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Abstract
Resumo
*Instituto de Historia, CCHSConsejo Superior de Investigaciones Cientfi-cas (CSIC)[email protected]
**UNIARQ - Centro de Arqueologia da Uni-versidade de Lisboa. Faculdade de Letras de Lisboa (FL-UL)[email protected]
Marta Moreno Garca*Ana Catarina Sousa**
Para alm das muralhas, uma perspetiva dos recursos faunsticos no Calcoltico da Estremadura: o conjunto arqueofaunstico do Locus 5 do Penedo do Lexim (Mafra)
O presente trabalho descreve e analisa o esplio arqueofaunstico recuperado no Locus 5 do povoado fortificado do Penedo do Lexim, Mafra datado no Calcoltico Pleno (sem campaniforme). Foram identi-ficados 1532 restos pertencentes na sua maioria a mamferos. A considervel contribuio de animais domsticos, em especial ovicaprinos e sudeos (fundamentalmente porcos), indicia a importncia das ati-vidades agro-pastoris entre as comunidades humanas estabelecidas neste espao durante o III milnio a.C. O reduzido nmero de restos de gado bovino, quando comparado com outros conjuntos contempo-rneos do entorno, discutido no marco de vrias hipteses de trabalho. Com o objetivo de melhorar o nosso conhecimento sobre quais foram os recursos aproveitados das principais espcies ganadeiras realizamos um estudo comparado das idades de abate. No caso dos ovicaprinos evidencia-se uma clara mudana em relao ao Neoltico Final, o aproveitamento prioritrio de carne substitudo pela explorao dalguns dos chamados produtos secundrios, previsivelmente o leite e o estrume. Por ltimo, avalia-se o reduzido papel das atividades cinegticas na economia local e apontamos as diferenas e semelhanas com outros esplios faunsticos do Calcoltico da Estremadura e do Alentejo.
In this paper we describe and analyze the faunal remains recovered from Locus 5 at the fortified set-tlement of Penedo do Lexim, Mafra dated to the Middle Chalcolithic (without Bell Beaker). Most of the 1532 remains identified belong to mammals. The outstanding contribution of domestic animals, in par-ticular caprines and suids (mainly pigs), suggests the importance of agro-pastoral activities among the people settled there over the 3rd millennium BC. The low number of cattle compared to other contempo-rary assemblages of the surroundings is discussed taking into account different working hypotheses. With the aim of improving our knowledge on which the resources used from the main husbanded species were we conducted a comparative study of the age-at-death profiles. In the case of caprines there is clear evidence for change since the Late Neolithic: the meat priority pattern is substituted by the exploitation of some of the so called secondary products, presumably milk and dung. Lastly, we evaluate the scarce role of hunting activities in the local economy while some differences and similarities with other Chalco-lithic faunal assemblages from the Estremadura and Alentejo regions are noted.
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1. Contextos em anlise
1.1. O povoado pr-histrico do Penedo do Lexim
1.1.1. A histria das pesquisas
A histria da investigao arqueo-lgica deste stio arqueolgico remonta a finais do sculo XIX. Estcio da Veiga (1879), na obra Antiguidades de Mafra descreve o Monte do Lexim, destacando o seu patrimnio natural. Datam tambm do sculo XIX as primei-ras recolhas de material, nomea-damente um machado de bronze citado por Possidnio da Silva e materiais pr-histricos recolhidos pelos Servios Geolgicos por Joaquim Scolla, sob a direo de Carlos Ribeiro (Sousa, 2010). apenas um sculo depois, na dcada de 70 do sculo XX, que so efetuados os primeiros tra-balhos de escavao sob a dire-o de Jos Morais Arnaud. Entre 1970 e 1974 foram realiza-das duas campanhas de escava-o de emergncia na sequncia da laborao de uma pedreira de brita (Arnaud & alii, 1971; Arnaud, 19741975). Simulta-neamente, o labor da pedreira e a notoriedade do stio, levam a numerosas recolhas avulsas por parte de vrios coletores, na maioria no arquelogos. com base nestas recolhas, sem provenincia estra-tigrfica, que efetuado o primeiro estudo arqueozoolgicos do stio (Driesch & Richter, 1976), um dos primeiros a ser publicado sobre conjuntos portugueses. Entre 1998 e 2004, uma das signatrias (ACS) dirigiu um projeto de investigao neste stio, com seis campanhas de escavao e um vasto leque de estudos interdisciplinares, entre as quais a Arqueozoologia. Um estudo exaus-tivo de contextos, materiais e problemticas foi apresentado na sua tese de dissertao de doutoramento O Penedo do Lexim e o povoa-mento do Neoltico final e Calcoltico da Ribeira de Cheleiros (Sousa, 2010).
O projeto desenvolvido entre 1998 e 2004 foi integrado no Plano Nacional de Trabalhos Arqueolgicos, com o apoio da Cmara Muni-cipal de Mafra e do ento Instituto Portugus de Arqueologia. Os trabalhos de campo tive-ram a codireo de Marta Miranda a partir de 2002. O estudo arqueozoolgico do Penedo do Lexim iniciou-se atravs de concurso pro-movido pelo CIPA (Centro de Investigao em Paleoecologia Humana e Arqueocincias) em 2000 e 2002. Os trabalhos de arqueozoologia acompanharam o progresso dos trabalhos de campo: inicialmente foram direcionados para o estudo dos nveis do Neoltico Final (Moreno & Sousa, no prelo), correspondendo a um sector
Fig. 1 Penedo do Lexim (a vermelho) e os
povoados fortificados das Peninsulas de Lisboa
e Setbal. 1.Outeiro da Assenta;
2. Outeiro de S. Mamede; 3. Columbeira;
4. Vila Nova de So Pedro;
5. Pragana; 6. Ota;
7. Frnea; 8. Zambujal;
9. Penedo (?); 10. Pedra do Ouro;
11. Castelo; 23. Penedo do Lexim; 25. Moita da Ladra;
34. Olelas; 43. Penha Verde;
48. Leceia; 62. Chibanes;
66. Castro de Sesimbra.
Fig. 2 Vista da vertente Este do
Penedo do Lexim, com indicao dos sectores
intervencionados.
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escavado em 1998 e 1999. Face ao volume dos materiais faunsticos recolhidos (108 668 fragmentos) perspetivou-se o estudo de con-textos especficos, que cobrissem a diacronia de uso do stio e que correspondessem a distin-tas reas do povoado. O presente artigo ana-lisa um contexto intervencionado entre 2003 e 2004, tendo o seu estudo decorrido j com o Laboratrio de Arqueobiologia do CSIC, em Madrid em 2013.
1.1.2. Fragmentos da histria do povoado pr-histrico do Penedo do Lexim
O stio do Penedo do Lexim localiza-se na fre-guesia de Igreja Nova, concelho de Mafra, distrito de Lisboa (coordenadas geogrfi-cas: Latitude 9 2534.2588, Longitude - 38 5321.8003, Altitude 232 m). Trata-se de uma chamin vulcnica situada na margem esquerda da Ribeira de Cheleiros, curso de gua que desagua no Oceano Atlntico. Esta fortificao natural domina visualmente a paisagem envolvente, em termos altimtricos e visuais, apresentando marcantes afloramen-tos verticais. Trata-se de uma elevao com trs grandes plataformas naturais: 1. a plataforma superior, correspondendo ao ncleo central do
stio; 2. a plataforma intermdia localizada a mdia encosta, incluindo vrios ncleos deli-mitados por afloramentos rochosos e 3. uma plataforma inferior, na base do stio (Sousa, 2010). A plataforma superior e intermdia cor-responde ao ncleo central do povoado forti-ficado, onde se realizaram as diversas campa-nhas de escavao, perfazendo uma rea total de 1,4 ha. A ocupao no sop do Penedo, junto vertente oeste, amplia a rea ocupada, ascendendo a 4,7 ha. As campanhas de escavao foram organiza-das em sectores nas referidas plataformas: no topo, o Locus 1; na plataforma intermdia os Loci 2, 3, 4, 5 e 6. Apenas o Locus 1 apre-senta toda a diacronia de ocupao, existindo de alguma forma uma ocupao horizontal dis-persa nas diferentes plataformas.O faseamento do stio inclui uma primeira ocu-pao integrvel no Neoltico Final (Sousa, 2003) identificada apenas em duas reas cir-cunscritas do povoado o topo (Locus 1) e uma pequena plataforma situada na vertente sul (Locus 4). A principal fase de ocupao, presente em grande parte do stio, integra-se no Calco-ltico Inicial (c. 2800 a.n.e.) com a edificao de muralhas e de estruturas domsticas (Loci 0, 1, 2, 3, 3b), prolongando-se a ocupao pr-
Fig. 3 Planta geral das reas intervencionadas com marcao do Locus 5 e do trajeto das linhas de muralha.
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-histrica at finais ao Calcoltico Pleno, j no terceiro quartel do III milnio, nos Loci 1, 5 e 6 (Sousa, 2010). O povoado ter sido abandonado em finais do Calcoltico e reocupado pontualmente no Bronze Final e no Perodo Romano (Loci 1 e 6).
1.1.3. Ocupao extra-muralhas? Os nveis de ocupao do Locus 5
Revestem-se de particular importncia os con-textos em estudo no presente artigo identifi-cados no Locus 5, sector implantado na pla-taforma intermdia, numa rea com declive acentuado, a meia encosta, na vertente este.Os trabalhos de escavao neste sector foram desenvolvidos na campanha 5 (2003) e 6 (2004), perfazendo 80 m2 intervencionados. A sedimentao nesta rea muito reduzida, apenas se conservando nas reas protegidas pelas construes que aqui foram edificadas: uma muralha e uma torre macia adossada. Genericamente identificam-se trs horizontes sedimentares: 1. Nvel superficial; 2. Depsi-tos sob os derrubes das estruturas; 3. Nvel de base de desagregao do afloramento, escas-samente escavado.O troo de muralha apresenta uma extenso de cerca de 9 m, com orientao NW-SW, com altura mxima preservada de 1,5 m e uma lar-gura de 1,2 m. A torre apresenta planta semi-circular, muito irregular, posicionando-se junto a um grande afloramento, ao qual deveria estar ligada. O topo das estruturas encontra-se par-cialmente superfcie, sendo visvel o seu pro-longamento para norte. Atendendo ao posicio-namento a meia encosta e planificando a implan-tao dos restantes troos de muralha identifica-dos no Penedo do Lexim, provvel que o Locus 5 corresponda segunda linha de muralha. A primeira linha fecharia completamente o acesso ao topo do Penedo, correspondendo ao troo de muralha identificada nas escavaes dirigi-das por Jos Morais Arnaud. Em ambas as linhas, o sistema defensivo combinaria a fortificao natural (os penedos) com a arquitetura defen-siva, sendo particularmente relevante a presena de uma torre, implantada justamente numa rea com um ngulo morto de viso (Sousa, 2010).Muralha e torre esto associadas a dois nveis de derrubes, sobre os quais se conservavam depsitos com grande concentrao de mate-
riais: U.E. 4 sob o derrube da muralha e U.E. 8, sob dois nveis sucessivos de derrube da torre.Enquanto a U.E. 4 est associada a um nvel de abandono, com materiais entre os blocos de pedra, a U.E. 8 corresponde provavelmente a um depsito mais estruturado coberto por derrube.A UE 8 surge apenas sob o derrube da torre, numa rea limitada de 9 m2, apresentando uma elevada densidade de materiais (41,8 registos por m2), num total de 501 registos, contrastando com o panorama do restante sec-tor, onde genericamente a densidade de mate-riais baixa. Coberto por um derrube imbrin-cado, o depsito U.E. 8 apresentava materiais em bom estado de conservao face ao pano-rama geral do stio. Tomando como indicador a fragmentao da cermica, verificamos que em mdia apenas 15,1% dos bordos cermi-cos do Penedo do Lexim permitem reconsti-tuio de forma mas no solo de ocupao do Locus 5 (U.E. 8), essa proporo muito supe-rior, ascendendo a 41,2%. A interpretao funcional da U.E. 8 evidencia alguma complexidade. Inicialmente levantou-se a hiptese de se tratar uma ocupao extra--muralhas, aproveitando a pequenssima pla-taforma onde se implanta a torre. Neste caso, a ocupao teria ocorrido num momento aps a edificao do complexo construtivo, antes do colapso da torre (Sousa, 2010). Recente-mente foi equacionada uma outra hiptese (Gonalves & alii, no prelo): adaptando a pro-posta enunciada para as torres calcolticas do Zambujal (Kunst & Arnold, 2011) poderamos colocar agora a hiptese que a totalidade ou parte deste depsito correspondesse a um colapso da rea de ocupao de um piso supe-rior da torre.Em termos globais, os conjuntos artefactuais das U.E. 4 e 8 so relativamente equivalentes em termos de presenas e de propores.A cermica decorada, o principal indicador crono-cultural para o Neoltico e Calcoltico estremenho, corresponde maioritariamente ao Grupo da Folha de Accia, incluindo caneluras fundas, folhas de accia e motivos geomtri-cos (74%). Os copos canelados e a cermica campaniforme esto completamente ausentes e as taas caneladas correspondem apenas a 11% do conjunto. Este leque decorativo cla-ramente associvel ao Calcoltico Pleno/Final, sendo de destacar que entre as cermicas do Grupo Folha de Accia dominam as cermicas
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com decorao geomtrica, com 41% total do conjunto decorado, paralelizvel aos contextos calcolticos mais tardios como Penha Verde, Sin-tra (Cardoso, 20102011) ou Moita da Ladra (Cardoso, 2010). tambm particularmente re-levante a ausncia de cermica campaniforme, como alis sucede em todo o Penedo do Lexim.As cermicas lisas correspondem maioritaria-mente a grandes recipientes com um tratamen-to de superfcie menos cuidado que a cermica dos nveis calcolticos dos Loci 1 e 3b, integr-veis no Calcoltico Inicial. Em termos formais, destaca-se a completa ausncia de pratos, e a importncia das taas em calote (58%) e das taas em calote alta (13%).Contrariamente ao que sucede com a generali-dade dos materiais arqueolgicos deste sector, a pedra lascada assume uma maior expresso
quantitativa na U.E. 4 que na U.E. 8. Esto pre-sentes produtos de debitagem (lminas, lamelas, lascas), utenslios (pontas de seta, lminas reto-cadas, lminas ovoides), ncleos e material resi-dual (esqurolas e restos de talhe). A pedra polida e afeioada escassa, estan-do presentes 4 contas de colar discoide de pedra verde (variscite). Foram recolhidos 31 fragmentos de osso polido (alfinetes, esptulas e furadores).No foram identificados quaisquer vestgios de operaes metalrgicas, mas entre o derrube foi recolhida uma lmina de cobre em muito bom estado de conservao (IGN.017.11368), com 99% de cobre.Foi apenas obtida uma datao radiocarb-nica para os contextos em estudo no Locus 5. A datao (Sac-2168) foi efetuada sobre uma
Ref. Lab. Sector Contexto Amostra 13C(0/00) Data convencional Data cal 1 s Data cal 2 s
Beta-175774 3b UE 16 osso (Ovis aries) -20,2 410040 28802680 28902620
Beta-186854 1 UE 19 osso (Sus sp.) -20,5 408050 28702630 28802580
Beta-175775 3b UE 10 osso (Bos sp) 21,2 408040 28302570 28602490
Sac-2067 1 UE 19 osso (Sus sp.) -20,74 382050 23962150 24592140
Sac-2069 3b UE 7b osso -21,2 393045 24802344 25682118
Beta-186855 3 UE 19 osso (Homo sapiens) -19,6 3850 40 24002220 24602200
Beta-142451 1 UE 19 osso (Sus sp.) 382040 25472141 23102200
Sac-2168 5 UE 8 osso (Sus sp.) 376050 22802051 23432026
Sac-2158 3b UE 7 concha, Venerupis decussata 388060** 24632292 25572148
Sac-2156 1 UE 9 osso (Sus sp.) 3640 40 21251939 21881887
Quadro 1 Dataes radiocarbnicas de Penedo do Lexim, assinalando-se a U.E. 8 sector em estudo.
* Calib 5.0.1 , (Stuiver & Reimer, 1983)** Correo de efeito de reservatrio ocenico (Iap = 380+30 anos) Soares, 1993
Fig. 4 Planta do Locus 5 com muralha e torre e derrube U.E.12 que cobre a U.E. 8.
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amostra de ossos da espcie Sus sp prove-niente da U.E. 8. Atendendo a que a datao foi obtida com vrios ossos, seria importante confirmar a data com outras dataes A.M.S. obtidas sobre amostras selecionadas, uma vez que as mandbulas e os ossos maiores foram coordenados tridimensionalmente. Por outro lado a U.E. 4 no foi objeto de qualquer data-o radiocarbnicas.A reduzida potncia estratigrfica e a pen-dente altimtrica dificulta a identificao da periodizao de fundao e uso da muralha e da torre do Locus 5. Deve referir-se que o substrato base (U.E. 7) foi escavado apenas parcialmente, sem materiais arqueolgicos. Atendendo s presenas cermicas e s escas-sas dataes absolutas disponveis, tudo indica que a edificao da muralha seja integrvel em meados do III milnio, tendo ocorrido o seu colapso no final do III milnio.A data obtida aponta para a transio 3./4. quartel do III milnio a.n.e. correspondendo a uma das dataes absolutas mais recentes que foram obtidas para o Penedo do Lexim. Deve ainda ser destacada a total ausncia de cermica campa-niforme, em contraste com outros stios localiza-dos na proximidade. Em Anos, povoado situado a escassos 2 km do Penedo do Lexim, na margem oposta da Ribeira de Cheleiros, o campaniforme abundante mas a ausncia de trabalhos de es-
cavao e de dataes impede uma correlao direta ausncia/presena. No Casal Cordeiro 5, sitio situado apenas a 10 km, na Ericeira (Sousa, 2013) foram escavados e datados de meados do III milnio contextos com campaniforme. Esta diversidade na distribuio de um estilo cermi-co de prestgio poder eventualmente assumir diferenas sociais, econmicas e polticas no po-voamento de finais de III milnio.
1.2. O conjunto arqueofaunstico do Locus 5
O presente trabalho aborda o estudo da fauna de vertebrados provenientes das unidades estratigrficas 4 e 8 do Locus 5 do povoado fortificado do Penedo do Lexim (Mafra). O estudo deste conjunto integrvel no Calco-ltico Pleno vem proporcionar um novo contri-buto para o conhecimento dos padres de sub-sistncia das comunidades humanas estabeleci-
Fig. 5 Torre e derrube U.E. 12 que
cobre a U.E. 8.Foto: Valter Ventura.
Fig. 6 ( esquerda) Vista sul-norte da muralha torre do
Locus 5.Foto: Valter Ventura.
Fig. 7 Vista norte--sul da muralha torre do Locus 5.
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das neste stio arqueolgico durante o III mil-nio a.n.e., complementando um primeiro estudo efetuado para os nveis do Neoltico Final (Moreno & Sousa, no prelo).O exaustivo trabalho de campo realizado nos re-feridos contextos permitiu a recuperao de mais de 6000 restos arqueofaunsticos, cujo estado de conservao nem sempre possibilitou identifi-caes taxonmicas ou osteolgicas. Todavia, a frao determinada supera os 1500 fragmen-tos, salientando-se entre os taxa domsticos os ovicaprinos (Ovis/Capra) e a escassa presena de espcies selvagens, com exceo do coelho (Oryctolagus cuniculus). Nesta perspetiva, constitui uma amostra de enorme validade a considerar na discusso vigente sobre os diferentes modelos de explorao dos recursos animais praticados no centro e sul do territrio portugus durante o Cal-coltico (Moreno & Valera, 2007; Moreno, 2013; Valente & Carvalho, 2014), em especial quando comparada com conjuntos de outros povoados pr-histricos fortificados da Estremadura Zambujal (Driesch & Boessneck, 1976) e Leceia, Oeiras (Cardoso & Detry, 20012002) ou do Alentejo Porto Torro (Arnaud, 1993), Merca-dor, Mouro (Moreno & Valera, 2007; Moreno, 2013) e So Pedro, Redondo (Davis & Mataloto, 2012). Ainda, reveste-se do maior interesse ava-liar a evoluo ocorrida no stio do Penedo do Le-xim em relao aos aproveitamentos e utilidades das principais espcies domsticas desde o Neo-ltico Final, no sentido de reconhecer a relevncia dos chamados produtos secundrios na econo-mia local. Com este objetivo acrescentamos aos resultados obtidos a partir do presente trabalho, focado no Locus 5, os dados publicados do nvel datado no Neoltico Final do Locus 1 (Moreno & Sousa, no prelo) assim como as informaes pre-liminares do nosso estudo sobre a fauna de cro-nologia calcoltica deste mesmo espao (Moreno, em preparao).
2. Metodologia de anlise
2.1. Identificao
As identificaes taxonmicas foram realizadas com o auxlio da coleo comparativa de ver-tebrados do Laboratrio de Arqueobiologia do Instituto de Historia, CCHS-CSIC (Madrid, Espanha), onde os materiais foram enviados para serem estudados mediante pedido de
exportao temporria autorizado pela DGPC durante o ano de 2013. Fragmentos de crnio, ossos longos, costelas e vrtebras de mamferos no identificados registaram-se em duas cate-gorias artificiais de acordo com as suas dimen-ses. Por um lado, classificam-se macro-mam-feros (animais de grande porte) e pelo outro, meso-mamferos (taxa de mdia dimenso). As esqurolas menores de 2 cm de comprimento constituem os restos sem determinar. Os elementos sseos e dentrios de ovelha (Ovis aries) e cabra (Capra hircus) no diagnos-ticados a nvel especfico segundo as caracte-rsticas morfolgicas assinaladas por Boessneck (1969), Halstead, Collins & Isaakidou (2002) e Zeder & Lapham (2010) ou os critrios mtri-cos descritos por Payne (1969) e Davis (1996) integram a categoria de ovicaprinos. Os restos de sudeos identificam-se apenas a nvel gen-rico, embora atravs dos dados mtricos se tenha tentado discriminar a presena de porco domstico (Sus domesticus) e javali (Sus scrofa).
2.2. Quantificao
Todos os ossos e dentes foram examinados e quantificados. Em Arqueozoologia existem vrios mtodos que nos permitem calcular a importncia relativa de cada uma das esp-cies presentes num determinado conjunto fau-nstico (Grayson, 1984). No presente trabalho, seguimos o mtodo tradicional da contagem do nmero de restos (NR), que consiste na con-tagem de todos os fragmentos de ossos, den-tes e hastes/chifres. No Quadro 2 apresenta-mos, em separado (nas duas unidades estrati-grficas estudadas) e no conjunto total, o nmero e a frequncia relativa de restos determinados e indeterminados para cada um dos grupos de vertebrados recuperados. No Quadro 3 resume--se o nmero e a abundncia relativa de ossos, dentes e fragmentos de chifres/hastes de mam-feros determinados e indeterminados. O nmero de dentes inclui quer os isolados quer os inseri-dos na mandbula ou maxilar. O NMI (Nmero Mnimo de Indivduos) foi cal-culado com base nos elementos anatmicos mais abundantes para cada taxon, de acordo com a sua lateralidade e idade. Os resulta-dos so apresentados para cada uma das uni-dades estratigrficas analisadas e de forma agregada para o total do Locus 5 (Quadro 4).
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2.3. Biometria
As medidas foram tomadas seguindo os crit-rios de von den Driesch (1976) nos restos per-tencentes a indivduos adultos bem conserva-dos (no termo-alterados, corrodos ou com patologias). Foi utilizada uma craveira digital Mitutoyo CD-20CPX, com preciso de 0,1mm. Medidas adicionais nos meros e metpodos de ovicaprinos seguem as propostas por Davis (1996). No Apndice detalham-se os dados mtricos de ossos e dentes.
2.4. Idade de abate
Para determinar a idade de morte dos mamfe-ros, em particular para avaliar a proporo de animais juvenis presentes no conjunto, considera-mos o estado de ligao das epfises s difises dos ossos longos do esqueleto apendicular (Sil-ver, 1969). A presena de epfises no ligadas indicia que se est perante um indivduo juvenil ou subadulto. Esta informao complementada com a quantificao dos dentes de leite e os pro-gressivos estdios de desgaste das superfcies de ocluso da dentio permanente. No caso dos sudeos (Sus sp.) e gado bovino (Bos taurus) se-guem-se os estdios definidos por Grant (1982), enquanto para os ovicaprinos (Ovis/Capra) foi aplicado o mtodo de Payne (1973, 1987).
2.5. Processos tafonmicos, marcas antrpicas e de origem animal
Por ltimo, foram registadas as alteraes acontecidas antes (bioestratinmicas) e aps (diagenticas) o processo de incorporao no
contexto arqueolgico (Lyman, 1994). Especial ateno merece o reconhecimento dos diver-sos tipos de marcas antrpicas: incises super-ficiais, cortes profundos ou seccionados e ele-mentos termo-alterados (Shipman, Foster & Schoeninger, 1984), todos eles relacionados com o processamento e consumo das carcaas. Foram igualmente analisadas e registadas as alteraes produzidas por animais comensais como pequenos carnvoros e roedores, as quais evidenciam, por um lado, a ocorrncia destas espcies no registo arqueolgico nem sem-pre recuperadas e, por outro, a sua contribui-o tafonmica e/ou acessibilidade ao esplio arqueofaunstico estudado.
3. Material: recuperao e estado de conservao
O material faunstico foi recuperado manual-mente no decurso das escavaes, tendo os sedi-mentos sido crivados, a seco, com crivos de ma-lha fina (4 mm e 2 mm). A recolha foi exaustiva e eficaz, como fica demonstrado pela presena de dentes deciduais, incisivos e outros elementos de pequenas dimenses (ossos carpais, tarsais e falanges) de ovelha, cabra, sudeos e inclusive coelho (Quadro 14). Na frao indeterminada salienta-se a abundncia de esqurolas sseas menores de 2 cm (coluna UNI do Quadro 4). O conjunto arqueofaunstico dominado por restos de mamferos (>99%) sendo pontual a ocorrn-cia de aves e rpteis (Quadro 2).A elevada percentagem de fragmentos no de-terminados (76%) em relao aos identificados (24%; Quadro 2) reflete a relativa m conser-vao do esplio faunstico. O Quadro 5 mostra a baixa proporo de restos sseos bem conser-
Quadro 2 Penedo do Lexim,
Locus 5. Nmero (N) e percentagem (%) de
restos de vertebrados determinados e indeterminados
nas duas UUEE e no conjunto total
estudado.
DETERMINADOS INDETERMINADOS TOTAL UE N % N % N % 4 Mamfero 512 99 2089 99 2601 99 Ave 2
109
OSSOS (N)
DENTES (N)
CHIFRES/ HASTES (N)
TOTAL (N)
UE D I D I D 4 290 2089 222 - - 2601 8 654 2707 353 7 5 3726
LOCUS 5 944 4796 575 7 5 6327 % 15 76 9
110
vados, quer determinados (8%) quer no deter-minados (
111
posicionam sempre no lado esquerdo do histo-grama, no espetro do gado domstico regista-do noutras jazidas portuguesas de cronologia posterior (Idade do Ferro), quando o auroque estava j extinto na Pennsula Ibrica (Arribas, 2004; Garrido, 2008) e fora da amostra iden-tificada por Driesch & Boessneck (1976) como pertencente a auroque no Zambujal. A separa-o evidente a partir dos 73 mm no comprimen-to lateral do astrgalo (Diagramm 2 em Driesch & Boessneck, 1976, p. 23) e valores superiores aos 73 mm de largura na parte distal das tbias foram os critrios seguidos pelos investigadores alemes para realizar as suas identificaes. Com base nestes dados tambm se identificara a presena de auroque no povoado calcolti-co de So Pedro, Redondo (Davis & Mataloto, 2012) e possivelmente no Mercador, Mouro (Moreno & Valera, 2007).A contribuio do gado bovino no Locus 5 au-menta ligeiramente com respeito ao Locus 1 (Quadro 15, Fig. 16). Se apenas se consideram as principais espcies domsticas, quadruplica o seu valor em relao ao nvel do Neoltico fi-nal (Moreno & Sousa, no prelo) e aumenta em cinco pontos percentuais a frequncia registada nas unidades calcolticas localizadas no topo do Penedo (Quadro 15). Contudo, a sua frequncia fica muito longe da amostra recuperada durante as antigas intervenes realizadas no Penedo do Lexim nos anos 70 (Driesch & Richter, 1976), coin-cidente com as das jazidas contemporneas da regio povoados de Leceia (Cardoso & Detry, 20012002) e Zambujal (Driesch & Boessneck,
1976). A este respeito convm chamar a ateno sobre as circunstncias que envolveram a anlise daquele esplio, aqui reproduzidas segundo fo-ram descritas por Jos Morais Arnaud:
Os ossos classificados foram recolhidos por um grupo de amadores de arqueologia de Mafra no corte aberto pela primeira pedreira em 1972 e 1973, juntamente com milhares de peas com interesse arqueolgico. Entretanto esse grupo desfez-se, como tantos outros, dispersando-se (ou perdendo-se) totalmente o esplio arqueolgico principal. No entanto, graas boa vontade de alguns membros desse grupo, a quem muito agra-deo, foi possvel classificar este esplio osteol-gico. Embora no houvesse quaisquer referncias estratigrficas, era possvel isolar os provenientes pelo menos do estrato mais antigo, dado que os ossos no tinham sido lavados, e distinguiam-se perfeitamente pela cor da terra, mas a Doutora A. v. d. Driesch preferiu no fazer qualquer dis-tino. Assim, dado que os estratos superiores tm esplio de vrias pocas, embora predominante-mente calcoltico, no nos possvel verificar even-tuais variaes na dieta dos habitantes do Penedo do Lexim (Arnaud, 19741977, p. 404).
O estudo realizado sem associao leitura es-tratigrfica do stio assim como as divergncias observadas com os nossos resultados (obtidos a partir do projeto de investigao dirigido por uma das signatrias entre 1998 e 2004) le-vantam algumas dvidas quanto fiabilidade desta amostra. Acreditamos que as tcnicas de recuperao e escavao aplicadas quase trs dcadas depois na mesma jazida permitem ela-borar um marco interpretativo de melhor garan-tia. Neste sentido, o carcter residual dos restos de bovino no Penedo do Lexim estaria refletin-do a priori a escassa relevncia desta espcie domstica na dieta dos habitantes do povoado, contrariamente situao verificada nos outros povoados fortificados, de maior envergadura, localizados na mesma regio. De facto, a sua frequncia est mais prxima da dos povoados calcolticos da regio alentejana, tanto se se con-siderar o espetro total de txones representa-dos (Quadro 15) como se atendermos apenas as principais espcies ganadeiras (Fig. 16). No Sul interior, a reduzida presena de gado bovi-no tem sido relacionada com o menor desenvol-vimento das atividades ganadeiras, tendo sido avanado mltiplos fatores explicativos para
Fig. 9 Histogramas do comprimento lateral (GLl) do astrgalo de bovinos. As amostras representadas provm de jazidas portuguesas de cronologa calcoltica, exceto Castro Marim (dados inditos), Biblioteca de Mrtola (Moreno & Pimenta, no prelo) e Alcova de Santarm (Davis, 2006) datadas na Idade do Ferro. Os especmenes de Zambujal se identificam como pertencentes a auroque (Bos primigenius) (Driesch & Boessneck, 1976), caindo no seu espetro os restos recuperados em So Pedro, Redondo (Davis & Mataloto, 2012) e provavelmente Mercador (Moreno, 2013). Os exemplares recuperados em diferentes locais do Penedo do Lexim correspondem sempre a gado bovino domstico (Bos taurus).
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justificar esta circunstncia (Valente & Carvalho, 2014). Este argumento no parece ser aplicvel no Penedo do Lexim, j que como foi referido em relao aos vestgios de cronologia neoltica se regista um incremento que poderia ser inter-pretado como um sinal da crescente importncia deste tipo de gado na economia local ao longo da diacronia. Por outro lado, parece-nos que a diferena verificada no Locus 5 em relao ao nvel coetneo do Locus 1 (ambos Calcoltico Ple-no) confere certa credibilidade hiptese de ca-rcter logstico anotada no anterior trabalho:
Segundo uma perspetiva pragmtica, dificil-mente ocorreriam no topo do Penedo do Lexim tarefas de desmanche de animais muito cor-pulentos, tal como os bovdeos que teriam sido processadas com maior facilidade em reas com melhor acessibilidade (Moreno & Sousa, no prelo, p. 71).
Neste sentido, salienta-se a localizao do Locus 5 na plataforma intermdia, a uma cota inferior, e a sua associao a um tramo de muralha, situaes ambas que seriam compatveis com a existncia de espaos favorveis s tarefas de desmanche, processamento e abandono de resduos de origem artesanal ou domstica, enquanto a rea habita-cional do povoado, no topo, seria uma zona de consumo. Em concluso, a baixa frequncia de res-tos de gado bovino no Penedo do Lexim apenas poder ser confirmada ou refutada aps a conclu-so do estudo da totalidade do esplio faunstico recuperado nos diferentes sectores escavados.
4.1.2. Gado ovicaprino (ovelhas Ovis aries e cabras Capra hircus)
Com exceo de alguns fragmentos clara-mente identificveis (25 no total, 6 na UE 4 e
19 na UE 8), os ossos e dentes foram regista-dos na categoria geral de ovicaprdeos que constituem 34% da amostra identificada e 54% quando se quantificam apenas os taxo-nes domsticos (Quadro 4). Esta informao reflete por um lado, a maior disponibilidade dos pequenos ruminantes entre os recursos faunsticos aproveitados pela comunidade estabelecida no povoado e pelo outro, indicia tambm o tratamento diferente recebido pelas carcaas de ovelhas e cabras em relao ao gado bovino. A relao ovelha/cabra demonstra uma pre-dominncia ntida dos restos de ovinos (88%), com um resultado muito prximo ao registado em Leceia (Cardoso & Detry, 20012002) e ligeiramente superior aos valores do Zambu-jal (Driesch & Boessneck, 1976) (Quadro 7). Em termos ambientais a escassa contribuio da cabra na pennsula de Lisboa sugere a pre-sena de bitopos ricos em pastos e planuras (Moreno & Sousa, 2011), onde as atividades agro-pastoris encontraram condies timas de desenvolvimento desde o Neoltico Final.
Fig. 10 Histogramas do comprimento late-ral (GLl) do astrgalo de Sus sp. As amostras representadas provm de jazidas portuguesas
de cronologa calcol-tica, exceto o conjunto
mesoltico de Toledo (Moreno, 2011) e o
nvel do Neoltico Final do Penedo do Lexim. A linha vertical assi-
nala o valor utilizado no Zambujal (Driesch & Boessneck, 1976)
para discriminar entre porcos domsticos (
esquerda) e javals ( direita). As dimen-
ses reduzidas dos exemplares de Toledo devem corresponder a indivduos jovens. Note--se que todos os exem-
plares do Penedo do Lexim caem no espetro dos porcos domsticos.
Quadro 7 Relao ovelha/
cabra e percentagem mdia de restos de ovelha em jazidas
portuguesas do Neoltico Final e
Calcoltico.
STIO CRONOLOGIA OVELHA:CABRA % mdia de ovelha (ovelha/cabra+ovelha) x 100
Penedo do Lexim, Locus 5 Calcoltico Pleno 7:1 88 Penedo do Lexim, Locus 1 Calcoltico Pleno 58:1 98 Penedo do Lexim, Locus 1 Neoltico Final 10:1 91 Leceia Calcoltico Pleno 7:1 88 Calcoltico Inicial 6:1 86 Neoltico Final 21:1 95 Zambujal Calcoltico Final 2:1 70 Calcoltico Pleno 2,5:1 72 Mercador Calcoltico Pleno 7:1 88 So Pedro Calcoltico Pleno 1:1 50
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4.1.3. Os sudeos (Sus sp.)
A distino morfolgica entre os ossos e dentes de porco domstico e javali uma questo em aberto, sendo as diferenas osteomtricas aque-las que em grande medida nos ajudam a resolver esta situao (Albarella & alii, 2005; Altuna & Mariezkurrena, 2011). Na amostra recuperada os dados mtricos obtidos a partir dos astrga-los sugerem que os restos de sudeos pertencem a variedade domstica (Fig. 10). Com efeito, os valores registados nos nveis do Neoltico Final e do Calcoltico no Locus 1 tambm revelam apenas a presena de porcos domsticos, con-trastando com os dados do vizinho povoado do Zambujal onde o javali foi caado e consumido (Driesch & Boessneck, 1976).
4.1.4. O coelho (Oryctolagus cuniculus)
Em princpio, a frequncia elevada desta esp-cie cinegtica de pequenas dimenses indicia a explorao regular deste recurso e em conse-quncia, o seu consumo quotidiano entre os habi-tantes do povoado, sendo evidente que a quanti-dade de carne proporcionada muito inferior das outras espcies presentes no conjunto. Porm, dados os hbitos fossoriais de este mamfero no de excluir a possibilidade que parte dos restos recuperados sejam intruses posteriores a fase de abandono. As superfcies esbranquiadas apresentadas por alguns restos sugerem tratar--se de materiais relativamente recentes. Salienta-se a recuperao de um fragmento distal de mero esquerdo (IGN.017.14247 UE8 D12) patolgico (Fig. 11), condio que teria afetado a mobilidade do animal, facili-tando a sua caa ou propiciando o seu refgio na toca. Em suma, impe-se alguma cautela na hora de avaliar a importncia destes pequenos lagomorfos na dieta dos habitantes de Lexim.
4.1.5. O veado (Cervus elaphus)
Os escassos restos de veado recuperados no Locus 5 refletem o papel reduzido que as ati-vidades cinegticas tiveram na economia local. Embora se aprecie um ligeiro aumento na pre-sena desta espcie em relao ao Neoltico Final (Moreno & Sousa, no prelo), a sua con-tribuio fica muito aqum da registada nos
Fig. 11 IGN.017.14247 UE8 D12. Fragmento distal de mero esquerdo de coelho (Orycto-lagus cuniculus) com patologia.
Fig. 12 IGN.017.14246 UE8 D11. Escafo-cuboide (osso tarsal) esquerdo de veado (Cervus ela-phus) parcialmentte destruido pelas mor-deduras de um carn-voro, provavelmente um co.
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povoados coetneos da regio alentejana onde deveu constituir um dos principais recursos cr-nicos explorados (Quadro 15). A recuperao apenas de elementos sseos dos membros ante-riores, assim como de duas primeiras falanges e um dente (Quadro 14) poderia relacionar-se com a manipulao de esqueletos parciais que teriam sido processados no local de abate. O mau estado de conservao da amostra impe-diu o registo de marcas de cortes a partir das quais intuir aqueles tratamentos. No entanto, as mordeduras evidentes num osso tarsal (escafo--cuboide) (IGN.017.14246 UE8 D11) eviden-ciam o acesso que outros animais, como por exemplo ces, tiveram as pores rejeitadas aps o consumo humano (Fig. 12) e mostram que este depsito ficou a cu aberto algum tempo antes de ser coberto pelo derrube.
4.1.6. O lince (Lynx pardina)
Trata-se da espcie de felino de maiores dimen-ses que habita na Pennsula Ibrica, sendo na atualidade a mais ameaada no mundo (Rodr-guez & Delibes, 1990; Sarmento & alii, 2009). O seu habitat preferido so os ambientes de pas-tagem abertos, com arbustos densos e rvores como a azinheira e o sobreiro. O coelho constitui a maior parte da sua dieta, pelo que as doen-as que afetaram a esta presa no ltimo sculo contriburam junto a outras causas a dizimar as populaes de lince-ibrico. Os seus hbitos soli-trios e o fato de ter maior atividade durante o crepsculo e a noite no tero facilitado a sua captura no passado. Com efeito, os achados fs-seis de esta espcie fora de contextos cavern-colas plistocnicos so escassos. O fragmento de mandbula recuperado na UE8 do Penedo do Lexim (Fig. 13) acrescenta um novo registo, que junto aos restos identificados no Zambujal (Driesch & Boessneck, 1976) e Leceia (Pires & alii, 20012002, p. 191), confirma a presena quotidiana desta espcie na Estremadura portu-guesa durante o III milnio a.n.e. No se eviden-ciam sinais de manipulao humana neste resto que permitam inferir o consumo da carne ou da pele do animal. Todavia a presena de lince denuncia um ecossistema misto: o lince (Lynx pardina), bem como o gato bravo (Felis silvestris) encontram-se mais ligados a floresta de caduci-flias, bosques abertos e com clareiras naturais (Pires & alii, 20012002, p. 193).
4.1.7. As aves
Por ltimo, importa referir que alm das esp-cies de mamferos acima mencionadas foram recuperados quinze ossos de aves, pertencentes a quatro espcies. A Perdiz (Alectoris rufa), com trs restos identificados (um coracoide e dois tar-sometatarsos) se apresenta como a mais nume-rosa. Se seguem com um resto cada um, o Alca-traz (carpometacarpo), o Abutre-preto (mero distal) e a Gralha preta (tibiotarso distal). Os restantes nove fragmentos no foram determi-nados. Entre todas elas a Perdiz a espcie mais comum explorada pela sua carne, embora nenhum dos restos apresenta sinais de origem antrpica. Desde esta perspetiva salienta-se o carpometacarpo do Alcatraz (Fig. 14) com cor-tes na zona de articulao proximal. O fato de que naquele osso da asa esto implantadas as penas primrias permite levantar a hiptese
Fig. 13 IGN.017.14243 UE8 E12. Fragmento pos-terior da mandbula
esquerda de um lince (Lynx pardinus).
Quadro 8 Relao de restos
de Alcatraz (Morus bassanus) em
jazidas neolticas e calcolticas de
Portugal.
JAZIDA REFERNCIA Barrosinha Lentacker, 19901991 Rotura Gourichon & Cardoso, 1995 Leceia Gourichon & Cardoso, 1995 Zambujal Driesch & Boessneck, 1976 Penedo do Lexim Pimenta, Moreno & Ruas, 2009 Perdiges Cabao, 2009
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sobre a utilizao deste recurso que s as aves proporcionam, cuja conservao em contextos arqueolgicos apenas acontece nos ambientes adequados. A ocorrncia avulsa de um outro carpometacarpo no contexto funerrio do com-plexo dos Perdiges, Reguengos de Monsaraz (Cabao, 2009), foi interpretada como poss-vel evidencia do valor ornamental ou ritual das penas brancas, justificando-se desta maneira o transporte de parte da asa dum Alcatraz a to longa distncia do litoral (Pimenta & Moreno, 2009). Esta ave, tambm conhecida por Ganso--patola, apresenta-se como uma espcie recor-rente desde o Neoltico Final no territrio por-tugus (Quadro 8). Sendo aves de grandes dimenses, admite-se que proporcionassem uma boa quantidade de carne e gordura inte-grando sazonalmente a dieta daquelas comuni-dades. No stio da Barrosinha, prximo de Alc-cer do Sal, foram registados 74 ossos (Lentacker, 19901991). No povoado calcoltico de Leceia identificaram-se furadores manufaturados sobre ossos longos desta espcie e as marcas de corte na zona distal de vrios tibiotarsos relacionou--se com a extrao dos tendes (Gourichon & Cardoso, 1995). Por ltimo, importa referir que na UE 2 do Locus 1 de Penedo do Lexim (fase de abandono do sector onde dominam os materiais calcolticos) foi identificado tambm um frag-mento distal de rdio (Pimenta, Moreno & Ruas, 2009), resto que refora a predominncia dos ossos das asas no registo arqueolgico (Fig. 15).
4.2. Idades de abate
A anlise desta varivel fundamental na hora de compreender o aproveitamento e o modo de explorao da variedade de recursos que os diferentes tipos de gado domstico oferecem as populaes humanas. Porm, para atingir este objetivo torna-se necessrio contar com amos-tragens representativas. A amostra reduzida de restos de gado bovino no permite obter con-cluses definitivas. A recuperao de 4 quar-tos pr-molares deciduais (dP4) em diferentes estadios de desgaste (Quadro 10) frente a um nico terceiro molar permanente (M3) assim como ossos sem epfises fusionadas (n= 3 vs 9), indi-cia o abate de animais subadultos (Quadro 9), evidncia que sugere o aproveitamento crnico das reses, verificando-se diferenas significativas em relao aos dados publicados por Cardoso
Fig. 15 direita, fragmento distal de rdio direito de Alca-traz (Morus bassanus) recuperado no Locus 1 UE 2. esquerda, pormenor de um exemplar atual do LARC.
Fig. 14 IGN.017.13138 UE4 D10. Carpometa-carpo de Alcatraz (Morus bassanus) com com cortes na zona de articulao proximal.
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& Detry (20012002) em Leceia. Estes autores observaram que no Calcoltico os grandes bov-deos eram mantidos naquele povoado at uma idade mais avanada do que no Neoltico Final, arguindo por esta via a utilizao mais intensa das vacas/bois nos trabalhos de trao, em con-sonncia com o fenmeno da revoluo dos pro-dutos secundrios. Por enquanto, no Penedo do Lexim tal evidncia permanece ausente. No Zam-bujal, Driesch & Boessneck (1976) apontam tam-bm a frequncia elevada de animais na idade jovem-adulta, sendo predominante o seu uso cr-nico e no como bestas dedicadas ao trabalho.No caso dos ovicaprinos, os estdios de fuso epifisria e o nmero de dentes deciduais (dP4) e permanentes (P4/M3) demonstram que, em mdia, 35% dos restos derivam de ani-mais juvenis/subadultos (Quadro 9), obser-vando-se uma mudana notvel em relao ao nvel do Neoltico Final do Locus 1 (Moreno & Sousa, no prelo) onde 66% da amostra
constituda por animais imaturos (Quadro 13). Confirma-se assim a tendncia apontada quando comparamos os perfis de mortali-dade elaborados s a partir dos estdios de erupo e do desgaste dentrio das amostras neolticas e calcolticas no Locus 1 (vide Fig. 5.18 em Moreno, Davis & Pimenta (2003) ou Fig. 21 em Davis & Moreno (2007)). Enquanto no Neoltico Final se observava o abate prio-ritrio de indivduos menores de um ano, no Calcoltico o pico de abate (> 25%) se situava nos animais com idades compreendidas entre 4 e 6 anos de idade. A m conservao das mandbulas com a dentio presente no Locus 5 (Quadro 11) impediu elaborar o mesmo tipo de anlise estatstica. No entanto, interes-sante salientar a maior proporo de restos sseos de ovicaprinos juvenis no conjunto cal-coltico do Locus 1 tal como evidencia o Qua-dro 13, situao que permite propor como hiptese de trabalho um consumo diferencial
TAXA BOS OC SUS FUSO U V F U V F U V F Anterior 18 meses Escpula distal - - - - - 5 1 - 4 mero distal - - - 3 - 9 2 - - Rdio proximal - - - - - 7 1 1 - Primeira falange proximal 1 - 1 3 - 6 12 1 10 Entre 18 e 30 meses Tbia distal - 1 2 4 - 3 1 - - Metapodo distal 1 - 6 14 - 9 17 1 6 Entre 31 e 42 meses Ulna proximal - - - 1 - 1 1 - 1 Ulna distal - - - - - 1 - - - Fmur proximal - - - - - 5 1 - - Calcneo proximal - - - 1 - 1 2 - - Rdio distal - - - 1 - 1 - - - mero proximal - - - - - - - - - Fmur distal - - - - - 2 1 - - Tbia proximal - - - 1 - - 3 - - TOTAL 2 1 9 28 - 50 42 3 21 dP4/P4/M3: 4/0/1 dP4/P4/M3: 2/2/5 dP4/P4/M3: 4/3/0 % JUV 41 35 67
Quadro 10 Penedo do Lexim,
Locus 5. Estados de desgaste dos dentes
inferiores de gado bovino (Grant, 1982).
Incluem-se dentes isolados e presentes
nas mandbulas. Os estados iniciais
correspondem a indivduos juvenis. NA:
fragmentado.
Quadro 9 Penedo do Lexim,
Locus 5. Idade de abate dos
animais domsticos. A frequncia de
restos pertencentes a animais jovens
(%JUV) se calcula a partir dos diferentes
estadios de fuso dos ossos longos: 1)
epfises ou difises sem fundir (U); 2)
ossos com linha de fuso visvel (V); 3) ossos com epfises
fusionadas (F). A eles se soma o nmero de quartos pr-molares inferiores deciduais
(dP4) e permanentes (P4) ou no seu defeito
ou maior valor, o nmero de 3 molares
inferiores (M3) recuperados.
1/2 a b c d e f g h i j k l m n NA TOTAL dP4 - - - - - 1 - - 1 - 1 - - - - 1 4 P4 - - - - - - - - - - - - - - - - - M1 - - - - - - - - - - - - - - - - - M1/2 - - 1 - - - - 1 - - - - - - 1 3 6 M2 - - - - - - - - - - - - - - - - - M3 - - - - - - - 1 - - - - - - - - 1
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de animais de idades diversas nos contextos do topo e nas vertentes do povoado. No caso de assim ser, estaramos perante um indica-dor da presena de diferentes grupos sociais no povoado ou simplesmente de espaos dedicados a funes especficas? Poderemos ainda entrever finas diferenas cronolgicas insuficientemente caracterizadas pelo radio-carbono: o Locus 5 corresponde a um contexto fechado do fim do povoado fortificado. Acre-ditamos no interesse de aprofundar no futuro nesta linha de investigao contrastando os resultados arqueofaunsticos com os deriva-dos da anlise de outros esplios (por exem-plo, a cermica) e com uma reavaliao da cronologia absoluta. Numa escala mais alargada, considerando os dados disponveis sobre as idades de abate do gado ovicaprino tanto a nvel local (Driesch & Boessneck, 1976) como regional (Davis & Mataloto, 2012; Moreno, 2013), comeamos a perceber como no Calcoltico vai-se afir-mando a valorizao dos recursos que ovelhas e cabras ofereciam enquanto vivas, passando a um segundo lugar o aproveitamento priorit-rio da sua carne. O estrume afigura-se igual-mente como um produto da maior importncia nas economias locais. O desenvolvimento das atividades agrcolas precisaria do fertilizante proporcionado pela entrada de rebanhos nos campos de cultivo em determinadas pocas do ano, com o fim de melhorar a qualidade dos solos (Uerpmann, 1995; Moreno & Pimenta,
2011). Mais complexa resulta a explorao do leite, que segundo as evidncias atuais aconteceu nos primrdios da domesticao do gado bovino no Prximo Oriente (Evershed & alii, 2008) e passou a difundir-se rapida-mente entre as comunidades neolticas euro-peias (Rowley-Conwy, 2011). A este respeito caberia interrogar-se se o aumento na fre-quncia de cabra observado no Penedo do Lexim e Leceia no Calcoltico no poderia refletir um uso mais intensivo dos produtos lc-teos em relao ao Neoltico Final. Por outro lado, aprecia-se que o potencial aproveita-mento dos chamados produtos secundrios nem aconteceu de maneira uniforme nem com a mesma intensidade no Sul do territrio portu-gus, tal e como demostram as diferenas exis-tentes nas idades de abate dos ovicaprinos nos povoados alentejanos do Mercador e So Pedro (Quadro 13). Com efeito, esta situao reveladora sobre a ambiguidade de abor-dar a investigao das estratgias produtivas valorizando-se apenas uma ou duas variveis (por exemplo, as condies ambientais ou eco-lgicas), esquecendo a influncia das parti-cularidades socioeconmicas e funcionais de cada povoado. Em concluso, evidente a necessidade de incorporar mais conjuntos fau-nsticos discusso sobre as alteraes nas estratgias de produo acontecidas ao longo do Calcoltico no territrio portugus, assim como de realizar estudos integrados desde uma perspetiva multidisciplinar.
Quadro 11 Penedo do Lexim, Locus 5. Estdios de desgaste dos dentes inferiores de ovicaprinos (Payne, 1987). Incluem-se dentes isolados e presentes nas mandbulas. Os estdios iniciais correspondem a indivduos juvenis. NA: fragmentado.
Quadro 12 Penedo do Lexim, Locus 5. Estdios de desgaste dos dentes inferiores de sudeos (Grant, 1982). Incluem-se dentes isolados e presentes nas mandbulas. Os estdios iniciais correspondem a indivduos juvenis. NA: fragmentado.
1/2 a b c d e f g h i j k l m n NA TOTAL dP4 - - - 1 - 3 - - - - - - - - - - 4 P4 - - - 2 1 - - - - - - - - - - - 3 M1 2 - - - - 1 - - - - - - - - - 2 5 M1/2 - - - - - - - - - - - - - - - 1 - M2 - 1 - 1 - - - - - - - - - - - - 2 M3 - - - - - - - - - - - - - - - - -
QUADRO 10 Penedo do Lexim, Locus 5. Estados de desgaste dos dentes inferiores de ovicaprinos (Payne 1987). Incluem-se dentes isolados e presentes nas mandbulas. Os estados iniciais correspondem a indivduos juvenis. NA: fragmentado
1/2 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 NA TOTAL dP4 - - - - - - - - - - - - - - 2 - - - - - - - - - - - 2 P4 - - - - - - - - - - - - - - - - 1 - - - - - - - - 1 2 M1 - - - - - - - - - - - - - 1 - - 2 - - - - - - - - - 3 M1/2 1 - - - - 1 2 - - - 11 - - - - - - - - - - - - - - 2 17 M2 - - - - - - - - 2 - 1 1 1 - - - - - - - - - - - - - 5 M3 1 1 - - - - - - - - 1 - 2 - - - - - - - - - - - - - 5
Para alm das muralhas, uma perspetiva dos recursos faunsticos no Calcoltico da Estremadura: o conjunto arqueofaunstico do Locus 5 do Penedo do Lexim (Mafra)
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Por ltimo, o padro de abate do gado suno revela, como era previsvel, o consumo de animais infantis e subadultos, estando a sua explorao encaminhada quase de forma exclusiva para a produo de carne (Qua-dros 9 e 12). Em relao ao nvel do Neo-ltico Final aprecia-se um aumento na con-tribuio de animais imaturos que poderia estar relacionado com a maior relevncia desta espcie na dieta dos habitantes do povoado, uma vez que o aproveitamento crnico dos pequenos ruminantes (ovelhas e cabras) diminui.
4.3. Representao anatmica
Apesar dos desvios causados pelos problemas de conservao assinalados (por exemplo o alto nmero de fragmentos de dentes ou as esquirolas de ossos longos) evidencia-se que todas as partes anatmicas das principais es-pcies domsticas, assim como do coelho se encontram representadas (Quadro 14). Porm, observa-se que o esqueleto axial do gado bo-vino muito escasso, inclusive entre os restos re-gistados na frao dos macromamferos (LSM), situao que contrasta com os dados obtidos para os mesomamferos (MSM). Este padro apoia a hiptese de trabalho sobre o diferente tratamento recebido pelas carcaas de maio-res dimenses, pudendo ter-se consumido nas reas de habitat do povoado nacos de carne sem ossos.
4.4. Osteometria
So poucos os dados mtricos obtidos devido fragmentao e m conservao da amos-tra. No Apndice apresentamos os valores uti-lizados que permitiram identificar a presena de porco domstico e gado bovino, sem que nenhum deles indicie a ocorrncia dos anteces-sores selvagens, javali e auroque.
5. O Penedo do Lexim no contexto das inves-tigaes arqueozoolgicas de cronologia cal-coltica
Valente & Carvalho (2014), no seu recente tra-balho de recopilao sobre as estratgias de subsistncia no sul de Portugal durante o Neol-tico e Calcoltico, assinalam as lacunas existen-tes na investigao devido aos limitados dados paleobiolgicos disponveis para o Neoltico e Calcoltico. No caso dos estudos arqueofaunsti-cos, reconhece-se a disparidade existente no que diz respeito prpria natureza da informao disponvel. Questes fundamentais que se pren-dem com a identificao das espcies, os mtodos de quantificao, as relaes estratigrficas dos contextos escavados, o registo dos processos tafo-nmicos ou a funcionalidade dos stios arqueol-gicos no sempre so avaliadas. Porm, no intuito de organizar a informao publicada ou in-dita (em forma de relatrios) estes investigado-res apresentam os espetros faunsticos de 27 jazi-das localizadas na Estremadura (na faixa entre o
Lameiras * Penedo do Lexim, Mafra Zambujal Mercador,
Moura So Pedro, Redondo
Locus 1 Locus 5 PERIODO Neo Inicial Neo Final Neo Final Cal Pleno Cal Pleno Cal Pleno Cal Final Calcoltico Calcoltico FUSO U F U F U F U F U F U F U F U F U F Anterior 18 meses Escpula distal 1 2 - - 2 - 3 3 - 5 3 - - 1 mero distal 1 10 1 17 2 3 5 15 3 9 91 189 29 53 4 10 - 3 Rdio proximal - 2 2 14 - 7 2 8 Primeira falange proximal 4 8 3 4 2 - 2 5 3 6 - 4 - 3 Entre 18 e 30 meses Tbia distal 6 7 3 5 3 2 8 7 4 3 3 3 - 5 Metpodos distais 12 5 2 2 5 3 14 4 14 9 8 2 1 2 Entre 31-42 meses Ulna proximal 2 3 6 - 1 1 3 - Ulna distal 1 - 2 - - 1 - - Fmur proximal 5 1 6 2 - 5 1 1 Calcneo proximal 5 1 3 1 5 1 14 2 1 1 - - - 1 Rdio distal 4 4 5 - 1 - 6 - 1 1 6 2 - 1 mero proximal 1 1 2 - - - - - Fmur distal 4 3 1 - 1 1 1 - - 2 1 1 1 - Tbia proximal - - 3 1 1 - 2 - TOTAL 37 40
18 29 30 17 74 53 28 50 33 31 2 16
dP4/P4/M3 11/6/- 24/23/- 13/5/5 14/14/19 2/2/5 3/1/5 5/2/3 % JUV 51 45 66 55 35 32,5 35 50 28
Quadro 13 Idade de abate
dos ovi-caprinos em jazidas portuguesas
do Neoltico Final e Calcoltico. A
frequncia de restos pertencentes a
animais jovens (%JUV) calcula-se seguindo
os critrios explicados no Quadro 9. As
clulas em branco correspondem a
valores desconhecidos. * Davis & alii
(em prep.).
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Quadro 14 Penedo do Lexim, Locus 5. Representao anatmica dos restos de mamferos. Abreviaturas dos taxa (vide Quadro 4).
BOS OC SUS CEE ORC LSM MSM OTROS Crnio Chifre/Haste - 1 - 4 - - - - Crnio 3 25 43 - 24 38 13 - Incisivo superior decidual - - 2 - - - - - Incisivo superior permanente - - 6 - - - - - Pr-molar sup. dec. - 7 1 - - - - - Pr-molar sup. perm. 1 3 10 - - - - - 1/2 molar superior 1 37 11 1 - - - - 3 molar superior 1 5 3 - - - - - Hyoides - 1 - - - - 1 - Mandbula 3 36 13 - 33 4 10 1CAN, 1 LIN Incisivo inferior decidual - 3 5 - - - - - Incisivo inferior permanente 8 13 5 - - 3 - 1 CAR Canino decidual - - 5 - - - - - Canino permanente - - 1 - - - - - Pr-molar inferior dec. 4 2 6 - - - - - Pr-molar inferior perm. 7 13 9 - - - - - 1/2 molar inferior 6 25 8 - - - - - 3 molar inferior 1 5 - - - - - - Fragmentos dentes 7 148 77 - 127 4 - - Axial Atlas - 1 5 - 1 1 - - xis - - 1 - 1 - - - Vrtebra - 1 1 - 29 13 140 - Sacro - - - - 6 - 1 - Sternovrtebra - - - - - - - - Costela - - - - 10 15 228 - Membro anterior Escpula - 14 9 - 25 2 2 - mero - 13 7 2 25 2 7 - Rdio - 19 2 1 23 - - - Ulna - 10 3 1 18 - - - Carpal 4 5 4 1 - - 1 - Metacarpo 1 13 9 - 3 - - - Membro posterior Plvis 1 26 11 - 43 2 5 - Fmur - 8 4 - 38 1 5 - Patella - 3 - - - - - - Tbia 3 11 6 - 37 1 - - Fbula - - 4 - - - 1 - Astrgalo 2 6 7 - 4 - 1 - Calcneo - 6 3 - 19 - 5 - Tarsal 1 1 4 1 1 1 - - Metatarso 4 13 4 - 27 - - - Metpodo 6 14 16 - 7 2 - - Ps 1 Falange 2 11 32 2 5 - 1 - 2 Falange 3 9 12 - - - - - 3 Falange 2 7 16 - - - - - Falange - - - - - 2 12 - Sesamoide 1 1 - - - - - - Esqurolas - - - - 49 119 472 - Total NR 72 516 365 13 555 210 905 3
REGIO STIO CRONOLOGIA REFERNCIA BOS OC SUS EQU BOP CEE CAC ORC LEP CAR % % % % % % % % % % N Estremadura Penedo do Lexim (Locus 5) Calcoltico Pleno Este estudo 5 34 24 - - 1 - 36 -
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Oceano Atlntico e o Rio Tejo), o sul do Alentejo e o Algarve datadas em cinco subperodos que se estendem desde o Neoltico Inicial (55004500 a.n.e) at o Calcoltico Final (2. metade do III milnio a.n.e.). A partir da anlise de uma nica varivel as espcies presentes , trabalha-se com as variaes nas suas frequncias e a rela-o entre taxa domsticas e selvagens. Relativa-mente s amostras do Calcoltico salientam-se trs tendncias (Valente & Carvalho, 2014, p. 235): 1) a variabilidade entre jazidas situadas no lito-ral da Estremadura e do interior, para alm da heterogeneidade dos povoados alentejanos;2) o aumento do porco e gado bovino no Alen-tejo, enquanto h um decrscimo nos ovicaprinos;3) a diminuio generalizada dos recursos selvagens.A primeira e a terceira destas observaes associam-se a fenmenos de ordem ecolgica e sociodemogrfica, sugerindo-se que a disponi-bilidade de recursos locais e as dimenses dos povoados, assim como as das suas populaes, constituem variveis determinantes. Desenham--se dois modelos: 1) para os grandes povoados fortificados da Estremadura (por exemplo, Zam-bujal e Leceia) onde as estratgias de subsistn-cia tm por base o desenvolvimento agrcola e as atividades ganadeiras a grande escala; 2) para os povoados mais pequenos em que h um aproveitamento regular dos recursos selvagens do entorno ao tempo que se pratica uma pas-torcia a menor escala, com base na criao de animais de pequeno porte (ovicaprinos e por-cos), resultando esta estratgia compatvel com um modo de vida menos sedentrio.Neste panorama cabe perguntar-se onde se enquadra o Penedo de Lexim. No Quadro 15 e na Fig. 16 apresentamos as frequncias relativas das espcies identificadas nas jazidas emblem-ticas da Estremadura e Alentejo como base com-parativa aos nossos resultados. Em termos gerais, salienta-se a grande concordncia com os outros povoados fortificados da Estremadura onde se aprecia o domnio dos animais domsticos nas economias locais e o escasso aproveitamento dos recursos cinegticos de grande porte. A diferena mais significativa diz respeito a baixa contribui-o do gado bovino, cujo valor inclusivamente menor que o registado nos povoados alentejanos de Mercador, Mouro (Moreno & Valera, 2007) e So Pedro, Redondo (Davis & Mataloto, 2012). J foram apresentadas acima algumas hipte-ses de trabalho no intuito de explicar esta diver-
gncia, que na nossa opinio ilustram a cautela necessria na hora de tentar avaliar o papel desenvolvido pelas espcies faunsticas recupe-radas na economia do stio estudado. No con-vm esquecer que grande parte dos esplios de fauna derivam de consumo alimentar, pelo que existe uma relao direta com os hbitos diet-ticos dos grupos consumidores que no tm por que refletir sempre as estratgias praticadas no entorno produtivo dos habitats em que tem lugar o processamento e consumo final das carcaas. Neste sentido, a varivel mais interessante a ana-lisar o perfil das idades de abate que, como mostramos para os ovicaprinos, revela as mudan-as acontecidas na produo e aproveitamento de determinados recursos, cuja gesto se afigura uma pea chave na compreenso do desenvolvi-mento econmico destas comunidades pr-histri-cas. A variabilidade observada na presena de animais jovens entre as duas amostras do Locus 1 e Locus 5 do Penedo do Lexim permite intuir a ocor-rncia de espaos diferenciados neste povoado, ligados talvez a presena de grupos sociais de status diferente ou a ligeiras diferenas cronol-gicas, situao que teria passado desapercebida na anlise conjunta de ambas as amostras. Dife-renciaes faunsticas intrasstio foram detetadas
Fig. 16 Represen-tao percentual das espcies ganaderas em jazidas calcolti-cas portuguesas da
Estremadura e do Alentejo.
As percentagens foram calculadas a partir do nmero de restos identificados das qua-tro espcies (N). BOS: gado bovino; OC: ovelha e cabra; SUS: sudeo. Penedo do Lexim Locus 1 + Locus 5 (presente estudo; N=3926), Zambujal (Driesch & Boessneck, 1976; N=47432), Leceia (Cardoso & Detry, 20012002; N=10892), Mercador (Moreno & Valera, 2007; N=1227), Perdiges (Costa, 2010; N=345), So Pedro (Davis & Mataloto, 2012).
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em Los Millares (Molina & Cmara, 2005) e em La Junta de Los Ros (Abril & alii, 2007), sendo propostas explicaes de ndole social e poltica. De igual modo, deve ser realado que, apesar da baixa representatividade dos ovicaprinos no Alentejo, houve certo grau de heterogeneidade no seu aproveitamento, com comunidades como o Mercador, onde a importncia dos produtos secundrios parece que foi menor do que, por exemplo, em So Pedro, tambm no Alentejo. Em fim, concordamos com Valente & Carvalho (2014) em assinalar que at no estarem dispo-
nveis melhores e mais representativas amostras torna-se arriscado avanar com modelos defini-tivos sobre as estratgias econmicas praticadas durante o Calcoltico no sul de Portugal. Neste sen-tido, as anlises detalhadas dos esplios faunsti-cos recolhidos nos Locus 1 e Locus 5 do Penedo do Lexim demostram complexidades que dificilmente podero ser abordadas desde uma perspetiva generalista. Confiamos que o estudo de amos-tras recolhidas noutros locais deste interessante povoado ajudar a responder algumas das ques-tes planteadas que por agora ficam em aberto.
Para alm das muralhas, uma perspetiva dos recursos faunsticos no Calcoltico da Estremadura: o conjunto arqueofaunstico do Locus 5 do Penedo do Lexim (Mafra)
Apndice
Abreviaturas utilizadas:TAXABOS: Bos taurusCAH: Capra hircusOC: Ovis / CapraORC: Oryctolagus cuniculusOVA: Ovis ariesSUS: Sus sp.
DENTESdP4: quarto pr-molar decduoM1: primeiro molarM2: segundo molarM1/2: primeiro ou segundo molarM3: terceiro molar
OSSOSSC: escpulaHU: meroRA: rdioMTC: metacarpoTI: tbiaAST: astrgaloCAL: calcneo
LADOR: direitoL: esquerdo
Dados mtricos dos dentes inferiores de Sus sp., em mm.l: comprimento; wa: largura da cspide anterior; wb: largura da cspide posterior no M1 e M2 e largura da cspide central no dP4 e M3; wc: largura da cspide posterior do dP4 e M3
NINV UE Q dP4l dP4wa dP4wb dP4wb M1l M1wa M1wb M2l M2wa M2wb M1/2l M1/2wa M1/2wb M3l M3wa M3wb M3wc IGN.017.13145 4 E13 19,24 - - - IGN.017.13146 4 E14 14,70 9,97 10,68 18,95 10,81 13,03 IGN.017.13141 4 D13 19,38 6,57 7,88 8,94 IGN.017.14244 8 E13 21,41 11,66 12,45
Dados mtricos dos Artiodactyla, em mm (von den Driesch, 1976; Davis, 1996)
N INV UE Q TAXA OSSO LADO BD BFd WCM WCL Dem Dvm Dim Dil Dvl Del
IGN.017.13146 4 E14 OVA MTC R 23,82 22,89 10,53 10,01 10,10 14,40 12,44 12,43 14,40 9,63 IGN.017.14242 8 E11 OVA MTC L 25,33 25,74 11,79 11,61 12,12 16,65 14,19 13,73 15,95 10,53
NINV UE Q dP4l dP4wa dP4wb dP4wb M1l M1wa M1wb M2l M2wa M2wb M1/2l M1/2wa M1/2wb M3l M3wa M3wb M3wc IGN.017.13145 4 E13 19,24 - - - IGN.017.13146 4 E14 14,70 9,97 10,68 18,95 10,81 13,03 IGN.017.13141 4 D13 19,38 6,57 7,88 8,94 IGN.017.14244 8 E13 21,41 11,66 12,45
Dados mtricos dos Artiodactyla, em mm (von den Driesch, 1976; Davis, 1996)
N INV UE Q TAXA OSSO LADO BD BFd WCM WCL Dem Dvm Dim Dil Dvl Del
IGN.017.13146 4 E14 OVA MTC R 23,82 22,89 10,53 10,01 10,10 14,40 12,44 12,43 14,40 9,63 IGN.017.14242 8 E11 OVA MTC L 25,33 25,74 11,79 11,61 12,12 16,65 14,19 13,73 15,95 10,53
Dados mtricos dos Artiodactyla, em mm (von den Driesch, 1976; Davis, 1996)
Agradecimentos
Agradecemos a Jos Paulo Ruas, da DGPC, as excelentes fotografias dos ossos que ilustram este trabalho, assim como a Carlos Pimenta, do LARC, a sua colaborao nos aspetos logsticos de transporte dos materiais. A Simon Davis, pela partilha de dados inditos de Lameiras.
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Dados mtricos dos Artiodactyla, em mm (von den Driesch, 1976; Davis, 1996)
Dados mtricos dos coelhos (Oryctolagus cuniculus), em mm (von den Driesch, 1976)
N INV UE Q TAXA OSSO LADO GLP BG SLC
IGN.017.13146 4 E14 OVA SC R 30,70 19,41 19,63 IGN.017.14246 8 D11 OVA SC R 32,69 - 19,76 IGN.017.14246 8 D11 CAH SC L 28,54 19,05 16,20 IGN.017.13146 4 E14 SUS SC L 36,02 24,83 25,27 IGN.017.13140 4 D11 SUS SC L - 22,77 22,41 IGN.017.14244 8 E13 SUS SC R 37,53 25,00 28,28
N INV UE Q TAXA OSSO LADO BT HT HTC
IGN.017.14246 8 D11 OVA HU L 27,87 18,18 13,75 IGN.017.14242 8 E11 OVA HU L 28,50 18,07 14,93 IGN.017.14244 8 E13 OVA HU L 26,95 17,32 13,93 IGN.017.13146 4 E14 CAH HU R 25,39 14,31 11,43 IGN.017.14248 8 D13 OC HU R 30,57 17,70 14,31
N INV UE Q TAXA OSSO LADO Bp BD
IGN.017.13146 4 E14 CEE RA 54,45 - IGN.017.14243 8 E12 OVA RA R - 26,31
N INV UE Q TAXA OSSO LADO Bd
IGN.017.13142 4 D14 BOS TI R 59,75 IGN.017.14247 8 D12 BOS TI R 66,67 IGN.017.14243 8 E12 OVA TI L 27,59 IGN.017.14244 8 E13 OC TI R 25,90
N INV UE Q TAXA OSSO LADO GLl GLm Bd Dl
IGN.017.13140 4 D11 BOS AST L 63,41 56,60 43,89 35,07 IGN.017.14249 8 D14 BOS AST L 58,89 52,35 38,45 32,68 IGN.017.13154 4 F15 OVA AST R 25,95 24,60 16,61 14,62 IGN.017.14244 8 E13 OVA AST R 29,22 28,20 18,40 16,73 IGN.017.13149 4 E12 SUS AST L 39,79 37,95 IGN.017.13146 4 E14 SUS AST R 35,10 33,24 IGN.017.13146 4 E14 SUS AST L 35,33 33,78 IGN.017.14249 8 D14 SUS AST R 41,38 40,23 IGN.017.14246 8 D11 SUS AST R 41,22 38,17
N INV UE Q TAXA OSSO LADO GLP BG SLC IGN.017.13149 4 E12 ORC SC L 8,91 7,70 - IGN.017.13146 4 E14 ORC SC L 8,96 7,10 4,65 IGN.017.13146 4 E14 ORC SC L 9,87 7,14 4,45 IGN.017.13136 4 D9 ORC SC L 9,42 7,12 4,25 IGN.017.14246 8 D11 ORC SC L 9,16 IGN.017.14248 8 D13 ORC SC L 9,75 6,37 4,24 IGN.017.14249 8 D14 ORC SC R 8,87 6,97 4,65 IGN.017.14242 8 E11 ORC SC R 7,95 6,81 4,52 IGN.017.14243 8 E12 ORC SC R 8,18 7,11 4,31 IGN.017.14244 8 E13 ORC SC R 9,66 4,25 IGN.017.14244 8 E13 ORC SC R - - 4,35 IGN.017.14244 8 E13 ORC SC R 9,51 7,18 4,57
N INV UE Q TAXA OSSO LADO BT
IGN.017.13146 4 E14 ORC HU R 8,98 IGN.017.13146 4 E14 ORC HU R 8,52 IGN.017.14246 8 D11 ORC HU L 8,77 IGN.017.14246 8 D11 ORC HU R 8,80 IGN.017.14247 8 D12 ORC HU L 9,01 IGN.017.14247 8 D12 ORC HU R 8,53 IGN.017.14248 8 D13 ORC HU R 8,51 IGN.017.14248 8 D13 ORC HU R 8,22 IGN.017.14242 8 E11 ORC HU L 7,65 IGN.017.14243 8 E12 ORC HU L 8,82 IGN.017.14243 8 E12 ORC HU L 8,32 IGN.017.14243 8 E12 ORC HU R 8,28 IGN.017.14244 8 E13 ORC HU R 8,93 IGN.017.14244 8 E13 ORC HU L 8,61
N INV UE Q TAXA OSSO LADO BD
IGN.017.13146 4 E14 ORC TI R 10,63 IGN.017.13154 4 F15 ORC TI R 10,66 IGN.017.14249 8 D14 ORC TI R 11,03 IGN.017.14242 8 E11 ORC TI R 10,68 IGN.017.14242 8 E11 ORC TI L 10,31 IGN.017.14242 8 E11 ORC TI R 10,97 IGN.017.14243 8 E12 ORC TI R 10,74 IGN.017.14245 8 E14 ORC TI L 11,18
N INV UE Q TAXA OSSO LADO GL
IGN.017.13143 4 E11 ORC AST L 10,03 IGN.017.13140 4 D11 ORC AST L 10,77 IGN.017.14242 8 E11 ORC AST R 10,64 IGN.017.14242 8 E11 ORC AST L 10,24
N INV UE Q TAXA OSSO LADO GL
IGN.017.13146 4 E14 ORC CAL R 19,33 IGN.017.13141 4 D13 ORC CAL 20,62 IGN.017.14246 8 D11 ORC CAL L 19,77 IGN.017.14242 8 E11 ORC CAL R 21,83 IGN.017.14243 8 E12 ORC CAL L 19,53 IGN.017.14243 8 E12 ORC CAL L 20,77 IGN.017.14243 8 E12 ORC CAL R 21,53 IGN.017.14243 8 E12 ORC CAL R 21,04 IGN.017.14245 8 E14 ORC CAL R 21,85 IGN.017.14250 8 ORC CAL R 20,84 IGN.017.14250 8 ORC CAL R 21,85 IGN.017.14250 8 ORC CAL R 21,85 IGN.017.14250 8 ORC CAL R 19,56
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Marta Moreno Garca | Ana Catarina Sousa
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