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Dissertação de Mestrado em Medicina Legal
PAPEL DA VARIABILIDADE GENÉTICA NA DEPRESSÃO
EM DOENTES COM PATOLOGIA AUTOIMUNE
ANA MARTA PRAÇA DÂMASO FERREIRA
M 2016
Ana Marta Praça Dâmaso Ferreira
PAPEL DA VARIABILIDADE GENÉTICA NA DEPRESSÃO EM
DOENTES COM PATOLOGIA AUTOIMUNE
Orientador – Professora Doutora Berta Martins da Silva
Categoria – Professora Associada
Afiliação – Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar
da Universidade do Porto
Coorientadores – Mestres Bárbara Guerra Leal e Andreia
Bettencourt
Categoria – MSc
Afiliação – Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar
da Universidade do Porto
Dissertação de Candidatura ao grau de Mestre em Medicina Legal submetida ao
Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar da Universidade do Porto
Agradecimentos
i
Agradecimentos
A finalização desta grande etapa não teria sido possível sem o apoio de várias
pessoas que, direta ou indiretamente, deixaram o seu contributo para que esta se
tornasse possível e às quais não posso deixar de prestar o meu agradecimento.
À Professora Doutora Berta Martins da Silva, pela oportunidade e por todo o
apoio prestado para a realização deste trabalho. Ainda por toda a compreensão,
ensinamentos e tempo disponibilizado. Esta etapa não teria sido possível sem a
presença de uma orientação tão rica em conhecimentos.
À Bárbara um especial agradecimento, devo-lhe tudo aquilo que aprendi ao
longo desta etapa. Quero agradecer não só por toda a ajuda prática e conhecimentos
científicos transmitidos mas também pela paciência e disponibilidade que nunca me
faltaram. Sem este forte apoio, seria impossível a realização deste trabalho.
À Mestre Andreia Bettencourt, pela ajuda prática, disponibilidade e partilha de
conhecimentos. Às Mestres Daniela Boleixa, Sandra Brás e Cláudia Carvalho um
grande obrigada por toda a ajuda prática, todas as dicas e o à vontade que sempre se
dispuseram a transmitir-me. E ainda, à Dona São e Mestre Dina Lopes por
proporcionarem o que diria ser um ambiente perfeito para o que se pretende numa
equipa científica.
À Comissão Científica do Mestrado em Medicina Legal, em especial à Professora
Doutora Maria José Pinto da Costa pela oportunidade em frequentar este ciclo de
estudos. Ainda um agradecimento generalizado a todos os professores que partilharam
uma pequena parte do seu vasto saber e iluminaram ainda mais os meus
conhecimentos.
Aos serviços de Neurologia e Unidade de Imunologia Clínica (UIC) do Hospital
de Santo António – Centro Hospitalar do Porto, por terem aceite participar no presente
estudo e no apoio a nível das amostras.
Às minhas amigas de sempre e para sempre, às minhas Anas, Margaridas e
Alexandras e à minha Inês, agradeço o apoio e a amizade única e insubstituível.
Obrigada por todos os fantásticos momentos que passamos desde a infância até ao
presente, fazendo com que tudo seja muito mais fácil e agradável de se viver.
Agradecimentos
ii
Um especial agradecimento ao Hugo, por ser o meu grande companheiro e o
meu porto de abrigo em todos os momentos, bons e menos bons. Obrigada por me
apresentares àquilo que penso ser o amor e me fazeres crescer tanto enquanto pessoa.
Aos meus irmãos, João e Teresa, que apesar de longe, sinto-os sempre perto,
quero agradecer por todo o apoio nos momentos mais críticos e de maior frustração.
Vocês são e serão sempre um dos maiores pilares da minha vida.
Aos meus pais, por me apoiarem e acreditarem em mim e nas minhas
capacidades incondicionalmente. Por fazerem de mim uma das maiores prioridades das
suas vidas e por me transmitirem os valores certos para que me tornasse tudo aquilo
que sou hoje!
A todos, o meu sincero OBRIGADA!
Resumo
iii
Resumo
As doenças autoimunes são patologias inflamatórias, crónicas, multifatoriais e
de sintomatologia complexa. A Esclerose Múltipla (EM) e a Doença de Behçet (DB) são
exemplos de doenças autoimunes. A depressão é um distúrbio frequente nestas
patologias. De facto, tanto os doentes com EM como com DB apresentam taxas de
prevalência de depressão significativamente mais elevadas, de 54% e 45,5%,
respetivamente, comparativamente à população em geral, 15%. A etiologia da
depressão continua por identificar mas sabe-se que fatores bioquímicos, genéticos e
sociais contribuem para o seu desenvolvimento. Nos últimos anos, diversos estudos têm
demonstrado que os indivíduos deprimidos têm alterações na resposta inflamatória. De
facto, tem sido descrito que estes indivíduos apresentam níveis mais elevados de
citocinas pro-inflamatórias. Sabe-se que estas podem interferir com o funcionamento do
SNC, nomeadamente ao nível da neurotransmissão serotoninérgica, do sistema HPA e
da neurogénese do hipocampo, mecanismos estes envolvidos na patofisiologia da
depressão.
Este estudo visa a contribuir para uma melhor compreensão dos estados
depressivos em doentes com patologia autoimune. Com esse propósito, foi estudado o
papel da variabilidade de moléculas do sistema serotoninérgico (rs6295, 5-HTR1A;
rs6296, 5-HTR1B; rs6313 e rs6314, 5-HTR2A) e de citocinas pro-inflamatórias
(rs1800629, TNFα; rs16944, IL-1β) em doentes com EM e DB. Para isso, foram
estudados 205 doentes com patologia autoimune (158 EM e 47 DB) da Unidade de
Imunologia Clínica do Hospital de Santo António – Centro Hospitalar do Porto. A esta
população foi aplicado o inquérito de saúde Hospital Anxiety and Depression Scale
(HADS) para rastreio da depressão e ansiedade. Cinquenta e cinco doentes com
autoimunidade (41 EM e 14 DB) foram diagnosticados com depressão (HADS≥8). Os
polimorfismos foram genotipados através de diferentes técnicas de Biologia Molecular
(tecnologia Taqman, PCR-RFP e PCR com análise do fragmento), consoante o
apropriado. Como controlo para os estudos genéticos, foi estudado um grupo de 255
indivíduos saudáveis do norte de Portugal.
No grupo de doentes de Behçet observou-se que a frequência do genótipo
rs6295GC apresenta-se diminuída em relação à população controlo [40,4% vs 51,7%,
p=0,027, OR (IC=95%)=0,453 (0,224-0,914)]. A frequência genotípica do rs16944TT
está aumentada nos doentes deprimidos comparativamente aos não deprimidos [16,4%
vs 5,4%, p=0,019, OR (IC 95%)=3,562 (1,238-10,254)]. De facto, a frequência
Resumo
iv
genotípica do rs16944TT está aumentada nos doentes deprimidos com EM assim como
nos DB, mas apenas se observaram resultados estatisticamente significativos em
doentes com EM [17.1% deprimidos vs 5.2% não deprimidos, p=0.039, OR
(CI=95%)=3.561 (1.065-11.910)]. Para os restantes polimorfismos não foram
observadas associações significativas, quer para as doenças autoimunes como para a
depressão.
A nosso conhecimento, este é o primeiro estudo a propor uma associação entre
o gene HTR1A e a DB. O facto de a serotonina ser uma amina imunomodeladora poderá
ser um ponto de partida para investigações futuras. Este estudo também sugere que os
doentes com autoimunidade, particularmente os doentes com EM, portadores do
genótipo rs16944TT possuem maior predisposição para a depressão. Este genótipo
está associado a uma maior expressão da IL-1β levando não só a uma exacerbação de
reações inflamatórias mas também a défices no SNC, particularmente no funcionamento
do sistema serotoninérgico. Estas observações estão de acordo com estudos anteriores
e são de especial relevância em indivíduos com patologias autoimunes. Por essa razão,
estudos em coortes mais alargadas são necessários.
Estes estudos podem ter importância em aspetos médico-legais, nomeadamente
na prevenção do suicídio. Estima-se que 60% das mortes por suicídio ocorre em
consequência de distúrbios depressivos.
Palavras-chave: Depressão; Autoimunidade; Inflamação; Citocinas; Serotonina;
Polimorfismos.
Abstract
v
Abstract
Autoimmune diseases are multifactorial, chronic and inflammatory pathologies
with a complex symptomatology. Multiple Sclerosis (MS) and Behçet’s Disease (BD) are
examples of autoimmune diseases. Depression is a frequent condition in these
pathologies. Indeed, both patients affected by MS as BD have significantly higher
prevalence rates of depression, 54% and 45,5%, respectively, when compared to the
general population, 15%. Depression is of unknown ethiology but biochemical, genetic
and social factors are known to contribute to its development. In recent years, several
studies have demonstrated that depressed individuals have changes in the inflammatory
response. Indeed, it has been reported that these individuals present higher levels of
pro-inflammatory cytokines. It is known that these may interfere with SNC functioning,
particularly regarding to serotonergic neurotransmission, HPA system and hippocampal
neurogenesis, the mechanisms are involved in the pathophysiology of depression.
The study aims to contribute to better understanding of depressive states
in patients with autoimmunity. With that purpose the role of genetic variability in
serotonergic system molecules (rs6295, 5-HTR1A; rs6296, 5-HTR1B; rs6313 and
rs6314, 5-HTR2A) and in pro-inflammatory cytokines (rs1800629, TNFA; rs16944, IL-
1B) was studied in patients with Multiple Sclerosis (MS) and Behçet Disease (BD). For
that, 205 patients with an autoimmune pathology (158 MS and 47 BD) from the outpatient
clinic of Clinical Immunology Unit of Hospital de Santo António – Centro Hospitalar do
Porto, were studied. The health survey Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS)
was applied for screening of depression and anxiety. Fifty five patients with autoimmunity
(41 MS and 14 BD) were diagnosed with depression (HADS≥8). The polymorphisms
were genotyped by different Molecular Biology techniques (Taqman assay, PCR-RFLP
and PCR product Sizing), as appropriated. A group of 255 healthy individuals from the
north of Portugal were studied as control for genetic studies.
It was observed that, the frequency of rs6295GC genotype is lower in the
Behçet’s patients comparing to controls [40,4% vs 51,7%, p=0,027, OR (CI=95%)=0,453
(0,224-0,914)]. The genotypic frequency of rs16944TT is increased in depressed
patients comparing to those non-depressed [16,4% vs 5,4%, p=0,019, OR
(CI=95%)=3,562 (1,238-10,254)]. In fact, the rs16944TT frequency is higher in both MS
and DB depressed patients, but statistically significant results are only observed for MS
[17,1% depressed vs 5,2% non-depressed, p=0,039, OR (CI=95%)=3,561 (1,065-
Abstract
vi
11,910)]. Neither in autoimmune diseases or in depression, significant associations with
the other polymorphisms studied were observed.
To the best of our knowledge, this is the first study suggesting an association
between HTR1A gene and BD. The fact that serotonin is an immunomodulatory amine
may be a starting point for further researches. This study also suggests that patients with
autoimmunity, particularly MS patients, carrying the rs16944TT genotype have higher
predisposition to depression. This genotype is associated with higher IL-1b levels leading
not only to exacerbation of inflammatory reactions but also to impairments in SNC,
particularly in serotonergic system functioning. These observations are in line with
previous studies and may be especially relevant in individuals with autoimmune
diseases. For that reason, studies in larger cohorts are warranted.
These studies may have relevance in medical-legal concerns, particularly in the
suicide’s prevention. It is estimated that 60% of suicide deaths occur as a result of
depressive disorders.
Keywords: Depression; Autoimmunity; Inflammation; Cytokines; Serotonin;
Polymorphisms.
Índice Geral
vii
Índice Geral
Agradecimentos ............................................................................................................. i
Resumo ........................................................................................................................ iii
Abstract ........................................................................................................................ v
Índice Geral ................................................................................................................. vii
Índice de Figuras ..........................................................................................................ix
Índice de Tabelas .........................................................................................................xi
Abreviaturas e símbolos ............................................................................................. xiii
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1
1.1. Sistema Imune .................................................................................................. 2
1.2.Esclerose Múltipla ............................................................................................... 3
1.2.1. Etiologia ....................................................................................................... 4
1.2.1.1. Fatores genéticos .............................................................................. 6
1.2.1.2. Fatores ambientais ............................................................................. 7
1.2.2. Manifestações clínicas ................................................................................. 8
1.2.3. Formas de Esclerose Múltipla ...................................................................... 9
1.3.Doença de Behçet ............................................................................................... 9
1.3.1. Etiologia ..................................................................................................... 10
1.3.2.1. Fatores genéticos ............................................................................ 11
1.3.2.2. Fatores ambientais ........................................................................... 12
1.3.2. Manifestações clínicas ............................................................................... 12
1.4.Depressão e autoimunidade .............................................................................. 13
1.5.Depressão ......................................................................................................... 14
1.5.1. Etiologia ..................................................................................................... 16
1.5.1.1. Fatores bioquímicos .......................................................................... 16
1.5.1.1.1. Hipótese monoaminérgica ........................................................ 17
1.5.1.1.2. Hipótese das citocinas .............................................................. 19
1.5.1.1.3. Hipótese neurogénica ............................................................... 20
1.5.1.2. Stress ................................................................................................ 21
1.5.1.3. Fatores genéticos .............................................................................. 22
1.5.1.3.1. Genes recetores de serotonina ................................................. 23
1.5.1.3.1.1. Recetor de serotonina 1A, 5-HTR1A ................................ 23
1.5.1.3.1.2. Recetor de serotonina 1B, 5-HTR1B ............................... 24
Índice Geral
viii
1.5.1.3.1.3. Recetor de serotonina 2A, 5-HTR2A ................................ 25
1.5.1.3.2. Genes citocinas ........................................................................ 26
1.5.1.3.2.1. Fator de Necrose Tumoral alfa, TNF-α ............................. 26
1.5.1.3.2.2. Interleucina 1 beta, IL-1β ................................................. 27
1.5.1.4. Depressão e as doenças crónicas ..................................................... 28
OBJETIVOS ............................................................................................................... 32
MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................... 34
3.1.População em estudo ........................................................................................ 36
3.2.Métodos ............................................................................................................ 37
3.2.1. Amostras biológicas ............................................................................... 37
3.2.1.1. Extração do DNA .......................................................................... 37
3.2.1.2. Quantificação do DNA .................................................................. 38
3.2.2. Estudos genéticos ................................................................................. 39
3.2.2.1. Estudos de associação ................................................................. 39
3.2.2.2. Variações genéticas ...................................................................... 39
3.2.3. Técnicas aplicadas ................................................................................ 39
3.2.3.1. PCR-RFLP .................................................................................... 41
3.2.3.2. PCR em tempo real ...................................................................... 45
3.2.4. Análise estatística .................................................................................. 49
RESULTADOS ........................................................................................................... 50
4.1.Caraterísticas dos doentes autoimunes ............................................................. 52
4.2.Análise genética ................................................................................................ 53
4.2.1. Suscetibilidade para a doença autoimune ............................................. 53
4.2.2. Suscetibilidade para a depressão .......................................................... 56
DISCUSSÃO .............................................................................................................. 60
CONCLUSÕES E PERSPETIVAS FUTURAS ............................................................ 68
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................... 72
Índice de Figuras
ix
Índice de Figuras
Figura 1: Tolerância central e tolerância periférica ........................................................ 2
Figura 2: Prevalência da Esclerose Múltipla em todo o mundo……………………………4
Figura 3: Patofisiologia da EM. ..................................................................................... 5
Figura 4: Prevalência da DB em todo o mundo, por 100 000 habitantes. .................... 10
Figura 5: Patofisiologia da DB. .................................................................................... 10
Figura 6: Sinapse química .......................................................................................... 16
Figura 7: Sinalização serotoninérgica ......................................................................... 18
Figura 8: Local de ação dos antidepressivos .............................................................. 19
Figura 9: Mecanismos envolvidos na exacerbação de citocinas pro-inflamatórias ...... 20
Figura 10: Passos da PCR.......................................................................................... 40
Figura 11: Procedimento da técnica PCR-RFLP. ........................................................ 41
Figura 12: (A) Genótipos do polimorfismo rs1800629 obtidos por PCR-RFLP com
utilização da enzima NcoI. (B) Genótipos do polimorfismo rs6313 obtidos por PCR-RFLP
com utilização da enzima MspI. .................................................................................. 45
Figura 13: Mecanismo da PCR em tempo real com a tecnologia Taqman para a
genotipagem.. ............................................................................................................. 46
x
Índice de Tabelas
xi
Índice de Tabelas
Tabela 1: Principais manifestações clínicas da esclerose ............................................. 8
Tabela 2: Principais manifestações clínicas da doença de Behçet.............................. 13
Tabela 3: Critérios de diagnóstico para a depressão, segundo o DSM-V, Diagnostic and
Statistical Manual of Mental Disorders, 5ª Edição. ...................................................... 14
Tabela 4: Sequências de primers utilizadas para a análise dos polimorfismos rs1800629
e do rs6313. ................................................................................................................ 42
Tabela 5: Protocolo PCR – Reagentes e respetivas concentrações utilizados para
amplificação do gene TNF-α. ...................................................................................... 42
Tabela 6: Protocolo PCR – Reagentes e respetivas concentrações utilizados para
amplificação do gene HTR2A. .................................................................................... 43
Tabela 7: Perfil térmico da PCR para amplificação do gene TNF-α. ........................... 43
Tabela 8: Perfil térmico da PCR para amplificação do gene HTR2A. .......................... 43
Tabela 9: Local de corte das enzimas de restrição NcoI e MspI, utilizadas na análise dos
polimorfismos rs1800629 e rs6313, respetivamente. .................................................. 44
Tabela 10: Protocolo digestão enzimática com a enzima NcoI. .................................. 44
Tabela 11: Protocolo digestão enzimática com a enzima MspI. .................................. 44
Tabela 12: Reagentes e respetivas concentrações utilizadas na PCR para análise dos
polimorfismos rs16944 e rs6314. ................................................................................ 47
Tabela 13: Perfil térmico utilizado para a análise do polimorfismo rs16944. ............... 47
Tabela 14: Perfil térmico utilizado para a análise do polimorfismo rs6314. ................. 47
Tabela 15: Reagentes e respetivas concentrações utilizadas na PCR para análise dos
polimorfismos rs6295 e rs6296. .................................................................................. 48
Tabela 16: Sequências de primers e sondas utilizadas para análise dos polimorfismos
rs6295 e rs6296. ......................................................................................................... 48
Tabela 17: Perfil térmico utilizado para a análise do polimorfismo rs6295. ................. 48
Tabela 18: Perfil térmico utilizado para a análise do polimorfismo rs6296. ................. 49
Tabela 19: Caraterísticas demográficas e clínicas das populações estudadas. .......... 52
Tabela 20: Frequências genotípicas dos polimorfismos nos genes recetores da
serotonina (HTR1A, HTR1B e HTR2A), na população controlo e na população de
doentes. ...................................................................................................................... 54
Tabela 21: Frequências genotípicas dos polimorfismos nos genes recetores da
serotonina (HTR1A, HTR1B e HTR2A) na população controlo e na população de
doentes com esclerose múltipla. ................................................................................. 54
Índice de Tabelas
xii
Tabela 22: Frequências genotípicas dos polimorfismos nos genes recetores da
serotonina (HTR1A, HTR1B e HTR2A) na população controlo e na população de
doentes com a doença de Behçet. .............................................................................. 55
Tabela 23: Frequências genotípicas dos polimorfismos nos genes citocina (TNF-α e IL-
1β), na população controlo e na população de doentes. ............................................. 55
Tabela 24: Frequências genotípicas dos polimorfismos nos genes citocina (TNF-α e IL-
1β) na população controlo e na população de doentes com esclerose múltipla. ......... 56
Tabela 25: Frequências genotípicas dos polimorfismos nos genes citocina (TNF-α e IL-
1β) na população controlo e na população de doentes com doença de Behçet. ......... 56
Tabela 26: Frequências genotípicas dos polimorfismos nos genes recetores da
serotonina (HTR1A, HTR1B e HTR2A) na população de doentes com e sem depressão.
................................................................................................................................... 57
Tabela 27: Frequências genotípicas dos polimorfismos nos genes recetores da
serotonina (HTR1A, HTR1B e HTR2A) na população de doentes com esclerose múltipla
deprimidos e não deprimidos. ..................................................................................... 57
Tabela 28: Frequências genotípicas dos polimorfismos nos genes recetores da
serotonina (HTR1A, HTR1B e HTR2A) na população de doentes com doença de Behçet
deprimidos e não deprimidos. ..................................................................................... 58
Tabela 29: Frequências genotípicas dos polimorfismos nos genes citocina (TNF-α e IL-
1β) na população de doentes com e sem depressão. ................................................. 58
Tabela 30: Frequências genotípicas dos polimorfismos nos genes citocina (TNF-α e IL-
1β) na população de doentes com esclerose múltipla deprimidos e não deprimidos. . 59
Tabela 31: Frequências genotípicas dos polimorfismos nos genes citocina (TNF-α e IL-
1β) na população de doentes com doença de Behçet deprimidos e não deprimidos. . 59
xiii
Abreviaturas e símbolos
5-HT – 5-hydroxytryptamine
5-HTR – 5-hydroxytryptamine receptor
ºC – graus Celsius
≥ - maior ou igual
< - menor
µL – microlitros
µM – micromolar
α – alfa
β – beta
γδ – gama/delta
A – Absorvância
ACTH – Adrenocorticotropic hormone
BDNF – Brain-derived Neurotrophic
Factor
BHE – Barreira Hematoencefálica
CD4+ - Cluster of Differentiation 4
COMT – Catechol-O-methyltransferase
CRH – Corticotropin-releasing Hormone
CSF – Cerebrospinal Fluid
DB – doença de Behçet
ddH2O – água bidestilada
DNA – Deoxyribonucleic Acid
dNTPs – Deoxynucleoside
Triphosphates
DSM-V – Diagnostical Statistical Manual
of Mental Disorders, 5th edition
EBV – vírus Epstein-Barr
EDSS – Extanded Disability Status
Scale
EDTA – Ethylenediamine Tetraacetic
Acid
EM – Esclerose Múltipla
EMER – Esclerose Múltipla
Exacerbação Remissão
EMSP – Esclerose Múltipla
Secundariamente Progressiva
EMPP – Esclerose Múltipla
Primariamente Progressiva
G – Gramas
GR – Glicocorticoides Receptors
HADS – Hospital Anxiety and
Depression Scale
HCl – Hydrochloric acid
HFE – Human hemachromatosis
HLA – Human Leucocyte Antigen
HPA – Hypothalamic–Pituitary–Adrenal
IL – Interleukin
IDO – Indoleamine 2,3-dioxygenase IFN – Interferon
LES – Lúpus Eritemoso Sistémico
Abreviaturas e símbolos
xiv
LHPP – Phospholysine
Phosphohistidine Inorganic
Pyrophosphate Phosphatase
M – Molar
MAO-A – Monoamine Oxidase A
MgCl2 – Magnesium Chloride
MHC – Major Histocompability Complex
mL – Mililitros
mM – Milimolar
MMPs – Matrix Metalloproteinases
MR –mineralocorticoides receptors
NaCl – Sodium Chloride
ng – Nanograma
nm - Nanómetro
NURD – Nuclear DEAF-1-related
OR – Odds Ratio
OMS – Organização Mundial de Saúde
p – p value
pb – pares de base
PC – População Controlo
PCR – Polymerase Chain Reaction
PTPN22 – Protein Tyrosine
Phosphatase Non-receptor type 22
RCLB – Red Cell Lysis Buffer
RFLP – Restriction Fragment Lenght
Polymorphism
RNA – Ribonucleic Acid
SDS – Sodium Dodecyl Sulfate
SNC – Sistema Nervoso Central
SMP – Sistema Nervoso Periférico
SNP – Single Nucleotide Polymorphism
SPSS – Statistical Package for the
Social Sciences
STRs – Short Tandem Repeats
Taq – Thermus aquaticus
TE – Tris-EDTA
TE2 – Tris-EDTA 2
TDO – Tryptophan 2,3-dioxygenase
TNF – Tumour Necrosis Factor
TPH – Triptophan Hidroxilase
TRYCATs – Tryptophan Catabolites
U – Unidade
VNTR – Variable Number of Tandem
Repeats
vs - versus
Introdução
Introdução
2
I. INTRODUÇÃO
1.1. Sistema Imune
O sistema imune é um sistema complexo de defesa contra agentes patogénicos
e células alteradas (Kindt, Osborne, Goldsby, & Kuby, 2007), tendo por base o
reconhecimento de características estruturais que os distinguem das células saudáveis
do hospedeiro. A regulação da resposta imune tem um papel importante para que não
ocorram danos excessivos nos tecidos. Mas, tal como em todos os sistemas biológicos,
podem ocorrer desregulações que culminam no desenvolvimento de alergias ou de
doenças auto-imunes (Abbas et al., 2014).
A autotolerância representa um dos
mecanismos de regulação do sistema imune
e permite a prevenção de reações
inapropriadas contra autoantigénios. Ao
nível do timo, são deletadas células T com
elevada afinidade para autoantigénios num
processo denominado por tolerância central.
Algumas células T CD4+ com baixa afinidade
para os autoantigénios, escapam ao controlo
tímico para a circulação. Perante esta
situação a regulação é controlada pelo
mecanismo de tolerância periférica, em que
a supressão de linfócitos T autorreativos
está ao encargo das células T reguladoras
(figura 1) (Abbas et al., 2014).
A ocorrência de falhas nos mecanismos de controlo leva a que os linfócitos T
autorreativos possam ser ativados na periferia, na presença de antigénios
(nomeadamente virais) de composição semelhante às das proteínas humanas, levando
à resposta autoimune. É neste pressuposto que se baseia a teoria do mimetismo
molecular, que poderá justificar a patofisiologia de inúmeras doenças autoimunes,
nomeadamente da Esclerose Múltipla e da Doença de Behçet (Al-Omaishi, Bashir, &
Gendelman, 1999; Kindt et al., 2007; Verity, Marr, Ohno, Wallace, & Stanford, 1999).
Assim, a doença autoimune é a expressão das respostas imunes contra células
ou tecidos do próprio organismo. São patologias multifatoriais uma vez que a exposição
de indivíduos geneticamente suscetíveis a fatores ambientais de risco pode levar a uma
Figura 1: Tolerância central e tolerância periférica (Abbas, Lichtman, & Pillai, 2014).
Introdução
3
exacerbação da atividade imunológica, desencadeando o início e a progressão da
doença autoimune (Cho & Feldman, 2015). As doenças autoimunes dividem-se em dois
grupos: (i) doenças específicas de órgãos, em que órgãos específicos são atacados
pelo sistema imunitário; (ii) doenças sistémicas, podendo estas afetar qualquer parte do
organismo e diversos sistemas em simultâneo (Abbas et al., 2014). A Esclerose Múltipla
e a Doença de Behçet, que vão ser abordadas neste trabalho, são exemplos de doenças
autoimunes.
1.2. Esclerose Múltipla
A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença inflamatória crónica, desmielinizante e
degenerativa, que afeta o sistema nervoso central (SNC). Tem como principal
caraterística o aparecimento de lesões de natureza inflamatória, consequentes da
destruição da mielina, na substância branca encefálica e medular. Dado que a mielina
tem a função de isolar as fibras nervosas, considera-se essencial na eficácia da
sinalização e transmissão neuronal. Assim, a sua destruição culmina em inúmeras
deficiências neurológicas.
A EM é uma das principais causas de incapacidade na população adulta jovem.
A EM incide principalmente em adultos jovens entre os 20 e os 40 anos (Hauser &
Oksenberg, 2006; Nielsen & Stenager, 2016), apresentando maior prevalência em
mulheres do que em homens (D. H. Miller, Fazekas, Montalban, Reingold, & Trojano,
2014). Estima-se que cerca de 2 300 000 de pessoas são afetadas pela doença em todo
o mundo. Em Portugal, um estudo realizado no distrito de Santarém reportou uma
prevalência de 46,3/100 000 habitantes, estimando que 5000 portugueses sejam
afetados pela EM (De Sa et al., 2006). A incidência e prevalência da EM tem vindo a
aumentar em todo o mundo. Facto este que poderá estar associado às alterações nos
critérios de diagnóstico, ao melhoramento da identificação de casos menos severos e
ao aumento da taxa de sobrevivência por parte destes doentes (Lund, Nakken, Edland,
& Celius, 2014).
Introdução
4
Estudos epidemiológicos descrevem que em determinadas zonas do mundo, o
risco de desenvolver EM é mais elevado do que em outras zonas: a Europa do Norte e
a América do Norte possuem maior risco do que a Europa do Sul, a Oceânia e a América
do Sul que, por sua vez, têm um maior risco do que a Ásia ou África, onde esta doença
é muito rara (figura 2). Estes dados sugerem que a prevalência da EM aumenta com a
latitude (Kingwell et al., 2013; Kurtzke, 2000; Leray, Moreau, Fromont, & Edan, 2016).
Os indivíduos afetados pela EM possuem uma probabilidade superior de
desenvolver comorbidades tais como fadiga, depressão, ansiedade, distúrbios
bipolares, epilepsia, fibromialgia, doença inflamatória do intestino, doença cardíaca
isquémica e doença pulmonar crónica (Marrie et al., 2016).
1.2.1. Etiologia
A transmissão de informação entre o SNC, sistema nervoso periférico (SNP) e
restantes estruturas dá-se através de impulsos elétricos ao longo dos neurónios. Os
axónios são revestidos pela mielina, composta por uma membrana de bicamada lipídica
e produzida por oligodendrócitos no SNC e por células de Schwann no SNP. A mielina
é assim essencial para a eficácia na sinalização e transmissão neuronal, aumentando a
velocidade de transmissão do impulso nervoso e evitando perdas energéticas
significativas. O desenvolvimento e progressão da esclerose múltipla envolve respostas
Figura 2: Prevalência da Esclerose Múltipla em todo o mundo, por 100 000 habitantes (Marrie, 2004).
Introdução
5
imunológicas contra as proteínas da mielina. Apesar de os eventos imunológicos por
detrás das manifestações clínicas desta patologia serem conhecidos, ainda não se sabe
o que leva ao despoletar dos mesmos.
Indivíduos afetados pela EM possuem linfócitos T autorreativos na periferia que,
após ativação, conseguem atravessar a barreira hemato-encefálica (BHE), penetrando
no SNC. Esta migração é mediada por quimiocinas e seus recetores, moléculas de
adesão e enzimas (Holmoy, 2007). Uma vez no SNC, os linfócitos T são reativados por
células de microglia, macrófagos e células B que expressam antigénios de mielina,
apresentados no contexto das moléculas HLA. Os linfócitos T CD4+ reativados libertam
citocinas e metaloproteinases de matriz (MMPs), que comprometem ainda mais a BHE.
Como consequência, ocorre o aumento da migração de linfócitos T helper ativados na
periferia. Simultaneamente, são libertadas citocinas pro-inflamatórias pelos linfócitos T,
responsáveis pela destruição da mielina (Lassmann, 2005) (figura 3). Embora a etiologia
da EM continue por desvendar, há um consenso entre a comunidade científica
considerando-a uma doença complexa que envolve fatores imunológicos, genéticos e
ambientais.
Figura 3: Patofisiologia da EM (Adaptada de: http://www.revitallebrasil.com.br/gerenciador/wp-
content/uploads/2011/06/Fisiopatologia-da-Esclerose-M%C3%BAltipla-Foco-nos-Linf%C3%B3citos.jpg; Acedida a: 30/05/2016).
Introdução
6
1.2.1.1. Fatores genéticos
Estudos de suscetibilidade familiar mostram que 15% dos doentes EM têm um
familiar afetado por esta doença (Al-Omaishi et al., 1999). Estudos de gémeos
monozigóticos e dizigóticos permitem observar que a taxa de concordância é de 20-30%
e de 5%, respetivamente. Estas observações sugerem que a componente hereditária é
um fator de risco importante para o desenvolvimento da EM (Compston & Coles, 2008).
Mais de 50 polimorfismos genéticos foram identificados como associados com a
doença (Sawcer et al., 2011). Os genes mais relevantes associados à EM encontram-
se no complexo principal de histocompatibilidade (MHC – Major Histocompatibility
Complex). A função das moléculas do MHC é ligar os fragmentos peptídicos derivados
do antigénio à superfície celular para reconhecimento através de células T. A
denominação para o MHC humano é o sistema antigénio leucocitário humano (HLA). O
fator genético mais fortemente associado ao risco de desenvolver EM é o locus HLA-
DRB1 localizado no cromossoma 6p21.3, na região da classe II do sistema HLA,
especificamente o alelo DRB1*1501 (Hauser & Oksenberg, 2006). Um estudo de
associação numa população portuguesa confirmou que o alelo HLA-DRB1*15 é o
principal marcador genético de suscetibilidade para a doença nesta população
(Bettencourt, Martins da Silva, Pinho, & Martins Silva, 2012). No mesmo estudo,
observou-se ainda que a presença dos alelos HLA-A*02 e -238A do gene TNF-α diminui
o risco de desenvolver EM, e que a presença da variante C282Y do gene HFE (High
Iron Fe, human hemachromatosis) parece conferir um pior prognóstico. Por outro lado,
o alelo HLA-DRB1*15 e o alelo 1858T do PTPN22 (Protein Tyrosine Phosphatase Non-
receptor type 22) estão associados, na população portuguesa, a um curso benigno da
doença (Bettencourt et al., 2012).
Outros polimorfismos localizados fora do sistema HLA estão associados à EM.
Entre eles, a associação que se revelou mais significativa foi em polimorfismos em
genes que codificam para as cadeias α do recetor da interleucina 2 (IL2Rα 10p15) e do
recetor da interleucina 7 (IL7Rα 5p13) (Hafler et al., 2007). A IL2Rα tem sido descrita
como implicada na patofisiologia de outras doenças autoimunes como a diabetes tipo 1
e a doença de Grave (Brand et al., 2007). Os polimorfismos rs12722489 e rs2104286
no intrão 1 do gene IL2Rα, que codifica a proteína CD25, estão em desequilíbrio de
ligação e foram associados à EM (Hafler et al., 2007). Está descrito que as células T
reguladoras, que expressam as proteínas CD4 e CD25, apresentam perda de função
em inúmeras doenças autoimunes, incluindo a EM (Viglietta, Baecher-Allan, Weiner, &
Hafler, 2004). O polimorfismo rs6897932, localizado no exão 6 do gene IL7Rα, que
Introdução
7
codifica a proteína CD127, também apresenta uma associação significativa com a EM
(Hafler et al., 2007). A IL-7 é importante para a homeostase das células T de memória
e na geração de células T autorreativas. A IL7R é também crítica no desenvolvimento
das células T γδ (gama/delta), que estão entre as primeiras células T observadas nas
lesões inflamatórias dos doentes com EM (Wucherpfennig et al., 1992). Apesar da
significância, o risco relativo é baixo para estas associações e nenhuma é tão
significativa como a associação com genes da região HLA.
1.2.1.2. Fatores ambientais
Os fatores ambientais de risco possuem um papel fundamental para o
desenvolvimento da EM. Ao longo dos anos, muitos foram os estudados e sugeridos,
nos quais se incluem os níveis de vitamina D, as infeções virais e o tabagismo (Watad
et al., 2016).
A deficiência nos níveis séricos de vitamina D foi previamente associada a
inúmeras doenças autoimunes, incluindo a EM (Ascherio, Munger, & Simon, 2010). A
vitamina D existente no corpo humano é predominantemente sintetizada através da
exposição à luz solar. Logo, o tempo de exposição solar poderá ser um fator ambiental
de risco para o desenvolvimento da EM (Hanwell & Banwell, 2011).
A exposição solar é particularmente relevante no período de gestação, na
infância e na adolescência. Existe uma maior frequência da doença em indivíduos
nascidos na primavera relativamente aos nascidos nos meses de outono, uma vez que
o período gestacional ocorre nos meses de inverno e de verão, respetivamente (Willer
et al., 2005). Verificou-se que populações que migram de áreas de alto risco para áreas
de baixo risco após a adolescência, mantêm o risco elevado para desenvolver esta
doença, enquanto indivíduos que migram antes e durante a adolescência, parecem ter
um risco de desenvolver EM associado à nova área de migração (Compston & Coles,
2008).
A associação entre a carência de vitamina D e o desenvolvimento de doenças
autoimunes é explicado pelo seu papel imunomodelador, conferindo ao sistema imune
um menor estado pro-inflamatório.
Tem também sido reportado que a infeção pelo vírus Epstein-Barr (EBV) em
adultos jovens aumenta em três vezes mais o risco de desenvolver EM (Levin et al.,
2005). O EBV tem tropismo para as células B alterando o seu metabolismo, a produção
de proteínas e o seu ciclo de vida celular, estabelecendo assim a life long latency no
Introdução
8
sistema imune. Existe um potencial mimetismo entre determinadas moléculas do EBV
e epítopos específicos da proteína de mielina. Assim, os linfócitos específicos para EBV
podem reconhecer antigénios da mielina, desencadeando a resposta autoimune
(Compston & Coles, 2008).
Vários estudos reportam que o tabagismo aumenta 1,5x o risco relativo de
desenvolver EM (Riise, Nortvedt, & Ascherio, 2003), sendo ainda considerado um fator
de risco para a progressão da doença (Hernan, Olek, & Ascherio, 2001). Isto deve-se
ao facto do fumo do cigarro possuir componentes, tais como a nicotina e o cianeto, que
provocam efeitos modulatórios no sistema imune e na permeabilidade da BHE bem
como outros efeitos tóxicos no SNC (Hernan et al., 2001).
1.2.2. Manifestações clínicas
As manifestações clínicas na EM resultam da interrupção do sinal e da
transmissão do fluxo nervoso, devido ao dano ou destruição da mielina (Hauser &
Oksenberg, 2006). Após a destruição da mielina, pode ocorrer um processo de
remielinização, parcial ou completo. Quando a remielinização é eficaz, o doente
consegue recuperar as suas funções. Não sendo este processo eficaz, cada um desses
processos deixa uma cicatriz, chamada de placa. Essas placas vão-se acumulando no
cérebro e causando incapacidade, consoante o sítio onde se localizam. Assim, apesar
das manifestações clínicas na EM variarem muito de indivíduo para indivíduo, alguns
sintomas podem ocorrer com frequência e outros raramente se manifestam (SPEM,
Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla).
Tabela 1: Principais manifestações clínicas da esclerose (Compston & Coles, 2008; Hauser & Oksenberg, 2006).
Introdução
9
1.2.3. Formas de Esclerose Múltipla
O padrão de sintomas manifestado por cada doente leva a classificar a doença
em 3 subtipos: EM exacerbação remissão (surto/remissão) (EMER), EM secundária
progressiva (EMSP) e EM primária progressiva (EMPP). Os doentes EMER apresentam
surtos, nos quais aparecem novos sintomas ou se agravam os já existentes, com
subsequente remissão com recuperação total ou parcial. Os doentes EMSP evoluem da
forma EMER, mas desenvolvem défices neurológicos significativos que aumentam com
o curso da doença. Os doentes EMPP têm uma progressão lenta e contínua dos défices
neurológicos desde o início, sem surtos, remissão ou recuperação. Existe ainda uma
forma de EM benigna que se carateriza pela ocorrência de um ou dois surtos durante a
vida do indivíduo, com recuperação total da incapacidade provocada, até 10 a 15 anos
após a manifestação dos primeiros sintomas (Hafler et al., 2007).
1.3. Doença de Behçet
A Doença de Behçet (DB) é uma vasculite sistémica dos pequenos e grandes
vasos com capacidade de afetar ambas as circulações (venosa e arterial). Carateriza-
se principalmente por úlceras orais recorrentes, úlceras genitais e inflamação ocular,
mas pode também afetar as articulações, a pele, o trato gastrointestinal e, em casos
mais severos, o SNC (Marshall, 2004; Mat, Yurdakul, Sevim, Ozyazgan, & Tuzun, 2013).
Eventos patológicos como a trombofilia envolvendo pequenos e grandes vasos são
comuns nos doentes de Behçet (Hirohata & Kikuchi, 2003; Pickering & Haskard, 2000).
A prevalência da DB varia geograficamente, sendo mais frequente numa faixa
de países que se estende desde o Mediterrâneo até ao Extremo Oriente. É assim
designada como a “Doença da Rota da Seda”, por corresponder ao percurso desta rota
ancestral entre a Europa e a Ásia (Bonfioli & Orefice, 2005; Pickering & Haskard, 2000).
A maior taxa de incidência verifica-se na Turquia, onde a prevalência chega a
atingir, nas regiões mais a oriente, 421 casos por 100 000 habitantes. No resto da
Europa, as taxas de prevalência são variáveis: 0,64 para o Reino Unido, 1,2 para a
Suécia, 3,8 para a Itália e 5,6 a 7,5 por 100 000 habitantes para a Espanha (figura 4).
Em 1997, o grupo nacional para o estudo da DB reportou uma casuística nacional com
241 doentes tendo apresentado uma taxa de prevalência de 2,4/100 000 portugueses
(Oliveira, Horta, Serra, & Castro, 2001).
Introdução
10
A DB afeta igualmente ambos os sexos, exceto na Turquia em que a prevalência
nos homens pode atingir a razão de 7:1 (Saadoun et al., 2010), e o aparecimento
sintomático dá-se entre os 20 e os 40 anos. Há ainda estudos que revelam que a doença
se manifesta de forma mais severa em homens jovens adultos (Bonfioli & Orefice, 2005;
Saadoun & Wechsler, 2012).
1.3.1. Etiologia
Tal como noutras doenças autoimunes, os eventos imunológicos por detrás
desta patologia não são ainda totalmente conhecidos. Sabe-se que a DB carateriza-se
pela infiltração perivascular de
linfócitos, monócitos e neutrófilos
(Marshall, 2004). O aumento nos níveis
de citocinas pro-inflamatórias, de
proteínas C reativas e de
microglobulina B2 é observado nestes
doentes (Akoglu, Direskeneli, Yazici, &
Lawrence, 1990; Aygunduz et al., 2002;
Muftuoglu et al., 1986). Os níveis de
mieloperoxidase, produzidos por
neutrófilos ativos, apresentam-se
também aumentados (Accardo-
Figura 4: Prevalência da DB em todo o mundo, por 100 000 habitantes (Yurdakul & Yazıcı, 2010).
Figura 5: Patofisiologia da DB. Ag, antigen; APC,
antigen-presenting cells; HSP, heat shock protein; IFN, interferon; IL, interleukin; IPP, isoprenyl pyrophosphate; PPP, prenyl pyrophosphate; TCR, T-cell receptor; Th1, T helper cells type 1; TNF-α, tumor necrosis factor alfa (Hirohata & Kikuchi, 2003).
Introdução
11
Palumbo et al., 2000). A exposição a um agente de risco em indivíduos geneticamente
suscetíveis levam a uma exacerbação da atividade imunológica que conduz ao
despoletar da doença (Ambrose & Haskard, 2013).
1.3.1.1. Fatores genéticos
Estudos de suscetibilidade familiar observaram que 12% dos doentes de Behçet
têm um familiar afetado pela doença (Kone-Paut et al., 1999). A importância dos fatores
genéticos é reforçada pela constatação em estudos realizados na Turquia, em que a
taxa de risco para a DB em gémeos monozigóticos se encontra entre os 11,4% e os
52,5% (Gul, Inanc, Ocal, Aral, & Konice, 2000). Tais observações sugerem um forte
envolvimento da componente hereditária na predisposição para a DB.
Tal como na maioria das doenças autoimunes, os genes do sistema HLA são os
que têm um maior contributo para a doença de Behçet. A suscetibilidade para
desenvolver a DB está associada ao alelo HLA-B*51 na região da classe I do sistema
HLA (Ambrose & Haskard, 2013; Hirohata & Kikuchi, 2003). No entanto, a presença do
alelo HLA-B*51 por si só não explica todos os sintomas presentes na DB. De acordo
com este facto, estudos recentes sugerem o envolvimento de outros genes. Vários
autores descreveram associações entre os alelos HLA-B*15, -B*27, -B*57 e -A*26 e a
suscetibilidade para doença em populações espanholas, turcas e japonesas (Meguro et
al., 2010; Montes-Cano et al., 2013; Ombrello et al., 2014). Também foram descritas
associações entre polimorfismos no gene da citocina pro-inflamatória IL-10 (rs1518111)
e no locus IL23R-IL12RB2 (rs924080) e o risco de desenvolver DB (Pickering &
Haskard, 2000; Remmers et al., 2010). No entanto, nenhuma destas associações é tão
significativa como a do HLA-B*51. Por outro lado, os alelos HLA-A*03 e -B*49 foram
associados como alelos protetores para a DB tanto em populações espanholas como
turcas (Montes-Cano et al., 2013; Ombrello et al., 2014).
Na população portuguesa, Bettencourt et al. demonstraram que, para além do
alelo HLA-B*51, a frequência do alelo HLA-Cw*16 está aumentada nos doentes de
Behçet (Bettencourt et al., 2008). Nesta população, também o alelo HLA-B*27 foi
associado como um fator de prognóstico para a doença, uma vez que a frequência deste
é mais elevada nos casos mais severos da DB (Bettencourt et al., 2008).
Introdução
12
1.3.1.2. Fatores ambientais
Estudos migratórios verificaram que indivíduos que migram de zonas de elevada
prevalência da DB para zonas de baixa prevalência, possuem um risco diminuído de
desenvolver a doença em relação aos indivíduos que permaneceram no país de origem
(Marshall, 2004; Mat et al., 2013). Facto este que sugere que a distribuição geográfica
é um fator de risco para o desenvolvimento da doença, embora a razão para esta
evidência ainda não seja clara.
A exposição a agentes infeciosos é o principal fator ambiental envolvido na
patogénese da DB. Tanto agentes virais (vírus da herpes, vírus da hepatite e parvovírus)
como agentes bacterianos (mycobacteria e Streptococcus sanguis) foram associados
ao desenvolvimento da DB (Bonfioli & Orefice, 2005; Marshall, 2004; Oliveira et al.,
2001; Verity et al., 1999).
O stress psicológico é considerado por alguns autores como um importante fator
tanto no desenvolvimento inicial bem como no relapso da DB. O stress induzido por
eventos ocorridos ao longo da vida pode ser considerado um fator de risco por
comprometer a homeostase, afetando diretamente o sistema imune (Karlidag et al.,
2003). É importante referir que não só o stress causa a doença, mas também a própria
doença causa stress no indivíduo.
1.3.2. Manifestações clínicas
O grau de severidade da doença de Behçet difere de indivíduo para indivíduo,
podendo apresentar-se de forma moderada a severa (Kokturk, 2012). A atividade desta
doença tende a diminuir com a idade e a frequência das manifestações parece depender
da distribuição geográfica (Ambrose & Haskard, 2013; Mat et al., 2013).
Introdução
13
1.4. Depressão e autoimunidade
Nas doenças autoimunes, sintomas psicológicos, tais como a fadiga, perda de
interesse nas atividades diárias e défices cognitivos, são comuns. Apesar de estes
sintomas serem muitas vezes conhecidos como sickness behaviour, estes também são
os principais sintomas para o diagnóstico da depressão. Esta observação levanta uma
série de questões e, talvez, a mais importante será a de saber se, o sickness behaviour
e a depressão são um e o mesmo problema? Ou terão diferentes patofisiologias e, por
isso, será mais apropriado considerá-los como situações clínicas diferentes?
É um facto que mais de 50% dos doentes autoimunes apresentam sintomas
depressivos (Pryce & Fontana, 2016). Relativamente aos doentes afetados pela
esclerose múltipla, estes apresentam maiores taxas de depressão em relação à
população em geral ou mesmo entre doentes afetados por outras doenças crónicas,
incluindo a epilepsia do lobo temporal e a esclerose amiotrófica lateral (Group, 2005;
Schiffer & Babigian, 1984). Este facto poderá estar relacionado com os danos cerebrais
causados pela EM (Gold & Irwin, 2009). A prevalência de depressão na EM varia de
15,7% a 54%, dependendo da amostra da população e dos critérios de diagnóstico
utilizados (da Silva et al., 2011; Patten, Beck, Williams, Barbui, & Metz, 2003; Skokou,
Soubasi, & Gourzis, 2012). Em relação aos doentes afetados pela doença de Behçet,
foi descrito que estes apresentam uma prevalência de depressão variável entre 17,8%
e 45,5% (Dursun, Uguz, Kaya, Savas Cilli, & Endogru, 2007; Taner et al., 2007),
significativamente elevada em comparação à população em geral. A relação entre o
grau de severidade da doença e a depressão também tem vindo a ser associada,
existindo estudos que confirmam esta relação tanto para a esclerose múltipla
Tabela 2: Principais manifestações clínicas da doença de Behçet (Marshall, 2004; Saadoun & Wechsler, 2012)
Introdução
14
(Chwastiak et al., 2002; da Silva et al., 2011; Zorzon et al., 2001) como para a doença
de Behçet (Koca et al., 2015; Melikoglu, 2010).
1.5. Depressão
A depressão é um distúrbio mental comum, afetando cerca de 350 milhões de
indivíduos em todo o mundo. Nos países desenvolvidos afeta mais de 15% da
população (Haase & Brown, 2015). Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS),
a depressão carateriza-se por uma tristeza persistente, perda de interesse, sentimentos
de culpa, distúrbios no sono e no apetite e fadiga. Pensamentos e tentativas de suicídio
são recorrentes em doentes deprimidos. Também sintomas de ansiedade e irritabilidade
são comummente associados à depressão. O diagnóstico de depressão é estabelecido
se estiverem presentes cinco dos sintomas descritos na tabela 3 e se estes persistirem
durante, pelo menos, duas semanas e interferirem na vida social e ocupacional do
indivíduo. Este distúrbio afeta não só a vida diária dos doentes como também a dos
seus familiares e amigos próximos (Neto, Borges, Torres-Sanchez, Mico, & Berrocoso,
2011).
Critérios de Diagnóstico para a Depressão
Humor deprimido
Falta de energia, fadiga
Falta de interesse pelas atividades que normalmente dão prazer
Baixa auto-estima
Sentimentos de culpa ou inutilidade
Dificuldade na concentração e raciocínio
Alterações psicomotoras, retardação ou agitação
Distúrbios no sono: insónia ou hipersónia
Irritabilidade
Perda ou ganho de apetite e, em consequência, de peso
Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio
Tabela 3: Critérios de diagnóstico para a depressão, segundo o DSM-V, Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 5ª Edição.
A OMS coloca este distúrbio como sendo a quarta causa de incapacidade funcional
em todo o mundo e prevê que, em 2030, seja a segunda maior causa (Mathers & Loncar,
2006). Mesmo quando o tratamento é eficaz, a remissão da doença não envolve a perda
Introdução
15
total dos sintomas depressivos, prevalecendo défices a nível funcional e cognitivo.
Factos estes que culminam na redução da qualidade de vida dos indivíduos (Lepine &
Briley, 2011). É ainda importante salientar que 60% das mortes por suicídio ocorre em
consequência de distúrbios de humor, inclusive a depressão (Y. K. Kim et al., 2008). A
nível global, em cada ano quase um milhão de indivíduos são vítimas do suicídio (WHO,
2012). Em Portugal, o Ministério da Saúde estima que a depressão esteja associada à
perda de mais de 1200 vidas por ano.
Os estudos epidemiológicos têm vindo a demonstrar que a prevalência da
depressão está a aumentar. Apesar de apresentarem resultados relativamente
uniformes, a sua prevalência varia substancialmente de país para país e até mesmo
entre regiões do mesmo país. Estas disparidades emergem da falta de uma metodologia
científica comum, resultado da dispersão teórica sobre o distúrbio, o que torna difícil a
comparação de dados entre os diferentes estudos (Kessler & Bromet, 2013).
Sabe-se que a depressão pode ocorrer em qualquer momento da vida, no
entanto o início e progressão do distúrbio é mais comum em adultos jovens (Kessler &
Bromet, 2013). Apesar deste distúrbio afetar ambos os sexos atinge cerca de duas
vezes mais mulheres do que homens, apresentando taxas de prevalência de 12,5% e
7,1%, respetivamente (Gater et al., 1998). É de facto considerada a principal causa de
incapacidade entre as mulheres. Esta diferença pode estar relacionada com alterações
nos níveis de hormonas sexuais, em particular no início da puberdade, na gravidez, no
período pós-parto e na menopausa (Kessler, 2003). A depressão nos homens é muitas
vezes não diagnosticada e por isso não tratada. Os homens ainda têm dificuldade em
assumir os sintomas depressivos, o que poderá estar relacionado com o medo de
estigmatização social. É de realçar que, embora este distúrbio afete mais mulheres do
que homens, a taxa de suicídio entre homens é quatro vezes superior,
comparativamente às mulheres, e associa-se a formas mais violentas de suicídio
(Porche, 2005). Segundo Tully et al., descendências com pais deprimidos apresentam
maior predisposição para desenvolver depressão (Tully, Iacono, & McGue, 2008).
Independentemente do sexo e da idade, a prevalência da depressão está
também associada a fatores sociais. A exposição aos chamados stressfull life events
aumentam o risco para desenvolver o distúrbio depressivo (Mazure, 1998). Está descrito
que indivíduos com menor nível de escolaridade (L. Andrade et al., 2003), que se
encontram desempregados ou recentemente divorciados (Weissman et al., 1996),
apresentam uma maior prevalência de depressão. Em indivíduos geriátricos, o
Introdução
16
desenvolvimento da mesma está associado à progressão de uma doença física crónica,
bem como à perda de um papel ativo na sociedade (Alexopoulos, 2005).
1.5.1. Etiologia
Os distúrbios psiquiátricos, nomeadamente a depressão, possuem uma etiologia
complexa e múltiplas causas influenciam o desenvolvimento da mesma. O facto de a
etiologia da depressão diferir de indivíduo para indivíduo, torna a sua compreensão
ainda mais difícil. No entanto, sabe-se que o distúrbio depressivo é o resultado da
expressão de um conjunto de fatores bioquímicos, genéticos, sociais e da exposição a
determinados acontecimentos de stress ocorridos ao longo da vida (Nestler, Pena,
Kundakovic, Mitchell, & Akbarian, 2016).
1.5.1.1. Fatores bioquímicos
O sistema nervoso é responsável pela maioria das funções de controlo do
organismo. As principais células que compõem este sistema são denominadas por
neurónios, responsáveis pela
transmissão e receção dos impulsos
nervosos. Os neurónios comunicam com
o neurónio seguinte por sinais elétricos
ou químicos num processo denominado
por sinapse. A estes sinais químicos,
sintetizados e libertados pelo neurónio
pós-sináptico, dá-se o nome de
neurotransmissores. Uma vez libertados
pelos neurónios pré-sinápticos, ligam-se
a recetores específicos no neurónio pós-
sináptico, ao fim de concluir o processo
da sinapse (figura 6). Embora existam vários tipos de neurotransmissores, os que irão
receber particular atenção serão as aminas biogénicas. Estas incluem as colinas, em
que a acetilcolina é o principal neurotransmissor, e as monoaminas, que incluem a
serotonina (5-HT), a histamina e as catecolaminas (Andrade et al., 2003).
Figura 6: Sinapse química. (Adaptada de:
http://comunicacaoentreneuronios.blogspot.pt/. Acedida a: 20/06/2016).
Introdução
17
1.5.1.1.1. Hipótese monoaminérgica
As monoaminas são neurotransmissores que possuem um grupo amina ligado a
um anel aromático. De acordo com o tipo de radical que as constituem, as monoaminas
são divididas em catecolaminas (radical catecol) de que são exemplo a dopamina,
norepinefrina e epinefrina, ou em indolaminas (radical indol) como a serotonina. As
monoaminas produzem o seu efeito induzindo alterações bioquímicas complexas nos
neurónios pós-sinápticos do sistema nervoso central (SNC), através da interação com
proteínas sinalizadoras (proteínas G) nas membranas celulares pós-sinápticas. Estas
proteínas G, ligadas a recetores, e após estimulação das monoaminas, produzem
alterações no modo como os neurónios pós-sinápticos respondem aos
neurotransmissores clássicos (glutamato e ácido aminobutírico) (Kalia, 2005).
Segundo a hipótese monoaminérgica, a depressão é causada pela deficiência
de serotonina, dopamina e norepinefrina na fenda sináptica (Haase & Brown, 2015).
Schildkraut formulou esta hipótese no fim dos anos 60 e, atualmente, o sistema
monoaminérgico é o principal sistema envolvido na neurobiologia da depressão
(Schildkraut, 1965). De facto, é nesta teoria que se baseia o mecanismo de ação da
maioria dos antidepressivos, dado que estes produzem efeitos farmacológicos que
aumentam os níveis de serotonina na fenda sináptica. Além disso, os níveis reduzidos
de serotonina e seus metabolitos no fluído cérebroespinal (CSF) em doentes deprimidos
e indivíduos suicidas vêm dar maior suporte a esta teoria (Murphy, 1978).
O sistema serotoninérgico possui um extensivo sistema de enervações na maior
parte das estruturas corticais e subcorticais e detém ainda 14 subtipos de recetores,
proporcionando-lhe uma diversidade de oportunidades de sinalização. Dadas estas
caraterísticas, o sistema serotoninérgico está implicado em inúmeros processos
fisiológicos que envolvem a função motora, sensorial, gastrointestinal, vascular e
endócrina, assim como em vários aspetos comportamentais associados ao humor,
agressividade, cognição e memória (Serretti, Calati, Mandelli, & De Ronchi, 2006).
A serotonina é sintetizada a partir do aminoácido triptofano pela enzima
triptofano hidroxilase (TPH1 e 2). É posteriormente armazenada em vesículas e
libertadas para a fenda sináptica, na presença de um estímulo no neurónio. A regulação
dos níveis de serotonina na fenda sináptica está dependente de: (1) recetores dos
neurónios pós-sinápticos que, ligando-se à serotonina, induzem a transmissão de sinais;
(2) recetores dos neurónios pré-sinápticos que, ligados à serotonina, induzem o
feedback que regula a plasticidade do neurónio pré-sináptico e (3) proteínas
transportadoras que recapturam a serotonina para o neurónio pré-sináptico, sendo esta
Introdução
18
reaproveitada ou degradada pela enzima monoamina oxidase (MAO) (figura 7). O
aumento da atividade dos elementos moleculares constituintes do sistema
serotoninérgico leva a uma diminuição dos níveis de serotonina na fenda sináptica,
implicando o défice na sua neurotransmissão e uma consequente perda da
funcionalidade deste neurotransmissor.
Atualmente, o efeito antidepressivo dos fármacos comummente utilizados passa
pela (1) inibição da monoamina oxidase A (MAO-A), (2) o bloqueio de recetores pós-
sinápticos e (3) a inibição de proteínas transportadoras (figura 8). Apesar do aumento
imediato dos níveis de serotonina na fenda sináptica, os efeitos clínicos são visíveis
após semanas e a remissão da doença ocorre em apenas um terço dos doentes
deprimidos (Haase & Brown, 2015). Ruhe et al. demonstrou ainda que uma deficiência
aguda de monoaminas não altera o humor em indivíduos saudáveis, apenas em
indivíduos que apresentam história familiar de depressão (Ruhe, Mason, & Schene,
2007). Estas observações sugerem que a patofisiologia da depressão não é explicada
exclusivamente pela teoria monoaminérgica. No entanto, esta hipótese auxilia a
compreensão da vulnerabilidade para desenvolver este distúrbio.
Figura 7: Sinalização serotoninérgica (aan het Rot, Mathew, & Charney, 2009).
Introdução
19
1.5.1.1.2. Hipótese das citocinas
Esta teoria, formulada por Smith em 1991, sugere que a depressão é causada
pela ação das citocinas, resultando da ativação crónica do sistema imune. Durante esta
ativação, um nível anormal de citocinas pro-inflamatórias são secretadas (Smith, 1991).
As citocinas são moléculas produzidas pelas células do sistema imune responsáveis
pela comunicação intercelular (Dunn, Swiergiel, & de Beaurepaire, 2005). Uma vez na
corrente sanguínea, as citocinas são capazes de alterar a função de todos os tecidos e
órgãos, inclusive o cérebro. Por isso, são capazes de induzir efeitos negativos no humor,
no pensamento e no comportamento (Smith, 1997).
A apoiar esta teoria vem o facto de a administração de citocinas pro-inflamatórias
induzir sintomas depressivos tanto em animais (Kent, Bluthe, Kelley, & Dantzer, 1992)
como em humanos (Capuron & Ravaud, 1999; Rosenstein, Lerner, & Cai, 1999). Vários
estudos têm demonstrado que doentes deprimidos apresentam níveis plasmáticos
elevados de citocinas pro-inflamatórias, tais como as interleucinas (IL-1, IL-2 e IL-6),
interferão gama (IFN-γ) e fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) (Irwin & Miller, 2007; Y.
K. Kim et al., 2008; Levine et al., 1999; Raison, Capuron, & Miller, 2006). Estas citocinas
são capazes de produzir alterações nos neurotransmissores, nomeadamente ao nível
da serotonina. Níveis elevados de citocinas aumentam a atividade da indolamina-2,3-
dioxigenase (IDO). Esta enzima provoca o aumento da conversão do triptofano em
Figura 8: Local de ação dos antidepressivos. (Adaptada
de: http://slideplayer.com.br/slide/352993/. Acedida a: 20/06/2016).
Introdução
20
quinurenina, influenciando negativamente a síntese de serotonina e positivamente a
produção de catabolitos do triptofano (TRYCATs). Estes catabolitos, o ácido quinurénico
e o ácido quinolinico, são conhecidos por terem propriedades depressivas e
ansiogénicas (Rosenblat, McIntyre, Alves, Fountoulakis, & Carvalho, 2015; Young,
Bruno, & Pomara, 2014).
As citocinas pro-inflamatórias também estimulam a ativação do sistema
hipotálamo-pitituária-adrenal (HPA), o que leva à hipercortisolemia e ao aumento da
atividade da triptofano-2,3-dioxigenase (TDO). Os elevados níveis de cortisol bem como
a atividade da enzima TDO (que degrada o triptofano em TRYCATs) são capazes de
provocar sintomas depressivos (Cowen, 2010). A capacidade das citocinas modularem
a neurogénese no hipocampo também tem vindo a ser reportada (Raison et al., 2006;
Rosenblat et al., 2015). Com base nestas observações, podemos compreender a
importância do papel das citocinas na ativação de inúmeros mecanismos e que a
interação entre eles está envolvida na patofisiologia da depressão (figura 9).
1.5.1.1.3. Hipótese neurogénica
Alterações estruturais e celulares ao nível do hipocampo têm vindo a ser
associadas à depressão. Isto deve-se ao facto do hipocampo ser uma das poucas
regiões cerebrais que produzem novos neurónios durante a vida adulta. A este processo
dá-se o nome de neurogénese (Haase & Brown, 2015). O hipocampo está assim
Figura 9: Mecanismos envolvidos na exacerbação de citocinas pro-inflamatórias (Han & Yu, 2014).
Introdução
21
envolvido na aprendizagem e memória, na função cognitiva, na regulação do humor e
na resposta ao stress (Lau, 2013). Esta teoria propõe que défices na neurogénese no
hipocampo podem ter um papel importante na patofisiologia da depressão.
A hipótese neurogénica tem por base várias observações clínicas e fisiológicas.
Campbell et al. reportaram que doentes deprimidos apresentam uma diminuição entre
10 a 15% no volume do hipocampo, comparativamente a indivíduos saudáveis
(Campbell, Marriott, Nahmias, & MacQueen, 2004). Esta atrofia é influenciada por
fatores neurotróficos, em particular o fator neurotrófico derivado do cérebro, BDNF
(Brain-derivated Neurotrophic Factor). O BDNF tem funções importantes na modulação
da plasticidade, na inibição de cascatas de morte celular e no aumento dos níveis de
metabolitos proteicos responsáveis pela proliferação dos neurónios no SNC (Neto et al.,
2011). Um défice na funcionalidade deste fator neurotrófico é responsável pela redução
do volume do hipocampo, evidenciado em doentes deprimidos, provocando défices na
aprendizagem e memória do indivíduo (Sheline, Sanghavi, Mintun, & Gado, 1999). De
facto, em doentes deprimidos, foi observada uma diminuição nos níveis de BDNF no
hipocampo (Karege et al., 2002). Verificou-se ainda, em estudos animais, que o
tratamento com antidepressivos leva ao aumento do volume do hipocampo, bem como
ao aumento dos níveis de BDNF (Neto et al., 2011). Com base nesta última observação,
consegue-se relacionar o défice na neurogénese no hipocampo com a diminuição da
neurotransmissão monoaminérgica.
1.5.1.2. Stress
O stress é comummente definido como uma ameaça à homeostase.
Determinados acontecimentos de vida podem provocar alterações no bem-estar do
indivíduo que, consequentemente conduzem à depressão (Smith & Vale, 2006). Este
tipo de acontecimentos, tais como a perda de um ente querido, traumas sexuais ou de
guerra, o divórcio ou o desemprego, funcionam como um fator de risco para este
distúrbio. Considera-se um fator de risco uma vez que nem todos os indivíduos expostos
ao mesmo acontecimento de vida desenvolvem depressão.
A resposta ao stress está associada à ativação de um sistema neuroendócrino
específico denominado por hipotálamo-pitituária-adrenal (HPA) (de Kloet, Joels, &
Holsboer, 2005). O stress estimula o hipotálamo que leva à secreção da hormona
libertadora de corticotrofina (CRH). Esta hormona atua sobre a pitituária induzindo a
libertação da hormona adrenocorticotrofina (ACTH) para a corrente sanguínea. Esta,
por sua vez, atua sobre o córtex adrenal estimulando a libertação de glucocorticoides
Introdução
22
(em humanos, o cortisol). O cortisol interage com os seus recetores: recetores
mineralocorticóides (MR) e recetores glucocorticoides (GR). E, através da ativação
desta última classe de recetores, o cortisol atua sobre o hipotálamo e a pitituária,
suprimindo a produção de CRH e ACTH, exibindo assim um efeito de feedback negativo
(Smith & Vale, 2006). Young et al. reportaram que doentes deprimidos apresentam uma
disfunção do sistema HPA durante situações de stress que resultam em
hipercolesteremia (Young, Lopez, Murphy-Weinberg, Watson, & Akil, 2000). Este
aumento dos níveis de cortisol na corrente sanguínea pode levar a uma redução da
síntese de serotonina, à diminuição da neurogénese no hipocampo (Krishnan & Nestler,
2008; Lupien et al., 1998), à indução da morte neuronal (S. Yu, Holsboer, & Almeida,
2008) bem como à retração das dendrites apicais no hipocampo (McLaughlin, Gomez,
Baran, & Conrad, 2007).
1.5.1.3. Fatores genéticos
A importância dos fatores genéticos é demonstrada a partir de estudos
realizados em gémeos monozigóticos, que apresentam uma tendência familiar para a
depressão em cerca de 40 a 50% dos casos (Kiyohara & Yoshimasu, 2009). Também
foi reportado que indivíduos com familiares em primeiro grau que sofrem de depressão
têm um risco aumentado em 2 a 3 vezes mais de vir a sofrer deste distúrbio (Hamet &
Tremblay, 2005). A identificação de genes associados à depressão tem-se revelado
extremamente difícil, uma vez que múltiplos genes estão envolvidos na patofisiologia da
mesma. Os genes que codificam para os neurotransmissores, nomeadamente os da
serotonina, são os que têm recebido maior atenção por parte dos investigadores. Entre
eles estão os polimorfismos dos genes recetores e transportador da serotonina. Para
além destes, os genes que codificam para as enzimas de degradação de serotonina: a
monoamina oxidase A (MAO-A) e a catecol O-metiltransferase (COMT), também têm
sido alvo de um especial destaque. Com a crescente relação entre a inflamação e os
distúrbios depressivos, os genes que codificam para citocinas pro-inflamatórias têm
vindo a ser relacionados com a depressão (Clerici et al., 2009). No presente trabalho,
irão ser descritos os genes recetores de serotonina 1A, 1B e 2A, bem como os genes
das citocinas, TNF-α e IL-1β.
Introdução
23
1.5.1.3.1. Genes recetores da serotonina
Disfunções nos recetores da serotonina têm um papel crucial para o
desenvolvimento da depressão. Por isso, o estudo de genes implicados na regulação
destes recetores têm sido extremamente explorado e vários são os polimorfismos
descritos como implicados no início e progressão deste distúrbio. Entre os 14 subtipos
de recetores de serotonina identificados até ao momento, os que mais têm vindo a ser
associados a distúrbios psiquiátricos são os recetores de serotonina 1A (5-HTR1A, 5-
hydroxytryptamine receptor 1A), 1B (5-HTR1B) e 2A (5-HTR2A) (Fakhoury, 2016).
1.5.1.3.1.1. Recetor da serotonina 1A, 5-HTR1A
O recetor da serotonina 1A (5-HTR1A) é codificado pelo gene HTR1A localizado
no cromossoma 5 (5q11.2-13). Este recetor, que atua como um auto-recetor e um
hetero-recetor, é um importante mediador da sinalização serotoninérgica no cérebro,
regulando a ansiedade, o humor, a memória e a cognição. É alvo de vários
antidepressivos, que atuam na dessensibilização deste recetor de modo a que leve ao
aumento dos níveis de transmissão de serotonina (Fakhoury, 2016).
O polimorfismo rs6295 (-1019 G>C) tem sido associado à depressão, a
tentativas de suicídio e à resposta aos antidepressivos (Kishi et al., 2013; Lemonde et
al., 2003; Strobel et al., 2003). Este polimorfismo é responsável pela transcrição do
HTR1A. A presença do alelo rs6295G suprime o NURD, fator transcripcional que atua
como um repressor na expressão deste recetor. Assim, o alelo rs6295G está associado
à sobreexpressão do recetor HTR1A nas membranas pré-sinápticas. Subsequente ao
aumento da expressão do HTR1A, está a diminuição da neurotransmissão
serotoninérgica (Lemonde et al., 2003). Lemonde et al. reportaram um aumento na
frequência do genótipo rs6295GG em doentes deprimidos bem como na frequência do
alelo rs6295G em indivíduos suicidas. Todos os outros estudos que associam este
polimorfismo com a depressão encontraram interações com o polimorfismo rs6265 no
gene BDNF (Anttila et al., 2007) e com os polimorfismos rs10794134 e ss680746624 no
gene LHPP (Phospholysine Phosphohistidine Inorganic Pyrophosphate Phosphatase)
(Neff et al., 2009), em populações finlandesas e norte-americanas, respetivamente.
Também foi reportada uma interação com o polimorfismo 5-HTTLPR e negative life
events numa coorte chinesa (K. Zhang et al., 2009). Mais recentemente, Mekli et al.
reportaram que indivíduos portadores dos alelos rs6295G e rs878567T do gene HTR1A,
quando expostos a situações recentes de stress, possuem um maior risco de
desenvolver depressão. Até à data não existem estudos que reportem o papel funcional
Introdução
24
do polimorfismo rs878567 mas sabe-se que este está localizado na região funcional 3’
-UTR e não produz qualquer alteração ao nível do aminoácido. (Mekli et al., 2011).
Também a resposta aos antidepressivos parece diminuída em indivíduos portadores do
alelo rs6295G (Hong, Chen, Yu, & Tsai, 2006; Lemonde et al., 2003; Parsey et al., 2006).
Por outro lado, estudos em populações finlandesas (Illi et al., 2009) e espanholas (Arias
et al., 2002) não encontraram associações significativas entre este polimorfismo e a
depressão.
1.5.1.3.1.2. Recetor da serotonina 1B, 5-HTR1B
O recetor 5-HT1B atua tanto na membrana pré como pós-sináptica. Foi
observado em modelos animais que este recetor tem uma importante função na
cognição e no humor, bem como nos comportamentos agressivos e no abuso de
substâncias (Rocha, Ator, Emmett-Oglesby, & Hen, 1997; Saudou et al., 1994). Este
recetor é codificado pelo gene HTR1B localizado no cromossoma 6 (6q13) (New et al.,
2001).
Até à data, poucos são os estudos realizados para este gene. Apenas o
polimorfismo rs6296 (-861 G>C) foi associado à depressão. Neste estudo, verificou-se
que indivíduos com a presença do alelo rs6296C apresentam maior predisposição para
o abuso de substâncias e para o desenvolvimento da depressão (Huang et al., 2003).
Mais recentemente, um grupo de investigadores reportou que esta variante em interação
com situações recentes de stress predispunha o desenvolvimento da depressão, numa
população britânica (Mekli et al., 2011). Anteriormente, um estudo numa coorte
finlandesa reportou que o alelo rs6296C está associado ao alcoolismo antissocial
(Lappalainen et al., 1998). Ao contrário do observado por Fehr et al., numa população
alemã, que por sua vez associou o alelo rs6296G ao alcoolismo (Fehr et al., 2000). Este
polimorfismo embora se localize numa região codificante do gene, não altera a
sequência de aminoácidos do HTR1B. Logo, ainda continua por desvendar o papel
funcional deste polimorfismo. A associação entre este SNP e os distúrbios psiquiátricos
poderá estar relacionada com um outro polimorfismo localizado próximo da sequência
codificante deste gene. Este, por sua vez, poderá alterar a expressão do recetor HTR1B
e, subsequentemente, levar à diminuição dos níveis de serotonina na fenda sináptica.
Assim, as associações observadas poderão ser causadas por um desequilíbrio de
ligação entre este polimorfismo e outro gene (Lappalainen et al., 1998).
Introdução
25
1.5.1.3.1.3. Recetor da serotonina 2A, 5-HTR2A
Foi descrito que doentes deprimidos apresentam níveis elevados do recetor 5-
HT 2A (Fakhoury, 2016). Este recetor é codificado pelo gene HTR2A, localizado no
cromossoma 13 (13q14q21) e é composto por 3 exões. Variações neste gene podem
desempenhar um papel importante na patofisiologia, progressão e na resposta ao
tratamento de distúrbios psiquiátricos. Apesar dos inúmeros SNPs descritos com
potencial associação a várias doenças neuropsiquiátricas, o foco tem incidido mais em
três polimorfismos, rs6311 (-1438 A>G), rs6313 (102 T>C) e rs6314 (His452Tyr ou 1354
C>T) (Serretti, Drago, & De Ronchi, 2007). Spurlock et al. demonstraram que os dois
primeiros polimorfismos (rs6313 e rs6311) estão em desequilíbrio de ligação, podendo
ser considerados em conjunto (Spurlock et al., 1998). O rs6313 é um SNP silencioso
(não altera a sequência de aminoácido do recetor), localizado no exão 1, perto da região
promotora. Devido à sua localização pode influenciar a estrutura secundária do
transcrito, afetando na estabilidade e atividade translacional. A metilação do nucleótido
C tem vindo a ser associada como um mecanismo de redução da expressão do gene
(Clifford & Nunez, 1996). O rs6311, localizado próximo da região promotora, e o rs6314,
localizado na região C-terminal do recetor da serotonina 2A, podem ter também
influência nos níveis de expressão deste recetor (Serretti et al., 2007).
Relativamente ao polimorfismo rs6313, Petit et al. demonstraram que o alelo
rs6313C está aumentado em doentes deprimidos franceses assim como o associaram
a um maior grau de gravidade de depressão (Petit et al., 2014). Outros estudos, em
populações espanholas e canadenses, também associaram o alelo rs6313C com
comportamentos suicidas em doentes deprimidos (Arias et al., 2001; Du, Bakish,
Lapierre, Ravindran, & Hrdina, 2000). Os fatores envolvidos no desenvolvimento da
depressão poderão diferir em indivíduos sem outras patologias adjacentes e em
indivíduos afetados por outras patologias clínicas graves. Estudos de 2011 e 2015,
realizados numa coorte portuguesa de doentes com lúpus eritemoso sistémico (LES),
reportaram associações entre o alelo rs6313T e o genótipo rs6313TT e uma maior
suscetibilidade para a depressão (Ferreira, 2015; Leal et al., 2011). Por outro lado,
existem estudos, em populações europeias e asiáticas, que não reportaram qualquer
associação entre este polimorfismo, a depressão (Illi et al., 2009; Kishi et al., 2009; Tsai
et al., 1999) e comportamentos suicidas em doentes deprimidos (Wang et al., 2009;
Zhang et al., 2008). Quanto ao polimorfismo rs6311, populações dinamarquesas,
suecas e japonesas apresentaram associações entre a presença do alelo rs6311A e a
depressão (Christiansen et al., 2007; Jansson et al., 2003; Kamata et al., 2011).
Enquanto numa população coreana, Choi et al. observaram uma maior frequência do
Introdução
26
alelo rs6311G em doentes deprimidos (Choi et al., 2004). Por outro lado, existem
estudos que não encontraram qualquer associação entre este polimorfismo e a
depressão (Illi et al., 2009; Kishi et al., 2009; Tencomnao, Thongrakard, Phuchana,
Sritharathikhun, & Suttirat, 2010).
Embora o rs6314 seja o SNP menos estudado, também este foi associado com
os distúrbios psiquiátricos. Ozaki et al. reportaram que o alelo rs6314T está relacionado
com a diminuição da sinalização intracelular mediada pelo 5-HTR2A (Ozaki et al., 1997).
Um estudo incidido numa população francesa sugeriu que o alelo rs6314T está
associado a um maior grau de severidade da depressão, evidenciando que os doentes
com sintomas depressivos mais severos apresentavam o raro genótipo rs6314TT (Petit
et al., 2014). Ao contrário desta evidência, um estudo desenvolvido numa coorte de
crianças autistas não evidenciou qualquer associação entre este polimorfismo e o grau
de gravidade dos sintomas depressivos (Gadow, Smith, & Pinsonneault, 2014).
Também o comportamento antissocial, característico da depressão, foi associado ao
alelo rs6314T numa coorte norte-americana (Rubin et al., 2013), assim como à
diminuição do volume do hipocampo, numa população italiana (Filippini et al., 2006). Em
outros estudos não foi evidenciado qualquer relação entre o rs6314, a depressão (Minov
et al., 2001) e comportamentos suicidas em doentes deprimidos (Du et al., 1999).
1.5.1.3.2. Genes citocinas
Estudos revelando a importância do papel das citocinas na ativação de inúmeros
sistemas relacionados com a patofisiologia da depressão têm emergido ao longo dos
últimos anos. Os genes que codificam citocinas são altamente polimórficos e vários
SNPs, associados ao aumento e redução da produção de citocinas, têm vindo a ser
descritos na literatura científica e associados a distúrbios depressivos (Clerici et al.,
2009).
1.5.1.3.2.1. Fator de Necrose Tumoral alfa, TNF-α
O TNF-α tem a capacidade de induzir alterações a nível estrutural e funcional no
cérebro, levando ao desenvolvimento de sintomas depressivos (Krishnadas &
Cavanagh, 2012). Esta citocina é codificada pelo gene TNF-α, localizado no
cromossoma 6p21.3, na região III do sistema HLA. O polimorfismo rs1800629 (-308
G>A) está localizado na região promotora do gene TNF-α, influenciando a sua
transcrição e, consequentemente, a produção de TNF-α. Os resultados descritos na
Introdução
27
literatura científica acerca deste polimorfismo têm sido um tanto inconsistentes. O alelo
rs1800629A tem sido reportado como associado a uma produção excessiva desta
citocina (Wilson, Symons, McDowell, McDevitt, & Duff, 1997). Embora noutros estudos
não tenha sido encontrada qualquer diferença nos níveis de transcrição entre o alelo
rs1800629A e o alelo rs1800629G, mesmo em situações de stress (Galinanes, James,
Codd, Baxi, & Hadjinikolaou, 2008).
Até à data, poucos investigadores relacionaram o polimorfismo rs1800629 com
a depressão e, mais uma vez, as evidências têm-se revelado contraditórias. Jun et al.
reportaram associação entre o alelo rs1800629A e a depressão numa população
coreana (Jun et al., 2003). Mais recentemente, demonstraram uma associação entre o
genótipo rs1800629GG e a depressão em indivíduos geriátricos italianos (Cerri et al.,
2010). E por último, existem estudos que não encontraram qualquer associação entre
este polimorfismo e a depressão, em populações italianas e húngaras (Clerici et al.,
2009; Misener et al., 2008).
1.5.1.3.2.2. Interleucina 1 beta, IL-1β
Elevados níveis de IL-1β no sangue e no fluido cérebroespinal têm sido
observados em doentes deprimidos (Levine et al., 1999; Owen, Eccleston, Ferrier, &
Young, 2001). Para além disso, Levine et al. ainda correlacionou os níveis elevados
desta citocina no fluído cérebroespinal com um maior grau de gravidade da depressão.
O gene que codifica a IL-1β está localizado no cromossoma 2 (2q13-2q21) (Webb et al.,
1986). Foi reportado que o polimorfismo rs16944 (-511 C>T), localizado na região
promotora deste gene, tem influência na secreção desta citocina. De facto, o alelo
rs16944T deste polimorfismo aumenta a transcrição e tradução do gene IL-1β e
indivíduos portadores deste alelo têm maior suscetibilidade para a produção da IL-1β
(Hall et al., 2004).
Poucos são os estudos realizados para relacionar o polimorfismo rs16944 (-511
C>T) e a depressão. A presença do alelo rs16944T foi associado a uma maior
suscetibilidade para a depressão em indivíduos esquizofrénicos espanhóis (Rosa et al.,
2004), em doentes britânicos afetados por Alzheimer (McCulley, Day, & Holmes, 2004)
e em doentes oncológicos coreanos (Kim et al., 2013). No entanto, Borkowska et al.,
numa coorte polaca, observaram que o alelo rs16944T possui um efeito protetor para a
recorrência da depressão (Borkowska et al., 2011). Dois outros estudos relataram ainda
que doentes portadores do genótipo rs16944TT possuíam melhor resposta ao
tratamento com antidepressivos, em populações alemãs e tailandesas (Baune et al.,
Introdução
28
2010; Yu, Chen, Hong, Chen, & Tsai, 2003). É de realçar que os três estudos que
relacionam o alelo rs16944T à suscetibilidade de desenvolver depressão são
conduzidos em indivíduos que sofrem de outras patologias clínicas severas.
1.5.1.4. Depressão e doenças crónicas
As doenças crónicas, tais como o cancro, diabetes tipo II, doenças autoimunes
ou distúrbios neurodegenerativos, foram associadas a sintomas depressivos ao longo
das últimas décadas. Os sintomas depressivos têm vindo a ser descritos como resultado
de efeitos patofisiológicos específicos da doença, nomeadamente daquelas que afetam
o sistema nervoso central, de que são exemplos a esclerose múltipla, a doença de
Parkinson ou a epilepsia. Outros casos levam a crer que a depressão resulta de uma
reação secundária da doença crónica, pelo facto de esta ser uma condição progressiva,
debilitante e de prognóstico imprevisível (Sperner-Unterweger, Kohl, & Fuchs, 2014).
Para além destes efeitos, é importante referir que a inflamação é a condição
base das doenças somáticas crónicas. A elevada prevalência da depressão em
indivíduos afetados por doenças inflamatórias representa uma forte evidência do efeito
das citocinas na depressão. A reforçar esta ideia, observações clínicas reportaram que
doentes submetidos a uma terapia mediada por citocinas pro-inflamatórias podem
desenvolver sintomas depressivos como efeito secundário (Jacobs et al., 2000; Raison
et al., 2006; Siegert & Abernethy, 2005).
A depressão entre os doentes crónicos não pode ser subestimada, dado as
elevadas taxas de prevalência, os possíveis efeitos adversos da depressão na
progressão da doença crónica (Dursun et al., 2007; Mohr, Goodkin, Islar, Hauser, &
Genain, 2001; Taner et al., 2007), no funcionamento cognitivo (Cavaco et al., 2009;
Messinis, Kosmidis, Lyros, & Papathanasopoulos, 2010), na resposta ao tratamento
(Koca et al., 2015; Mohr et al., 1997), nas consequências delatórias na qualidade de
vida (Uguz, Dursun, Kaya, & Cilli, 2007) e no aumento para o risco de suicídio (Saygin,
Uzunaslan, Hatemi, & Hamuryudan, 2015; Stenager et al., 1992). Assim, o
melhoramento dos métodos de diagnóstico de depressão, bem como o tratamento
adequado da mesma, nos doentes com patologia autoimune é de extrema importância
tanto para o controlo da qualidade de vida do indivíduo e da progressão da doença
autoimune bem como para a prevenção de comportamentos suicidas.
Objetivos
Objetivos
32
II. OBJETIVOS
Tanto a esclerose múltipla como a doença de Behçet são patologias que podem
trazer incapacidades físicas aos doentes afetados por estas assim como levar ao
desgaste psicológico e emocional dos mesmos. É um facto que tanto doentes com EM
como os com DB apresentam taxas de depressão mais elevadas (15,7% a 54% e 17,8%
a 45,5%, respetivamente) comparativamente à população em geral. A presença de um
quadro depressivo nestes doentes pode ser o reflexo do atingimento do SNC ou, por
outro lado, ser a expressão de um conjunto de caraterísticas incapacitantes inerentes à
própria doença. O diagnóstico da depressão nestes doentes é de extrema importância
uma vez que esta poderá afetar negativamente o prognóstico da doença autoimune.
Sendo a depressão uma patologia tratável, não pode ser subestimada e deve ser um
dos focos entre os clínicos tanto para melhorar a qualidade de vida destes doentes como
prevenir consequências fatais, como o suicídio.
Assim, é relevante a identificação dos mecanismos biológicos que possam explicar
as diferenças individuais dos doentes com patologia autoimune. O estudo dos fatores
de suscetibilidade genética para a depressão nestes doentes poderá ajudar tanto na
melhoria do curso como no tratamento da doença autoimune. A aplicação de estratégias
de prevenção para o desenvolvimento da depressão e a melhoria da qualidade de vida
dos doentes são os principais objetivos destes estudos.
O presente estudo tem os seguintes objetivos:
Analisar o papel da variabilidade genética de moléculas do sistema
serotoninérgico na depressão em doenças autoimunes, nomeadamente na
esclerose múltipla e na doença de Behçet. Para isso, polimorfismos nos
genes HTR1A (rs6295), HTR1B (rs6296) e HTR2A (rs6313 e rs6314) serão
analisados.
Analisar o papel da variabilidade genética de citocinas pro-inflamatórias na
depressão em doentes com patologia autoimune, estudando polimorfismos
dos genes citocina TNF-α (rs1800629) e IL-1β (rs16944)
Material e Métodos
Material e Métodos
36
III. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. População em estudo
No presente trabalho, para análise dos SNPs em estudo, foram investigados 205
doentes com patologia autoimune, dos quais 158 sofrem de esclerose múltipla e 47 de
doença de Behçet. Os doentes foram recrutados da consulta de Neuroimunologia e da
Unidade de Imunologia Clínica do Hospital de Santo António, Centro Hospitalar do
Porto. Desta coorte de doentes, foram recolhidos dados clínicos e algumas informações
demográficas, nomeadamente, sexo, idade ao diagnóstico e duração da doença e, ainda
valores de EDSS (Expanded Disability Status Scale - que permite quantificar o grau de
incapacidade de oito sistemas funcionais) e a forma para os doentes com EM bem como
o grau de severidade para os doentes com DB. Como população controlo, para
verificação das frequências genotípicas dos polimorfismos em estudo dos genes
citocina (TNF-α e IL-1β) e dos genes recetores de serotonina (HTR1A, HTR1B e
HTR2A), foram utilizados dois conjuntos de 218 e de 255 indivíduos saudáveis,
respetivamente, recrutados da Região Norte de Portugal.
Todos os doentes foram submetidos a um rastreio de depressão e ansiedade,
aplicando a Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS). A HADS foi desenhada de
forma a possibilitar aos clínicos uma avaliação do estado emocional do doente (Zigmond
& Snaith, 1983). A HADS consiste num conjunto de 2 subescalas, cada uma com sete
questões, e para as quais existe 4 possibilidades de resposta, pontuadas de 0 a 3. As
pontuações finais de depressão e ansiedade são obtidas separadamente e podem variar
entre 0 e 21. Neste estudo, e tal como em estudos anteriores, foi considerado um “cut-
off” de 8 como indicador de um doente com sintomas depressivos.
Uma vez caraterizada, os doentes foram divididos em dois grupos: (1) doentes
autoimunes com depressão (HADS ≥ 8) e (2) doentes autoimunes sem depressão
(HADS < 8).
Material e Métodos
37
3.2. Métodos
3.2.1. Amostras biológicas
A todos os indivíduos foi colhido sangue periférico por punção venosa em tubos
com 5% de EDTA (Ethylenediamine Tetraacetic Acid – anti-coagulante) e pH 7,3.
3.2.1.1. Extração de DNA
O DNA (ácido desoxirribonucleico) foi extraído utilizando uma modificação do
método clássico de Salting-out (Miller, Dykes, & Polesky, 1988). Este método baseia-se
na baixa solubilidade das proteínas na presença de elevadas concentrações de sais,
permitindo a extração de uma grande quantidade de DNA.
A 1ª fase envolveu a centrifugação de cada tubo de amostra durante 10 minutos
a 490g (Hettich Universal 30F Zentrifugen). Como resultado, obteve-se uma fase celular
- eritrócitos e buffy coat, anel de leucócitos -, e uma fase líquida - plasma.
Posteriormente e recorrendo à pipeta de Pasteur, foi recolhido o plasma e o buffy coat,
com alguns eritrócitos à mistura, para um tubo de Falcon de 50mL. Adicionou-se RCLB
(Red Cells Lysis Buffer – tampão de lise de eritrócitos que possui 1M de Tris-HCl a
pH7,2, 5M de NaCl e 1 M de MgCl2) até perfazer o volume de 50mL. Homogeneizou-se
por inversão e incubou-se a solução à temperatura ambiente e em agitação lenta num
oscilador (Stuart Scientific – Platform Shaker STR6), durante 5 minutos. Seguidamente,
procedeu-se a uma centrifugação a 828g durante 10 minutos a 4ºC (Heraeus Megafuge
16R). O sobrenadante foi descartado e o processo repetido até se obter um pellet limpo
de eritrócitos. De seguida, adicionou-se ao pellet 3,5mL de TE2 (Tris-EDTA 2x – tampão
com 1M de Tris-HCl a pH7,2, 5M de NaCl e 0,5M de EDTA) que proporcionou as
condições ótimas para o processo de lise e 200µL de SDS 10% (Sodium Dodecyl
Sulfate) – detergente responsável pela degradação da membrana fosfolipídica. Após
agitação vigorosa no vórtex, procedeu-se à adição de 10µL de proteinase K (50mg/mL),
responsável pela degradação das proteínas. A solução foi incubada de um dia para o
outro a 42ºC, promovendo a ação digestora da enzima sobre as células lisadas.
Uma vez digerida, transferiu-se a solução para um tubo de Falcon de 15mL e
adicionou-se 1mL de NaCl 6M, este tampão salino precipita as proteínas, rebentando
as membranas dos leucócitos e libertando desta forma o DNA para o meio. Depois de
agitada a solução no vórtex até obter um aspeto leitoso, incubou-se em agitação máxima
no oscilador magnético (Stuart Scientific – Platform Shaker STR6), durante 10 minutos.
Material e Métodos
38
Seguidamente, centrifugou-se a solução a 1923g, durante 30 minutos, à temperatura
ambiente (23ºC) (Heraeus Megafuge 16R), permitindo separar o sobredanante que
continha o DNA, do precipitado de proteínas. Depois de transferir o sobrenadante para
um tubo de Falcon de 50mL e de descartar o conteúdo proteico, promoveu-se finalmente
a precipitação do DNA, adicionando-se 20mL de etanol absoluto frio (a -20ºC). O etanol
proporciona a desidratação e posterior precipitação do DNA, invertendo-se lentamente
o tubo até surgir um novelo concentrado de DNA. Depois de descartado o etanol
absoluto, o novelo de DNA foi lavado com 5mL de etanol a 70% frio para eliminação das
impurezas (resíduos de sais orgânicos e proteínas). Numa última fase, o novelo de DNA
foi ressuspendido em 500µL de Tris-EDTA (tampão com 10mM de Tris HCl a ph7,2 e
1mM de EDTA), num eppendorf de 1,5ml. As amostras foram colocadas num agitador
rotativo (Stuart Scientific – Blood Tube Rotator SB1) durante algumas horas de modo a
que o DNA entre em solução.
3.2.1.2. Quantificação do DNA
A quantificação do DNA permitiu tanto determinar a concentração de DNA como
avaliar o seu grau de pureza, através da leitura das absorvâncias a 230nm, 260nm e
280nm, com recurso a um espectrofotómetro Nanodrop (Thermo Scientific – Nanodrop
1000) e utilizando 1,5µL de DNA da solução stock.
A absorvância a 260nm corresponde ao pico da absorvância dos ácidos
nucleicos – DNA e RNA -, e a leitura a 260nm indica a concentração de DNA na solução
stock. O valor da medição das absorvâncias a 280nm e 230nm indica-nos uma
estimativa de contaminação por proteínas e por sais orgânicos, respetivamente. O grau
de pureza é dado pelas razões A260/A230 e A260/A280, cujos valores devem estar
compreendidos entre 1,5 e 2, para que a amostra não seja considerada contaminada.
As soluções de trabalho foram preparadas para uma concentração de 50ng/µl e
um volume total de 200µl.
Material e Métodos
39
3.2.2. Estudos genéticos
3.2.2.1. Estudos de associação
Com o objetivo de identificar genes candidatos, estes estudos são realizados
para associar a doença com as variações genéticas. Para isso, comparam-se dois
grupos distintos (doentes autoimunes vs população controlo, doentes autoimunes
deprimidos vs doentes autoimunes não deprimidos). Supõe-se que os alelos que
predispõem à doença sejam mais frequentes em doentes, quando comparados com a
população controlo. Da mesma forma que os genótipos que possam oferecer proteção
contra o desenvolvimento da doença sejam mais frequentes na população controlo.
3.2.2.2. Variações genéticas
A uma variação na sequência de DNA que ocorra na população com uma
frequência igual ou superior a 1% dá-se o nome de polimorfismo (Karki, Pandya, Elston,
& Ferlini, 2015). A variação mais frequente que ocorre no genoma humano são os
chamados SNPs, Single Nucleotide Polymorphisms. Estas variações são caraterizadas
pela alteração de um único nucleótido e podem ocorrer em qualquer região do genoma
humano. Além dos SNPs, os STRs (Short Tandem Repeats), os VNTRs (Variable
Number of Tandem Repeats) e os polimorfismos de inserção ou deleção estão
presentes ao longo de todo o genoma. Os STRs são nucleótidos alinhados, em curtas
repetições (2 a 4 pb), organizados em sequência. Os VNTRs são arranjos lineares de
múltiplas cópias de sequências repetidas de DNA que variam no tamanho (10 a 15 pb)
e são altamente polimórficas. Os polimorfismos de inserção ou deleção são um tipo de
variação genética na qual um nucleótido específico está presente (inserção) ou ausente
(deleção).
3.2.3. Técnicas aplicadas
Para genotipagem dos SNPs foram utilizadas técnicas baseadas na reação em
cadeia da polimerase (PCR).
A PCR foi introduzida em meados dos anos 80 e consiste na amplificação, de
forma exponencial, de uma sequência específica de DNA a partir de um reduzido
número de moléculas de DNA (Mullis et al., 1986). Baseada no processo de replicação
que ocorre in vivo, o princípio da PCR envolve a amplificação enzimática de um
Material e Métodos
40
fragmento de DNA molde flanqueado por dois primers. Para que a reação possa ocorrer
convenientemente são necessários os seguintes componentes:
DNA molde, que possui a sequência a amplificar;
Primers, oligonucleótidos que flanqueiam a região de DNA a amplificar;
dNTPs (nucleótidos trifosfato), necessários para a síntese da nova
cadeia;
DNA polimerase, enzima que cataliza a reação de adição dos dNTPs;
MgCl2, co-fator da enzima;
Solução buffer NH4+, que permite a manutenção das condições ótimas de
reação.
Esta reação envolve três passos distintos: (1) desnaturação do DNA, (2)
annealing dos primers específicos e (3) extensão da cadeia de DNA. Em conjunto, estes
passos caraterizam-se como um ciclo e são repetidos por um determinado número de
vezes (figura 10).
A desnaturação ocorre a altas temperaturas (92ºC-95ºC) permitindo a separação
das duas cadeias de DNA de forma a que, na fase seguinte e a temperaturas
específicas, os primers se possam ligar, por complementaridade, às cadeias de DNA
simples. A temperatura de annealing baixa até valores entre 55ºC e 65ºC, dependendo
das propriedades de melting dos primers. Por último, a fase de extensão ocorre a 72ºC
e a enzima DNA polimerase sintetiza a nova cadeia de DNA. A DNA polimerase utilizada
foi a Taq polimerase, isolada a partir da bactéria Thermus aquaticus, cuja principal
caraterística é ser estável a temperaturas elevadas.
Figura 10: Passos da PCR. (Adaptada de: http://jdcdn.wabisabiinvestme.netdna-cdn.com/wp-content/uploads/2014/08/PCR.png. Acedida a: 20-04-2016).
Material e Métodos
41
3.2.3.1. PCR-RFLP
A técnica de RFLP (Restriction Fragment Lenght Polymorphism) tem por base a
deteção de fragmentos de diferentes tamanhos após a digestão de amostras de DNA
com endonucleases de restrição (Williams, 1989). Estas reconhecem sequências
específicas do DNA (4-6pb) promovendo o seu corte, o que resulta na obtenção de
fragmentos de diferentes tamanhos. Para obter o padrão de restrição específico, os
fragmentos de DNA são separados de acordo com o tamanho permitindo assim a
identificação das variantes alélicas. Na PCR-RFLP, o produto de PCR digerido é
separado através da eletroforese em gel (agarose ou poliacrilamida) (figura 11).
Este foi o método aplicado para o estudo dos polimorfismos rs1800629 (-308
G>A) no gene que codifica a citocina pro-inflamatória TNF-α e rs6313 (102 T>C) no
gene que codifica o recetor da serotonina 2A (5-HTR2A). A PCR amplificou as
sequências específicas e o padrão de restrição específico foi obtido através eletroforese
em gel de agarose a 4% e 3%, após digestão com a enzima NcoI e MspI,
respetivamente.
Figura 11: Procedimento da técnica PCR-RFLP. (Adaptada de: http://path.upmc.edu/cases/case490.html. Acedida a: 22/06/2016).
Material e Métodos
42
As sequências dos primers utilizadas estão descritas na tabela 4. A mastermix
foi preparada para um volume total de reação de 10µl contendo os reagentes descritos
na tabela 5, para amplificação do gene TNF -308. Uma vez preparada e homogeneizada
a solução, foram adicionados 9µl da solução em cada tubo de reação que já continha
1µl de DNA (50ng/µl). Enquanto para a amplificação do gene HTR2A, a mastermix foi
preparada para um volume total de reação de 20µl (tabela 6) e foram adicionados 19µl
da solução em cada tubo de reação contendo 1µl de DNA (50ng/µl). Em cada protocolo
foram utilizadas três amostras de controlo positivo com genótipo conhecido e um
controlo negativo (água bidestilada estéril Braun). Os tubos de reação foram colocados
no termociclador Applied Biosystem 2720 (tabelas 7 e 8).
Tabela 4: Sequências de primers utilizadas para a análise dos polimorfismos rs1800629 e do rs6313.
Tabela 5: Protocolo PCR – Reagentes e respetivas concentrações utilizados para amplificação do gene
TNF-α.
Gene Polimorfismo Sequência dos primers
TNF-α rs1800629 Forward 5’-AGG CAA TAG GTT TTG AGG GCC AT-3’
Reverse 5’-CAG CGG AAA ACT TCC TTG GT-3’
HTR2A rs6313 Forward 5’-CAC GTC CTC GGT CAC CTC TAT-3’
Reverse 5’-CAT GAG TTT CTT CTT TTC CAG CAG-3’
Reagentes Concentração stock Concentração na reação
Tampão NH4+ 10x 1,0 x
dNTP’s mix 25 mM 0,4 mM
Primer Forward 10 mM 0,50 mM
Primer Reverse 10 mM 0,25 mM
GoTaq G2 Flexi DNA
polymerase
5U/µL 1 U/10µL
MgCl2 50 mM 3,00 mM
ddH2O -
Material e Métodos
43
Tabela 6: Protocolo PCR – Reagentes e respetivas concentrações utilizados para amplificação do gene
HTR2A.
Tabela 7: Perfil térmico da PCR para amplificação do gene TNF-α.
Tabela 8: Perfil térmico da PCR para amplificação do gene HTR2A.
Reagentes Concentração stock Concentração na reação
Tampão NH4+ 10x 1,0 x
dNTP’s mix 25 mM 0,2 mM
Primer Forward 10 mM 1,00 mM
Primer Reverse 10 mM 1,00 mM
GoTaq G2 Flexi DNA
polymerase
5U/µL 1 U/20µL
MgCl2 50 mM 2,00 mM
ddH2O -
Desnaturação inicial 95ºC – 2 minutos
Desnaturação 95ºC – 15 segundos
Hibridação 58ºC – 1 minuto 45x
Extensão 72ºC – 30 segundos
Extensão final 72ºC – 2 minutos
Desnaturação inicial 94ºC – 3 minutos
Desnaturação 94ºC – 30 segundos
Hibridação 58ºC – 30 segundos 35x
Extensão 72ºC – 1 minuto
Extensão final 72ºC – 3 minutos
Material e Métodos
44
Após amplificação das sequências que contêm os polimorfismos, as amostras
de DNA amplificadas foram submetidas ao processo de digestão pela enzima Thermo
Scientific FastDigest NcoI para análise do rs1800629 e pela enzima Thermo Scientific
FastDigest MspI para análise do rs6313 (tabela 9). Para a digestão com a enzima NcoI,
a mix foi preparada para um volume total de 15,5µl (tabela 10). Depois de
homogeneizada, foi distribuído 10,5µl de solução por cada tubo de reação que já
continha 5µl de produto da PCR. Enquanto para a digestão com a enzima MspI, a mix
foi preparada para um volume total de 31µl (tabela 11) e foi adicionado 21µl de solução
a cada tubo de reação contendo 10µl de produto da PCR.
Tabela 9: Local de corte das enzimas de restrição NcoI e MspI, utilizadas na análise dos polimorfismos
rs1800629 e rs6313, respetivamente.
Tabela 10: Protocolo digestão enzimática com a enzima NcoI.
Tabela 11: Protocolo digestão enzimática com a enzima MspI.
Após a incubação overnight a 37ºC, os fragmentos de DNA foram separados
recorrendo à eletroforese em gel. A migração dos fragmentos de DNA ocorreu num gel
de agarose a 4% e 3% (rs1800629 e rs6313, respetivamente) corado com brometo de
etídeo. Após a separação, os fragmentos de DNA foram visualizados sob luz ultravioleta
(figuras 12).
Enzima de restrição NcoI
5’…C↓CATGG…3’
3’…GGTAC↓C…5’
Enzima de restrição MspI
5’…C↓CGG…3’
3’…GGC↓C…5’
Reagente Concentração stock Concentração na reação
NcoI 500U/µL 500U/15,5µL
10x tango Buffer 10x 0,65x
ddH2O -
Reagente Concentração stock Concentração na reação
NcoI 10U/µL 10U/31µL
10x tango Buffer 10x 0,65x
ddH2O -
Material e Métodos
45
3.2.3.2. PCR em tempo real
A PCR em tempo real foi descrita pela primeira vez em 1993 por Higuchi e seus
colaboradores e é uma variante da técnica da PCR convencional (Higuchi, Fockler,
Dollinger, & Watson, 1993). Esta técnica permite monitorizar a amplificação de um
pequeno fragmento de DNA, que possua o sítio específico do polimorfismo, e a sua
deteção em tempo real, utilizando uma tecnologia de fluorescência. É possível detetar
a fluorescência após a amplificação utilizando um corante intercalante (brometo de
etídeo) ou durante a amplificação utilizando sondas fluorescentes de sequências
específicas, das quais são exemplo as sondas Taqman.
Tecnologia Taqman
A atividade exonucleotídica da enzima Taq polimerase é fundamental nesta
tecnologia de forma a aumentar a sensibilidade e especificidade de deteção da PCR
(Holland, Abramson, Watson, & Gelfand, 1991). A sonda Taqman é uma sequência
oligonucleotídica que se liga a uma sequência específica de DNA, que possua o
polimorfismo, permitindo a deteção e quantificação da fluorescência. Para a
genotipagem, utiliza-se duas sondas Taqman que diferem na sequência de DNA apenas
no local do SNP. Uma das sondas é complementar ao alelo wild-type e a outra é
complementar ao alelo mutante. Ambas apresentam diferentes cores de fluorescência
de modo a permitir a sua distinção. Estas sondas apresentam na extremidade 3’ uma
264 pb 244 pb
GG AA GA
CC TC TT
105 pb
68 pb
37 pb
Figura 12: (A) Genótipos do polimorfismo rs1800629 obtidos por PCR-RFLP com utilização da enzima NcoI. (B) Genótipos do polimorfismo rs6313 obtidos por PCR-RFLP com utilização da enzima MspI.
(A) (B)
Material e Métodos
46
molécula que aceita a energia da molécula reporter e a dissipa na forma de calor,
designada por quencher e na extremidade 5’ um fluorocromo reporter. A proximidade
física entre a molécula reporter e do quencher no princípio da análise suprime a deteção
da fluorescência do primeiro.
Na fase de annealing da PCR, as sondas Taqman ligam-se ao local específico
do SNP. Durante a fase de extensão das cadeias de DNA, as sondas são detetadas
pela enzima Taq polimerase que as hidrolisam através da sua atividade exonucleotídica.
Este processo conduz à separação do quencher do reporter, resultando num aumento
exponencial da intensidade de fluorescência até um ponto onde pode ser detetada.
Quando a sonda permanece intacta, a fluorescência é suprimida devido à molécula
quencher estar próxima da molécula de fluorescência reporter. A deteção só é possível
se a sonda estiver completamente hibridizada, uma vez que a Taq polimerase não
reconhece a sonda que possua uma base não complementar. O aumento da
fluorescência é detetado através de um equipamento de PCR que possua um
fluorímetro, permitindo a medição do sinal de fluorescência das duas moléculas reporter
(figura 13).
Esta técnica foi aplicada para o estudo dos seguintes SNPs: o rs16944 (-511
C>T) no gene que codifica para a interleucina 1β, o rs6295 (-1019 G>C) no gene que
codifica para o recetor de serotonina 1A (5-HTR1A), o rs6296 (-861 G>C) no gene que
Figura 13: Mecanismo da PCR em tempo real com a tecnologia
Taqman para a genotipagem. (Adaptada de: http://labforum.foroactivo.com/t13-experimentos-de-genotipado-con-sondas-taqman. Acedida a: 15/07/2016).
Material e Métodos
47
codifica para o recetor de serotonina 1B (5-HTR1B) e também para o rs6314 (1345 C>T)
no gene que codifica para o recetor de serotonina 2A (5-HTR2A).
Para a genotipagem dos polimorfismos rs16944 e do rs6314, foi preparada uma
solução que perfazia um volume total de 8µl que continha 12,5ng de DNA, água
bidestilada estéril Braun, 1x Taqman® Gene SNP Assay kit (C_1839943_10 para o
rs16944 e C_11696920_20 para o rs6314, Applied Biosystems, Foster City, CA, USA)
e 1x Taqman® Universal PCR MasterMix (Applied Biosystems, Foster City, CA, USA).
A Taqman® Gene SNP Assay inclui as sondas e os primers e a Taqman® Universal
PCR MasterMix contém a DNA polimerase, dNTPs, Mg2+ e solução tampão (tabela 12).
Em cada protocolo foram utilizadas três amostras de controlo positivo com genótipo
conhecido e um controlo negativo (água bidestilada estéril Braun). As amostras foram
introduzidas no termociclador Rotor-GeneTM 6000 (Rcorbertt) (tabelas 13 e 14).
Tabela 12: Reagentes e respetivas concentrações utilizadas na PCR para análise dos polimorfismos
rs16944 e rs6314.
Tabela 13: Perfil térmico utilizado para a análise do polimorfismo rs16944.
Tabela 14: Perfil térmico utilizado para a análise do polimorfismo rs6314.
Reagentes Concentração stock Concentração na reação
Taqman® Universal PCR MasterMix 2x 1x
Taqman® Gene SNP Assay 40x 1x
ddH2O (Braun) -
Holding time 95ºC – 10 minutos
Desnaturação 92ºC – 15 segundos
Hibridação 58ºC – 40 segundos 40x
Extensão 72ºC – 20 segundos
Holding time 95ºC – 10 minutos
Desnaturação 92ºC – 15 segundos
Hibridação 60ºC – 40 segundos 40x
Extensão 72ºC – 20 segundos
Material e Métodos
48
Para genotipagem dos polimorfismos rs6295 e rs6296, foi preparada uma
solução que perfazia um volume total de 10µl que continha 12,5ng de DNA, 0,9µM de
primers forward e reverse, 0,25µM de sondas Taqman® e 1x Taqman® Universal PCR
MasterMix (Applied Biosystems, Foster City, CA, USA) (tabela 15). Para cada SNP
foram utilizados os primers e as sondas Taqman® específicas, de modo a permitir a
deteção do local específico da variação presente em cada um dos genes (tabela 16).
Também foram utilizadas três amostras de controlo positivo com genótipo conhecido e
um controlo negativo (água bidestilada estéril Braun). As amostras foram introduzidas
no termociclador Rotor-GeneTM 6000 (Rcorbertt) (tabelas 17 e 18).
Tabela 15: Reagentes e respetivas concentrações utilizadas na PCR para análise dos polimorfismos rs6295
e rs6296.
Tabela 16: Sequências de primers e sondas utilizadas para análise dos polimorfismos rs6295 e rs6296.
Tabela 17: Perfil térmico utilizado para a análise do polimorfismo rs6295.
Reagentes Concentração stock Concentração na reação
Taqman® Universal PCR MasterMix 2x 1x
Primers 50µM 0,9µM
Sondas Taqman® 10µM 0,25µM
ddH2O (Braun) -
Gene Polimorfismo Sequência dos primers e sondas
HTR1A rs6295
Primer F – 5’-AGGCTGGAGCAATGGC-3’
Primer A – 5’-CCAATTATTGCTAATTGATGGGAGAAG-3’
Sonda wt – FAM – AAAAAGGAAGACACTCGGTCTT-BBQ
Sonda mt – YAK – AAAAACGAAGACACACTCGGTCT-BBQ
HTR1B rs6296
Primer F – 5’CACGTCCTCGGTCACCTCTAT-3’
Primer A – 5’-GTCGGAGACTCGCACTTG-3’
Sonda wt – FAM – CTTGGTTCACATACACAGGAGATC-BBQ
Sonda mt – YAK – CTTGGTTGACATACACAGGAGATC-BBQ
Holding time 95ºC – 10 minutos
Desnaturação 95ºC – 15 segundos
Hibridação 58ºC – 40 segundos 40x
Extensão 72ºC – 20 segundos
Material e Métodos
49
Tabela 18: Perfil térmico utilizado para a análise do polimorfismo rs6296.
3.2.4. Análise estatística
A análise das variáveis categóricas foi feita recorrendo ao teste de Qui-quadrado
ou ao Teste Exato de Fisher (quando o n<5, sendo n o número de indivíduos). Para o
estudo das frequências genotípicas calculou-se o valor de p e o valor de Odds Ratio
(OR), indicativo do risco relativo para determinado acontecimento, através de
Regressão Logística Binária. Considerou-se como estatisticamente significativo, valores
de p inferiores a 0,05. A análise estatística foi realizada com o auxílio do software
estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 21.0.
Holding time 95ºC – 10 minutos
Desnaturação 95ºC – 15 segundos
Hibridação 56ºC – 40 segundos 40x
Extensão 72ºC – 20 segundos
RESULTADOS
Resultados
52
IV. RESULTADOS
4.1. Caraterísticas dos doentes autoimunes
Foram estudados 205 doentes com patologia autoimune sendo que 158 foram
diagnosticados com esclerose múltipla e 47 com doença de Behçet. As caraterísticas
demográficas e clínicas dos doentes estão descritas na tabela 19.
Tabela 19: Caraterísticas demográficas e clínicas das populações estudadas.
EDSS – Expanded Disability Status Scale | ER – Exacerbação Remissão | PP – Progressiva Primária | PS – Progressiva Secundária | HADS – Hospital Anxiety and Depression Scale
Esclerose Múltipla
n=158
Doença de Behçet
n=47
Sexo
Feminino, n (%) Masculino, n (%)
103 (65,2) 55 (34,8)
34 (72,3) 13 (27,7)
Idade ao diagnóstico (anos)
mediana (min – max)
29 (10 – 59) 35,5 (13 – 59)
Duração (anos)
mediana (min – max)
5 (1 – 39) 16 (5 – 34)
EDSS
mediana (min – max)
2 (0 – 8,5) -
Forma
ER, n (%) PP, n (%) PS, n (%)
132 (83,5) 17 (10,8) 9 (5,7)
-
Severidade
Moderada, n (%) Severa, n (%)
-
18 (60,9) 28 (39,1)
HADS
mediana (min – max)
4,5 (0 – 21) 4 (0 – 15)
HADS ≥ 8, n (%)
41 (25,9) 14 (29,8)
Resultados
53
Ambas as populações de doentes com esclerose múltipla como de doença de
Behçet são constituídas predominantemente por mulheres (65.2% e 72,3%,
respetivamente) e apresentam idades médias ao diagnóstico de 29 e 35,5 anos,
respetivamente. Quanto às caraterísticas clínicas e começando pela análise dos
doentes com esclerose múltipla, a mediana da duração da doença é de 5 anos e a
mediana de EDSS apresenta o valor de 2,0. Entre os 158 doentes, 83,5% apresentam
a forma exacerbação remissão (surto/remissão), 10,8% a forma progressiva primária e
5,7% a forma progressiva secundária. Verificou-se que o valor médio de HADS é de 4,5
e nesta coorte (n=158), 25,9% dos doentes apresentam um quadro depressivo.
Relativamente aos doentes com doença de Behçet, observou-se que a mediana de
duração da doença é de 16,8 anos e que 60,9% dos doentes apresentam um grau de
gravidade moderado enquanto nos restantes 39,1% a doença manifesta-se de forma
grave. Verificou-se que o valor médio da HADS é de 4 e nesta coorte (n=47), 29,8% dos
doentes sofrem de depressão.
4.2. Análise genética
Para melhor descrever os resultados obtidos, optou-se por dividir a análise em
duas partes: correlacionar os SNPs com a doença autoimune e com a depressão
(HADS≥8) em doentes com patologia autoimune. Em cada uma destas análises foi
considerado um grupo com autoimunidade e ainda uma análise para cada uma das
doenças.
4.2.1. Suscetibilidade para a doença autoimune
As frequências genotípicas dos polimorfismos dos genes em estudo foram
comparadas entre as populações de doentes e a população controlo.
Relativamente aos polimorfismos rs6295, rs6296, rs6313 e rs6314 dos genes
recetores serotoninérgicos não se observaram diferenças estatisticamente significativas
entre a população de doentes e a população controlo (tabela 20).
Resultados
54
Tabela 20: Frequências genotípicas dos polimorfismos nos genes recetores da serotonina (HTR1A, HTR1B
e HTR2A), na população controlo e na população de doentes.
PC – População Controlo | OR – Odds Ratio
De modo a estudar a existência de uma associação específica de uma patologia,
dividiu-se o grupo de doentes de acordo com a patologia. Verificou-se que os doentes
com EM apresentam frequências genotípicas semelhantes à população controlo (tabela
21).
Tabela 21: Frequências genotípicas dos polimorfismos nos genes recetores da serotonina (HTR1A, HTR1B
e HTR2A) na população controlo e na população de doentes com esclerose múltipla.
PC – População Controlo | OR – Odds Ratio
Polimorfismo Genótipos PC (n=265)
% (n)
Total Doentes (n=205)
% (n) OR (IC 95%) p
rs6295
HTR1A
GG GC CC
23,4 (62) 51,7 (137) 24,9 (66)
27,4 (55) 46,8 (94) 25,9 (52)
1 0,773 (0,494-1,211) 0,888 (0,531-1,485)
0,518
0,261 0,651
rs6296
HTR1B
GG GC CC
55,1 (146) 37,4 (99) 7,5 (20)
62,9 (129) 30,7 (63) 6,3 (13)
1 0,720 (0,485-1,069) 0,736 (0,352-1,538)
0,233
0,103 0,414
rs6313
HTR2A
CC CT TT
29,4 (78) 43,8 (116) 26,8 (71)
25,4 (51) 48,3 (97) 26,4 (53)
1 0,876 (0,531-1,446) 1,120 (0,717-1,751)
0,552
0,604 0,618
rs6314
HTR2A
CC CT TT
85,3 (226) 13,6 (36) 1,1 (3)
81,8 (166) 16,7 (34) 1,5 (3)
1 1,286 (0,772-2,141) 1,361 (0,271-6,830)
0,594
0,334 0,708
Polimorfismo
Genótipos
PC (n=265)
% (n)
Doentes EM (n=158)
% (n) OR (IC 95%) p
rs6295
HTR1A
GG GC CC
23,4 (62) 51,7 (137) 24,9 (66)
23,4 (36) 48,7 (75) 27,9 (43)
1 0,943 (0,573-1,551) 1,122 (0,639-1,969)
0,774
0,817 0,688
rs6296
HTR1B
GG GC CC
55,1 (146) 37,4 (99) 7,5 (20)
63,3 (100) 30,4 (48) 6,3 (10)
1 0,708 (0,461-1,086) 0,730 (0,328-1,626)
0,255
0,144 0,441
rs6313
HTR2A
CC CT TT
29,4 (78) 43,8 (116) 26,8 (71)
26,3 (41) 48,7 (76) 25,0 (39)
1 1,246 (0,774-2,006) 1,045 (0,607-1,800)
0,609
0,364 0,874
rs6314
HTR2A
CC CT TT
85,3 (226) 13,6 (36) 1,1 (3)
81,4 (127) 17,3 (27) 1,3 (2)
1 1,335 (0,774-2,300) 1,186 (0,196-7,194)
0,577
0,299 0,853
Resultados
55
Verificou-se que a frequência do génotipo rs6295GC (HTR1A) é inferior nos
doentes com Behçet comparativamente à população controlo [40,4% vs 51,7%,
p=0,027, OR (IC=95%) = 0,453 (0,224-0,914)] (tabela 22). Não foram encontradas
diferenças para os restantes polimorfismos estudados (tabela 22).
Tabela 22: Frequências genotípicas dos polimorfismos nos genes recetores da serotonina (HTR1A, HTR1B
e HTR2A) na população controlo e na população de doentes com a doença de Behçet.
PC – População Controlo | OR – Odds Ratio
Considerando os polimorfismos rs1800629 e rs16944 dos genes citocinas pro-
inflamatórias TNF-α e IL-1β, verificou-se que não existem diferenças estatisticamente
significativas entre a população de doentes e a população controlo (tabela 23).
Tabela 23: Frequências genotípicas dos polimorfismos nos genes citocina (TNF-α e IL-1β), na população
controlo e na população de doentes.
PC – População Controlo | OR – Odds Ratio
Polimorfismo Genótipos PC (n=265)
% (n)
DB (n=47)
% (n) OR (IC 95%) p
rs6295
HTR1A
GG GC
CC
23,4 (62) 51,7 (137)
24,9 (66)
40,4 (19) 40,4 (19)
19,1 (9)
1 0,453 (0,224-0,914)
0,445 (0,187-1,057)
0,054
0,027
0,067
rs6296
HTR1B
GG GC CC
55,1 (146) 37,4 (99) 7,5 (20)
61,7 (29) 31,9 (15)
6,4 (3)
1 0,763 (0,389-1,496) 0,755 (0,211-2,709)
0,703
0,431 0,667
rs6313
HTR2A
CC CT TT
29,4 (78) 43,8 (116) 26,8 (71)
22,2 (10) 46,7 (21) 31,1 (14)
1 1,412 (0,631-3,161) 1,538 (0,643-3,682)
0,597
0,401 0,334
rs6314
HTR2A
CC CT TT
85,3 (226) 13,6 (36) 1,1 (3)
83 (39) 14,9 (7) 2,1 (1)
1 1,127 (0,468-2,711)
1,932 (0,196-19,047)
0,830
0,790 0,573
Polimorfismo Genótipos PC (n=217)
% (n)
Total Doentes (n=205)
% (n) OR (IC 95%) p
rs1800629
TNF -308
GG GA AA
71,0 (154) 25,8 (56) 3,2 (7)
78,9 (161) 20,6 (42) 0,5 (1)
1 0,717 (0,454-1,133) 0,137 (0,017-1,124)
0,074
0,154 0,064
rs16944
IL-1β
CC CT TT
43,8 (95) 48,4 (105)
7,8 (17)
49,3 (100) 42,4 (86) 8,4 (17)
1 0,778 (0,522-1,161) 0,950 (0,458-1,968)
0,504
0,247 0,884
Resultados
56
Dividindo o grupo geral de doentes autoimunes de acordo com a patologia,
verificou-se que os doentes com EM apresentam frequências genotípicas semelhantes
à população controlo (tabela 24). O mesmo se observou nos doentes com Behçet
(tabela 25).
Tabela 24: Frequências genotípicas dos polimorfismos nos genes citocina (TNF-α e IL-1β) na população
controlo e na população de doentes com esclerose múltipla.
PC – População Controlo | OR – Odds Ratio
Tabela 25: Frequências genotípicas dos polimorfismos nos genes citocina (TNF-α e IL-1β) na população
controlo e na população de doentes com doença de Behçet.
-* Não calculável | PC – População Controlo | OR – Odds Ratio
4.2.2. Suscetibilidade para a depressão
Com o objetivo de verificar se algum dos polimorfismos descritos estariam
associados ao desenvolvimento da depressão na população de doentes, foram
analisadas as frequências genotípicas dos polimorfismos dos genes em estudo em
doentes com depressão e sem depressão.
Considerando os polimorfismos rs6295, rs6296, rs6313 e rs6314 nos genes dos
recetores de serotonina, verificou-se que não existem diferenças estatisticamente
significativas entre os doentes deprimidos e não deprimidos (tabela 26).
Polimorfismo Genótipos PC (n=217)
% (n)
EM (n=158)
% (n) OR (IC 95%) p
rs1800629
TNF -308
GG GA AA
71,0 (154) 25,8 (56) 3,2 (7)
78,5 (124) 20,9 (33)
0,6 (1)
1 0,754 (0,463-1,228) 0,177 (0,022-1,461)
0,158
0,256 0,108
rs16944
IL-1β
CC CT TT
43,8 (95) 48,4 (105)
7,8 (17)
49,4 (77) 42,3 (66) 8,3 (13)
1 0,776 (0,504-1,192) 0,943 (0,432-2,063)
0,504
0,247 0,884
Polimorfismo Genótipos PC (n=218)
% (n)
DB (n=47)
% (n) OR (IC 95%) p
rs1800629
TNF -308
GG GA AA
71,0 (154) 25,8 (56) 3,2 (7)
80,4 (37) 19,6 (9)
- -* -*
rs16944 IL-1β
CC CT TT
43,8 (95) 48,4 (23) 7,8 (7)
48,9 (23) 42,6 (20)
8,5 (4)
1 0,787 (0,406-1,523) 0,972 (0,298-3,165)
0,768
0,477 0,962
Resultados
57
Tabela 26: Frequências genotípicas dos polimorfismos nos genes recetores da serotonina (HTR1A, HTR1B
e HTR2A) na população de doentes com e sem depressão.
HADS – Hospital Anxiety and Depression Scale | OR – Odds Ratio
Considerando separadamente o grupo de doentes com EM e com DB, verificou-se
que os doentes com EM deprimidos apresentam frequências genotípicas semelhantes
àqueles que não apresentam quadro depressivo (tabela 27).
Tabela 27: Frequências genotípicas dos polimorfismos nos genes recetores da serotonina (HTR1A, HTR1B
e HTR2A) na população de doentes com esclerose múltipla deprimidos e não deprimidos.
-* Não calculável | HADS – Hospital Anxiety and Depression Scale | OR – Odds Ratio
Polimorfismo Genótipos HADS ≥ 8 (n=55)
% (n)
HADS < 8 (n=150)
% (n) OR (IC 95%) p
rs6295
HTR1A
GG GC CC
29,6 (16) 35,2 (19) 35,2 (19)
26,5 (39) 51,0 (75) 22,4 (33)
1 0,618 (0,286-1,333) 1,403 (0,624-3,157)
0,098
0,219 0,413
rs6296
HTR1B
GG GC CC
65,5 (36) 30,9 (17)
3,6 (2)
62,0 (93) 30,7 (46) 7,3 (11)
1 0,955 (0,485-1,878) 0,470 (0,099-2,224)
0,635
0,893 0,341
rs6313
HTR2A
CC CT TT
16,7 (9) 51,9 (28) 31,5 (17)
28,6 (42) 46,9 (69) 24,5 (36)
1 1,894 (0,815-4,401) 2,204 (0,876-5,543)
0,217
0,138 0,093
rs6314
HTR2A
CC CT TT
85,5 (47) 12,7 (7) 1,8 (1)
80,4 (119) 18,2 (27) 1,4 (2)
1 0,656 (2,268-1,610)
1,266 (0,112-14,295)
0,637
0,358 0,849
Polimorfismo Genótipos HADS ≥ 8 (n=41)
% (n)
HADS < 8 (n=117)
% (n) OR (IC 95%) p
rs6295
HTR1A
GG GC CC
25,0 (10) 32,5 (13) 42,5 (17)
22,8 (26) 54,4 (62) 22,8 (26)
1 0,545 (0,212-1,400) 1,700 (0,656-4,403)
0,033
0,207 0,274
rs6296
HTR1B
GG GC CC
63,4 (26) 31,7 (13)
4,9 (2)
63,2 (74) 29,9 (35) 6,8 (8)
1 1,057 (0,486-2,301) 0,712 (0,142-3,569)
0,898
0,889 0,679
rs6313
HTR2A
CC CT TT
17,1 (7) 53,7 (22) 29,3 (12)
29,6 (34) 47,0 (54)
23,5% (27)
1 1,979 (0,763-5,180) 2,159 (0,748-6,233)
0,299
0,160 0,155
rs6314
HTR2A
CC CT TT
85,4 (35) 14,6 (6)
-
80,0 (92) 18,3 (21) 1,7 (2)
-* -*
Resultados
58
Nos doentes com Behçet, as frequências genotípicas apresentam-se
semelhantes entre os doentes deprimidos e não deprimidos (tabela 28).
Tabela 28: Frequências genotípicas dos polimorfismos nos genes recetores da serotonina (HTR1A, HTR1B
e HTR2A) na população de doentes com doença de Behçet deprimidos e não deprimidos.
-* Não calculável | HADS – Hospital Anxiety and Depression Scale | OR – Odds Ratio
Relativamente aos polimorfismos rs1800629 e rs16944 nos genes citocinas pro-
inflamatórias, verificou-se que a frequência do genótipo rs16944TT (IL-1β) é mais
elevada nos doentes deprimidos comparando com os doentes sem quadro depressivo
[16,4% vs 5,4%, p=0,019, OR (IC=95%) = 3,3562 (1,238-10,254)]. Não existem
associações estatisticamente significativas para o polimorfismo rs1800629 (tabela 29).
Tabela 29: Frequências genotípicas dos polimorfismos nos genes citocina (TNF-α e IL-1β) na população
de doentes com e sem depressão.
-* Não calculável | HADS – Hospital Anxiety and Depression Scale | OR – Odds Ratio
Polimorfismo Genótipos HADS ≥ 8 (n=14)
% (n)
HADS < 8 (n=33)
% (n) OR (IC 95%) p
rs6295
HTR1A
GG GC CC
42,9 (6) 42,9 (6) 14,3 (2)
39,4 (13) 39,4 (13) 21,2 (7)
1 1 (0,255-3,928)
0,619 (0,098-3,919)
0,860
1,000 0,619
rs6296
HTR1B
GG GC CC
71,4 (10) 28,6 (4)
-
57,6 (19) 33,3 (11) 9,1 (3)
-* -*
rs6313
HTR2A
CC CT TT
15,4 (2) 46,2 (6) 38,5 (5)
25,0 (8) 46,9 (15) 28,1 (9)
1 1,60 (0,260-9,834)
2,22 (0,334-14,803)
0,708
0,612 0,409
rs6314
HTR2A
CC CT TT
85,7 (12) 7,1 (1) 7,1 (1)
81,8 (27) 18,2 (6)
- -* -*
Polimorfismo Genótipos HADS ≥ 8 (n=55)
% (n)
HADS < 8 (n=150)
% (n) OR (CI=95%) p
rs1800629
TNF -308
GG GA AA
80,0 (44) 20,0 (11)
-
78,5 (117) 20,8 (31) 0,7 (1)
-* -*
rs16944
IL-1β
CC CT TT
43,6 (24) 40,0 (22) 16,4 (9)
51,4 (76) 43,2 (64) 5,4 (8)
1 1,089 (0,559-2,121)
3,562 (1,238-10,254)
0,056
0,803 0,019
Resultados
59
Para verificar se esta associação é específica de uma patologia, dividiu-se mais
uma vez o grupo total de doentes de acordo com a patologia.
Verificou-se que a frequência do genótipo rs16944TT está aumentada tanto nos
doentes com EM como nos doentes com Behçet deprimidos, comparativamente àqueles
sem quadro depressivo (tabelas 30 e 31, respetivamente). No entanto, apenas os
doentes com EM deprimidos apresentam diferenças estatisticamente significativas em
comparação aos doentes com EM não deprimidos [17,1% vs 5,2%, OR (IC=95%) =
3,561 (1,065-11,910) (tabela 30).
Tabela 30: Frequências genotípicas dos polimorfismos nos genes citocina (TNF-α e IL-1β) na população
de doentes com esclerose múltipla deprimidos e não deprimidos.
HADS – Hospital Anxiety and Depression Scale | OR – Odds Ratio
Tabela 31: Frequências genotípicas dos polimorfismos nos genes citocina (TNF-α e IL-1β) na população
de doentes com doença de Behçet deprimidos e não deprimidos.
HADS – Hospital Anxiety and Depression Scale | OR – Odds Ratio
Polimorfismo Genótipos HADS ≥ 8 (n=41)
% (n)
HADS < 8 (n=117)
% (n) OR (IC 95%) p
rs1800629
TNF -308
GG GA AA
85,4 (35) 14,6 (6)
-
76,1 (89) 23,9 (28)
- 0,545 (0,208 – 1,430) 0,213
rs16944
IL-1β
CC CT TT
46,3 (19) 37,6 (15) 17,1 (7)
50,4 (58) 44,3 (51) 5,2 (6)
1 0,898 (0,414-1,948)
3,561 (1,065-11,910)
0,079
0,785 0,039
Polimorfismo Genótipos HADS ≥ 8 (n=14)
% (n)
HADS < 8 (n=33)
% (n) OR (IC 95%) p
rs1800629
TNF -308
GG GA AA
85,7 (12) 14,3 (2)
-
78,1 (25)
21,9 (7) -
0,595 (0,107 – 3,310) 0,701
rs16944
IL-1β
CC CT TT
35,7 (5) 50,0 (7) 14,3 (2)
54,8 (18) 39,4 (13)
6,1 (2)
1 1,938 (0,502-7,487)
3,600 (0,400-32,366)
0,430
0,337 0,253
DISCUSSÃO
Discussão
62
V. DISCUSSÃO
A depressão é um dos distúrbios psiquiátricos mais comuns nos países
desenvolvidos constituindo por isso um grave problema de saúde pública. Este distúrbio
está associado a um aumento do risco para o suicídio e a uma redução na capacidade
física, cognitiva e social levando a uma diminuição da qualidade de vida e,
consequentemente, a um aumento da morbidade e da mortalidade. Assim, o diagnóstico
da depressão bem como um tratamento adequado é de extrema importância.
Vários são os estudos que têm reportado a presença de sintomatologia
psicopatológica, nomeadamente a depressão e a ansiedade, tanto em doentes com
esclerose múltipla (da Silva et al., 2011; Patten et al., 2003; Skokou et al., 2012) como
com doença de Behçet (Dursun et al., 2007; Taner et al., 2007). Está bem documentado
que nestes doentes a prevalência de depressão é significativamente mais elevada em
comparação à população em geral, atingindo valores de 54% para os doentes com EM
e de 47,5% para os doentes com Behçet vs 15% para a população em geral (Skokou et
al., 2012; Taner et al., 2007). Manifestações clínicas tais como a fadiga e défices
cognitivos nos doentes com esclerose múltipla, e em casos mais graves de doença de
Behçet, constituem fatores que podem dificultar a sintomatologia depressiva e, portanto,
o diagnóstico de depressão.
Embora a etiologia da depressão ainda não esteja definida, a expressão de um
conjunto de fatores genéticos, bioquímicos, psicológicos e psicossociais pode estar
subjacente ao aparecimento deste distúrbio (Nestler et al., 2016). Relativamente à
depressão em doentes com patologia autoimune, surgem questões ainda mais
complexas. Será esta uma consequência do envolvimento da doença autoimune no
SNC? Ou estará a depressão associada a um conjunto de aspetos incapacitantes
inerentes à própria doença? Ou será a condição inflamatória, caraterística das doenças
autoimunes, a ligação entre estas e o desenvolvimento da depressão? Serão os
mecanismos biológicos, envolvidos na etiologia da depressão, semelhantes em doentes
com patologia autoimune e em indivíduos controlo?
O principal objetivo do presente estudo era analisar a existência de possíveis
associações entre vários polimorfismos de genes do sistema serotoninérgico e de genes
das citocinas e o desenvolvimento da depressão. Apresentamos a originalidade de
estudar uma coorte portuguesa de doentes com patologia autoimune, particularmente
aqueles com esclerose múltipla e com doença de Behçet. Para verificar se existe uma
associação entre as componentes genéticas avaliadas e a depressão, teve que ser
Discussão
63
analisada apriori a existência de uma associação com o desenvolvimento da doença
autoimune.
A serotonina, além de ser um importante neurotransmissor envolvido na regulação
de inúmeros processos ao nível do SNC, também está envolvida na regulação de uma
variedade de processos fisiológicos e apresenta efeitos imunomodulatórios. Várias
linhagens celulares hematopoiéticas como as plaquetas, monócitos e linfócitos
conseguem armazenar e libertar serotonina depois de estimuladas. De facto, tem vindo
a ser descrito que durante o processo inflamatório existe um aumento extracelular dos
níveis de serotonina (Mossner & Lesch, 1998). A ativação e proliferação de linfócitos T
e B, a modulação da libertação de citocinas e o recrutamento de neutrófilos para o local
da inflamação aguda são algumas das funções imunomodeladoras da serotonina e que
poderão ter influência nas doenças autoimunes (Mauler, Bode, & Duerschmied, 2016).
As funções imunológicas da serotonina são, por sua vez, mediadas pelos seus
recetores.
No nosso estudo e considerando a suscetibilidade para as doenças autoimunes
investigadas, não foram observadas diferenças estatisticamente significativas nos
polimorfismos rs6296, rs6313 e rs6314 (nos genes recetores de serotonina) entre os
doentes investigados e a população controlo. O polimorfismo rs6296, apesar de se
encontrar numa região codificante do gene HTR1B, não provoca nenhuma alteração a
nível da sequência de aminoácidos. A expressão deste gene poderá ser afetada devido
a um desequilíbrio de ligação entre este polimorfismo e um outro localizado próximo da
região codificante do gene HTR1B. Para este polimorfismo, não existem estudos que
reportem associações com as doenças autoimunes. Considerando os polimorfismos
rs6313 e rs6314, também estes podem influenciar a atividade do recetor 5-HT2A
provocando alterações ao nível da expressão do gene HTR2A. É conhecido que o
recetor de serotonina 2A tem efeitos na resposta imunitária, nomeadamente na
regulação da produção de citocinas pro-inflamatórias. Em 2008, um estudo sueco
observou associações entre a variabilidade genética do HTR2A, incluindo o rs6313 e
rs6314, e a artrite reumatoide (Kling et al., 2008).
Quanto ao polimorfismo rs6296, não se evidenciou a existência de qualquer
diferença nas frequências genotípicas na população geral de doentes autoimunes
(n=205) e no grupo de doentes com EM (n=158). No entanto, observou-se uma
diferença estatisticamente significativa na frequência do genótipo rs6295GC do gene
recetor da serotonina 1A no grupo de doentes com Behçet (n=47). A frequência do
genótipo rs6295GC apresenta-se diminuída nos doentes com Behçet comparativamente
Discussão
64
à população controlo. Este resultado sugere que o genótipo rs6295GC poderá ser
protetor para a doença de Behçet. Esta análise deve ser feita com precaução e são
necessários estudos com coortes mais alargadas para verificar se esta associação se
mantém. Até à data, não existem estudos que reportem uma associação entre o
polimorfismo rs6295 (-1019 G>C) e a proteção para a doença de Behçet. No entanto,
foi observada uma associação entre o alelo rs6295G e a suscetibilidade para o diabetes
mellitus tipo 1, numa coorte sueca (Asad et al., 2012). Está descrito que este recetor
desempenha um papel importante na regulação da proliferação de linfócitos T e B e na
atividade da adenilciclase. Baixos níveis de serotonina têm um efeito estimulatório,
enquanto elevados níveis possuem efeitos supressivos. Assim, uma sobreexpressão de
5-HTR1A poderá promover a proliferação de linfócitos T e B que poderá causar a reação
autoimune (Xu et al., 2011).
Os alelos HLA-DRB1*15 e HLA-B*51 estão associados à suscetibilidade para a EM
e DB, respetivamente, e é observada uma sobreexpressão de citocinas pro-
inflamatórias, como o TNF-α e IL-1β, nos doentes com estas patologias. Assim, é
conhecido que as doenças autoimunes têm uma forte associação com genes envolvidos
na resposta imune. Os polimorfismos nas regiões reguladoras dos genes citocinas
poderão influenciar a sua expressão e podem ser importantes preditores genéticos de
suscetibilidade à doença autoimune. O nosso estudo não encontrou diferenças
estatisticamente significativas nos polimorfismos rs1800629 e rs16944 dos genes
citocinas pro-inflamatórias TNF-α e IL-1β entre os doentes investigados e a população
controlo. Estes resultados estão de acordo com estudos realizados em doentes com EM
(Heidary et al., 2014; Mirowska-Guzel, Gromadzka, Mach, Czlonkowski, & Czlonkowska,
2011; Tolide-Ie, Tabatabaee, & Kamali-Sarvestani, 2014) assim como em doentes com
Behçet (Akman et al., 2008; Ates, Dalyan, Hatemi, Hamuryudan, & Topal-Sarikaya,
2010; Lee, Kim, Lee, Park, & Song, 2003).
No presente estudo verificamos que tanto doentes com esclerose múltipla como
aqueles com doença de Behçet apresentam taxas de prevalência de quadros
depressivos superiores, de 25,9% e 29,8%, respetivamente, às descritas na população
em geral, 15% (Haase & Brown, 2015). Atualmente, o sistema serotoninérgico é o
principal sistema envolvido na patofisiologia da depressão. Os polimorfismos dos genes
das moléculas envolvidas na sinalização serotoninérgica, nomeadamente dos recetores
de serotonina, poderão ser excelentes preditores genéticos de suscetibilidade para este
distúrbio. O polimorfismo rs6295 (-1019 C>G) está localizado na região promotora do
gene HTR1A (Anttila et al., 2007). Como já foi referido na parte introdutória deste
trabalho, é sugerido que a presença do alelo rs6295G altere o local de reconhecimento
Discussão
65
para a NURD. Esta alteração leva ao aumento da expressão deste recetor que poderá
afetar negativamente a disponibilidade de serotonina na fenda sináptica, observada em
doentes deprimidos. Um estudo realizado no Canadá com 129 doentes com depressão
reportou que os portadores do genótipo rs6295GG ou do alelo rs6295G possuem um
risco aumentado para o desenvolvimento da depressão (Lemonde et al., 2003). No
nosso estudo não se evidenciaram resultados estatisticamente significativos, o que está
de acordo com os resultados de um estudo finlandês que incluía 86 doentes deprimidos
(Illi et al., 2009).
Embora, até à data, existam poucas publicações que relacionem o polimorfismo
rs6296 (-861 G>C) no gene HTR1B e a depressão, Huang et al, num estudo norte-
americano que incluía 394 doentes psiquiátricos, evidenciaram que indivíduos
portadores do alelo rs6296C apresentavam maior suscetibilidade para o
desenvolvimento da depressão (Huang et al., 2003). Também foram reportadas
associações entre esta variante e a depressão em indivíduos expostos a situações
recentes de stress (Mekli et al., 2011) e ainda a uma maior predisposição para o
alcoolismo antissocial (Lappalainen et al., 1998). No presente estudo, não foram
observadas associações estatisticamente significativas entre este polimorfismo e a
suscetibilidade para a depressão.
Relativamente ao gene HTR2A, foi sugerido que variações neste gene podem
desempenhar um papel importante no desenvolvimento, progressão e na resposta ao
tratamento de distúrbios depressivos (Petit et al., 2014; Serretti et al., 2007). O rs6313
(102 T>C), apesar de silencioso, pode interferir na atividade do recetor dada a sua
localização na região promotora do gene. A maior parte dos estudos realizados para
este polimorfismo evidenciaram um aumento da frequência do alelo rs6313C em
doentes deprimidos (Arias et al., 2001; Du et al., 2000; Petit et al., 2014; Wrzosek et al.,
2011) comparativamente à população em geral. Os fatores envolvidos no
desenvolvimento da depressão poderão diferir em indivíduos sem outras patologias
adjacentes e em indivíduos com autoimunidade. Exemplo disso é observado em estudos
realizados em coortes portuguesas com LES, nos quais foram observadas associações
entre o alelo rs6313T e o genótipo rs6313TT e uma maior suscetibilidade para a
depressão (Ferreira, 2015; Leal et al., 2011). No presente estudo, também os doentes
com patologia autoimune deprimidos apresentam um aumento da frequência do
genótipo rs6313TT comparativamente ao genótipo rs6313CC (31,5% vs 16,7%,
respetivamente). No entanto, e tal como evidenciado noutros estudos, não existem
diferenças estatisticamente significativas nas frequências genotípicas deste
polimorfismo entre os grupos de doentes com autoimunidade deprimidos e não
Discussão
66
deprimidos. Relativamente ao polimorfismo rs6314 (1354 C>T), localizado na região C-
terminal do HTR2A, este também poderá ter influência nos níveis de expressão deste
recetor. Num estudo efetuado numa população francesa, o genótipo rs6314TT foi
associado a um maior grau de gravidade de depressão (Petit et al., 2014). No nosso
estudo, assim como descrito num estudo conduzido numa população alemã (Minov et
al., 2001), não foram observadas associações estatisticamente significativas entre este
polimorfismo e a suscetibilidade para a depressão.
A importância do papel das citocinas na ativação de sistemas relacionados com
a patofisiologia da depressão tem vindo a ser descrita. As citocinas pro-inflamatórias
influenciam negativamente a síntese de serotonina, estimulam a ativação do sistema
HPA, levando à hipercortisolemia, e modulam a neurogénese do hipocampo. Assim, tem
vindo a ser investigada uma possível relação entre os polimorfismos (SNPs) dos genes
citocinas e a suscetibilidade para a depressão. Nos doentes com patologia autoimune é
pertinente estudar os polimorfismos nos genes das citocinas na suscetibilidade para a
depressão, uma vez que existe uma elevada libertação de citocinas pro-inflamatórias
nestes doentes. Em relação ao polimorfismo rs1800629 (-308 G>A), Jun et al.
reportaram uma associação entre o alelo rs1800629A e a depressão numa população
coreana (Jun et al., 2003). Resultado este que contraria o evidenciado por Cerri et al.
num estudo conduzido numa coorte italiana que evidenciou que o genótipo
rs1800629GG está relacionado com o distúrbio depressivo em 50 doentes geriátricos
(Cerri et al., 2010). No nosso estudo não foram encontradas associações entre este
polimorfismo e a suscetibilidade para a depressão, tal como foi descrito em outras
publicações (Clerici et al., 2009; Misener et al., 2008).
A IL-1β tem vindo a ser sugerida como tendo um papel central na comunicação
entre o sistema imune e o SNC. Esta citocina pro-inflamatória é capaz de modular o
metabolismo do triptofano através do aumento da atividade da enzima IDO, o que leva
a uma redução da disponibilidade de triptofano para a síntese de serotonina; esta
enzima também ativa a via de quinurenina, que produz metabolitos neurotóxicos
(Dantzer, O'Connor, Lawson, & Kelley, 2011). Para além destes efeitos na transmissão
serotoninérgica, a IL-1β tem também um papel regulador na atividade do sistema HPA
(Maes, Bosmans, Meltzer, Scharpe, & Suy, 1993) bem como influencia negativamente
a plasticidade neuronal (Miller, Maletic, & Raison, 2009). O polimorfismo rs16944 (-511
C>T) pode alterar a expressão do gene IL-1β. Observamos uma associação
estatisticamente significativa entre o genótipo rs16944TT e a suscetibilidade para a
depressão, quando comparados doentes que apresentam quadro depressivo e aqueles
que não apresentam. Os nossos resultados seguem a mesma linha de outros estudos
Discussão
67
já publicados. O aumento do risco para a depressão foi observado em indivíduos
portadores do alelo rs16944T com esquizofrenia (Rosa et al., 2004), afetados pela
doença de Alzheimer (McCulley et al., 2004) e com cancro da mama (Kim et al., 2013)
e ainda em indivíduos portadores do genótipo rs16944TT expostos a situações de stress
durante a infância (Kovacs et al., 2016). Por outro lado, Borkowska et al., numa coorte
polaca, observaram um efeito protetor do alelo rs16944T contra a recorrência da
depressão (Borkowska et al., 2011). Dois outros estudos reportaram ainda que doentes
portadores do genótipo rs16944TT apresentavam melhor resposta ao tratamento com
antidepressivos (Baune et al., 2010; Yu et al., 2003). É de notar que no presente estudo,
bem como nos outros que relacionaram o alelo rs16944T à suscetibilidade para a
depressão, os grupos investigados são portadores de outras patologias clínicas severas
ou então expostos a situações de stress.
Tal como já foi referido ao longo do trabalho, a depressão é uma doença
complexa, que pode sofrer influência não só de múltiplos genes mas também de uma
série de fatores ambientais. Os estudos realizados incidem em diferentes populações e,
por isso, as frequências genotípicas são caraterísticas de cada população, podendo esta
ser uma das causas das discrepâncias observadas entre as diferentes publicações. O
poder estatístico também é reduzido dado que a maioria dos estudos apresentam uma
amostra populacional reduzida que condiciona a identificação de genes envolvidos na
suscetibilidade para a depressão. É também de referir que o nosso estudo foi conduzido
numa população afetada por uma condição clínica crónica e que a maior parte das
publicações existentes incidiram em indivíduos apenas afetados pela depressão e/ou
por distúrbios psiquiátricos.
CONCLUSÕES E PERSPETIVAS FUTURAS
Conclusões e Perspetivas Futuras
70
VI. CONCLUSÕES E PERSPETIVAS FUTURAS
Com o crescente aumento da prevalência de distúrbios psiquiátricos,
nomeadamente da depressão, em todo mundo, vários são os estudos que tentam
compreender a sua etiologia. A hipótese das monoaminas foi a primeira teoria a ser
explorada na tentativa de explicar a etiologia da depressão. Assim, a definição dos
genes candidatos para o estudo da suscetibilidade para a depressão tem sido baseada
no conhecimento de moléculas envolvidas nas vias de sinalização monoaminérgica e
no tratamento farmacológico. A associação de polimorfismos em genes envolvidos no
sistema serotoninérgico com as doenças psiquiátricas tem sido investigada por vários
grupos, mas os resultados têm-se revelado inconsistentes. O presente estudo
apresentou a singularidade de analisar o papel dos polimorfismos em genes de
moléculas do sistema serotoninérgico na depressão, numa coorte de doentes com
patologia autoimune.
Atualmente, outras teorias têm emergido na tentativa de uma melhor compreensão
acerca deste distúrbio. Uma das teorias mais testadas é a hipótese das citocinas. O
facto de as citocinas pro-inflamatórias induzirem uma síndrome comportamental,
conhecida como sickness behaviour, com sintomas semelhantes àqueles observados
na depressão, hipotetiza que uma desregulação da atividade inflamatória das citocinas
poderá ser um fator contributivo para os distúrbios depressivos. Esta teoria é suportada
por um grande número de evidências, tais como os efeitos provocados pelas citocinas
na neurotransmissão de serotonina, na atividade do sistema HPA e na neurogénese do
hipocampo. Todos estes eventos descritos como envolvidos na etiologia da depressão.
Para além destes efeitos, associações entre a elevada atividade inflamatória,
caraterística das doenças autoimunes, e a sintomatologia depressiva tem sido
documentada em inúmeros estudos. Por isso, os genes envolvidos na regulação da
atividade das citocinas são fortes candidatos para o envolvimento da suscetibilidade
genética na depressão.
No estudo apresentado, observou-se a existência de uma associação significativa
(p=0,019) para o genótipo rs16944TT do gene citocina IL-1β e que sugere que este
possa estar associado a uma maior suscetibilidade para a depressão nos doentes com
patologia autoimune. O nosso estudo é o primeiro a reportar esta associação em
doentes com autoimunidade, seguindo a mesma linha de outros estudos em doentes
portadores de outras patologias crónicas ou expostos a situações de stress. O efeito
protetor deste polimorfismo evidenciado noutros estudos incidiu em grupos de doentes
Conclusões e Perspetivas Futuras
71
deprimidos não expostos a fatores de stress. Estas evidências sugerem que uma
excessiva sobreexpressão da IL-1β, durante o curso de doenças crónicas ou em
eventos de stress ocorridos na vida, poderá interferir com o funcionamento neuronal
normal e, assim, despoletar o distúrbio depressivo.
A depressão é uma doença complexa causada por múltiplos genes de pequenos
efeitos e por condicionantes ambientais que surgem ao longo da vida. Logo, a
compreensão destas interações gene-gene e gene-ambiente permanece um importante
desafio. Assim, surge a necessidade de aumentar o número de amostras em estudo
bem como uma melhor caraterização das populações. A exposição a eventos de stress
ocorridos ao longo da vida, a avaliação da qualidade de vida dos doentes e a atividade
da doença inflamatória são aspetos que se devem ter em conta em estudos posteriores
da depressão em doentes com patologia autoimune.
O futuro passará pela implementação de uma medicina preventiva e personalizada.
O conhecimento dos fatores de suscetibilidade genética envolvidos na etiologia da
depressão em doentes com autoimunidade permitirá não só contribuir para o
desenvolvimento de novas terapêuticas mas também para um acompanhamento
médico personalizado, de modo a prevenir comportamentos depressivos e a melhorar
a qualidade de vida dos doentes. Relativamente aos aspetos médico legais, é de
especial interesse estudar os doentes com patologia autoimune devido à incapacidade
física, psicológica e social a que estes estão sujeitos e que poderá estar associada aos
distúrbios depressivos. Nos casos criminais, a condição mental do arguido é um
parâmetro que possui especial interesse, uma vez que poderá influenciar o veredito. É
um facto que os doentes deprimidos têm maior predisposição para cometer o suicídio.
Assim, medidas relativas à prevenção do suicídio em doentes deprimidos, incluindo o
internamento e uma terapia adequada, são de extrema importância médico-legal.
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