para o pós-Covid We are all mad hereUMA REVISTA DE PESSOAS PARA PESSOAS PROPRIEDADE APG —...

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MANUEL PINA LÍDER DA UBER PORTUGAL “Não vai durar para sempre. Vamos voltar ainda mais fortes” ENTREVISTA POWERED BY TENDÊNCIAS PODCASTS Silêncio! Aqui o trabalho é tema sério CAIXA DE FERRAMENTAS Prepare a sua empresa para o pós-Covid ESPECIAL SECOND HOME RECRUTAMENTO E TECNOLOGIA Últimas tendências e novidades para recrutar sem sair de casa We are all mad here We are all mad here * * * S o m o s t o d o s l o u c o s a q u i Diretor António Costa BIMESTRAL www.pessoasonline.pt Nº8 • MAIO/JUNHO 2020 • 5€ Bastides Bastides Saude Saude mental mental 360 360 0 0 . . . . . .

Transcript of para o pós-Covid We are all mad hereUMA REVISTA DE PESSOAS PARA PESSOAS PROPRIEDADE APG —...

MANUEL PINA LÍDER DA UBER PORTUGAL“Não vai durar para sempre. Vamos voltar ainda mais fortes”

ENTREVISTA

POWERED BY

TENDÊNCIASPODCASTSSilêncio! Aqui o trabalho é tema sério

CAIXA DE FERRAMENTAS Prepare a sua empresa para o pós-Covid

ESPECIAL SECOND HOME

RECRUTAMENTO E TECNOLOGIA

Últimas tendências e novidades para recrutar

sem sair de casa

We are all mad hereWe are all mad here**

*Som

os todos loucos aqui

Diretor António CostaBIMESTRALwww.pessoasonline.ptNº8 • MAIO/JUNHO 2020 • 5€

BastidoresBastidores

Saude Saude mental mental 360360 00

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UMA REVISTA DE PESSOAS

PARA PESSOAS

PROPRIEDADE APG — Associação Portuguesa de Gestão das Pessoas | Avenida António Augusto Aguiar, n.º 106 - 7.º • 1050-019 Lisboa NIPC: 500 978 735 • T. 213 522 717 • F. 213 522 713 • [email protected] • www.apg.pt EDIÇÃO E COORDENAÇÃO Swipe News SA • Avenida D. Carlos I, 44, 2º andar 1200-649 LIsboa NIPC 513 893 970 DIRETOR António Costa DIRETORA EXECUTIVA Mariana de Araújo Barbosa CONSELHO EDITORIAL António Costa, Etelberto Costa, Rui Alves, Vítor Carvalho PARTICIPAM NESTA EDIÇÃO Isabel Patrício, Hugo Amaral, Louise Farias e Sara Calado. E ainda os artistas Bráulio, Claudia R Sampaio, Filipe Cerqueira, Joana Ramalho e Jos*. PROJETO GRÁFICO E PAGINAÇÃO Design Glow REVISÃO Swipe News SA PUBLICIDADE Miguel Nóbrega IMPRESSÃO GRÁFICA MAIADOURO, S. A. | Rua Padre Luís Campos, 586 4470-324 MAIA TIRAGEM MÉDIA 5.000 exemplares PERIODICIDADE Bimestral DISTRIBUIÇÃO VASP – Distribuição de Publicações, SA • MLP – Quinta do Grajal – Venda Seca • 2739-511 Agualva Cacém www.vasp.pt DEPÓSITO LEGAL 453760/19 ISSN 2184-5840 REGISTO ERC 104252

Escreveu o poeta Vinicius de Moraes que be-leza é que é fundamental. Discordo. A saúde mental é que é. A falta dela tem muitos no-mes: absentismo, presen-tismo, baixa produtividade,

burnout. Pode manifestar-se na baixa motivação, no desânimo, na pouca ou nenhuma vontade de trabalhar logo de manhã. E, à parte todas as suas mani-festações, as suas consequências são medidas a curto, médio e longo prazo: primeiro na pessoa, doente e, tantas vezes incapaz de reagir; depois, nas pessoas que a rodeiam; por fim, na co-munidade: sociedade e, claro, empre-sas, incluídas.

Por ser ainda, um tabu, a saúde men-tal é encarada como um “extra”, uma espécie de bónus que se dá aos trabalhadores através de aulas de ioga ao final da tarde, serviços de cuidado e beleza e, até, atividades de team building fora das quatro paredes do escritório. E que nem sabemos bem como prevenir.

A saúde organizacional está associada a um desem-

penho financeiro cerca de 2,2 vezes superior à média e estudos científicos demonstram que os benefícios ge-rados por programas de promoção de saúde psicológica no trabalho, durante um ano, podem variar entre os 81 cêntimos e os 13 euros, por cada euro gasto nestes pro-gramas. No entanto, Portugal tem, a nível europeu, uma das taxas de mal-estar mais altas. Temos a maior taxa de consumo de medicamentos. E temos, mais do que tudo, um estigma face ao tema, sublinham os especialistas.

Nesta edição da Pessoas, neste contexto em particular, fomos conhecer projetos e percursos de gente como nós: moradores num mundo incerto, com um ritmo acele-rado que nos distrai e uma espuma de dias que, tantas vezes, não nos permite olhar para dentro e perceber que a saú-de vem mesmo daí.

Na loucura destes dias - nos Mani-cómios de cada um -, temos de encon-trar o equilíbrio que nos permita viver. E que, dessa vida, o trabalho nos faça bem. Afinal, como na história da Alice no País das Maravilhas, “não somos todos loucos, aqui?”

P.S.: A capa desta revista é uma saudável parceria en-tre os designers da Pessoas e o projeto Manicómio, cuja história é contada em algumas das próximas páginas. Obrigada pela vossa ajuda e, sobretudo, pela dignidade que restituíram aos vossos artistas.

Beleza? Saúde é (funda) mental

MARIANA DE ARAÚJO BARBOSADiretora executiva

P O R

ESTATUTO EDITORIALA Pessoas é uma revista bimestral de informação económica e de recursos humanos para os empresários e gestores, investidores, trabalhadores e outros profissionais de gestão, para os estudantes que estão a chegar ao mercado de trabalho e para os novos líderes. A Pessoas orienta-se por critérios de rigor e criatividade editorial, sem qualquer dependência de ordem ideológica, política e eco-nómica. A Pessoas acredita que a existência de uma opinião pública informada e dinâmica é condição essencial da democracia.

Em contexto de crise, mais do que nunca, devemos olhar para a saúde mental como “o” benefício: tão fundamental para os trabalhadores como para as empresas.

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MAIO/JUNHO 2020 | PESSOAS | www.pessoasonline.pt

editorial

BRIEFING

BASTIDORES

OUT OF OFFICE

06 GROW UP

A revolução das pessoas felizes na Farfetch

20 ENTREVISTA

Manuel Pina, a nova cara da Uber em Portugal

78 NA MESA DO RECRUTADOR

A mesa de trabalho deTânia Ferreira, do Holmes Place

SILÊNCIO!NESTES PODCASTS O TRABALHO É TEMA SÉRIO

62 TENDÊNCIAS 68 TRABALHO REMOTOEM DESTAQUE NAS CONFERÊNCIAS

EVENTOS

O FUTURO DO RECRUTAMENTO É TECNOLÓGICOÀ PROCURA DE TALENTO? CONTRATE-O PELO MUNDO FORA

42 ESPECIAL

ESC

Passe a passe, treinam-se equipas

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OPINIÃO

FRENTE-A-FRENTE: TRABALHO REMOTODEPOIS DA COVID-19

18

Pedro MouraHead of talent

na Landing.Jobs

Álvaro RojasVP Student Outcomes & Corporate Partnership

da Ironhack

30 NORMALIZAR O MANICÓMIO:somos todos (um pouco) loucos aqui

SECOND HOME

Caixa de ferramentas para o pós-Covid

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LIVRO DE CABECEIRAGestão descontraída, mas profissionalRui Parreira

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4índice

ANA SOUSA

40 anos

› 4.500 trabalhadores

› Na Farfetch desde 1 de abril de 2016

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UMA REVOLUÇÃO DE

“PESSOAS FELIZES”

6grow up

Em 2014 eram 190. Agora, mais de 2.200, só em Portugal. O unicórnio com ADN nacional

escalou negócio e equipa. A acompanhar esta revolução, a VP de People, Ana Sousa.

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TEXTO MARIANA DE ARAÚJO BARBOSA

FOTOGRAFIA FARFETCH/D.R.

F oi um “zero” que a entusiasmou. Em 2014, Ana Sousa foi contactada por uma equipa de executive search que estava a desenvol-ver um processo para um responsável de recursos humanos na Farfetch, em Portugal.

“A possibilidade de construir uma equipa quase do zero era um desafio único e um marco de viragem na minha vida profissional”, conta à Pessoas. Na altura, Ana foi liderar a equipa de recursos hu-

manos na Farfetch, o unicórnio com ADN português fundado por José Neves. Seis anos depois, a empre-sa - que na altura contava com uma equipa de 190 pessoas - multiplicou-se muitas vezes, para mais de 4.500 elementos. “Hoje somos mais de 2.200 em Por-tugal e mais de 90 pessoas na People Team. Foram anos consecutivos de crescimento rápido e exponen-cial, o que quer dizer que estamos constantemente a adaptar-nos a novas realidades, guiados por um elemento constante: as pessoas”, assegura a VP de People da tecnológica. O gosto pelas pessoas nasceu cedo, quando Ana Sou-

sa percebeu que aquilo que a motivava era “perceber dinâmicas relacionais e investigar razões que levam os seres humanos a reagirem e a comportarem-se de de-terminada forma”. “Quando me candidatei à universi-dade, a minha motivação natural era seguir Medicina. Não tendo sido admitida, entrei em Psicologia com o objetivo de fazer apenas o primeiro ano. Acabei por ficar e por gostar”, explica a VP de People da Farfetch, licenciada em Psicologia do Desenvolvimento pela Universidade de Évora. Depois da licenciatura, Ana fez um mestrado em

gestão com especialização na área de recursos humanos, além de outras formações em escolas como a Porto Business, Stanford e Harvard. Antes da Farfetch, a portuguesa passou pela Alert e pela Blip: na tecnológica de moda de luxo, a especialista tem acumulado desafios na atração e na retenção de talento, que Ana prefere chamar como de “atração contínua”. “Não se trata só de identificar e recrutar. Temos de investir nas pessoas, dar-lhes as oportuni-dades de desenvolvimento que elas ambicionam, dar uma resposta capaz àquilo que são as expectativas legítimas de cada um. Para isto acontecer, é muito importante o ambiente que promovemos na Far-fetch, uma proximidade autêntica que nos permite conhecer cada pessoa e antecipar os passos neces-sários para que sintam sempre que o trabalho que estão a desempenhar tem significado e importância para elas e para a empresa”, esclarece. Talvez por isso, a VP de People da Farfetch sublinhe

olhar para os fluxos de entrada e de saída de pessoas

nas empresas com “muita naturalidade”. “Fazem parte de um ciclo que é normal e não devemos estar melin-drados (...) Costumo dizer que as pessoas devem sair pelas razões certas. Ficamos orgulhosos e felizes quan-do isso acontece, mas trabalhamos todos os dias para que as razões erradas sejam minimizadas”, assinala.Ana assume também que a empresa está em cons-

tante construção daquilo que os atuais e os potenciais membros da equipa valorizam. “Há claramente uma mudança de paradigma. As pessoas passaram de uma mentalidade em que procuravam a estabilidade, segurança, o emprego para a vida, para agora estar-mos perante candidatos que precisam de sentir que a empresa não está apenas preocupada em ser lucra-tiva, que tem um sentido ético, um propósito com o qual os candidatos se identificam”, sublinha.No entanto, é sobretudo focada numa happy people

revolution, numa revolução de pessoas felizes, que a responsável de recursos humanos trabalha diariamente. “Esta é a realidade que não muda na Farfetch”, assegura.Para isso, contribui uma oferta “alargada” de be-

nefícios, que inclui iniciativas de saúde, bem-estar e flexibilidade, programas de inclusão consciente e uma estratégia de desenvolvimento. “Diria que ao nível da proposta de valor para as pessoas, as nossas iniciativas de well-being e flexibilidade destacam-se no mercado”, assinala. Um dos programas que Ana considera diferenciador

dentro do mercado chama-se Boomerang e dá acesso a uma licença sabática, de até 8 semanas, paga pela empresa. “Podem beneficiar deste programa todos os colaboradores que estejam na Farfetch há pelo menos cinco anos - renovando essa possibilidade a cada cinco anos. Através deste programa, promovemos o reconhecimento daqueles que têm um compro-metimento com a empresa há mais tempo, dando exatamente o mesmo: tempo e espaço para que possam realizar os seus propósitos, que podem passar por voluntariado, viagens, estudar, ou outras iniciativas que valorizem”, justifica.Em preparação, adianta, está um programa-pilo-

to que que dará a possibilidade aos colaboradores da Farfetch de trabalharem remotamente durante períodos mais alargados. “Podem surgir questões familiares que levam a pessoa a ter de mudar de país durante um determinado período balizado no tempo, por exemplo, e esse, só por si, não deve ser o motivo para se quebrar a ligação com o colaborador. Por outro lado, estamos a contribuir para o bem-estar e segurança psicológica dessa pessoa, que, ao manter a sua estabilidade familiar e emocional, terá todas as condições para continuar produtiva”, assinala ainda.

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