Parametrizações da CLP -...

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Parametrizações da CLP Osvaldo L. L. Moraes UFSM

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Parametrizações da CLP

Osvaldo L. L. Moraes UFSM

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Qual a importância da CLP?

RESPOSTA SIMPLES:

É nela que a vida ocorre !!!!

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Mas há outros:Desafio teórico:

“Sou um homem velho e quando eu morrer e encontrar Deus tenho para ele dois problemas: A cromodinâmica quântica e a turbulência. Sobre a última tenho poucas esperanças que Ele possa me auxiliar” (H. Lamb, Royal Society, 1921)

Desafio experimental:

Não é possível extrapolar resultados site-to-site

Tempo e Clima:

Processos Fundamentais para explicar MUITOS fenômenos de maior escala

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No que reside a complexidade da CLP e quais as dificuldades na sua descrição?

Adicionalmente as complexidades das equações da dinâmica e termodinâmica da atmosfera (não linearidade e acoplamento) existe o problema de fechamento.

O Modelo matemático da CLP possui mais incógnitas do que

equações.

Mostrarei isto em seguida.

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Mas bah tchê, se a coisa é difícil e não tem solução vamos tratar de coisas mais simples. (Simplício revisitado)

Que nada. Deve existir uma maneira de descrever este troço. (Salviati revisitado)

Duas Novas Ciências: Galileo Galilei

Mas...”Tudo vale a pena quando a alma não é pequena” (F. Pessoa)

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Como fazer isto?

Inicialmente entender quais os processos físicos que governam a CLP

Em seguida fazer uma descrição qualitativa Posteriormente fazer um modelo matemático simplificado Em sequência implementar avanços neste modelo Finalmente, ter clareza de quais são as limitações do

modelo.

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O primeiro desafio já dá uma idéia das dificuldades e das limitações que terão os nossos modelos

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Simplificando...Em termos qualitativos o que devemos considerar?

As características da CLP são determinadas por dois forçantes: Mecânico e Térmico;

“wind shear” “Buoyancy” Estes mecanismos determinam a intensidade da turbulência; Algumas vezes eles se somam, outras competem entre si; A intensidade da turbulência é uma função da altura; Classicamente, onde a turbulência cessa é o limite superior

da CLP (a maioria dos modelos numéricos assume isto. Mas...e sempre tem um mas, esta concepção é falha na maioria da vezes)

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Assim, já temos uma idéia de como construir um modelo para a CLP:

Escrever a equação para a energia cinética turbulenta.

Mas vamos deixar isto para daqui a pouco

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A Estrutura da CLP

olhando apenas a “atmosfera adjacente à superfície é possível ter uma descrição mais simples

Stull (1988)

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Uma vez que já temos um “picture” da CLP como construir o modelo matemático?

Equação de Conservação de Momentun

kjijkik

i

ij

ij

i Ugx

U

x

P

x

UU

t

U ωεδνρ

21

32

2

−−∂

∂+∂∂−=

∂∂+

∂∂

Equação de Conservação de Massa

0=∂∂+

∂∂

j

j xU

t

ρρ

Equação de Conservação de Energia

Θ=∂

Θ∂+∂Θ∂

Sx

Ut j

j

Equação de Estado

TP R ρ= Equação de Conservação de Água

Q

j

j Sx

QU

t

Q =∂∂+

∂∂

Não

com

o nã

o pa

rtir

das

eq u

açõe

s fu

ndam

enta

is

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A conservação de energia (exemplo) na CLP

Θ=∂Θ∂+

∂Θ∂

Sx

Ut j

j

Surgiu o problema de fechamento....!! O quê significa isto?

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O procedimento adotado para derivar as equações levou ao “aparecimento” dos

fluxos turbulentos

Qual o significado destes?Eles representam a conexão da

superfície com a atmosfera

Como eles podem ser representados?

a)Parametrizados

b)Resolvidos por equações (?)

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Iniciemos pelo mais difícil...

∂∂−

∂∂

Θ+

∂Θ∂

=∂

∂+∂

∂+∂

z

pw

zzw

y

wV

x

wU

t

w

o

,,2,2,2,

,,,,,,

1)(- )(

g )( -

θρ

θθ

θθθ

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Agora, uma vez que em algum momento uma parametrização deve ser feita exemplifiquemos

para o caso mais básico.

zKw h

- ,,

∂Θ∂=θ

zKw h

- ,,

∂Θ∂=θ

zKw h

- ,,

∂Θ∂=θ

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Aquela equação

pode, então, ser escrita como:

Θ∂+∂

Θ∂+∂

Θ∂

∂∂++=

∂Θ∂+

∂Θ∂+

∂Θ∂

2

2

2

2

2

2

v

)(

)(

) ( -

1

z

K

y

K

x

K

z

QEL

cyV

xU

thhh

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Podemos agora imaginar um outro bate-papo entre os dois personagens

de Galileo.

Que beleza! Nossos problemas acabaram. (Simplício again)

Ainda nem começaram. (Salvati, exercendo seu papel crítico). Me fale algo sobre aqueles coeficientes.

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Simplício levou mais de três séculos para encontrar uma

resposta.

E ela está muito longe de ser

aceita.

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)(

)(

)(

)(

)()(

,,

,,

2*

**,,

**,,

2*

2/12,,

2,,

wqLL

wcH

u

quwq

uw

uwvwu

v

p

ρ

θρ

ρτ

θθ

−=

=

=

=

=

=

+

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)( C

)( C

C

1010q

1010T

210D

ov

op

qqULL

UcH

U

−−=

Θ−Θ−=

=

ρ

ρρτ

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unstable) - 0,95 stable; - 1(Pr

)/,/(lnPr

)/,/(ln1

Integrando

)/(

)/(

)/(

o

211

2o

*

12

211

2

*

12

*

*

*

−=Θ−Θ

−=−

=∂∂

=∂Θ∂

=∂∂

LzLzz

z

k

LzLzz

z

ku

UU

Lzz

Q

q

kz

Lzz

kz

Lzz

U

u

kz

mmmm

m

mmmm

m

q

T

m

ϕθ

ϕ

ϕ

ϕθ

ϕ

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[ ]

t)coefficien (drag )/ln(

C

; ) e entre (gradiente ; /) (Ri

)Ri51(15Ri1)/ln(

)5Ri(1

Ri101

)/ln(

D

12

b

12/1bb

*

2

*

1

2/1b

b22

2*

=

∆∆∆=

++∆

=

++

=

o

o

o

o

zz

k

zzUzg

u

U

zz

k

Uzz

ku

θθθ

θθ

Louis et al (1981)

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Um exemplo ilustrativo

Tomara que eu tenho tempo para apresentar

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Questão: Como considerar as diferentes superfícies, e diferentes fluxos superficiais a elas associados , dentro de uma mesma célula de grade de um modelo numérico?

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Até que ponto a questão da heterogeneidade é importante?

Não há consenso na comunidade: modeladores tendem a considerar o problema mais importante que os que fazem observações.

Regiões de maior rugosidade tendem a ter um peso maior na média regional

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Segundo Mahrt (1999), a caracterização de homogênea ou heterogênea não é própria de cada superfície, mas depende muito das condições atmosféricas.

Durante o dia, a questão é definir como fazer as médias;

Mas e à noite?

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Típica parametrização de superfície (Blackadar, 1979):( )

( )( ) ( )

( ) ( )( ) ( )( ) ( )0

max

0

max

0

/ln

/ln

/ln

zhRif

Rifqqq

zhRif

RifTT

zh

URifu

Ubm

bq

Ubm

bh

U

bm

−κ=

−κ=θ

κ=

∗ ( ) ( )

≥<−

≡cb

cbcb

RiRi

RiRiRiRiRif

for 0

for /1 2

∗∗

∗∗

ρ−=θρ−=qLuLE

uCH p

A parametrização acima funciona muito bem, e é fisicamente consistente, LOCALMENTE.

Como fica para uma área? Por exemplo, uma célula de grade?

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O fluxo médio é muito diferente do fluxo devido ao estado médio da região (que em muitos casos é nulo!)

Night ( )bRiH ( )bRiH ( )bRiLE ( )bRiLE

8 September - 7.6 - 20.1 - 4.7 - 25.19 September - 11.6 - 23.1 - 10.7 - 28.910 September 0 - 10.0 0 - 13.911 September 0 - 4.8 0 - 10.812 September 0 - 4.9 0 - 9.212 September 0 - 4.9 0 - 9.217 September - 39.2 - 27.4 - 27.1 - 24.019 September 0 - 6.4 0 - 6.624 September 0 - 9.7 0 - 5.7

25 September 0 - 6.2 0 - 9.730 September 0 - 2.7 0 - 4.8

4 October - 32.5 - 25.0 - 25.6 - 26.35 October 0 - 8.6 0 - 11.96 October 0 - 7.5 0 - 22.310 October 0 - 8.8 0 - 7.618 October 0 - 26.6 0 - 19.724 October 0 - 2.7 0 - 9.427 October 0 - 5.1 0 - 5.328 October 0 - 4.1 0 - 6.930 October - 6.3 - 13.4 - 3.9 - 25.9

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Questão final: é mais importante acertar temperatura ou fluxo?

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Considerações “quase finais”

As parametrizações existentes têm sérios problemas em condições estáveis, especialmente no que diz respeito a contabilizar eventos turbulentos localizados;

Uma parametrização ideal talvez precise considerar uma “escala de heterogeneidade”.

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Considerações Finais

Avançamos muito. Graças aos recursos computacionais, desenvolvimento de sensores, métodos de interpretação e análise de dados. Contudo, muito ainda resta a ser feito. Por muitos anos vamos depender de medidas de campo. Mas esta é uma outra história a ser contada com carinho. Por enquanto vale dizer:

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Mais importante do que os recursos materiais são os recursos humanos. Em ciência, mais do que em qualquer outra

atividade, os desafios são os propulsores da evolução. Isto requer cérebros. A descrição

da CLP e da teoria da Turbulência está neste limiar. A Ciência do Complexo é a

fronteira do conhecimento.

Sem Tesão não há Solução (Gilberto Freire)

Finalmente. Duas mensagens aos jovens:

Reconhecimento antes de Trabalho só no Dicionário

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Obrigado

Bom Churrasco.