Paradoxo das Artes Marciais FighterOnline

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6 7 desporto de alto rendimento, polarizado entre a Copa de Futebol, e os Jogos Olímpicos, triparte-se com novo foco, de intensa atração, dos Jogos Marciais - First SportAccord Combat Games, em Beijing, China, de 24 de agosto a 4 de setembro de 2010: Mais de mil atletas, homens e mulheres representando o melhor de 13 artes marciais, selecionados criteriosamente por suas respectivas Federa- ções Internacionais, participaram de competições e demonstrações especiais, em evento marcado por intensa programação cultural: Aikido (80 atletas), Boxe (80), Judo (80), Jiu Jitsu (96), Karate (80), Kendo (80), Kickboxing (84), Muaythay (88), Sambo (96), Sumo (96), Taekwondo (64), Wrestling (96) e Wunshu (72). Crenças infundadas tem obstado o progresso das artes marciais. Ainda assim, consti- tuem a segunda modalidade de atividade física mais praticada no planeta. As melhores escolhas dependem de informações de qualidade e um esforço conscien- te para as compreender, trabalho que consome tempo e energia. Contudo, a cultura de superficialidade dissemina falsas relações de causa e efeito: “Artes marciais fomentam a violência”. Isto está distante da realidade, e talvez, por isto, Peter Payne, no título da obra, associe artes marciais aos mitos e mistérios. Apesar de prepararem para o combate, as artes marciais desenvolvem o caráter pa- cifista: Aprender a arte de lutar molda a tranqüilidade. O aprendizado desenvolve o Ki, capacidade de fluir a energia, a paz interior, e o poder de cura, como ilustra a pag.86, do livro citado: Forte é quem vence sem lutar, mesmo tendo o poder de vencer lutando. “Farta literatura mundial indexada e com credibilidade no meio científico, a prática de modalidades que envolvem artes marciais não é prejudicial á saúde, independente da idade de quem pratica.” médico Roberto C. Arena de Souza No livro “Samurai, o Lendário Mundo dos Guerreiros”, Stephen Turnbill, Doutor em História, graduado pela Universidade de Cambridge, intitula a conclusão de “O Para- doxo da Tranquilidade”. Arquiteto, Helio Riche Bandeira, por vocação, há décadas ensina Artes Marciais. Gra- duou-se professor de educação física, e leciona na melhor escola da Capital gaúcha, o Colégio Militar de Porto Alegre. Disponibilizou seu trabalho de mestrado sobre os bene- fícios da prática de Artes Marciais na educação. Acesse-o na íntegra clicando aqui. Há duas décadas, a BBC londrina decidiu produzir documentários sobre os grandes O Paradoxo das Artes Marciais Liu Qi (direita), CPC secretário do comitê de Pequim, Hein Verbruggen e (esquerda), presidente da SportAccord Federações Esportivas Internacionais, bateu o gongo para marcar o início do primeiro SportAccord Combat Games em Pequim, em 28 de agosto de 2010. Os Jogos foram realizados de 28 de agosto a 4 de setembro com cerca de 1.600 atletas de 60 países competindo em 13 esportes. Ele é considerado o maior evento esportivo internacional na capital desde os Jogos Olímpicos em 2008. O TEXTO: LUIZ ROBERTO NUNES PADILLA /FOTOS: XINHUA KARATE >> COMPORTAMENTO

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BBC londrina, melhor broadcasting dos anos setenta, enviou seus principais repórteres à Índia, China, Japão, e Filipinas; durante meses, descobriram sobre o Aikido, Bojutsu, Eskrima, Hsing-I, Kalaripayit, Karate, Kendo, Kung-Fu, Marma Adi, Naguinata-Dô, Pa-Kua, Shorinji Kempo, Taijiquan. Após editar documentários sobre os grandes mestres das Artes Marciais, os jornalistas Howard Reid e Michael Croucher escreveram o livro "O Caminho do Guerreiro, o Paradoxo das Artes Marciais” resumindo suas pesquisas sobre a atividade e a metafilosofia, no contexto de suas experiências pessoais, e da intrigante constatação de que a prática de uma habilidade mortal auxilia a alcançar a iluminação espiritual. A preparação para a luta propicia uma paz interior: Os mais exímios lutadores do mundo, são pacifistas, éticos, disciplinados, tranqüilos, e dotados de extraordinário grau de percepção e especialistas em curar! http://www.facebook.com/ArtesMarciaisparadoxo

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desporto de alto rendimento, polarizado entre a Copa de Futebol, e os Jogos Olímpicos, triparte-se com novo foco, de intensa atração, dos Jogos Marciais - First SportAccord Combat Games, em Beijing, China, de 24 de agosto a 4 de setembro de 2010: Mais de mil atletas, homens e mulheres representando o

melhor de 13 artes marciais, selecionados criteriosamente por suas respectivas Federa-ções Internacionais, participaram de competições e demonstrações especiais, em evento marcado por intensa programação cultural: Aikido (80 atletas), Boxe (80), Judo (80), Jiu Jitsu (96), Karate (80), Kendo (80), Kickboxing (84), Muaythay (88), Sambo (96), Sumo (96), Taekwondo (64), Wrestling (96) e Wunshu (72).

Crenças infundadas tem obstado o progresso das artes marciais. Ainda assim, consti-tuem a segunda modalidade de atividade física mais praticada no planeta.

As melhores escolhas dependem de informações de qualidade e um esforço conscien-te para as compreender, trabalho que consome tempo e energia. Contudo, a cultura de superficialidade dissemina falsas relações de causa e efeito: “Artes marciais fomentam a violência”. Isto está distante da realidade, e talvez, por isto, Peter Payne, no título da obra, associe artes marciais aos mitos e mistérios.

Apesar de prepararem para o combate, as artes marciais desenvolvem o caráter pa-cifista: Aprender a arte de lutar molda a tranqüilidade. O aprendizado desenvolve o Ki, capacidade de fluir a energia, a paz interior, e o poder de cura, como ilustra a pag.86, do livro citado: Forte é quem vence sem lutar, mesmo tendo o poder de vencer lutando.

“Farta literatura mundial indexada e com credibilidade no meio científico, a prática de modalidades que envolvem artes marciais não é prejudicial á saúde, independente da idade de quem pratica.” médico Roberto C. Arena de Souza

No livro “Samurai, o Lendário Mundo dos Guerreiros”, Stephen Turnbill, Doutor em História, graduado pela Universidade de Cambridge, intitula a conclusão de “O Para-doxo da Tranquilidade”.

Arquiteto, Helio Riche Bandeira, por vocação, há décadas ensina Artes Marciais. Gra-duou-se professor de educação física, e leciona na melhor escola da Capital gaúcha, o Colégio Militar de Porto Alegre. Disponibilizou seu trabalho de mestrado sobre os bene-fícios da prática de Artes Marciais na educação. Acesse-o na íntegra clicando aqui.

Há duas décadas, a BBC londrina decidiu produzir documentários sobre os grandes

O Paradoxo das Artes Marciais

Liu Qi (direita), CPC secretário do comitê de Pequim, Hein Verbruggen e (esquerda), presidente da SportAccord Federações Esportivas Internacionais, bateu o gongo para marcar o início do primeiro SportAccord Combat Games em Pequim, em 28 de agosto de 2010. Os Jogos foram realizados de 28 de agosto a 4 de setembro com cerca de 1.600 atletas de 60 países competindo em 13 esportes. Ele é considerado o maior evento esportivo internacional na capital desde os Jogos Olímpicos em 2008.

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O desporto é espécie do gênero esporte. Podemos dife-renciar esporte e desporto? Sim, o desporto é um esporte qualificado por regras rígidas, previamente definidas, de complexidade proporcional ao tipo de atividade física rea-lizada naquela modalidade, concebidas sobre a experiência prévia e informadas pelo ganho emocional de quem parti-cipa e /ou de quem assiste. A atividade esportiva é lúdica. Há flexibilidade nas regras, que tanto podem ser alteradas no meio da atividade, quanto sequer serem consideradas, porque o principal objetivo é o ganho emocional de quem participa. A desportiva, por sua vez, é revestida de rigidez nas regras, e necessita de um quadro de árbitros que dirige, interpreta e aplica as regras que definem o ganhador.

Assim, embora a prática do esporte seja aparentemente caótica e desordenada, é imprescindível definir quem ganha ou perde. O esporte é estruturado sobre regras de competi-ção, incorporadas por estatutos e regimentos de entidades, regulamentos (como os de doping), transferência de atletas, normas de prevenção e punição à violência, Código de Justi-ça Desportiva e muitos outros, atividade nenhuma congrega tanta intimidade com o Direito. Sem regra, não há desporto: o esporte é uma distorção da realidade, criada pelas regras.

Direito Desportivo

O esporte e a regra

Como conceituar o esporte? Abater um animal, para se alimentar, é ato da vida real, que praticamos há milhões de anos. A competitividade é inerente à vida, e as-sim vem sendo através dos quatro bilhões

de anos de evolução. Está em cada célula dos seres vivos. Contudo, em épocas em que há abundância de alimentos, assim como complexa organização social, a competitivida-de acaba sendo “sufocada”. Assim, a necessidade de com-petição, inerente aos seres humanos, em conflito com a maneira mais estável de viver, estimulou a adaptação e a criatividade, resultando na criação de outras espécies de competição, impulsionadas pelo ganho emocional. Esta criação é uma distorção da vida real. Nasce assim o es-porte, atividade física onde regras criam uma alteração da realidade, voltada ao ganho emocional de quem participa ou assiste.

Assim, o esporte é uma distorção da realidade, criada por regras, para ganho emocional e descarga da competi-tividade. Sem regra, não há desporto. E o direito desporti-vo é o ramo do conhecimento que trata das relações entre o esporte e os demais planos da atuação humana.

Por: Dr. Luiz Roberto Nuñes Padilla

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Fragmento do texto “Conceito do Direito Desportivo”. Para ler na íntegra acesse o site http://www.padilla.adv.br/desportivo/conceito/