PÃO NOSSO

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www.autoresespiritasclassicos.com Francisco Cândido Xavier Pão Nosso 2 o livro da Coleção “Fonte Viva” (Interpretação dos Textos Evangélicos) Ditado pelo Espírito Emmanuel Eugène Bodin A Rajada de Vento

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  1. 1. www.autoresespiritasclassicos.com Francisco Cndido Xavier Po Nosso 2o livro da Coleo Fonte Viva (Interpretao dos Textos Evanglicos) Ditado pelo Esprito Emmanuel Eugne Bodin A Rajada de Vento
  2. 2. Contedo resumido Esta obra integra um conjunto de quatro volumes denominado Coleo Fonte Viva (Interpretao dos textos evanglicos). Cada obra composta de 180 pequenos captulos que tecem comentrios e reflexes em torno dos ensinamentos do Evange- lho. A coleo formada pelas seguintes obras: Caminho, Verdade e Vida (1948) Po Nosso (1950) Vinha de Luz (1951) Fonte Viva (1956) Em pginas de consolao, orientao e luzes da Espirituali- dade Superior, Emmanuel orienta-nos no apenas a compreender a Doutrina Crist, mas a pratic-la em todos os momentos da vida. A Coleo Fonte Viva constitui valiosa fonte auxiliar de es- clarecimento nos estudos dos textos evanglicos e instrumento essencial para aperfeioarmos os nossos sentimentos, afinando- nos com as lies de humildade e amor ministradas e exemplifi- cadas por Jesus e seus apstolos.
  3. 3. Sumrio No Servio Cristo......................................................................... 8 1 Mos obra........................................................................... 10 2 Pensa um pouco.................................................................... 11 3 O arado ................................................................................. 12 4 Antes de servir....................................................................... 13 5 Salrios ................................................................................. 14 6 Valei-vos da luz ..................................................................... 15 7 A semente ............................................................................. 17 8 Ansiedades............................................................................ 18 9 Homens de f ........................................................................ 20 10 Sentimentos fraternos........................................................... 21 11 O bem incansvel .............................................................. 22 12 Pensaste nisso? ................................................................... 23 13 Estaes necessrias ........................................................... 25 14 Pginas ................................................................................ 26 15 Pensamentos........................................................................ 27 16 A quem obedeces?............................................................... 29 17 Intercesso........................................................................... 30 18 Provas de fogo ..................................................................... 31 19 Falsas alegaes.................................................................. 32 20 A marcha .............................................................................. 33 21 Mar alto ................................................................................ 35 22 Inconstantes ......................................................................... 37 23 No de todos ..................................................................... 39 24 Filhos prdigos ..................................................................... 40 25 Nas estradas ........................................................................ 41 26 Trabalhos imediatos.............................................................. 42 27 Esmagamento do mal ........................................................... 44 28 E os fins?.............................................................................. 45 29 A vinha ................................................................................. 46 30 Convenes.......................................................................... 47 31 Com caridade ....................................................................... 48 32 Cadveres ............................................................................ 49 33 Trabalhemos tambm ........................................................... 51 34 Lugar deserto ....................................................................... 53 35 O Cristo operante ................................................................. 54 36 At o fim ............................................................................... 55 37 Seria intil............................................................................. 56
  4. 4. 38 Conta particular .................................................................... 58 39 Convite ao bem..................................................................... 59 40 Em preparao ..................................................................... 61 41 No futuro............................................................................... 63 42 Sempre vivos........................................................................ 65 43 Boas maneiras...................................................................... 67 44 Curas.................................................................................... 69 45 Quando orardes.................................................................... 70 46 Vs, entretanto ..................................................................... 71 47 O problema de agradar......................................................... 72 48 Compreendamos .................................................................. 73 49 Velho argumento .................................................................. 75 50 Preserva a ti prprio ............................................................. 77 51 Socorre a ti mesmo............................................................... 78 52 Perigos sutis......................................................................... 79 53 Em cadeias........................................................................... 81 54 Razo dos apelos ................................................................. 83 55 Coisas invisveis ................................................................... 85 56 xitos e insucessos .............................................................. 86 57 Perante Jesus....................................................................... 87 58 Contribuir.............................................................................. 89 59 Sigamos at l...................................................................... 90 60 Lgica da Providncia........................................................... 91 61 O homem com Jesus ............................................................ 93 62 Jesus para o homem ............................................................ 94 63 O Senhor d sempre............................................................. 96 64 Melhor sofrer no bem............................................................ 98 65 Tenhamos paz...................................................................... 99 66 Boa-vontade ....................................................................... 101 67 M-vontade......................................................................... 102 68 Necessrio acordar............................................................. 103 69 Hoje.................................................................................... 104 70 Elogios ............................................................................... 106 71 Sacudir o p ....................................................................... 107 72 Contempla mais longe ........................................................ 108 73 Aprendamos quanto antes .................................................. 110 74 Ms palestras ..................................................................... 111 75 Murmuraes...................................................................... 112 76 As testemunhas.................................................................. 113 77 Responder.......................................................................... 114 78 Segundo a carne ................................................................ 115
  5. 5. 79 O mas e os discpulos ...................................................... 117 80 O no e a luta................................................................... 119 81 No paraso.......................................................................... 120 82 Em Esprito......................................................................... 121 83 Conforme o amor................................................................ 123 84 Levantando mos santas .................................................... 125 85 E o adltero? ...................................................................... 126 86 Intentar e agir ..................................................................... 128 87 Pondera sempre ................................................................. 129 88 Correes........................................................................... 131 89 Bem-aventuranas.............................................................. 133 90 O trabalhador divino............................................................ 134 91 Isso contigo ..................................................................... 135 92 Deus no desampara.......................................................... 136 93 O Evangelho e a mulher ..................................................... 138 94 Sexo................................................................................... 139 95 Esta a mensagem............................................................ 141 96 Justamente por isso............................................................ 142 97 Conserva o modelo............................................................. 143 98 Evita contender................................................................... 145 99 Com ardente amor.............................................................. 147 100 Rendamos graas............................................................. 148 101 Resiste tentao ............................................................ 150 102 Ns e Csar...................................................................... 152 103 Cruz e disciplina ............................................................... 154 104 Direito sagrado ................................................................. 156 105 Observao primordial...................................................... 158 106 H muita diferena............................................................ 159 107 Piedade ............................................................................ 161 108 Orao.............................................................................. 163 109 Trs imperativos ............................................................... 165 110 Magnetismo pessoal ......................................................... 167 111 Granjeai amigos................................................................ 168 112 Tabernculos eternos ....................................................... 169 113 Tua f ............................................................................... 171 114 Novos atenienses ............................................................. 172 115 A porta.............................................................................. 173 116 Ouam-nos ....................................................................... 174 117 Em famlia......................................................................... 175 118 para isto ........................................................................ 177 119 Ajuda sempre ................................................................... 178
  6. 6. 120 Conciliao....................................................................... 179 121 Monturo ............................................................................ 180 122 Pecado e pecador............................................................. 181 123 Condio comum.............................................................. 182 124 No falta ........................................................................... 183 125 Separao ........................................................................ 185 126 O espinho ......................................................................... 186 127 Lei de retorno ................................................................... 188 128 porque ignoram ............................................................. 189 129 Ao partir do po ................................................................ 190 130 Onde esto? ..................................................................... 191 131 O mundo e a crena ......................................................... 192 132 Em tudo ............................................................................ 193 133 O grande futuro................................................................. 194 134 Nutrio espiritual ............................................................. 195 135 Renovao necessria...................................................... 196 136 Conflito ............................................................................. 197 137 Inimigos............................................................................ 198 138 Vejamos isso .................................................................... 199 139 Oferendas......................................................................... 200 140 Saibamos lembrar............................................................. 201 141 Amor fraternal................................................................... 202 142 Revides ............................................................................ 203 143 No tiranizes..................................................................... 205 144 Fazei preparativos ............................................................ 206 145 Obreiros............................................................................ 207 146 Seguir a verdade .............................................................. 208 147 No s ........................................................................... 209 148 Ceifeiros ........................................................................... 210 149 Crer em vo...................................................................... 211 150 o mesmo ....................................................................... 212 151 Ningum se retira ............................................................. 213 152 De que modo? .................................................................. 215 153 No tropecemos ............................................................... 216 154 Os contrrios .................................................................... 218 155 Contra a insensatez .......................................................... 219 156 Cu com cu .................................................................... 220 157 O filho egosta .................................................................. 222 158 Governo interno ................................................................ 223 159 A posse do Reino ............................................................. 225 160 A grande luta .................................................................... 227
  7. 7. 161 Vs, que dizeis? ............................................................... 229 162 Manifestaes espirituais.................................................. 230 163 Agradecer......................................................................... 232 164 O diabo............................................................................. 233 165 Falsos discursos ............................................................... 235 166 Cura do dio ..................................................................... 236 167 Entendimento ................................................................... 238 168 De madrugada.................................................................. 240 169 Olhos................................................................................ 241 170 A lngua ............................................................................ 242 171 Lei do uso......................................................................... 243 172 Que despertas? ................................................................ 244 173 Como testemunhar ........................................................... 245 174 Espiritismo na f ............................................................... 246 175 Tratamento de obsesses................................................. 248 176 Na revelao da vida ........................................................ 250 177 Guardemos sade mental................................................. 252 178 Combate interior ............................................................... 253 179 Entendamos servindo ....................................................... 255 180 Cr e segue ...................................................................... 257
  8. 8. No Servio Cristo Porque todos devemos comparecer ante o tribunal do Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito, estando no corpo, o bem ou o mal. Paulo. (2 Epstola aos Corntios, 5:10.) No falta quem veja no Espiritismo mero campo de experi- mentao fenomnica, sem qualquer significao de ordem moral para as criaturas. Muitos aprendizes da consoladora Doutrina, desse modo, li- mitam-se s investigaes de laboratrio ou a discusses filos- ficas. imperioso reconhecer, todavia, que h tantas categorias de homens desencarnados, quantas so as dos encarnados. Entidades discutidoras, levianas, rebeldes e inconstantes tran- sitam em toda parte. Alm disso, incgnitas e problemas surgem para os habitantes dos dois planos. Em vista de semelhantes razes, os adeptos do progresso efe- tivo do mundo, distanciados da vida fsica, pugnam pelo Espiri- tismo com Jesus, convertendo-nos o intercmbio em fator de espiritualidade santificante. Acreditamos que no se deve atacar outro crculo de vida, quando no nos encontramos interessados em melhorar a perso- nalidade naquele em que respiramos. No vale pesquisar recursos que no nos dignifiquem. Eis por que para ns outros, que supomos trazer o corao acordado para a responsabilidade de viver, Espiritismo no expressa simples convico de imortalidade: clima de servio e edificao. No adianta guardar a certeza na sobrevivncia da alma, alm da morte, sem o preparo terrestre na direo da vida espiritual. E nesse esforo de habilitao, no dispomos de outro guia mais sbio e mais amoroso que o Cristo.
  9. 9. Somente luz de suas lies sublimes possvel reajustar o caminho, renovar a mente e purificar o corao. Nem tudo o que admirvel divino. Nem tudo o que grande respeitvel. Nem tudo o que belo santo. Nem tudo o que agradvel til. O problema no apenas de saber. o de reformar-se cada um para a extenso do bem. Afeioemo-nos, pois, ao Evangelho sentido e vivido, com- preendendo o imperativo de nossa iluminao interior, porque, segundo a palavra oportuna e sbia do Apstolo, todos devemos comparecer ante o tribunal do Cristo, a fim de recebermos, de acordo com o que realizamos, estando no corpo, o bem ou o mal. EMMANUEL Pedro Leopoldo, 22 de fevereiro de 1950.
  10. 10. 1 Mos obra Que fareis, pois, irmos? Quando vos ajuntais, cada um de vs tem doutrina, tem revelao, tem lngua, tem interpretao. Faa-se tudo para edificao. Paulo. (1 Epstola aos Corntios, 14:26.) A igreja de Corinto lutava com certas dificuldades mais for- tes, quando Paulo lhe escreveu a observao aqui transcrita. O contedo da carta apreciava diversos problemas espirituais dos companheiros do Peloponeso, mas podemos insular o vers- culo e aplic-lo a certas situaes dos novos agrupamentos cristos, formados no ambiente do Espiritismo, na revivescncia do Evangelho. Quase sempre notamos intensa preocupao nos trabalhado- res, por novidades em fenomenologia e revelao. Alguns ncleos costumam paralisar atividades quando no dispem de mdiuns adestrados. Por qu? Mdium algum solucionar, em definitivo, o problema fun- damental da iluminao dos companheiros. Nossa tarefa espiritual seria absurda se estivesse circunscrita freqncia mecnica de muitos, a um centro qualquer, sim- plesmente para assinalarem o esforo de alguns poucos. Convenam-se os discpulos de que o trabalho e a realizao pertencem a todos e que imprescindvel se movimente cada qual no servio edificante que lhe compete. Ningum alegue ausncia de novidades, quando vultosas concesses da esfera superior aguardam a firme deciso do aprendiz de boa-vontade, no sentido de conhecer a vida e elevar-se. Quando vos reunirdes, lembrai a doutrina e a revelao, o po- der de falar e de interpretar de que j sois detentores e colocai mos obra do bem e da luz, no aperfeioamento indispensvel.
  11. 11. 2 Pensa um pouco As obras que eu fao em nome de meu Pai, essas testi- ficam de mim. Jesus. (Joo, 10:25.) vulgar a preocupao do homem comum, relativamente s tradies familiares e aos institutos terrestres a que se prende, nominalmente, exaltando-se nos ttulos convencionais que lhe identificam a personalidade. Entretanto, na vida verdadeira, criatura alguma conhecida por semelhantes processos. Cada Esprito traz consigo a histria viva dos prprios feitos e somente as obras efetuadas do a conhecer o valor ou o demrito de cada um. Com o enunciado, no desejamos afirmar que a palavra esteja desprovida de suas vantagens indiscutveis; todavia, necessrio compreender-se que o verbo tambm profundo potencial recebido da Infinita Bondade, como recurso divino, tornando-se indispensvel saber o que estamos realizando com esse dom do Senhor Eterno. A afirmativa de Jesus, nesse particular, reveste-se de impere- cvel beleza. Que diramos de um Salvador que estatusse regras para a Humanidade, sem partilhar-lhe as dificuldades e impedimentos? O Cristo iniciou a misso divina entre homens do campo, vi- veu entre doutores irritados e pecadores rebeldes, uniu-se a doentes e aflitos, comeu o duro po dos pescadores humildes e terminou a tarefa santa entre dois ladres. Que mais desejas? Se aguardas vida fcil e situaes de evi- dncia no mundo, lembra-te do Mestre e pensa um pouco.
  12. 12. 3 O arado E Jesus lhe disse: Ningum, que lana mo do arado e olha para trs apto para o reino de Deus. (Lucas, 9:62.) Aqui, vemos Jesus utilizar na edificao do Reino Divino um dos mais belos smbolos. Efetivamente, se desejasse, o Mestre criaria outras imagens. Poderia reportar-se s leis do mundo, aos deveres sociais, aos textos da profecia, mas prefere fixar o ensinamento em bases mais simples. O arado aparelho de todos os tempos. pesado, demanda esforo de colaborao entre o homem e a mquina, provoca suor e cuidado e, sobretudo, fere a terra para que produza. Cons- tri o bero das sementeiras e, sua passagem, o terreno cede para que a chuva, o sol e os adubos sejam convenientemente aproveitados. necessrio, pois, que o discpulo sincero tome lies com o Divino Cultivador, abraando-se ao arado da responsabilidade, na luta edificante, sem dele retirar as mos, de modo a evitar prejuzos graves terra de si mesmo. Meditemos nas oportunidades perdidas, nas chuvas de mise- ricrdia que caram sobre ns e que se foram sem qualquer aproveitamento para nosso esprito, no sol de amor que nos vem vivificando h muitos milnios, nos adubos preciosos que temos recusado, por preferirmos a ociosidade e a indiferena. Examinemos tudo isto e reflitamos no smbolo de Jesus. Um arado promete servio, disciplina, aflio e cansao; no entanto, no se deve esquecer que, depois dele, chegam semea- duras e colheitas, pes no prato e celeiros guarnecidos.
  13. 13. 4 Antes de servir Bem como o Filho do homem no veio para ser servi- do, mas para servir. Jesus. (Mateus, 20:28.) Em companhia do esprito de servio, estaremos sempre bem guardados. A Criao inteira nos reafirma esta verdade com clareza absoluta. Dos reinos inferiores s mais altas esferas, todas as coisas servem a seu tempo. A lei do trabalho, com a diviso e a especializao nas tare- fas, prepondera nos mais humildes elementos, nos variados setores da Natureza. Essa rvore curar enfermidades, aquela outra produzir fru- tos. H pedras que contribuem na construo do lar; outras existem calando os caminhos. O Pai forneceu ao filho homem a casa planetria, onde cada objeto se encontra em lugar prprio, aguardando somente o esforo digno e a palavra de ordem, para ensinar criatura a arte de servir. Se lhe foi doada a plvora destinada libertao da energia e se a plvora permanece utilizada por instrumento de morte aos semelhantes, isto corre por conta do usufruturio da moradia terrestre, porque o Supremo Senhor em tudo sugere a prtica do bem, objetivando a elevao e o enriquecimento de todos os valores do Patrimnio Universal. No olvidemos que Jesus passou entre ns, trabalhando. Examinemos a natureza de sua cooperao sacrificial e apren- damos com o Mestre a felicidade de servir santamente. Podes comear hoje mesmo. Uma enxada ou uma caarola constituem excelentes pontos de incio. Se te encontras enfermo, de mos inabilitadas para a colaborao direta, podes principiar mesmo assim, servindo na edificao moral de teus irmos.
  14. 14. 5 Salrios E contentai-vos com o vosso soldo. Joo Batista. (Lucas, 3:14.) A resposta de Joo Batista aos soldados, que lhe rogavam es- clarecimentos, modelo de conciso e de bom senso. Muita gente se perde atravs de inextricveis labirintos, em virtude da compreenso deficiente acerca dos problemas de remunerao na vida comum. Operrios existem que reclamam salrios devidos a ministros, sem cogitarem das graves responsabilidades que, no raro, convertem os administradores do mundo em vtimas da inquieta- o e da insnia, quando no seja em mrtires de representaes e banquetes. H homens cultos que vendem a paz do lar em troca da dila- tao de vencimentos. Inmeras pessoas seguem, da mocidade velhice do corpo, ansiosas e descrentes, enfermas e aflitas, por no se conforma- rem com os ordenados mensais que as circunstncias do caminho humano lhes assinalam, dentro dos imperscrutveis Desgnios. No por demasia de remunerao que a criatura se integrar nos quadros divinos. Se um homem permanece consciente quanto aos deveres que lhe competem, quanto mais altamente pago, estar mais intran- qilo. Desde muito, esclarece a filosofia popular que para a grande nau surgir a grande tormenta. Contentar-se cada servidor com o prprio salrio prova de elevada compreenso, ante a justia do Todo-Poderoso. Antes, pois, de analisar o pagamento da Terra, habitua-te a valorizar as concesses do Cu.
  15. 15. 6 Valei-vos da luz Andai enquanto tendes a luz, para que as trevas no vos apanhem. Jesus. (Joo, 12:35.) O homem de meditao encontrar pensamentos divinos, ana- lisando o passado e o futuro. Ver-se- colocado entre duas eternidades a dos dias que se foram e a que lhe acena do porvir. Examinando os tesouros do presente, descobrir suas oportu- nidades preciosas. No futuro, antev a bendita luz da imortalidade, enquanto que no pretrito se localizam as trevas da ignorncia, dos erros praticados, das experincias mal vividas. Esmagadora maioria de personalidades humanas no possui outra paisagem, com respei- to ao passado prximo ou remoto, seno essa constituda de runa e desencanto, compelindo-as a revalorizar os recursos em mo. A vida humana, pois, apesar de transitria, a chama que vos coloca em contacto com o servio de que necessitais para a ascenso justa. Nesse abenoado ensejo, possvel resgatar, corrigir, aprender, ganhar, conquistar, reunir, reconciliar e enri- quecer-se no Senhor. Refleti na observao do Mestre e apreender-lhe-eis o lumi- noso sentido. Andai enquanto tendes a luz, disse Ele. Aproveitai a ddiva de tempo recebida, no trabalho edifican- te. Afastai-vos da condio inferior, adquirindo mais alto enten- dimento. Sem os caractersticos de melhoria e aprimoramento no ato de marcha, sereis dominados pelas trevas, isto , anulareis vossa oportunidade santa, tornando aos impulsos menos dignos e regressando, em seguida morte do corpo, ao mesmo stio de
  16. 16. sombras, de onde emergistes para vencer novos degraus na sublime montanha da vida.
  17. 17. 7 A semente E, quando semeias, no semeias o corpo que h de nascer, mas o simples gro de trigo ou de outra qual- quer semente. Paulo. (1 Epstola aos Corntios, 15:37.) Nos servios da Natureza, a semente reveste-se, aos nossos olhos, do sagrado papel de sacerdotisa do Criador e da Vida. Gloriosa herdeira do poder divino, coopera na evoluo do mundo e transmite silenciosa e sublime lio, tocada de valores infinitos, criatura. Exemplifica sabiamente a necessidade dos pontos de partida, as requisies justas de trabalho, os lugares prprios, os tempos adequados. H homens inquietos e insaciados que ainda no conseguiram compreend-la. Exigem as grandes obras de um dia para outro, impem medidas tirnicas pela fora das ordenaes ou das armas ou pretendem trair as leis profundas da Natureza; acele- ram os processos da ambio, estabelecem domnio transitrio, alardeiam mentirosas conquistas, incham-se e caem, sem ne- nhuma edificao santificadora para si ou para outrem. No souberam aprender com a semente minscula que lhes d trigo ao po de cada dia e lhes garante a vida, em todas as regi- es de luta planetria. Saber comear constitui servio muito importante. No esforo redentor, indispensvel que no se percam de vista as possibilidades pequeninas: um gesto, uma palestra, uma hora, uma frase pode representar sementes gloriosas para edifi- caes imortais. Imprescindvel, pois, jamais desprez-las.
  18. 18. 8 Ansiedades Lanando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vs. (1 Epstola de Pedro, 5:7.) As ansiedades armam muitos crimes e jamais edificam algo de til na Terra. Invariavelmente, o homem precipitado conta com todas as probabilidades contra si. Opondo-se s inquietaes angustiosas, falam as lies de pa- cincia da Natureza, em todos os setores do caminho humano. Se o homem nascesse para andar ansioso, seria dizer que veio ao mundo, no na categoria de trabalhador em tarefa santificante, mas por desesperado sem remisso. Se a criatura refletisse mais sensatamente reconheceria o con- tedo de servio que os momentos de cada dia lhe podem ofere- cer e saberia vigiar, com acentuado valor, os patrimnios pr- prios. Indubitvel que as paisagens se modificaro incessantemente, compelindo-nos a enfrentar surpresas desagradveis, decorrentes de nossa atitude inadequada, na alegria ou na dor; contudo, representa impositivo da lei a nossa obrigao de prosseguir diariamente, na direo do bem. A ansiedade tentar violentar coraes generosos, porque as estradas terrenas desdobram muitos ngulos obscuros e proble- mas de soluo difcil; entretanto, no nos esqueamos da receita de Pedro. Lana as inquietudes sobre as tuas esperanas em Nosso Pai Celestial, porque o Divino Amor cogita do bem-estar de todos ns. Justo desejar, firmemente, a vitria da luz, buscar a paz com perseverana, disciplinar-se para a unio com os planos superio-
  19. 19. res, insistir por sintonizar-se com as esferas mais altas. No olvides, porm, que a ansiedade precede sempre a ao de cair.
  20. 20. 9 Homens de f Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelh-lo-ei ao homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha. Jesus. (Mateus, 7:24.) Os grandes pregadores do Evangelho sempre foram interpre- tados conta de expresses mximas do Cristianismo, na galeria dos tipos venerveis da f; entretanto, isso somente aconteceu quando os instrumentos da verdade, efetivamente, no olvidaram a vigilncia indispensvel ao justo testemunho. interessante verificar que o Mestre destaca, entre todos os discpulos, aquele que lhe ouve os ensinamentos e os pratica. Da se conclui que os homens de f no so aqueles apenas palavro- sos e entusiastas, mas os que so portadores igualmente da ateno e da boa-vontade, perante as lies de Jesus, examinan- do-lhes o contedo espiritual para o trabalho de aplicao no esforo dirio. Reconforta-nos assinalar que todas as criaturas em servio no campo evanglico seguiro para as maravilhas interiores da f. Todavia, cabe-nos salientar, em todos os tempos, o subido valor dos homens moderados que, registrando os ensinos e avisos da Boa Nova, cuidam, desvelados, da soluo de todos os proble- mas do dia ou da ocasio, sem permitir que suas edificaes individuais se processem longe das bases crists imprescindveis. Em todos os servios, o concurso da palavra sagrado e in- dispensvel, mas aprendiz algum dever esquecer o sublime valor do silncio, a seu tempo, na obra superior do aperfeioa- mento de si mesmo, a fim de que a ponderao se faa ouvida, dentro da prpria alma, norteando-lhe os destinos.
  21. 21. 10 Sentimentos fraternos Quanto, porm, caridade fraternal, no necessitais de que vos escreva, visto que vs mesmos estais instru- dos por Deus que vos ameis uns aos outros. Paulo. (1 Epstola aos Tessalonicenses, 4:9.) Forte contra-senso que desorganiza a contribuio humana, no divino edifcio do Cristianismo, o impulso sectrio que atormenta enormes fileiras de seus seguidores. Mais reflexo, mais ouvidos ao ensinamento de Jesus e essas batalhas injustificveis estariam para sempre apagadas. Ainda hoje, com as manifestaes do plano espiritual na re- novao do mundo, a cada momento surgem grupos e personali- dades, solicitando frmulas do Alm para que se integrem no campo da fraternidade pura. Que esperam, entretanto, os companheiros esclarecidos para serem efetivamente irmos uns dos outros? Muita gente se esquece de que a solidariedade legtima escas- seia nos ambientes onde reduzido o esprito de servio e onde sobra a preocupao de criticar. Instituies notveis so condu- zidas perturbao e ao extermnio, em vista da ausncia do auxlio mtuo, no terreno da compreenso, do trabalho e da boa- vontade. Falta de assistncia? No. Toda obra honesta e generosa repercute nos planos mais al- tos, conquistando cooperadores abnegados. Quando se verifique a invaso da desarmonia nos institutos do bem, que os agentes humanos acusem a si mesmos pela defeco nos compromissos assumidos ou pela indiferena ao ato de servir. E que ningum pea ao Cu determinadas receitas de fraternidade, porque a frmula sagrada e imutvel permanece conosco no amai-vos uns aos outros.
  22. 22. 11 O bem incansvel E vs, irmos, no vos canseis de fazer o bem. Pau- lo. (2 Epstola aos Tessalonicenses, 3:13.) muito comum encontrarmos pessoas que se declaram can- sadas de praticar o bem. Estejamos, contudo, convictos de que semelhantes alegaes no procedem de fonte pura. Somente aqueles que visam determinadas vantagens aos inte- resses particularistas, na zona do imediatismo, adquirem o tdio vizinho da desesperao, quando no podem atender a propsitos egosticos. indispensvel muita prudncia quando essa ou aquela cir- cunstncia nos induz a refletir nos males que nos assaltam, depois do bem que julgamos haver semeado ou nutrido. O aprendiz sincero no ignora que Jesus exerce o seu minist- rio de amor sem exaurir-se, desde o princpio da organizao planetria. Relativamente aos nossos casos pessoais, muita vez ter o Mestre sentido o espinho de nossa ingratido, identifican- do-nos o recuo aos trabalhos da nossa prpria iluminao; toda- via, nem mesmo verificando-nos os desvios voluntrios e crimi- nosos, jamais se esgotou a pacincia do Cristo que nos corrige, amando, e tolera, edificando, abrindo-nos misericordiosos braos para a atividade renovadora. Se Ele nos tem suportado e esperado atravs de tantos scu- los, por que no poderemos experimentar de nimo firme algu- mas pequenas decepes durante alguns dias? A observao de Paulo aos tessalonicenses, portanto, muito justa. Se nos entediarmos na prtica do bem, semelhante desastre expressar em verdade que ainda nos no foi possvel a emerso do mal de ns mesmos.
  23. 23. 12 Pensaste nisso? Sabendo que brevemente hei de deixar este meu ta- bernculo, segundo o que tambm nosso Senhor Jesus- Cristo j mo tem revelado. - (2 Epstola de Pedro, 1:14.) Se muitas vezes grandes vozes do Cristianismo se referiram a supostos crimes da carne, necessrio mencionar as fraquezas do eu, as inferioridades do prprio esprito, sem concentrar falsas acusaes ao corpo, como se este representasse o papel de verdugo implacvel, separado da alma, que lhe seria, ento, prisioneira e vtima. Reparamos que Pedro denominava o organismo, como sendo o seu tabernculo. O corpo humano um conjunto de clulas aglutinadas ou de fluidos terrestres que se renem, sob as leis planetrias, ofere- cendo ao Esprito a santa oportunidade de aprender, valorizar, reformar e engrandecer a vida. Freqentemente o homem, qual operrio ocioso ou perverso, imputa ao instrumento til as ms qualidades de que se acha acometido. O corpo concesso da Misericrdia Divina para que a alma se prepare ante o glorioso porvir. Longe da indbita acusao carne, reflitamos nos milnios despendidos na formao desse tabernculo sagrado no campo evolutivo. J pensaste que s um Esprito imortal, dispondo, na Terra, por algum tempo, de valiosas potncias concedidas por Deus s tuas exigncias de trabalho? Tais potncias formam-te o corpo. Que fazes de teus ps, de tuas mos, de teus olhos, de teu c- rebro? sabes que esses poderes te foram confiados para honrar o
  24. 24. Senhor iluminando a ti mesmo? Medita nestas interrogaes e santifica teu corpo, nele encontrando o templo divino.
  25. 25. 13 Estaes necessrias Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados e venham assim os tempos do refrigrio pela presena do Senhor. (Atos, 3:19.) Os crentes inquietos quase sempre admitem que o trabalho de redeno se processa em algumas providncias convencionais e que apenas com certa atividade externa j se encontram de posse dos ttulos mais elevados, junto aos Mensageiros Divinos. A maioria dos catlicos romanos pretende a iseno das difi- culdades com as cerimnias exteriores; muitos protestantes acreditam na plena identificao com o cu to-s pela enuncia- o de alguns hinos, enquanto enorme percentagem de espiritis- tas se cr na intimidade de supremas revelaes apenas pelo fato de haver freqentado algumas sesses. Tudo isto constitui preparao valiosa, mas no tudo. H um esforo iluminativo para o interior, sem o qual homem algum penetrar o santurio da Verdade Divina. A palavra de Pedro massa popular contm a sntese do vasto programa de transformao essencial a que toda criatura se submeter para a felicidade da unio com o Cristo. H estaes indispensveis para a realizao, porquanto ningum atingir de vez a eterna claridade da culminncia. Antes de tudo, imprescindvel que o culpado se arrependa, reconhecendo a extenso e o volume das prprias faltas e que se converta, a fim de alcanar a poca de refrigrio pela presena do Senhor nele prprio. A chegado, habilitar-se- para a cons- truo do Reino Divino em si mesmo. Se, realmente, j compreendes a misso do Evangelho, identi- ficars a estao em que te encontras e estars informado quanto aos servios que deves levar a efeito para demandar a seguinte.
  26. 26. 14 Pginas Mas a sabedoria que vem do alto primeiramente pura, depois pacfica, moderada, tratvel, cheia de mi- sericrdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem hi- pocrisia. (Tiago, 3:17.) Toda pgina escrita tem alma e o crente necessita auscultar- lhe a natureza. O exame sincero esclarecer imediatamente a que esfera pertence, no crculo de atividade destruidora no mundo ou no centro dos esforos de edificao para a vida espiritual. Primeiramente, o leitor amigo da verdade e do bem analisar- lhe- as linhas, para ajuizar da pureza do seu contedo, compre- endendo que, se as suas expresses foram nascidas de fontes superiores, a encontrar os sinais inequvocos da paz, da mode- rao, da afabilidade fraternal, da compreenso amorosa e dos bons frutos, enfim. Mas, se a pgina reflete os venenos sutis da parcialidade hu- mana, semelhante mensagem do pensamento no procede das esferas mais nobres da vida. Ainda que se origine da ao dos Espritos desencarnados, supostamente superiores, a folha que no faa benefcio em harmonia e construo fraternal , apenas, reflexo de condies inferiores. Examina, pois, as pginas de teu contacto com o pensamento alheio, diariamente, e faze companhia quelas que te desejam elevao. No precisas das que se te figurem mais brilhantes, mas daquelas que te faam melhor.
  27. 27. 15 Pensamentos Quanto ao mais, irmos, tudo o que verdadeiro, tu- do o que honesto, tudo o que justo, tudo o que pu- ro, tudo o que amvel, tudo o que de boa fama, se h alguma virtude e se h algum louvor, nisso pensai. Paulo. (Filipenses, 4:8.) Todas as obras humanas constituem a resultante do pensa- mento das criaturas. O mal e o bem, o feio e o belo viveram, antes de tudo, na fonte mental qu os produziu, nos movimentos incessantes da vida. O Evangelho consubstancia o roteiro generoso para que a mente do homem se renove nos caminhos da espiritualidade superior, proclamando a necessidade de semelhante transforma- o, rumo aos planos mais altos. No ser to-somente com os primores intelectuais da Filosofia que o discpulo iniciar seus esforos em realizao desse teor. Renovar pensamentos no to fcil como parece primeira vista. Demanda muita capacida- de de renncia e profunda dominao de si mesmo, qualidades que o homem no consegue alcanar sem trabalho e sacrifcio do corao. por isso que muitos servidores modificam expresses ver- bais, julgando que refundiram pensamentos. Todavia, no instante de recapitular, pela repetio das circunstncias, as experincias redentoras, encontram, de novo, anlogas perturbaes, porque os obstculos e as sombras permanecem na mente, quais fantas- mas ocultos. Pensar criar. A realidade dessa criao pode no exteriori- zar-se, de sbito, no campo dos efeitos transitrios, mas o objeto formado pelo poder mental vive no mundo ntimo, exigindo cuidados especiais para o esforo de continuidade ou extino. O conselho de Paulo aos filipenses apresenta sublime conte- do. Os discpulos que puderem compreender-lhe a essncia
  28. 28. profunda, buscando ver o lado verdadeiro, honesto, justo, puro e amvel de todas as coisas, cultivando-o, em cada dia, tero encontrado a divina equao.
  29. 29. 16 A quem obedeces? E, sendo ele consumado, veio a ser a causa de eterna salvao para todos os que lhe obedecem. Paulo. (Hebreus, 5:9.) Toda criatura obedece a algum ou a alguma coisa. Ningum permanece sem objetivo. A prpria rebeldia est submetida s foras corretoras da vi- da. O homem obedece a toda hora. Entretanto, se ainda no pde definir a prpria submisso por virtude construtiva, que, no raro, atende, antes de tudo, aos impulsos baixos da natureza, resistindo ao servio de auto-elevao. Quase sempre transforma a obedincia que o salva em escra- vido que o condena. O Senhor estabeleceu as gradaes do caminho, instituiu a lei do prprio esforo, na aquisio dos supremos valores da vida, e determinou que o homem lhe acei- tasse os desgnios para ser verdadeiramente livre, mas a criatura preferiu atender sua condio de inferioridade e organizou o cativeiro. O discpulo necessita examinar atentamente o campo em que desenvolve a prpria tarefa. A quem obedeces? Acaso, atendes, em primeiro lugar, s vai- dades humanas ou s opinies alheias, antes de observares o conselho do Mestre Divino? justo refletir sempre, quanto a isso, porque somente quando atendemos, em tudo, aos ensinamentos vivos de Jesus, que podemos quebrar a escravido do mundo em favor da libertao eterna.
  30. 30. 17 Intercesso Irmos, orai por ns. Paulo. (1 Epstola aos Tessa- lonicenses, 5:25.) Muitas criaturas sorriem ironicamente quando se lhes fala das oraes intercessrias. O homem habituou-se tanto ao automatismo teatral que en- contra certa dificuldade no entendimento das mais profundas manifestaes de espiritualidade. A prece intercessria, todavia, prossegue espalhando benefcios com os seus valores inaltera- dos. No justo acreditar seja essa orao o incenso bajulatrio a derramar-se na presena de um monarca terrestre a fim de ob- termos certos favores. A splica da intercesso dos mais belos atos de fraternidade e constitui a emisso de foras benficas e iluminativas que, partindo do esprito sincero, vo ao objetivo visado por abenoa- da contribuio de conforto e energia. Isso no acontece, porm, a pretexto de obsquio, mas em conseqncia de leis justas. O homem custa a crer na influenciao das ondas invisveis do pensamento, contudo, o espao que o cerca est cheio de sons que os seus ouvidos materiais no registram; s admite o auxilio tangvel, no entanto, na prpria natureza fsica vem-se rvores venerandas que protegem e conservam ervas e arbustos, a lhes receberem as bnos da vida, sem lhes tocarem jamais as razes e os troncos. No olvides os bens da intercesso. Jesus orou por seus discpulos e seguidores, nas horas supre- mas.
  31. 31. 18 Provas de fogo E o fogo provar qual seja a obra de cada um. Paulo. (1 Epstola aos Corntios, 3:13.) A indstria mecanizada dos tempos modernos muito se refere s provas de fogo para positivar a resistncia de suas obras e, ponderando o feito, recordemos que o Evangelho, igualmente, se reporta a essas provas, h quase vinte sculos, com respeito s aquisies espirituais. Escrevendo aos Corntios, Paulo imagina os obreiros huma- nos construindo sobre o nico fundamento, que Jesus-Cristo, organizando cada qual as prprias realizaes, de conformidade com os recursos evolutivos. Cada discpulo, entretanto, deve edificar o trabalho que lhe peculiar, convicto de que os tempos de luta o descobriro aos olhos de todos, para que se efetue reto juzo acerca de sua quali- dade. O aperfeioamento do mundo, na feio material, pode forne- cer a imagem do que seja a importncia dessas aferies de grande vulto. A Terra permanece cheia de fortunas, posies, valores e inteligncias que no suportam as provas de fogo; mal se aproximam os movimentos purificadores, descem, precipita- damente, os degraus da misria, da runa, da decadncia. No servio do Cristo, tambm justo que o aprendiz aguarde o momento de verificao das prprias possibilidades. O carter, o amor, a f, a pacincia, a esperana representam conquistas para a vida eterna, realizadas pela criatura, com o auxilio santo do Mestre, mas todos os discpulos devem contar com as experin- cias necessrias que, no instante oportuno, lhe provaro as qualidades espirituais.
  32. 32. 19 Falsas alegaes Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altssimo? Peo-te que no me atormentes. (Lucas, 8:28.) O caso do Esprito perturbado que sentiu a aproximao de Jesus, recebendo-lhe a presena com furiosas indagaes, apre- senta muitos aspectos dignos de estudo. A circunstncia de suplicar ao Divino Mestre que no o ator- mentasse requer muita ateno por parte dos discpulos sinceros. Quem poder supor o Cristo capaz de infligir tormentos a quem quer que seja? E, no caso, trata-se de uma entidade igno- rante e perversa que, nos ntimos desvarios, muito j padecia por si mesma. A vizinhana do Mestre, contudo, trazia-lhe claridade suficiente para contemplar o martrio da prpria conscincia, atolada num pntano de crimes e defeces tenebrosas. A luz castigava-lhe as trevas interiores e revelava-lhe a nudez dolorosa e digna de comiserao. O quadro muito significativo para quantos fogem das ver- dades religiosas da vida, categorizando-lhe o contedo conta de amargo elixir de angstia e sofrimento. Esses espritos indiferen- tes e gozadores costumam afirmar que os servios da f alagam o caminho de lgrimas, enevoando o corao. Tais afirmativas, no entanto, denunciam-nos. Em maior ou menor escala, so companheiros do irmo infeliz que acusava Jesus por ministro de tormentos.
  33. 33. 20 A marcha Importa, porm, caminhar hoje, amanh e no dia se- guinte. Jesus. (Lucas, 13:33.) Importa seguir sempre, em busca da edificao espiritual de- finitiva. Indispensvel caminhar, vencendo obstculos e som- bras, transformando todas as dores e dificuldades em degraus de ascenso. Traando o seu programa, referia-se Jesus marcha na dire- o de Jerusalm, onde o esperava a derradeira glorificao pelo martrio. Podemos aplicar, porm, o ensinamento s nossas experincias incessantes no roteiro da Jerusalm de nossos testemunhos redentores. imprescindvel, todavia, esclarecer a caracterstica dessa jornada para a aquisio dos bens eternos. Acreditam muitos que caminhar invadir as situaes de evi- dncia no mundo, conquistando posies de destaque transitrio ou trazendo as mais vastas expresses financeiras ao crculo pessoal. Entretanto, no isso. Nesse particular, os chamados homens de rotina talvez de- tenham maiores probabilidades a seu favor. A personalidade dominante, em situaes efmeras, tem a marcha inada de perigos, de responsabilidades complexas, de ameaas atrozes. A sensao de altura aumenta a sensao de queda. preciso caminhar sempre, mas a jornada compete ao Espri- to eterno, no terreno das conquistas interiores. Muitas vezes, certas criaturas que se presumem nos mais al- tos pontos da viagem, para a Sabedoria Divina se encontram apenas paralisadas na contemplao de fogos-ftuos. Que ningum se engane nas estaes de falso repouso.
  34. 34. Importa trabalhar, conhecer-se, iluminar-se e atender ao Cris- to, diariamente. Para fixarmos semelhante lio em ns, temos nascido na Terra, partilhando-lhe as lutas, gastando-lhe os corpos e nela tornaremos a renascer.
  35. 35. 21 Mar alto E, quando acabou de falar, disse a Simo: Faze-te ao mar alto, e lanai as vossas redes para pescar. (Lu- cas, 5:4.) Este versculo nos leva a meditar nos companheiros de luta que se sentem abandonados na experincia humana. Inquietante sensao de soledade lhes corta o corao. Choram de saudade, de dor, renovando as amarguras pr- prias. Acreditam que o destino lhes reservou a taa da infinita amargura. Rememoram, compungidos, os dias da infncia, da juventude, das esperanas crestadas nos conflitos do mundo. No ntimo, experimentam, a cada instante, o vago tropel das reminiscncias que lhes dilatam as impresses de vazio. Entretanto, essas horas amargas pertencem a todas as criatu- ras mortais. Se algum as no viveu em determinada regio do caminho, espere a sua oportunidade, porquanto, de modo geral, quase todo Esprito se retira da carne, quando os frios sinais de inverno se multiplicam em torno. Em surgindo, pois, a tua poca de dificuldade, convence-te de que chegaram para tua alma os dias de servio em mar alto, o tempo de procurar os valores justos, sem o incentivo de certas iluses da experincia material. Se te encontras sozinho, se te sentes ao abandono, lembra-te de que, alm do tmulo, h com- panheiros que te assistem e esperam carinhosamente. O Pai nunca deixa os filhos desamparados, assim, se te vs presentemente sem laos domsticos, sem amigos certos na paisagem transitria do Planeta, que Jesus te enviou a pleno
  36. 36. mar da experincia, a fim de provares tuas conquistas em supre- mas lies.
  37. 37. 22 Inconstantes Porque aquele que duvida semelhante onda do mar, que levada pelo vento e lanada de uma para outra parte. (Tiago, 1:6.) Inegavelmente existe uma dvida cientfica e filosfica no mundo que, alojada em coraes leais, constitui precioso estmu- lo posse de grandes e elevadas convices; entretanto, Tiago refere-se aqui inconstncia do homem que, procurando receber os benefcios divinos, na esfera das vantagens particularistas, costuma perseguir variadas situaes no terreno da pesquisa intelectual sem qualquer propsito de confiar nos valores subs- tanciais da vida. Quem se preocupa em transpor diversas portas, em movimen- to simultneo, acaba sem atravessar porta alguma. A leviandade prejudica as criaturas em todos os caminhos, mormente nas posies de trabalho, nas enfermidades do corpo e nas relaes afetivas. Para que algum ajuze com acerto, com respeito a determi- nada experincia, precisa enumerar quantos anos gastou dentro dela, vivendo-lhe as caractersticas. Necessitamos, acima de tudo, confiar sinceramente na Sabe- doria e na Bondade do Altssimo, compreendendo que indis- pensvel perseverar com algum ou com alguma causa que nos ajude e edifique. Os inconstantes permanecem figurados na onda do mar, ab- sorvida pelo vento e atirada de uma para outra parte. Quando servires ou quando aguardares as bnos do Alto, no te deixes conduzir pela inquietude doentia. O Pai dispe de inumerveis instrumentos para administrar o bem e sempre o mesmo Senhor Paternal, atravs de todos eles. A ddiva chegar, mas depende de ti, da maneira de procederes na luta construtiva,
  38. 38. persistindo ou no na confiana, sem a qual o Divino Poder encontra obstculos naturais para exprimir-se em teu caminho.
  39. 39. 23 No de todos E para que sejamos livres de homens dissolutos e maus, porque a f no de todos. Paulo. (2 Epstola aos Tessalonicenses, 3:2.) Dirigindo-se aos irmos de Tessalnica, o apstolo dos genti- os rogou-lhes concurso em favor dos trabalhos evanglicos, para que o servio do Senhor estivesse isento dos homens maus e dissolutos, justificando apelo com a declarao de que a f no de todos. Atravs das palavras de Paulo, percebe-se-lhe a certeza de que as criaturas perversas se aproximariam dos ncleos de trabalho cristianizante, que a malcia delas poderia causar-lhes prejuzos e que era necessrio mobilizar os recursos do esprito contra semelhante influncia. O grande convertido, em poucas palavras, gravou advertncia de valor infinito, porque, em verdade, a cor religiosa caracteriza- r a vestimenta exterior de comunidades inteiras, mas a f ser patrimnio somente daqueles que trabalham sem medir sacrif- cios, por instal-la no santurio do prprio mundo ntimo. A rotulagem de cristianismo ser exibida por qualquer pessoa; todavia, a f crist revelar-se- pura, incondicional e sublime em raros coraes. Muita gente deseja assenhorear-se dela, como se fora mera letra de cmbio, enquanto que inmeros aprendizes do Evangelho a invocam, precipitados, qual se fora borboleta erra- dia. Esquecem-se, porm, de que se as necessidades materiais do corpo reclamam esforo pessoal dirio, as necessidades essenci- ais do esprito nunca sero solucionadas pela expectao inope- rante. Admitir a verdade, procur-la e acreditar nela so atitudes pa- ra todos; contudo, reter a f viva constitui a realizao divina dos que trabalharam, porfiaram e sofreram pela adquirir.
  40. 40. 24 Filhos prdigos E caindo em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai tm abundncia de po, e eu aqui pereo de fome! (Lucas, 15:17.) Examinando-se a figura do filho prdigo, toda gente idealiza um homem rico, dissipando possibilidades materiais nos festins do mundo. O quadro, todavia, deve ser ampliado, abrangendo as modali- dades diferentes. Os filhos prdigos no respiram somente onde se encontra o dinheiro em abundncia. Acomodam-se em todos os campos da atividade humana, res- valando de posies diversas. Grandes cientistas da Terra so perdulrios da inteligncia, destilando venenos intelectuais, indignos das concesses de que foram aquinhoados. Artistas preciosos gastam, por vezes, inutil- mente, a imaginao e a sensibilidade, atravs de aventuras mesquinhas, caindo, afinal, nos desvos do relaxamento e do crime. Em toda parte vemos os dissipadores de bens, de saber, de tempo, de sade, de oportunidades... So eles que, contemplando os coraes simples e humildes, em marcha para Deus, possudos de verdadeira confiana, expe- rimentam a enorme angstia da inutilidade e, distantes da paz ntima, exclamam desalentados: Quantos trabalhadores pequeninos guardam o po da tran- qilidade, enquanto a fome de paz me tortura o esprito! O mundo permanece repleto de filhos prdigos e, de hora a hora, milhares de vozes proferem aflitivas exclamaes iguais a esta.
  41. 41. 25 Nas estradas E os que esto junto do caminho so aqueles em quem a palavra semeada; mas, tendo-a eles ouvido, vem lo- go Satans e tira a palavra que neles foi semeada. Jesus. (Marcos, 4:15.) Jesus o nosso caminho permanente para o Divino Amor. Junto dele seguem, esperanosos, todos os espritos de boa- vontade, aderentes sinceros ao roteiro santificador. Dessa via bendita e eterna procedem as sementes da Luz Ce- lestial para os homens comuns. Faz-se imprescindvel muita observao das criaturas, para que o tesouro no lhes passe despercebido. A semente santificante vir sempre, entre as mais variadas circunstncias. Qual ocorre ao vento generoso que espalha, entre as plantas, os princpios de vida, espontaneamente, a bondade invisvel distribui com todos os coraes a oportunidade de acesso senda do amor. Quase sempre a centelha divina aparece nos acontecimentos vulgares de cada dia, num livro, numa particularidade insignifi- cante do trabalho, na prestimosa observao de um amigo. Se o terreno de teu corao vive ocupado por ervas daninhas e se j recebeste o princpio celeste, cultiva-o, com devotamento, abrigando-o nas leiras de tua alma. O verbo humano pode falhar, mas a Palavra do Senhor imperecvel. Aceita-a e cumpre-a, porque, se te furtas ao imperativo da vida eterna, cedo ou tarde o anjo da angstia te visitar o esprito, indicando-te novos rumos.
  42. 42. 26 Trabalhos imediatos Apascentai o rebanho de Deus que est entre vs, tendo cuidado dele, no por fora, mas espontanea- mente, segundo a vontade de Deus; nem por torpe ga- nncia, mas de nimo pronto. (1 Epstola de Pedro, 5:2.) Naturalmente, na pauta das possibilidades justas, ningum dever negar amparo ou assistncia aos companheiros que ace- nam de longe com solicitaes razoveis; entretanto, constitui- nos obrigao atender ao ensinamento de Pedro, quanto aos nossos trabalhos imediatos. H criaturas que se entregam gostosamente volpia da in- quietao por acontecimentos nefastos, planejados pela mente enfermia dos outros e que, provavelmente, nunca sobreviro. Perdem longo tempo receitando frmulas de ao ou desfe- rindo lamentos inteis. A lavoura alheia e as ocorrncias futuras, para serem exami- nadas, exigem sempre grandes qualidades de ponderao. Alm do mais, imprescindvel reconhecer que o problema difcil, ao nosso lado ou a distncia de ns, tem a finalidade de enriquecer-nos a experincia prpria, habilitando-nos soluo dos mais intrincados enigmas do caminho. Eis a razo pela qual a nota de Simo Pedro profunda e oportuna, para todos os tempos e situaes. Atendamos aos imperativos do servio divino que se localiza em nossa paisagem individual, no atravs de constrangimento, mas pela boa-vontade espontnea, fugindo cada vez mais aos nossos interesses particularistas e de nimo firme e pronto para servir ao bem, tanto quanto nos seja possvel. s vezes, razovel preocupar-se o homem com a situao mundial, com a regenerao das coletividades, com as posies e
  43. 43. responsabilidades dos outros, mas no justo esquecermo-nos daquele rebanho de Deus que est entre ns.
  44. 44. 27 Esmagamento do mal E o Deus de paz esmagar em breve a Satans debai- xo dos vossos ps. Paulo. (Romanos, 16:20.) Em toda parte do Planeta se poder reconhecer a luta sem tr- guas, entre o bem e o mal. Manifesta-se o grande conflito, sob as mais diversas formas, e, no turbilho de seus movimentos, muitas almas sensveis, de modo invarivel, conservam-se na atitude de invocao aos gnios tutelares para que estes venham arena combater os inimigos que as atordoam, prostrando-os de vez. Solicitar auxlio ou recorrer lei da cooperao representam atos louvveis do Esprito que identifica a prpria fraqueza, contudo, insistir para que outrem nos substitua no esforo, que somente a ns outros cabe despender, demonstra falsa posio, suscetvel de acentuar-nos as necessidades. Satans, representando o poder do mal, na vida humana, ser esmagado por Deus; todavia, Paulo de Tarso define, com bastan- te clareza, o local da vitria divina. O triunfo supremo verificar- se- sob os ps do homem. Quando a criatura, pela prpria dedicao ao trabalho ilumi- nativo, se entregar ao Pai, sem reservas, efetuando-lhe a vontade sacrossanta, com esquecimento do velho egosmo animal, apre- endendo a grandeza de sua posio de esprito eterno, atingir a vitria sublime. O Senhor Todo-Paternal j se entregou aos filhos terrestres, mas raros filhos se entregaram a Ele. Indispensvel, pois, no esquecer que o mal no ser eliminado, a esmo, e sim debaixo dos ps de cada um de ns.
  45. 45. 28 E os fins? Mas nem todas as coisas edificam. Paulo. (1 Eps- tola aos Corntios, 10:23.) Sempre existiram homens indefinveis que, se no fizeram mal a ningum, igualmente no beneficiaram a pessoa alguma. Examinadas nesse mesmo prisma, as coisas do caminho pre- cisam interpretao sensata, para que se no percam na inutilida- de. lcito ao homem dedicar-se literatura ou aos negcios ho- nestos do mundo e ningum poder contestar o carter louvvel dos que escolhem conscientemente a linha de ao individual no servio til. Entretanto, ser justo conhecer os fins daquele que escreve ou os propsitos de quem negocia. De que valer ao primeiro a produo de longas obras, cheias de lavores verbais e de arroubos tericos, se as suas palavras permanecem vazias de pensamento construtivo para o plano eterno da alma? em que aproveitar ao comerciante a fortuna imensa, conquistada atravs da operosidade e do clculo, quando vive estagnada nos cofres, aguardando os desvarios dos descendentes? Em ambas as situa- es, no se poderia dizer que tais homens cogitavam de realiza- es ilcitas; todavia, perderam tempo precioso, esquecendo que as menores coisas trazem finalidade edificante. O trabalhador cnscio das responsabilidades que lhe compe- tem no se desvia dos caminhos retos. H muita aflio e amargura nas oficinas do aperfeioamento terrestre, porque os seus servidores cuidam, antes de tudo, dos ganhos de ordem material, olvidando os fins a que se destinam. Enquanto isso ocorre, intensificam-se projetos e experimentos, mas falta sempre a edificao justa e necessria.
  46. 46. 29 A vinha E disse-lhes: Ide vs tambm para a vinha e dar-vos- ei o que for justo. E eles foram. (Mateus, 20:4.) Ningum poder pensar numa Terra cheia de beleza e possi- bilidades, mas vogando ao lu na imensidade universal. O Planeta no um barco desgovernado. As coletividades humanas costumam cair em desordem, mas as leis que presidem aos destinos da Casa Terrestre se expressam com absoluta har- monia. Essa verificao nos ajuda a compreender que a Terra a vinha de Jesus. A, vemo-lo trabalhando desde a aurora dos sculos e a assistimos transformao das criaturas, que, de experincia a experincia, se lhe integram no divino amor. A formosa parbola dos servidores envolve conceitos profun- dos. Em essncia, designa o local dos servios humanos e refere- se ao volume de obrigaes que os aprendizes receberam do Mestre Divino. Por enquanto, os homens guardam a iluso de que o orbe po- de ser o tablado de hegemonias raciais ou polticas, mas percebe- ro em tempo o clamoroso engano, porque todos os filhos da razo, corporificados na Crosta da Terra, trazem consigo a tarefa de contribuir para que se efetue um padro de vida mais elevado no recanto em que agem transitoriamente. Onde quer que estejas, recorda que te encontras na Vinha do Cristo. Vives sitiado pela dificuldade e pelo infortnio? Trabalha para o bem geral, mesmo assim, porque o Senhor concedeu a cada cooperador o material conveniente e justo.
  47. 47. 30 Convenes E disse-lhes: O sbado foi feito por causa do homem, e no o homem por causa do sbado. (Marcos, 2:27.) O sbado, nesta passagem evanglica, simboliza as conven- es organizadas para o servio humano. H criaturas que por elas sacrificam todas as possibilidades de elevao espiritual. Quais certos encarregados dos servios pblicos que adiam indefinidamente determinadas providncias de interesse coletivo, em virtude da ausncia de um selo minsculo, pessoas existem que, por bagatelas, abandonam grandes oportunidades de unio com a esfera superior. Ningum ignora o lado til das convenes. Se fossem total- mente imprestveis, o Pai no lhes permitiria a existncia no jogo das circunstncias. So tabelas para a classificao dos esforos de cada um, tbuas que designam o tempo adequado a esse ou quele mister; todavia, transform-las em preceito inex- pugnvel ou em obstculo intransponvel, constitui grave dano tranqilidade comum. A maioria das pessoas atende-as, antes da prpria obedincia a Deus; entretanto, o Altssimo disps todas as organizaes da vida para que ajudem a evoluo e o aprimoramento dos filhos. O prprio Planeta foi edificado por causa do homem. Se o Criador foi a esse extremo de solicitude em favor das criaturas, por que deixarmos de satisfazer-lhe os divinos desg- nios, prendendo-nos s preocupaes inferiores da atividade terrestre? As convenes definem, catalogam, especificam e enumeram, mas no devem tiranizar a existncia. Lembra-te de que foram dispostas no caminho a fim de te servirem. Respeita-as, na feio justa e construtiva; contudo, no as convertas em crcere.
  48. 48. 31 Com caridade Todas as vossas coisas sejam feitas com caridade. Paulo. (1 Epstola aos Corntios, 16:14.) Ainda existe muita gente que no entende outra caridade, alm daquela que se veste de trajes humildes aos sbados ou domingos para repartir algum po com os desfavorecidos da sorte, que aguarda calamidades pblicas para manifestar-se ou que lana apelos comovedores nos cartazes da imprensa. No podemos discutir as intenes louvveis desse ou daque- le grupo de pessoas; contudo, cabe-nos reconhecer que o dom sublime de sublime extenso. Paulo indica que a caridade, expressando amor cristo, deve abranger todas as manifestaes de nossa vida. Estender a mo e distribuir reconforto iniciar a execuo da virtude excelsa. Todas as potncias do esprito, no entanto, devem ajustar-se ao preceito divino, porque h caridade em falar e ouvir, impedir e favorecer, esquecer e recordar. Tempo vir em que a boca, os ouvidos e os ps sero aliados das mos fraternas nos servios do bem supremo. Cada pessoa, como cada coisa, necessita da contribuio da bondade, de modo particular. Homens que dirigem ou que obedecem reclamam-lhe o con- curso santo, a fim de que sejam esclarecidos no departamento da Casa de Deus, em que se encontram. Sem amor sublimado, haver sempre obscuridade, gerando complicaes. Desempenha tuas mnimas tarefas com caridade, desde agora. Se no encontras retribuio espiritual, no domnio do entendi- mento, em sentido imediato, sabes que o Pai acompanha todos os filhos devotadamente. H pedras e espinheiros? Fixa-te em Jesus e passa.
  49. 49. 32 Cadveres Pois onde estiver o cadver, ai se ajuntaro as guias. (Mateus, 24:28.) Apresentando a imagem do cadver e das guias, referia-se o Mestre necessidade dos homens penitentes, que precisam recursos de combate extino das sombras em que se mergu- lham. No se elimina o pntano, atirando-lhe flores. Os corpos apodrecidos no campo atraem corvos que os devo- ram. Essa figura, de alta significao simbolgica, dos mais for- tes apelos do Senhor, conclamando os servidores do Evangelho aos movimentos do trabalho santificante. Em vrios crculos do Cristianismo renascente surgem os que se queixam, desalentados, da ao de perseguidores, obsessores e verdugos visveis e invisveis. Alguns aprendizes se declaram atados influncia deles e confessam-se incapazes de atender aos desgnios de Jesus. Conviria, porm, muita ponderao, antes de afirmativas des- se jaez, que apenas acusam os prprios autores. imprescindvel lembrar sempre que as aves impiedosas se ajuntaro em torno de cadveres ao abandono. Os corvos se aninham noutras regies, quando se alimpa o campo em que permaneciam. Um homem que se afirma invariavelmente infeliz fornece a impresso de que respira num sepulcro; todavia, quando procura renovar o prprio caminho, as aves escuras da tristeza negativa se afastam para mais longe. Luta contra os cadveres de qualquer natureza que se abri- guem em teu mundo interior. Deixa que o divino sol da espiritua-
  50. 50. lidade te penetre, pois, enquanto fores atade de coisas mortas, sers seguido, de perto, pelas guias da destruio.
  51. 51. 33 Trabalhemos tambm E dizendo: Vares, por que fazeis essas coisas? Ns tambm somos homens como vs, sujeitos s mesmas paixes. (Atos, 14:15.) O grito de Paulo e Barnab ainda repercute entre os aprendi- zes fiis. A famlia crist muita vez h desejado perpetuar a iluso dos habitantes de Listra. Os missionrios da Revelao no possuem privilgios ante o esprito de testemunho pessoal no servio. As realizaes que poderamos apontar por graa ou prerrogativa especial, nada mais exprimem seno o profundo esforo deles mesmos, no sentido de aprender e aplicar com Jesus. O Cristo no fundou com a sua doutrina um sistema de deu- ses e devotos, separados entre si; criou vigoroso organismo de transformao espiritual para o bem supremo, destinado a todos os coraes sedentos de luz, amor e verdade. No Evangelho, vemos Madalena arrastando dolorosos enga- nos, Paulo perseguindo ideais salvadores, Pedro negando o Divino Amigo, Marcos em luta com as prprias hesitaes; entretanto, ainda a, contemplamos a filha de Magdala, renovada no caminho redentor, o grande perseguidor convertido em arauto da Boa Nova, o discpulo frgil conduzido glria espiritual e o companheiro vacilante transformado em evangelista da Humani- dade inteira. O Cristianismo fonte bendita de restaurao da alma para Deus. O mal de muitos aprendizes procede da idolatria a que se en- tregam, em derredor dos valorosos expoentes da f viva, que aceitam no sacrifcio a verdadeira frmula de elevao; imagi- nam-nos em tronos de fantasia e rojam-se-lhes aos ps, sentindo-
  52. 52. se confundidos, inaptos e miserveis, esquecendo que o Pai concede a todos os filhos as energias necessrias vitria. Naturalmente, todos devemos amor e respeito aos grandes vultos do caminho cristo; todavia, por isto mesmo, no pode- mos olvidar que Paulo e Pedro, como tantos outros, saram das fraquezas humanas para os dons celestiais e que o Planeta Terre- no uma escola de iluminao, poder e triunfo, sempre que buscamos entender-lhe a grandiosa misso.
  53. 53. 34 Lugar deserto E ele lhes disse: Vinde vs aqui, parte, a um lugar deserto, e repousai um pouco. (Marcos, 6:31.) A exortao de Jesus aos companheiros reveste-se de singular importncia para os discpulos do Evangelho em todos os tem- pos. Indispensvel se torna aprender o caminho do lugar parte em que o Mestre aguarda os aprendizes para o repouso construti- vo em seu amor. No precioso smbolo, temos o santurio ntimo do corao sequioso de luz divina. De modo algum se referia o Senhor to-somente soledade dos stios que favorecem a meditao, onde sempre encontramos sugestes vivas da natureza humana. Reportava-se cmara silenciosa, situada dentro de ns mesmos. Alm disso, no podemos esquecer que o Esprito sedento de unio divina, desde o momento em que se imerge nas correntes do idealismo superior, passa a sentir-se desajustado, em profun- do insulamento no mundo, embora servindo-o, diariamente, consoante os indefectveis desgnios do Alto. No templo secreto da alma, o Cristo espera por ns, a fim de revigorar-nos as foras exaustas. Os homens iniciaram a procura do lugar deserto, recolhen- do-se aos mosteiros ou s paisagens agrestes; todavia, o ensina- mento do Salvador no se fixa no mundo externo. Prepara-te para servir ao Reino Divino, na cidade ou no cam- po, em qualquer estao, e no procures descanso impensada- mente, convicto de que, muita vez, a imobilidade do corpo tortura da alma. Antes de tudo, busca descobrir, em ti mesmo, o lugar parte onde repousars em companhia do Mestre.
  54. 54. 35 O Cristo operante Porque aquele que operou eficazmente em Pedro para o apostolado da circunciso, esse operou tambm em mim com eficcia para com os gentios. Paulo. (Gla- tas, 2:8.) A vaidade humana sempre guardou a pretenso de manter o Cristo nos crculos do sectarismo religioso, mas Jesus prossegue operando em toda parte onde medre o princpio do bem. Dentro de todas as linhas de evoluo terrestre, entre santu- rios e academias, movimentam-se os adventcios inquietos, os falsos crentes e os fanticos infelizes que acendem a fogueira da opinio e sustentam-na. Entre eles, todavia, surgem os homens da f viva, que se convertem nos sagrados veculos do Cristo operante. Simo Pedro centralizou todos os trabalhos do Evangelho nascente, reajustando aspiraes do povo escolhido. Paulo de Tarso foi poderoso m para a renovao da gentili- dade. Atravs de ambos expressava-se o mesmo Mestre, com um s objetivo o aperfeioamento do homem para o Reino Divino. tempo de reconhecer-se a luz dessas eternas verdades. Jesus permanece trabalhando e sua bondade infinita se revela em todos os setores em que o amor esteja erguido conta de supremo ideal. Ningum se prenda ao domnio das queixas injustas, encaran- do os discpulos sinceros e devotados por detentores de privil- gios divinos. Cada aprendiz se esforce por criar no corao a atmosfera propcia s manifestaes do Senhor e de seus emiss- rios. Trabalha, estuda, serve e ajuda sempre, em busca das esfe- ras superiores, e sentirs o Cristo operante ao teu lado, nas relaes de cada dia.
  55. 55. 36 At o fim Mas aquele que perseverar at ao fim ser salvo. Jesus. (Mateus, 24:13.) Aqui no vemos Jesus referir-se a um fim que simbolize tr- mino e, sim, finalidade, ao alvo, ao objetivo. O Evangelho ser pregado aos povos para que as criaturas compreendam e alcancem os fins superiores da vida. Eis por que apenas conseguem quebrar o casulo da condio de animalidade aqueles Espritos encarnados que sabem perseve- rar. Quando o Mestre louvou a persistncia, evidenciava a tarefa rdua dos que procuram as excelncias do caminho espiritual. necessrio apagar as falsas noes de favores gratuitos da Divindade. Ningum se furtar, impune, percentagem de esforo que lhe cabe na obra de aperfeioamento prprio. As portas do Cu permanecem abertas. Nunca foram cerra- das. Todavia, para que o homem se eleve at l, precisa asas de amor e sabedoria. Para isto, concede o Supremo Senhor extensa cpia do material de misericrdia a todas as criaturas, conferin- do, entretanto, a cada um o dever de talh-las. Semelhante tarefa, porm, demanda enorme esforo. A fim de conclu-la, recruta-se a contribuio dos dias e das existncias. Muita gente se desanima e prefere estacionar, sculos a fio, nos labirintos da inferioridade; todavia, os bons trabalhadores sabem perseverar, at atingirem as finalidades divinas do cami- nho terrestre, continuando em trajetria sublime para a perfeio.
  56. 56. 37 Seria intil Respondeu-lhes: J vo-lo disse e no ouvistes; para que o quereis tornar a ouvir? (Joo, 9:27.) muito freqente a preocupao de muitos religiosos, no sentido de transformarem os amigos compulsoriamente, concla- mando-os s suas convices particularistas. Quase sempre se empenham em longas e fastidiosas discusses, em contnuos jogos de palavras, sem uma realizao sadia ou edificante. O corao sinceramente renovado na f, entretanto, jamais procede assim. indispensvel diluir o prurido de superioridade que infesta o sentimento de grande parte dos aprendizes, to logo se deixam conduzir a novos portos de conhecimento, nas revelaes grada- tivas da sabedoria divina, porque os discutidores de ms inclina- es se incumbem de interceptar-lhes a marcha. A resposta do cego de nascena aos judeus argutos e inquiri- dores padro ativo para os discpulos sinceros. Lgico que o seguidor de Jesus no negar um esclarecimen- to acerca do Mestre, mas se j explicou o assunto, se j tentou beneficiar o irmo mais prximo com os valores que o felicitam, sem atingir o alheio entendimento, para que discutir? Se um homem ouviu a verdade e no a compreendeu, fornece evidentes sinais de paralisia espiritual. Ser-lhe- intil, portanto, escutar repeties imediatas, porque ningum enganar o tempo, e o sbio que desafiasse o ignorante rebaixar-se-ia ao ttulo de insensato. No percas, pois, as tuas horas atravs de elucidaes minu- ciosas e repetidas para quem no as pode entender, antes que lhe sobrevenham no caminho o sol e a chuva, o fogo e a gua da experincia.
  57. 57. Tens mil recursos de trabalhar em favor de teu amigo, sem provoc-lo ao teu modo de ser e tua f.
  58. 58. 38 Conta particular Ah! se tu conhecesses tambm, ao menos neste teu dia, o que tua paz pertence! Jesus. (Lucas, 19:42.) A exclamao de Jesus, junto de Jerusalm, aplica-se muito mais ao corao do homem templo vivo do Senhor que cidade de ordem material, destinada runa e desagregao nos setores da experincia. Imaginemos o que seria o mundo, se cada criatura conhecesse o que lhe pertence paz ntima. Em virtude da quase geral desateno a esse imperativo da vida, que os homens se empenham em dolorosos atritos, assu- mindo escabrosos dbitos. Atentemos para a assertiva do Mestre ao menos neste teu dia. Estas palavras convidam-nos a pensar na oportunidade de servio de que dispomos presentemente e a refletir nos sculos que perdemos; compelem-nos a meditar quanto ao ensejo de trabalho, sempre aberto aos espritos diligentes. O homem encarnado dispe dum tempo glorioso que provi- soriamente dele, que lhe foi proporcionado pelo Altssimo em favor de sua prpria renovao. Necessrio que cada um conhea o que lhe toca tranqili- dade individual. Guarde cada homem digna atitude de compreen- so dos deveres prprios e os fantasmas da inquietude estaro afastados. Cuide cada pessoa do que se lhe refira conta particu- lar e dois teros dos problemas sociais do mundo surgiro natu- ralmente resolvidos. Repara as pequeninas exigncias de teu crculo e atende-as, em favor de ti mesmo. No caminhars entre as estrelas, antes de trilhares as sendas humildes que te competem.
  59. 59. 39 Convite ao bem Mas, quando fores convidado, vai. Jesus. (Lucas, 14:10.) Em todas as pocas, o bem constitui a fonte divina, suscetvel de fornecer-nos valores imortais. O homem de reflexo ter observado que todo o perodo in- fantil conjunto de apelos ao sublime manancial. O convite sagrado repetido, anos a fio. Vem atravs dos amorosos pais humanos, dos mentores escolares, da leitura salutar, do sentimento religioso, dos amigos comuns. Entretanto, raras inteligncias atingem a juventude, de aten- o fixa no chamamento elevado. Quase toda gente ouve as requisies da natureza inferior, ol- vidando deveres preciosos. Os apelos, todavia, continuam... Aqui, um livro amigo, revelando a verdade em silncio; ali, um companheiro generoso que insiste em favor das realidades luminosas da vida... A rebeldia, porm, ainda mesmo em plena madureza do ho- mem, costuma rir inconscientemente, passando, todavia, em marcha compulsria, na direo dos desencantos naturais, que lhe impem mais equilibrados pensamentos. No Evangelho de Jesus, o convite ao bem reveste-se de clari- dades eternas. Atendendo-o, poderemos seguir ao encontro de Nosso Pai, sem hesitaes. Se o clarim cristo j te alcanou os ouvidos, aceita-lhe as clarinadas sem vacilar. No esperes pelo aguilho da necessidade. Sob a tormenta, cada vez mais difcil a viso do porto.
  60. 60. A maioria dos nossos irmos na Terra caminha para Deus, sob o ultimato das dores, mas no aguardes pelo aoite de som- bras, quando podes seguir, calmamente, pelas estradas claras do amor.
  61. 61. 40 Em preparao Diz o Senhor: Porei as minhas leis no seu entendimen- to e em seu corao as escreverei; e eu lhes serei por Deus e eles me sero por povo. Paulo. (Hebreus, 8:10.) Traduziremos o Evangelho Em todas as lnguas, Em todas as culturas, Exaltando-lhe a grandeza, Destacando-lhe a sublimidade, Semeando-lhe a poesia, Comentando-lhe a verdade, Interpretando-lhe as lies, Impondo-nos ao raciocnio, Aprimorando o corao E reformando a inteligncia, Renovando leis, Aperfeioando costumes E aclarando caminhos... Mas, vir o momento Em que a Boa Nova deve ser impressa, em ns mesmos, Nos refolhos da mente, Nos recessos do peito, Atravs das palavras e das aes. Dos princpios e ideais, Das aspiraes e das esperanas, Dos gestos e pensamentos. Porque, em verdade,
  62. 62. Se o Cu nos permite espalhar-lhe a Divina Mensagem no mundo, Um dia, exigir nos convertamos Em tradues vivas do Evangelho na Terra.
  63. 63. 41 No futuro E no mais ensinar cada um a seu prximo, nem ca- da um a seu irmo, dizendo: Conhece o Senhor! por- que todos me conhecero, desde o menor deles at ao maior. Paulo. (Hebreus, 8:11.) Quando o homem gravar na prpria alma Os pargrafos luminosos da Divina Lei, O companheiro no repreender o companheiro, O irmo no denunciar outro irmo. O crcere cerrar suas portas, Os tribunais quedaro em silncio. Canhes sero convertidos em arados, Homens de armas volvero sementeira do solo. O dio ser expulso do mundo, As baionetas repousaro, As mquinas no vomitaro chamas para o incndio e para a morte, Mas cuidaro pacificamente do progresso planetrio. A justia ser ultrapassada pelo amor. Os filhos da f no somente sero justos, Mas bons, profundamente bons. A prece constituir-se- de alegria e louvor E as casas de orao estaro consagradas ao trabalho sublime da fraternidade suprema. A pregao da Lei Viver nos atos e pensamentos de todos, Porque o Cordeiro de Deus Ter transformado o corao de cada homem
  64. 64. Em tabernculo de luz eterna, Em que o seu Reino Divino Resplandecer para sempre.
  65. 65. 42 Sempre vivos Ora, Deus no de mortos, mas, sim, de vivos. Por isso, vs errais muito. Jesus. (Marcos, 12:27.) Considerando as convenes estabelecidas em nosso trato com os amigos encarnados, de quando em quando nos referimos vida espiritual utilizando a palavra morte nessa ou naquela sentena de conversao usual. No entanto, imprescindvel entend-la, no por cessao e sim por atividade transformadora da vida. Espiritualmente falando, apenas conhecemos um gnero te- mvel de morte a da conscincia denegrida no mal, torturada de remorso ou paraltica nos despenhadeiros que marginam a estra- da da insensatez e do crime. chegada a poca de reconhecermos que todos somos vivos na Criao Eterna. Em virtude de tardar semelhante conhecimento nos homens, que se verificam grandes erros. Em razo disso, a Igreja Catlica Romana criou, em sua teologia, um cu e um inferno artificiais; diversas coletividades das organizaes evanglicas protestantes apegam-se letra, crentes de que o corpo, vestimenta material do Esprito, ressurgir um dia dos sepulcros, violando os princpios da Natureza, e inmeros espiritistas nos tm como fantasmas de laboratrio ou formas esvoaantes, vagas e areas, errando indefinidamente. Quem passa pela sepultura prossegue trabalhando e, aqui, quanto a, s existe desordem para o desordeiro. Na Crosta da Terra ou alm de seus crculos, permanecemos vivos invariavel- mente. No te esqueas, pois, de que os desencarnados no so ma- gos, nem adivinhos. So irmos que continuam na luta de apri- moramento. Encontramos a morte to-somente nos caminhos do mal, onde as sombras impedem a viso gloriosa da vida.
  66. 66. Guardemos a lio do Evangelho e jamais esqueamos que Nosso Pai Deus dos vivos imortais.
  67. 67. 43 Boas maneiras E assenta-te no ltimo lugar. Jesus. (Lucas, 14:10.) O Mestre, nesta passagem, proporciona inolvidvel ensina- mento de boas maneiras. Certo, a sentena revela contedo altamente simblico, relati- vamente ao banquete paternal da Bondade Divina; todavia, convm deslocarmos o conceito a fim de aplic-lo igualmente ao mecanismo da vida comum. A recomendao do Salvador presta-se a todas as situaes em que nos vejamos convocados a examinar algo de novo, junto aos semelhantes. Algum que penetre uma casa ou participe de uma reunio pela primeira vez, timbrando demonstrar que tudo sabe ou que superior ao ambiente em que se encontra, torna-se intolervel aos circunstantes. Ainda que se trate de agrupamento enganado em suas finali- dades ou intenes, no razovel que o homem esclarecido, a ingressando pela vez primeira, se faa doutrinador austero e exigente, porquanto, para a tarefa de retificar ou reconduzir almas, indispensvel que o trabalhador fiel ao bem inicie o esforo, indo ao encontro dos coraes pelos laos da fraternida- de legtima. Somente assim, conseguir alijar a imperfeio eficazmente, eliminando uma parcela de sombra, cada dia, atravs do servio constante. Sabemos que Jesus foi o grande reformador do mundo, entre- tanto, corrigindo e amando, asseverava que viera ao caminho dos homens para cumprir a Lei. No assaltes os lugares de evidncia por onde passares. E, quando te detiveres com os nossos irmos em alguma parte, no os ofusques com a exposio do quanto j tenhas conquistado nos domnios do amor e da sabedoria. Se te encontras decidido a cooperar pelo bem dos outros, apaga-te, de algum modo, a fim de que o prximo te possa compreender. Impondo normas ou
  68. 68. exibindo poder, nada conseguirs seno estabelecer mais fortes perturbaes.
  69. 69. 44 Curas E curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: chegado a vs o reino de Deus. Jesus. (Lucas, 10:9.) Realmente Jesus curou muitos enfermos e recomendou-os, de modo especial, aos discpulos. Todavia, o Mdico Celestial no se esqueceu de requisitar ao Reino Divino quantos se restauram nas deficincias humanas. No nos interessa apenas a regenerao do veculo em que nos expressamos, mas, acima de tudo, o corretivo espiritual. Que o homem comum se liberte da enfermidade, mas im- prescindvel que entenda o valor da sade. Existe, porm, tanta dificuldade para compreendermos a lio oculta da molstia no corpo, quanta se verifica em assimilarmos o apelo ao trabalho santificante que nos endereado pelo equilbrio orgnico. Permitiria o Senhor a constituio da harmonia celular apenas para que a vontade viciada viesse golpe-la e quebr-la em detrimento do esprito? O enfermo pretender o reajustamento das energias vitais, en- tretanto, cabe-lhe conhecer a prudncia e o valor dos elementos colocados sua disposio na experincia edificante da Terra. H criaturas doentes que lastimam a reteno no leito e cho- ram aflitas, no porque desejem renovar concepes acerca dos sagrados fundamentos da vida, mas por se sentirem impossibili- tadas de prolongar os prprios desatinos. sempre til curar os enfermos, quando haja permisso de ordem superior para isto, contudo, em face de semelhante con- cesso do Altssimo, razovel que o interessado na bno reconsidere as questes que lhe dizem respeito, compreendendo que raiou para seu esprito um novo dia no caminho redentor.
  70. 70. 45 Quando orardes E, quando estiverdes orando, perdoai. Jesus. (Marcos, 11:25.) A sincera atitude da alma na prece no obedece aos movi- mentos mecnicos vulgares. Nas operaes da luta comum, a criatura atende, invariavelmente, aos automatismos da experin- cia material que se modifica de maneira imperceptvel, nos crculos do tempo; todavia, quando se volta a alma aos santu- rios divinos do plano superior, atravs da orao, pe-se a cons- cincia em contacto com o sentido eterno e criador da vida infinita. Examine cada aprendiz as sensaes que experimenta em se colocando na posio de rogativa ao Alto, compreendendo que se lhe faz indispensvel a manuteno da paz interna perante as criaturas e quadros circunstanciais do caminho. A mente que ora permanece em movimentao na esfera invi- svel. As inteligncias encarnadas, ainda mesmo quando se no co- nheam entre si, na pauta das convenes materiais, comunicam- se atravs dos tnues fios do desejo manifestado na orao. Em tais instantes, que devemos consagrar exclusivamente zona mais alta de nossa individualidade, expedimos mensagens, apelos, intenes, projetos e ansiedades que procuram objetivo adequado. digno de lstima todo aquele que se utiliza da oportunidade para dilatar a corrente do mal, consciente ou inconscientemente. por este motivo que Jesus, compreendendo a carncia de homens e mulheres isentos de culpa, lanou este expressivo programa de amor, a benefcio de cada discpulo do Evangelho: E, quando estiverdes orando, perdoai.
  71. 71. 46 Vs, entretanto Mas ns, que somos fortes, devemos suportar as fra- quezas dos fracos, e no agradar a ns mesmos. Paulo. (Romanos, 15:1.) Com que objetivo adquire o homem a noo justa da confian- a em Deus? Para furtar-se luta e viver aguardando o cu? Semelhante atitude no seria compreensvel. O discpulo alcana a luz do conhecimento, a fim de aplic-la ao prprio caminho. Concedeu-lhe Jesus um trao do Cu para que o desenvolva e estenda atravs da terra em que pisa. Receber o sagrado auxlio do Mestre e subtrair-se-lhe ofici- na de redeno testemunhar ignorncia extrema. Dar-se a Cristo trabalhar pelo estabelecimento de seu reino. Os templos terrestres, por ausncia de compreenso da verda- de, permanecem repletos de almas paralticas, que desertaram do servio por anseio de bem-aventurana. Isto pode entender-se nas criaturas que ainda no adquiriram o necessrio senso da realidade, mas vs, os que j sois fortes no conhecimento, no deveis repousar na indiferena ante os impositivos sagrados da luz acesa, pela infinita bondade do Cristo, em vosso mundo ntimo. imprescindvel tome cada um os seus instrumentos de trabalho, na tarefa que lhe cabe, agindo pela vitria do bem, no crculo de pessoas e atividades que o cercam. Muitos espritos doentes, nas falsas preocupaes e na ociosi- dade do mundo, podero alegar ignorncia. Vs, entretanto, no sois fracos, nem pobres da misericrdia do Senhor.
  72. 72. 47 O problema de agradar Se estivesse ainda agradando aos homens, no seria servo do Cristo Paulo. (Glatas, 1:10.) Os sinceros discpulos do Evangelho devem estar muito preo- cupados com os deveres prprios e com a aprovao isolada e tranqila da conscincia, nos trabalhos que foram chamados a executar, cada dia, aprendendo a prescindir