PARAGRAFAÇÃO

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FASERRA Prof.ª Alessandra Dias Língua Portuguesa PARAGRAFAÇÃO - Para a maioria das pessoas, uma das tarefas mais árduas em produção textual é a construção de parágrafos. Isto porque não existe um conjunto de regras a serem seguidas. Vários fatores estão envolvidos nesse processo. O que se pode afirmar, no entanto, é que ele deve seguir uma regra básica: ser simples, ter unidade, apresentar organização e ter coerência. Para compreender melhor, revisaremos alguns conceitos já apreendidos. Frase - É todo e qualquer enunciado, do mais simples ao mais complexo, com sentido completo. A frase pode ser: 1. Nominal: quando não possui verbo. Exemplo: Socorro! Tchau! Olá! 2. Verbal: quando possui verbo. Exemplo: A noite está linda! As meninas pulavam corda a tarde toda. Oração - É o enunciado organizado em torno de um verbo. A principal característica da oração não é o sentido completo (ainda que possa ter), mas sim o verbo. Exemplo: Ele estuda muito. (uma oração) Ela quer que sejamos felizes. (duas orações) Período - É todo e qualquer enunciado de sentido completo, terminado por pausa gráfica forte e possuindo pelo menos uma oração. O período pode ser: 1. Simples – quando possui uma oração. Exemplo: Sentimos o perfume das flores. 2. Composto – quando possui mais de uma oração. Exemplo: Alguns cantavam e outros dançavam. (Coordenação – relação de independência) Não sabemos quando ele virá. (Subordinação – relação de dependência) Parágrafos - São blocos de texto, cuja primeira linha inicia-se em margem especial, maior do que a margem normal do texto. Concentram sempre uma idéia-núcleo relacionada diretamente ao tema da redação.

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Explicações e Atividades

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FASERRA

Prof. Alessandra Dias

Lngua Portuguesa

PARAGRAFAO - Para a maioria das pessoas, uma das tarefas mais rduas em produo textual a construo de pargrafos. Isto porque no existe um conjunto de regras a serem seguidas. Vrios fatores esto envolvidos nesse processo. O que se pode afirmar, no entanto, que ele deve seguir uma regra bsica: ser simples, ter unidade, apresentar organizao e ter coerncia.

Para compreender melhor, revisaremos alguns conceitos j apreendidos.

Frase - todo e qualquer enunciado, do mais simples ao mais complexo, com sentido completo. A frase pode ser:

1. Nominal: quando no possui verbo.

Exemplo: Socorro! Tchau! Ol!

2. Verbal: quando possui verbo.

Exemplo: A noite est linda! As meninas pulavam corda a tarde toda.Orao - o enunciado organizado em torno de um verbo. A principal caracterstica da orao no o sentido completo (ainda que possa ter), mas sim o verbo.

Exemplo: Ele estuda muito. (uma orao)

Ela quer que sejamos felizes. (duas oraes)

Perodo - todo e qualquer enunciado de sentido completo, terminado por pausa grfica forte e possuindo pelo menos uma orao. O perodo pode ser:

1. Simples quando possui uma orao.

Exemplo: Sentimos o perfume das flores.

2. Composto quando possui mais de uma orao.

Exemplo: Alguns cantavam e outros danavam. (Coordenao relao de independncia)

No sabemos quando ele vir. (Subordinao relao de dependncia)

Pargrafos - So blocos de texto, cuja primeira linha inicia-se em margem especial, maior do que a margem normal do texto. Concentram sempre uma idia-ncleo relacionada diretamente ao tema da redao.

Via de regra, por pargrafo devemos entender a exposio clara de uma idia-ncleo materializada no TPICO FRASAL e em seu desenvolvimento. Assim, por exemplo, um bom pargrafo no pode incluir elementos que no estejam contidos na idia-ncleo. Um pargrafo s ter coerncia quando as frases formarem um todo ou se encaixarem perfeitamente.

No h moldes rgidos para a construo de um pargrafo. O ideal que em cada pargrafo haja dois ou trs perodos, ou entre trs e oito frases (por frase entendemos tudo que est entre uma maiscula e um ponto), usando pontos continuativos (na mesma linha) intermedirios.

A diviso em pargrafos indicativa de que o leitor encontrar, em cada um deles, um tpico do que o autor pretende transmitir. Essa delimitao deve estar esquematizada desde antes do rascunho, no momento do planejamento estrutural, assim a redao apresentar mais coerncia.

Estruturao do pargrafo - O pargrafo-padro uma unidade de composio constituda por um ou mais de um perodo, em que se desenvolve determinada idia central, ou nuclear, a que se agregam outras, secundrias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela.

O pargrafo indicado por um afastamento da margem esquerda da folha. Ele facilita ao escritor a tarefa de isolar e depois ajustar convenientemente as idias principais de sua composio, permitindo ao leitor acompanhar-lhes o desenvolvimento nos seus diferentes estgios.

O tamanho do pargrafo - Os pargrafos so moldveis como a argila, podem ser aumentados ou diminudos, conforme o tipo de redao, o leitor e o veculo de comunicao onde o texto vai ser divulgado. Se o escritor souber variar o tamanho dos pargrafos, dar colorido especial ao texto, captando a ateno do leitor, do comeo ao fim. Em princpio, o pargrafo mais longo que o perodo e menor que uma pgina impressa no livro, e a regra geral para determinar o tamanho o bom senso.

Pargrafos curtos: prprios para textos pequenos, fabricados para leitores de pouca formao cultural. A notcia possui pargrafos curtos em colunas estreitas, j artigos e editoriais costumam ter pargrafos mais longos. Revistas populares, livros didticos destinados a alunos iniciantes, geralmente, apresentam pargrafos curtos.

Quando o pargrafo muito longo, o escritor deve dividi-lo em pargrafos menores, seguindo critrio claro e definido. O pargrafo curto tambm empregado para movimentar o texto, no meio de longos pargrafos, ou para enfatizar uma idia.

Pargrafos mdios - comuns em revistas e livros didticos destinados a um leitor de nvel mdio (2 grau). Cada pargrafo mdio construdo com trs perodos que ocupam de 50 a 150 palavras. Em cada pgina de livro cabem cerca de trs pargrafos mdios.

Pargrafos longos - em geral, as obras cientficas e acadmicas possuem longos pargrafos, por trs razes: os textos so grandes e consomem muitas pginas; as explicaes so complexas e exigem vrias idias e especificaes, ocupando mais espao; os leitores possuem capacidade e flego para acompanh-los.

Tpico Frasal - A idia central do pargrafo enunciada atravs do perodo denominado tpico frasal. Esse perodo orienta ou governa o resto do pargrafo; dele nascem outros perodos secundrios ou perifricos; ele vai ser o roteiro do escritor na construo do pargrafo; ele o perodo mestre, que contm a frase-chave. Como o enunciado da tese, que dirige a ateno do leitor diretamente para o tema central, o tpico frasal ajuda o leitor a agarrar o fio da meada do raciocnio do escritor. O tpico frasal introduz o assunto e o aspecto desse assunto, ou a idia central com o potencial de gerar idias-filhote. O tpico frasal , ainda, enunciao argumentvel, afirmao ou negao que leva o leitor a esperar mais do escritor (uma explicao, uma prova, detalhes, exemplos) para completar o pargrafo ou apresentar um raciocnio completo. Assim, o tpico frasal enunciao, supe desdobramento ou explicao.

A idia central ou tpico frasal geralmente vem no comeo do pargrafo, seguida de outros perodos que explicam ou detalham a idia central.

Exemplo: Ao cuidar do gado, o peo monta e governa os cavalos sem maltrat-los. O modo de tratar o cavalo parece rude, mas o vaqueiro jamais cruel. Ele sabe como o animal foi domado, conhece as qualidades e defeitos do animal, sabe onde, quando e quanto exigir do cavalo. O vaqueiro aprendeu que pacincia e muitos exerccios so os principais meios para se obter sucesso na lida com os cavalos, e que no se pode exigir mais do que esperado.Tpico frasal desenvolvido por enumerao:

Exemplo: A televiso, apesar das crticas que recebe, tem trazido muitos benefcios s pessoas, tais como: informao, por meio de noticirios que mostram o que acontece de importante em qualquer parte do mundo; diverso, atravs de programas de entretenimento (shows, competies esportivas); cultura, por meio de filmes, debates, cursos.

Tpico frasal desenvolvido por descrio de detalhes: o processo tpico do desenvolvimento de um pargrafo descritivo.

Exemplo: Era o casaro clssico das antigas fazendas negreiras. Assobradado, erguia-se em alicerces o muramento, de pedra at meia altura e, dali em diante, de pau-a-pique (...) porta da entrada ia ter uma escadaria dupla, com alpendre e parapeito desgastado. (Monteiro Lobato)

Tpico frasal desenvolvido por confronto: Trata-se de estabelecer um confronto entre duas idias, dois fatos, dois seres, seja por meio de contrastes das diferenas, seja do paralelo das semelhanas.

Veja o Exemplo: Embora a vida real no seja um jogo, mas algo muito srio, o xadrez pode ilustrar o fato de que, numa relao entre pais e filhos, no se pode planejar mais que uns poucos lances adiante. No xadrez, cada jogada depende da resposta anterior, pois o jogador no pode seguir seus planos sem considerar os contra-ataques do adversrio, seno ser prontamente abatido. O mesmo acontecer com um pai que tentar seguir um plano preconcebido, sem adaptar sua forma de agir s respostas do filho, sem reavaliar as constantes mudanas da situao geral, na medida em que se apresentam. (Bruno Betelheim, adaptado)

Tpico frasal desenvolvido por razes: No desenvolvimento, apresentamos as razes, os motivos que comprovam o que afirmamos no tpico frasal.

Exemplo: As adivinhaes agradam particularmente s crianas. Por que isso acontece de maneira to generalizada? Porque, mais ou menos, representam a forma concentrada, quase simblica, da experincia infantil de conquista da realidade. Para uma criana, o mundo est cheio de objetos misteriosos, de acontecimentos incompreensveis, de figuras indecifrveis. A prpria presena da criana no mundo , para ela, uma adivinhao a ser resolvida. Da o prazer de experimentar de modo desinteressado, por brincadeira, a emoo da procura da surpresa. (Gianni Rodari, adaptado)

Tpico frasal desenvolvido por anlise: a diviso do todo em partes.

Exemplo: Quatro funes bsicas tm sido atribudas aos meios de comunicao: informar, divertir, persuadir e ensinar. A primeira diz respeito difuso de notcias, relatos e comentrios sobre a realidade. A segunda atende procura de distrao, de evaso, de divertimento por parte do pblico. A terceira procura persuadir o indivduo, convenc-lo a adquirir certo produto. A quarta realizada de modo intencional ou no, por meio de material que contribui para a formao do indivduo ou para ampliar seu acervo de conhecimentos. (Samuel P. Netto, adaptado)

Tpico frasal desenvolvido pela exemplificao: Consiste em esclarecer o que foi afirmado no tpico frasal por meio de exemplos.

Exemplo: A imaginao utpica e inerente ao homem, sempre existiu e continuar existindo. Sua presena uma constante em diferentes momentos histricos: nas sociedades primitivas, sob a forma de lendas e crenas que apontam para um lugar melhor; nas formas do pensamento religioso que falam de um paraso a alcanar; nas teorias de filsofos e cientistas sociais que, apregoando o sonho de uma vida mais justa, pedem-nos que "sejamos realistas, exijamos o impossvel". (Teixeira Coelho, adaptado).

O Processo de Redao - No processo de redao existe um plano estruturado para ligao lgica do que o emissor codificador quer transmitir ao receptor ou decodificador da mensagem, ou melhor, temos uma seqncia de idias que geram um dilogo entre duas pessoas (escritor e leitor/ vestibulando e examinador) por meio de idias que so tecidas por meio do tema proposto e delimitado.

Formamos um plano de trabalho lgico ao leitor: a Introduo, que o incio de uma idia geral e importante (objeto principal do trabalho). Construmos o ncleo-frasal que ser desenvolvido; o Desenvolvimento que a manifestao do tema em todos os seus elementos "actions" (afirmao ou negao). Nele se desenvolvem os elementos extrnsecos ou formais e os intrnsecos (conceitos e argumentos) observando a clareza e a conciso do pargrafo. Concluso o sintetizador do desenvolvimento e criador do elo final com a idia geral mencionada na introduo.

Voc somente aprende escrevendo e sendo examinador do texto, mas nunca deixe de consultar uma gramtica ou o dicionrio. No se esquea de verificar as dicas de Portugus e Literatura, mas entenda que as Dicas nada valem sem o entendimento da Gramtica e dos estilos de redao.

RESUMO:

NARRAODESCRIODISSERTAO

relato de um fato, acontecimento

ao

personagens

narrador (funo de relatar os fatos)

tempo-espao

enredo (conjunto de aes que ocorrem)

dinamismo-

sucesso cronolgica de fatos retrato verbal de pessoas, objetos, cenas ou ambientes.

permite visualizao do que est sendo descrito

dificilmente encontramos textos exclusivamente descritivos

a descrio pode vir inserida em textos narrativos ou dissertativos envolve a defesa de uma idia, de um ponto de vista

nfase na construo de argumentos, a fim de reforar ou justificar as idias do emissor

estrutura da dissertao: introduo, desenvolvimento ou argumentao e concluso.

exemplos de textos narrativos: contos, romances, crnicas literrias, novelas etc.. exemplos de textos descritivos: fragmentos inseridos na narrao ou na dissertao, envolvendo imagens verbais exemplos de textos dissertativos: textos de jornais (editoriais, opinies, etc..), artigos de revistas, relatrios, teses, artigos cientficos, teses etc..

PARGRAFO E TPICO FRASAL

1. Apresentamos a seguir alguns tpicos frasais para serem desenvolvidos na maneira sugerida.

a) Anacleto um detetive trapalho. (por enumerao de detalhes: fornea a descrio fsica e psicolgica do personagem).

b) As novelas transmitidas pela televiso brasileira so muito mais atraentes que nossos filmes. (por confronto)

c) As cidades brasileiras esto se tornando ingovernveis. (por razes)

d) H trs tipos bsicos de composio: a narrao, a descrio e a dissertao. (por anlise)

e) Nunca diga que algum ser humano uma ilha: tudo que acontece a um semelhante nos atinge. (por exemplificao)

FORMAS DE REDAO

1. Construa pequenos (ente 5 e 8 linhas) textos (narrativos, descritivos e dissertativos) explorando um NICO tema. Por exemplo, se fizer seus textos voltados para a rea do Turismo, voc pode escolher um determinado Estado ou uma Regio para construir uma narrao, descrio e dissertao, reconhecendo as distines que existem entre esses trs tipos de composio.

2. Todo texto assimila idias presentes numa dada sociedade. Os preconceitos, que ocorrem em vrios textos, so idias que passam por verdades, mas no resistem a uma argumentao bem fundamentada. Revelam, no entanto, a viso de uma certa sociedade e de determinado grupo social a respeito de algum aspecto da vida humana. Esses preconceitos tm origem numa observao parcial e apressada da realidade.

Tendo isso em vista, leia as seguintes afirmaes:

* A raa branca superior negra.

* O brasileiro tem duas caractersticas bsicas: a capacidade de dar um jeitinho em tudo e a de empurrar as coisas com a barriga, no lhes dando soluo.

* S pobre quem no trabalha.

Escolha uma delas e escreva um texto mostrando que a afirmao escolhida por voc no corresponde realidade. Para isso use argumentos para mostrar que existe mais de um ponto de vista sobre essas afirmaes. Utilize-se de elementos coesivos na montagem da redao para que esta seja coerente.

Construa um pargrafo com a idia inicial e mais trs pargrafos iniciando com o conectivo dado. Observe o valor de cada um deles, desenvolva a idia com contedos adequados de modo que os trs se encaixem de maneira coerente e coesa.

Os pargrafos devem seguir a ordem abaixo:

1 - Escreva a INTRODUO (aponte a idia central, o ponto de vista) 2 - Comece com o conectivo: Mas...

3 - Comece com o conectivo: Assim...

4 - Conclua seu texto, comeando com o conectivo: Portanto... No se esquea de dar um ttulo para a sua redao.