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5 Pará capítulo Afuá Alenquer Almeirim Breves Cachoeira do Ararí Curralinho Curuá Faro Gurupá Juruti Monte Alegre Muaná Óbidos Oeiras do Pará Oriximiná Ponta de Pedras Portel Porto Móz Prainha Salvaterra São Sebastião da Boa Vista Soure Terra Santa

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5Pará

capítulo55Pará

AfuáAlenquerAlmeirim

BrevesCachoeira do Ararí

CurralinhoCuruá

FaroGurupá

JurutiMonte Alegre

Muaná

ÓbidosOeiras do ParáOriximináPonta de PedrasPortelPorto MózPrainhaSalvaterraSão Sebastião da Boa VistaSoure Terra Santa

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A Guascor no Pará5Ilha de Marajó, saindo de Breves

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Guascor 10 anos

O Pará faz divisa com o

Amapá, Mato Grosso,

Amazonas, Tocantins,

Roraima e Maranhão, e

fronteira com a Guiana

e o Suriname. De oeste a leste é atravessado

pelo rio Amazonas, que desemboca no oceano

Atlântico. Segundo maior Estado brasileiro –

menor apenas que o Amazonas –, a sua área

abrange 1.253.164,5 km², o que representa

14,65% de todo o território nacional. Pela sua

posição geográfi ca, no horário de verão o Pará

fi ca uma hora atrás do horário de Brasília.

Distribuída em 143 municípios, a população

paraense é estimada em 6.970.586 de habitantes,

de acordo com dados do IBGE de 2005. Deste

total, calcula-se que 60 mil sejam índios.

Paráo império das águas

Distribuídos em 11 reservas, eles ocupam mais

de 23 milhões de hectares. Aproximadamente

um terço desta área encontra-se demarcada

pela Fundação Nacional do Índio (Funai). Os

Andira-Marau, os Mundurukus e os Kayapós são

algumas das maiores comunidades.

Na linha do Equador, a capital, Belém, é

uma das cidades mais desenvolvidas do

Norte e cerca de dois terços de seus 1.065

km² são constituídos de inúmeras ilhas. Não

obstante seus 1,6 milhão de moradores e da

paisagem urbana, a metrópole é salpicada

por centenários pés de mangas, o que lhe

rende o título de “cidade das mangueiras”.

Freqüentemente os transeuntes vêem a fruta

despencar nas ruas, ocasionando pequenos

acidentes e algum alvoroço.

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A Guascor no Pará

Nas terras paraenses, a presença da água

é uma constante. A navegação fl uvial é o

principal meio de transporte. São igarapés,

centenas de praias – tanto oceânicas quanto

de água doce (presentes em quase todos os

rios) –, rios, lagos e cachoeiras. As bacias

hidrográfi cas amazônica, do Tocantins-

Araguaia e do Nordeste espalham-se por

toda a superfície do Estado. Na margem

direita do rio Amazonas chegam afl uentes de

grande porte, como o Tocantins, o Xingu e o

Tapajós.

125Praia do Pesqueiro, em Soure

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Guascor 10 anos

por Gilberto Oliveira, chefe do Centro de Operação e Manutenção da Guascor em Santarém

A locomoção sobre rios

- Curuá – 8 horas de trajeto. No período da seca o percurso torna-se ainda mais difícil e pode exigir o uso da catraia, que é uma pequena embarcação.

- Prainha – 11 horas de trajeto. Possui sítio arqueológico com arte rupestre de interesse histórico e turístico. É uma das paradas dos barcos de linha com destino a Macapá (AP).

- Oriximiná – 12 horas de trajeto. É um dos municípios mais importantes da Calha Norte e principal pólo de extração de minério do mundo. Os nascidos ali são chamados de “espoca bode”.

- Faro – 24 horas de trajeto. Localiza-se no Baixo Amazonas e o natural de Faro é farense. As embarcações viajam para lá somente duas vezes por semana.

Boa parte da rotina da Guascor no Pará acontece sobre as águas. É que as 23 localidades onde a empresa opera têm no rio seu principal, e por vezes único, acesso. A viagem de barco de Santarém para estas cidades é longa e sempre revela curiosidades. Alguns exemplos:

- Alenquer – 6 horas de trajeto. Ou 3 horas de lancha rápida e 2 horas na época de cheia, quando os igarapés funcionam como atalhos. Os alenquerenses são conhecidos como ximangos.

- Óbidos – 8 horas de trajeto. Está situada na “garganta do rio Amazonas” ou “fi vela do rio”, como é chamado o trecho mais estreito e profundo do rio. Os nativos, os obidenses, têm o apelido de “chupa osso”.

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A Guascor no Pará

O Jari, Trombetas e Jamundá são alguns

dos rios menores, à margem esquerda. Lagos

também são abundantes. Perto do território

amazonense estão os lagos Grande, Grande

do Curuaí, o de Itandeua e o do Poção.

Ao norte do Pará está a Ilha de Marajó.

Por si só ela já bastaria para exemplifi car a

magnitude dos recursos hídricos da região.

Com 50 mil km², a ilha integra o maior

arquipélago fl úvio-marítimo do mundo, que

leva o mesmo nome. Marajó, o arquipélago,

compreende em torno de três mil ilhas e ilhotas

e suas riquezas naturais o elevaram à categoria

de Área de Proteção Ambiental (APA).

Não é por outro motivo que o Estado abriga

a segunda hidrelétrica do país em tamanho,

Tucuruí. A 389 km de Belém, a usina tem

potência instalada de 8.370 MW e possui

importante papel no Sistema Interligado

Nacional (SIN), atendendo o Pará, Maranhão

e Tocantins, além de exportar energia para os

sistemas Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste.

A fauna e a fl ora igualam-se à grandeza fl uvial.

Ainda que falte muito a pesquisar, sabe-se

que existem cerca de duas mil espécies de

peixes, 950 tipos de pássaros e 300 espécies

de mamíferos no Pará. Vários se encontram

ameaçados de extinção, especialmente pelo

desmatamento e pelas atividades de pesca e

caça predatórias. Tartarugas, ariranha, guará

e peixe-boi são alguns dos animais em risco

atualmente.

127

atualmente.

Mangal das Garças

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Guascor 10 anos

A biodiversidade é beneficiada pelo clima

constantemente quente, sujeito a chuvas

intensas e pelos vários graus de umidade,

dependendo do local. A Floresta Amazônica

faz-se presente em praticamente todo o

território, variando entre mata de terra firme e

de várzea, que fica próxima aos rios e outros

curso d´água. Há também regiões serranas,

como a Serra dos Carajás, ao sul.

As raízes históricas

Na língua tupi guarani, o nome Pará deriva

do termo Pa´ra, que significa rio-mar. Diz-se

que os índios, muito apropriadamente, assim

chamavam o braço direito do rio Amazonas

que, encorpado pelo Tocantins, adquire

proporções oceânicas. Dada à sua vasta

extensão – de uma margem mal se avista a

oposta –, o rio mais se assemelhava a um mar

do que a qualquer outra formação fluvial.

Com o descobrimento, a região ganhou

o nome de Feliz Luzitânia. Em busca de

especiarias como pimenta, guaraná e urucum,

foi invadida seguidas vezes durante o século

16 por holandeses e ingleses.

Para consolidar sua presença, os portugueses

fundaram, em 1616, o Forte do Presépio, que

marca o começo da ocupação da Amazônia

e também a origem da cidade de Belém. A

construção atualmente é chamada de Forte do

Castelo, sendo uma célebre atração turística às

margens da Baía de Guajará.

Belém foi primeiramente denominada Santa

Maria do Grão-Pará (grande Pará). Em 1751,

como Santa Maria de Belém do Grão-Pará

tornou-se a capital do Maranhão e do Grão-

Pará, então integrados em um único território

que ocupava grande parte do Norte. A

integração foi desfeita em 1774.

A pecuária e a agricultura – com lavouras de

café, arroz, cana-de-açúcar, cacau e tabaco –

garantiram prosperidade ao Pará no século 17.

A região se sobressaía como centro produtor

agrícola e várias localidades adquiriam a

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A Guascor no Pará

condição de vilas. O período de riqueza e

crescimento perdurou até o final do século

seguinte.

Os mandos e desmandos lusitanos somados

à miséria do povo paraense desencadearam

a resistência civil às autoridades imperiais.

A partir de 1835 desenrolou-se, então, o

mais conhecido fato histórico do Estado, o

movimento da Cabanagem. Os cabanos –

índios, negros e mestiços que moravam em

cabanas em vilarejos ribeirinhos – lutaram por

sucessivos anos contra o domínio de Portugal

e chegaram a colocar representantes no poder.

Foram derrotados, porém, em 1840.

Do final do século 19 às primeiras décadas do

século 20 a economia ganhou novo impulso,

com a exploração da borracha. A onda de

desenvolvimento refletia-se especialmente em

Belém. A capital, mais próxima de Paris do

que da capital da República, o Rio de Janeiro,

adquiriu visíveis toques europeus. Na moda, na

arquitetura e na cultura sentia-se a influência

francesa sobre a elite local. O Theatro Nossa

Senhora da Paz, ou simplesmente Theatro da

Paz, com suas linhas neoclássicas e acústica

perfeita para apresentação de música erudita, é

um dos emblemas dos tempos áureos do látex.

Encerrado o ciclo da borracha, o Pará

voltou-se mais uma vez para a agricultura,

pesca e pecuária.

A riqueza mineralNos anos 1950, investimentos públicos foram

direcionados à Amazônia, com o intuito

de atrair a iniciativa privada e promover a

ocupação e integração efetiva da região ao

restante do país. A construção de rodovias e a

descoberta de reservas minerais em solo paraense

consolidaram, em certa medida, os esforços do

governo. As novas oportunidades estimularam a

imigração, sobretudo de nordestinos e sulistas, e

o surgimento de municípios.

Na década de 1970 a extração de minério

despontou como principal atividade

econômica. A Serra dos Carajás persiste até os

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Guascor 10 anos

dias de hoje como um dos símbolos máximos

da riqueza mineral do país. Seu potencial foi

revelado em 1967 e a maior jazida de ferro

do mundo é explorada pela Companhia Vale

do Rio Doce (CVRD) desde meados dos

anos 1980. As suas reservas também incluem

manganês, níquel, alumínio e ouro.

Em Serra Pelada, a 800 km de Belém,

funcionou o maior garimpo a céu aberto

do globo. Nas décadas de 1980 e 1990 a

corrida pelo ouro foi um chamariz para

brasileiros de toda parte e chegou a reunir

100 mil homens no local. As condições sub-

humanas e ecologicamente incorretas levou ao

fechamento da jazida pelo governo em 1992

e à reabertura em 2006, com a promessa de

melhorias para os garimpeiros.

Minérios, madeira e castanha-do-pará

integram a pauta de exportação do Pará e

constituem os atuais pilares econômicos do

Estado. A extração mineral mantém seu posto

hegemônico e representa aproximadamente

15% do PIB estadual. Outra lucrativa fonte de

renda vem da extração vegetal, principalmente

de madeira. Conforme dados do IBGE, o

Pará respondia por 54% do volume total

da produção do país em 2001. Naquele ano

era também o principal produtor nacional

de carvão vegetal. Os números envolveram,

entretanto, a derrubada de milhares de

toneladas de árvores e evoca um amplo

debate acerca do equilíbrio entre progresso e

preservação ambiental.

A pecuária, diversifi cada, inclui a produção de

bovinos, suínos, aves, eqüinos e bubalinos – o

Pará detém o maior rebanho de búfalos do

Brasil. A agricultura predomina no nordeste

e alguns dos principais produtos são: laranja,

cana-de-açúcar, milho, pimenta-do-reino,

mandioca e cacau. O cultivo de soja tem

aumentado nos últimos anos, especialmente no

sudoeste do território.

A exuberância natural e cultural do Pará faz

do turismo um negócio em ascensão. Dados

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A Guascor no Pará

da Companhia Paraense de Turismo (Paratur)

indicam que 50% do turismo da Amazônia

se concentra no Estado. Motivos e vocação

não faltam. No Baixo Amazonas, a oeste, há

praias fl uviais paradisíacas, entre elas Alter

do Chão, apelidada de “Caribe Amazônico”.

Lá também se aprecia os rios Amazonas,

barrento, e Tapajós, esverdeado, que correm

juntos por quilômetros sem se misturar. Na

Ilha de Marajó, praias, búfalos caminhando

pelas ruas e atividades de ecoturismo constam

na programação para os visitantes.

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Guascor 10 anos

Afuá, na ilha do Marajó, é um dos melhores exemplos de Sistema Isolado. Conhecida como Veneza marajoara, a cidade foi construída sobre palafi tas, por cima do rio Marajó. Os 40 mil habitantes circulam de bicicleta, único meio de locomoção permitido sobre as estruturas de madeira. Em busca das praias, rios e ilhas afuaenses, os turistas usam bicitáxis. Invenção local, trata-se de um veículo de quatro rodas não motorizado, feito a partir da junção de duas bicicletas.

A implantação da usina Guascor na cidade exigiu manobras criativas, especialmente no transporte de equipamentos que pesam toneladas. E foi precedida por três recusas de empreiteiras – o desafi o de construir sobre as águas parecia por demasiado irreal. A saída foi aprender com as tradições da comunidade. “Observamos a igreja, que era de alvenaria, o ginásio, de concreto, e fi zemos a usina sobre uma laje de concreto armado, suspensa e apoiada em tocos que fi cam na parte mais fi rme do solo”, conta Luiz Carlos Bastos, gerente da fi lial Pará.

A Veneza brasileira

Afuá /PA

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A Guascor no Pará

um amplo complexo de lazer, cultura e

gastronomia.

A cidade abriga, ainda, o Mangal das

Garças, um parque em área de várzea,

palecetes e palácios, o Museu de Gemas e

outras atrações que foram revitalizadas nos

últimos anos com o intuito de dinamizar o

turismo. Mas Belém ainda deve muito de

sua fama ao tradicional Círio de Nazaré,

realizado no segundo domingo de outubro.

Uma das maiores manifestações de fé

do mundo católico, a procissão reúne

centenas de milhares de pessoas em um

trajeto de quatro quilômetros, pelo qual

uma pequena imagem da Virgem de Nazaré

é transportada da Catedral de Belém à

Basílica de Nossa Senhora de Nazaré.

Durante o percurso são feitas homenagens

com queima de fogos e romeiros vindo de

todo o país participam do festejo. O Círio

é tido como o “Natal paraense”, dado seu

forte significado. Embora a procissão seja o

Em Belém, as opções para o turista também

são muitas. Nos arredores do Forte do

Presépio, local que originou a cidade, estão

construções históricas como a Casa das

Onze Janelas, a Catedral da Sé, o Complexo

de Santo Alexandre, a igreja de São João

e o Museu de Arte Sacra, considerado

um dos mais significativos do país. No

famoso mercado Ver-o-Peso há peixes,

artesanato, frutas, perfumes, temperos,

quitutes, utensílios domésticos, entre outros

itens, em um sem fim de barraquinhas

que revelam com fidelidade o espírito

amazônico.

O Museu Emílio Goeldi traz para o cenário

urbano um pouco da floresta. Em meio à

densa e refrescante vegetação, com 800

espécies de plantas nativas, estão animais

como cutias, preguiças, peixes ornamentais,

pássaros e onças. O espaço possui o maior

acervo de objetos indígenas do Brasil.

À beira do rio Guamá fica a Estação das

Docas, área portuária transformada em

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Guascor 10 anos

ápice da celebração, a festa dura quinze dias e

é preparada com vários meses de antecedência.

A devoção a Nossa Senhora de Nazaré surgiu

nos primórdios da colonização portuguesa.

Foi um caboclo de Belém, contudo, que a

popularizou ao construir um oratório para

santa em sua própria casa, no século 18.

A presença da Guascorna regiãoA fi lial Pará é histórica. Marca o início

das atividades da Guascor do Brasil. O

seu surgimento remonta a 3 de outubro

de 1997, quando ocorreu a assinatura do

contrato entre a empresa e a Celpa (Centrais

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A Guascor no Pará

Elétricas do Pará), então estatal responsável

pela geração, transmissão e distribuição de

energia elétrica. Naquela data, a Guascor

foi incumbida de assumir integralmente a

operação de 23 termelétricas paraenses no

prazo de um ano.

O acordo previa a geração ininterrupta

para comunidades isoladas que careciam

deste direito desde sempre. Exigia, ainda,

equipamentos novos. Quanto às instalações,

a escolha de usar as já existentes, da Celpa,

ou construir, fi cava a critério da Guascor. Em

18 usinas prevaleceu a segunda opção. Foram

adquiridos terrenos maiores, para comportar a

ampliação da planta, se necessário.

Os obstáculos durante a implantação das

usinas não foram poucos. “A verdade é que

fi zemos algo inédito e, como em todo projeto

pioneiro, houve inúmeros imprevistos a serem

contornados”, conta Luiz Carlos Bastos,

gerente da fi lial Pará.

Os municípios atendidos pela Guascor

concentram-se no Baixo Amazonas,

à margem esquerda do rio, uma área

praticamente intocada. Entre a planta

situada nos extremos oeste e leste do Estado

a distância é de 1.000 km, percurso que

demanda de sete a dez dias de balsa. As 23

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Guascor 10 anos

usinas são cercadas por água e floresta – a

única alternativa de transporte é o fluvial. Em

nenhuma, vale frisar, se chega por estrada.

Além disso, de janeiro a junho é a temporada

de chuvas, o que complicava o projeto

durante seis meses.

Compor o quadro de colaboradores que deu

origem à empresa no Brasil exigiu agilidade.

A formação da equipe aconteceu em paralelo

ao andamento dos trabalhos. “Contratamos

profissionais do Centro Diesel da Amazônia

e da Marinha Mercante, que treinaram a parte

técnica na Espanha por três meses”, lembra

Bastos. Boa parte do pessoal da Celpa foi

aproveitada e também participou de programas

de integração e reciclagem.

A renovação e padronização dos motores

– todos Guascor – foi estratégica.

As companhias estatais lidavam com

equipamentos de diferentes fabricantes

devido a restrições legais aplicadas

à compra de produtos e serviços. A

diversificação do maquinário dificultava

as tarefas de operação e manutenção. E

tinha graves reflexos sobre a vida das

comunidades. Há cerca de 20 anos, Óbidos,

município a noroeste do Estado, chegou

a ficar semanas sem energia elétrica. Os

moradores protestaram fechando o rio

Amazonas com seus barcos, para que

fossem tomadas providências. Em Afuá,

ao norte da Ilha de Marajó, a penúria no

escuro durou meses e levou à depredação

de usinas no final da década de 1980.

Soure, estância balneária situada em Marajó,

foi o primeiro município a ter uma planta

comandada pela Guascor. A cidade apresenta

o perfil típico das demais localidades

paraenses onde a empresa atua. Está a 80

km de Belém, a capital, mas a viagem até

lá pode levar de 3 a 4 horas. Isto porque se

trata de um estuário banhado pelo oceano

Atlântico e pelos rios Amazonas e Tocantins.

O acesso é somente por balsa e a duração da

viagem depende da influência da maré.

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A Guascor no Pará

Por ter sido a primeira, a Guascor paraense guarda peculiaridades. Ela é a única fi lial que abriga, além dos departamentos administrativos e técnicos, mais duas áreas: a Diretoria de Operações e a Divisão de Meio Ambiente. Ambas coordenam atividades em Rondônia e no Acre.

O escritório central, em Belém, acaba servindo como ponto de encontro para colegas que vêm de fora. Ali eles se reúnem para assistir ao Círio de Nazaré, uma das mais tradicionais manifestações religiosas do Norte. Ao alto de uma das maiores avenidas da cidade e corredor principal por onde passa a procissão, o escritório oferece vista privilegiada para o festejo.

A fi lial conta, ainda, com um representante vindo da Guascor espanhola. Nascido na Galícia, ao norte da Espanha, o engenheiro

Curiosidades da pioneira

de manutenção Gerardo Serafi m Lafuente Aboy ocupa o cargo há dez anos. Ele é responsável pelo alinhamento tecnológico da fábrica com as necessidades dos Sistemas Isolados no Brasil. As altas temperaturas e umidade típicas do Pará, Rondônia e Acre requerem motores e equipamentos com características especiais.

Com base na sua experiência em campo, a matriz redesenhou o sistema de refrigeração dos cabinados, de modo que suportassem melhor o calor nortista. Os manuais de operação e manutenção dos grupos geradores também foram adaptados tendo em vista a carga horária de funcionamento no Brasil, que é bem superior à da Espanha. “São cuidados que fazem todas as usinas Guascor, não só as do Pará, operarem com efi ciência e segurança para o colaborador, a comunidade e o meio ambiente”, observa Bastos.

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Guascor 10 anos

A geração em Soure começou em 1998,

justamente no período de pico, ou seja,

quando o consumo aumenta. “Era julho,

nossa estação de verão, que é marcada

por pouca chuva”, recorda Bastos. Desde

aquela época, o clima favorável aliado às

férias escolares conduz turistas de todo o

Brasil para este pequeno paraíso. Tal fato

aumentava ainda mais a responsabilidade

de realizar uma “estréia” perfeita. E

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A Guascor no Pará

139

assim se deu. O fornecimento de energia

imediatamente tornou-se regular e em nove

anos a produção da usina saltou de 692

MWh para 1.057 MWh, tomando como

referência os meses de julho.

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Guascor 10 anos

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A Guascor no Pará

Evolução em conjuntoA evolução da Guascor paraense caminha

junto com o desenvolvimento das

comunidades. A energia gerada no primeiro

ano de operação, em 1998, ficou em

30.578 MWh e em 2007 chegou a 223.000

MWh, ou seja, 7,5 vezes mais. O resultado

sobressai-se mesmo se comparado ao do

mercado nacional. Enquanto a produção da

empresa em 2007 superou em 12% a do ano

anterior, a média de crescimento do setor

elétrico foi de 3,7% no mesmo período,

de acordo com estatísticas do Operador

Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Desde 2003 a geração da Guascor vem

aumentando e em ritmo cada vez mais

acelerado. “Este movimento indica que

conquistamos a confiança da população

paraense ao longo dos anos e hoje ela sabe

que pode contar com energia elétrica”,

avalia Bastos.

Em Curuá, no oeste do Pará, não havia luz

até 1999, quando a Guascor ali se instalou.

A usina dobrou a produção em oito anos. É

que o fornecimento atraiu gente para o local,

originando uma nova vila, chamada Flechal.

A comunidade recém-criada é atendida

por meio de uma linha de transmissão com

aproximadamente 35 km, construída pela

Celpa. “No dia da inauguração da planta

ouvi uma declaração da qual jamais me

esquecerei. Um jovem, em seus 30 anos,

me disse que pela primeira vez poderia

experimentar um sorvete.”

Movida pela pesca, Curuá assistiu ao

nascimento de fábricas de gelo. O gelo

ajuda a conservar o produto nas viagens de

barco e, deste modo, foi possível alcançar

destinos mais distantes, ampliar as vendas

e incrementar o negócio e a renda de

pescadores. É todo um ciclo produtivo que

ganha dinamismo e proporciona melhor

qualidade de vida à população.

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Guascor 10 anos

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A Guascor no Pará

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Guascor 10 anos

Orgulho e vitóriaAtualmente, a potência instalada das

plantas da Guascor paraense é de 62 mil

KW, o que corresponde a 4,3% do total

consumido no Estado – o restante advém da

usina hidrelétrica de Tucuruí. As 23 usinas assumidas em 1998 continuam as mesmas, compreendendo os municípios de Afuá, Alenquer, Almeirim, Breves, Cachoeira do

Faro

Terra Santa

Oriximiná

JuritiMonteAlegre

Óbidos

Alenquer

Prainha

Gurupá

Afuá

Breves

SoureSalvaterra

Cach. Arari

Ponta de PedrasMuaná

São Sebastião Boa VistaCurralinho

Oeiras do Pará

Porto de Moz

PortelAlmerimCuruá

Ararí, Curralinho, Curuá, Faro, Gurupá, Juruti, Monte Alegre, Muaná, Óbidos, Oeiras do Pará, Oriximiná, Ponta de Pedras, Portel, Porto Móz, Prainha, Salvaterra, São Sebastião da Boa Vista, Soure e Terra Santa. Há dois Centros de Operação e Manutenção no Pará, um em Belém, que atende Marajó, e outro em Santarém, responsável por nove

usinas do Baixo Amazonas.

Usinas da Guascor no Pará

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A Guascor no Pará

Para os colaboradores, a maior prova do sucesso

veio na forma de uma renovação contratual.

O acordo com a Celpa era de seis anos mas,

no meio do caminho, a estatal foi privatizada,

ocasionando dúvidas e tensão a respeito do

futuro da fi lial paraense. Vencido o contrato,

entretanto, uma excelente notícia. A Celpa, já

sob os auspícios da iniciativa privada, estendeu

a parceria com a Guascor paraense até 2013.

“É uma vitória muito importante, pois atesta a

excelência do serviço que prestamos”, conclui.

145Carimbó na praia de Joanes, em Salvaterra

Ao longo da última década o número

de colaboradores pouco mudou. São

aproximadamente 150 profi ssionais, sendo

que mais de cem fi cam nas usinas e os

demais, em outros setores. “É uma equipe

antiga, altamente comprometida e muito

competente. Graças ao conceito de operador

mantenedor, temos cerca de um mecânico

para cada dez motores e um eletricista para

cada 30 motores, o que é motivo de orgulho

para todos nós”, explica Bastos.

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