Paraíso das compras · Em queda OInstituto de Estatística Italiano (Istat) anunciou que a Itália...

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Rio de Janeiro, maio de 2007 Ano XIII – Nº 107 ISSN 1676-3220 R$ 7,90 www.comunitaitaliana.com A MAIOR MÍDIA DA COMUNIDADE ÍTALO-BRASILEIRA Relação Itália/Brasil aumenta demanda por vôos Contrata-se Mercado de trabalho italiano emprega profissionais brasileiros. Desde 1998, mais de 70 mil estrangeiros foram recrutados

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Rio de Janeiro, maio de 2007 Ano XIII – Nº 107

ISS

N 1

676-

3220

R$

7,90

www.comunitaitaliana.com

A m A i o r m í d i A d A c o m u n i d A d e í t A l o - b r A s i l e i r A

Relação Itália/Brasil aumenta demanda por vôos

A vez do Rio

Contrata-se

Paraíso das compras

Mercado de trabalho italiano emprega profissionais brasileiros. Desde 1998, mais de

70 mil estrangeiros foram recrutados

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EditorialTroca de conceito ..........................................................................06

Cose NostreDepois de se tornarem elegíveis, imigrantes formam um novo partido na Itália: o Novos Italianos ......................07

ArticoloSolidarietà internazionale ..............................................................10

EconomiaItália compra 95 mil toneladas de carne brasileira e evento estimula o incremento na exportação do produto .............16

AttualitàCittadino romano apre dibatitto su diritti e doveri di tutti, immigrati compresi ..............................................23

AtualidadeBrasileiras vão para Europa e são vítimas do tráfico de pessoas através de exploração sexual e trabalho escravo ...............30

CuriosidadeEm maio, tradicional mês das noivas, saiba como acontece um “vero” casamento à italiana .............................36

Coluna MilãoCerca de 400 objetos chegam da Amazônia e abrem espaço para a cultura da América do Sul no Castelo Sforzesco ...................52

48 50Saúde DepressãoProblema atinge duas vezes mais as mulheres e pode se tornar a segunda maior moléstia do mundo

Design Lusso e semplicitàSpecialista in borse, la stilista Anelise Bonnacorsi mette in risalto “il gusto per il bello” degli italiani

Turismo Salò di GardaCidade guarda tesouros da antiguidade e cenários que nortearam a República Social de Mussolini

Música Ennio MorriconeMaestro italiano visita o Rio e faz a primeira apresentação depois de recebimento do Oscar

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CAPA Caminho abertoCom a carência de profissionais especializados na Itália, agência contrata brasileiros à procura de aprimoramento no exterior.

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entretenimento com cultura e informaçãoeditorial

FUNDADA EM MARÇO DE 1994

Julio Vanni

COSE NOSTRE

Início de tarde com sol, num típico restaurante de Roma. Enquanto espero o primo piat-to e saboreio uma bruschetta, acompanhado de minha irmã Sofia, três adolescentes entram, se dirigem a uma mesa na varanda, ameaçam turistas e furtam objetos pes-

soais. Estarrecido, cobro ao cameriere uma atitude. Correr atrás dos moleques, chamar a polícia, enfim. Mas ele, com muita naturalidade, responde: “não podemos fazer nada, a cidade está cheia destes zingari. Estes daí passam todos os dias por aqui em busca de alvo fácil. Já comunicamos às autoridades, mas eles não conseguem dar conta”.

Isso é um resumo de como anda dramática a situação da imigração na Itália. Na ocasião, início de maio, o noticiário, ainda repercutia o fato que acontecera uma semana antes, quando uma jovem fora levada a morte por uma prostituta romena que lhe perfurou o crânio com a ponta de um guarda-chuva. Notícias como essa tornam-se cada vez mais comuns. Se antes, era possível curtir uma prazerosa caminhada pela cidade eterna, conhe-cida por sua “dolce vita”, e deixar levar-se pelo seu ar romântico, hoje algo mudou. O es-tresse das grandes cidades está inserido na sociedade italiana. A tensão está impressa nos rostos romanos. É chocante, pra quem já teve a oportunidade de conhecer a Roma de pou-cos anos atrás, observar o mal humor e a desconfiança tomar conta de pessoas que sempre demonstraram orgulho de serem de uma das mais importantes capitais do mundo.

Pode parecer discriminação, mas nunca pensei que pu-desse tomar um café num bar italiano que não fosse servido por um italiano. Um barrista italiano é sagrado. Pra quem sai de outro país, ao ser servido com uma simples tazzina é possí-vel entrar rapidamente no espírito italiano, seja a partir de uma brincadeira, num breve comentário sobre política ou até mes-mo reclamando de tudo como de costume. Dai, fui servido por um chinês, que só falava a sua língua... Pelo menos ainda nos restam as fontanas romanas que continuam a jorrar águas fres-cas e ricas em cálcio. Nossa correspondente em Roma noticia a revolta de um romano em torno dessa drástica mudança.

Estive na Itália com uma comitiva de representantes de cida-des fluminenses, que foi conduzida pelo cônsul geral Mas-

simo Bellelli. Seguindo a agenda, fomos recebidos pelo vice-ministro para os Italianos no Mundo, Franco Daniele, em seu gabinete na Farnesina. A reportagem está nesta edição. Durante o encontro, entre outros temas, Daniele fez questão de ressaltar o valor de Comunità como ferramenta para o in-tercâmbio entre Brasil e Itália e assumiu compromisso de se empenhar para sensibilizar empresas que atuam no Brasil a investirem em mídias direcionadas a ítalo-brasileiros. Durante estes dias, de 18 a 25 de maio, o ministro está no Brasil, onde conhece de perto projetos patrocinados pelo Governo italiano em colaboração com entidades locais, parti-cipa de encontros em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Curitiba e é recebido no Palácio do Planalto em Brasília pelo vice-presidente José Alencar.

No Brasil, como em outros países com sedes diplomáticas italianas, no dia 2 de junho comemora-se o dia da República italiana, criada após vinte anos de ditadura e seis

anos da segunda guerra mundial, em 1946. No Rio de Janeiro, por iniciativa do cônsul geral Massimo Bellelli, acontece a terceira edição pública da data. São esperados cerca de 70 mil pessoas entre os dias 1 e 3 de junho. Por que tanta gente? Porque, além da simpatia natural do povo brasileiro pela cultura italiana, Bellelli teve a proeza de reunir uma feira de produtos típicos e espetáculos de primeira linha. Se no ano passado a estrela do evento foi o cantor Toquinho, neste ano o evento vai contar com a participação especial do maior cantor de músicas napolitanas da atualidade: Gigi D’Alessio. O cantor desembarca no Rio apresentando-se com a vencedora de dois fesitivais de San Remo, Anna Tatangelo, graças a um esforço conjunto entre a Revista Comunità, a Obiettivo Lavoro e, principalmente, do próprio cônsul geral, Massimo Bellelli, que não vem medindo esforços para oferecer serviços de qualidade aos cidadãos.Confira nesta ediição todas as principais notícias que envolvem atualidade, política, eco-nomia, sociedade, design, moda, cultura, espetáculo, entre Brasil e Itália. Boa leitura!

DIREtOR-PREsIDENtE / EDItOR:Pietro Domenico Petraglia

(RJ23820JP)

DIREtOR: Julio Cezar Vanni

VICE-DIREtOR EXECUtIVO: Adroaldo Garani

PUblICAÇãO MENsAl E PRODUÇãO:Editora Comunità ltda.

tIRAGEM: 30.000 exemplares

EstA EDIÇãO FOI CONClUíDA EM:21/05/2007 às 12:30h

DIstRIbUIÇãO: brasil e Itália

REDAÇãO E ADMINIstRAÇãO:Rua Marquês de Caxias, 31, Niterói,

Centro, RJ CEP: 24030-050tel/Fax: (21) 2722-0181 / (21) 2719-1468

E-MAIl: [email protected]

sUbEDIÇãO: Rosangela [email protected]

REDAÇãO: Aline buaes; Ana Paula torres; bruna Cenço; Fábio lino; Guilherme Aquino; Nayra Garofle; Rosangela

Comunale; sílvia souza

REVIsãO / tRADUÇãO: Cristiana Cocco

PROJEtO GRáFICO E DIAGRAMAÇãO:Alberto Carvalho

CAPA: Reprodução

COlAbORADOREs: braz Maiolino; Pietro Polizzo; Venceslao soligo; Marco lucchesi; Domenico De Masi; Franco Urani; Fernanda Maranesi; Giuseppe Fusco; beatriz Rassele; Giordano Iapalucci; Cláudia Monteiro de

Castro; Ezio Maranesi; Fabio Porta

CORREsPONDENtEs: Guilherme Aquino (Milão); Ana Paula torres (Roma);

Fábio lino (brasília)

PUblICIDADE:Rio de Janeiro - tel/Fax: (21) 2722-0181

[email protected]

REPREsENtANtEs: brasília - Cláudia thereza

C3 Comunicação & Marketingtel: (61) 3347-5981 / (61) 8414-9346

[email protected]

ComunitàItaliana está aberta às contribuições e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos

e estrangeiros. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, sendo

assim, não refletem, necessariamente, as opiniões e conceitos da revista.

La rivista ComunitàItaliana è aperta ai contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori e sprimono, nella massima libertà, personali

opinioni che non riflettono necessariamente il pensiero della direzione.

IssN 1676-3220

Filiato all’Associazione

stampa Italiana in brasile

Pietro Petraglia Editor

Itália quer financiarA s indústrias do Centro-Oeste conheceram as metas de um amplo

programa de financiamento e desenvolvimento tecnológico para pequenas e médias empresas patrocinado pelo governo da Itália. A ini-ciativa conta com aporte financeiro do Inter-American Investment Cor-poration (IIC), agência ligada ao bID, que dispõe de recursos para pro-jetos destinados aos setores privados brasileiros. O encontrou ocorreu, em meados de maio, na Embaixada da Itália em brasília e contou com a participação de 70 empresários da região. O presidente da Federação das Indústrias do Distrito Federal [Fibra], Antônio Rocha, explicou que brasília é privilegiada porque é situada em um mercado consumidor de 2,3 milhões de pessoas, com o PIb per capita de R$ 19 mil por ano, totalizando quatro milhões de habitantes.

Imigração italiana em MinasEmpolgados com o êxito do II seminário sobre a Imigra-

ção Italiana, realizado no ano passado em barbacena, o Comitê Italiano no Exterior (Comites) de Minas Gerais e a Associação Ponte entre Culturas se empenham em resgatar a história da imigração italiana no estado. Com o apoio do Consulado, da Fundação torino, da secretaria de Cultura de Minas e de universidades locais, em julho, acontecerá um encontro de historiadores e personalidades interessadas no tema. O evento ocorre como preparação para o III seminá-rio da Imigração que acontecerá em Juiz de Fora, no mês de outubro.

Em quedaO Instituto de Estatística Italiano (Istat) anunciou que a Itália

registrou uma inflação de 1,5 por cento em abril e 1,7 por cento em março, menor taxa apresentada na região do Euro. se-gundo o instituto europeu da estatística (Eurostat), na zona dos 13 países onde circula a moeda única, a inflação foi de 1,8 por cento em abril e 1,9 por cento em março.

Em busca das origensA equipe de descendentes do Colégio brasileiro de Genealogia

(CbG) está criando a sociedade Genealógica Italiana. A ins-tituição, que conta com uma coleção de livros dedicados à gene-alogia, busca associados e funciona no prédio do Instituto Histó-rico e Geográfico brasileiro (IHGb), na Avenida Augusto severo, 8, no Centro do Rio de Janeiro. O CbG acumula mais de 50 anos de existência e tem como objetivo estatutário o estudo e a in-vestigação genealógica das famílias brasileiras e estrangeiras ra-dicadas no brasil. Mais informações pelo telefone 21-2509-5107. Vale a pena ressaltar que o CbR não faz pesquisas genealógicas, já que é formado por voluntários.

Pelada na FontanaUma auxiliar de escritó-

rio de 40 anos deu um mergulho nua na obra-pri-ma da Renascença obser-vada por uma multidão de turistas. “A água é de to-dos. Eu estava com calor”, teria dito a moça que se identificou como Roberta, mas não revelou seu sobre-nome. A Fontana de trevi ficou famosa por aparecer no clássico “la Dolce Vita” de Federico Fellini [1960], em que a diva Anita Ekbert dá um mergulho na fonte usando um pequeno vesti-do preto. Nadar na fonte é proibido e Roberta, da cida-de de Milão, agora corre o risco de receber uma pesa-da multa por indecência pú-blica. Em 1995, a top model alemã Claudia schiffer tam-bém entrou na fonte para uma campanha do designer Valetino.

Enquanto o brasil parou para receber o Papa, uma multidão se reuniu, no último dia 12, na praça da basílica de são João de

latrão para pedir uma nova política de ajuda à família tradicional. O Family Day [Dia da Família] foi promovido por associações católicas e pela direita italiana. Na ocasião, o ex-premier silvio berlusconi afir-mou que “os católicos verdadeiros não podem estar na esquerda”.

Novo partido na ItáliaOs imigrantes que vivem

na Itália formaram o partido Novos Italianos. se-guindo a nova lei de imigra-ção votada pelo Conselho de Ministros, a qual estabele-ce o voto dos estrangeiros e os torna elegíveis na Itália, seus fundadores afirmaram que o Novos Italianos nas-ceu “da vontade de colabo-rar com os irmãos italianos e representantes das prin-cipais comunidades estran-geiras presentes em Roma”. Mustapha Masouri, de ori-gem marroquina, é o presi-dente do Novos Italianos que tem como porta-voz, Maria Pratsiuk, de origem ucraniana. De acordo com a nova formação política, ha-verá cerca de 1,5 milhão de eleitores, com 200 mil só na capital, que poderão opinar por meio do voto sobre as escolhas políticas do país.

LegalOs estrangeiros legalizados na Itália chegam a 3,35 milhões,

quase o dobro de cinco anos atrás. A incidência sobre a população total cresceu para 5,2 por cento e se alinhou com a média européia. Mas continua longe dos picos de 9 por cento re-gistrados em países como Alemanha e Espanha, segundo afirma um relatório do Ministério do Interior italiano. O documento, apresentado pelo governo no âmbito da discussão sobre a re-forma da polêmica lei de imigração “bossi-Fini” [instituída pelo governo de silvio berlusconi e que prevê restrições ao acesso de estrangeiros à Itália], também informa que, através de embarca-ções pelo sul, 22.016 imigrantes ilegais chegaram em 2006.

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Comunidade: IX Festa Italiana: No dia 2 de junho, às 20h, o município severiano de Almei-da (Rs), cujo primeiro nome foi Nova Itália, promove um even-to cultural com jantar típico, dança folclórica e baile. A ci-dade fica a 395 quilômetros de Porto Alegre. Informações: (54) 3525-1122 ou pelo e-mail [email protected]: 17ª Expobento: De 7 a 17 de junho, bento Gonçalves (Rs)

estará voltada para a indústria, o comércio e o setor de servi-ços. A Feira terá a participação de 400 expositores diretos e 650 indiretos, que esperam 150 mil visitantes de todo brasil. Horá-rios: no dia de abertura (07/06) - das 10h às 22h30min; de se-gunda a sexta - das 17h45min às 22h30min; sábados, domingos e feriados - das 10h às 22h30min; no dia do encerramento (17/06) - das 10h às 20h. Informações:

(54) 2105-1966 ou pelo e-mail: [email protected]: Mostra Piemonte torino De-sign: belo Horizonte recebe, de 23 de junho a 1º de julho, em seu Palácio das Artes o evento orga-nizado pela Câmara de Comércio Italiana, em conjunto com o go-verno de Minas e em parceria com a Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), o Instituto de De-senvolvimento Integrado de Minas Gerais (Indi) e o Politecnico di to-

rino. Haverá atividades como se-minários, workshops e palestras. Esporte, cozinha, lazer, vinho, ca-fé, chocolate, automóveis, vestu-ário, artigos de decoração interna e externa, são uns dos temas que serão expostos. também está na programação uma degustação de vinhos do Piemonte e uma missão empresarial nos setores de design, meio ambiente, nanotecnologia, e automobilístico. Informações: www.italiabrasil.com.br

na estante

agenda cultural

opinião serviço

frases

“Um combatente privado da liberdade e submetido a uma feroz perseguição carcerária,

que se tornou símbolo da extraordinária capacidade de

resistência e de histórica postura em condições desesperadas”,

Giorgio Napolitano, chefe de Estado italiano, em

solenidade que celebrou o 70º aniversário da morte

de Antônio Gramsci.

Em 2006 passei o verão na Itália. Visitei lugares como Roma,treviso e Veneza. É como pensar que passei as minhas férias

dentro dos meus livros de história! Inesquecivel!

Claudio Pinheiro O. Junior - Londres - Inglaterra

click do leitor

cartas

Mande sua foto comentada para esta coluna pelo e-mail: [email protected]

Arq

uivo

pes

soal

“Uma das coisas que mais presto atenção é a capa da revista. E pos-

so dizer que as capas de Comunità estão cada vez melhores. A da edição 105 ficou ótima, pois juntou uma bela pizza com uma bela moça. Parabéns!”

ALvArO GeNebrA,São Paulo, SP,

por e-mail

“Na última edição, 106, achei o máxi-mo a idéia de entrevistar o Guto Goffi.

Adoro o barão Vermelho e saber um pouco so-bre a história desse descendente me deu von-tade de escrever para vocês pedindo, cada vez mais, matérias desse tipo. Grande abraço!”

JuLIANA AvANCINI, Rio de Janeiro, RJ,

por e-mail

“Há muito tempo esperava a receita do famoso doce tiramissú na revista. A

foto está tão bonita que dá água na boca. A combinação café com chocolate é perfeita. Aproveito a oportunidade para fazer uma su-gestão: que tal uma receita com peixe agora?”

CArmeN bAtAGLIA, São Paulo, SP,

por e-mail

Amor, Sexo e Tragédia – Co-mo gregos e romanos influen-ciam nossas vidas até hoje. bom humor e inteligência são as características dessa obra de simon Goldhill, que mostra co-mo as tradições greco-latinas estão muito mais presentes em nossa vida do que imaginamos. Do lazer à política, da psicaná-lise à religião, o mundo clássico está por trás de todo o sistema de pensamento ocidental. Jorge Zahar Editor, 300 págs., R$ 44.

Invenções da Idade Média – Óculos, livros, bancos, botões e outras invenções geniais. Objetos como bússola, relógio, universidade, garfo, carnaval, macarrão, xadrez. Esses e ou-tros inventos tão incorporados ao nosso cotidiano não surgi-ram do nada e com belas ilustra-ções e um texto cativante, Chia-ra Frugoni mostra os feitos de um período luminoso e inédito, um tempo de progressos. Jorge Zahar Editor, 184 págs., R$39.

enquetePesquisa revela que os italianos preferem falar dialeto. Você acha que:

Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com entre os dias 24 a 27 de abril.

berlusconi é absolvido em duas acusações de corrupção. Você acha justo?

78,9% - Não

Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com entre os dias 27 a 1º de maio.

21,1% - Sim

61,5% - É uma forma de preservar as raízes culturais.

38,5% - Deve haver um padrão lingüístico único para evitar conflitos na comunicação.

“Rifidanzarmi? No, no, ora sto bene così. Sento il bisogno di fermarmi un attimo. Una volta finita una storia importante è difficile trovare un nuovo amore e io sono un po’ all’antica”,

maddalena Corvaglia, showgirl e conduttrice televisiva, al parlare della sua separazione con il conduttore Enzo Iacchetti, dopo sei anni di relazione.

“Futebol é alegria, é improviso, é sorriso. Talvez por isso os brasileiros sejam tão bons nisso. Admiro muito o povo do Brasil. Amo a Itália, mas não teria nenhum problema –pelo contrário!– em ser brasileira”,

Laura Pausini, cantora, em recente passagem pelo Brasil, ao falar sobre o esporte que é uma das paixões do povo brasileiro.

“Penso che sia giusto che ci siano gli stranieri, non ho mai fatto un discorso contro gli stranieri. Ma è bene che ci sia un po’ più di spazio per i giocatori italiani”,

roberto Donadoni, allenatore della nazionale italiana,

dichiarando che vorrebbe ridurre il

numero di giocatori stranieri nel calcio italiano.

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articolo

La cittadinanza onoraria ca-rioca che mi ha conferito il 3 Maggio l’Assemblea legi-slativa del Municipio di Rio

de Janeiro è in realtà un ricono-scimento che si estende a migliaia di persone [i 2.500 abitanti di Vila Canoas, le 400 famiglie italiane che cooperano dal 1992 con il sostegno a distanza di tantissimi bimbi della Comunità, molti amici europei e di Rio], a vari enti governativi, pub-blici e privati brasiliani [il Munici-pio di Rio in prima linea] ed inter-nazionali [Unione Europea - Come Noi di Torino, Associazione con la quale abbiamo iniziato l´azione nel 1989 - Rotary Club della Lombardia - Daniele Agostino Foundation di New.York].

l’iniziativa – alla quale han-no attivamente partecipato mia moglie Giuliana e i nostri figli André e lidia – è stata resa pos-sibile dalla convivenza con la fa-vela di Vila Canoas, che era sorta nel ´79 accanto alla nostra casa

di Rio nel quartiere di s. Conra-do nella quale risiedevamo da un paio d’anni ed alla pendolarità Rio/torino, che mia moglie ed io abbiamo ormai dal 1980, dopo il mio svincolo dalla FIAt.

Credo che sia stata per me utile la trascorsa esperienza manageriale in brasile [culminata com la realiz-zazione degli imponenti impianti industriali FIAT nello Stato del Mi-nas Gerais] per cercare d’impostare un’azione di solidarietà program-mata e razionale, peraltro tempe-rata dallo spirito umanitario e so-ciale di mia moglie, essenziale per i buoni rapporti con la comunità e la comprensione dei loro problemi.

Quando, nel 1989, ricevem-mo i primi modesti aiuti da COME NOI, avevamo subito costituito in favela un Centro per la prepa-razione, doposcuola, ricreazione ed alimentazione di 50 scolari dal corso di alfabetizzazione alla ter-za elementare, dandolo in gestio-ne all´Associazione s. Martinho

di Rio con 4 educatrici della Co-munità. E fu enorme la sorpresa nostra e dei nostri sostenitori nel constatare che - dopo un anno - i risultati scolastici si erano sov-vertiti, passando l’indice di pro-mozione dal 20 all’80%.

Fu questa la svolta dalla qua-le partí un’azione inarrestabile di solidarietà internazionale: prima con il consolidamento ed am-pliamento del Centro bambini, poi con i sostegni a distanza e l’ausilio del Municipio di Rio. se-guirono nel ‘94 la costituzione dell’Associazione filantropica del-la famiglia Urani, la PARA tI, per canalizzare le donazioni e propor-re al Municipio di Rio la riabili-tazione sociale e strutturale della Comunità sulla base del program-ma Favela/bairro allora lanciato. sottolineo che la nostra azione fu del tutto volontaria, d’accordo con gli statuti societari.

Dato che Vila Canoas era uma favela piccola, nacque così il pro-gramma municipale bAIRRINHO per le 200 mini-comunità di Rio di cui Vila Canoas fu il progetto pilota, con partecipazione finan-ziaria 50% Municipio di Rio e 50% Europa. Come Noi ottenne l’im-

opinione

Ezio MaranEsi

Saper parlare significa, quasi sempre, lucidità di pensiero

Parole, idee e carisma

Franco Urani

Una svolta dalla quale è partita un´azione inarrestabile di spirito umanitario e sociale

Solidarietà internazionale

mediata e convinta adesione del-l’Unione Europea al progetto, an-che appoggiato entusiasticamente dai Rotary della lombardia.

Iniziò così un’azione di tra-sformazione della comunità con un’esemplare collaborazione de-mocratica tra le parti e la fattiva collaborazione degli abitanti, stu-pefatti dal nuovo corso. Vi fu ine-vitabilmente qualche contrattem-po burocratico, specie nel cambio dell’amministrazione comunale, problemi comunque superati con buona volontà, concludendosi la riabilitazione a metà del 2002 con realizzazioni sociali e strutturali uniche a Rio e creazione di oltre 70 impieghi stabili a Vila Canoas.

A questo punto - pur cessan-do le donazioni del Municipio [che peraltro amministra una gran par-te delle nuove iniziative sociali] e dell’Unione Europea - la PARA tI decise di proseguire l’azione in quanto continuavano ad affluire i contributi dei privati italiani e della Daniele Agostino Founda-tion. Decidemmo temerariamente di lanciare progetti di avanguardia sull’informatica, sugli studi supe-riori con un programma di borse di studio, sull’abitazione popolare, cercando di coinvolgere - anche fi-nanziariamente e con il lavoro - gli interessati per quanto più possibi-le, sia per poter beneficiare il mas-simo numero di persone, sia perché riteniamo educativa e producente la loro concreta partecipazione.

In tal modo, è stato costituito un centro d’informatica ed internet a banda larga con 11 computers in cui sono stati istruiti 500 membri della comunità; sono state restau-rate le 420 dimore di Vila Canoas; è stato consentito l’agognato acces-so alla casa finora a 80 famiglie; abbiamo portato alla laurea univer-sitaria 30 giovani e vari altri segui-ranno nel prossimo biennio.

Il consuntivo d’investimenti 1989/2007 corrisponde a oltre 3,8 milioni di dollari, dei quali 2 mi-lioni donati dall’estero, e l’azione prosegue con varie altre iniziative in corso e programmate.

Unico punto negativo, la si-tuazione economica insoddisfa-cente di Rio, che difficilmente of-fre lavoro equamente remunerato ai giovani, anche se ben prepara-ti. Esistono possibilità di trasfe-rirsi altrove come già comincia ad avvenire, ma speriamo che – an-che a Rio – possa prossimamente verificarsi l’auspicata ripresa.

Commuovono la gentilez-za, la musicalità, l’armo-nia della lingua scritta a Firenze nella seconda

metà del 1200. Dante Alighie-ri, Guido Cavalcanti, lapo Janni e altri scrivevano in un volga-re colto, usando parole e suo-ni dolci. Il loro modo di poe-tare era semplice e luminoso. l’apparente semplicità della for-ma celava il dominio su lessico, stile e sintassi. si legga Donne ch’avete intelletto d’amore [Vita nuova, cap. 19]; l’eleganza e la delicatezza con cui Dante par-la della donna e dell’amore sono un inno alla bellezza. Era il dol-ce stil novo.

Da allora ai giorni nostri, la nostra bella lingua maturò, creb-be, e non sempre crebbe bene. soffrí, per secoli, le sfortunate vicende politiche dei vari stati che integravano l’Italia geografi-ca. Non mancarono peraltro ope-re e letterati illustri: boccaccio, Ariosto, tasso, Alfieri, Foscolo ed altri, spesso solenni e un po’ tromboni [mi si passi la simili-tudine], contribuirono alla evo-luzione [e involuzione] della no-stra lingua. Più tardi, nel ‘900, quando le cose e le coscienze si complicano, nascono Quasimo-do l’ermetico, Gozzano il crepu-scolare, Pavese il neorealista, e molti altri scrittori espressivi. Movimenti di pensiero e stili let-terari si avvicendano. la parola diventa colore, come nel Pastic-ciaccio brutto di Gadda, diventa rumore, come ne La pioggia sul pineto di D’Annunzio, diventa uno scrigno di sogni, come nelle poesie di Ungaretti, marchi in-delebili nei miei modesti inte-ressi letterari.

Ahimé, il tempo passa, e il verbo italiano, invece che pro-

gredire, si deteriora. Agli albori della mia vita professionale ho lavorato con un gruppo di di-rigenti, tanto ambiziosi quanto privi di idee; gli stessi che han-no fatto danni alla Olivetti, alla buitoni e più tardi all’Alitalia. Cercavano di dare importanza e autorevolezza al loro mode-sto valore professionale usando spesso modi di dire allora mol-to di moda come, per esempio: nella misura in cui... o pronun-ciando parole come evidenzia-zione con la o molto stretta e molto lunga. Impressionante, soprattutto per me, un po’ cam-pagnolo. Ma anche inutile: fu-rono presto cacciati; al parlar forbito non corrispondevano i fatti. Una volta tanto, la fra-se storica parlo, ergo sum non aveva funzionato. Ai tempi no-stri dilagano due nuove lingue: l’economese e il politichese alle quali solo gli addetti ai lavori

possono avere accesso. In que-sta lingua, l’espressione fare un tavolo significa riunire persone per discutere una determinata questione. Un’anima semplice pensa invece alla canzoncina di sergio Endrigo che dice: per fa-re un tavolo ci vuole il legno... e immagina il legnaiol del vil-laggio leopardiano che s’affret-ta e s’adopra a fornir l’opra anzi il chiarir dell’alba... Dice “la Re-pubblica” di qualche giorno fa che, per discutere il problema tAV, nasce un tavolo a Palazzo Chigi... e dopo che il tavolo avrà esaminato... Il tavolo, prima complemento oggetto, diventa soggetto. Intrigante.

saper parlare significa, qua-si sempre, lucidità di pensiero, conoscenza di un vasto lessi-co, uso delle parole e delle for-me appropriate alla circostanza. Chi parla bene ha possibilità di emergere molto più di chi, pur

geniale, abbia difficoltà di espri-mersi con proprietà di linguag-gio. l’uso di una lingua piatta, povera, fatta di luoghi comuni, dà cattiva impressione. Disse Orwell: “la sciatteria della lingua favorisce l’aver vacui pensieri”. Ammiro la semplicità di Manzo-ni. Nel capitolo X dei Promessi sposi, lo scellerato Egidio dà se-gnali di seduzione a Gertrude. “La sventurata rispose”, scrive Manzoni, e in questa breve frase fatta solo di soggetto e verbo c’è tutto il lungo e doloroso dramma della monaca di Monza.

l’epilogo del dramma della nostra bella lingua si consuma invece nei nostri giorni. scrive-re e parlare italiano è un lusso inutile; molto più utile cono-scere (male) l’inglese o avere qualche idea sull’informatica. I giovani non leggono e in disco-teca non si parla. Il loro lessi-co è fatto generalmente da 250 parole, spesso coniate da loro stessi. Non é un tricheco, é un mandrake, cucador allucinante, camuffaro che non va a cozze... voleva dire qualche anno fa [il gergo cambia rapidamente] ..non é uno stupido, é una persona in-telligente che ha fortuna con le ragazze, ha l’aspetto inquietante ma non si ubriaca facilmente... Il colpo di grazia lo danno i tele-fonini: ke fai stas?c vediamo?nn 6 + sola tvb pleas risp. traduzio-ne: che fai stasera? ci vediamo? non sei piú sola. Ti voglio bene. Per favore rispondimi. Alla faccia della Dante Alighieri.

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marco lucchesi / artigoarticolo

Fabio Porta

La visita di Papa Benedetto XVI è stata ‘storica’

Vincoli secolari

Compromisso, ruptura e liberdade

Domingos Meirelles entrega ao público um dos livros mais apaixonados sobre a Revolução de 1930. Aten-

to ao silêncio dos vencidos, e ag-giornato com os estudos recen-tes sobre a República Velha e o movimento de 30, Domingos não ficou preso a estudos específicos, preocupado apenas com a estru-tura, vagando num labirinto po-voado de fantasmas. longe disso, e como já fizera em As Noites das Grandes Fogueiras , ele sujou as próprias mãos, manuseando jor-nais de época, fotos, cartas, ar-quivos políticos, para montar um sistema que se impõe em muitos planos e se completa nas entre-linhas. E sem atribuir a si mes-mo uma qualidade olímpica, dos que julgam o passado aparente-mente distante com a arrogância do presente, que parece melhor e mais acabado. O brasil dos anos 1920 emerge dessas páginas com a suas polifonia, com o sabor de uma linguagem, na qual nos re-conhecemos e da qual nos afas-tamos, um brasil tão próximo e distante. E um sem-número de contradições que nos marcam e libertam.

O tempo da longa duração, essa com a qual temos de li-dar, num misto de serenidade e desespero, raiva e compaixão, diante dos descompassos da so-ciedade civil. Um país assolado por uma grave assimetria, diante de cuja perversidade a República parece adormecida. A Velha. A Nova. A Novíssima. Mais de cem anos sem políticas públicas no campo da saúde e da educação, abandonados às práticas de um populismo imoral. O pacto repu-

blicano que devia ser mais ami-úde repensado. O corpo dos de-saparecidos e a impunidade dos que torturaram durante o Regime Militar. Uma democracia enver-gonhada. As famílias sem os cor-pos. E a terrível espera.

Como se a permanência das coisas terríveis gritasse neste livro. E além dele. Nas páginas de ontem. E de hoje. Mas sem atitudes panfletárias. Domingos tem uma compreensão difusa. Diz mesmo quando parece não dizer. E como em leonardo scias-cia, não encontramos aqui ape-nas um culpado. A rede político-econômica é o grande flagelo.

Precisamos de um novo pac-to republicano. De um novo hu-manismo. De uma revisão da de-mocracia, como diz boaventura dos santos, e de formas diretas de participação. Democratizar a democracia. Um ethos político que resulte da verdade do con-trato social.

E contudo, Domingos não cai na cilada dos que crêem que a história não muda, ou, pior, de que ela se repete, ou termina. Domingos passa imune. Não pre-tende uma filosofia da história. Ou ainda uma quase teologia. seu compromisso é com a inda-gação dos fatos. Uma vontade de chegar às raízes mais profundas, bem como à mais comovedo-ra capilaridade. Uma predileção pelas vidas minúsculas e anôni-mas, ou ainda, pelas vidas para-lelas, gênero consagrado desde a Antigüidade. A alma do tem-po. Havendo alguma. A alma das ruas. A Capital da República. li-

ma barreto no hospício. João do Rio, nos cafés. Coelho Neto nos banquetes. E Prestes inquieto. E Juarez távora. E Washington luís. Os delitos da República Velha. As utopias. tenentismo. Anarquismo. Comunismo. sen-tidas no sonho e na carne. Do-mingos sabe que uma república não se mede fora dos extremos. O sonho. E a carne.

Acompanho a generosida-de ou a curiosidade metódica de um grande repórter brasileiro, que trabalha com as fontes, ou a partir delas, contrapondo-as, delimitando-lhes a verdade pre-sumida. tudo com absoluto ri-gor. Em momento algum, Domin-gos abandona a idéia da grande reportagem. Aquelas matérias que o levaram à cena mais im-portante do jornalismo brasilei-ro. Ir ao fundo dos fatos. Qua-se com raiva e amor. Espessura. Obstinação. E sem concorrer com outros saberes. Com as monogra-fias da história. Com a academia. Com a literatura. Domingos ade-re a uma espécie de reportagem infinita. Um jogo de espelhos, de remissões, de citações. Uma rede que parece não ter fim. Que mais cresce e avança quanto mais in-certa e flutuante.

Nessa abordagem, os fatos na história adquirem uma no-va luz. Pois que se trata de uma narrativa, de um tecido de coi-sas vitais, cheias de frescor, mar-cadas por uma compreensão es-trutural. Assim, temos a solidão de Washington luis, ao deixar o

poder; a coragem de Astrogildo Pereira, levando livros de lênin e Marx para luis Carlos Prestes, na bolívia; a comoção da morte de siqueira Campos, e o discurso inflamado de Maurício de lacer-da; a figura enigmática de Var-gas, com o carisma dos que não têm carisma — charutos e astú-cia. Mas — para além da vida de palácio e bastidores — as ruas da Capital Federal, sua gente hu-milde, rostos e nomes desconhe-cidos, que não passaram à histó-ria oficial, mulheres e operários, casos de morte e de amor.

E não obstante vejo algo de impalpável na obra de Domin-gos Meireles, apesar de sua fome de verdade e precisão. Algo que me alegra e atrai. E que talvez represente o maior valor deste livro. Escrever a História é pro-cesso infinito, e só as narrati-vas abertas (que tenham algo de impalpável) poderão dar conta dessa infinita abrangência. Do-mingos soube disso o tempo to-do. E arriscou todo o seu tempo. Perseguido por esses fantasmas, precisa agora desfazer-se de to-dos. libertar-se de um processo intenso. Exorcizá-los. Um a um. E quem sabe libertar-se de uma trama. Pensar na história do fu-turo, da grande democracia que esperamos, e da República que devemos construir em toda a sua polifonia. Domingos aponta para esse caminho de compromisso, ruptura e liberdade.

K.C

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“Incontri e Re-Incontri”, ma anche “brasile e Italia allo specchio”: potrebbe intitolarsi cosí questa ru-

brica, nel tentativo ideale di rian-nodare sempre più, in una succes-sione apparentemente infinita, quei vincoli che da oltre un secolo uniscono i nostri grandi Paesi.

la visita del Papa in bra-sile, un evento che ha segnato non solo questo mese ma tutto il 2007 e che è destinato a protrar-re nel tempo i propri effetti, ci porta (noi, gli italo-brasiliani) ad evidenziare due grandi caratteri-stiche del grande ponte virtuale che unisce le due nazioni: il bra-sile è il più grande Paese italiano fuori dall’Italia ma è anche il più grande Paese cattolico al mondo, e anche questo secondo primato è in gran parte dovuto al volume della nostra emigrazione (e non solo, come è ovvio, alla coloniz-zazione portoghese).

Da ragazzo frequentavo la parrocchia di san Pietro a Cal-tagirone, una piccola cittadina nel cuore della sicilia; il giovane parroco si chiamava Innocenzo e mi convinse a tradurre la mia fede “acerba” in impegno poli-tico e sociale. Fondammo insie-me il movimento degli studenti cattolici della mia città, conta-minando positivamente le altre organizzazioni politiche e sociali giovanili. Erano gli anni dei “de-creti delegati”, della possibilità cioè di partecipare democratica-mente alla gestione della scuola, da parte di studenti e genitori.

A 18 anni mi ritrovai a Ro-ma, studente universitario pri-ma, volontario di servizio civile dopo, e quindi giovane lavora-

tore… Padre Enzo - cosí chia-mavamo il parroco - fu invece trasferito in un paesino anco-ra più piccolo (forse era trop-po ‘democratico’ per la Chiesa di allora) e poi… in brasile. sí, in brasile, a Porto Velho, in Rondonia, ad oltre quindicimi-la chilometri dalle arance rosse della nostra sicilia.

Ironia della sorte, approdo anche io in brasile qualche anno dopo e il legame riprende.

Oggi chi visita a Porto Velho il “Museo Internazionale del Pre-sepe” o la “scuola di Ceramica theós” della Parocchia sao tiago toccherà con mano un altro dei tanti miracoli dell’incontro tra l’Italia e il brasile.

Ma torniamo alla visita del Papa in brasile, un Paese con ol-tre cento milioni di cattolici.

lo confesso: ho sperato, due anni fa, che il brasile potesse da-re un proprio Papa a questa Chie-sa cattolica.

In questi ultimi anni ho avu-to la fortuna di conoscere da vi-cino il pensiero e, soprattutto, le opere di Don Claudio Hummes, il Cardinale di san Paolo che da po-chi mesi è a Roma per dirigere la Congregazione per il Clero.

Da vescovo di santo André, Hummes aveva imparato a cono-scere bene la vita e la lotta del movimento operaio; risale a que-gli anni la sincera amicizia e il rapporto di stima che ancora og-gi lo lega al Presidente lula.

Da Arcivescovo di san Paolo si rende conto che stare alla fine-stra e predicare non è sufficien-te e che la Chiesa deve sporcarsi le mani, coinvolgendosi in prima persona nella lotta all’esclusione sociale ed alla piaga della disoc-cupazione.

Costituisce cosí il CEAt [Cen-tro Arcidiocesano del Lavorato-re], punto di incontro e di par-tenza per quanti, disoccupati emarginati disperati, cercano

nel lavoro il significato di una vita che rischiano di non incon-trare più.

E’ al CEAt che si deve il mio primo incontro con il Cardinale; Don Claudio (vuole subito farsi chiamare cosí) è stimolato dalla mia militanza politica e sinda-cale, e mi chiede di aiutarlo, di essere al suo fianco per divulga-re anche fuori dal brasile questa esperienza e per dire al mondo che “l’uomo senza lavoro è me-no uomo, e quindi meno vicino a Dio”!

Nel giro di poche settima-ne saremo insieme al Parlamen-to Europeo, dove il Cardinale – rompendo una di quelle inossi-dabili regole di bruxelles secon-do le quali solo deputati euro-pei partecipano ai lavori ordinari – interviene ufficialmente nella plenaria della Commissione Affa-ri sociali dell’Unione Europea.

Andiamo quindi a Roma, do-ve Hummes incontra i tre segre-tari Generali di CGIl-CIsl-UIl, ai quali spiega (meglio di un sin-dacalista) il perché la globaliz-zazione senza regole crea disoc-cupazione ed esclusione e come si può fare per invertire questo dramma.

Ma il Cardinale non si ferma qui; vuole incontrare i leader po-litici italiani, e cosí vedrà Fassi-no [Segretario dei Democratici di Sinistra, NdR], prima a Roma in Vaticano e quindi in brasile, nel corso di una pausa del Congresso dell’Internazionale socialista.

Gli incontri si susseguono, e sono quasi imbarazzato dalla di-sponibilità e dalla semplicità di quest’uomo.

Con Don Claudio inaugu-riamo cosí nel 2004 lo “spazio dei sogni”, il Centro educativo per i ragazzi delle favelas bra-siliane voluto fortemente dal leader dei pensionati italiani della UIl silvano Miniati, con il quale il Cardinale aveva pre-sentato al CNEl (una sorta di bNDEs italiano) il progetto alla presenza del Premio Nobel Rita levi Montalcini.

Il Papa brasiliano non è poi arrivato, ma Don Claudio è anda-to lo stesso a Roma, arricchendo anche lui questa ideale galleria di andate e di ritorni tra Italia e brasile.

la visita di benedetto XVI in brasile, forse, è stata ‘storica’ an-che per questo.

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Ana Paula Torres

ROma

Sabores romanosPara quem quer saborear pratos da co-

zinha do lácio, principalmente da ca-pital italiana, vale a pena experimentar os pratos do restaurante Paradiso, em ativi-dade desde 1939. Além do menu alla car-te, o cliente pode optar pelo cardápio fixo de 30 euros que inclui fettuccine ai funghi porcini, abbacchio a scottadito [cordeiro na brasa], batatas assadas, água, vinho e ca-fé. As porções são fartas e preparadas com ingredientes de qualidade. se puder esco-lher, prefira uma mesa próxima às janelas para poder admirar a beleza do lago de Castel Gandolfo. Via spiaggia del lago, 2 – Castel Gandolfo (Roma). tel. 06/9361478. Fechado às quartas-feiras.

política

Roberto benigni desembarca na ca-pital com “tutto Dante”, espetácu-lo que vai da sátira dos aconteci-

mentos cotidianos, principalmente ligados à política italiana, à Divina Comédia, com profundos momentos de pura poesia. tra-ta-se de um espetáculo único na história do teatro italiano, que vem obtendo su-cesso por onde passa. A turnê começou na praça santa Croce de Florença, cidade do escritor Dante Alighieri, no verão passado. Depois de ter sido visto por mais de 350 mil espectadores em 26 cidades, a obra te-atral do ator toscano debuta em Roma, on-de ficará até 20 de maio, numa estrutura

moderna que comporta cerca de quatro mil pessoas, feita especialmente para a peça de benigni.

O espetáculo conta com uma cenogra-fia, realizada pelo Cinecittà Studios, pro-positalmente simples e considerada para muitos como “essencial e franciscana”. É composta por uma série de painéis arre-dondados de madeira, colocados em uma trajetória intercalada que cria uma série de corredores internos por onde benigni po-de correr e pular livremente. Piazzale Clo-dio. O preço do ingresso varia de 20,00 a 45,00 euros. Maiores informações: www.tuttodante.it.

“Tutto Dante”

Parabéns, Roma!Feliz aniversário, Cidade Eterna! segun-

do a tradição [pois não existe um regis-tro histórico definido] Roma teria completado 2.760 anos em 21 de abril. E para festejar es-ta “jovem senhora”, serão realizados muitos eventos, entre seminários, exibições de ban-das, museus com entrada grátis e a transfe-rência da loba da sala capitolina da prefeitura àquela de Marco Aurélio. O animal é o símbo-lo de Roma, pois teria amamentado os gême-os Rômulo [considerado o fundador da cidade e seu primeiro rei] e Remo. De acordo com a mitologia romana, os gêmeos eram filhos de Marte e da Rea silvia.

Jesus de NazaréGrande sucesso para o livro do Papa ben-

to XVI sobre a vida de Jesus Cristo, que vendeu 50 mil cópias somente no primeiro dia nas livrarias. trata-se da primeira parte de uma obra de dois volumes, que compreende o batismo no rio Jordão até a ressureição.

O livro começou a ser vendido em 16 de abril, quando o Papa completou 80 anos. trata-se do primeiro livro de Joseph Ratzin-ger desde que assumiu o posto no Vatica-no. Publicado pela editora Rizzoli, o volu-me possui 432 páginas, custa 19,50 euros e tem atualmente edições em italiano, alemão e polonês.

Sandy Muller“Linha” é o nome do novo álbum da

cantora e compositora ítalo-brasileira sandy Muller e do inseparável Claudio Pezzot-ta. O show de lançamento aconteceu em Roma no dia 8 de maio. Este segundo trabalho chega após “sandy Muller”, álbum que deu grande po-pularidade à artista através da canção “Não te-nho pressa”, uma bossa “cool” que conquistou grande sucesso nas rádios italianas. Os dois cds foram gravados no Rio de Janeiro com a cola-boração de Marcelo Costa. No site http://www.sandymuller.it, é possível ouvir as novas faixas, além de assistir ao videoclipe gravado em Ca-noa Quebrada, no Ceará.

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oRoma è stata la prima tappa del viaggio della delegazio-ne di Rio de Janeiro in Ita-lia all’inizio di maggio, al

quale hanno preso parte il console generale di Rio de Janeiro, Massi-mo bellelli, il deputato Adroaldo Garani, il presidente dell’Ospedale Italiano di Rio de Janeiro, Antonio Chianello, il sindaco della città di Angra dos Reis, Fernando Antonio Ceciliano Jordão, il vice sindaco di Petrópolis, Carlos Henrique Man-zani, l’assessore al lavoro e allo sviluppo del Comune barra do Pi-raí, Roberto Monzo Filho, il rap-presentante del Municipio di No-va Friburgo, Ronaldo Vanzillotta, il presidente dell’Unimed Caxias, Edmond Gomes da silva, l’ufficiale della polizia militare di Rio de Ja-neiro, Colonnello Rosano Augusto de souza e il direttore della rivista ComunitàItaliana, Pietro Dome-nico Petraglia.

la delegazione è stata rice-vuta dal vice ministro per gli Ita-liani nel mondo Franco Danieli presso il suo ufficio al Ministero degli Affari Esteri. Danieli, che sarà in brasile nei prossimi gior-ni, ha espresso la sua soddisfazio-ne nei rapporti fra Italia e brasi-le. Durante il colloquio ha anche affrontato la questione consolare, comunicando che vi sono attual-mente in corso circa 450 mila ri-chieste di riconoscimento della cittadinanza italiana provenienti dal brasile. Presente anche il se-natore Edoardo Pollastri, che si è dichiarato molto orgoglioso di rappresentare il brasile in Italia e di poter lavorare per questioni co-me questa dei servizi consolari.

Dopo l’incontro alla Farnesi-na, la delegazione si è recata al circolo dell’Ice (Istituto nazio-nale per il commercio con l’este-ro) per un pranzo che ha conta-

to con la presenza del presidente Umberto Vattani.

− Questa iniziativa di una mis-sione a Roma di un gruppo di sin-daci e rappresentanti della comu-nità italiana in brasile – afferma Vattani – è un fatto molto signi-ficativo. Mi fa molto piacere che sia stato promosso dal console generale a Rio, Massimo bellelli, che si è molto adoperato per fa-vorire i contatti tra comuni italia-ni e comuni brasiliani. Debbo dire – sottolinea – che per noi italia-ni è sempre una gioia incontrare i brasiliani, ma vedere soprattut-to tra di loro rappresentanti di ospedali italiani come quello di Rio, così significativo, nato oltre 150 anni fa. Prova di grande so-lidarietà nella comunità italiana che ricorda proprio quanto siano stati importanti questi movimen-ti di italiani che si sono recati in brasile, che hanno costituito del-

le splendide e favolose comuni-tà, che continuano ancor oggi a mantenere un legame così stretto con la madre patria. Dalla parte dell’Ice – continua – questa è una splendida occasione per cercare di avviare nuove iniziative, cosa che faremo sulla scia di quella impor-tante visita che il presidente del Consiglio ha compiuto poco tem-po fa in brasile. E noi non man-cheremo di rafforzare la nostra rete in brasile, proprio per tener conto delle opportunità così no-tevoli che si aprono all’imprendi-toria italiana e in generale.

Anche l’ambasciatore del bra-sile in Italia, Adhemar Gabriel bahadian, ha ricevuto il gruppo di rappresentanti di Rio, sceglien-do di aprire le porte del maestoso Palazzo Pamphilj ad una visitazio-ne alla quale lui stesso ha volu-to fare da cicerone, raccontando cenni storici di quella che in pas-sato fu anche residenza papale.

Conclusi gli incontri nella ca-pitale, la delegazione ha seguito viaggio verso Paestum, in Cam-pania, dove ha incontrato le au-torità locali. la tappa successi-va è invece stata la cittadina di Paola, in Calabria, dove la visi-ta di carattere civile è stata ar-ricchita dalla cerimonia religio-sa per le commemorazioni del V Centenario della morte di san Francesco da Paola.

– Questo viaggio – spiega Roberto Monzo Filho – è una re-tribuzione alla visita che la dele-gazione di Paola ha fatto a barra do Piraí l’anno scorso, occasione in cui è stato ufficializzato il ge-mellaggio tra queste due città. Adesso – continua – stiamo la-vorando per intensificare i lega-mi tra Paola e barra do Piraí, sia per quanto riguarda l’ambito cul-turale, che lo sviluppo socioeco-nomico. Vogliamo far conoscere la nostra città qua in Italia e di-vulgare Paola in brasile, promuo-vendo così il turismo in entrambi i Paesi. Un altro settore di inte-resse è quello scolastico, con la possibile realizzazione di corsi che insegnino l’arte di mestieri come quello del pizzaiolo e l’in-segnamento della lingua italiana nelle scuole di barra do Piraí.

Da Paola, la delegazione si è recata a Ragusa e siracusa, nel-la regione sicilia, per dare segui-to agli incontri con le autorità e successivamente rientrare in brasile.

Autorità ricevono rappresentanti della comunità italiana in visita a Roma e sud dello Stivale

ana PaUla torrEsCorrespondente • roma

Delegazione di Rio in Italia

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economia

Workshop e churrasco para promover a car-ne brasileira na Itá-lia. Foi este o modo

que a Associação brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), em colaboração com a Agência de Promoção às Exporta-ções e Investimentos (Apex-bra-sil), encontrou para apresentar a carne brasileira a importadores, autoridades sanitárias, técnicos do governo italiano e jornalistas. O evento aconteceu no último 18 de abril na sede da Embaixada do brasil em Roma. Na ocasião, foram degustados 190 quilos de carne, além da autêntica caipiri-nha e sucos preparados com pol-pas de diversas frutas brasileiras.

Essa iniciativa dá continui-dade a um programa de eventos para a promoção da carne bovi-na brasileira no exterior. Outros dois eventos análogos já foram realizados na Holanda e bulgá-ria. O brasil é hoje o maior ex-portador mundial de alimentos e matérias-primas agrícolas e tam-bém o mais alto exportador de carne bovina, estando presente em cerca de 180 países. segundo informações fornecidas pelo pre-sidente da Abiec, Marcus Vinicius Pratini de Moraes, o brasil expor-ta mais esse tipo de produto que

a Argentina, Austrália, Uruguai e Paraguai juntos.

Durante o encontro, Pratini de Moraes salientou que, no bra-sil, há mais gado do que pessoas. são atualmente 207 milhões de cabeças, sendo que 45 milhões são abatidas por ano, produzindo 9 milhões de toneladas de car-ne, o equivalente a 17 por cento da produção mundial. O consumo per capita no brasil é de 37 qui-los por ano, enquanto que na Eu-ropa a média é de 18.

— Vendemos bem na Europa mas não esperamos um grande au-mento de consumo. Isso acontece nos países onde a renda familiar au-menta e procura-se introduzir mais proteínas nas refeições. Portanto, são os mercados emergentes, dos países em desenvolvimento, que podem aumentar o consumo – con-ta Pratini de Moraes.

A União Européia importa cerca de um terço da carne que o brasil manda ao exterior e a pre-ferência é por cortes nobres.

— Na Itália, por exemplo, vende-se um corte especial para fazer a bresaola. Na Europa, ven-demos produtos de nicho. A Itá-lia vem aumentando a importa-ção de carne brasileira. Em 2000, adquiria 40 mil toneladas, em 2006 passou a comprar 95 mil

toneladas, por um valor equiva-lente a 271 bilhões de dólares — continua o presidente da Abiec.

Para Pratini de Moraes, o au-mento sistemático e contínuo das exportações na Itália reflete a presença brasileira em vários setores de preparação da carne na Itália.

— A característica da Itália é que a exigência de qualidade é muito grande e, para nós, traba-lhar com a Itália quer dizer me-lhorar a nossa qualidade e tecno-logia — afirma.

O representante dos empresá-rios deste setor do agronegócio também faz um levantamento das problemáticas que o brasil en-frenta contra as regras do comér-cio internacional de agricultura, gerando o protecionismo. O brasil está em dia com as barreiras sani-tárias impostas pela União Euro-péia, mas sofre com os obstáculos fiscais, como, por exemplo, a co-ta Hilton, com impostos fixados em 20 por cento para cada país que quer exportar até 5 mil tone-ladas de carne por ano na Europa. O brasil vende 350 mil toneladas. Isso significa que, para as restan-tes 345 mil toneladas, paga im-postos em valor crescente em até 176 por cento. segundo Pratini de Moraes não existe nenhum produ-

to europeu que entre no brasil pa-gando uma taxa como essa.

— O brasil, dentro das ne-gociações de Doha, está tentando reduzir esses obstáculos. A Euro-pa, como contraparte, não dimi-nui as taxas no setor agrícola e quer exigir uma redução pratica-mente a zero para as taxas indus-triais e de serviço. Portanto, é es-ta a anomalia que existe hoje nas negociações de comércio interna-cional na rodada de Doha. trata-se de um protecionismo absurdo e devo dizer que a Itália paga este preço, mesmo não tendo o mes-mo grau de interesse como, por exemplo, o da França. Mas por causa da política da União Euro-péia, a Itália paga mais caro pelo produto que compra — acrescen-ta o embaixador do brasil na Itá-lia Adhemar Gabriel bahadian.

Apesar desse quadro negati-vo, relacionado às barreiras fis-cais, o brasil é responsável por 33 por cento das exportações de carne no mundo, com 2,4 mi-lhões de toneladas, à frente res-pectivamente de Austrália, No-va Zelândia, Argentina, Estados

Unidos e Canadá. Em prática, de cada três quilos de carne comer-cializada no mundo, um vem do brasil. É um produto apreciado pelo seu sabor, consistência e qualidade, pois, o gado no brasil possui alimentação vegetariana, sem introdução de resíduos de origem animal, nem hormônios.

As exportações de carne bra-sileira estão crescendo e equiva-lem hoje a 26 por cento da pro-dução nacional. Em 1998, era quase integralmente relativa à carne cozida enlatada enquanto que, hoje, a venda se concentra no produto refrigerado e conge-lado para consumo em um breve período de tempo.

Evento organizado pela ABIEC promove carne brasileira na Itália. Vem do Brasil um em cada três quilos do produto comercializado no mundo

ana PaUla torrEsCorrespondente • roma

O sabor do Brasil

Pratini de Moraes: mais gado do que pessoas no Brasil

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Maior flexibilidade, me-nos riscos no manu-seio, custos de pro-dução mais baixos e

a possibilidade de ser reciclado. Essas são somente algumas das vantagens que têm feito do plás-tico um alternativa mais viável e cada vez mais recorrente a produ-tos como madeira, vidro, metais ou fibras. segundo dados da As-sociação brasileira de Indústrias Químicas (Abiquim), somente no primeiro trimestre de 2007, a pro-dução brasileira de resinas plásti-cas teve um crescimento de 5,01 por cento, chegando à marca de 1,2 milhão de toneladas.

Para entrar ou consolidar sua participação nesse mercado, 32 empresas italianas vieram a são Paulo de 7 a 11 de maio para par-ticipar da brasilplast 2007.

Na Itália, a entidade responsá-vel por trazer as empresas para os eventos em outros países é o Insti-tuto de Comércio Exterior (ICE). O diretor do órgão no brasil, Ricardo landi, explica que as feiras são im-portantes não somente para fazer bons negócios, mas também para divulgar o desenvolvimento tecno-lógico da nação. Um dos maiores

enganos da população em geral, segundo ele, é associar a economia italiana a setores essencialmente de moda, calçados e alimentos.

— Essas indústrias são real-mente importantes, porém, em termos concretos, a Itália expor-ta tecnologia de maquinário para o mundo e especialmente para o brasil — diz.

Por causa do seu grande po-tencial produtivo, landi acredita que o país seja um parceiro per-feito para a Itália.

— O brasil está desenvol-vendo muito rapidamente sua indústria e, por isso, precisa de maquinário avançado em termos tecnológicos. Em muitos seto-res, o maquinário italiano é o melhor do mundo — afirma.

O ICE promove e financia cerca de 10 a 12 feiras por ano. A escolha de quais eventos parti-cipar, segundo o diretor, é a par-te mais fácil.

— A principal preocupação do Instituto é atender ao empre-sariado italiano, por isso, esco-lhemos as feiras que sejam im-portantes para eles, conforme a quantidade de pedidos enviados à sede na Itália — revela.

Depois de confirmada a par-ticipação, o órgão cuida da mon-tagem do espaço, promove en-contros, jantares, a inserção das empresas no catálogo oficial e a criação de um catálogo do pavi-lhão italiano.

— As empresas interessadas pagam somente o preço propor-cional ao tamanho de stand — explica.

Apesar de 50 por cento italia-na, a empresa de tratamento de alumínio Italtecno, por já estar estabelecida há um bom tempo no brasil, é uma das que prefere par-ticipar dos eventos em stands pró-prios, sem a assessoria do ICE. se-gundo o gerente-geral da empresa no brasil, Rogério dos santos, ao contrário das empresas que vêm de fora buscar mercado, a Italtec-no já possui os seus clientes fixos e usa as feiras essencialmente pa-ra estreitar o relacionamento.

— Normalmente chamamos algum especialista italiano para uma palestra e convidamos nos-sos clientes de outros estados para participação. se aparecerem novos negócios, ótimo, mas, co-mo o mercado de alumínio é mui-to pequeno, a nossa maior preo-

cupação é fazer o contato com nossos clientes todos no mesmo lugar — salienta santos.

A maioria dos eventos é pro-movida em são Paulo, porém, há acontecimentos importantes tam-bém no Rio de Janeiro, em be-lo Horizonte e em Porto Alegre. Eventualmente, alguma personali-dade política aparece. Um exem-plo foi a feira de Defesa, a lAAD, que aconteceu no Rio no mês de abril e contou com a presença de uma delegação italiana, liderada pelo vice-ministro da Defesa, Mar-co Verzaschi. As viagens diplomá-ticas, explica landi, são impor-tantes para demonstrar a parceria não só econômica mas também política dos dois países. Essa boa vontade foi demonstrada há dois meses, durante a visita do primei-ro-ministro, Romani Prodi.

— A visita de Prodi foi um sinal importante da possibilida-de de desenvolvermos, juntos, questões de caráter econômico e industrial, sendo a maior delas a energia. Nos últimos anos, a Itá-lia ficou para trás no setor, prin-cipalmente na bioenergia, onde o brasil será um dos mais impor-tantes senão o mais importante — opina.

Os indicadores econômicos positivos, como o pagamento da dívida externa, o recorde de baixa no Risco País e a inflação contro-lada, têm feito, segundo o diretor do ICE, aumentar o interesse das empresas italianas no país.

— O único problema ainda é a burocracia. Mesmo assim, es-tá melhor e pequenas e médias empresas italianas estão entran-do no brasil. Como elas não anun-ciam no jornal, pouca gente sabe. O ICE conhece porque ajudamos nessa instalação — conclui.

Muito mais que só negócios

Empresas italianas participam da Brasilplast 2007, em São Paulo, e aproveitam para divulgar o desenvolvimento tecnológico de maquinário

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economia

gem e está intimamente ligado à uma demanda interna italiana. Por conta disso, há alguns anos, a legislação trabalhista da área de saúde foi amplamente modi-ficada, provocando uma exigên-cia imediata de enfermeiros com graduação universitária.

A turma de 45 enfermeiros, a maioria deles descendentes de famílias italianas e provenientes dos estados do Rio de Janeiro e santa Catarina, após vários me-ses de preparação, realizou na última semana de abril as pri-meiras provas do Infermieri Pro-fessionali Assistenti Sanitari Vigi-latrici d’Infanzia (Ipasvi), órgão que representa os enfermeiros italianos, aplicada para profissio-nais brasileiros. O grupo, selecio-nado entre mais de 300 candida-tos de todo o país, aguarda neste momento a aprovação no exame para obter a permissão para atu-ar profissionalmente na Itália, provavelmente em hospitais e clínicas localizados no centro-norte do país, em regiões como toscana, lazio, Emilia-Romagna, Piemonte e lombardia.

segundo Marchiori, a busca e seleção destes candidatos não envolveu muita publicidade.

— O mercado de trabalho é uma área muito delicada e a úni-ca coisa que não se deve fazer nunca é criar falsas ilusões. to-do o processo ocorreu de modo muito discreto e direto, através de órgãos ligados à comunidade italiana no brasil, como consula-

dos, embaixadas e centros cultu-rais — explica.

Ele acrescentou ainda que a descendência italiana não é ca-ráter obrigatório, mas os ítalo-brasileiros têm preferência no processo de seleção pelas afini-dades com a língua e a cultura italianas. O fato de a agência Obiettivo lavoro ter escolhido o mercado brasileiro para atuar está intimamente ligado com a forte integração da comunidade italiana no país e a conseqüente facilidade com a questão da lín-gua e da cultura. Marchiori tam-bém salientou que o trabalho de intermediação da empresa só co-meça a partir do ponto em que o candidato já possui domínio da língua italiana.

“Migração temporária”Principal responsável pelo proje-to no continente sul-americano, Marchiori destaca que o objeti-vo da empresa não é praticar um modelo de emigração de modo definitivo.

— A função é proporcionar uma espécie de formação tempo-rária dos enfermeiros brasileiros na Itália — diz.

O milanês Marchiori recor-da elementos importantes des-te processo. Para ele, o país de origem dos candidatos, neste ca-so o brasil, investiu socialmente nesta formação.

— Isso se deve ao interes-se da empresa em favorecer o retorno destes enfermeiros ao mercado brasileiro com um enri-quecimento e uma bagagem pro-fissionais superiores, até mesmo porque, paradoxalmente, o brasil também sofre com a falta de pro-fissionais qualificados na área de saúde — reflete.

O mercado de trabalho na Itália hoje Na opinião de Marchiori o mer-cado de trabalho italiano passa atualmente por um momento de retomada econômica, apresen-tando níveis razoáveis de de-semprego. De acordo com ele, as melhores oportunidades para os estrangeiros estão nas áreas mais segmentadas e especializadas.

— O mercado de trabalho italiano é muito segmentado, o que gera certas tensões por uma alta demanda em algumas áreas e excesso de profissionais em ou-tras. Assim como ocorre no bra-

sil, existem setores nos quais há muitos trabalhadores e poucos empregos e áreas nas quais não se encontram os trabalhadores — observa, citando como exem-plo típico da Itália a falta de operários para construção civil e, no âmbito brasileiro, a falta de médicos e profissionais de saúde no interior do país.

Na opinião de Marchiori, a Itália necessita de profissionais altamente especializados, en-quanto a maior parte dos imi-grantes que chegam ao país, atu-almente provenientes de países não-desenvolvidos, não possui curso universitário ou alguma especialização.

— Existe uma relação de cor-respondência inversa entre nível profissional e deslocamento físi-co. Não é lógico um deslocamen-to de uma pessoa não-qualifica-da do brasil para a Itália, pois, a relação entre custo da transfe-rência e valor do trabalho do pro-fissional no mercado de trabalho é muito desigual — avalia.

Para Marchiori, quanto maior a competência profissional, maior o valor do profissional no merca-do de trabalho e menor o obstá-culo para sua inserção no campo das oportunidades.

Por conta disso, segundo ele, percebe-se que grande parte dos estrangeiros migrados para a Eu-ropa, sem a intermediação de al-guma agência de emprego, são trabalhadores não especializados, que assumem postos de trabalho considerados subempregos.

— A importância da interme-diação de uma agência de recur-sos humanos é conseguir encon-trar as ofertas de trabalho que sejam compatíveis com as com-petências profissionais do can-didato. sozinhos, os imigrantes são obrigados a aceitar o primei-ro emprego que encontram, que será inevitavelmente não-espe-cializado — fala.

Outras áreas profissionais envolvidasO projeto de busca e seleção de enfermeiros é apenas a primeira ação da Obiettivo lavoro, que se posiciona como a primeira em-presa a realizar este tipo de in-termediação oficial entre em-presas italianas e profissionais brasileiros. Um dos futuros pro-jetos da empresa envolverá tam-bém a busca de profissionais para

iniciarem ou desenvolverem ati-vidades para empresas italianas interessadas em atuar no brasil.

Além de enfermeiros, outros profissionais que poderão come-çar em breve a serem seleciona-dos pela Obiettivo lavoro, devi-do à alta demanda na Itália, são técnicos em radiologia, técnicos do setor metal-mecânico e do se-tor calçadista.

Outra boa notícia é a recente modificação na legislação italia-na da chamada lei “bossi-Fini”, que regulamenta o trabalho de estrangeiros na Itália. O Conse-lho de Ministros italiano aprovou durante este mês de abril a refor-ma desta lei, instituída durante o governo do premier silvio berlus-coni e que limitava o ingresso de estrangeiros no país.

“Sozinhos, os imigrantes são

obrigados a aceitar o primeiro

emprego que encontram,

que será inevitavelmente

não-especializado”Valentino Marchiori,

responsáVel pelo projeto

Por um lugar ao sol

Profissionais especializados têm mais chances de trabalhar na Itália

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Nos próximos meses em-barcará para a Itália a primeira turma de en-fermeiros brasileiros ap-

tos a atuar em hospitais e clíni-cas italianas. Esta iniciativa faz parte do projeto de uma agên-cia de recursos humanos italia-na, a Obiettivo lavoro, atuante há quase dois anos no brasil e que pretende ampliar, em breve, a oferta para outras áreas profis-sionais, focando nas principais demandas do mercado de traba-lho italiano. De acordo com um dos coordenadores da empresa, Valentino Marchiori, a iniciativa valoriza aqueles que buscaram a especialização na carreira.

— Os profissionais especia-lizados são o futuro da migração temporária de trabalhadores no mercado de trabalho globalizado — define.

Os brasileiros e, principal-mente os descendentes de fa-mílias italianas, possuem agora oportunidades concretas para a inserção no mercado de traba-lho italiano e de exercerem sua profissão na Itália. Com a conso-lidação de seu trabalho no bra-sil, a agência proporciona a ida de profissionais brasileiros para temporadas de aperfeiçoamento na Itália.

O primeiro projeto da Obiet-tivo lavoro no brasil, existen-te desde 1998 na Itália e que já empregou mais de 70 mil estran-geiros no mercado local, envolve profissionais da área de enferma-

De acordo com Marchiori, es-te novo projeto de lei, mudará positivamente as atividades de imigração na Itália.

— Ele está ligado a projetos específicos de interesse do mer-cado de trabalho italiano, com atenção também ao mercado de proveniência, favorecendo os pro-cessos que possuem a aprovação do país de origem. Com esta no-va lei, serão abertas, certamen-te, mais oportunidades para os estrangeiros na Itália, talvez não maiores em números, mas certa-mente melhores na qualidade — acredita Marchiori.

Caminho inverso, possibilidades para italianos no Brasilsegundo o coodernador, que es-tá apenas há dois meses em são Paulo, a empresa, por enquanto, não tem projetos para a inserção de profissionais italianos no bra-sil. Ele relembra que a legislação brasileira é muito rígida com o in-gresso de estrangeiros no mercado de trabalho local, devido aos gran-des problemas de desemprego.

— Existe certamente uma forte demanda de enfermeiros e médicos no interior do brasil, mas que não é preenchida porque não são en-contrados profissionais dispostos a trabalhar no interior — comenta, acrescentando que, se tiver opor-tunidade, pretende organizar gru-pos de médicos e profissionais da área de saúde estrangeiros, não apenas italianos, para trabalha-rem temporariamente em áreas no interior do brasil, afastadas dos grandes centros urbanos.

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comunidadecomunidade

O ônibus, vindo da pequena cidade de Piraí do sul, no Paraná, chegou às 11 ho-ras da noite no Campo de

Marte, zona norte de são Paulo. Dentro dele, 46 senhoras, que já haviam enfrentado oito horas de viagem e se preparavam para pas-sar a madrugada em claro, à espe-ra da missa do Papa bento XVI.

Marlene Felix da silva, de 46 anos, uma das mais novas desse grupo, contou que a viagem foi decidida assim que elas soube-ram que o Papa viria ao brasil.

— Piraí do sul foi uma das cidades por onde o Frei Galvão [primeiro santo brasileiro, cano-nizado na missa celebrada pelo Papa] passou. Por isso, a gente tinha que vir acompanhar a mis-sa — conta ela.

O roteiro das paranaenses incluiu a missa e nada mais. No momento em que os ritos finais fossem anunciados, elas volta-riam para o ônibus a fim de en-frentar a maratona da volta. Pa-ra assistir à cerimônia, o grupo, composto na sua maioria de mu-lheres da terceira idade, preci-sou aprimorar a resistência físi-ca e mental. Marlene conta que,

durante as 12 horas passadas no Campo de Marte, elas permanece-ram acordadas e de pé.

— A gente trouxe cadeiras para passar a noite, mas fomos proibidas de entrar com elas por medida de segurança — revela.

Assim como Marlene e suas amigas, centenas de milhares de fiéis vieram a são Paulo para ver, mesmo que de longe e por alguns instantes somente, o Papa ben-to XVI. E eles não vinham só do brasil. Em todos os eventos, era possível ver bandeiras de dife-rentes países, como Argentina, Chile, bolívia e México. Os núme-ros, apesar de não terem alcan-çado as expectativas, são sur-preendentes. No dia da chegada, cerca de 15 mil pessoas espera-ram a palavra do santo Padre em frente ao Mosteiro de são bento, no centro da cidade, onde ele fi-cou hospedado. No encontro de jovens, 35 mil lotaram o estádio do Pacaembu. Na missa no Cam-po de Marte, mais de um milhão de fiéis estiveram presentes. Na de Aparecida, 150 mil pessoas passaram o dia das mães longe de casa só para ouvir as pala-vras do pontífice.

A administradora Débora Cos-ta, de 29 anos, explica que, para os católicos, o Papa representa o mensageiro da vontade de Deus na terra. Por isso, é tão importan-te para eles ouvir as palavras do santo Padre ao vivo e ser abenço-ado por ele. Ela conta que preci-sou pedir oito dias de licença no trabalho para, junto com o gru-po de jovens de são luís do Mara-nhão, seguir toda a visita de ben-to XVI, de são Paulo a Aparecida.

— Meu coordenador sabia da importância que tem para mim estar nesse evento, então não houve problemas. Porém, mes-mo que ele não deixasse, eu viria do mesmo jeito, afinal esse é um evento único — diz.

Assim como Débora, quem decidiu acompanhar o pontífice não decepcionou. Contrariando a imagem de “frio e reservado”, bento XVI se mostrou extrema-mente amável nos cinco dias em que esteve no brasil. logo no pri-meiro discurso, ele afirmou que o brasil, país, hoje, com o mais alto número de católicos, “ocupa um lugar muito especial no co-ração do Papa”. No Mosteiro de são bento, por diver-sas vezes, saiu à saca-da para pregar pala-vras de fé, agradecer o carinho do povo brasileiro ou sim-plesmente acenar. Durante os eventos,

declarou, repetidamente, seu amor pelo povo, sempre que foi possível trocou o carro fechado pelo papamóvel [com o qual a in-teração com o público era maior] e até mesmo caminhou entre os fiéis em Aparecida.

Já os discursos permanece-ram com a contundência habitual dos sucessores de são Pedro [pri-meiro Papa da Igreja Católica]. O reforço aos valores cristãos e o respeito à vida foram abordados no primeiro dia da visita. Já no encontro de jovens, a castidade foi o assunto principal. Na missa do Campo de Marte, o peso de su-as palavras caíram sobre a mídia, que “ridiculariza a virgindade”, e sobre os “desvios sexuais” na Igreja. Em Aparecida, na Fazenda Esperança, que promove a recu-peração de dependentes de dro-ga, o pontífice advertiu que os traficantes terão contas a prestar com Deus. Já o discurso do dia de encerramento da visita teve uma pesada crítica ao capitalis-mo e ao marxismo e a reprovação ao aborto, tema que havia sido

evitado na reunião com o presidente lula,

tão logo chegou ao brasil.

Unidos pela fé

São Paulo pára para receber Bento XVI que exorta fiéis e desfaz imagem de “frio e reservado”

brUna cEnço

Em visita ao Brasil, o Pontífice fez crítica ao capitalismo, ao

marxismo e reiterou sua reprovação ao aborto

Uma das religiosas mais evangelizadoras e mis-sionárias na história da Igreja Católica, Madre te-

resa de Calcutá, quando pergun-tada sobre qual era “a força mais potente do universo”, respondia enfaticamente: “a fé”. E, conco-mitantemente aos preparativos para visita do papa bento XVI ao brasil, os italianos, e mais espe-cificamente os calabreses, prova-ram que o fervor da religiosida-de atravessa gerações. Foi o que aconteceu com milhares de fiéis que se reuniram para celebrar o quinto centenário da morte de são Francisco de Paula, na Calá-bria, na província de Cosenza.

tanto que na festa deste ano, realizada no último fim de semana de abril na Itália, uma comitiva chefiada pelo cônsul geral da Itá-lia no Rio, Massimo bellelli, levou representantes de cidades flumi-nenses a participarem do evento. O grupo era formado pelo prefeito de Angra dos Reis, Fernando Jor-dão, o vice-prefeito de Petrópo-lis, Henrique Manzani, o secretá-rio do trabalho e o presidente da Câmara Municipal de barra do Pi-raí, Roberto Monzo Filho e Cris-tiano Almeida, respectivamente; o representante consular de Fri-burgo, Ronaldo Vanzillotta, o pre-sidente do Hospital Italiano, Aldo Chianello, o diretor-presidente de ComunitàItaliana, Pietro Petraglia e o diretor-presidente da Unimed Duque de Caxias, Edmon Gomes da silva Filho.

No dia 4 de maio, a comitiva participou da missa solene presi-dida pelo cardeal Renato Raffae-le Martino [que também acompa-nhou o Papa na visita ao Brasil]. O ritual, que durou duas horas, contou com a presença do pre-

sidente da região, Agazio loiero, e a dos dirigentes das principais províncias calabresas, entre eles, Mario Oliviero, de Cosenza. Du-rante a celebração, cada um dos presidentes provinciais ofereceu o “óleo votivo” e loiero acendeu uma espécie de “lâmpada” atean-do fogo no óleo armazenado. O momento sugere um oferecimen-to de agrado ao santo e a reno-vação de sua importância junto à comunidade presente.

Depois da missa, cerca de 30 mil pessoas participaram da pro-cissão que seguiu por entre as vias estreitas da montanha pao-

lana. Das sacadas, os mais belos mantos saudavam a passagem da imagem de são Francisco e famí-lias inteiras se espremiam para ar-remessar flores sobre o andor. No ponto final da procissão, a Praça Pizzini, o comissário extraordiná-rio da cidade, Carlo Ponte, fez a simbólica entrega das chaves ao santo. No mesmo local, uma sur-presa demonstrava que a fé existe sem impedimentos, sendo capaz de unificar inclusive nações. Uma

grande faixa diante da sacada: “bem-vindos irmãos brasileiros”.

Mas italianos e descendentes católicos que não puderam sentir o fervor da devoção a são Francis-co no reduto do santo, porém esti-veram no Rio de Janeiro durante a primeira semana de maio, não dei-xaram de fazer suas orações e agra-decimentos. Em seis dias de feste-jos, a Paróquia dedicada ao santo na barra da tijuca, Zona Oeste do Rio, reuniu mais de cinco mil fiéis numa programação diversificada que contou com palestras, a apre-sentação da banda sinfônica dos Fuzileiros Navais do Rio de Janei-ro, uma peça de teatro e a tradi-cional missa solene, presidida pelo cardeal arcebispo do Rio. Dom Eu-sébio Oscar scheid, além da festa externa, com barraquinhas e comi-das típicas da região da Calábria.

— Precisávamos de uma pro-gramação adequada que apresen-tasse a figura de são Francisco aos paroquianos e ao público em geral. Hoje, mais do que nunca, a vida e a missão dele são exemplos para re-novarmos os costumes de nossa fé e fazer reviver a essência do Evan-gelho. são Francisco se dedicava a pregar a conversão, a caridade, a humildade, a penitência e a frater-nidade — salienta o frei Costanti-no Madarino, vigário da paróquia.

A missa contou ainda com a presença do embaixador da Itália no brasil, Michele Valensise e de centenas de jornaleiros [além de padroeiro da Calábria, São Francis-co também protege a classe], como o membro fundador da Casa D’Itália de Petrópolis, salvatore santoro.

Canonizado em 1° de maio de 1519, depois de vários processos que buscavam comprovações de seus milagres, são Francisco tem o dia 2 de abril dedicado às suas comemorações. Nascido em Paola [com, atualmente, 15 mil habitan-tes] o santo passou a ter devoção reforçada depois de um terremo-to que atingiu a região, destruin-do milhares de casas e vitimando outros milhares de calabreses. se-gundo a história, a imagem em mármore do santo, localizada na porta de acesso à cidade se moveu e expressou a afirmação de que nada aconteceria ao povo paolano e às suas casas. Paola nada sofreu e seus cidadãos veneraram ainda mais são Francisco. E em toda ca-sa de calabrês que se preze existe ao menos uma imagem do santo, seja na Itália ou no exterior.

Fervor que não se abala

A cidade de Paola, na Calábria, celebra os 500 anos da morte de seu padroeiro, pelo qual a devoção de seus fiéis foi redobrada após terremoto

Da rEDação

Carlo Ponte em dois momentos: na entrega simbólica da chave a São

Francisco de Paula e com o prefeito de Angra dos Reis, Fernando Jordão

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entrevista

O que funciona melhor: ter os seus próprios equipa-mentos e pagar menos pelo serviço individual ou

terceirizar as atividades e assim economizar os custos de manu-tenção? Para responder a isso e evitar problemas de gerenciamen-to, a Universidade de bologna, na Itália, promove um estudo sobre a terceirização de serviços públicos.

Professor da instituição, o es-pecialista em controle e gerencia-mento de organizações do setor público Emanuele Padovani veio a são Paulo neste mês para uma palestra sobre a pesquisa, que te-rá continuidade no brasil. segun-do ele, o estudo é importante para colocar limites na terceirização de serviços, que tem sido feita sem discernimento em algumas cida-des. O exemplo mais usado para a pesquisa foi o da limpeza de es-tradas nos municípios italianos. De acordo com ele, a importân-cia dessa tarefa e a dificuldade de analisar a eficácia do trabalho fa-zem dessa atividade um dos exem-plos mais indicados para a análise. Uma parceria entre a Universida-de de bologna e a Universidade Metodista de são Paulo pretende fazer um estudo semelhante em municípios brasileiros, começando pelo AbC Paulista [Santo André, São Bernardo e São Caetano]. Nes-ta entrevista, o professor explicou sobre o projeto.ComunitàItaliana – Essa idéia te-ve relação com algum pedido de uma prefeitura?Padovani – Não. Os estudos fo-ram motivados pelo desejo aca-dêmico de entender o processo de terceirização, muito recorren-te em todo mundo, e assim apri-morá-lo. Os municípios não pre-cisam cooperar necessariamente. CI – E os resultados foram envia-dos às cidades?

Padovani – Enviamos os resulta-dos sim, mas pouca coisa mudou. Uma ou outra cidade se interes-sou e fez algumas alterações, mas a maioria, não.CI – Todos os casos apresenta-dos são de municípios de pro-porções médias na Itália. Porém, os mesmos 30 mil habitantes não passam de uma pequena cidade no Brasil. O estudo pode ser considerado válido aqui? Padovani – Perfeitamente. Inclu-sive um dos objetivos é, um dia, chegar a um estudo de uma me-galópole, como são Paulo. Isso seria mais difícil, mas é possível, sim. O contexto de são Paulo e da Itália é muito similar. são Paulo foi colonizada por portugueses. Então, assim como a Itália e as demais civilizações latinas, foi

baseada no sistema napoleônico de administração. Isso nos deixa muito próximos. CI – Qual a próxima etapa?Padovani – Agora eu volto para bo-logna, onde continuo levando os estudos da parte italiana adiante. Aqui, uma outra equipe, da Univer-sidade Metodista, será responsável pela parte brasileira. O sistema de comparações ideal não é que uma mesma pessoa conheça os dois pa-íses, mas sim que uma pessoa do próprio país, que conheça as su-as especificidades, faça o estudo e troquemos as experiências. CI – No começo da palestra foi dito que o foco aqui no Brasil seriam as cidades do ABC. A comparação será feita com os mesmo casos apresentados ou haverá novos estudos?

Padovani – serão outros casos. Agora, se serão novos estudos, isso não dá para ter certeza, porque pri-meiro é preciso haver o interesse do município. Na Itália, chegamos num ponto em que não dá mais pa-ra fazer levantamento pelo simples interesse acadêmico, é necessário que haja o interesse da prefeitura. CI – Aqui no Brasil, algum municí-pio já demonstrou esse interesse?Padovani – sim. A prefeitura de santo André. Ainda não foi especi-ficamente por esse estudo, mas ela se mostrou interessada no projeto.CI – Já existe data para divulga-ção de resultados?Padovani – Acredito que até 2008 tenhamos, pelo menos, um relatório preliminar.CI – O estudo foi feito baseado em municípios, mas a forma de análise de risco e de sucesso na operação também pode ser usa-da em empresas?Padovani – Com toda certeza. A es-colha pela terceirização tem a ver

com a diminuição de custos, que é um interesse econômico e não po-lítico. É o princípio básico da eco-nomia. O problema é determinar quais os serviços que podem ser terceirizados. A globalização deixa isso mais evidente, à medida que empresas passam a produzir em outros países como forma de dimi-nuir custos. terceirizar, então, é só mais uma forma de cortar gastos.CI – Às vezes um número pequeno de empresas manda no mercado. Quando há problemas como esse, o estudo prevê a possibilidade do processo ser revertido? Padovani – Certamente. Na teoria, nada impede que um modelo que está dando errado seja revertido e, inclusive, essa é a idéia. Um dos objetivos do estudo é colocar li-mites na terceirização, que tem sido feita sem critério em alguns casos. Porém, no caso do trans-porte público, dificilmente isso aconteceria por causa dos interes-ses econômicos envolvidos.

Vale a pena terceirizar?

Segundo o especialista italiano Emanuele Padovani, a hora é de colocar limites na terceirização de serviços

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“Italiana di m..da!” E’ co-sì che si rivolge una si-gnora immigrata, sedu-ta accanto al marito e

ai figli, ad una signora romana che dentro un autobus affollatis-simo pesta involontariamente il piede alla prima e le chiede su-bito delle scuse. sempre a Roma, sulla linea 19 del tram, un altro episodio che succede spesso. Un uomo sale in una delle fermate e con una chitarra comincia a suo-nare e cantare sempre la stessa canzone di tutte le altre volte. Poi, percorre tutto il mezzo chie-dendo soldi alle persone. Ma non lo fa come tutti gli altri che con questo “lavoro” ci campano ogni giorno per le strade di Roma. lui si rivolge in modo piuttosto ag-gressivo, soprattutto verso le donne, dicendo che la persona è buona se gli dà dei soldi e che è cattiva, grassa o che ha la cellu-lite se si rifiuta di farlo. Ma quel-lo che ha forse fatto traboccare il vaso, provocando l’indignazio-ne dei cittadini italiani e non, sia a Roma che in tutta l’Italia, è stata la morte di una ragazza aggredita dentro la metro con la punta di un ombrello da una pro-stituta rumena, che era già stata invitata ad uscire dal Paese pri-ma che la Romania entrasse a far parte dell’Unione Europea.

Qualche giorno fa un cittadi-no romano ha deciso di inviare una lettera al quotidiano “la Re-pubblica”, il quale l’ha pubblicata con il titolo: “Aiuto, sono di sini-stra ma sto diventando razzista”. Claudio Polverini cerca di raccon-tare quello che accade ogni gior-no in città e com’è nato il desi-derio di comunicarlo. – Non c’è stata una molla scatenante, un atto di violenza compiuto verso di me o la mia famiglia o ami-ci, – spiega l’autore nella lette-ra – ma un continuo stillicidio di fatti letti, di violenza vista, di si-cumera da impunità, di moralità calpestata, di identità violata e violentata, di fatti raccontati da persone sconosciute su un tram o una metropolitana.

Il testo di Polverini, che subi-to dopo la sua pubblicazione ha ricevuto il consenso di centinaia di lettori che si sono espressi in un apposito forum aperto sul si-to internet di “la Repubblica”, mette in dubbio la tolleranza che vi sarebbe in altri paesi:

– Di fronte agli stupri che avvengono, troppo frequente-mente, in varie città italiane, mi chiedo: e se io stuprassi una

giovane araba alla Mecca o a Ca-sablanca, se venissi preso dalla locale polizia a cosa andrei in-contro? E se a bucarest, in me-tropolitana, avessi accoltella-to un giovane rumeno per una spinta ricevuta, che mi avrebbe-ro fatto le locali autorità? Per-ché – si chiede Polverini – devo essere sempre buono ed acco-gliente con i nomadi, ahi, ta-sto dolentissimo e pericolosis-simo, quando questi rubano, si ubriacano, violano la mia casa e la mia intimità, quando rovi-stano nei cassonetti e buttano tutto fuori, quando mendicano con cattiveria e violenza, quan-do bastonano le immigrate che non vogliono prostituirsi, quan-do sbattono i bambini in strada

o mandano i figli a scuola con i pidocchi?

Claudio Polverini afferma che l’intolleranza verso lo straniero cresce ogni giorno e che non si fa nulla per eliminarla. “Centi-naia di persone come me, – spie-ga – che hanno sempre litigato con tutti per difendere chi entra in questo Paese, che si sono bat-tute come leoni contro l’intolle-ranza e la violenza xenofoba, so-no stremate e ridotte, ormai, alla schizofrenia.” lui conclude la let-tera sottolineando di sapere che tanti reati vengono compiuti an-che da italiani e che la richiesta allora è di una legalità che valga per tutti. Un altro punto solleva-to da Polverini è che spesso chi chiede questa legalità viene di-pinto come razzista e di destra. lui, essendo dichiaratamente di sinistra, dice di aver paura di star diventando razzista.

Alla sua lettera ha risposto anche il sindaco di Roma Walter Veltroni, dicendo che la legalità non è di destra o di sinistra. – E’ un diritto fondamentale dei cit-tadini, e chiunque è al governo di una comunità sa che assicu-rarne il rispetto è un suo com-pito, un suo dovere. soprattutto oggi, - scrive Veltroni – perché ogni persona che abbia occhi per vedere e orecchie per sentire per-cepisce che effettivamente, nella nostra società, le braci dell’insi-curezza e della diffidenza verso gli stranieri rischiano di trasfor-marsi in un incendio di intolle-ranza e poi di odio, di chiusura e poi di esclusione.

Il primo cittadino di Roma propone come combattere que-sto fenomeno: – Ecco il duplice atteggiamento: condizioni di vi-ta migliori, scolarizzazione e in-serimento lavorativo, in una pa-rola solidarietà, per chi rispetta la legge e le regole di conviven-za civile. Fermezza e assoluta severità per chi di queste leggi non si cura e queste regole le infrange.

Inoltre, il sindaco sottolinea la necessità di governare i flussi di entrata e moltiplicare gli stru-menti di integrazione. – bisogna affermare il principio che per chi sceglie di vivere in Italia non ci sono solo diritti: ci sono i dove-ri, ci sono le leggi da rispettare. Integrazione e legalità – con-clude Veltroni – devono sempre convivere.

Lettera di un cittadino apre dibattito su diritti e doveri di tutti, immigrati compresi

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“L’intolleranza verso lo straniero cresce ogni giorno e che non si fa

nulla per eliminarla”claudio polVerini, cittadino roMano

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La delegazione di imprendi-tori italiani presente alla latin American Air Defence è stata capitanata dal Vice

Ministro alla Difesa Marco Verza-schi. In uno scambio di idee av-venuto nell’accogliente sala del Console Generale bellelli, anfi-trione sempre competente e cor-tese, Verzaschi si è espresso su vari argomenti.

Ha innanzitutto dato la sua valutazione della presenza ita-liana alla lAAD, da lui ritenuta perfettamente valida dal pun-to di vista tecnologico, seppur composta da un numero ristret-to di espositori. Poi ha ricorda-to che l’Augusta, presente con i suoi più recenti elicotteri e che nel 1996 aveva avuto sei ordi-ni e aveva consegnato un solo elicottero, l’anno scorso ha avu-to un fatturato di 650 milioni di euro e ha impegni che vanno fi-no al 2009.

Ha poi sottolineato la dispo-nibilità italiana a collaborare tecnologicamente, in regime di partnenariato, con tutti i Paesi dell’America Meridionale, poiché le nostre aziende si muovono li-beramente nei mercati, anche se da un punto di vista politico il brasile è una delle nazioni con le quali l’Italia vuole stringere rapporti.

sollecitato da una domanda di Comunità sul ruolo della no-stra Difesa per ciò che riguarda la lotta mondiale al terrorismo, ha voluto esaltare il ruolo del-le nostre truppe dalla somalia all’Afganistan, dove è genera-lizzato l’apprezzamento per il lavoro dei nostri militari. Inol-tre ha ricordato che deve parti-

re anche un’azione politica che non può essere svolta dai mili-tari – perché non è il loro com-pito – ma dagli organismi in-ternazionali e dalla diplomazia, per “chiudere” il cerchio della pace. Questa chiusura manca

nei balcani, in alcune zone co-me il Kossovo, dove noi ci tro-viamo in maniera massiccia e abbiamo il plauso di tutte le autorità locali.

Per ciò che concerne il mo-mento politico italiano, segnato

dalla nascita del Partito Demo-cratico [PD] e dalle polemiche a rispetto della sua collocazione ideale e culturale, il Vice Mini-stro ha detto a Comunità che la Federazione Democristiana (UDEUR e Nuova DC) sarà alleata della nuova aggregazione poli-tica, e ne ha poi così analizzato le conseguenze: “siamo consa-pevoli che questo centrosinistra sarà un esperienza che non si potrà riproporre: troppe forze diversificate l’una con l’altra, troppe difficoltà per fare scelte su temi importanti come la po-litica estera e quindi crediamo che nascerà una grande forza di centro. È chiaro che questo an-drà a scapito di una parte del centrodestra, e non parlo solo della UDC, ma di gran parte del-l’elettorato di Forza Italia, che può e deve dialogare con la par-te moderata del centrosinistra. Credo che questo possa rappre-sentare un quadro politico sta-bile che va dal 60 al 70% del consenso di quest’area. la gen-te vuole questa stabilità e credo che anche con un PD depurato della sinistra radicale si possa tranquillamente governare bene in senso riformista”.

Parlando infine di riforme istituzionali, e in special modo del senato delle Regioni appro-vato in prima lettura dalla Ca-mera nella scorsa legislatura, ha voluto confermare che, almeno secondo la posizione assunta dal suo partito (UDEUR), i se-natori eletti all’estero dovranno trovarci comunque una colloca-zione in ragione della rappre-sentanza, quella dei nostri emi-grati, che esercitano.

In regime di partneriato

Il Vice Ministro alla Difesa Marco Verzaschi sottolinea la disponibilità italiana a collaborare

DaniElE MEngacci

Radar ultra sensibili, elicot-teri di ultima generazione, aerei agili e armi con spe-cificità inimmaginabili per

un semplice civile. si trovava di tutto alla Fiera latino-Americana di Armi e Difesa, la lAAD, avutasi a Rio de Janeiro e che ha riunito 30 Paesi importanti nel segmento di difesa dei loro territori, di logi-stica militare a anche della manu-tenzione della pace nel mondo.

Alla sua sesta edizione, la lAAD, che ha luogo ogni due anni, ha provato che il tema si-curezza genera investimenti. l’evento, rivolto alle Forze Ar-mate, ha presentato una crescita del 17% in confronto all’edizione del 2005, quando ha ricevuto ol-tre 12mila visitatori.

Esempio per ciò che riguarda le relazioni europee con l’Oriente Medio e conosciuta per l’ efficace azione della sua polizia, l’Italia è stata presente per la quarta volta all’evento e ha portato le principa-li marche produttrici di prodotti le-gati alla difesa, oltre a rappresen-tanti del Governo e Forze Armate.

Formata da circa 20 persone, tra cui il Vice Ministro della Dife-sa Marco Verzaschi, la delegazio-ne italiana ha visitato il padiglio-ne ufficiale del Paese, composto da 15 imprese. la comitiva è stata accompagnata dal console d’Italia a Rio de Janeiro, Massi-mo bellelli, ed è stata organizza-ta grazie ad una partnership tra l’Istituto Italiano per il Commer-cio Estero (ICE) e l’Associazione Nazionale delle Industrie per l’Ae-rospazio e la Difesa (AIAD).

— Eventi come questo di-mostrano il ruolo dell’Italia tan-

to a livelli commerciali, perché è un’opportunità di fare contatti con fornitori e persone interessa-te di altri paesi, non soltanto il brasile, come a livello di attuazio-ne nel mondo. Per tutto ciò che ha già vissuto nella sua storia e le cause per le quali ha già lottato, l’Italia è molto impegnata con i problemi di sicurezza e anche con la difesa della pace – mette in ri-salto il console bellelli.

Marco Verzaschi, che duran-te il suo soggiorno in brasile ha incontrato il ministro brasilia-no della Difesa, Waldir Pires, ha considerato che alla lAAD “so-no stati condivise le eccellenti

relazioni di cooperazione esi-stenti tra i due paesi [Italia e Brasile] nel settore degli artico-li di difesa e sono stati valutate le possibilità di incrementi alla collaborazione, in un rapporto di vantaggi reciproci”.

Ancora in accordo alla no-ta ufficiale del Vice Ministro, “è emersa nell’incontro [con Waldir Pires] un’ampia intesa sulla ne-cessità di agire nell’ambito del-l’ONU, con intenzioni comuni, sia nel processo di riforme della stes-sa organizzazione, sia nelle solu-zioni di conflitti internazionali”.

l’Italia e il brasile hanno de-ciso di dare impulso al memoran-

dum di intese per la cooperazione nel settore della difesa firmato nel 1991. Ma è da molto che il brasile è mercato per l’Italia. la partner-ship tra la Finmeccanica [maggio-re impresa del segmento in Italia e presente alla LAAD con cinque società: AgustaWestland, Galileo Avionica, Selex Communications, Selex Sistemi Integrati e Alcatel Alenia Space] e l’industria aero-nautica brasiliana risale agli anni ’70, quando la Força Aérea brasi-leira (FAb) scelse l’Alenia Aermac-chi Mb-326, un aviogetto da ad-destramento, per equipaggiare i suoi centri di addestramento di volo e le unità operative.

Per dieci anni, secondo l’im-presa, sono state prodotti oltre 180 aerei del modello con licenza brasiliana, in cooperazione con l’Embraer. E mentre l’AugustaWe-stland si è specializzata in pro-dotti per i bisogni marittimi di civili e militari, l’Alcatel Alenia space ha esibito alla Fiera i suoi principali programmi di teleco-municazioni militari e di osser-vazione di satelliti, che potevano essere provati dai visitatori.

secondo il direttore dell’ICE, Riccardo landi, la visita delle au-torità del segmento dà uno spe-ciale significato agli investimen-ti fatti nel settore, combinando la promozione delle tecnologie ai servizi italiani.

— spesso gli affari non ven-gono conclusi negli eventi, ma essi servono per un primo con-tatto. È la nostra presentazione, perciò stiamo attenti ai suppor-ti per accogliere nel migliore dei modi i nuovi partner – spiega.

leader in avionica [apparec-chiature elettroniche per impieghi aeronautici], la Galileo Avionica si è consolidata in brasile, ove è presente dagli anni ’80. Con-centrata nella produzione di ra-dar di avvicinamento e precisio-ne, simulatori e equipaggiamenti spaziali per piattaforme e cariche esplosive, l’impresa ha lancia-to in brasile tre nuovi prodotti, oltre ad aver presentato quattro componenti che compongono il programma “soldato del futuro”, applicato dall’Esercito Italiano.

tra i modelli visti di prima mano in America latina c’erano il radar Grifo-F, l’aereo-bersaglio Mirach 100/5, che gestisce fino ad otto bersagli simultaneamen-te, e il sistema Atos, per missioni di aerotrasporto.

Preparare, mirare...

Fiera delle Armi e Difesa in America Latina riunisce paesi di vari continenti. Con uno stand

maggiore, l’Italia porta innovazioni

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Taisy dalla libera. O sobre-nome não nega a origem italiana. A paranaense da cidade de Medianeira tem

o que se pode chamar de talen-to nato ou sorte de principiante. A jovem de 18 anos, que vendia roupas em sua cidade, talvez não imaginasse que se tornaria Miss Italia brasil, desde quando optou participar de concursos de bele-za, há um ano e meio.

O convite para a disputa do tí-tulo veio depois de um bom desem-penho na competição estadual.

— Conhecia o concurso, mas nunca tinha pensado em parti-cipar. Quando fiquei em terceiro no Miss Paraná, recebi a propos-ta. Isso foi há duas semanas. Daí só deu tempo de arranjar patrocí-nio e vir para cá — conta taisy.

Durante o concurso, a expec-tativa tomou conta dos cerca de 800 convidados que estavam no Circus Alphaville, em são Paulo, no dia 16 de abril. Na ocasião, 20 garotas de 17 a 28 anos, selecio-nadas em seis estados do país, se reuniram para decidir quem iria ter a honra de representar o bra-sil na final de um dos mais im-portantes concursos de beleza do planeta, o Miss Italia nel Mondo.

Essa será a 17ª edição do evento, que trará como novida-de o aumento no número total de candidatas e de representantes por nação. segundo o vice-pre-sidente mundial do concurso, o italiano Nino Malizia, a mudança do lugar da etapa final para um espaço maior possibilitou que cada país fosse representado por até três meninas.

— Ao todo, serão 50 garotas, vindas de 38 países, em vez de apenas 40, como acontecia até 2006 — ressalta.

O brasil, então, terá como re-presentantes, além da Miss Italia brasil, a Miss Italia Amazonia e

a Miss Italia sudamerica. As três irão se juntar às outras finalis-tas nos dias 11 a 25 de junho, na Itália, para concorrerem ao títu-lo de Miss Italia nel Mondo e aos prêmios de Us$ 50 mil mais um contrato com a rede de televisão RAI, que vai transmitir o evento.

O título de representante da Amazônia, até então decidido em um concurso no Caribe, ficou com a gaúcha shirley Maurina, 19, para quem a disputa começou bastante cedo. Ela teve que passar por duas eliminatórias, a da serra Gaúcha e a do Estado do Rio Grande do sul, antes de chegar à final.

— Já me sentia uma vence-dora por estar aqui competindo. Ganhar então, não tenho nem palavras — confessa.

Já a Miss Italia sudameri-ca, a goiana Nevila Palmieri, 20, tem como principal característi-ca a persistência. Miss Goiás em 2005, essa é a segunda vez que a beldade busca o título.

— sempre gostei de concur-sos. Participei do primeiro aos 13 anos. No ano passado fiquei em terceiro no Miss Itália e re-solvi tentar de novo. Representar um país, divulgar essa mistura de brasil e Itália é sinônimo de muito orgulho pra gente— diz a feliz ganhadora.

Para participar do concurso, a candidata deveria ter no míni-mo 1,70 m e ser descendente de italianos até a 5ª geração. Co-nhecimento da cultura e da lín-gua italiana também são consi-derados essenciais, portanto, as vencedoras brasileiras recebem aulas intensivas durante os dois meses existentes até a final.

Quem já passou por isso, co-mo a Miss Italia brasil 2006, He-loisa beraldo, sabe o quanto é importante falar o idioma já que, no fim, o voto é popular e as concorrentes precisam dar entre-vistas à televisão para conquis-tar o público.

— Na Itália, é quase um big brother. A tV acompanha os lu-gares em que a gente vai e, nos intervalos dos programas, apare-ce o nosso nome e o número para que o público vote por telefone — lembra.

segundo ela, o concurso tam-bém abre as portas para oportu-nidades no país.

— A Miss Italia Amazonia do ano passado, a brasileira Karina Michelin, venceu a disputa em 2006 e até hoje apresenta um programa de televisão na Itália — comprova Heloisa.

Apesar de ter representantes brasileiras há alguns anos, até

2005 o concurso era vinculado ao Miss Farroupilha (Rs). só no ano passado é que foram criadas fases seletivas nos estados. segundo Malizia, por conta disso, houve um aprimoramento da etapa brasileira e já existem planos para as próxi-mas edições. Um deles é promover a seleção final na cidade do Rio de Janeiro. Apesar dos planejamentos e da evolução no desenvolvimento do concurso, Heloísa diz que ainda há muito a ser aprimorado.

— Na Itália, em qualquer lu-gar que você vai, todos, da crian-cinha ao mais velhinho, falam “ah, você é a Miss brasil” e até pedem autógrafo. Na final, as meninas se enfrentam num show de talentos, o que é muito mais divertido. No brasil, o concurso está crescendo e espero que, em breve, cheguemos a esse nível — declara.

Vem do Paraná a representante ítalo-brasileira do concurso Miss Italia nel Mondo a ser realizado em junho próximo

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A beleza “no sangue”

Em sua 17ª edição, o concurso trará o aumento no número de candidatas e

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Civanilde Costa Marques, de 29 anos, está na Itália há mais de um mês. Ela se prepara para o veredi-

to final da justiça italiana sobre o destino do filho Isaac, 12. Em 2002, essa maranhense recupe-rou o direito sobre a guarda do filho diante da magistratura bra-sileira mas a sentença não foi re-conhecida na Itália.

tudo começou quando, em 1998, o menino começou a viver na Itália com sua irmã, por par-te de pai, que era casada com um italiano. Na ocasião, ela tinha prometido dar à criança uma vi-da melhor do que aquela oferecida pela mãe na cidade de são Vicen-te Ferrer, no interior do Maranhão. Poucos anos depois, a “meia-ir-mã” de Isaac entrou em depressão e voltou para o brasil deixando- o com o marido em turim.

Em 2003, o menino foi leva-do para um orfanato italiano por-que o “pai” não tinha condições de criá-lo sozinho. A descoberta sobre os maus tratos sofridos pe-lo menino em turim chegou atra-vés do setor de assistência social que investigou as denúncias e confirmou as suspeitas levanta-das pelos professores da escola freqüentada por Isaac. Ele foi le-vado para um orfanato e, quan-do Civanilde soube da situação, começou um longo percurso judi-cial no brasil e na Itália, com a ajuda do governo brasileiro.

— Estamos dando a ela to-do o apoio necessário. O governo brasileiro está fazendo o possí-vel. O caso é jurídico mas tudo pode acontecer e, se ele evoluir para uma questão política, ten-taremos sempre a via do diálogo — afirma o cônsul geral do bra-sil em Milão, Daryel de lima.

O processo já acumula cente-nas de páginas e tem tirado o sono do assistente consular Cláudio bar-bieri, que acabou sendo testemu-nha de defesa no processo italiano. Nele, Civanilde tenta provar para a justiça italiana que é a mãe de Isa-ac e tem condições de criá-lo.

— Ela é uma mulher humilde mas muito determinada. basta ver aonde ela chegou. Do interior do Maranhão, foi à comarca judicial dela, depois ao governo do estado do Maranhão, depois ao Itamaraty e finalmente aqui, no Consulado — lembra o assistente consular.

Por enquanto, Cláudio bar-bieri é a única pessoa autorizada

a ver Isaac. Depois da primeira audiência, o tribunal de Apela-ção de turim, não deu a permis-são para que Civanilde e seu filho se encontrassem. Cláudio barbie-ri esteve com ele mas não pode falar sobre a mãe e nem sobre o processo em curso.

— Ele me disse que gostaria de ir ao brasil por dois ou três meses, que tem boas lembranças de lá, da praia, lembra da mãe, da avó e da irmã [Civanilde tem uma outra filha]. Ele se sente em casa no orfanato onde está há quase 5 anos, vai à escola, toca violão, tem até uma namorada que vive no orfanato. Nos fins de semana, ele sai com uma família que gos-taria de adotá-lo — diz barbieri.

Civanilde passa os dias con-tando as horas para rever o filho. Ela está vivendo em uma casa de religiosas onde já fez amizade com uma outra brasileira, leda silva.

— Ela só chora e tem fome, pois sente saudades da comidi-nha de casa — revela a amiga.

Civanilde não entende por que não pode ver o filho. Eles es-tão separados por menos de 300 quilômetros.

— Ninguém pode tirar este meu direito. Ele saiu de dentro

de mim, é meu filho. Quando eu soube que ele estava num or-fanato, entrei na justiça. Nun-ca deixei de ser a mãe dele. Eu quero o melhor para o meu filho. E quero que ele saiba disso. sei que o que me espera não é fá-cil. Deus vai me ajudar. Não que-ro obrigá-lo a nada, apenas que saiba que eu existo e que nunca o abandonei — declara.

No começo do mês de maio ela deu mais um importante pas-so rumo a Isaac. Civanilde, com a ajuda de uma intérprete, foi sa-batinada por uma psiquiatra in-fantil italiana, perita do tribunal de turim. somente depois de ou-vir todas as partes envolvidas a especialista irá elaborar um rela-tório para os seis juízes da Cor-te de Apelação de turim que irão decidir se mãe e filho podem se reencontrar.

Num primeiro julgamento, no ano passado, houve perda da cau-sa. Mas, na verdade, Civanilde nem pôde comparecer. O governo do Maranhão, sensível à sua luta, deu a ela uma passagem aérea para chegar a tempo da audiên-cia em outubro de 2006, em tu-rim. Mas houve falta de comuni-cação entre o governo do estado do Maranhão, o ministério das Relações Exteriores do brasil, a Embaixada do brasil na França e o consulado do brasil em Milão. A segunda tentativa deu certo. Ela embarcou num vôo, com pas-sagem comprada pelo Palácio do Itamaraty, foi recebida em Milão por representantes do Consulado do brasil e chegou a tempo de estar presente e defender o de-sejo de abraçar Isaac diante do tribunal de turim. Nesta audiên-cia, na qual foi suspenso o pro-cedimento de adoção de Isaac, lhe foi negado o direito de ver o filho.

Maranhense luta pela guarda de filho brasileiro em Milão

gUilhErME aqUinoCorrespondente • milão

Uma mãe incansável

Barbieri e Civanilde: empenhados na causa

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Apesar das contínuas recla-mações dos italianos no brasil pela volta do vôo da Alitalia direto do Rio

de Janeiro para Roma, a comu-nidade italiana só tem a come-morar com a inauguração do vôo diário da tAM entre são Paulo e Milão. Desde junho do ano pas-sado, quando a Varig cancelou seus vôos diários para o aeropor-to internacional milanês, a Alita-lia tentava em vão dar conta do cada vez maior fluxo de passagei-ros entre os dois países. A gran-de esperança dos usuários desta rota é que, com a possível reto-mada dos vôos internacionais pe-la Varig, a concorrência entre as companhias aéreas voando para a Itália traga benefícios para os passageiros, como melhores pre-ços e qualidade no atendimento.

Depois de muitos meses sem uma empresa aérea brasileira in-do para a Itália, a tAM, graças a um acordo bilateral firmado entre os governos dos dois países em novembro de 2006, inaugurou em 30 de março de 2007 o vôo diário partindo de são Paulo pa-

ra Milão. Este fato veio atender a uma demanda cada vez maior, visto que a companhia de ban-deira italiana Alitalia atravessa uma grave crise econômica e es-tá em processo de privatização. Desde junho de 2006, ela era a única a realizar vôos regulares diretos do brasil para a Itália.

Entre os critérios utilizados pela tAM para escolher a “bota” como seu terceiro destino dentro da Europa, está a alta demanda do mercado italiano, determina-da pelo crescimento da preferên-cia pelos pontos turísticos bra-sileiros. Mas, segundo o diretor de vendas da companhia, Klaus Kuhnast, não é só o entreteni-mento que estimula o turista a chegar ao brasil.

— Além das viagens a lazer e de incentivo, o tráfego de ne-gócios vem crescendo bastante — analisa.

Até o início de 2006, a Varig era a líder absoluta no mercado brasileiro de vôos internacionais,

com 71 por cento de participação. se-gundo os dados da

Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), este número baixou para apenas 11 por cento no início de 2007, após o cancelamento dos vôos internacionais da compa-nhia. Em termos de comparação, durante o ano de 2005, a Varig e a Alitalia disputavam pratica-mente sozinhas os passageiros dos vôos internacionais entre brasil e Itália, com 49 por cento de participação cada uma.

Para o diretor-geral da Alita-lia no brasil, Alessandro Amadeo, deve-se admitir que a companhia aérea não conseguiu suprir a de-manda.

— Realmente não consegui-mos absorver a grande demanda. O ingresso da tAM no mercado preencherá a lacuna que existia. Com isso, o serviço tende a me-lhorar, vai aumentar a capaci-dade e satisfazer a demanda — confessa.

Amadeo também reiterou que “o mercado do brasil é o mais importante da América do sul para a empresa”, salientan-do que o aumento do tráfego de passageiros entre brasil e Itá-

lia nos últimos anos deve-se ao crescimento da indústria brasi-leira e ao conseqüente aumen-to das exportações. A rota entre são Paulo e Milão continua sen-do, desde muitos anos, a mais rentável da companhia no con-tinente, superando até mesmo a de buenos Aires, onde se con-centra uma igualmente grande comunidade italiana.

O drama dos passageirosUm bom exemplo de como a cri-se da Varig afetou os passagei-ros dos vôos entre brasil e Itália é a história do ítalo-brasileiro lorenzo locci, atualmente com 10 meses de idade, nascido em meio à confusão dos cancela-mentos das rotas internacionais da até então maior companhia aérea brasileira.

Em junho de 2006, nascia em são Paulo o filho do empresário italiano luca locci, morador da cidade desde 1996 e passageiro assíduo dos vôos para a Itália. Os avós italianos da criança vieram ao brasil para acompanhar o par-to e conhecer o pequeno loren-zo. O plano inicial era permane-cer alguns dias, mas a confusão gerada com o cancelamento dos vôos da Varig e a falta de outras opções, obrigou o casal a perma-necer quase dois meses no país.

O empresário, atuante no setor de transportes internacio-nais, afirma que a crise da Varig foi um fato “tremendo”, princi-palmente para os italianos resi-dentes no brasil.

— Eles têm uma exigência maior de um vôo direto, tanto pelo tempo quanto pelo incômo-do e pelas bagagens — reflete.

locci acredita que os dois pi-lares do trânsito das viagens a negócios entre brasil e Itália se-rão mesmo as duas companhias com vôos diretos regulares, tAM e Alitalia, apesar da existência de outros com menos freqüên-cias, como as rotas operadas pe-la bRA e pela lauda Air.

Para o professor da Univer-sidade de Milão, Gian luigi De Rosa, que costuma vir ao brasil freqüentemente para participar de congressos e realizar pesqui-sas, uma das principais conse-qüências da crise da Varig foi o aumento dos preços das outras companhias aéreas.

— O que mudou de fato foi o preço das outras companhias. Como a maioria dos italianos e dos brasileiros médios, não te-nho uma companhia de preferên-cia. O que interessa é o conforto e o preço — afirma.

Comunidade italiana luta pelo vôo direto para Roma Uma das principais reclamações dos italianos no brasil é a falta de um vôo direto para Roma. Há três anos, a Alitalia cancelou o vôo entre Rio de Janeiro e Roma, provocando protestos inclusive em órgãos governamentais. Ho-je, um dos principais militantes desta causa é o Cônsul Geral da Itália no Rio de Janeiro, Massi-mo bellelli, que já conquistou o apoio do governador do Estado,

sérgio Cabral, e de membros do senado italiano.

— tanto o mercado é bom que a Air France colocará o se-gundo vôo direto para Roma e a companhia diz que as classes econômicas dos vôos estão sem-pre cheias. O governo do estado do Rio baixou a tarifa de ICMs por combustível de 25 para 4 por cento em todos os aeroportos brasileiros — fala o cônsul.

O diretor-geral da Alitalia no brasil explica que a cidade de Milão é “o centro dos negócios de quem sai do brasil para a Itá-lia”, ao contrário de Roma, on-de a exigência é mais de caráter turístico. Apesar de admitir que existem estudos para viabilizar um aumento das freqüências de vôos entre os dois países, ele rei-tera que a empresa vai continuar priorizando “o público business”.

bellelli, ao defender a volta dos vôos diretos da Alitalia entre as capitais carioca italiana, afir-ma que o Rio ainda é o destino de muitos italianos que vêm ao brasil, tanto a turismo quanto a negócios, lembrando que o esta-do é sede de muitas grandes em-presas italianas no país.

Ele cita um levantamento re-alizado recentemente pelo Con-sulado, o qual afirma que em torno de 200 mil italianos pas-sam pelo Rio de Janeiro todos os anos, tanto a turismo quanto a negócios.

— O mercado potencial exis-te. A maior parte das pessoas acaba viajando com outras com-panhias européias, cujos vôos estão sempre lotados, principal-mente com italianos. As com-panhias de Portugal e da França

estão tomando conta deste mer-cado — revela bellelli.

O cônsul também cita a gran-de crise que afetou a aviação ci-vil internacional, após os aten-tados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, para expli-car como o Rio de Janeiro per-deu muitos vôos internacionais, principalmente os da Alitalia. Na sua opinião, existe muito mais interesse do brasil em Roma e no sul da Itália do que em Milão.

O empresário luca locci tam-bém defende a volta de um vôo direto para Roma.

— É ridículo não ter pelo me-nos um vôo por semana para a ca-pital da Itália. Afinal, tem o Va-ticano, a sede do governo e é a segunda cidade mais importante do país — pontua, lembrando que boa parte da imigração italiana para o brasil veio do sul da Itália.

O senador italiano Edoardo Pollastri, eleito pela circunscri-ção da América do sul e passagei-ro assíduo dos vôos entre brasil e Itália, pois mantêm sua residência em são Paulo, destaca a ausência de um vôo direto para Roma como uma das principais reclamações da comunidade italiana no país. Ele, que costuma vir ao brasil durante as folgas do senado italiano, lo-calizado justamente em Roma, la-mentou o fato de a tAM ter man-tido o aeroporto internacional de Milão como base de seus vôos na Itália. segundo o senador, os go-vernos dos dois países estão nego-ciando para que uma companhia aérea preencha esta demanda e assuma uma rota partindo do bra-sil diretamente para Roma.

Apesar de não ter informado detalhes, Pollastri afirmou que a tAM e a Alitalia já estão nego-ciando há bastante tempo e que a crise da Alitalia e o processo de privatização estão dificultando o avanço das negociações.

— O mais natural seria a Ali-talia, mas a tAM está se colocan-do como segunda opção, pela viabilidade e pelo interesse na iniciativa — admite o senador italiano que, como todos os ita-lianos e seus descendentes, es-pera pelo “sucesso do processo de privatização da Alitalia”.

A crise da Alitalia e a questão moralA crise que a Alitalia está pas-sando atualmente e o processo de privatização da empresa, que deve ser concluído até o final do ano, é um dos aspectos que im-pedem o crescimento da empresa no mercado.

Conforme explica o empresá-rio locci, apesar das inúmeras re-clamações “dos italianos no exte-rior com o serviço prestado pela Alitalia”, todos continuam dando “preferência” pela empresa, por motivos que ele define como “de sangue” ou “de patriotismo”.

O empresário, que mora há 11 anos em são Paulo, salienta a importância para um emigrado de “entrar em um avião de ban-deira italiana, com pessoas fa-lando sua língua, com vídeos em língua italiana e pratos típicos”.

Promoções especiais para italianosNo que depender de incentivos, os ítalo-brasileiros ou até mesmo os fãs declarados da bota terão motivos para ficarem mais ani-mados em conhecer a Itália.

Outra novidade é que o se-nador Pollastri está pessoalmen-te envolvido em um projeto des-tinado para os descendentes de italianos que nunca estiveram na terra natal de seus familiares. Ele está acompanhando de perto uma iniciativa do Ministério para os Italianos no Exterior para for-necer pacotes turísticos junto a companhias aéreas, especialmen-te a Alitalia, para descendentes de italianos que viajam pela pri-meira vez. O projeto, que está em fase inicial e pretende abran-ger não apenas os ítalo-brasilei-ros, mas descendentes de toda a América latina, poderá começar a funcionar a partir de 2008.

Mais vôosalinE bUaEs

Italianos no Brasil comemoram o surgimento das rotas regulares entre São Paulo e Milão

“O ingresso da TAM no mercado preencherá a lacuna que existia.

Com isso, o serviço tende a melhorar”

alessandra aMadeo, diretor-geral da alitalia no Brasil

Enzo, filho de Luca Locci, nasceu em meio à confusão dos vôos

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Vida bandida

nayra garoFlE

Em busca de dinheiro e melhores condições de vida, brasileiras vão para a Europa e percebem que são vítimas do tráfico de pessoas. Exploração sexual e trabalho escravo

as esperam ao desembarcarem nos aeroportos

A história é sempre a mesma: as promes-sas são de vida fácil e muito dinheiro. Mulheres brasileiras são iludidas por estrangeiros que juram, muitas vezes,

torná-las modelos famosas com cachês bem altos. A verdade surge quando, ao chegarem à Itália, elas percebem que algo diferente está diante de seus olhos. Aqueles que promete-ram um mundo cheio de glamour roubam seus passaportes, o único dinheiro que possuem, as estupram e as obrigam trabalhar para eles, de forma escrava, como prostitutas nas ruas italianas. Mas engana-se quem pensa que es-te é um problema somente na Itália. O tráfico de pessoas é um assunto de responsabilidade mundial. As vítimas partem do leste Europeu, sudeste Asiático, áfrica e América latina, em direção à Europa, com destino, em especial, à Espanha, Itália e Portugal.

Esse foi o destino de milhares de brasi-leiras que estão, atualmente, na Europa, e é os de tantas outras que estão com passagem comprada, rumo a um mundo desconhecido cujo retorno, quase sempre, não existe.

Há seis anos morando na Itália, a catari-nense tania Rocha, indignada com a situação das mulheres brasileiras no país, criou uma Organização Não-Governamental [ONG] cha-mada Associazione Internazionale Voce, em lodi, na lombardia.

— Chegam aqui muitas mulheres da bahia. Elas têm muito medo de contar al-guma coisa porque senão essa máfia mata seus parentes no brasil. sei de cada histó-ria... Muitas são estupradas até se submete-rem a trabalhar como prostitutas. Ajudamos levando-as para consultas médicas e orienta-mos as brasileiras que desejam se defender de maridos violentos ou se separar deles se protegendo usando as leis italianas — conta a presidente da ONG.

A idéia de criar a organização surgiu quan-do tania começou a pesquisar sobre o tráfico de seres humanos. A associação é mantida por três brasileiras e uma italiana e não recebe apoio financeiro do governo brasileiro.

— Recebemos ajuda logística de algumas ONGs italianas. temos um projeto muito im-portante para dar apoio às mulheres vítimas do tráfico de seres humanos, o que a ONU [Or-

ganizações das Nações Unidas] chama de casamento escravo. O consu-

lado brasileiro e a secretaria Especial das Mulheres acha-ram o projeto ótimo, lindo, válido, porém, não têm di-nheiro para nos ajudar — de-

clara tania.segundo dados apresentados

na Pesquisa sobre tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para Fins de Ex-ploração sexual Comercial no brasil (Pes-traf) publicada em 2002, coordenada pe-lo Centro de Referência, Estudos e Ações sobre Crianças e Adolescentes (Cecria) e organizada pelas pesquisadoras Ma-ria lúcia leal e Maria de Fátima leal,

há vários tipos de tráfico e explo-ração, dentre os quais: a rede de entretenimento [shoppings, boa-tes, bares, etc], rede do mercado de moda [agências de modelos] e rede de agências de casamento.

As rotas nacionais e inter-nacionais do tráfico mudam de acordo com a descoberta de uma quadrilha. De acordo com o Es-critório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (Unodc) as bra-sileiras estão entre as principais vítimas do tráfico de pessoas pa-ra a exploração sexual, principal-mente as do Ceará, são Paulo, Rio de Janeiro e Goiás.

As mulheres, vítimas do tráfi-co de pessoas, são atraídas com falsas promessas de casamentos e uma oportunidade de vida melhor. Foi o que aconteceu com Elaine [nome fictício dado à mulher que foi parar na Alemanha por conta de um falso casamento com um italiano], como relatou em entre-vista recente à imprensa.

— Fui vendida a um italia-no como escrava sexual. Fui para passar três meses, para conhecê-lo. Foram 15 dias que pareceram 15 anos — relata a brasileira que foi convencida por uma senhora de seu bairro, em Pernambuco, a casar com um italiano que procu-rava uma esposa.

Elaine não podia imaginar que a senhora com bíblia na mão era uma aliciadora. No exterior, foi obrigada a receber “clientes” alemães e turcos além de ter de

manter relações sexuais com seu “marido”. Durante uma briga en-tre o italiano e a brasileira, ela conseguiu fugir. Voltou ao brasil e, sem dinheiro, não pôde com-parecer à audiência quando au-toridades alemãs solicitaram sua presença no país. Portanto, seu caso ficou sem desfecho.

— É tão revoltante ver o trafi-cante à solta. Minha aliciadora es-tá ficando rica, comprando carros, casa. Cada vez que volta, ela le-va duas ou três meninas — afirma Elaine que, por receber ameaças de morte, tem sua identidade e seu endereço mantidos em sigilo.

A política de combatesegundo dados de 2005 da Orga-nização Internacional do trabalho (OIt) o tráfico internacional de pessoas fatura mais de U$ 30 bi-lhões por ano. Em 2000, foi assi-nado em Palermo, pelos países da ONU, um protocolo que define o tráfico de pessoas como o “recru-tamento” ou “transporte forçado”, em que uma tem “autoridade so-bre outra para fins de exploração”. Dessa forma, há uma maior coope-ração internacional, não tratando o caso de tráfico para exploração sexual como o de imigração ilegal.

Na pesquisa “Indícios de trá-fico de pessoas no universo de deportadas e não admitidas que regressam ao brasil via o aero-porto de Guarulhos” divulgada em 2005, de 175 mulheres que responderam a questionários e 15

que se submeteram a entrevistas, 76 por cento não foram aceitas nos países de destino. Entre as nações que mais recusaram a en-trada das brasileiras estão Portu-gal, seguida da Itália e França.

A Itália se encontra entre os países de destino mais freqüen-te das vítimas, assim como a Es-panha, Alemanha, Estados Uni-dos, Holanda e Japão. segundo o Unodc, as mulheres jovens, entre 18 e 21 anos, solteiras e de bai-xa escolaridade são as principais vítimas das redes internacionais de tráfico de seres humanos que operam no brasil. Já os aliciado-res, geralmente, são homens en-tre 31 e 41 anos, com bom grau de escolaridade, e empresários que trabalham em casas de show, bares e agências de turismo.

A articuladora Priscila siqueira, do serviço à Mulher Marginalizada (sMM), que existe no brasil há 15 anos, luta contra a exploração se-xual desde 1996. A ONG trabalha com programas de prevenção de jovens, nas escolas municipais, na faixa etária de 15 a 19 anos, na for-mação de professores para atuarem no combate à exploração sexual. O sMM também trabalha com publi-cações, cartazes e campanhas.

— É incrível como o ser hu-mano é tratado como se fosse um produto, uma coisa. Ainda es-tá muito longe de a mulher ter sua total cidadania, isso fica cada vez mais claro. Na ONG não te-mos atendimento direto com as mulheres marginalizadas, mas re-cebo, diariamente, e-mails com pedidos de ajuda e, óbvio, en-caminho para os devidos lugares que sei que podem atender essas pessoas — explica Priscila.

Enquanto isso...se de um lado inúmeras mulheres chegam à Itália sem saber que vão se tornar prostitutas, do outro, há brasileiras que vivem na prostitui-ção por opção. Como foi o caso de Valentina, capa da revista italiana Panorama de maio de 2003 com a seguinte chamada: “Questa donna si vende per 150 euro”. Ela tinha um sonho de entrar no mundo do espetáculo, porém, tornou-se ga-rota de programa. A reportagem, na ocasião, mostrou a operação da polícia italiana intitulada co-mo Indagine Capitolina que apre-endeu um patrimônio riquíssimo. Valentina foi uma das prostitutas presas pelos carabinieri. só para se ter uma idéia, foram apreendi-dos um automóvel Cadillac, 800 mil euros em cheques, tomados 35 apartamentos e presas 40 bra-sileiras, das quais 20 foram expul-sas do país.

No último dia 16, uma passea-ta, nas ruas de Pádua foi liderada por uma transexual brasileira cha-mada Kristal. O protesto, contra a lei do prefeito Flavio Zanonato que multa os clientes da prosti-tuição de rua, teve a participação de trabalhadoras do sexo de toda a Itália. Enquanto tal lei não é aprovada, a polícia de Pádua reali-za uma série de ações de repressão à atividade das prostitutas.

Saiba como agir nesses casosO consulado brasileiro não tem o poder de polícia na Itália.

Portanto, as investigações sobre denúncias de violação das leis italianas contra quaisquer cidadãos de quaisquer nacionalidades devem ser realizadas pelas autoridades competentes.

— As pessoas devem relatar os fatos para a polícia. Ao consulado, o que chega, na grande maioria dos casos, são prisões de brasileiros que foram flagrados transportando drogas ou perda de documentos — conta o assistente consular Claudio barbieri, do consulado brasileiro em Milão.

Mulheres brasileiras que são vitimas das quadrilhas de prostituição ou de violência doméstica por parte de maridos italianos devem relatar os crimes sofridos no país para a Polizia di stato ou aos Carabinieri. Uma vez aberto o processo, o consulado é informado pelas autoridades judiciais locais e poderá seguir de perto o caso.

O Consulado brasileiro deve prestar assistência e acompanhar os processos que dizem respeito aos maus tratos e as violências sofridas por pessoas adultas e, principalmente, por menores de idade.

O Consulado Geral do brasil em Milão mantém um telefone de plantão em casos de emergência, entre as quais: morte, ferimentos graves ou prisão. O número 3357278117 funciona nos fins de semana e feriados e tem linha aberta para os brasileiros na jurisdição da repartição, no norte da Itália. (Colaborou Guilherme Aquino) Valentina: brasileira e prostituta

na Itália presa pelos carabinieri

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SaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSalute

SENTIMENTOS DE CULPA

CONSTANTEMENTE DORMINDO MAL

OU DEMAIS

INDECISÃO PERSISTENTE OU PERDA DE

CONCENTRAÇÃO

PENSAMENTOS DE MORTE OU IDEAÇÃO SUICIDA

REDUÇÃO DO INTERESSE E DO PRAZER NAS

ATIVIDADES DO DIA A DIA

AGITAÇÃO OU LENTIDÃO OBSERVÁVEL POR OUTRAS PESSOAS

FADIGA OU PERDA DE ENERGIA QUASE

TODOS OS DIAS

ALTERAÇÕES SIGNIFICANTES NO PESO OU APETITE

INDECISÃO PERSISTENTE OU PERDA DE

CONCENTRAÇÃO

Depressão:nayra garoFlE

Doença atinge duas vezes mais as mulheres e pode se tornar, em 2020, a segunda maior moléstia do mundo

se tais sintomas estiverem conjugados, não devemos esquecer as características de persistência, inca-pacitarão e desproporção emocional. Assim, temos algumas diferenças:

A finalidade do teste é favorecer uma auto-avaliação, mas nunca substituir a consul-ta médica ou psiquiátrica. Para ser feito, é

simples: abaixo temos uma tabela com os princi-pais sintomas de depressão.

se você sofre pelo menos quatro desses sinto-mas ao mesmo tempo, deveria procurar um pro-fissional de saúde [médico ou psiquiatra] para fa-zer uma avaliação conclusiva, pois, existe uma

grande possibilidade da presença de um quadro depressivo. Os quatro sintomas de uma só vez, destacados pela cor vermelha nas pontas da ta-bela, aumentam ainda mais as possibilidades de estar com depressão.

Mas atenção: mesmo sendo portador desses sintomas, não se alarme, pois ainda pode não ser a depressão. Neste caso, sugerimos uma consulta médica para avaliação.

Teste de Depressão

Algumas pessoas que já passaram por episódios depressivos conseguem encontrar uma clara diferença en-tre quando estão deprimidas e tristes ou com “astral baixo”. Porém, às vezes, a distinção é difícil, por isso, não hesite em perguntar a seu médico se você tiver dúvidas!

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Como fugir desse mal?é uma doença ou é um reflexo de um momento histórico difí-cil? Muitos especialistas a consi-deram como uma mistura destes dois fatos. O mundo está cada vez mais corrido e globalizado, onde o excesso de informações e obrigações é cada vez mais fre-qüente. As pressões do cotidiano geram muito estresse. A depres-são surge como um dos grandes males do futuro — relata.

De acordo com o médico, um estudo do European Brain Coun-cil (EBC), publicado em bruxelas, constatou que cerca de 127 mi-lhões de pessoas são portadoras de doenças psíquicas e psicosso-máticas. Dos 25 países da União Européia ampliada, 27 por cento da população sofre de 12 princi-pais moléstias psíquicas e neuro-lógicas, como dependência de ál-cool e medicamentos, distúrbios bipolares, esquizofrenia, depres-sões e ataques de pânico.

A depressão pode atingir a qualquer pessoa. As vítimas po-dem ser de qualquer faixa etária, porém, as mulheres são duas ve-zes mais afetadas que os homens. A idade de início, em 50 por cen-to, de todos os pacientes é entre 20 e 50 anos. A média é de 40 anos. A alteração do humor é o sintoma mais visível da doença.

— A depressão altera a ma-neira como a pessoa vê o mundo e sente a realidade, entende as coi-sas, manifesta emoções, sente a disposição e o prazer com a vida. Ela afeta a forma como a pessoa se alimenta e dorme, como se sen-te em relação a si próprio e como pensa sobre as coisas. É uma do-ença afetiva ou do humor, não é simplesmente estar na “fossa” ou com “baixo astral” passageiro — alerta o doutor Cipriani.

Ao contrário do que pode pa-recer, a depressão não é sinal de fraqueza, de falta de pensamen-

tos positivos ou uma condição a ser superada apenas pela for-ça de vontade. O médico explica que, em determinados estados, a pessoa enxerga sua realidade co-mo se estivesse usando óculos escuros, ou seja, tudo é percebi-do de maneira cinzenta e escura.

De acordo com a Organização Mundial de saúde (OMs), 14 por cento dos europeus sofrem de de-pressão. só na Itália, 1,5 milhão de pessoas já foram diagnostica-das com o mal. No brasil, estima-se que 17 por cento da população tenha a moléstia. A OMs prevê

que, em 2020, a depressão seja a segunda maior doença do mundo [perdendo apenas para as doen-ças cardiovasculares] e, ainda, 80 por cento das pessoas terão a do-ença mais de uma vez na vida.

Há dois tipos de depressão: a típica e a atípica. A primeira se manifesta com todos os sinto-mas emocionais, como a apatia, o desinteresse, a tristeza e o de-sânimo. Já a segunda, é uma ma-neira disfarçada da depressão se apresentar. Ou seja, normalmen-te, aquelas pessoas que não se permitem sentimentos sem mo-

tivo e, apesar de já terem ido a muitos consultórios médicos com as mais variadas queixas e de te-rem feito inúmeros exames, con-tinuam achando que a medicina ainda não conseguiu descobrir a causa de seus problemas.

A boa notícia é que a doen-ça tem cura. segundo Cipriani, só o médico pode indicar o melhor tratamento para cada caso, mas normalmente o uso de antide-pressivos faz parte dos procedi-mentos.

— Além dos psicotrópicos, um bom condicionamento físi-co é sempre importante, pois a ginástica libera endorfinas, que são nossos antidepressivos natu-rais e aumentam nosso bem es-tar. O intestino funciona melhor e a pressão arterial fica mais es-tável. A ioga, a meditação e mas-sagem de relaxamento sempre ajudam e muito, principalmente as duas primeiras. E é importante também diminuir o uso de álcool e cafeína — diz.

Para quem sofre de depres-são, o mundo parece estar no fim. De acordo com especialistas, é necessário que os familiares e os amigos do paciente não vejam a doença como sinal de fraqueza de caráter e nem falta de pensa-mento positivo. O paciente geral-mente está completamente inde-ciso com relação a tudo e alguém tem que tomar decisões, inclusi-ve para iniciar o tratamento.

— A depressão é uma doença que incomoda muito a vida do pa-ciente e de sua família, mas cos-tuma ser fácil de tratar. Assim co-mo durante o processo da doença, a pessoa não consegue se imagi-nar bem mas, quando ela passa, a pessoa não consegue imaginar como era possível estar tão mal — explica o médico.

“Só na Itália, 1,5 milhão de pessoas já foram diagnosticadas. No Brasil, estima-se que 17 por cento da população sofram da doença”anderson cipriani, Médico

Violência, desigualdade so-cial, desemprego e pro-blemas conjugais. Um conjunto de fatores típi-

cos do século 21 resulta, hoje, num mundo com pessoas cada vez mais deprimidas. Ao contrá-rio do que pode parecer, a de-pressão é um caso sério e precisa ser tratado. Uma pesquisa reali-zada recentemente na Universi-dade de Cambridge, na Inglater-ra, apontou os italianos como o

povo menos feliz da Europa. O médico Anderson Cipriani, que atua na área de Psiquia-tria e saúde Mental, não concorda com o resultado da pesquisa, pois segun-do ele, é preciso levar em consideração a épo-ca em que o estudo foi aplicado, assim como as condições do en-trevistado.

— Não podemos eleger um povo co-mo o menos feliz. A felicidade não é uma

grandeza mensurável. As pressões no traba-

lho e na família, o medo do desemprego e a falta de

perspectivas deixam cada vez mais cidadãos europeus doentes em toda a Europa. A depressão

Como evitar:Exercício físico diário [do tipo aeróbico, que aumenta a

freqüência cardio-respiratória];sono ideal de oito horas;banho de morno a frio pela manhã, promovendo melhoria no

despertar pelo choque térmico, ou banho quente à noite que relaxa e facilita a conciliação do sono;

ter maior disponibilidade de tempo para relacionamentos familiares e sociais;

busca de atividades profissionais, esportivas, encontros e reuniões que constituem momentos de prazer, o “combustível da vida”.

“BAIXO ASTRAL” DEPRESSÃO

Geralmente tem motivoFrequentemente aparece sem nenhum motivo ou

é desproporcional ao suposto motivo

Geralmente duro pouco (horas ou poucos dias)Geralmente dura de vários dias

a semanas, meses ou anos

Perturbações físicas e psíquicas são leves e menos persistentes

As perturbações físicas e psíquicas são graves e persistentes chegando mesmo a incapacitar para

atividades rotineiras

O humor freqüentemente melhora quando acontece uma coisa boa para o indivíduo ou ele simplesmente pensa em coisas boas de sua vida

O humor habitualmente não melhora de modo significativo quando acontece algo de bom ou a

pessoa pensa em coisas agradáveis

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Como o BrasilDe sabor agridoce e cor variando do

verde ao amarelo, a carambola aju-da no combate à febre e ainda serve pa-ra curar a doenca escorbuto [carência de vitamina C]. Devido à grande quantidade de ácido oxálico, ela estimula o apetite e é usada na medicina popular no trata-mento de afecções renais. A fruta é rica em sais minerais como cálcio, fósforo e ferro, além de conter vitaminas A, C e do complexo b. sua casca, por conter alto teor de tanino, tem poder adstringente e pode limpar o intestino, sendo utilizada como antidesintérico.

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Coração e menteQuem disse que ingerir nozes é ape-

nas algo a ser feito no Natal? Pois saiba que o hábito de comê-las pode fa-zer bem ao coração e combater a perda de memória causada pelo mal de Alzheimer. Pesquisas feitas por cientistas america-nos provam que consumir uma pequena porção de nozes ajuda a diminuir o mau colesterol (lDl), diminuindo a possibi-lidade de ataques cardíacos. A noz é ri-ca em proteína, gordura monoinsaturada e sais minerais como magnésio, cálcio e zinco, além de ser rica em fibras.

Para ficar “brotinho”Leve e de fácil digestão, o broto de feijão

contém os chamados compostos fenólicos, que exercem um papel importante no combate e controle dos radicais livres. Com isso, torna-se grande aliado para quem busca o retardo no envelhecimento do corpo. Para confirmar o fa-to, pesquisas feitas pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) revelam que os compostos encontrados no broto do feijão são maiores que os encontrados em outros vege-tais. Os estudiosos concluíram ainda que o ali-mento possui a capacidade de reduzir a oxida-ção das células em quase 50 por cento.

Coração e menteQuem disse que ingerir nozes é apenas

algo a ser feito no Natal? Pois saiba que o hábito de comê-las pode fazer bem ao co-ração e combater a perda de memória cau-sada pelo mal de Alzheimer. Pesquisas feitas por cientistas americanos provam que consu-mir uma pequena porção de nozes ajuda a diminuir o mau colesterol (lDl), diminuindo a possibilidade de ataques cardíacos. A noz é rica em proteína, gordura monoinsaturada e sais minerais como magnésio, cálcio e zinco, além de ser rica em fibras.

Rumo à descobertaEstudar sobre a alteração gênica da ori-

gem da exostose múltipla [anomalia do desenvolvimento do esqueleto] com o obje-tivo de chegar a uma terapia com o uso de células-tronco. Este é um dos objetivos do programa de pesquisa do laboratório de ge-nética do Istituto Rizzoli de bolonha. A insti-tuição, nos últimos dois anos, disponibilizou de 240 pacientes para observação a fim de fazer correlações entre os aspectos gênicos e clínicos.

Contra a obesidadeO Conselho Nacional de Pesquisa da Itá-

lia (CNR) apresentou recentemente o gel ou pílula antifome para combater os pro-blemas de obesidade. Os pesquisadores mos-traram como o hidrogel age no sentido de contribuir para a redução de peso. A previ-são é que, em um ano, estejam concluídas as fases de experimentação que estão em curso e o medicamento seja lançado no mer-cado em forma de cápsula a ser ingerida an-tes das refeições, com dois copos de água, para gerar uma sensação de saciedade.

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MulticulturalA novidade vem da cultura indígena.

segundo os índios Cherokee, as se-mentes da abóbora podem curar cólicas, diminuir pedras nos rins e acalmar febres quando servidas em chás. Na índia, por sua vez, sua polpa alivia dores na cabeça quando colocada diretamente sobre a tes-ta. Já nas Filipinas, o caldo do pé de abó-bora é recomendado na cura de dores de ouvido. O alimento tem alto valor nutriti-vo e é ótima para fortalecer a visão, além de ter baixas calorias [40 calorias/100g].

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curiosidade

Tradições, fartura e superstições são três palavras mágicas que fazem a diferença nos casamentos do Brasil e da Itália

Matrimonio

nayra garoFlE

all’italianaCasar em maio dá azar. É

isso mesmo. Na Itália, ao contrário do que já é costume no brasil, a sor-

te chega mesmo para os enlaces ocorridos em agosto, tido pelos brasileiros como o “mês do des-gosto”. Dá pra acreditar?

Mas, na verdade, o que nin-guém poderia imaginar é que, atualmente, em terras brasileiras, a tradição de agendar matrimô-nios em maio, mês da consagra-ção de Maria [para os católicos] e das mães, vem mudando por questões comerciais.

A confirmação do fato che-ga do Instituto brasileiro de Geografia e Estatística (IbGE). Pesquisas revelam que o tradi-cional “mês das noivas” perde para setembro, mas o campeão de preferência mesmo é dezem-bro. só para se ter uma idéia, em 2005, ocorreram 68.041 ca-samentos em maio ao passo que, em dezembro, esse número su-biu para 112.447 em todo o bra-sil. segundo especialistas, um dos motivos para essa mudança é que, além de coincidir com as férias de verão, a época é mais

atrativa devido ao recebimento do 13º salário.

segundo o Padre Alan Dias, da Paróquia são João batista, em Campo Grande, na zona oeste do Rio de Janeiro, a escolha do mês de maio para celebrar o ca-samento pode ser relacionada à uma questão comercial.

— Os católicos praticantes casam quando suas necessidades permitem. Por isso, dezembro é um dos meses mais procurados, já que as pessoas têm um pouco de reserva financeira nesse perí-odo. Hoje em dia, normalmente,

quem busca maio como preferên-cia é devido à tradição cultuada pela sociedade que diz que o mês homenageia as noivas e muitos não sabem nem o porquê — diz.

Um casamento brasileiroQuando conheceu o marido ita-liano, a descendente Mirella Gui-da, de 26 anos, não fazia idéia do que seria casar na Itália. Ca-rioca e morando em satriano di lucania, a jovem agrônoma pre-parou com todo o cuidado ca-da detalhe para a sua festa no brasil. Mas uma coisa, em espe-cial, lhe disseram: “Não se case em maio porque dá azar. Agos-to é que dá sorte”. A partir daí, a ítalo-brasileira descobriu que isso era unanimidade lá na ba-silicata, onde vive. Mas ela não se deixou abalar pelas surpers-tições e escolheu janeiro como seu mês de enlace.

Como não poderia deixar de ser, tudo foi pensado para a data. Inclusive na vinda dos parentes italianos e na execução da típica tarantella, tradição que é manti-da à risca pela família.

A agrônoma é filha de imi-grantes do sul: a mãe é de basi-licata e o pai, da Campânia. Mes-mo assim, Mirella fez questão de providenciar uma cerimônia bra-sileira regada a alguns temperos italianos. A Caipirinha [bebida al-coólica típica dos brasileiros] foi o que não faltou.

— Foi o dia mais feliz da minha vida e correu tudo ma-ravilhosamente bem. Ofereci aos meus convidados os famo-sos “bem-casados” [doces com pão-de-ló e recheio distribuídos em recepções no Brasil]. “bom-boniera” [espécie de souvenir onde, geralmente, são colocados confeitos nas recepções de casa-mentos italianos] nem pensar, aqui no brasil está fora de mo-da! — conta.

Os confeitos nas “bombonie-re” são balas de amêndoas. Nor-malmente são cinco em cada sa-quinho. Isso porque eles devem ser dados em números ímpares, indivisíveis, como um casamento deve ser. Cada “confetto” tem um significado: saúde, riqueza, feli-cidade, longevidade e fertilidade.

A ítalo-brasileira conta que os familiares do noivo ficaram surpresos com a festa proporcio-nada aqui no brasil.

— Eles diziam que parecia “coisa de cinema”. É porque a cultura na Itália é diferente, lá eles fazem festa para comer, de-

coração é o que menos importa — afirma.

segundo Mirella, o momen-to tarantella foi um dos mais di-vertidos da festa, realizada no dia 11 de janeiro deste ano. A alegria contagiante da “italianada” deixou os convidados bem empolgados.

— Preparei uns pandeirinhos com as fitinhas da cor da bandei-ra da Itália. Foi tudo muito ale-gre! — recorda a noiva.

O casal entrou no salão ao som de “Eccoti”, de Max Pezza-li. Na cerimônia, Mirella leu seus votos em português e o noivo, Giuseppe Alagia, 26, leu em ita-

liano. A festa seguiu, firme e for-te, com emoção brasileira e lá-grimas italianas.

Um casamento italianoNa festa no brasil deu tudo certo. Mirella voltou para a Itália feliz com a realização de um sonho. Casada no religioso e no civil, agora ela está numa corrida con-tra o tempo para organizar sua festa na Itália. É que a família de Giuseppe faz questão. Portanto, a jovem está num conflito para escolher bolo, decoração, comida e já admitiu: na Itália ela vai ter que oferecer a “bomboniera”.

— Já me rendi. Aqui em lau-ria, basilicata, onde será o casa-mento, se não dermos “bombo-niera”, o povo fala mal. Eu queria até fazer um outro tipo de “bom-boniera”, na qual explicamos aos convidados que o dinheiro que seria gasto com a lembrança se-ria oferecido à uma instituição de caridade. É bem elegante, mas aqui seríamos chamados de pães-duros — conta Mirella.

A esposa de Giuseppe não usará um vestido de noiva tradi-cional, mas um vestido comum, uma vez que já estão casados. Já a festa, vai seguir as tradições de um típico casamento italiano, com algumas restrições de Mirella.

— Meu sogro queria fazer a festa em casa. Eu o convenci a mudar de idéia. Mas o DJ é um amigo sanfoneiro dele que prome-te “bombar” a festa com músicas latinas, salsa e tarantella — fala.

O cardápio da festa, que será no dia 7 de julho, terá antipasto di mare, linguini agli scampi, risoto alla pescatora servido à mesa, além de cascata di prosciutto, spiedini di gamberi, bocconcini di mozzarella e rosticceria servidos no buffet. Como os noivos já são casados, não ha-verá cerimônia.

— Ano passado presenciei um casamento aqui na Itália. A pri-meira impressão que tive foi óti-ma, o lugar era maravilhoso e nun-ca vi tanta comida. O almoço foi divino mas com muito desperdí-cio. Cerca de 50 por cento de tudo o que foi servido, incluindo quilos de camarões gigantes, acaba-ram no lixo! Algumas coisas eram bem diferentes do que estou acostumada. O casamento começou de dia e 80 por cento das convidadas usavam preto — lembra.

O casamento de Mirella não terá 12 horas de duração, o noivo vai usar fraque e nenhuma madri-nha vai usar preto. A decoração não será em isopor e nem terá nenhuma escultura de abóbora, como é de costume, segundo ela.

— Cada país com sua tradi-ção. O que para mim pode ser es-tranho, para eles é o mais natural possível — diz.

Apesar de já ter casado, hoje Mirella sente, pela segunda vez, o gosto de organizar uma festa. Não será como a festa do brasil, “com muito espetáculo”, confor-me já diziam alguns parentes ita-lianos da jovem. seu casamento em lauria será digno de tradi-ções. Vale ressaltar que, apesar de a cultura ser diferente, para ela, é importante respeitar os costu-mes de cada país. sorte dela que vai poder aproveitar duas festas celebrando o que tem de melhor: o amor ítalo-brasileiro entre os noivos!

Mas de onde surgiu a cerimônia de casamento?A resposta desta pergunta é curta: a cerimônia surgiu na Roma

antiga. O ano é uma incógnita, mas as primeiras notícias de mulheres vestidas para tal situação vêm de lá. Antigamente, elas prendiam, aos cabelos, flores brancas, que significam felicidade e vida longa, e ramos de espinheiro, para afastar os maus espíritos. Desde então, o figurino virou tradição e ganhou novos adereços. O véu, por exemplo, faz referência à deusa Vesta [símbolo da honestidade e da virgindade], que segundo a mitologia greco-romana era a protetora do lar.

também foram os romanos que instituíram a monogamia e a liberdade da noiva se casar espontaneamente, diante de juízes, testemunhas e com as garantias da lei. Durante a Idade Média, a escolha do noivo passou a ser uma questão tratada pela família. Desde os cinco anos de idade, a menina já sabia quem seria seu futuro marido. Quando o rapaz completasse 18 anos e a moça entre 12 e 13, o casamento aconteceria. Isso porque a união entre ambos era uma espécie de negócios entre as famílias.

Apesar de todo o ritual vir de Roma, foi na Inglaterra que a rainha Vitória inaugurou o casamento por amor e vestida de branco. Na época, o protocolo dizia que ninguém poderia fazer o pedido a uma rainha e ela, apaixonada pelo príncipe Albert de saxe Cobourg-Gotha, tomou a iniciativa. A rainha ficou conhecida por tornar o amor um sentimento básico para unir um homem e uma mulher. Com a chegada da nova classe social, a dos burgueses, um novo código foi criado: casar de branco sinalizava que a noiva era virgem.

Itália: Preferência de celebridadesA lguns artistas escolhem

a Itália como cenário para a festa de casamento. Os americanos tom Cruise e Kate Holmes, por exemplo, casaram em novembro do ano passado. O local foi bracciano, uma cidadezinha perto de Roma. O custo do evento ficou em cerca de dois milhões de euros. Os trajes dos noivos foram criados por Giorgio Armani, que também desenhou o buquê da noiva.

Já a atriz ítalo-brasileira Giovanna Antonelli casou, no último dia 5, com o empresário Robert locascio num hotel que é uma mansão do século 19, localizada na Villa Michaela, província de luca, perto de Pisa.

Mirella e Giuseppe: comemoração em dose dupla

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notizie

SanitàSfiorano i 13 milioni l’anno i ricoveri

negli ospedali italiani, per un totale di 78.750.000 giornate di degenza. sono i dati del Rapporto annuale sull’attività di ricovero ospedaliero, realizzato dal mini-stero della sanità in base ai dati del 2004. Il parto, come evento naturale, resta il primo motivo di ricovero. tra le malattie più frequenti per cui si va in ospedale vi sono problemi cardiovascolari, malattie polmonari e trattamento dei tumori.

notizie

Catasto consultabileÈ già possibile consultare gratis via

internet la banca dati catastale e, con il pagamento delle relative imposte, quella ipotecaria. lo annuncia l’Agenzia del territorio, spiegando che è stata ri-vista completamente la disciplina del-l’accesso alle banche dati da parte degli utenti abituali (notai, geometri ed En-ti), con l’abolizione del canone e la pre-visione, a titolo di rimborso spese, di 200 euro da corrispondere una tantum e di 30 euro annuali per ogni password utilizzata.

Museo CapucciFirenze ospiterà il museo di Roberto Ca-

pucci, maestro dell’arte della moda, fa-moso per le sue ‘sculture’ di tessuto. Anco-ra non c’è una data precisa, ma si spera in giugno per aprire al patrimonio della Fon-dazione Roberto Capucci le sale della sei-centesca Villa bardini. A raccontare l’opera dello stilista sarà l’archivio della Fondazio-ne, con 450 creazioni, 300 illustrazioni, 22 mila schizzi e 20 quaderni di bozzetti, oltre a 50mila fotografie e articoli di stampa.

Festival a TorinoSarà lou Reed ad aprire l’11 luglio nella

Reggia di Venaria di torino la quarta edizione del traffic torino Free Festival.la manifestazione proseguirà quindi il 12, il 13 e il 14 luglio al Parco della Pellerina con l’accoppiata dance formata da Daft Punk e lCD soundsystem e l’indie-rock di Artic Monkeys e Art brut per concludersi con una serata speciale affidata a Franco battiato.

Nair BelloDa ragazza a nonna, la capacità di spa-

ziare dalla risata al pianto che emozio-nano i suoi spettatori. Il brasile ha perso la più italiana delle sue attrici nel mondo della teledrammaturgia. Competente e rico-nosciuta per le sue indiscutibili caratteristi-che legate all’italianità, a 75 anni d’età e 59 di carriera, Nair bello de sousa Francisco, o semplicemente Nair bello, non ha resistito alle conseguenze di un arresto cardiorespi-ratorio e si è spenta per cedimento multiplo degli organi il 17 del mese scorso, dopo cin-que mesi di ricovero.

Nipote di italiani e nata a san Paolo il 29 aprile 1931, Nair bello inizia la sua car-riera come speaker dell’allora Rádio Excel-sior, nel 1949. Partecipò per la prima volta ad un film nel 1951, in “liana, a pecadora” [liana la peccatrice, n.d.t.]. Nel film ha re-citato insieme all’amica e ora presentatrice televisiva Hebe Camargo, diretta da Antonio tibiriçá. “se c’è bisogno di un’italiana della storia, non ci pensano due volte. Chiamano Nair”, era una frase detta varie volte dal-l’attrice cresciuta in mezzo alla confusione

degli italiani che abitano il quartiere Cam-buci.

Durante la carriera, Nair ha partecipa-to a nove film, 15 telenovelas e due fiction. Ha fatto partecipazioni speciali in diversi programmi, come quelli umoristici “sai de baixo” e “A grande família” [??? e la gran-de famiglia, n.d.t.] della tV Globo. l’esor-dio nelle telenovelas l’ha avuto in “sosse-ga leão” [Calmante, n.d.t.], trasmessa nel 1976 alla tV tupi, una delle principali nel suo genere.

Osservatorio su telemedicinaCreare un ‘Osservatorio sull’e-care’

per riunire tutti i progetti di tele-medicina al fine di migliorare la sanità pubblica. se ne è discusso alla presen-tazione di un workshop dal titolo ‘la te-lemedicina nelle infrastrutture sanitarie’ organizzato dalla neonata società Ita-liana di telemedicina. ‘Il ministero della salute ha già avuto l’autorizzazione del ministro per varare l’osservatorio - ha detto Monica bettoni, capo della segre-teria tecnica del ministero della salute.

I non lettoriNel 2006 ha letto almeno un libro

negli ultimi 12 mesi il 60,5% della popolazione italiana di 6 anni e più. si tratta di 33 milioni e 351mila persone, un numero in crescita costante dal 1993. È quanto risulta dall’Indagine Istat su ‘I cittadini e il tempo libero’, realizzata a maggio 2006. Di conseguenza sono ven-ti milioni e 300mila le persone che non hanno letto neppure un libro. I non let-tori sono soprattutto uomini (il 41,6% rispetto al 32,7% delle donne).

La BiennaleIl Cda della biennale di Venezia pre-

sieduto da Davide Croff ha approva-to il budget per il 2007 che evidenzia un deficit di 500.000 euro. ‘Il budget si fonda nuovamente sull’ipotesi di garan-tire alla biennale lo svolgimento delle attività istituzionali, nonostante il pro-gressivo calo delle contribuzioni pub-bliche’, sottolinea il comunicato della Fondazione. Il Cda ha inoltre avviato il processo per individuare metodi e crite-ri per la nomina dei direttori dei settori di attività culturali.

Pirelli e TiscaliNel 1° trimestre 2007 Pirelli torna al-

l’utile (56,3 milioni di euro). I rica-vi salgono del 10,8% a 1.303,7 milioni di euro. Il risultato operativo comprensivo dei proventi da partecipazioni del 6,9% a euro a 143,2 milioni di euro.

tiscali ha chiuso il primo trimestre con una perdita di 44 milioni di euro. I ricavi so-no cresciuti del 25% a 193,2 milioni di euro. Il risultato operativo e’ stato negativo per 16,8 milioni (-12,3 nell’anno precedente). sono circa 100.000 i nuovi clienti Dsl, che portano il totale del settore a oltre 1,9 mi-lioni, di cui oltre 700 mila utenti in accesso diretto. Per l’intero anno, tiscali prevede di ottenere ricavi per 820 milioni di euro.

Rosita MissoniUna nuova orchidea si chiamerà co-

me Rosita Missoni: è il quinto fio-re che viene dedicato alla stilista. Emi-lio Gola e Giancarlo Pozzi, floricoltori di Morosolo, renderanno omaggio a Rosita e al suo amore per il giardinaggio e per i colori alla serata di inaugurazione di Orticola, mostra mercato che, da 12 an-ni, è un atteso appuntamento fisso per i milanesi.

Armani a TokyoÈ una corsa a est, quella intrapresa dai

marchi italiani della moda, dai più grandi, come Giorgio Armani, a tutti gli altri. Il prossimo 8 novembre verrà aper-to il nuovo grande concept-store Arma-ni/Ginza tower, a tokyo. l’apertura sarà celebrata da una serie di eventi speciali e dalla presenza dello stesso Armani.

Rock italianoÈ uscito ‘Irene Grandi. Hits’, album che

contiene tra le 33 canzoni due inediti, ‘bruci la citta’’ e ‘la finestra’, e due cover. la ‘ragazzaccia’ toscana del rock italiano si misura con brani come ‘sono come tu mi vuoi’ di Mina e ‘Estate’ di bruno Martino. Fra le 33 canzoni del ‘greatest hits’, nuove ver-sioni unplugged di brani come ‘bum bum’ e ‘’Prima di partire per un lungo viaggio’’.

MatrimonioArriva la conferma: Rod stewart si spo-

sera’ il prossimo 16 giugno in Italia. A rivelarlo un quotidiano britannico, che e’ entrato in possesso di uno degli inviti che il rocker ha spedito per le sue nozze con Penny lancaster. Ovviamente la tele-novela non e’ ancora finita, perche’ sul-le partecipazioni c’e’ scritto che la locali-ta’ esatta verra’ svelata solo alla conferma della presenza. sembra pero’ certo che i due si sposeranno nell’albergo splendido di Portofino, lo stesso dove Richard bur-ton chiese la mano a Elizabeth taylor.

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Giordano Iapalucci

FiRENzEnotícias

HomenagemCada vez mais os italia-

nos mostram o espírito humanitário e são reconheci-dos pela solidariedade, típica de quem vem da bota. Des-ta vez, o empresário e colu-nista Franco Urani, recebeu, este mês, o título de cida-dão honorário, por iniciativa da vereadora Andréa Gouvêa Vieira, no plenário da Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Na solenidade, dentre os pre-sentes estava o secretário es-tadual de cultura do Rio, luís Paulo Conde. Urani foi agraciado por ter incentivado inves-timentos sociais e projetos pilotos realizados na favela de Vila Canoas, no bairro carioca de são Conrado, inclusive, através de parcerias com a Itália e a União Européia. Num total, os investimentos brasileiros chegaram, de 1989 a 2007, a 1,835 mil dólares e os estrangeiros a 1,995 mil dólares. Dentre as ações realizadas, estão a instalação de uma creche, um centro municipal de assistência integrada, um posto de saúde, além da cria-ção de cursos profissionais e preparatórios para o vestibular, dentre outras iniciativas.

Urani idealizou o projeto quando entrou em contato com os moradores da favela de-pois de observá-los da janela de seu apartamento. segundo ele, eram extremamente pre-cárias as condições de moradia em Vila Canoas.

“No começo, o pouco que eu e minha família podíamos fazer, fazíamos com o cora-ção. Pensei: se posso me envolver em projetos para grandes fábricas, por que não tam-bém na área social? Vi que as crianças tinham um péssimas notas na escola mas tinham potencial. Aí demos o reforço. Antes as aprovações se resumiam a 20 por cento. Agora, chegamos a 80 por cento” comemora Urani. (r.C.)

Em dose duplaDepois de comemorar o dia 25 de abril,

data histórica na Itália, devido à luta de movimentos de resistência contra a ditadura de Mussolini. Assim ocorreu as entregas da meda-lha de Grande Oficial, conferida pelo presiden-te da República Italiana, Giorgio Napolitano, ao presidente da Academia brasileira de letras (Abl), Marcos Vinícius Villaça, e do conjunto de medalhas de Mérito Pedro Ernesto, da Câ-mara Municipal do Rio de Janeiro, ao Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro (IIC-RJ).

A iniciativa, da parte brasileira, partiu do vereador stepan Nercessian que justificou a escolha pelo instituto ratificando o papel como propulsor da cultura na cidade do Rio.

— Olhava com desconfiança essa coisa de se oferecer honrarias mas, desde que assumi a função de vereador, passei a dar valor a essa presença marcante que alguns setores e pes-soas têm na formação da população. Isso sem

falar da ligação entre Itália e brasil. O “rei” Roberto Carlos ganhou duas vezes o Festival de sanremo — relembra ao entregar as medalhas ao atual diretor do Instituto, Rubens Piovano.

O diretor do IIC, por sua vez, relembrou a ação da entidade que está há mais de 50 anos na cidade.

Já o cônsul Massimo bellelli destacou a presença italiana na Abl, fato que não causa espanto visto que, entre os mais de 25 mi-lhões de descendentes de italianos no brasil, muitos são os bem-sucedidos em suas histó-rias de vida, inclusive no âmbito profissional.

— Marcos Villaça atuou na Itália e é um importante escritor e tradutor. E se, apesar da pouca distância física do consulado com a Abl, ao longo dos últimos anos, nos distan-ciamos em nossa atuação, a partir de agora, isso não deve mais ocorrer — revela bellelli, anunciando futuros planos do consulado em conjunto com a Abl.

— E que brasileiro não é influenciado pe-la Itália? Para citar alguns exemplos, lembra-mos logo da escultura, do teatro e da música. Isso sem falar que, por aqui, ninguém fala mais “até logo” ou “adeus”, e sim “tchau”! Essa influência é positiva e trata-se de uma troca que ainda dará muitos frutos — acres-centa Villaça ao receber sua medalha. (S.S.)

Pendenga JudicialO grupo Poste Italiane e mais oito empresas, que formam o consórcio bRPostal,

estão esperando decisão da Justiça brasileira para a implementação do Correio Híbrido no brasil. Esse serviço prevê o desenvolvimento de um sistema de recebimento eletrônico e impressão de correspondências e documentos de grandes empresas pela Empresa brasileira de Correios e telégrafos (ECt).

Vencedor da licitação para a exploração do serviço, no valor de R$ 4,36 bilhões, o consórcio bRPostal, a Associação brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf) e a Associa-ção brasileira da Indústria de Formulários, Documentos e Gerenciamento da Informa-ção (Abraform) travam uma batalha judicial desde quando foi promulgado o resultado da concorrência, em 2002. As duas associações alegam que a ECt não pode atuar em ramos diferentes do que está previsto em lei e o Correio Híbrido transcende à legisla-ção relativa ao trabalho dos Correios.

Além disso, o Ministério Público Federal ajuizou uma ação civil pública contra a ECt para suspender a implantação do serviço. segundo a ação, o serviço, tal como es-tá configurado, fere o princípio de isonomia, implica em venda casada e lesa a livre concorrência, além de não possuir autorização legal para operar. A atual diretoria da ECt não se pronuncia.

O projeto de Correio Híbrido da ECt foi concebido ainda no governo Fernando Hen-rique Cardoso, mas ficou engavetado, por causa da repercussão negativa no que tange as metas de livre concorrência, o combate aos monopólios e oligopólios, o estímulo à iniciativa privada, a geração de empregos e a competitividade das empresas nacionais. Entretanto, o governo lula retirou o projeto da gaveta e abriu a concorrência pública internacional para a contratação do serviço.

Desde dezembro de 2002, quando a ECt entrou pela primeira vez com pedido de licitação, o mercado gráfico vem questionando esta nova forma de atuação dos Cor-reios, antes condicionada à distribuição de correspondências, e alerta para o fato de o governo federal centralizar a gestão das informações da sociedade brasileira.

O modelo estabelece para os Correios o controle de cinco anos na intermediação da transferência de dados, a impressão de documentos, o manuseio e acabamento destes documentos, a sua distribuição, além da responsabilidade pela segurança de todos os dados disponíveis, o que evidencia a formação de um novo monopólio. (F.L.)

Apre i battenti il 20 giugno per tre giorni “Pitti Immagine Uomo”, un’anteprima mondiale delle col-

lezioni di abbigliamento maschile autun-no-inverno 2007-2008. la kermesse in-centrata sulla moda maschile che propo-ne abiti, accessori, oggetti moda e molto altro del settore tessile. la fiera è ormai da quasi quarant’anni un importante ap-

puntamento di livello mondiale che af-fronta la moda maschile sotto l’aspetto della contemporaneità, come anche del-l’intramontabile classico e sportivo. Non mancheranno poi spazi dedicati ad un aspetto importante come quello della in-novazione e sperimentazione. Fortezza da basso – Firenze. Dalle 10 alle 20. Ingres-so 20 euro.

Pitti Immagine

Calcio storico fiorentinoIl 24 giugno, nel giorno del patrono

di Firenze [San Giovanni], avrà luo-go in Piazza santa Croce la partita fina-le tra le squadre rappresentanti gli anti-chi quartieri fiorentini. Non si tratta del calcio moderno ma di una “diramazione” ben più violenta in cui il contatto fisico è più che concesso, tanto che nella roma-na Florentia era utilizzato per preparare fisicamente i propri legionari. le quattro squadre sono contraddistinte da colori: bianchi [S.Spirito], azzurri [S.Croce], ros-si [S. Maria Novella] e verdi [S.Giovanni]. Prima delle partite, per le vie della città sfila un corteo storico con oltre 500 figu-ranti in costume come da etichetta del XVI secolo. Ingresso: da 8 a 40 euro.

Zero a FirenzeMercoledì 13 giugno, presso lo stadio

Artemio Franchi di Firenze si esibirà il “cantante-poeta” Renato Zero. Il concer-to di Firenze rientra in una tournée di sei appuntamenti che lo vedranno impegnato a Padova (2/6), Roma (3/6), Milano (9/6), bari (16/6) e Palermo (20/6). Nel suo ap-puntamento fiorentino Renato Zero non si limiterà a presentare gli ultimi successi, ma dedicherà ai “sorcini” [come chiama i suoi fan] i classici del suo repertorio. Ingresso dai 34 ai 51 euro.

Mostra del ChiantiSi è aperta a fine aprile e lo rimarrà fino

agli inizi di novembre un’importante mostra archeologica sugli etruschi che ve-drà come scenario le città di siena e Chiu-si. la rassegna dal titolo “Etruschi” propor-rà una delle maggiori e più celebri raccolte archeologiche che siano presenti in Italia: la collezione bonci Casuccini. si potran-no ammirare sarcofagi, statue-cinerario, una collezione di bronzi, considerati una

delle più ricche eredità che gli etruschi ci abbiano lasciato,

come anche alcuni straordi-nari esempi di ceramica. A siena presso la santa Maria della scala, Palazzo squar-cialupi. A Chiusi presso gli spazi espositivi del labora-

torio archeologico 10.30 alle 19.30. Ingresso 6 euro. Info:

www.santamariadellascala.com

RuraliaNella splendida cornice del parco di Vil-

la Demidoff a Pratolino (Fi), a circa 15 minuti da Firenze, venerdì 25 a domenica 27 Maggio, sarà presentata la mostra sull’ambien-te, la fauna, cultura e tempo libero dal nome “Ruralia”. È organizzata dalla Provincia di Fi-renze ormai da alcuni anni con lo scopo di far conoscere ed apprezzare la qualità delle pro-duzioni agricole degli allevamenti del suo ter-ritorio, dell’associazionismo ambientale e di quello venatorio. si tratta di una manifesta-zione festosa in cui viene valorizzato il ruolo innovativo dell’agricoltura nella sua interatti-vità con il tessuto economico e sociale. In-gresso gratuito. Info www.provincia.fi.itFo

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Secretário Conde prestigia medalha a Urani

Presidente da ABI, Maurício Azedo, discursa

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design design

O salão Internacional do Móvel montou casa em Milão e abriu os seus por-tões para os lançamentos

e as idéias de designers do mun-do inteiro. Durante seis dias, a cidade italiana virou o centro das atenções de arquitetos, decora-dores, lojistas e consumidores. E, mais uma vez, não decepcio-nou ao mostrar com quantas ma-térias-primas e formas diferentes são feitas cadeiras, estantes, me-sas, dentre outros móveis.

O evento obteve o recorde de afluência de público em apenas um dia: 40 mil pessoas se espre-meram para ver as novidades do design nos 200 mil metros qua-drados da feira de Rho. No local, 2.159 expositores italianos e es-trangeiros participaram da maior vitrine mundial para móveis.

— temos a criatividade, o gosto pelo que é belo e uma grande capacidade de fornecer ao cliente produtos extraordinários com peças únicas para a casa e para o escritório — afirma o pre-sidente da Confindustria italiana, luca Cordero de Montezemolo, presidente do grupo que contro-la Poltrona Frau, Cappelini, entre outras empresas.

Ao contrário das edições ante-riores, o brasil não trouxe nenhum representante oficial para os prin-cipais acontecimentos do evento. Um deles foi o salão em si, com o design invadindo fronteiras e que-brando barreiras. tudo para tentar tornar a vida do homem moderno menos complicada. O outro foi a Euroluce, a principal exposição de lâmpadas promovida a cada dois anos com lampadinhas para o in-terior de armário e para o jardim, lustres para a sala, spots para o quarto e para banheiro, enfim. Com todas as diferentes peças uni-das pelo fio condutor da preocupa-ção com o baixo consumo de ener-gia. Os reatores de última geração iluminam mais e gastam menos.

Mas as cores verde e amare-la tingiram algumas atrações pa-ralelas, como o Fuori salone, e o salão satélite, em lojas e espa-ços culturais espalhados pela ci-dade de Milão. A maior bandeira do brasil no setor do design con-tinuou sendo aquela levada pelos irmãos Campana. Humberto e Fer-nando, a dupla intrépida da casa Edra, uma das principais da Itália, realizaram uma nova cadeira.

Depois da famosa “favela” [com centenas de pedacinhos de madeira presos uns nos outros] os dois designers criaram uma poltrona construída com reta-lhos de couro. Ela parece saída de um desenho animado da famí-lia Flintstones. Ao final, o mosai-

co formado por cortes, tamanhos e nuances de cores diferentes se transforma numa peça quase ar-tística. E, mais uma vez, os bra-sileiros roubaram a cena no salão do Móvel, ainda que em nome de uma empresa italiana.

Os “futuros Campana” se apre-sentaram no evento Fuori salone. A mostra Design Possível, na loja, seguiu uma estrada aberta pelos ilustres irmãos: aquela pavimen-tada com material reciclável. O Pouf Feijão, da jovem Alice No-emi, pode ser usado como mesa de centro ou bandeja. Ele foi cria-do a partir de madeira certificada e fibras de reaproveitamento de coco. Camila Gastaldelli, Juliana Murata e Michel César partiram para o móvel efêmero feito com papelão e que pode ser montado e desmontado de acordo com as necessidades do momento. Multi-funcionalidade e respeito ao meio ambiente nortearam os 17 proje-tos que incluíram ainda pratos, bolsas, artigos de cama e banho.

Já no salão satélite, ‘incuba-dora” de futuros objetos, esta-vam 570 designers e 24 escolas de 38 países. Alguns acabaram de sair das pranchetas de jo-vens estudantes de arquitetura e design ou das mãos de talen-tos desconhecidos. Eles estavam expostos no salão satélite, uma mostra paralela.

O designer brasileiro Wagner Archela expôs uma cadeira neste salão de jovens promessas dois anos atrás e foi convidado para participar da exposição “O sonho virou Realidade”.

— A cadeira acabou indo pa-rar na capa de uma das princi-pais revistas de arquitetura e de-sign dos Estados Unidos. Foi uma grande vitrine para o meu traba-lho — relata ele.

Salão Internacional do Móvel, em Milão, associa beleza à praticidade

gUilhErME aqUinoCorrespondente • milão

É necessário algo mais?

A cidade italiana virou centro das atenções de arquitetos e decoradores dentre outros profissionais do ramo

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“I tuoi disegni sulla car-ta sono rapidi come il tuo pensiero. sarai una grande stilista”. Ancora

oggi Analise bonnacorsi ricorda le profetiche parole dette da suo nonno silvio, di lucca, in tosca-na, quando era ancora bambi-na. Oggi, provando che il non-no aveva ragione, è specialista in borse e accumula esperienze, dopo essere passata anche per l’Italia e, chi l’avrebbe mai det-to, pure in tV.

— Una delle borse è sta-ta fatta vedere nella telenovela della Rede Globo “Cobras & la-gartos”. Nella scena, Ellen, inter-pretata dall’attrice taís Araújo, vende una borsa ad un’esigen-te donna dell’alta società nel negozio luxus. Quando gliela fa vedere, la cliente ne rimane così incantata da dire che non vuole che nessun altro ce l’ab-bia. E compra le uniche borse, otto, esistenti al mondo. Ne so-no rimasta veramente lusingata quando ho visto la scena! – ri-corda la carioca parlando di una borsa in cui mescola tonalità di cuoio, fantasia di leopardo e cristalli swarovski all’artigianato brasiliano.

— Questo lavoro è stato persino esposto alla Éclat de Mo-de, in una vetrina speciale, os-sia, è stato scelto da una com-missione che l’ha eletto come uno dei lavori più creativi tra i 400 espositori della fiera – dice orgogliosa.

Dell’Italia, da dove sono ve-nuti i suoi avi, lei mette in risal-to “il gusto per il bello” e la pas-sione per la gastronomia.

— Mi piacciono molto il pane, la pasta fatta in casa, i bi-scottini delle Fornaci di barga chiamati befana, la torta trieste, la polenta con i funghi... Ho la fortuna di avere una madre che ha preso da mia nonna e sa fare tutto questo.

Che altro dire? Ah, dalla “buona gente italiana” ho an-che ereditato il gusto raffinato per i tessuti pregiati, i materia-li lavorati [da semplici pezzi di ceramica a opere d’arte e gioielli ben disegnati]. Il cuore italiano si riflette sempre nel mio lavo-ro, in cui cerco di trasmettere tutte le mie emozioni – com-menta.

Dovuto alla sua ascendenza, questa carioca riesce ad espri-

mere la sua italianità nei lavori che produce. secondo lei, que-sto vincolo con lo stivale rende i suoi lavori molto particolari.

— Quando creo le mie borse, entro in archivi già interiorizza-ti, ereditati da questa vena ita-liana, e li mescolo alle bellezze che il brasile ha da offrire. Il ri-sultato sono borse di lusso con l’incanto del brasile e la raffina-tezza dell’Italia. Mi ricordo del-le parole di mio nonno: “Andia-mo al paese dell’arte, dell’amore, della poesia, della moda — mette in risalto.

Ma essere stilisti non è ancora un’impresa facile in brasile. secon-do Anelise, c’è bisogno di più investimenti nel mondo della moda.

— Credo che il brasile va-lorizzi l’arte nel segmento della moda, questo sì. Ma, nel caso di lavori sconosciuti, bisogna ave-re forti investimenti da parte de-gli artisti, il che non è sempre facile. In questo senso, ho avu-to la fortuna

di avere le mie borse apprezza-te da Regina lundgren, che va-lorizza i nuovi talenti e ha por-tato qualche mia creazione allo Espaço lundgren. Comunque mi sto inserendo nel mercato poco a poco – rivela.

D’accordo con la stilista, l’obiettivo del suo lavoro, in cui mescola lusso e semplicità, è quello di affiancare la creatività al lavoro artigianale.

— Nella mina collezione Palha & Jóia, per esempio, la-voro con orefici per svolgere in argento e pietre semi-preziose la mia idea originale. Dopo aver creato un pezzo delicato e im-ponente, questo viene applicato alla borsa fatta a mano, per dar-le un impronta di lusso. Alle vol-te accade il processo inverso. la borsa è già pronta, bella, con il cuoio intrecciato alla paglia, ma manca ancora un dettaglio. Al-lora studio la parte della borsa dove potrebbe essere applicato qualche pezzo di argento o pie-tre – spiega.

Parlando dei suoi progetti futuri, la stilista dimostra de-terminazione e passione per ciò che fa.

— Uno dei miei progetti è quello di realizzare un’esposizio-ne con i miei lavori qui in brasi-le e all’estero. Voglio che le mie creazioni siano identificate per-ché hanno un qualcosa in più, il mio segno. la mia personalità e stile devono essere espressi at-traverso un formato di borsa par-ticolare, di una tonalità che sfidi le tendenze, di gioco con gioielli e artigianato. tutte le volte che porto una borsa che ho creato, la stringo a me così forte che, senza parole, sto dicendo : È una mia creazione. E il mio cuore ita-liano batte più forte, pieno di emozione, di passione e di spe-

ranza – analizza, usando parole direttamente in italiano.

Stilista Anelise Bonnacorse si distacca mescolando lusso e semplicità in borse usate

anche da celebrità in TV

Col cuore in mano

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cultura cultura

Se sonhar não custa nada e, às vezes, nossos sonhos parecem tão reais, viver o despertar e dialogar com

nossas fantasias requer múltiplas interpretações e campos de ação. Para analisar a relação do homem com seu desejo, explorando di-versas dimensões do despertar, psicanalistas italianos, brasilei-ros e franceses se reuniram para discutir as influências da arte, da literatura e outras manifestações da criação humana no I Colóquio Internacional do Corpo Freudia-no, realizado em abril no Institu-to Italiano de Cultura do Rio de Janeiro (IIC-RJ).

O evento integrou conferên-cias e mesas redondas ministra-das para um público de estudan-tes e profissionais ao longo de três dias e trouxe o francês Alain Didier-Weil, da Association In-sistance, de Paris, como estrela maior dos debates. Ele apresen-tou três seminários sobre “Invo-

car e despertar”. Da Itália, con-tribuíram cinco nomes famosos nos estudos da psicanálise: lui-gi ballerini, Giancarlo Ricci, lau-ra Pigozzi, Paola Mieli e Valeria Medda. segundo a coordenadora do evento, a psicanalista Denise Maurano, a idéia surgiu em Ro-ma, em maio do ano passado, du-rante um outro Colóquio.

— O diretor do Corpo Freu-diano [Seção Rio de Janeiro], Marco Antônio Coutinho Jorge, e eu participamos, a convite dos colegas italianos Gabriela Ri-pa e sérgio Contardi. A parceria com o Instituto deu-se bastan-te naturalmente na medida em que Rubens Piovano, sempre in-teressado pela cultura, e amigo dos participantes do Colóquio de Roma, tendo já programada sua vinda para o brasil, percebeu que esse encontro no brasil poderia obter o mesmo sucesso que obte-ve em Roma — explica Denise.

Ainda de acordo com ela, o Corpo Freudiano, escola de Psi-

canálise criada há mais de dez anos no Rio de Janeiro, foi

fundado por um grupo de profissionais que, em

sua forma de trabalhar nos âmbitos do ensi-no e da transmissão da psicanálise, sem-pre valorizou fun-

damentos da obra de Freud e da releitura

feita por lacan. sob o título “Di-mensões do Despertar na Psicaná-lise e na Cultura”, foram apresen-tados trabalhos que abordaram o despertar na ótica do leitor, a preferência dos adolescentes pe-las músicas techno, a escuta e o acontecimento, além dos reflexos do despertar na poesia, do silên-cio e do reencontro.

— O tema do despertar articu-la-se com o que se pretende não apenas através do processo psica-nalítico, como também via certos aspectos culturais. Na cultura, al-

gumas produções são “cantigas de ninar”, tendo como efeito um so-no narcotizante no ciclo da mes-mice; outras, pretendem nos fazer despertar; reavivar em nós a ca-pacidade de nos surpreendermos, e vermos as coisas como se fosse a primeira vez — define Denise.

Falando sobre “O aconteci-mento da escuta e a escuta como acontecimento”, o professor do Nodi Freudiani de Milão, Giancarlo Ricci, salientou que “a tese essen-cial que Freud nos entrega é que a lógica do despertar indica uma temporalidade específica que age no funcionamento da realidade”.

— Quando o paciente, em um determinado momento, diz que um despertar acontece, ele diz na verdade que percebeu uma dife-

rença, que um novo significante reata os precedentes. O aconte-cimento da escuta e a escuta do acontecimento. A esse propósito vale o que notava Freud sobre o objeto: o objeto nunca se encon-tra. e sim, se reencontra, se re-descobre — assinala.

Já ao apresentar seu estudo que compreendia as vozes do des-pertar, laura Pigozzi enfatizou que um trabalho denso é o acompanha-mento de pacientes com câncer. segundo ela, nesses casos, o con-tato com o sobrenatural é comum devido à sensibilidade aflorada.

— Pier Paolo Pasolini dizia: “A realidade não é um sonho. são vários sonhos”. Com efeito, cada despertar é um acesso importante que libera o sujeito dos antigos hábitos, repetições e automatis-mos que, doravante, não funcio-nam mais, não têm mais um sen-tido próprio reconhecível. A voz que fala ao doente é portadora, de lembranças e de rastros de um romance familiar que podem cha-mar à vida o moribundo, na medi-da em que ela restabelece o laço com o outro — acrescenta.

Para o diretor do IIC-RJ, Ru-bens Piovano, a organização do Colóquio abriu espaço a setores culturais atípicos e à presença de espectadores de todas as par-tes do brasil [visto que o Corpo Freudiano tem seções em Fortale-za, no Ceará, Campos, no Rio de Janeiro, São Luiz, no Maranhão, Manaus, no Amazonas, entre ou-tras cidades e estados].

— tivemos um público de mais de 200 pessoas e que ge-ralmente não viriam ao Institu-to. Isso sem falar na presença de psicanalistas franceses, co-mo continuidade de um trabalho que celebra os 50 anos do trata-do de Roma, fundamental para a Comunidade Européia — finaliza Piovano.

IIC sedia I Colóquio Internacional do Corpo Freudiano e traz profissionais italianos para debates no Rio

Do sonho à realidade

sílvia soUza

A italiana Laura Pigozzi abordou o

“despertar” através das vozes

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Lá se foi o tempo quando ocorriam problemas na co-municação entre um italia-no da lombardia e outro da

sicília, repleto de dialetos. A no-vidade é que essas disparidades têm desaparecido com o passar do tempo. Para comprovar o fato, o Instituto Nacional de Estatísti-ca italiano (Istat) realizou, no ano passado, uma pesquisa pa-ra descobrir qual é a relação dos italianos com a língua oficial, os dialetos e as línguas estrangei-ras. O resultado, publicado re-centemente, revela que o idio-ma continua se difundindo pelo território e a diferença existente entre centro/norte contra sul e ilhas, diminuiu. Outra constata-ção é que o dialeto continua pre-dominando entre os idosos e nas relações familiares.

A língua nacional ainda não conseguiu vencer a batalha con-tra os dialetos e, provavelmen-te, nunca vencerá, pois mais do que códigos de comunicação, eles transmitem um sentimento de integração em uma determi-nada cultura local, formada por costumes e tradições. As pes-soas que falam prevalentemen-te o idioma oficial no interior da família representam 45,5 por cento da população, o que cor-responde a 25, 52 milhões de cidadãos, com idade igual ou superior a seis anos. O uso do italiano aumenta nos contatos com os amigos [48,9 por cen-to] e, de forma mais acentuada, no relacionamento com pesso-as com as quais não existe in-timidade [72,8 por cento]. Nes-ses três contextos relacionais, a parcela da população que se co-munica tanto através do italiano como do dialeto é a seguinte: 32,5 por cento na família, 32,8 por cento com os amigos e 19 por cento com estranhos.

segundo os pesquisadores, os dados mostram que, para es-sas pessoas, o uso do dialeto pode estar ligado intensamente aos laços afetivos, sentimento menos presente quando do uso do italiano. Porém, foi somen-te o emprego exclusivo do dia-leto que sofreu diminuição de 1998 a 2006, passando de 32 a 16 por cento. Mas, o uso integral do italiano e aquele misto com o dialeto, aumentaram. Outro da-do interessante é o crescimento na utilização de uma língua es-

trangeira para se comunicar com estranhos, amigos e, sobretudo, dentro do núcleo familiar. Em 1987, somente 0,6 por cento da população falava outra língua em casa, contra os 5,1 por cento de 2006, o que reflete uma maior presença de estrangeiros na Itá-lia e de muitas famílias compos-tas por casais multiétnicos.

O freqüência do uso do italia-no ou do dialeto está diretamen-te ligada à idade das pessoas. En-tre os mais jovens, predomina o padrão, enquanto que os idosos preferem o dialeto. Outro fator que influencia a escolha entre os dois é o gênero. As mulheres ten-

dem a se expressar mais em ita-liano do que os homens.

O nível de escolaridade tam-bém faz a sua parte. O uso preva-lente do dialeto em família e com amigos atinge principalmente a indivíduos com um grau de es-tudo baixo. são os idosos acima de 65 anos e com estudos con-cluídos até o ensino fundamen-tal que falam o dialeto: 40,7 por cento deles o faz como única lín-gua em família, 35,6 por cento com os amigos e 12,5 por cento também com estranhos.

Em relação a 2000, as diferen-ças sociais no uso do italiano ti-veram um leve aumento em 2006,

em virtude também da crescente presença de mão-de-obra estran-geira. De fato, entre os operá-rios, diminui o uso do italiano e do dialeto em família contra o emprego de outras línguas. Para os especialistas, essas diferen-ças sociais se revelam no uso da linguagem. Os estudantes são os que mais falam o italiano em fa-mília, com amigos e com estra-nhos. levando-se em conta o ti-po de trabalho de cada indivíduo, diretores, empresários e profis-sionais liberais usam mais o idio-ma em família do que funcioná-rios e operários, respectivamente. Essa diferença diminui consisten-temente quando se trata de falar a língua com estranhos.

Em 2006, 56,9 por cento da população com idade igual ou superior a seis anos, declarou conhecer pelo menos uma língua estrangeira. A difusão é maior entre crianças e jovens, equiva-lente a 77,6 por cento dos indiví-duos entre 6 e 24 anos. Conforme a idade aumenta, o conhecimen-to diminui: somente 20,7 por cento das pessoas com 65 anos ou mais, diz conhecer um outro idioma. O inglês, com 43,6 por cento, lidera como idioma mais conhecido, seguido pelo francês [29,1 por cento], espanhol [6,5 por cento], alemão [5,9 por cen-to] e outras línguas [4 por cen-to]. A pesquisa também revela que o inglês é utilizado princi-palmente para estudo e lazer. Os demais idiomas são empregados para se comunicar com parentes e amigos e em momentos de la-zer e entretenimento.

A pesquisa também traz in-formações a respeito da difusão territorial do italiano e revela que as diferenças regionais dimi-nuíram. Hoje, o idioma nacional é falado mais no centro e no nor-te da Itália. A toscana, terra de Dante Alighieri, lidera com 83,9 por cento na classificação das re-giões onde o italiano é mais usa-do, seguida pela ligúria [68,5 por cento], lácio (60,7 por cen-to). No ranking, a Calábria é on-de se fala menos o italiano, com 20,4 por cento, seguida pelo Vê-neto [23,6 por cento] e a Campâ-nia [25,5 por cento]. Em relação a 2000, hoje a diminuição do uso do dialeto e o aumento exclusi-vo ou prevalente do italiano são mais evidentes no sul e nas ilhas da sardenha e da sicília.

Pesquisa revela que aumenta o emprego da língua padrão e diminui o uso exclusivo do dialeto

Italiano ou dialeto?

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Destaque no evento, o psicanalista Alain Didier-Weil apresentou o seminário

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Diz o ditado popular que um é pouco, dois é bom e três é demais, mas os atletas que se dedicam

ao triatlo [ou Triathlon] certa-mente não pensam assim. A mo-dalidade esportiva é a mais nova dentre as que serão disputadas no Pan-Americano do Rio de Ja-neiro [começou a fazer parte dos Jogos de Mar del Plata, na Argen-tina, em 1995] e, criado na dé-cada de 1970, nos Estados Uni-dos, surgiu como alternativa aos

rigorosos treinos de corrida pa-ra se manter a forma. No Pan, o percurso do triatlo consiste em um quilômetro e meio de nata-ção, 40 de ciclismo e dez de cor-rida.

A prática acabou se tornando um desafio para o corpo humano, tanto que, quase concomitante-mente à sua criação, marinheiros norte-americanos tentaram cum-prir a prova. Por sua dificuldade foi batizada de “Ironman” [Ho-mem de Ferro], tamanho o des-

A triatleta diz que a praticidade e uma certa falta de rotina contri-buem para estimulá-la durante os treinamentos, uma vez que os lo-cais onde se pratica o esporte po-dem ser variáveis, além de não ha-ver a mesmice de praticar somente uma modalidade todos os dias.

— Até agora me preparei em Niterói [RJ], onde moro. Mas irei para boulder, nos Estados Uni-dos, onde treinarei por 45 dias, num estágio em altitude. Volto duas semanas antes do Pan. Ain-da não atingi os 100 por cento de forma física. será um trabalho progressivo com pico de perfor-mance em julho — comenta san-dra, que considera a natação seu ponto forte durante as provas e se dedica mais à corrida, por gas-tar mais energia e tempo.

Ela lembra que, apesar de ainda não estarem definidas, as equipes norte-americana e cana-dense são as que mais inspiram cuidados no Pan, sendo rivais di-retas do brasil. O perigo é maior pois a medalha de ouro serve co-mo uma passagem de atalho para as Olimpíadas na China, em 2008. Mas sandra não se sente pressio-nada por competir em casa.

— Acho que a auto-confian-ça é gerada em qualquer lugar. Ela vai depender de seu traba-lho mental. É claro que existe um conforto maior, pois não existe viagem de avião, que para mim é um terror. E vai ter a energia positiva emanada da torcida e do local, o Rio de Janeiro, que é mi-nha cidade natal — analisa.

Da relação com a Itália, que ela faz questão de exaltar, sandra tem muito a contar. Além de ter tido a oportunidade de visitar a

bota algumas vezes, ela foi pa-trocinada pela Pinarello, marca italiana de bicicleta italiana com renome internacional.

— A fabrica fica em treviso, norte da Itália, perto de Veneza. Conheci estas duas

cidades em uma viagem ines-quecível de duas semanas. Fiquei alojada ao lado da fábrica. O sen-timento de amizade do povo ita-liano, do sangue quente, das con-versas calorosas, geralmente num café ou em um restaurante, é o que mais me cativa neste povo. É óti-mo saber que existem traços dis-so em meu sangue! Gostaria muito de ter a chance de poder voltar a visitar este país maravilhoso que, dentro da Europa, é, sem dúvida, o que mais me chamou a atenção — enfatiza a ítalo-brasileira, res-saltando silvia Germiniani, beatri-ce lanza e Nadia Costassa como os grandes nomes da Itália no Circui-to Mundial de triatlo.

O passo-a -passo da competiçãoNo Pan do Rio, a prova masculina e feminina de triatlo será dispu-tada na Arena de Copacabana. Os atletas largam juntos e têm que percorrer um curso triangular, de-marcado por bóias. As penalidades geralmente são aplicadas quando um atleta interfere propositada-mente no desempenho dos outros competidores ou quando viola as regras expressas da competição. se alguém infringir alguma regra ou atrapalhar um oponente du-rante a prova de natação, ficará retido por 30 segundos antes de iniciar o ciclismo.

Imediatamente após sair do mar, o triatleta se dirige à área de transição para pegar seu equipa-mento e iniciar os 40 quilômetros da prova de ciclismo. Durante o percurso, ele só pode se mover em cima da bicicleta. A regra é clara. Mas se um dos pneus furar, é per-mitido que o competidor carregue sua bicicleta até uma estação de troca para seguir a prova. Durante as pedaladas, os atletas podem fa-zer uso do vácuo para melhorar sua performance. Ou seja, o esportista se posiciona próximo ao adversá-rio, que está à sua frente, para tirar proveito da força impressa pelo ri-val e não sofrer de modo acentua-do à resistência do ar. Até 1995, as regras estabeleciam que um com-petidor deveria manter uma distân-cia de, no mínimo, dez metros em relação ao atleta da frente.

gaste e a resistência necessária para se completar seu percurso. No Pan do Rio, seis “guerreiros” compõem o pelotão que repre-sentará o brasil: Carla Moreno, Mariana Ohata, Antônio Marcos da silva, Juraci Moreira, Virgílio de Castilho e sandra soldan, uma descendente de italianos que já conquistou muitas vitórias ao longo de seus mais de 15 anos de carreira.

— sou descendente de famí-lia alemã por parte do meu pai, e

italiana, por parte da minha mãe. Adoro a língua italiana e cheguei a iniciar algumas aulas particu-lares há dois anos, mas não con-segui levar adiante, por causa do meu calendário louco de provas e treinamento — conta a triatleta, que considera a língua italiana super romântica.

sandra, que começou a nadar aos seis anos, por recomendação pediátrica, competiu durante 15 anos pelo Clube de Regatas do Flamengo, local que considerava sua segunda casa, sendo atleta laureada no clube. Mas ao cursar medicina, aos 21 anos, ela come-çou a perceber que precisava de algo mais.

— Foi no ano de 91. Dediquei meu primeiro semestre à pratica esportiva, friamente calculado, para que, a partir do segundo se-mestre, começasse a dedicação aos estudos, que durariam alguns anos. Nunca estive tão bem em termos de preparo físico. Obtive os meus melhores tempos na na-tação, no troféu José Finkel, e participei de meu primeiro Cam-peonato Internacional, na Ingla-terra. Foi nesta época que adqui-ri um gosto pela corrida maior do que o que eu tinha pela natação — recorda.

Em Copacabana, mesmo local que abrigará em julho a compe-tição de triatlo do Pan, sandra participou de desafios de bia-thlon entre os anos de 1992 e 1994. Depois de ganhar todas as provas, no verão de 1994/1995, de férias da faculdade, ela resol-veu ingressar no triathlon. Ne-ném, técnico que a acompanhou nesse período, virou marido.

— Procurei o Neném, por re-comendação de uma amiga. Es-tava indo para o oitavo perío-do da faculdade, com uma grade horária um pouco menos inten-sa. Neném começou a me treinar em fevereiro de 95, data em que começou também a nossa his-tória pessoal. Incrementei aos meus treinos o ciclismo e a cor-rida. Na época estava com so-brepeso e queria perder alguns quilinhos de forma saudável. E o mais importante: queria moti-vação. O que não falta no tria-thlon — salienta.

Esporte mais novo dentre as modalidades disputadas no Pan, o Triatlo tem entre seus representantes uma atleta com sangue italiano

Três não é demais!

sílvia soUza

“O sentimento de amizade do povo italiano, do sangue quente, das conversas calorosas, geralmente num café ou em um restaurante, é o que mais me cativa neste povo. É ótimo saber que existem traços disso em meu sangue!”sandra soldan, triatleta classificada para os jogos pan-aMericanos

esporte

No ciclismo, ainda são utili-zados cartões amarelos e verme-lhos, geralmente quando o tria-tleta causa perigo aos outros competidores. Dois cartões ama-relos, de advertência, correspon-dem a um vermelho, que significa a desqualificação do competidor. terminada a fase de ciclista, os atletas passam novamente por uma área de transição, para, em seguida, iniciar os dez quilôme-tros de corrida. Neste momento, o competidor deve utilizar somente o espaço a ele destinado, não po-dendo de maneira alguma impe-dir o progresso dos adversários. E na corrida, os atletas não podem competir com o torso nu, descal-ços, portando os óculos ou com a touca de natação.

— O triatlo é um esporte no-vo, que está crescendo no mundo todo, em termos de praticantes e de evolução em rendimento, quer dizer, de quantidade e qualidade. Continuamos a ser o país do fu-tebol e os demais esportes são amadores. Ainda temos muito o que desenvolver em termos de es-trutura. Mas, por enquanto, cada atleta estará lá na largada da pro-va do Pan por conta do potencial, da disciplina e de patrocinadores individuais— finaliza soldan.

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turismo

Saló, um pedacinho chique da Itália. Guarda em seu território tesouros da an-tiguidade, além de cená-

rios que deram vida à República social Italiana de Mussolini. lo-calizada na província de brescia, região da lombardia, no norte da Itália, saló possui atualmente cerca de 10 mil habitantes. Hoje, esta cidadezinha às margens do lago de Garda, se destaca como meta turística, enquanto que, no passado, serviu de cenário a um momento histórico da Itália. De 8 de setembro de 1943 a 25 de abril de 1945, saló foi a capital da República social Italiana, co-nhecida também como República de saló.

A localidade encontra-se, atualmente, entre os municípios italianos com maior renda per ca-pita, qualidade de vida e de ser-viços [Gardone Riviera, Gavardo, Puegnago sul Garda, Roè Volcia-no, San Felice del Benaco, Torri del Benaco e Vobarno]. É um im-portante pólo turístico do norte da Itália, mas também exerce sua influência como centro direcio-nal da região por abrigar impor-tantes repartições públicas.

O turista que escolhe saló co-mo destino para sua viagem, ao chegar, se depara com uma cida-dezinha elegante. Em 2005, o cal-çadão que margeia o lago foi pro-longado, oferecendo ao visitante a possibilidade de realizar um passeio que circula o golfo até al-cançar às praias na outra ponta.

Depois de uma boa caminha-da, nada melhor do que uma pa-radinha numa sorveteria para se refrescar ou em um bar para um suco ou aperitivo. O centro de saló oferece uma série de opções entre bares, restaurantes, sorve-terias e lojas. também não fal-tam os hotéis, abertos durante o ano todo e acessíveis a todos os bolsos, com serviços de três a cinco estrelas.

saló também oferece um lazer diversificado, através de estrutu-ras esportivas, cinemas e tea-tros. Vale a pena visitar a cate-dral da cidade, datada de 1400, e que representa a obra monumen-tal mais importante, juntamen-te com o palácio da “Magnifica Patria”. Outro convite irresistível para quem gosta de caminhar e descobrir o território é uma visita à colina de são bartolomeu onde, em meio às árvores, abrem-se tri-lhas com vistas panorâmicas da parte sul do lago.

Arte e culturaA melhor maneira para explorar bem o centro histórico de saló é caminhar seguindo as indicações das vinte placas que guiam o tu-rista num percurso completo e fornecem dados referentes à ori-gem de cada bairro da cidade. O passeio começa por Fossa, partin-do da praça Vittorio Emanuele II, com uma visita à igreja de são bernardino, construída em 1476 e ao teatro Municipal, de 1873. Em seguida, merece uma especial

atenção a igreja da Visitação, de 1712. Através da antiga porta do Relógio, chega-se à praça Ange-lo Zanelli [escultor que realizou os detalhes em alto relevo do Al-tar da Pátria no complexo do Vito-riano de Roma] onde encontra-se a casa bersatti, com janelas que são consideradas as mais bonitas do período medieval de saló.

O percurso continua com a visita à igreja de são João batis-ta, datada, segundo estudiosos, do século 7 e totalmente rema-nejada em 1727, conservando em seu interior telas do pintor Zenon Veronese. Percorrendo a rua san Carlo que abriga construções de 1600, chega-se à estátua do san-to padroeiro de saló e logo após, à praça Giuseppe Zanardelli. Pa-ra chegar à delimitação antiga da cidade, ou seja, às muralhas que circundavam o burgo medieval, é necessário percorrer a “salita di santa Giustina” e continuar o trajeto pela rua Francesco Calso-ne. Ao chegar, o turista se de-para com uma visão panorâmica do campanário daquela que era a igreja de santa Giustina e de-pois se tornou a torre do Obser-vatório Meteorológico e Estação sísmica “Pio bettoni”, fundados em 1877.

Um dos pontos mais caracte-rísticos do centro histórico é a praça santo Antonio, com a igre-ja construída em 1646. O turis-ta que visita saló não pode dei-xar de ver a catedral da cidade que é, sem dúvida, o máximo da expressão artística presente no território. Consta nos documen-tos conservados na sacristia que a atual construção foi edificada em 1453, em estilo tardo gótico, projeto de Filippo delle Vacche da Caravaggio.

saló não oferece somente um passeio agradável pelas ruas do seu centro antigo. Vale a pena visitar o palácio terzi, constru-ído em 1556 pelo comandante das milícias venezianas sforza Pallavicini. Foi sede da secreta-ria pessoal e política de benito Mussolini, além de ter a função de quartel general das forças ar-madas da República social Italia-na. Muito próximo, encontra-se a igreja de são João batista e o convento dos Cappuccinos. Outra meta interessante é o santuário da Madonna del Rio, localizado a cerca de 2 quilômetros de sa-ló, construído no século 18 após

uma aparição milagrosa de Nossa senhora.

Por que Saló?A origem do nome saló não é bem clara e existem várias pos-sibilidades. Alguns estudiosos acreditam que o nome tenha li-gação com aquele da rainha etrusca salodia, residente em saló, onde construiu magníficos palácios. Uma outra explicação [talvez a mais coerente] dá conta que o nome da cidade estaria re-lacionado à sua atividade econô-mica de armazenamento de sal, em tempos remotos. No passado, saló se comunicava com o mar Adriático através do rio Mincio e, por esse caminho, os romanos chegavam em navios até a cidade para nela depositarem o sal ex-traído do mar.

Existem provas da presença antiga romana neste território, como a necrópole onde os ro-manos sepultavam os seus an-

tepassados, descoberta na re-gião norte da cidade, hoje, a rua sant’Jago. Na década de 70, durante um projeto de escava-ção arqueológica, foram desco-bertos vários túmulos e objetos, como uma ânfora que, hoje, se encontra no museu arqueológico de Milão.

A República Social ItalianaEm julho de 1943, as tropas alia-das invadiram a Itália, o ditador fascista benito Mussolini foi pre-so e Pietro badoglio assumiu o governo. Os alemães invadiram Roma e libertaram Mussolini, que fundou a República social Italia-na (RsI), mais conhecida como República de saló. Era um Esta-do independente, reconhecido somente pela Alemanha e pe-lo Império do Japão. Durou até abril de 1945, quando Mussolini foi executado, após ser captura-do pelas tropas italianas da re-sistência.

Foi a última tentativa de Mussolini e Hitler em reorga-nizar a Itália fascista. Villa si-monini, hoje Hotel laurin, era a sede do Ministério das Relações Exteriores, dirigido pelo próprio Mussolini. Outra propriedade utilizada naquele período como uma das sedes do governo foi a Villa Amadei e o Palazzo della Croce Rossa, ambos sede do Mi-nistério da Cultura Popular. lo-calizada às margens do lago, a Casa del Fascio, hoje bar Itália, ficava à disposição da Guarda de Mussolini, sob comando do Côn-sul da Milícia Albonetti. Próxi-mo à estação rodoviária, encon-tra-se a famosa Agência stefani, responsável, na época, pela im-pressão da propaganda fascista. Uma curiosidade é que a agên-cia possuía uma conexão com o Palazzo della Magnifica Patria, sede da Repartição Intérpretes, encarregada pela tradução dos comunicados externos. O teatro Municipal era utilizado para con-gressos e assembléias políticas, além de espetáculos de grande valor artístico .

Em 2002, foi aberto o Centro de estudos e documentação so-bre o período histórico da Repú-blica social Italiana, que conta com a participação da Prefeitura de saló, da Região lombardia e da Província de brescia. O Centro visa recolher todo tipo de mate-rial sobre a RsI em um acervo de acesso público, além de promover pesquisas e conferências.

Hoje meta turística, Saló guarda tesouros da antiguidade e cenários que deram vida à

República Social Italiana de Mussolini

ana PaUla torrEsCorrispondente • roma

Um mergulho no passado

Salò fica às margens do Lago de Garda, perto dos municípios com maior renda per capita do país

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música

Quem já não ouviu falar que a vida é um eterno recomeço, principalmen-te para os mortais? le-

do engano. Pelo visto, a máxima se estende até para celebridades como o maestro Ennio Morricone que, aos 79 anos, ainda vivencia novas experiências. Dentre elas, incluem-se o recebimento de um Oscar honorário, em fevereiro último, e sua primeira vinda ao brasil neste mês para participar do 1º Encontro Internacional de Música de Cinema, no teatro Mu-nicipal do Rio de Ja-neiro.

Em entrevista à ComunitàI-taliana, o maestro, especialista em trilhas cinematográficas com cerca de 500 temas compostos, diz que ter ganhado a estatueta foi sinônimo de revitalidade em sua carreira.

— Já recebi muitos prêmios e só me faltava o Oscar. Foi uma surpresa. Mas depois de tê-lo re-cebido, vejo que o prêmio foi um início e não uma conclusão. Um início para melhorar, respeitan-do minhas regras de vida musical — declara.

E a prova de tanta energia vem já do anúncio de um outro grande concerto a ser apresenta-do, em outubro, na Accademia Na-zionale Santa Cecília, em Roma.

— Relembrarei, com o públi-co, uma de minhas obras recentes feitas com o maestro Riccardo Mu-ti chamada Voci dal Silenzio, ins-pirada no episódio trágico ocorri-do em 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos — adianta.

Para falar do seu trabalho, Morricone dá a dica ao retratar seus cuidados na hora de compor trilhas sonoras para o cinema. Ali-ás, sobre isso, ele é categórico:

— A música não deve ser um fundo sonoro. Ela deve ter fisio-nomia própria. Deve tentar aflorar os sentidos. O compositor não de-ve “fraturar” a partitura de acordo com o filme na hora da montagem. Ele deve esquecer a fragmentação própria do cinema. tem que com-por com sincronia.

De seu vínculo com o brasil, Morricone lembra os grandes no-mes da música popular brasileira como Vinícius de Moraes e tom Jobim. Mas o maestro faz questão de ressaltar um dos episódios de parceria com artistas como o can-tor e compositor Chico buarque.

— Há 37 anos, gravei um disco com Chico buarque [Per um pugno di samba]. Na época, foi considerado um produto difí-cil, de vanguarda. Daí, o públi-co italiano não aproveitou esse conceito e as vendas não atingi-ram o esperado. Os artistas bra-sileiros fazem um trabalho bem elaborado e de pesquisa. Isso não se encontra muito na Itália — analisa o maestro.

Ennio Morricone desembarca no Rio e fala sobre carreira, premiações e sua relação com a música brasileira

Com a palavra, o maestro

rosangEla coMUnalE

O Oscar HonorárioQuando recebeu o Oscar por sua carreira de mais de 50 anos

e tendo o ator americano Clint Eastwood como tradutor, Morricone aproveitou a oportunidade para prestar uma homenagem a “todos aqueles artistas que nunca receberam um prêmio como este, apesar de terem se dedicado a seu trabalho”.

— Espero que todos possam recebê-lo algum dia — disse, na ocasião, o compositor, que dedicou o prêmio a sua mulher, Maria.

Na cerimônia, a cantora canadense Celine Dion interpretou a música I knew I loved you, apresentada no disco We all love Ennio Morricone, que inclui alguns de seus temas interpretados por nomes como bruce springsteen, Metallica, Roger Waters e Andrea bocelli.

Morricone já havia recebido cinco indicações por conta dos filmes Cinzas no Paraíso (1978), A missão (1986), Os intocáveis (1987), bugsy (1991) e Malena (2000).

— É como uma loteria. Você não deve fazer uma tempestade se não te escolherem. Mesmo assim, parece-me que este Ostar significa muito. Não é fruto da sorte, do acaso e sim, do êxito de uma votação de mais de quatro mil membros da academia. É o reconhecimento de todo um trabalho que dediquei ao cinema — reflete.

Mas, uma pergunta não se quer calar. De onde vem a inspiração que acabou sendo coroada pela estatueta? O maestro mesmo responde:

— Vem de tudo, creio eu. Do cérebro, da preparação, das teorias musicais, da necessidade própria do filme, no caso de uma trilha sonora, e das discussões com o diretor que podem chegar a resultados inesperados — fala.

Para Morricone, essa identifi-cação com a Itália é expressa até nos instrumentos o que, segundo ele, mostra a afinidade entre os povos das duas nações.

— O brasil é rico em percus-são. Isso me faz lembrar a fra-ternidade com os instrumentos italianos como o “tamburello”, típico de Nápoles e de toda a Itália meridional — compara.

Ao longo de seus 52 anos de carreira fazendo trilhas para filmes, diplomocia é também o que não falta em Morricone. Ao ser perguntado sobre seu diretor preferido, ele é infalível:

— Escolher um ou outro é complicado.

Já a respeito de suas im-pressões sobre o Rio de Janei-ro, ele não se intimida e pro-cura exaltar tanto a Itália como o brasil.

— É um grande país com grandes maravilhas. Para quem vem de uma maravilha como a Itália, percebo que o brasil é também é uma — observa.

O maestro no MunicipalFoi no Rio de Janeiro que Morri-cone regeu pela primeira vez após o Oscar recebido em fevereiro. No concerto,com a Orquestra Pe-trobras sinfônica, ele apresentou sucessos como “Riccardo III”, “Here’s to you” [ filme de Sacco & Vanzetti], “l’estasi dell’oro” [de Três homens em conflito], o tema de “A Missão”, dentre outros, pa-ra mais de 2 mil pessoas.

A proposta do 1° Encontro Internacional de Música no Cine-ma foi promover a importância da música no universo da produção cinematográfica. A programação contou com concertos sinfônicos acompanhados de projeção de vídeos, apresentação de shows, palestras com compositores, es-critores, professores e críticos de cinema nacionais e internacio-nais. O objetivo foi disseminar um assunto pouco discutido no

“Já recebi muitos prêmios e só me faltava o

Oscar. Foi uma surpresa. Mas

depois de tê-lo recebido, vejo

que o prêmio foi um início e não

uma conclusão. Um início para

melhorar, respeitando

minhas regras de vida musical”

âmbito das produções cinemato-gráficas e audiovisuais como um todo, levando a cultura da músi-ca de cinema para o público em geral. segundo os idealizadores, a música é um poderoso elemen-to que pode contribuir com a narrativa de um filme.

A parceria com Sergio LeoneImpossível não mencionar a participação importante do diretor

sergio leone na carreira do romano Morricone. Em 1964 foi quando tudo começou. A primeira trilha sonora escrita para ele aconteceu no filme “Per un pugno di dollari” [“Por um punhado de dólares”]. A partir daí, ocorreu uma série de filmes com leone. Dentre eles, estão “Per qualche dollaro in più” [“Por uns dólares a mais, 1964], “Il buono, il brutto, il cattivo” [“Três homens em conflito”, 1966], “C’era una volta il West” [“Era uma vez no Oeste”, 1968] e “Giù la testa” [“Quando explode a vingança”, 1971]. Por serem sucessos consagrados pelo grande público, Morricone sempre dedica uma parte de seus concertos ao diretor leone.

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Sapori d’ItaliaGuilherme Aquino

milãO

Fábio lino

brasília – Aquele cafezinho depois do almoço cai muito bem. Principalmente para os italianos que gostam sempre de al-go “digestivo” após as refeições. De manhã então nem se fala...

sempre quentinho, a bebida faz parte do cotidiano brasileiro desde o início do século passado, quando o produto ganhou espa-ço na economia nacional e lugar especial no paladar do brasileiro. Os italianos estão intimamente ligados à história da cafeicultura no brasil, uma vez que milhares deles vieram para o país vislumbrando a riqueza nos cafezais do interior paulista e fluminense. Muitos não ficaram ricos, mas deixaram descendentes que aprimoraram a cultura do café em terras brasileiras.

– O meu avô Domenico Monardo veio plantar café e hoje invisto e vendo o produto — conta o italiano de Reggio Calabria, Antonello Monardo, de 46 anos.

Ele apostou na comercialização do café especial, emprestou seu nome à sua empresa de distribuição e ganhou os restaurantes da ca-pital federal. segundo ele, antigamente, em brasília, os estabeleci-mentos serviam um café ruim e de graça. Diferente da Itália, onde, de acordo com ele, os alegres bate-papos são regados à bebida em diversas receitas.

– Perdia o cliente e o dono do estabelecimento — destaca.Vender apenas não é a solução. Monardo assinou uma parceria

com a Accademia Italiana Maestri Del Caffè (Aicaf), uma escola com sede na província de brescia na Itália. O objetivo é qualificar e pro-mover a figura do Mestre do Café e do estabelecimento, melhorar a imagem e o prestígio do barista. Além disso, para capacitar os fun-cionários dos restaurantes, Monardo promove um curso de barista no Centro Universitário Unieuro.

– O brasil produz o melhor produto do mundo — resume.Para esta bebida de cor preta e amarga, há inúmeras receitas e

uma delas é misturá-la com chocolate, como se faz em turim, no norte da Itália. lá, explica Monardo, em frente ao santuário da Con-solata, o Caffè bicerin [do século 19] serve o “bicerim”. Para os mo-radores de turim, essa bebida tem a mesma importância que o vinho para os franceses. A receita do bicerin torinese, feito com chocolate, café e creme de leite e servido em copinho de vidro, data de 1763.

Outra maneira de se beber o café é ge-lado. batizada de “Granita de Café”, essa

receita é uma sobremesa que, segundo Monardo, é mais

consumida no sul da Itália [Sicília e Ca-

lábria] especial-mente no verão,

como café-da-manhã. É servi-

da com panna montata [cre-

me chantilly] e acompanhada geral-

mente de brioche.

Café chiqueA bebida típica brasileira ganha toque especial nas mãos de italiano

Serviço: Café e Caffè – avenida W3 norte – Quadra 708/709 – BloCo a nº43BraSília – df/telefone: 32721646 – WWW.CafeeCaffe.Com.Br

Bicerin Torinese

Ingredientes:250 ml de leite; 20g de chocolate amargo; 50 g de açúcar; 2 xícaras de café; 2 colheres (sopa) de chantilly.

Modo de preparar:Coloque em uma panela o chocolate amargo, junte vagarosamente o leite e o açúcar mexendo com cuidado no fogo brando até obter um chocolate bastante denso e homogêneo. Coloque o chocolate em um copo de vidro formando a primeira camada. Junte o café ex-presso ou um café bem encorpado e finalize com o chantilly, tendo o cuidado de formar três camadas.

Rendimento: 2 porçõesTempo de preparo: 30 minutos

Grantia di Caffé con panna

Ingredientes:1/2 litro de água; 6 xícaras de café expresso ou 250ml de café en-corpado; 150g de açúcar; 1 xícara de creme de leite fresco.

Modo de fazer:Em uma panela, dissolva o açúcar na água em fogo brando. Junte o café, mexa e deixe esfriar. Coloque o produto em um recipien-te com bordas baixas e leve-o ao freezer. Depois de duas horas, mexa com um garfo ou colher de pau. Repita a operação algumas vezes a fim de obter uma consistência granulosa. bata o creme de leite fresco com um pouco de açúcar, à mão ou na batedeira, até virar chantilly. sirva em taça de vidro, colocando o chantilly em um lado da taça. Complete com a granita e finalize com o chantilly.

Rendimento: 6 a 8 porções Tempo de preparo: 4 horas

Agito à beira do rioO 12º Festival Nacional e Internacional

de Dança acontecerá entre os dias 25 de maio e 10 de junho. Este ano, especial-mente, o evento vai ter lugar no novo Spazio Live di Trezzo. são 1.600 metros quadrados de uma estrutura polifuncional com dois an-dares e a possibilidade de se dividir em uma ou mais salas de concerto e espetáculo. Um restaurante também será montado para ga-rantir a “energia” dos visitantes. O festival é patrocinado pela Província de Milão e pelo Comune di Trezzo sull’Adda e dal Polo Adda e Dintorni. Além dos eventos culturais, o públi-co poderá admirar a beleza das águas claras do Adda, o quarto maior rio da Itália e prin-cipal afluente do Po. Mais informações no si-te www.addadanza.org

Camera con VistaAs salas do Palazzo Reale celebram

cem anos, de 1900 a 2000, de es-tilo italiano. Além das obras dos grandes artistas [do Futurismo ao Divisionismo, da neovanguarda dos anos 70 aos jovens de hoje em dia], estão ainda as peças de arquitetos e designers. Pinturas e insta-lações retratam o melhor da decoração de interiores da Itália. Por conta dis-so, podem ser vistos móveis projetados e realizados por nomes como Gio Ponti e bugatti. O nome da mostra é “Came-ra com Vista”, tirado do homônimo fil-me de James Ivory, e fica em cartaz até o dia primeiro de julho. O site referente à exposição é www.comune.milano/pala-zzoreale/index

O prêmio World Press Photo 2007 é o mais prestigioso do setor da foto-grafia e do fotojornalismo. É o “os-

car’ de quem vive atrás da lente em busca do flagrante revelador, do instante fugiti-vo, do passo em falso e do olhar verdadei-ro. Enfim, todas as nuances das paisagens, das tramas e dos personagens que uma cena pode contar ao leitor são responsáveis por

imagens que escrevem a história contempo-rânea. Quem estiver em Milão até o dia 27 de maio, poderá admirar os trabalhos pre-miados na Como 10, na rua homônima, um local muito “descolado” onde se encontram as grifes mais badaladas do mundo fashion e uma galeria de arte onde foi montada a exposição das fotografias. tudo isso pode ser conferido no www.worldpressphoto.it

Fotografias do Mundo

Semana da Cultura de 2007O ministério dos bens e das Atividades

Culturais organiza, como todos os anos, a semana da cultura em toda a Itália. Durante este mês, museus, sítios arqueológicos, mo-numentos estatais terão acessos gratuitos e será possível aproveitar a chance de desfrutar de diferentes iniciativas com a abertura extra-ordinária de ruínas antigas, visitas guiadas, restaurações em curso ou que acabaram de terminar, concertos, espetáculos, projeções de filmes e mostras. Em Milão, as atrações serão, entre outras, La Torre Poligonale del Civico Museu Archeologico, Il Cortile Ghiac-ciaia della Ca’Grande dell´Università e La Sala Reale della Stazione Centrale di Mila-no. Para mais detalhes, consultar o site www.beniculturali.it

América redescobertaObras de arte de coleções americanas

nunca antes expostas em público chegam ao Castello sforzesco. Da Amazô-nia aportam cerca de 400 objetos de uso de rituais religiosos e instrumentos musicais. A mostra abre espaço para a cultura da América do sul. Arqueologia e etnografia se encontram num mosaico de materiais, de formas e desenhos muito diferentes uns

dos outros. Vale também vi-sitar o Castello Sforzes-

co, um monumento “vivo” ao período renascentista. In-formações no site

www.milanocas-tello.it/craai

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Claudia Monteiro de Castro

la gENTE, il pOSTO

O mesmo menu desde 1947Tradição é o que não falta na Itália.

Muitos restaurantes exibem placas comemorativas indicando a data de

fundação e é comum aqueles que existem há diversas décadas. Numa pequena ilha de Como, a única do lago, o restaurante la lo-canda dell’Isola Comacina vai mais além. Além de ter sido fundado há mais de meio século, tem o orgulho de oferecer o mesmo menu desde 1947. O preço é fixo, 59 euros, incluindo vinho. O lugar é pitoresco, no la-go de Como, onde ficam as vilas dos ricos e famosos, como o ator americano George Clooney. No verão, almoça-se ao ar livre, em mesas rústicas.

Mas vamos voltar a falar do mais im-portante, o histórico menu: bem saudável, é uma maratona de cinco pratos. só o an-tipasto bastaria para saciar o apetite de qualquer guloso que se preze: uma fatia de tomate e uma fatia de limão, temperadas com sal, orégano e azeite de oliva, e diver-sas cumbuquinhas, cada uma com um tipo de verdura: cenoura, beterraba, aipo, corta-dinhos bem fininhos, à perfeição, e ainda

pimentão, cebola cozida (divina!), feijão, brócoli, presunto de Parma, bresaola de Val-tellina e o pane amico, come eles chamam carinhosamente uma longa baguete pronta para ser repartida com a mão entre os com-panheiros de mesa.

Depois deste apetitoso antipasto, é a vez da truta alla contrabbandiera, assa-da numa chapa de forno à lenha. Assistir aos garçons enquanto tiram os espinhos na frente dos clientes com todo cuidado e temperam com limão e sal é um verda-deiro espetáculo. Depois da truta, é servi-do o frango com salada. Quando menos se espera vem o garçom com um gigantesco parmigiano reggiano, quase do tamanho de um pneu e escava um pedaço para cada co-mensal. Quem ainda guardar espaço para a sobremesa pode saborear a laranja alla castellana, fatias de laranja servidas com sorvete de creme, com uma cobertura deli-ciosa. E prepare-se para o grand finale: os garçons entram na sala fazendo balbúrdia com sinos. Enquanto servem o café, contam a história da ilha.

Locanda dell’Isola ComacinaTelefones: 0344 55 083 0344 56 755Aberto de março a outubroMais informações pelo site www.locanda-isola-comacina.it

Os sobrenomes italianosNão existe país no mundo onde os sobrenomes tenham mais

significado que na Itália. Conheci pessoas com sobrenomes belíssimos como d’Amore, Delicato e também graciosos como

Coccola que, em italiano, quer dizer “paparico”. Alguns sobrenomes têm forma de adjetivo, exaltando as vir-

tudes das pessoas: belli, Perfetti, Fedele, Valente. sobrenomes como esses dão sorte, inspiram confian-ça. Mas, às vezes, acontece que o sobrenome não tem nada a ver com a pessoa. Por exemplo, conheci um senhor de sobrenome terribili que era a gentileza em pessoa. Antes de conhecê-lo, estava com um certo temor mas, assim que vi seu sorri-so e olhar de criança, percebi que o sobrenome não era apropriado! E o que dizer do senhor Gambalunga (Pernalonga) que tinha um metro e meio de altura? É a ironia dos so-brenomes italianos.

Nome e sobrenome nos acompa-nham durante toda a vida. É coisa séria. Alguns são muito divertidos,

mas nem sempre têm um significado muito lisonjeiro. O que fazer nes-te caso? Algumas pessoas famosas na Itália como a apresentadora lui-sa Corna (em português “corna”) ou o jornalista Vittorio Zucconi (cujo significado seria algo como cabeça de pudim, colocando em dúvida a inteligência da pessoa) mantiveram o deles, pouco se lixando com os

tiradores de sarro. Mas devo admitir, precisa ter peito.

Às vezes não é o sobrenome, mas a combinação de nome e sobrenome que se torna um desastre, como o ca-so da famosa Perla Madonna. Per la Madonna! (Por Nossa senhora!) Mas como fazem os pais a não perceber tal coisa?

Mas os meus sobrenomes preferi-dos são aqueles bem apetitosos, bons como a comida italiana: Roberto Ca-ppelletti, Giovanni Gnocchi, Maria Parmigiano. Quando estou de papo para o ar, sem nada para fazer, come-ço a inventar possíveis nomes italia-nos: Giulietta tiramisù, Fabiana Cioc-colata, Marcello sfogliatella. tudo é possível na Itália.

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