológica do Estado, do capital e das TICs visam à formação e à

certificação de professores em massa. O modelo atual de EAD apresenta

convergência com a proposta fordista no processo de educação de massas, mesmo

assim, acreditamos que se possa tirar proveito dessa forma de se fazer educação

em benefício do cidadão brasileiro.

90

Um dos maiores méritos na formação de professores com o uso da EAD está

em atender a cidadãos que estão distantes das sedes das IES. Para nós as

modalidades de educação presencial e a distância não são dicotômicas e sim

complementares. A EAD não veio para substituir o modelo convencional de

educação, mas complementá-lo. A formação de professores na modalidade EAD se

apresenta como uma modalidade repleta de potencialidades e de desafios. Porém,

necessitam de projeto pedagógico, novas metodologias e novas didáticas para além

da formação presencial.

Na introdução do presente trabalho de pesquisa, destacamos a afirmativa

contida no Relatório produzido pela Comissão Especial de que o número de vagas

ofertadas nos cursos de Licenciaturas era insuficiente. Contrariamente a esta

afirmativa, a pesquisa mostrou que, de acordo com os dados governamentais

publicados pelo CENSO da Educação Superior, no período de 2007 a 2011, o

número de vagas ofertadas é suficiente, especialmente nas licenciaturas de Ciências

e Matemática. De acordo com os resultados obtidos, mesmo com um aumento

significativo de ofertas de vagas nessas licenciaturas, o percentual de ingresso de

novos alunos não tem ultrapassado, em média, 50% das vagas ofertadas. Os dados

analisados na presente pesquisa apontam que mais grave ainda é o fato de apenas

cerca de 50% dos ingressantes concluírem sua formação. Portanto, em que pese o

incentivo e aprovação do Governo no aumento de vagas para formação de

professores, tanto na modalidade presencial quanto a distância, apenas uma (1) em

cada quatro (4) vagas ofertadas reverte-se em formação, um rendimento pífio. A

situação se agrava, pois desses 25%, em função das condições de trabalho, salário

e reconhecimento pela sociedade, muitos não seguirão a carreira do magistério.

Por outro lado, a pesquisa apontou que os recursos financeiros despendidos

pelo Governo, em especial nas IES públicas, pouco efeito produzem devido ao alto

percentual de evasão, considerando-se as vagas ofertadas e a perda de alunos

durante o processo (Cerca de R$ 920 milhões por ano), apenas nas IES públicas,

dos recursos colocados à disposição para formação de professores de Ciências e

Matemática não geram resultado efetivo.

91

Questionamos: esses valores não teriam melhor aplicação em benefício da

educação? Por exemplo, como melhorar as condições profissionais dos professores

da educação básica como sugere o Plano Nacional de Educação (PNE)?

De acordo com a investigação realizada, ainda que se trate de uma instituição

de educação tecnológica diferenciada, com perfil distinto da maioria das escolas

públicas que atua no ensino médio, observa-se a necessidade constante de

capacitação de professores no uso das TICs, dados os avanços e as novas

oportunidades que surgem constantemente no ambiente virtual, e de maior utilização

de OA que oportunizariam um grande número de estratégias que auxiliariam no

processo de ensino e aprendizagem. As TICs e seu uso na educação constituem um

aporte metodológico que podem contribuir para a construção de conhecimento no

campo do ensino de ciências e matemática. É fundamental integrar a prática

educativa e as teorias de aprendizagem, não apenas para propiciar a compreensão

sobre a intervenção, mas, sobretudo, para contribuir com o desenvolvimento teórico

no processo de ensino e aprendizagem.

Referente, ainda, ao uso das TICs, os dados mostraram que estamos ainda

em uma fase de transição de geração, em que a maioria dos docentes é imigrante

digital, os quais utilizam as tecnologias inteligentes em suas vidas, porém, não as

utilizam de forma efetiva em seu trabalho didático, no processo de ensino e

aprendizagem, como também na sua qualificação docente continuada. Vários

motivos conduzem a isso, desde a falta de incentivo até a sua passividade.

Quanto a inserção dos IF/CEFET no cenário da formação de professores no

país, à luz da legislação vigente, apesar de ser considerada importante como

subsídio aos estudos que visam à melhoria e à implementação de novos cursos,

tanto na modalidade presencial quanto a distância, os resultados dessa pesquisa

mostram deficiências quanto à qualificação docente para atuar com o uso das TICs.

Apesar de o trabalho apresentar um estudo de caso para uma (1) Unidade da

REDE, os resultados corroboram com as conclusões de vários outros pesquisadores

que avaliaram a mesma temática em outros contextos educacionais, em outras

unidades. O uso das tecnologias, em particular a Internet, em cursos de licenciatura

ainda mostra-se incipiente. Essas tecnologias podem ser utilizadas, de diversas

92

maneiras, como elemento de mudança das práticas educativas em contextos reais

de ensino.

A experiência e a capilaridade, em nível nacional, da REDE aliada à

possibilidade de utilização da EAD apresentam-se como oportunidade ímpar e de

extrema relevância na formação continuada e na capacitação de professores,

focando a formação inicial de docentes, preferencialmente por meio de ensino

presencial, subsidiariamente fazendo uso de recursos da EAD para a capacitação

continuada.

Acreditamos, contudo, que os IF/CEFET, assim como as demais IES públicas

e particulares, podem se apropriar das vantagens propiciadas pelas TICs para

ministrarem seus cursos de licenciatura e capacitação/formação continuada de

professores em exercício na modalidade EAD. Especialmente, em função da sua

capilaridade, a REDE pode contribuir de forma contundente e qualificada na

diminuição da exclusão sócio-educacional, não só com a oferta e ocupação das

vagas para a formação de professores de Ciências e Matemática, como também no

processo de qualificação docente.

Os futuros professores que se formarão nas licenciaturas em Ciências e

Matemática serão docentes mediadores e orientadores da “Geração Z” e precisarão

trabalhar os conteúdos curriculares de forma não linear, não hierárquica e,

principalmente, agregando à sua metodologia pedagógica as TICs, como AVA, OA,

Redes Sociais, Softwares Específicos Interativos e Colaborativos, hipermídias

adaptativas, entre outras, além de fazer a ligação entre a teoria e a realidade do

aluno.

Essa investigação foi de natureza apenas exploratória. É, portanto,

fundamental que novas iniciativas sejam implementadas, para aprofundar a análise

dos achados apresentados nesse estudo e buscar novas relações, diante da

diversidade do contexto educacional brasileiro.

93

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SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. rev. e atual. São Paulo: Cortez, 2007.

100

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YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010.

101

APÊNDICES

Apêndice A - QuestionárioCaracterização do sujeito

1. Sexo

□ Masculino □ Feminino

2. Idade

□ 20 |─ 30 □ 30|─ 40 □ 40 |─ 50 □ 50 |─ 60 □ 60 |─ 70

3. Formação:

□ Bacharelado em □ Licenciatura em

□ Especialização em

□ Mestrado em

□ Doutorado em

□ Pós Doutorado em

4. Regime de trabalho

□ Efetivo □ DE □ 40h □ 20h

□ Substituto □ 40h □ 20h

5. Há quanto tempo leciona?

□ 0 |─ 5 □ 10 |─ 15 □ 20 |─ 25 □ 30 |─ 35

□ 5 |─ 10 □ 15 |─ 20 □ 25 |─ 30 □ 35 |─ 40

6. Há quanto tempo leciona no CEFET-MG?

□ 0 |─ 5 □ 10 |─ 15 □ 20 |─ 25 □ 30 |─ 35

□ 5 |─ 10 □ 15 |─ 20 □ 25 |─ 30 □ 35 |─ 40

102

Relação e interação com a informática

7. Possui computador em casa?

□ Sim □ Não

8. Possui notebook ou net book?

□ Sim □ Não

9. Possui algum conhecimento (experiência) em informática?

□ Sim □ Não

Se sim, qual(is)?

10. Já fez algum curso na área da informática?

□ Sim □ Não

Se sim, qual(is)?

11. Já utilizou algum recurso de informática para assuntos particulares?

□ Sim □ Não

Se sim, qual(is)?

12. Já utilizou algum recurso de informática para assuntos profissionais?

□ Sim □ Não

Se sim, qual(is)?

13. Já utilizou algum recurso de informática como apoio ao processo de ensino e

aprendizagem?

□ Sim □ Não

103

Se sim, qual(is)?

14. Em sua opinião, há alguma vantagem no uso de recursos da informática no processo de

ensino e aprendizagem?

□ Sim □ Não

Se sim, qual(is)?

15. Em sua opinião, há alguma desvantagem no uso de recursos da informática no processo

de ensino e aprendizagem?

□ Sim □ Não

Se sim, qual(is)?

Relação e interação com a internet

16. Possui algum conhecimento (experiência) em internet?

□ Sim □ Não

Se sim, qual(is)?

17. Já fez algum curso na área da internet?

□ Sim □ Não

Se sim, qual(is)?

104

18. Tem acesso a internet?

□ Sim □ Não

Se sim, onde?

□ Em casa □ No trabalho

19. O número de vezes que acessa a internet por semana

□ 0 □ 1 □ 2 □ 3 □ 4 □ 5 □ 6 □ 7 □ mais de 7

20. Já utilizou algum recurso de internet para assuntos particulares?

□ Sim □ Não

Se sim, qual(is)?

21. Já utilizou algum recurso de internet para assuntos profissionais?

□ Sim □ Não

Se sim, qual(is)?

22. Já utilizou algum recurso de internet como apoio ao processo de ensino e

aprendizagem?

□ Sim □ Não

Se sim, qual(is)?

105

23. Em sua opinião, há alguma vantagem no uso de recursos da internet no processo de

ensino e aprendizagem?

□ Sim □ Não

Se sim, qual(is)?

24. Em sua opinião, há alguma desvantagem no uso de recursos da internet no processo de

ensino e aprendizagem?

□ Sim □ Não

Se sim, qual(is)?

Relação e interação com os ambientes virtuais de aprendizagem (AVA)

25. Possui algum conhecimento (experiência) em ambientes virtuais de aprendizagem?

□ Sim □ Não

Se sim, qual(is)?

26. Já fez algum curso sobre o uso de ambientes virtuais de aprendizagem?

□ Sim □ Não

Se sim, qual(is)?

106

27. Já utilizou algum recurso de ambientes virtuais de aprendizagem?

□ Sim □ Não

Se sim, qual(is)?

28. Já utilizou algum recurso de ambientes virtuais de aprendizagem como apoio ao

processo de ensino e aprendizagem?

□ Sim □ Não

Se sim, qual(is)?

29. Em sua opinião, há alguma vantagem no uso de recursos de ambientes virtuais de

aprendizagem no processo de ensino e aprendizagem?

□ Sim □ Não

Se sim, qual(is)?

30. Em sua opinião, há alguma desvantagem no uso de recursos de ambientes virtuais de

aprendizagem no processo de ensino e aprendizagem?

□ Sim □ Não

Se sim, qual(is)?

107

Relação e interação com os objetos de aprendizagem (OA)

31. Possui algum conhecimento (experiência) sobre objetos de aprendizagem?

□ Sim □ Não

Se sim, qual(is)?

32. Já fez algum curso sobre o uso de objetos de aprendizagem?

□ Sim □ Não

Se sim, qual(is)?

33. Já utilizou algum recurso dos objetos de aprendizagem?

□ Sim □ Não

Se sim, qual(is)?

34. Já utilizou algum recurso dos objetos de aprendizagem como apoio ao processo de

ensino e aprendizagem?

□ Sim □ Não

Se sim, qual(is)?

108

35. Em sua opinião, há alguma vantagem no uso de recursos dos objetos de aprendizagem

no processo de ensino e aprendizagem?

□ Sim □ Não

Se sim, qual(is)?

36. Em sua opinião, há alguma desvantagem no uso de recursos dos objetos de

aprendizagem no processo de ensino e aprendizagem?

□ Sim □ Não

Se sim, qual(is)?

Relação e interação com as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs)

(Tecnologias Digitais da Comunicação)

37. Em algum momento em sua formação profissional, você recebeu orientação

(treinamento) sobre o uso de recursos das Tecnologias de Informação e Comunicação

(TICs) no processo de ensino e aprendizagem?

□ Sim □ Não

Se sim, qual(is)?

38. Você recebe ou já recebeu incentivo para fazer uso dos recursos das TICs no processo

de ensino e aprendizagem?

□ Sim □ Não

Se sim, qual(is)?

109

39. Você se sente à vontade para utilizar, avaliar criticamente e criar novas possibilidades

pedagógicas, partindo da integração dos recursos das TICs ao processo de ensino e

aprendizagem?

□ Sim □ Não

Justifique sua resposta

40. Há alguma coisa que você gostaria de acrescentar ou comentar sobre o uso de recursos

das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) no processo de ensino e

aprendizagem?

110

APÊNDICE B – Carta (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido)

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Prezado (a) Professor(a):

Por meio deste termo de consentimento livre e esclarecido, convidamo-lo a participar da

pesquisa “Relações e interações de professores, de ciências e matemática do CEFET-MG,

com as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs)”, realizada pelo Prof. MSc. Ivo de

Jesus Ramos, sob orientação do professor Dr. Luiz Henrique Amaral.

O objetivo dessa pesquisa é investigar “as relações e interações de professores com as

Tecnologias Digitais de modo a contribuir com o processo de ensino e aprendizagem”.

A coleta de dados para execução desta pesquisa envolve a aplicação de um questionário

semi-estruturado aplicado aos professores que lecionam Ciências (Biologia, Física e

Química) e Matemática nos cursos técnicos integrados dos Campi de Belo Horizonte do

CEFET-MG. Caso Vossa Senhoria aceite o convite para participar, receberá um

questionário e após responder deverá devolvê-lo ao pesquisador ([email protected]).

A privacidade do colaborador será garantida por meio do anonimato durante qualquer

apresentação desta pesquisa. Em qualquer momento, poder-se-á solicitar esclarecimentos

sobre a metodologia de coleta e análise dos dados pelo e-mail: [email protected].

Não haverá nenhum desconforto, exposição pessoal e riscos para vossa senhoria nesta

pesquisa. Caso deseje recusar a participação ou retirar o consentimento em qualquer fase

da pesquisa terá total liberdade para fazê-lo.

Esta pesquisa não trará nenhum benefício direto e imediato para o colaborador mas pode

contribuir com o avanço dos conhecimentos sobre “a utilização das Tecnologias da

Informação e Comunicação no processo de ensino e aprendizagem”.

Os resultados da pesquisa poderão tornar-se públicos por meio de tese, congressos,

encontros, simpósios e revistas especializadas, mas o anonimato do participante será

garantido. As informações coletadas somente serão utilizadas para fins desta pesquisa e os

questionários serão arquivados pelo pesquisador responsável por um período de cinco

anos, em arquivo reservado para o respectivo fim, sendo garantido o sigilo em todo

conteúdo.

111

Informo que esta pesquisa segue as orientações do Comitê de Ética na Pesquisa (COEP)

do CEFET MG. Portanto a identidade do colaborador e todos os dados serão tratados de

forma ética e sigilosa.

A contribuição é muito importante para o levantamento dos dados para essa investigação.

Procure responder às perguntas, observando as seguintes instruções:

É importante que o questionário seja respondido individualmente, preferencialmente à

caneta. Não deixe questão alguma sem resposta.

Se vossa senhoria estiver suficientemente informado sobre os objetivos, características e

possíveis benefícios provenientes da pesquisa, bem como dos cuidados que o pesquisador

irá tomar para a garantia do sigilo que assegure a vossa privacidade quanto aos dados

confidenciais envolvidos na pesquisa, assine abaixo, o termo de consentimento livre e

esclarecido.

Atenciosamente,

Pesquisador: Professor Ivo de Jesus Ramos

Orientador: Professor Dr. Luiz Henrique Amaral

112

Autorização

Declaro que estou suficientemente esclarecido(a) sobre a pesquisa “Relações e interações

de professores, de ciências e matemática do CEFET-MG, com as Tecnologias da

Informação e Comunicação (TICs), seus objetivos e metodologia. Concordo com a utilização

dos dados, por mim fornecidos no questionário, para os fins da pesquisa.

Nome do(a) professor(a):

Assinatura: C.I.:

Caso ainda existam dúvidas a respeito desta pesquisa, por favor, entre em contato comigo,

Ivo de Jesus Ramos, email: [email protected].