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PRODUTOR RURAL:

NÃO HÁ MUDANÇASEM AÇÃO,

NEM CONQUISTA SEMTRABALHO CONJUNTO.

ORGANIZEM-SE EMASSOCIAÇÕES E/OUCOOPERATIVAS, E

ESTRUTUREM AS CADEIASPRODUTIVAS DOS

OVINOS E CAPRINOS.

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PARASITOSES GASTRINTESTINAISDOS OVINOS E CAPRINOS:

ALTERNATIVAS DE CONTROLECristina Santos Sotomaior 1

Fernanda Rosalinski Moraes 2Felipe Pohl de Souza 3

Viviane Milczewski 4Cezar Amin Pasqualin 5

Curitiba, 2009

1 Médica Veterinária, MSc, Doutor - Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUC-PR2 Médica Veterinária, MSc, Doutor - Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUC-PR3 Médico Veterinário, MSc, Membro do Conselho Consultivo da AVEPER4 Médica Veterinária, MSc, Doutor - Faculdade Integradas “Espírita”5 Médico Veterinário, Esp. Agronegócio Instituto Emater

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A possibilidade de tratar seletivamente os animais usando o métodoFAMACHA© é a principal estratégia para preservar os vermífugos que aindaestão funcionando. O FAMACHA© preserva a população refúgio, por desvermi-nar menos, o que permite a utilização dos vermífugos de forma mais eficientee responsável.

Outra vantagem do método é permitir que se identifique os animais maissusceptíveis às parasitoses (os que mais vezes tiveram que ser desverminadosnum determinado tempo de utilização do método) para descartá-los. Ou seja, amédio e longo prazo, consegue-se selecionar os animais mais resistentes eresilientes do rebanho.

É um método bastante simples, mas somente pessoas que foram treinadasestão aptas e autorizadas a utilizar o método. Porque, apesar de simples, estametodologia tem algumas características que precisam ser entendidas e apren-didas e somente no treinamento o criador vai conhecer de fato como funcionao método, quais são as suas vantagens e possíveis limitações. Após um perío-do de prática a pessoa reduz a possibilidade de erro. O método FAMACHA©

possui uso seguro e para que os intervalos de avaliações do rebanho sejamestabelecidos, deve-se levar em consideração as condições climáticas de cadaregião.

Da mesma forma, somente quem faz o treinamento pode adquirir a cartelado método.

AGORA QUE VOCÊ CONHECE MELHOR OS PARASITAS

DAS OVELHAS E DAS CABRAS

E COMO FAZER O CONTROLE, MÃOS À OBRA.

A SANIDADE DE SEU REBANHO

E O LUCRO OBTIDO EM SUA PROPRIEDADE

DEPENDEM DE VOCÊ!

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GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁInstituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão RuralVinculado à Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná

Série Informação Técnica nº 080, 2009

Elaboração Técnica:Médica Veterinária, MSc, Doutor Cristina Santos Sotomaior, Pontefícia Universidade Católica do ParanáMédica Veterinária, MSc, Doutor Fernanda Rosalinski Moraes, Pontefícia Universidade Católica do ParanáMédico Veterinário, MSc Felipe Pohl de Souza, Membro do Conselho Consultivo da AVEPERMédica Veterinária, MSc Viviane Milczewski, Faculdade Integradas “Espírita”Médico Veterinário, Especialista Agronegócio Cezar Amin Pasqualin, Instituto Emater

Executores do Projeto:Cristina Santos Sotomaior - PUC-PRFernanda Rosalinski Moraes - PUC-PRJosé Antonio Garcia Baena - SEAB-PRCezar Amin Pasqualin - Instituto Emater

Colaboradores Técnicos:Ana Carolina de Souza Chagas - EMBRAPA Pecuária SudesteAngelo Garbossa Neto - Instituto EMATERDemétrio Reva - Iniciativa PrivadaElza Maria Galvão Ciffoni - Universidade TUIUTIJannifer Silva Caldas - Autônoma - DUOVET - Medicina e Produção de Ovinos e CaprinosJoão Ari Gualberto Hill - IAPAR-PRLuiz Augusto Pfau - Instituto EMATERLuiz Danilo Muehlmann - Instituto EMATERMarcelo Molento - UFPRMaria da Graça Schwartz - Autônoma - DUOVET - Medicina e Produção de Ovinos e CaprinosOdilei Rogério Prado - Iniciativa PrivadaTarcísio Nicolau Bartmeyer - Cooperativa CASTROLANDAValéria Camacho - Instituto EMATERWillis Adolfo Amatneeks Junior - Instituto EMATER

Revisão Instituto EMATER:José Renato Rodrigues de Carvalho

Designer/Diagramação Arte Final - Instituto EMATER:Marlene Suely Ribeiro Chaves e Roseli Rozalim Silva

Tiragem: 7.000 exemplares

Exemplares desta publicação podem ser adquiridos junto ao:Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural - EMATERServiço de Atendimento ao Cliente - SACE-mail: [email protected] http://www.emater.pr.gov.brRua da Bandeira, 500 Cabral - CEP 80035-270 - Caixa Postal 1662Telefone(041) 3250 2100 - Curitiba - Paraná - Brasil

I59 INSTITUTO EMATERParasitoses gastrintestinais dos Ovinos e Caprinos:

alternativas de controle / Cristina dos Santos Sotomaior,Fernanda Rosalinski Moraes, Felipe Pohl Souza, VivianeMilczewski e Cezar Amin Pasqualin - Curitiba: InstitutoEmater, 2009.

36 p. : il. (Informação Técnica, 080).1. Caprinos. 2. Ovinos. 3. Vermifugos. 4. ControleParasitose. 5. Alimentação Adequada I. Sotomaior, Cristinados Santos. II. Moraes, Fernando Rosalinski. III. Souza,Felipe Pohl. IV. Milczewski, Viviane. V. Pasqualin, CezarAmin. VI. Título.

CDU 636.3:616.34Maria Sueli da Silva Rodrigues, CRB 9/1.464

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Figura 11 - Método FAMACHA©

* considerando um valor fictício de R$ 2,00 por animal desverminado

O método FAMACHA© con-siste em avaliar a cor da mucosado olho de cada um dos animais dorebanho e, ao comparar esta corcom a cartela do método, decide-se se o animal deve ser desvermi-nado ou não.

Portanto, esta metodologiapossui várias características dese-jadas para um controle eficiente dasparasitoses gastrintestinais. Em pri-meiro lugar, ela é uma avaliaçãoindividual dos animais, sem a ne-cessidade de estimar o grau de infecção parasitária do rebanho pela média depoucos animais. Ou seja, avalia-se cada animal para saber se ele precisa ounão ser desverminado.

Exatamente por ser individual, o número de animais desverminados é muitopequeno. Às vezes, menos de 10% do rebanho precisa receber vermífugo. Eisto traz muitas vantagens: a primeira é que desverminando menos, há menosresistência dos parasitas aos vermífugos; segundo, gasta-se menos porque amaioria dos animais não recebe o vermífugo; terceiro, há menos resíduos devermífugos na carne e no leite dos animais.

Por exemplo, veja a comparação de dois rebanhos com 100 ovinos: umcom desverminações mensais de todos os animais (método antigo e errado!) eoutro utilizando o método FAMACHA©, com avaliações clínicas quinzenaisdos animais. Observa-se a diminuição do número de doses de vermífugos usa-das no rebanho que utiliza o método FAMACHA©:

Rebanho 1 Rebanho 2Número de animais 100 100Número médio de animaisdesverminados a cada mês 100 8 a 10 em médiaNúmero médio de doses devermífugos por ano 1200 108Gasto médio comvermífugos por mês* R$ 200,00 R$ 18,00Gasto médio comvermífugos por ano R$ 2.400,00 R$ 216,00

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SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO ................................................................................................ 5

2. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 6

3. AS PARASITOSES DOS OVINOS E CAPRINOSSÃO UM PROBLEMA? ...................................................................................... 7

4. PRINCIPAIS PARASITAS DOS OVINOS E CAPRINOS EO QUE ELES CAUSAM ...................................................................................... 9

5. CICLO DE VIDA DOS PARASITAS ................................................................. 15

5.1 Fase de vida livre ............................................................................................... 16

5.2 Fase parasitária .................................................................................................. 17

6. FATORES QUE INTERFEREM NAS PARASITOSES ..................................... 18

6.1 Clima ................................................................................................................. 18

6.2 Suscetibilidade do hospedeiro ........................................................................... 19

6.3 Sistemas de produção ........................................................................................ 20

6.4 Vermífugos......................................................................................................... 20

7. RESISTÊNCIA DOS PARASITAS AOS VERMÍFUGOS ................................. 21

7.1 População refúgio .............................................................................................. 22

8. FORMAS DE CONTROLE DAS PARASITOSES EMOVINOS E CAPRINOS ..................................................................................... 24

8.1 Controle nas pastagens ...................................................................................... 24

8.2 Controle nos animais ......................................................................................... 27

8.2.1 Adequada alimentação e condição sanitária ................................................... 27

8.2.2 Divisão em categorias ..................................................................................... 27

8.2.3 Seleção de animais resistentes aos parasitas ................................................... 27

8.2.4 Manejo de vermífugos .................................................................................... 30

8.2.5 Tratamento seletivo ......................................................................................... 34

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8.2.5 Tratamento seletivoO tratamento seletivo consiste em desverminar somente animais que apre-

sentem algum sinal de anemia, diarreia, queda na produção de carne ou leite,deixando os outros sem tratar. O objetivo disto é preservar a população emrefúgio, ou seja, aumentar o número de parasitas sensíveis nas pastagens.

Há várias formas de fazer o tratamento seletivo. O melhor seria conseguiridentificar, dentro de um rebanho ou de um lote, quais são os animais querealmente precisam de vermífugos.

O exame de fezes (OPG), por exemplo, poderia ser um destes critériospara o tratamento seletivo. O problema do exame de fezes (OPG) é que fazer oexame de todos os animais é muito demorado e caro. Se for feito o exame desomente alguns animais não se saberá como está o nível de infecção dos ou-tros, o que não ajuda a identificar quem realmente precisa ser desverminado.

Existe uma metodologia nova, desenvolvida por cientistas sul-africanos,que consegue identificar de forma rápida, eficiente e praticamente sem custonenhum, quais são os animais que realmente precisam ser desverminados, naspropriedades em que o Haemonchus é o principal parasito presente. Este mé-todo chama-se FAMACHA©.

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kg, quando se trata de caprinos. Outro cuidado a ser tomado é verificar seas doses indicadas nas bulas dos medicamentos estão corretas.Sabe-se, também, que erros de dosagem podem ser cometidos por falhasna estimativa dos pesos. Sempre que possível, deve-se pesar os animaisantes da desverminação. Quando isto não for viável, pode-se pesar o mai-or animal do lote e utilizar este valor como padrão para os demais. Casoexista muita diferença entre animais do mesmo lote é necessário dividir acategoria em leves, medianos e pesados, cada um com a sua dosagem.

c) Rotação de princípios ativos. Após o teste de vermífugos, sabe-se quais osprincípios ativos que podem ser utilizados. A rotação destes princípios ati-vos deve ser feita de forma lenta, sendo que o produtor pode manter omesmo principio por até três anos.

d) Utilização de vermífugos de curto espectro. Uma vez que Haemonchus é oprincipal parasita, sempre que possível, deve ser utilizado um princípioativo de curto espectro (como o closantel e nitroxinil) que atingem maisespecificamente este parasita. Desta forma, há uma diminuição na pressãode seleção para cepas resistentes dos demais parasitas presentes.

e) Momento e frequência de desverminações. O número de desverminaçõesdeve ser o menor possível, uma vez que está comprovada a associaçãoentre resistência e número de tratamentos com anti-helmínticos. O critériopara determinar o momento do tratamento é muito importante e deve serfeito somente quando realmente houver necessidade. O exame de conta-gem de ovos nas fezes (OPG) pode ser utilizado para esta finalidade. Amédia de OPG acima da qual há a necessidade de desverminação dependeda categoria animal e do sistema de produção. Geralmente, médias abaixode 1.000 OPG não requerem tratamento. Tratamentos com curtos interva-los (a cada mês, ou a cada 15 dias, por exemplo) devem ser proibidos paraque não se reforce a resistência dos parasitas aos vermífugos.

Para ovinos e caprinos, o método FAMACHA© tem permitido a identifica-ção individual dos animais que precisam ser tratados. Aprenda mais sobre estemétodo no item 8.2.5 – tratamento seletivo.

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1. APRESENTAÇÃO

Em 2009, teve início o projeto “Treinamento de pequenos produtores deovinos e caprinos na utilização do método FAMACHA© como auxiliar no con-trole da verminose gastrintestinal”, projeto este financiado pela FundaçãoAraucária, dentro do Programa Universidade Sem Fronteiras - ExtensãoTecnológica Empresarial da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Paraná(SETI).

Ao se estabelecerem as parcerias entre os executores do projeto (PontifíciaUniversidade Católica do Paraná - PUC-PR, Instituto EMATER, Secretaria deEstado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná - SEAB e Associação dosEspecialistas em Pequenos Ruminantes do Paraná - AVEPER), optou-se pelaampliação do projeto original, que previa somente o treinamento do métodoFAMACHA©, passando a englobar ações gerais de controle das parasitosesgastrintestinais.

O projeto atual prevê a realização de seminários nas diferentes regiões doEstado do Paraná sobre o tema “Parasitoses Gastrintestinais dos Ovinos eCaprinos: Alternativas de Controle” e treinamento do método FAMACHA©

para criadores de ovinos e caprinos. Esses encontros serão compostos por au-las teóricas e pela aula prática do treinamento do método FAMACHA©,totalizando 12 horas. A proposta é buscar a adesão da classe produtora às no-vas técnicas de controle da parasitose gastrintestinal, visando à obtenção deum alto padrão sanitário, impulsionando ganhos para a atividade de ovinocul-tura e caprinocultura.

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Outro cuidado que se deve ter é prestar atenção ao nome do princípio ati-vo, não ao nome comercial do vermífugo. Para um mesmo princípio ativo,podem existir dezenas de produtos comerciais. Portanto, a escolha do vermífugodeve ser orientada por um profissional qualificado.

Atualmente existem no mercado muitos produtos comerciais, que são as-sociações de princípios ativos. Esses vermífugos devem ser utilizados comcautela, pois quando desenvolvem resistência, atingem dois ou três princípiosativos, o que pode se tornar um sério problema para os programas de controleda propriedade. Esses produtos só devem ser utilizados após um teste de vermí-fugos indicar que princípios isolados não são eficientes.

Pode-se concluir que a utilização de um vermífugo de maneira eficiente,depende de vários fatores, entre eles: a qualidade do produto, a dose e a eficá-cia do produto no rebanho em que está sendo utilizado. Para que se tenhacerteza de que o produto é eficaz, deve-se realizar periodicamente um teste deeficácia de vermífugos e, com base nisto, escolher o princípio a ser utilizado.

O mais importante, é ter em mente que os vermífugos, quando bem utiliza-dos, fazem parte das estratégias de controle da verminose, mas nunca devemser utilizados como a única ferramenta de controle. Para o emprego do vermí-fugo de forma correta é importante considerar que:

a) A forma com que se utilizam os anti-helmínticos será decisiva para pro-longar o tempo de uso deste vermífugo. É necessário testar os princípiosativos antes de decidir qual será o utilizado, devido ao problema de resis-tência já citado. Há necessidade de que este teste seja realizado em todasas propriedades, pois nem sempre a droga que funciona em uma proprie-dade também funciona na outra. Deve-se somente utilizar vermífugos queapresentem redução de OPG superior a 90%. Ou seja, se antes do trata-mento a média de ovos por grama de fezes era de 1.000, depois do vermífugopode ser de, no máximo, 100. Caso isto não ocorra, deve-se testar associ-ações de princípios ativos sob orientação técnica (usar mais de umvermífugo ao mesmo tempo). O teste de vermífugos deve ser realizadotodos os anos.

b) Usar a dose correta do vermífugo. As dosagens dos principais princípiosativos, recomendadas para ovinos, estão listadas no Quadro 3. Muitas ve-zes, utilizam-se estas mesmas dosagens para caprinos, ainda que algunsconsiderem que estas devem ser mais altas. O exemplo do princípio ativolevamisol ilustra esta situação. Enquanto o levamisol é indicado na dosede 7,5 mg/kg para ovinos, há citações de doses de 10 mg/kg e até 12 mg/

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2. INTRODUÇÃOA verminose gastrintestinal é considerada o principal problema enfrentado

pelos criadores de ovinos e caprinos. Mesmo com a existência de inúmerostratados técnicos sobre o assunto, o conhecimento disponível é pouco aplicadona prática para o controle eficaz dos parasitas.

A utilização de métodos inadequados no combate à verminose vem geran-do a resistência dos parasitas aos vermífugos. Nessa luta travada todos os diasno campo, o criador ainda está perdendo para um adversário que ele mal con-segue ver, seja do ponto de vista econômico ou ambiental.

Diante desse quadro, quais os rumos que o controle parasitário está toman-do na atualidade? Cada vez são mais frequentes questões relacionadas ao bemestar animal e às possibilidades de existência de resíduos de vermífugos nossubprodutos dos animais, como carne, leite e derivados, bem como no ambi-ente. As criações orgânicas estão ganhando espaço em função de uma popula-ção consumidora mais exigente e se veem carentes de tecnologias relaciona-das ao controle de doenças para sua sustentabilidade.

O controle parasitário por meio de vermífugos comerciais é a forma maiscomum de tratamento dos animais infectados. Na atualidade, observa-se arealização intensa de pesquisas que buscam alternativas de controle como ava-liação de fitoterápicos ou da ação de substâncias isoladas de plantas, além deestudos com homeopatia e fungos nematófagos. Novos vermífugos surgirãono mercado e, mesmo que alternativas a esse controle químico também sejamdisponibilizadas, seu uso inadequado fará com que em pouco tempo perca-sea eficácia no controle parasitário. Portanto, é importante entender que o suces-so do controle dependerá de um conjunto de ações dentro da propriedade e,para que esse sucesso de fato ocorra, a informação é a melhor ferramenta detrabalho.

Este manual, elaborado por um grupo de profissionais especializados naárea oferece, à classe produtora e aos técnicos, alguns caminhos alternativos,visando a reversão desta situação. O objetivo é fazer com que o criador consi-ga melhores resultados no manejo do rebanho, com ganhos na atividade pro-dutiva, melhoria na qualidade da carne e leite e preservação ambiental. Paraque isso ocorra efetivamente, é importante que se tenha acesso às informaçõestécnicas e que se percebam as particularidades de cada propriedade relaciona-das ao sistema de produção, à raça, ao clima e à infraestrutura.

Vale ressaltar que o presente trabalho propõe substituir o termo verminosepor parasitose. A razão está no mercado. Não é raro ouvir comentários deconsumidores afirmando que as ovelhas e os cabritos têm muitos vermes, com-prometendo parte do crescimento do consumo das carnes. Portanto, utilizar o

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Quadro 3 - Grupos e princípios ativos dos principais vermífugos utilizadosem ovinos e caprinos, com as respectivas doses recomendadas*

1 - Benzimidazóis 3 - Lactonas Macrocíclicas - Albendazol (10 mg/kg) - Ivermectin (0,2 mg/kg) - Fenbendazol (7,5 mg/kg) - Abamectin (0,2 mg/kg) - Oxfendazol (7,5 mg/kg) - Doramectin (0,2 mg/kg)

- Moxidectin (0,2 mg/kg)

2 - Imidazotiazóis 4 - Salicilanilídeos

- Tetramisol (8 mg/kg) - Closantel (7,5 a 10 mg/kg) - Levamisol (7,5 mg/kg) - Disofenol (7,5 mg/kg)

- Nitroxinil (13 mg/kg)*doses para ovinos

Portanto, atenção:

OS VERMÍFUGOS NÃO DEVEM SER USADOS COMO A ÚNICAFORMA DE CONTROLE DAS PARASITOSES DOS

OVINOS E CAPRINOS.

Os vermífugos podem ser de amplo espectro, ou seja, que têm ação sobrevárias espécies de parasitas, ou de ação específica (curto espectro) que agemsobre um número menor de espécies. No mercado existe um grande númerode vermífugos à disposição do criador, mas todos eles pertencem a apenasquatro grandes grupos químicos, que são: benzimidazóis, imidazotiazóis,lactonas macrocíclicas (amplo espectro) e salicilanídeos/substitutos fenólicos(curto espectro) (Quadro 3). Estas informações encontram-se na bula dovermífugo. O grupo químico representa a forma de ação da droga sobre oparasita, o que faz com que, quando os parasitas se tornem resistentes a umvermífugo de determinado grupo, fiquem resistentes a todas as outras drogasdaquele mesmo grupo.

Existem características do vermífugo que são inerentes ao princípio ativoe ao veículo que compõe a formulação comercial. Desta forma, um mesmoprincípio ativo pode ser apresentado da forma oral ou injetável, bem comoapresentar diferentes períodos de carência para a carne ou leite. Por isso, éconveniente consultar os períodos de carência diretamente na bula do medica-mento utilizado.

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termo parasitose quebra o estigma da terminologia verminose, que remete auma falsa idéia de contaminação dos vermes dos ovinos e caprinos para oshumanos.

A criação de ovinos e caprinos só pode se expandir com o comércio decarnes com nome, isto é, com uma marca forte e a garantia de qualidade aoconsumidor. Este tem sido o escopo da ação das instituições e da Câmara Setorialque orientam a organização das cadeias produtivas dos ovinos e caprinos.

Este manual não pretende encerrar a discussão sobre os procedimentosadotados para combater as parasitoses gastrintestinais, mas espera despertar aatenção de criadores e técnicos para a importância do problema.

3. AS PARASITOSES DOS OVINOS E CAPRINOSSÃO UM PROBLEMA?Todos os criadores de ovinos e caprinos já devem ter enfrentado proble-

mas importantes em sua criação devido aos parasitas gastrintestinais. Normal-mente, estes problemas são mais visíveis quando o animal está doente ou mor-re. Porém, outras perdas importantes podem ser calculadas quando se observacom cuidado os índices produtivos e reprodutivos: as parasitoses causam di-minuição no ganho de peso, baixas taxas reprodutivas, menor aproveitamentodos alimentos, entre tantos outros problemas, e ainda aumentam os custos como tratamento dos animais doentes e as constantes desverminações.

Para entender por que ovinos e caprinos são tão sensíveis às parasitoses, épreciso voltar um pouco no tempo e olhar de onde vieram estas duas espéciese há quanto tempo convivem com o homem. Ovinos e caprinos surgiram emuma região desértica da Ásia Central e foram as primeiras espécies de produ-ção a serem domesticadas pelo homem. Portanto, na sua origem, viviam emum ambiente desfavorável para os parasitas, pela falta de umidade e porquepastavam mais arbustos (no caso dos caprinos) do que gramas. Estes fatosdeterminaram que os ovinos e caprinos não desenvolvessem defesas naturais(imunidade) muito embora os ovinos sejam mais tolerantes contra as infec-ções parasitárias do que os caprinos.

Na natureza, estes animais tinham comportamento migratório, ou seja,percorriam grandes áreas em busca da melhor pastagem e raramente pastejavamno mesmo local (uma ovelha caminha entre 6 e 15 quilômetros por dia). Quan-do surgiram os sistemas mais intensivos de criação, os parasitas foram benefi-ciados, pois os ovinos e caprinos passaram a pastar nos mesmos locais, o quepermite maior contaminação do meio e maior nível de infecção dos animais.

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8.2.4 Manejo de vermífugosOs vermífugos foram utilizados duran-

te muito tempo como única maneira decombater a verminose. Hoje já se sabe quese os vermífugos forem usados indiscrimi-nadamente eles não funcionarão mais.

Portanto, a partir de hoje, comece a prestar atenção em seus animais e aidentificar quais são os mais resistentes. E não esqueça de incluir esta caracte-rística na lista de objetivos a serem alcançados pelo seu rebanho.

Em alguns países, como Aus-trália e Nova Zelândia, existemprovas oficiais (como as provasde ganho de peso) para determi-nar quem são os animais maisresistentes à verminose.

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Esta situação é pior no Paraná, que tem um clima quente e úmido e ondeovinos e caprinos são criados em pequenas áreas de pastagem, principalmentede gramíneas, que ficam repletas de fezes e, consequentemente, de larvasinfectantes. Esta condição ambiental levou ao surgimento de graves proble-mas com as parasitoses, resultando no uso excessivo de vermífugos, em al-guns casos com mais de 15 tratamentos por ano. Isto deveria ter acabado como problema das parasitoses, mas infelizmente para ovinos, caprinos e produto-res, os parasitas adquiriram resistência aos vermífugos.

Atualmente convive-se com a seguinte situação: as condições ambientais(temperatura, umidade e característica das pastagens) são muito favoráveisaos parasitas, o que acarreta grande contaminação das pastagens, e os vermí-fugos são parcialmente eficientes no controle das parasitoses.

É necessário que o produtor tenha consciência de que não é mais possívelcontrolar as parasitoses somente usando vermífugos. Portanto, para diminuir oimpacto deste problema sobre a produção, não há uma solução pronta, e sim,propõe-se uma série de ações que devem ser desenvolvidas para controle dasparasitoses gastrintestinais.

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Uma vez que há esses três tipos de animais (resistentes, resilientes e sus-ceptíveis) é possível optar quais serão mantidos no rebanho e quais serão des-cartados. E sabe por quê? Porque estas características são herdáveis, ou seja,passam de pai para filho. Se for escolhido um animal mais resistente àverminose, os filhos deste animal serão, na média, também, mais resistentesque os filhos dos outros animais.

Portanto, os mais susceptíveis devem ser descartados sempre. Mas, quemsão estes animais? São aqueles que sempre estão com verminose, os que ficamdoentes primeiro e os que demoram mais para se recuperarem.

Os animais resistentes e resilientes devem ser os escolhidos para permane-cer no rebanho. Eles quase não têm verminose e, quando têm, geralmente serecuperam rapidamente.

Mas como é possível diferenciar o animal resistente do resiliente? Paraisto, basta fazer o exame de fezes e contar o número de ovos nas fezes (OPG)de cada animal.

- O RESILIENTE: não fica doen-te, mas tem parasitas e, portanto, con-tamina a pastagem; porém não precisaser desverminado e ajuda a preservar apopulação refúgio

- O SUSCEPTÍVEL: tem pa-rasitas, fica doente, contamina apastagem e sempre precisa serdesverminado, aumentando o pro-blema da resistência aos vermí-fugos.

Este animal deve ser descar-tado do rebanho.

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Figura 1 – Presença de vários Haemonchus namucosa do abomaso.

4. PRINCIPAIS PARASITAS DOS OVINOS ECAPRINOS E O QUE ELES CAUSAM

Parasitas internos (endoparasitas) são os que se desenvolvem nos órgãosinternos dos ovinos e caprinos (estômago, intestinos, pulmão, fígado e ou-tros). Parasitas externos (ectoparasitas) se distribuem sobre a pele. Os maiscomuns sãos os piolhos, bernes e sarna.

Devido à maior importância dos endoparasitas, esta cartilha tratará apenasdas parasitoses gastrintestinais.

O grupo de endoparasitas que mais ocorre em ovinos e caprinos são osestrongilídeos. Existem estrongilídeos que podem causar diferentes lesões equadros clínicos (Quadro 1). O Haemonchus é o mais frequente durante overão paranaense e também causa a doença mais grave, por ser o único parasi-ta que se alimenta diretamente de sangue. Estes parasitas não podem ser dife-renciados no exame de fezes porque os ovos deles são iguais. Por isso, parasaber quais são os estrongilídeos mais frequentes no rebanho é necessário com-pletar o exame de fezes com uma cultura de larvas (coprocultura). Como al-guns estrongilídeos são mais resistentes ao frio, à seca e aos vermífugos doque os outros, é importante solicitar ao veterinário que acompanha a proprie-dade uma coprocultura periódica, a fim de saber se a proporção de parasitasestrongilídeos está modificando.

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Isto vai depender de muitos fatores como:- idade- se é uma fêmea em lactação ou não- se o animal está magro- se o animal está com outras doençasNestes casos, deve-se dar mais atenção àqueles animais na fase em que

estão mais propensos a ficar doentes.Porém, existem animais que SEMPRE são resistentes, que não ficam do-

entes nunca. Em média, há 15 a 20% dos animais com esta característica. Oque se deve fazer é identificar quais são estes animais e escolhê-los para fica-rem no rebanho. Ou seja, é preciso selecionar os animais mais resistentes,eliminando os que sempre estão doentes e com parasitoses. É exatamente amesma coisa que se faz quando se seleciona os animais que ganham maispeso, produzem mais leite etc.

Mas há também outro tipo de animal, o chamado RESILIENTE. Osresilientes são animais que apesar de estarem parasitados (com parasitas) con-tinuam produzindo bastante. É como se os parasitas não conseguissem preju-dicar estes animais.

Ao comparar um animal resistente com um resiliente, pode-se dizer que oresistente é melhor, porque não fica doente e também não elimina ovos deparasitas pelas fezes. O animal resiliente, apesar de não ficar doente, podeestar contaminando a pastagem, pois elimina ovos de parasitas nas fezes. Maso animal resiliente é muito melhor que o animal totalmente susceptível, por-que este animal fica doente e pode até morrer. Além disso, o resiliente, por nãoprecisar ser desverminado constantemente, ajuda a preservar a população re-fúgio, pois quando elimina ovos de parasitas são somente de parasitas sensí-veis aos vermífugos.

Então, resumindo, há três tipos de animais (ovinos e caprinos):

- O RESISTENTE: não tem pa-rasitas, não fica doente, não conta-mina a pastagem; não precisa serdesverminado

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Quadro 1 - Principais parasitas estrongilídeos de ovinos e caprinos queafetam os rebanhos paranaenses

Parasitas não sugadores de sangue

Existem vários outros tipos de parasitas estrongilídeos que não se ali-mentam de sangue. Estes parasitas se alimentam da parede do abomaso(estômago ou coagulador) e intestino, causando úlceras. Com isso, di-minui a digestão e a absorção do alimento e da água, ocasionandoemagrecimento, papeira e diarreia.

Haemonchus – sugador de sangue

Parasita de abomaso (estômago verdadei-ro ou coagulador) que se alimenta de san-gue (desenho), causando anemia, edemasubmandibular (“papeira”), emagreci-mento, e morte.É mais comum durante o verão e outono.Além de ser o mais perigoso dos parasi-tas, pois pode levar o animal à morte, é oque está mais resistente aos vermífugosnas propriedades do Paraná.

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8.2 Controle nos animais

8.2.1 Adequada alimentação e condição sanitáriaA adequada alimentação e sanidade são indispensáveis para um controle

eficiente das parasitoses gastrintestinais. Portanto, instituir programas de con-trole sanitário e nutricional para o rebanho é uma medida importante. O plane-jamento da alimentação em todas as épocas do ano, a implementação de umcalendário de vacinações, assim como o planejamento da higiene e ventilaçãodas instalações são exemplos destas medidas a serem adotadas nas proprieda-des.

É preciso pensar que muitas vezes o fato do animal estar magro é a causada parasitose, não a consequência. Ou seja:

NEM SEMPRE “MEU ANIMAL ESTÁ MAGRO PORQUE TEMVERMINOSE!”, MAS “MEU ANIMAL TEM VERMINOSE

PORQUE ESTÁ MAGRO!”

8.2.2 Divisão em categoriasA separação dos animais em categorias é importante não somente para o

manejo correto das pastagens, mas para todas as atividades do rebanho. Aoseparar os animais pela idade e estado fisiológico, pode-se atender melhor àsexigências nutricionais de cada fase, cuidar melhor das categorias mais sensí-veis e planejar estratégias de controle específicas para estes animais.

8.2.3 Seleção de animais resistentes aos parasitasUma importante forma de ajudar no controle da verminose dos ovinos e

caprinos é trabalhar com a seleção de animais resistentes aos parasitas. Em umrebanho existem animais (ovinos ou caprinos) que não ficam doentes, que nãotêm parasitoses. Estes animais ingerem as larvas que estão na pastagem, masconseguem eliminá-las; ou seja, os parasitas não chegam à fase adulta e nãovão começar a sugar o sangue do animal. Diz-se que estes animais são resis-tentes aos parasitas e à verminose.

Preste atenção: agora é de ovinos e caprinos resistentes aos parasitas quese está falando e não mais de parasitas resistentes aos vermífugos!

Esta situação de maior resistência pode não ocorrer durante toda a vida doanimal. Às vezes ele é muito resistente (não fica doente) e às vezes ele adoece.

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Quadro 2 – Outros parasitas de ovinos e caprinos

Figura 1 – Proglotes deMoniezia, visíveis a olho nu, nasfezes de um ovino.

Além dos estrongilídeos, podem estar presentes outros parasitas de menorimportância, pois dificilmente se associa a sua presença ao desenvolvimentode doenças (Quadro 2). Estes parasitas devem ser controlados quando presen-tes em grandes quantidades.

Strongyloides É o único parasita capaz de se multiplicar por reprodu-ção sexuada no meio ambiente (pastagem). Porém, issosomente ocorre quando as condições do meio são ade-quadas, com alta temperatura e umidade. No Paraná,essas condições ocorrem no verão.É capaz de infectar os animais por penetração pela pele,e da mãe para o filho (via leite ou placenta). Pode cau-sar diarreia intensa nos animais jovens, mas normal-mente é bem tolerado.

Moniezia É parasita de intestino. Normalmente não causa lesão,pois se alimenta apenas do quimo (resíduo do alimentodo ovino ou caprino). Pode atingir até 30 cm de com-primento e a presença de muitos parasitas pode causarobstrução no intestino e raramente morte.O parasita adulto elimina pedaços de seu corpo, osproglotes, cheios de ovos nas fezes. Estes proglotes pa-recem grãos de arroz e podem ser vistos a olho nu (Fi-gura 1). Ácaros microscópicos das pastagens se alimen-tam dos ovos deste parasita e desenvolvem uma larvano seu interior. Para o ovino se infectar, precisa ingerirpastagem com ácaros contaminados.

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f) Utilizar as restevas de agricultura. Algumas áreas apresentam pasto razoá-vel após a colheita, por exemplo, o pasto que surge após a colheita domilho para grãos. As áreas que permaneceram por longos períodos semanimais, normalmente possuem poucas larvas e podem ser utilizadas comsegurança.

g) Formar pastagens anuais. Quando se implanta pastagens anuais (aveia,azevém, milheto etc) especialmente quando a terra é revirada para o novoplantio, também se tem uma pastagem com baixa contaminação por lar-vas.

h) Reservar para fenação ou silagem piquetes mais contaminados se possí-vel. Estes processos eliminam o oxigênio do ambiente (silagem) ou dimi-nuem muito a umidade (fenação) matando a maior parte das larvas de pa-rasitas.

i) Eliminar as áreas de concentração de animais como solários ou piquetespequenos com pasto nos quais o rebanho permanece à noite ou nos diasem que serão manejados. Se houver a necessidade de solário ou local paraos animais passarem a noite, deve-se planejar para que o piso seja ripado,de cimento, areia etc, de forma que não apresente pasto. Desta forma nãohaverá contaminação neste local.

j) Não depositar o esterco dos ovinos ou caprinos diretamente nas pastagensou capineiras. Este material contém milhares de larvas vivas. Para que sejaaproveitado como adubo, o esterco precisa ser fermentado e estar bemcurtido para eliminação dos ovos e larvas dos parasitas.

Portanto, atenção:

NÃO COLOQUE O ESTERCO DIRETAMENTE NO PASTO. ANTES,ELE DEVE PASSAR POR UM PROCESSO DE FERMENTAÇÃO

(ESTERQUEIRA OU COMPOSTEIRA).

.

k) Não permitir que o esterco do aprisco “escorra” para os piquetes. É impor-tante planejar as instalações de forma que as fezes fiquem contidas e pos-sam ser retiradas para uma esterqueira sem que escorram diretamente parao pasto.

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Figura 2 – Coleta de fezesdiretamente do reto com auxílio desaco plástico.

Fasciola hepatica É um parasita de fígado. Em sua forma adulta é pou-co patogênico, mas pode ser associado à presença deicterícia (amarelão).O maior problema da Fasciola ocorre devido à açãoda forma jovem, que se alimenta de fígado e sangue.Por este motivo, pode levar a um quadro de anemia ehipoproteinemia (com papeira) e morte.A Fasciola está presente em poucas regiões do Paraná,sendo mais comum em áreas com banhado oualagadas. Ela depende da presença de um caramujo(Lymnea), que se desenvolve em regiões alagadiças,açudes e poças d’água. O animal se infecta ao ingerirpastagem contaminada com a larva da Fasciola emlocais próximos àqueles que permitem o desenvolvi-mento dos caramujos.É muito importante diagnosticar a presença deste pa-rasita porque, além dos prejuízos por ele causados, adoença clínica é muito semelhante à do Haemonchuse a forma de controle destes parasitas é diferente.

Para saber quais são os parasitas que estão infectando os animais em umapropriedade, é necessário fazer o exame de fezes. Para realizá-lo, é precisocoletar fezes do animal, com auxílio de saco plástico flexível, conformedemostrado nas Figuras 2, 3 e 4. Este material deve ser mantido sob refrigera-ção até realizar o exame ou enviar para o laboratório. O grau de infecção podeser medido pelo número de ovos de parasitas por grama de fezes (OPG). Quantomaior o OPG, maior o grau de infecção parasitária.

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Figura 10

b) Utilizar pastoreio alternado com bovinos ou equinos adultos. Sabe-se queo uso de pastejo concomitante de pequenos ruminantes com bovinos adul-tos ou equinos é de grande valia no controle das parasitoses. Melhor aindaque o pastejo ao mesmo tempo, seria utilizar uma área onde inicialmentepastejasse o rebanho de ovinos e caprinos e quando a forragem já estivessenovamente em ponto de pastejo que fosse então destinada aos bovinos ouequinos. Desta forma, em cada pastejo, uma espécie animal diferente seriacolocada controlando as larvas de parasitas da outra.

c) Há casos em que o confinamento se torna a opção mais viável. O confina-mento pode ser apenas das categorias mais sensíveis, como fêmeas emlactação e filhotes em terminação. No confinamento, o fornecimento docapim é realizado com volumoso livre de parasitas como relatado anterior-mente: feno, silagem, concentrado, pré-secado etc.

d) A separação das categorias também é uma prática interessante de manejo,porque cada uma delas apresenta uma diferença de susceptibilidade. Quandose deixam todos os animais do rebanho num mesmo pasto, a desverminaçãoé feita baseando-se na necessidade dos mais sensíveis, o que aumenta apressão de seleção de parasitas resistentes. Separar em lotes também ofe-rece a possibilidade de destinar os melhores pastos (mais nutritivos oumenos contaminados) para as categorias mais sensíveis (fêmeas em lactaçãoe desmamados).

e) Escolher forrageirasque possam ser ma-nejadas em pastejoalto, acima de 15 cmaproximadamente.Como a maioria daslarvas se encontraaté 5 cm do solo,quando se coloca orebanho em pasta-gens mais altas, di-minuí-se o númerode larvas ingeridaspelos animais.

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Figura 3 – Após a coleta,inverte-se o saco plástico.

Figura 4 – Identificação daamostra.

Como os estrongilídeos são os parasitas que mais causam prejuízos à pe-cuária paranaense, tudo o que será discutido a seguir fará referência a estegrupo. Caso o exame de fezes mostre a presença de outros parasitas em suapropriedade, aconselha-se que o produtor consulte um médico veterinário.

Dependendo de quais parasitas estão acometendo seu rebanho, os prejuí-zos serão distintos. Porém, na maioria das vezes, há vários tipos diferentes deestrongilídeos ao mesmo tempo, o que faz com que, em geral, estes sejam osprincipais sinais da parasitose gastrintestinal em ovinos e caprinos:

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Outra forma de aumentar a população de refúgio é não desverminar todosos ovinos e caprinos do rebanho. Se alguns animais forem deixados sem desver-minar, os parasitas sensíveis (parasitas “bonzinhos”) que estão dentro destesovinos ou caprinos que não foram desverminados poderão continuar se repro-duzindo e também deixarão descendentes, aumentando o número de larvas deparasitas sensíveis nas pastagens. Por isso, é muito importante estar atento àcondição sanitária dos animais e tratar somente aqueles que precisam ser desver-minados. Agindo assim, o chamado TRATAMENTO SELETIVO estará sendoutilizado. Existem vários critérios diferentes para esta decisão, mas o assuntoserá tratado no capítulo 8.2.4 - Controle de verminose – tratamento seletivo.

8. FORMAS DE CONTROLE DAS PARASITOSESEM OVINOS E CAPRINOS

É preciso lembrar que os rebanhos de ovelhas e cabras irão conviver sem-pre com os parasitas. Não é possível exterminar totalmente os parasitas. Por-tanto, deve-se instituir manejos para que os animais permaneçam em equilí-brio com o parasitismo, não sofrendo grandes prejuízos. Há várias alternativasdiferentes de controle que podem ser adotadas, sendo importante avaliar quaisdelas podem e devem ser usadas em cada propriedade. Não há uma fórmulaúnica. O consenso, entretanto, está no fato de que é necessário diminuir autilização dos vermífugos ao mínimo possível.

Para ser possível diminuir o número de animais desverminados, é necessá-rio adotar manejos que diminuam o nível de infecção dos rebanhos, assim,quando as cabras e ovelhas realmente precisarem de medicamentos eles serãoutilizados com eficiência. Considerando esta linha de pensamento não se podeconsiderar o vermífugo como única forma de controle de verminose e umovinocultor ou caprinocultor responsável, deve adotar o CONTROLE INTE-GRADO DE PARASITAS, que prioriza o controle dos parasitas baseado emvárias medidas diferentes de manejo e não somente pelo uso de drogas.

Dentre as muitas formas de auxiliar no controle das parasitoses gastrin-testinais, destacam-se as seguintes práticas:

8.1 Controle nas pastagensa) Diminuir a lotação de animais nos pastos quando possível. Nas áreas mais

úmidas da fazenda ou em locais que sabidamente estão mais contamina-dos, como por exemplo, uma pastagem da qual o lote sempre sai comanemia ou diarreia.

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Figura 6 - Anemia - a mucosado olho fica branca

Figura 5a e 5b - Edema submandibular - conhecido como papeira

Figura 7a e 7b - Emagrecimento

5a 5b

7a 7b

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Refúgio é a porção da população total de parasitas que não teve contatocom o vermífugo, ou seja, não sofreu a chamada pressão de seleção (que seriao fato do vermífugo matar todos os parasitas “bons” ou sensíveis e deixarvivos somente os parasitas “bandidos” ou resistentes se reproduzindo, ou seja,os “bandidos” seriam os selecionados). A princípio, todas as larvas que estãono ambiente (nas pastagens) compõem a população em refúgio, pois somenteos parasitas que estão dentro dos animais é que teriam contato com o vermífugo.

É importante conhecer e preservar a população refúgio porque ela é a fontede parasitas “bons”, de parasitas que ainda são sensíveis aos vermífugos. Sefor para os animais se infectarem, é preferível que seja com os parasitas sensí-veis, porque assim haverá a certeza de que, quando for necessário, será possí-vel usar os vermífugos e eles realmente funcionarão. Neste sentido é impor-tante que sejam revistos alguns conceitos antigos, tais como o de trocar osanimais de piquete após a desverminação. Quando isto é feito, a nova pasta-gem, com pouca população em refúgio, será povoada somente por larvas deparasitas resistentes.

Recomendação Antiga:

Desverminar e trocar de piquete

Menor população refúgio

Maior resistência ao vermífugo

Recomendação Atual:

Trocar de piquete e desverminar

Maior população refúgio

Menor resistência ao vermífugo

Neste raciocínio, também é importante que os animais adquiridos ou queretornem à propriedade pastejem em áreas contaminadas com parasitos sensí-veis (população refúgio).

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Figura 8a e 8b - Diarreia8a 8b

Normalmente, quando os animais apresentam estes sinais, se não foremtratados, podem morrer. Nestes casos, é fácil perceber que as perdas são decor-rentes das parasitoses. Porém, a maior parte dos animais não tem parasitassuficientes para causar estes sinais. Quando em menores quantidades, estesparasitas podem provocar uma absorção incompleta dos nutrientes da dieta.Com isso, há maior consumo de alimento, mas, menor ganho de peso, retardoda idade de cobertura ou abate, maior intervalo entre partos e menor índice departos gemelares. Em outras palavras, o animal não tem condições de expres-sar o seu potencial genético para maximizar a produção. Por isso, de nadaadianta investir em animais de alto potencial genético sem realizar o controledas parasitoses.

5. CICLO DE VIDA DOS PARASITAS

Para que se possa encontrar alternativas de controle das parasitoses, é pre-ciso conhecer muito bem os parasitas e como eles vivem.

Os parasitas estrongilídeos passam por duas fases de desenvolvimento (Fi-gura 9) - uma no meio ambiente (fase de vida livre) e outra dentro do animal(fase parasitária).

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R (%) =

média de OPG antesda desverminação

média de OPG depoisda desverminação x 100

média de OPG depois da desverminação

( ) - ( )

Os vermífugos somente devem ser usados quando realmente for preciso.E, mais importante ainda, os vermífugos não podem ser usados como a únicaforma de controlar a verminose! Deve-se usar outras estratégias, num controleintegrado, conforme abordadas no item 8, adiante.

Para saber se há parasitas resistentes no seu rebanho, existem váriasmetodologias. Porém, uma delas é bem simples e pode ser feita em qualquerpropriedade. É o chamado teste de redução da contagem de ovos (OPG) nasfezes. Para cada vermífugo a ser testado, é necessário separar um grupo de 10a 15 animais. No dia da desverminação, coletar amostras de fezes de todos osanimais individualmente para realizar o exame de OPG. Depois de 10 a 14dias, coletar novamente as fezes dos mesmos animais. Se for comparado oOPG antes e depois da desverminação, é possível calcular a porcentagem deredução (R%), por meio da seguinte fórmula:

Por exemplo: se antes da desverminação a média de OPG era de 9.000 edepois ficou em 1.500, a redução foi de 83,33%.

Se a redução na contagem dos ovos foi menor que 90%, isto indica que háresistência dos parasitas àquele vermífugo testado. O produtor pode testar vá-rios vermífugos ao mesmo tempo e até associações de vermífugos. Mas preci-sa prestar atenção: para cada um dos vermífugos testados, deve-se ter pelomenos 10 animais disponíveis. Por exemplo: se o plantel é de 40 animais,poderão ser testados três vermífugos ao mesmo tempo, pois um grupo deverápermanecer sem ser desverminado, como testemunha. O ideal é que este testeseja feito anualmente, para se escolher com qual vermífugo se vai trabalharnaquele ano.

7.1 População refúgioAo tratar sobre o ciclo de vida dos parasitas (item 5, página 15), percebeu-

se que a maioria deles está no ambiente, na forma de larva. Lembrando tam-bém que estas larvas podem ser de parasitas “bonzinhos” ou “bandidos”, épreciso aprender outro conceito importante: POPULAÇÃO REFÚGIO.

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Figura 9 – Ciclo dos parasitas estrongilídeos

5.1 Fase de vida livreOs parasitas eliminam seus ovos nas fezes do animal. Em condições ade-

quadas de oxigênio, umidade e temperatura, em 24 horas é formada uma larvadentro do ovo. Esta larva eclode e necessita de microorganismos para se ali-mentar. É chamada de larva de primeiro estádio ou L1.

Se as condições do meio permanecerem favoráveis ao desenvolvimentoda larva, a L1 realizará duas mudas (trocas de cutícula), para L2 e L3. Isto podevariar em cinco a 10 dias normalmente. A L3 não mais se alimenta, é maisresistente às condições do meio e mais móvel, movimentando-se para fora dasfezes. Esta mobilidade permite que ela se localize nas porções mais sombrea-das da pastagem e nas gotículas de orvalho. Estas larvas são muito pequenas,

L3

L4 L5

Machos eFêmeas

No Hospedeiropenodo pré-patente de 18 a 21 dias.

Estádioinfectante(L3) na

pastagemNo Ambiente

5 a 15 dias

L3

L2

Eclosãode L1

L1

OVO

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7. RESISTÊNCIA DOS PARASITAS AOSVERMÍFUGOS

A resistência é um fenômeno que ocorre quando os vermífugos já nãofuncionam mais. Ou seja, você dá o vermífugo para o animal, mas a maioriados parasitas não morre com o vermífugo utilizado. Isto não acontece paratodos os parasitas ao mesmo tempo. Na natureza já existem alguns (raros)parasitas que são naturalmente resistentes aos vermífugos. O vermífugo nãoconsegue matar estes poucos parasitas porque eles têm, na sua genética, a ca-pacidade de processarem ou eliminarem os efeitos tóxicos dos vermífugos.

Cada vez que se utiliza o vermífugo, elimina-se os parasitas que são sensí-veis (os que morrem) e deixa-se que somente os parasitas resistentes sobrevi-vam. Portanto, existem em todas as propriedades dois tipos de parasitas:

PARASITAS RESISTENTES – que não morrem com o vermífugo.Atualmente, estes são os parasitas “bandidos”, nossos maiores inimigos,

pois quando percebemos que nossa cabra ou ovelha precisa ser desverminadae usamos o vermífugo, estes parasitas não vão morrer.

PARASITAS SENSÍVEIS – que morrem com o vermífugo.Atualmente, pode-se considerar estes parasitas como “amigos” ou parasi-

tas “bonzinhos”, pois sabe-se que, ao fornecer o vermífugo, eles morrem.

É possível dizer que há resistência no rebanho quando o número de parasi-tas resistentes for maior que o número de parasitas sensíveis. Toda a vez que overmífugo é utilizado, morrem os parasitas sensíveis e somente os resistentessobrevivem e vão deixando descendentes. Com o tempo, a maior parte dapopulação de parasitas é descendente dos resistentes. Portanto, quanto maisusar o vermífugo, mais resistência haverá.

Atenção para dica:

EXCESSO DE DESVERMINAÇÕES

RESISTÊNCIA DOS PARASITAS AO VERMÍFUGO

MAIS VERMINOSE

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não sendo possível visualizá-las a olho nu, somente com o auxílio de um mi-croscópio. Somente a L3 pode se desenvolver quando ingerida pelo animal napastagem. Por isso é considerada a fase infectante. A evolução do ovo até L3pode demorar de cinco a sete dias em condições ideais; ou até 30 dias naausência de temperatura ou umidade adequadas.

Em geral, são consideradas condições ideais de desenvolvimento uma tem-peratura de 18 a 30oC, com umidade acima de 70%. Existem parasitas que sãomais sensíveis ao frio e à seca que os outros, e por isso ocorre uma variaçãonos tipos de parasitas conforme a região do Estado e a estação do ano.Haemonchus é o estrongilídeo mais sensível ao frio e à falta de umidade. Seudesenvolvimento é inibido em temperaturas abaixo de 10oC.

O sombreamento também é um fator importante. Além de preservar ummicroambiente de maior umidade, impede a ação dos raios ultra-violeta do solque podem eliminar os parasitas. Por este motivo as porções da pastagem maispróximas ao solo, bem como espécies forrageiras com mais ramificações per-mitem a presença de uma maior quantidade de larvas de parasitas.

O tempo de sobrevivência da L3 na pastagem depende das condições domeio ambiente. Quando a umidade é alta (maior que 85%), até 40% das larvaspodem ficar viáveis por até 150 dias. No entanto, se a umidade é baixa (igualou menor que 35%), mais de 60% das larvas morrem em menos de um mês.

Portanto, atenção:

LARVAS DE PARASITAS FICAM VIVAS NAS PASTAGENSPOR CERCA DE 60 A 90 DIAS, MAS PODEM SOBREVIVER

ATÉ MAIS DE UM ANO.

Mais de 90% dos parasitas de uma propriedade se encontram na pastagem,na forma de ovos e larvas. Apenas um pequeno número se encontra no interiordos animais. Por isso é importante compreender a fase de vida livre dos para-sitas para instalar medidas de controle.

5.2 Fase parasitáriaInicia quando o animal ingere a L3 na pastagem ou, menos frequentemen-

te, na água de bebida. A larva é carregada junto com o alimento ao abomaso(coagulador, estômago verdadeiro) ou intestino, quando penetra na parede doórgão para se alimentar. Neste momento, o animal já pode demonstrar algunssinais de parasitose. Após nova muda, a larva volta à luz do órgão onde se

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6.3 Sistemas de produçãoOs ovinos e caprinos podem ser criados em vários sistemas. Antigamente

os rebanhos eram acompanhados por um pastor durante o tempo todo e muda-vam o local de pastejo todos os dias, então a re-infecção dos animais por larvasde parasitas era muitíssimo pequena. Hoje, chega-se a ter mais de 30 ovelhaspastejando continuamente em um único hectare! Com o grande número deanimais defecando (e depositando os ovos dos parasitas) em uma pequenaárea que é repastejada praticamente todos os dias ou com intervalos pequenosde 30 ou 40 dias (rotação de piquetes) é de se esperar que a re-infecção dorebanho aumente consideravelmente.

Portanto, atenção:

QUANTO MAIOR A LOTAÇÃO (NÚMERO DEANIMAIS/HECTARE) MAIOR A PARASITOSE.

Como a forma mais comum de infecção do animal é o pastejo em áreasmuito contaminadas com larvas vivas de parasitas, é necessário criar alternati-vas para diminuir a contaminação da pastagem e/ou impedir que os animaisingiram este pasto contaminado. Os sistemas de produção que utilizam o for-necimento de alimento exclusivamente no cocho, por exemplo, no confina-mento; o risco de infecção por parasitas diminui muito já que todo o alimentofornecido está livre de larvas como: o feno, as capineiras, o alimento concen-trado ou mesmo a silagem.

6.4 VermífugosO uso indiscriminado de anti-helmínticos levou à resistência dos parasitas

aos diferentes princípios ativos (vermífugos). Atualmente, os parasitas gastrin-testinais dos rebanhos ovinos e caprinos paranaenses apresentam resistência apelo menos um tipo de vermífugo. Por isso, observa-se, às vezes, que mesmoapós uma desverminação os animais ainda continuam anêmicos, magros oucom diarreia. Este problema é muito difícil de solucionar, então, é precisodesverminar os animais o menor número de vezes possível, para que osvermífugos funcionem bem por muitos anos.

Por se tratar de um tema de extrema importância, o próximo capítulo intei-ro é reservado para explicar como ocorre a resistência dos parasitas aosvermífugos.

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transforma em parasita adulto e inicia a postura dos ovos. O período desdeaingestão da larva até o início da eliminação dos ovos nas fezes pode demorarde 18 a 21 dias.

Alguns fatores podem alterar o tempo de ocorrência deste ciclo e a viabili-dade dos parasitas e serão discutidos a seguir.

6. FATORES QUE INTERFEREM NASPARASITOSES

Quando se observa diferentes rebanhos de ovinos e caprinos nota-se queem alguns deles o problema da parasitose é mais grave, enquanto em outros,os animais aparentam estar sadios e produtivos. Estas diferenças acontecemporque existem vários fatores que interferem com o aumento ou a diminuiçãoda infecção dos animais pelos parasitas.

6.1 ClimaConforme já foi explicado, o parasita passa uma parte da vida no ambiente

(principalmente pastagens, água ou solo). Durante esta fase da vida, os parasi-tas estão na forma de ovos ou larvas, aguardando o momento de serem ingeri-dos por um ovino ou caprino. Porém, quando o ambiente não apresenta boascondições, estas larvas morrem e não infectam um novo animal. Pensandodesta forma, pode-se criar condições no ambiente para eliminar o maior núme-ro de larvas possível, ou saber quais são os lugares ou épocas do ano em queaumenta ou diminui a contaminação do rebanho.

As larvas dos parasitas precisam de oxigênio, boa umidade e temperaturasamenas para sobreviver por vários meses nas pastagens. Por exemplo, quandose faz silagem, feno ou pré-secado de uma pastagem que estava contaminada,elimina-se ou diminui-se grandemente o número de larvas vivas no alimentoque será servido aos animais (porque o oxigênio ou a água são tirados dopasto) o que se refletirá em uma menor infecção do rebanho. Também se sabeque secas prolongadas ou condições extremas, como clima desértico ou neve,também diminuem muito o tempo de sobrevivência das larvas no pasto. Quan-do se cria pequenos ruminantes em áreas muito úmidas (baixadas, banhadosetc.) já se sabe com antecedência que as larvas sobreviverão mais tempo nesteambiente e que o rebanho estará sujeito a maior taxa de parasitismo. Portanto,o tipo de solo, a topografia e o clima da região são fatores que influenciam notipo de parasitos e na sua sobrevivência. Portanto, é importante analisar cuida-

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dosamente estas condições em cada propriedade para melhor planejamentodas medidas de controle dos fatores ambientais.

6.2 Suscetibilidade do hospedeiroNem todos os animais do rebanho são muito afetados por verminose. Ao

prestar atenção, verifica-se que algumas categorias, como fêmeas que estãoamamentando ou filhotes depois do desmame são aqueles que apresentam commaior frequência sinais de verminose (anemia, emagrecimento, papeira,diarreia). Devido a uma série de fatores estas duas categorias são realmente asmais frágeis e passíveis de infecção e, por isso, é preciso ter maior cuidado nocontrole de verminose destes animais. As fêmeas apresentam um aumento donúmero de ovos de parasitas nas fezes aproximadamente três semanas após oparto e, quando vão para o pasto, depositam todos estes ovos no ambiente,fazendo com que a pastagem que seus filhotes ingerem esteja ainda mais con-taminada.

Portanto, atenção:

FÊMEAS EM LACTAÇÃO E FILHOTES APÓS O DESMAMESÃO AS CATEGORIAS MAIS SUSCEPTÍVEIS ÀS PARASITOSES.

Outros fatores que fazem com que um ovino ou um caprino seja maissensível que outro na contaminação por parasitas estão ligados à nutrição.Rebanhos bem alimentados possuem naturalmente maior resistência àverminose, assim como os rebanhos que não possuem outras doenças comofoot rot, linfadenite caseosa, ectima contagioso, mastites, pneumonias etc.Consequentemente, quando os animais são bem alimentados e há um cuidadona prevenção das diversas doenças que afetam os pequenos ruminantes, previ-ne-se, também, as grandes infecções parasitárias. Também já foi observadoque animais de raças diferentes apresentam diferente sensibilidade às parasi-toses. Por exemplo, sabe-se que ovinos de raças deslanadas são mais resisten-tes à verminose. Mas também está comprovado que dentro de um rebanho damesma raça existem indivíduos naturalmente mais resistentes que outros. Estaobservação é importante já que esta característica pode ser transmitida de pai emãe para os filhos. Então, é possível identificar quais são os animais maisresistentes dentro do rebanho e cruzá-los entre si, descartando os mais suscetí-veis. Desta forma ao longo dos anos o rebanho todo vai se tornando cada vezmais resistente (leia mais sobre este assunto na página 27, no item 8.2.3 - Sele-ção de animais resistentes aos parasitas).

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transforma em parasita adulto e inicia a postura dos ovos. O período desdeaingestão da larva até o início da eliminação dos ovos nas fezes pode demorarde 18 a 21 dias.

Alguns fatores podem alterar o tempo de ocorrência deste ciclo e a viabili-dade dos parasitas e serão discutidos a seguir.

6. FATORES QUE INTERFEREM NASPARASITOSES

Quando se observa diferentes rebanhos de ovinos e caprinos nota-se queem alguns deles o problema da parasitose é mais grave, enquanto em outros,os animais aparentam estar sadios e produtivos. Estas diferenças acontecemporque existem vários fatores que interferem com o aumento ou a diminuiçãoda infecção dos animais pelos parasitas.

6.1 ClimaConforme já foi explicado, o parasita passa uma parte da vida no ambiente

(principalmente pastagens, água ou solo). Durante esta fase da vida, os parasi-tas estão na forma de ovos ou larvas, aguardando o momento de serem ingeri-dos por um ovino ou caprino. Porém, quando o ambiente não apresenta boascondições, estas larvas morrem e não infectam um novo animal. Pensandodesta forma, pode-se criar condições no ambiente para eliminar o maior núme-ro de larvas possível, ou saber quais são os lugares ou épocas do ano em queaumenta ou diminui a contaminação do rebanho.

As larvas dos parasitas precisam de oxigênio, boa umidade e temperaturasamenas para sobreviver por vários meses nas pastagens. Por exemplo, quandose faz silagem, feno ou pré-secado de uma pastagem que estava contaminada,elimina-se ou diminui-se grandemente o número de larvas vivas no alimentoque será servido aos animais (porque o oxigênio ou a água são tirados dopasto) o que se refletirá em uma menor infecção do rebanho. Também se sabeque secas prolongadas ou condições extremas, como clima desértico ou neve,também diminuem muito o tempo de sobrevivência das larvas no pasto. Quan-do se cria pequenos ruminantes em áreas muito úmidas (baixadas, banhadosetc.) já se sabe com antecedência que as larvas sobreviverão mais tempo nesteambiente e que o rebanho estará sujeito a maior taxa de parasitismo. Portanto,o tipo de solo, a topografia e o clima da região são fatores que influenciam notipo de parasitos e na sua sobrevivência. Portanto, é importante analisar cuida-

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dosamente estas condições em cada propriedade para melhor planejamentodas medidas de controle dos fatores ambientais.

6.2 Suscetibilidade do hospedeiroNem todos os animais do rebanho são muito afetados por verminose. Ao

prestar atenção, verifica-se que algumas categorias, como fêmeas que estãoamamentando ou filhotes depois do desmame são aqueles que apresentam commaior frequência sinais de verminose (anemia, emagrecimento, papeira,diarreia). Devido a uma série de fatores estas duas categorias são realmente asmais frágeis e passíveis de infecção e, por isso, é preciso ter maior cuidado nocontrole de verminose destes animais. As fêmeas apresentam um aumento donúmero de ovos de parasitas nas fezes aproximadamente três semanas após oparto e, quando vão para o pasto, depositam todos estes ovos no ambiente,fazendo com que a pastagem que seus filhotes ingerem esteja ainda mais con-taminada.

Portanto, atenção:

FÊMEAS EM LACTAÇÃO E FILHOTES APÓS O DESMAMESÃO AS CATEGORIAS MAIS SUSCEPTÍVEIS ÀS PARASITOSES.

Outros fatores que fazem com que um ovino ou um caprino seja maissensível que outro na contaminação por parasitas estão ligados à nutrição.Rebanhos bem alimentados possuem naturalmente maior resistência àverminose, assim como os rebanhos que não possuem outras doenças comofoot rot, linfadenite caseosa, ectima contagioso, mastites, pneumonias etc.Consequentemente, quando os animais são bem alimentados e há um cuidadona prevenção das diversas doenças que afetam os pequenos ruminantes, previ-ne-se, também, as grandes infecções parasitárias. Também já foi observadoque animais de raças diferentes apresentam diferente sensibilidade às parasi-toses. Por exemplo, sabe-se que ovinos de raças deslanadas são mais resisten-tes à verminose. Mas também está comprovado que dentro de um rebanho damesma raça existem indivíduos naturalmente mais resistentes que outros. Estaobservação é importante já que esta característica pode ser transmitida de pai emãe para os filhos. Então, é possível identificar quais são os animais maisresistentes dentro do rebanho e cruzá-los entre si, descartando os mais suscetí-veis. Desta forma ao longo dos anos o rebanho todo vai se tornando cada vezmais resistente (leia mais sobre este assunto na página 27, no item 8.2.3 - Sele-ção de animais resistentes aos parasitas).

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não sendo possível visualizá-las a olho nu, somente com o auxílio de um mi-croscópio. Somente a L3 pode se desenvolver quando ingerida pelo animal napastagem. Por isso é considerada a fase infectante. A evolução do ovo até L3pode demorar de cinco a sete dias em condições ideais; ou até 30 dias naausência de temperatura ou umidade adequadas.

Em geral, são consideradas condições ideais de desenvolvimento uma tem-peratura de 18 a 30oC, com umidade acima de 70%. Existem parasitas que sãomais sensíveis ao frio e à seca que os outros, e por isso ocorre uma variaçãonos tipos de parasitas conforme a região do Estado e a estação do ano.Haemonchus é o estrongilídeo mais sensível ao frio e à falta de umidade. Seudesenvolvimento é inibido em temperaturas abaixo de 10oC.

O sombreamento também é um fator importante. Além de preservar ummicroambiente de maior umidade, impede a ação dos raios ultra-violeta do solque podem eliminar os parasitas. Por este motivo as porções da pastagem maispróximas ao solo, bem como espécies forrageiras com mais ramificações per-mitem a presença de uma maior quantidade de larvas de parasitas.

O tempo de sobrevivência da L3 na pastagem depende das condições domeio ambiente. Quando a umidade é alta (maior que 85%), até 40% das larvaspodem ficar viáveis por até 150 dias. No entanto, se a umidade é baixa (igualou menor que 35%), mais de 60% das larvas morrem em menos de um mês.

Portanto, atenção:

LARVAS DE PARASITAS FICAM VIVAS NAS PASTAGENSPOR CERCA DE 60 A 90 DIAS, MAS PODEM SOBREVIVER

ATÉ MAIS DE UM ANO.

Mais de 90% dos parasitas de uma propriedade se encontram na pastagem,na forma de ovos e larvas. Apenas um pequeno número se encontra no interiordos animais. Por isso é importante compreender a fase de vida livre dos para-sitas para instalar medidas de controle.

5.2 Fase parasitáriaInicia quando o animal ingere a L3 na pastagem ou, menos frequentemen-

te, na água de bebida. A larva é carregada junto com o alimento ao abomaso(coagulador, estômago verdadeiro) ou intestino, quando penetra na parede doórgão para se alimentar. Neste momento, o animal já pode demonstrar algunssinais de parasitose. Após nova muda, a larva volta à luz do órgão onde se

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6.3 Sistemas de produçãoOs ovinos e caprinos podem ser criados em vários sistemas. Antigamente

os rebanhos eram acompanhados por um pastor durante o tempo todo e muda-vam o local de pastejo todos os dias, então a re-infecção dos animais por larvasde parasitas era muitíssimo pequena. Hoje, chega-se a ter mais de 30 ovelhaspastejando continuamente em um único hectare! Com o grande número deanimais defecando (e depositando os ovos dos parasitas) em uma pequenaárea que é repastejada praticamente todos os dias ou com intervalos pequenosde 30 ou 40 dias (rotação de piquetes) é de se esperar que a re-infecção dorebanho aumente consideravelmente.

Portanto, atenção:

QUANTO MAIOR A LOTAÇÃO (NÚMERO DEANIMAIS/HECTARE) MAIOR A PARASITOSE.

Como a forma mais comum de infecção do animal é o pastejo em áreasmuito contaminadas com larvas vivas de parasitas, é necessário criar alternati-vas para diminuir a contaminação da pastagem e/ou impedir que os animaisingiram este pasto contaminado. Os sistemas de produção que utilizam o for-necimento de alimento exclusivamente no cocho, por exemplo, no confina-mento; o risco de infecção por parasitas diminui muito já que todo o alimentofornecido está livre de larvas como: o feno, as capineiras, o alimento concen-trado ou mesmo a silagem.

6.4 VermífugosO uso indiscriminado de anti-helmínticos levou à resistência dos parasitas

aos diferentes princípios ativos (vermífugos). Atualmente, os parasitas gastrin-testinais dos rebanhos ovinos e caprinos paranaenses apresentam resistência apelo menos um tipo de vermífugo. Por isso, observa-se, às vezes, que mesmoapós uma desverminação os animais ainda continuam anêmicos, magros oucom diarreia. Este problema é muito difícil de solucionar, então, é precisodesverminar os animais o menor número de vezes possível, para que osvermífugos funcionem bem por muitos anos.

Por se tratar de um tema de extrema importância, o próximo capítulo intei-ro é reservado para explicar como ocorre a resistência dos parasitas aosvermífugos.

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Figura 9 – Ciclo dos parasitas estrongilídeos

5.1 Fase de vida livreOs parasitas eliminam seus ovos nas fezes do animal. Em condições ade-

quadas de oxigênio, umidade e temperatura, em 24 horas é formada uma larvadentro do ovo. Esta larva eclode e necessita de microorganismos para se ali-mentar. É chamada de larva de primeiro estádio ou L1.

Se as condições do meio permanecerem favoráveis ao desenvolvimentoda larva, a L1 realizará duas mudas (trocas de cutícula), para L2 e L3. Isto podevariar em cinco a 10 dias normalmente. A L3 não mais se alimenta, é maisresistente às condições do meio e mais móvel, movimentando-se para fora dasfezes. Esta mobilidade permite que ela se localize nas porções mais sombrea-das da pastagem e nas gotículas de orvalho. Estas larvas são muito pequenas,

L3

L4 L5

Machos eFêmeas

No Hospedeiropenodo pré-patente de 18 a 21 dias.

Estádioinfectante(L3) na

pastagemNo Ambiente

5 a 15 dias

L3

L2

Eclosãode L1

L1

OVO

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7. RESISTÊNCIA DOS PARASITAS AOSVERMÍFUGOS

A resistência é um fenômeno que ocorre quando os vermífugos já nãofuncionam mais. Ou seja, você dá o vermífugo para o animal, mas a maioriados parasitas não morre com o vermífugo utilizado. Isto não acontece paratodos os parasitas ao mesmo tempo. Na natureza já existem alguns (raros)parasitas que são naturalmente resistentes aos vermífugos. O vermífugo nãoconsegue matar estes poucos parasitas porque eles têm, na sua genética, a ca-pacidade de processarem ou eliminarem os efeitos tóxicos dos vermífugos.

Cada vez que se utiliza o vermífugo, elimina-se os parasitas que são sensí-veis (os que morrem) e deixa-se que somente os parasitas resistentes sobrevi-vam. Portanto, existem em todas as propriedades dois tipos de parasitas:

PARASITAS RESISTENTES – que não morrem com o vermífugo.Atualmente, estes são os parasitas “bandidos”, nossos maiores inimigos,

pois quando percebemos que nossa cabra ou ovelha precisa ser desverminadae usamos o vermífugo, estes parasitas não vão morrer.

PARASITAS SENSÍVEIS – que morrem com o vermífugo.Atualmente, pode-se considerar estes parasitas como “amigos” ou parasi-

tas “bonzinhos”, pois sabe-se que, ao fornecer o vermífugo, eles morrem.

É possível dizer que há resistência no rebanho quando o número de parasi-tas resistentes for maior que o número de parasitas sensíveis. Toda a vez que overmífugo é utilizado, morrem os parasitas sensíveis e somente os resistentessobrevivem e vão deixando descendentes. Com o tempo, a maior parte dapopulação de parasitas é descendente dos resistentes. Portanto, quanto maisusar o vermífugo, mais resistência haverá.

Atenção para dica:

EXCESSO DE DESVERMINAÇÕES

RESISTÊNCIA DOS PARASITAS AO VERMÍFUGO

MAIS VERMINOSE

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Figura 8a e 8b - Diarreia8a 8b

Normalmente, quando os animais apresentam estes sinais, se não foremtratados, podem morrer. Nestes casos, é fácil perceber que as perdas são decor-rentes das parasitoses. Porém, a maior parte dos animais não tem parasitassuficientes para causar estes sinais. Quando em menores quantidades, estesparasitas podem provocar uma absorção incompleta dos nutrientes da dieta.Com isso, há maior consumo de alimento, mas, menor ganho de peso, retardoda idade de cobertura ou abate, maior intervalo entre partos e menor índice departos gemelares. Em outras palavras, o animal não tem condições de expres-sar o seu potencial genético para maximizar a produção. Por isso, de nadaadianta investir em animais de alto potencial genético sem realizar o controledas parasitoses.

5. CICLO DE VIDA DOS PARASITAS

Para que se possa encontrar alternativas de controle das parasitoses, é pre-ciso conhecer muito bem os parasitas e como eles vivem.

Os parasitas estrongilídeos passam por duas fases de desenvolvimento (Fi-gura 9) - uma no meio ambiente (fase de vida livre) e outra dentro do animal(fase parasitária).

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R (%) =

média de OPG antesda desverminação

média de OPG depoisda desverminação x 100

média de OPG depois da desverminação

( ) - ( )

Os vermífugos somente devem ser usados quando realmente for preciso.E, mais importante ainda, os vermífugos não podem ser usados como a únicaforma de controlar a verminose! Deve-se usar outras estratégias, num controleintegrado, conforme abordadas no item 8, adiante.

Para saber se há parasitas resistentes no seu rebanho, existem váriasmetodologias. Porém, uma delas é bem simples e pode ser feita em qualquerpropriedade. É o chamado teste de redução da contagem de ovos (OPG) nasfezes. Para cada vermífugo a ser testado, é necessário separar um grupo de 10a 15 animais. No dia da desverminação, coletar amostras de fezes de todos osanimais individualmente para realizar o exame de OPG. Depois de 10 a 14dias, coletar novamente as fezes dos mesmos animais. Se for comparado oOPG antes e depois da desverminação, é possível calcular a porcentagem deredução (R%), por meio da seguinte fórmula:

Por exemplo: se antes da desverminação a média de OPG era de 9.000 edepois ficou em 1.500, a redução foi de 83,33%.

Se a redução na contagem dos ovos foi menor que 90%, isto indica que háresistência dos parasitas àquele vermífugo testado. O produtor pode testar vá-rios vermífugos ao mesmo tempo e até associações de vermífugos. Mas preci-sa prestar atenção: para cada um dos vermífugos testados, deve-se ter pelomenos 10 animais disponíveis. Por exemplo: se o plantel é de 40 animais,poderão ser testados três vermífugos ao mesmo tempo, pois um grupo deverápermanecer sem ser desverminado, como testemunha. O ideal é que este testeseja feito anualmente, para se escolher com qual vermífugo se vai trabalharnaquele ano.

7.1 População refúgioAo tratar sobre o ciclo de vida dos parasitas (item 5, página 15), percebeu-

se que a maioria deles está no ambiente, na forma de larva. Lembrando tam-bém que estas larvas podem ser de parasitas “bonzinhos” ou “bandidos”, épreciso aprender outro conceito importante: POPULAÇÃO REFÚGIO.

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Figura 6 - Anemia - a mucosado olho fica branca

Figura 5a e 5b - Edema submandibular - conhecido como papeira

Figura 7a e 7b - Emagrecimento

5a 5b

7a 7b

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Refúgio é a porção da população total de parasitas que não teve contatocom o vermífugo, ou seja, não sofreu a chamada pressão de seleção (que seriao fato do vermífugo matar todos os parasitas “bons” ou sensíveis e deixarvivos somente os parasitas “bandidos” ou resistentes se reproduzindo, ou seja,os “bandidos” seriam os selecionados). A princípio, todas as larvas que estãono ambiente (nas pastagens) compõem a população em refúgio, pois somenteos parasitas que estão dentro dos animais é que teriam contato com o vermífugo.

É importante conhecer e preservar a população refúgio porque ela é a fontede parasitas “bons”, de parasitas que ainda são sensíveis aos vermífugos. Sefor para os animais se infectarem, é preferível que seja com os parasitas sensí-veis, porque assim haverá a certeza de que, quando for necessário, será possí-vel usar os vermífugos e eles realmente funcionarão. Neste sentido é impor-tante que sejam revistos alguns conceitos antigos, tais como o de trocar osanimais de piquete após a desverminação. Quando isto é feito, a nova pasta-gem, com pouca população em refúgio, será povoada somente por larvas deparasitas resistentes.

Recomendação Antiga:

Desverminar e trocar de piquete

Menor população refúgio

Maior resistência ao vermífugo

Recomendação Atual:

Trocar de piquete e desverminar

Maior população refúgio

Menor resistência ao vermífugo

Neste raciocínio, também é importante que os animais adquiridos ou queretornem à propriedade pastejem em áreas contaminadas com parasitos sensí-veis (população refúgio).

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Figura 3 – Após a coleta,inverte-se o saco plástico.

Figura 4 – Identificação daamostra.

Como os estrongilídeos são os parasitas que mais causam prejuízos à pe-cuária paranaense, tudo o que será discutido a seguir fará referência a estegrupo. Caso o exame de fezes mostre a presença de outros parasitas em suapropriedade, aconselha-se que o produtor consulte um médico veterinário.

Dependendo de quais parasitas estão acometendo seu rebanho, os prejuí-zos serão distintos. Porém, na maioria das vezes, há vários tipos diferentes deestrongilídeos ao mesmo tempo, o que faz com que, em geral, estes sejam osprincipais sinais da parasitose gastrintestinal em ovinos e caprinos:

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Outra forma de aumentar a população de refúgio é não desverminar todosos ovinos e caprinos do rebanho. Se alguns animais forem deixados sem desver-minar, os parasitas sensíveis (parasitas “bonzinhos”) que estão dentro destesovinos ou caprinos que não foram desverminados poderão continuar se repro-duzindo e também deixarão descendentes, aumentando o número de larvas deparasitas sensíveis nas pastagens. Por isso, é muito importante estar atento àcondição sanitária dos animais e tratar somente aqueles que precisam ser desver-minados. Agindo assim, o chamado TRATAMENTO SELETIVO estará sendoutilizado. Existem vários critérios diferentes para esta decisão, mas o assuntoserá tratado no capítulo 8.2.4 - Controle de verminose – tratamento seletivo.

8. FORMAS DE CONTROLE DAS PARASITOSESEM OVINOS E CAPRINOS

É preciso lembrar que os rebanhos de ovelhas e cabras irão conviver sem-pre com os parasitas. Não é possível exterminar totalmente os parasitas. Por-tanto, deve-se instituir manejos para que os animais permaneçam em equilí-brio com o parasitismo, não sofrendo grandes prejuízos. Há várias alternativasdiferentes de controle que podem ser adotadas, sendo importante avaliar quaisdelas podem e devem ser usadas em cada propriedade. Não há uma fórmulaúnica. O consenso, entretanto, está no fato de que é necessário diminuir autilização dos vermífugos ao mínimo possível.

Para ser possível diminuir o número de animais desverminados, é necessá-rio adotar manejos que diminuam o nível de infecção dos rebanhos, assim,quando as cabras e ovelhas realmente precisarem de medicamentos eles serãoutilizados com eficiência. Considerando esta linha de pensamento não se podeconsiderar o vermífugo como única forma de controle de verminose e umovinocultor ou caprinocultor responsável, deve adotar o CONTROLE INTE-GRADO DE PARASITAS, que prioriza o controle dos parasitas baseado emvárias medidas diferentes de manejo e não somente pelo uso de drogas.

Dentre as muitas formas de auxiliar no controle das parasitoses gastrin-testinais, destacam-se as seguintes práticas:

8.1 Controle nas pastagensa) Diminuir a lotação de animais nos pastos quando possível. Nas áreas mais

úmidas da fazenda ou em locais que sabidamente estão mais contamina-dos, como por exemplo, uma pastagem da qual o lote sempre sai comanemia ou diarreia.

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Figura 2 – Coleta de fezesdiretamente do reto com auxílio desaco plástico.

Fasciola hepatica É um parasita de fígado. Em sua forma adulta é pou-co patogênico, mas pode ser associado à presença deicterícia (amarelão).O maior problema da Fasciola ocorre devido à açãoda forma jovem, que se alimenta de fígado e sangue.Por este motivo, pode levar a um quadro de anemia ehipoproteinemia (com papeira) e morte.A Fasciola está presente em poucas regiões do Paraná,sendo mais comum em áreas com banhado oualagadas. Ela depende da presença de um caramujo(Lymnea), que se desenvolve em regiões alagadiças,açudes e poças d’água. O animal se infecta ao ingerirpastagem contaminada com a larva da Fasciola emlocais próximos àqueles que permitem o desenvolvi-mento dos caramujos.É muito importante diagnosticar a presença deste pa-rasita porque, além dos prejuízos por ele causados, adoença clínica é muito semelhante à do Haemonchuse a forma de controle destes parasitas é diferente.

Para saber quais são os parasitas que estão infectando os animais em umapropriedade, é necessário fazer o exame de fezes. Para realizá-lo, é precisocoletar fezes do animal, com auxílio de saco plástico flexível, conformedemostrado nas Figuras 2, 3 e 4. Este material deve ser mantido sob refrigera-ção até realizar o exame ou enviar para o laboratório. O grau de infecção podeser medido pelo número de ovos de parasitas por grama de fezes (OPG). Quantomaior o OPG, maior o grau de infecção parasitária.

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Figura 10

b) Utilizar pastoreio alternado com bovinos ou equinos adultos. Sabe-se queo uso de pastejo concomitante de pequenos ruminantes com bovinos adul-tos ou equinos é de grande valia no controle das parasitoses. Melhor aindaque o pastejo ao mesmo tempo, seria utilizar uma área onde inicialmentepastejasse o rebanho de ovinos e caprinos e quando a forragem já estivessenovamente em ponto de pastejo que fosse então destinada aos bovinos ouequinos. Desta forma, em cada pastejo, uma espécie animal diferente seriacolocada controlando as larvas de parasitas da outra.

c) Há casos em que o confinamento se torna a opção mais viável. O confina-mento pode ser apenas das categorias mais sensíveis, como fêmeas emlactação e filhotes em terminação. No confinamento, o fornecimento docapim é realizado com volumoso livre de parasitas como relatado anterior-mente: feno, silagem, concentrado, pré-secado etc.

d) A separação das categorias também é uma prática interessante de manejo,porque cada uma delas apresenta uma diferença de susceptibilidade. Quandose deixam todos os animais do rebanho num mesmo pasto, a desverminaçãoé feita baseando-se na necessidade dos mais sensíveis, o que aumenta apressão de seleção de parasitas resistentes. Separar em lotes também ofe-rece a possibilidade de destinar os melhores pastos (mais nutritivos oumenos contaminados) para as categorias mais sensíveis (fêmeas em lactaçãoe desmamados).

e) Escolher forrageirasque possam ser ma-nejadas em pastejoalto, acima de 15 cmaproximadamente.Como a maioria daslarvas se encontraaté 5 cm do solo,quando se coloca orebanho em pasta-gens mais altas, di-minuí-se o númerode larvas ingeridaspelos animais.

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Quadro 2 – Outros parasitas de ovinos e caprinos

Figura 1 – Proglotes deMoniezia, visíveis a olho nu, nasfezes de um ovino.

Além dos estrongilídeos, podem estar presentes outros parasitas de menorimportância, pois dificilmente se associa a sua presença ao desenvolvimentode doenças (Quadro 2). Estes parasitas devem ser controlados quando presen-tes em grandes quantidades.

Strongyloides É o único parasita capaz de se multiplicar por reprodu-ção sexuada no meio ambiente (pastagem). Porém, issosomente ocorre quando as condições do meio são ade-quadas, com alta temperatura e umidade. No Paraná,essas condições ocorrem no verão.É capaz de infectar os animais por penetração pela pele,e da mãe para o filho (via leite ou placenta). Pode cau-sar diarreia intensa nos animais jovens, mas normal-mente é bem tolerado.

Moniezia É parasita de intestino. Normalmente não causa lesão,pois se alimenta apenas do quimo (resíduo do alimentodo ovino ou caprino). Pode atingir até 30 cm de com-primento e a presença de muitos parasitas pode causarobstrução no intestino e raramente morte.O parasita adulto elimina pedaços de seu corpo, osproglotes, cheios de ovos nas fezes. Estes proglotes pa-recem grãos de arroz e podem ser vistos a olho nu (Fi-gura 1). Ácaros microscópicos das pastagens se alimen-tam dos ovos deste parasita e desenvolvem uma larvano seu interior. Para o ovino se infectar, precisa ingerirpastagem com ácaros contaminados.

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f) Utilizar as restevas de agricultura. Algumas áreas apresentam pasto razoá-vel após a colheita, por exemplo, o pasto que surge após a colheita domilho para grãos. As áreas que permaneceram por longos períodos semanimais, normalmente possuem poucas larvas e podem ser utilizadas comsegurança.

g) Formar pastagens anuais. Quando se implanta pastagens anuais (aveia,azevém, milheto etc) especialmente quando a terra é revirada para o novoplantio, também se tem uma pastagem com baixa contaminação por lar-vas.

h) Reservar para fenação ou silagem piquetes mais contaminados se possí-vel. Estes processos eliminam o oxigênio do ambiente (silagem) ou dimi-nuem muito a umidade (fenação) matando a maior parte das larvas de pa-rasitas.

i) Eliminar as áreas de concentração de animais como solários ou piquetespequenos com pasto nos quais o rebanho permanece à noite ou nos diasem que serão manejados. Se houver a necessidade de solário ou local paraos animais passarem a noite, deve-se planejar para que o piso seja ripado,de cimento, areia etc, de forma que não apresente pasto. Desta forma nãohaverá contaminação neste local.

j) Não depositar o esterco dos ovinos ou caprinos diretamente nas pastagensou capineiras. Este material contém milhares de larvas vivas. Para que sejaaproveitado como adubo, o esterco precisa ser fermentado e estar bemcurtido para eliminação dos ovos e larvas dos parasitas.

Portanto, atenção:

NÃO COLOQUE O ESTERCO DIRETAMENTE NO PASTO. ANTES,ELE DEVE PASSAR POR UM PROCESSO DE FERMENTAÇÃO

(ESTERQUEIRA OU COMPOSTEIRA).

.

k) Não permitir que o esterco do aprisco “escorra” para os piquetes. É impor-tante planejar as instalações de forma que as fezes fiquem contidas e pos-sam ser retiradas para uma esterqueira sem que escorram diretamente parao pasto.

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Quadro 1 - Principais parasitas estrongilídeos de ovinos e caprinos queafetam os rebanhos paranaenses

Parasitas não sugadores de sangue

Existem vários outros tipos de parasitas estrongilídeos que não se ali-mentam de sangue. Estes parasitas se alimentam da parede do abomaso(estômago ou coagulador) e intestino, causando úlceras. Com isso, di-minui a digestão e a absorção do alimento e da água, ocasionandoemagrecimento, papeira e diarreia.

Haemonchus – sugador de sangue

Parasita de abomaso (estômago verdadei-ro ou coagulador) que se alimenta de san-gue (desenho), causando anemia, edemasubmandibular (“papeira”), emagreci-mento, e morte.É mais comum durante o verão e outono.Além de ser o mais perigoso dos parasi-tas, pois pode levar o animal à morte, é oque está mais resistente aos vermífugosnas propriedades do Paraná.

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8.2 Controle nos animais

8.2.1 Adequada alimentação e condição sanitáriaA adequada alimentação e sanidade são indispensáveis para um controle

eficiente das parasitoses gastrintestinais. Portanto, instituir programas de con-trole sanitário e nutricional para o rebanho é uma medida importante. O plane-jamento da alimentação em todas as épocas do ano, a implementação de umcalendário de vacinações, assim como o planejamento da higiene e ventilaçãodas instalações são exemplos destas medidas a serem adotadas nas proprieda-des.

É preciso pensar que muitas vezes o fato do animal estar magro é a causada parasitose, não a consequência. Ou seja:

NEM SEMPRE “MEU ANIMAL ESTÁ MAGRO PORQUE TEMVERMINOSE!”, MAS “MEU ANIMAL TEM VERMINOSE

PORQUE ESTÁ MAGRO!”

8.2.2 Divisão em categoriasA separação dos animais em categorias é importante não somente para o

manejo correto das pastagens, mas para todas as atividades do rebanho. Aoseparar os animais pela idade e estado fisiológico, pode-se atender melhor àsexigências nutricionais de cada fase, cuidar melhor das categorias mais sensí-veis e planejar estratégias de controle específicas para estes animais.

8.2.3 Seleção de animais resistentes aos parasitasUma importante forma de ajudar no controle da verminose dos ovinos e

caprinos é trabalhar com a seleção de animais resistentes aos parasitas. Em umrebanho existem animais (ovinos ou caprinos) que não ficam doentes, que nãotêm parasitoses. Estes animais ingerem as larvas que estão na pastagem, masconseguem eliminá-las; ou seja, os parasitas não chegam à fase adulta e nãovão começar a sugar o sangue do animal. Diz-se que estes animais são resis-tentes aos parasitas e à verminose.

Preste atenção: agora é de ovinos e caprinos resistentes aos parasitas quese está falando e não mais de parasitas resistentes aos vermífugos!

Esta situação de maior resistência pode não ocorrer durante toda a vida doanimal. Às vezes ele é muito resistente (não fica doente) e às vezes ele adoece.

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Figura 1 – Presença de vários Haemonchus namucosa do abomaso.

4. PRINCIPAIS PARASITAS DOS OVINOS ECAPRINOS E O QUE ELES CAUSAM

Parasitas internos (endoparasitas) são os que se desenvolvem nos órgãosinternos dos ovinos e caprinos (estômago, intestinos, pulmão, fígado e ou-tros). Parasitas externos (ectoparasitas) se distribuem sobre a pele. Os maiscomuns sãos os piolhos, bernes e sarna.

Devido à maior importância dos endoparasitas, esta cartilha tratará apenasdas parasitoses gastrintestinais.

O grupo de endoparasitas que mais ocorre em ovinos e caprinos são osestrongilídeos. Existem estrongilídeos que podem causar diferentes lesões equadros clínicos (Quadro 1). O Haemonchus é o mais frequente durante overão paranaense e também causa a doença mais grave, por ser o único parasi-ta que se alimenta diretamente de sangue. Estes parasitas não podem ser dife-renciados no exame de fezes porque os ovos deles são iguais. Por isso, parasaber quais são os estrongilídeos mais frequentes no rebanho é necessário com-pletar o exame de fezes com uma cultura de larvas (coprocultura). Como al-guns estrongilídeos são mais resistentes ao frio, à seca e aos vermífugos doque os outros, é importante solicitar ao veterinário que acompanha a proprie-dade uma coprocultura periódica, a fim de saber se a proporção de parasitasestrongilídeos está modificando.

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Isto vai depender de muitos fatores como:- idade- se é uma fêmea em lactação ou não- se o animal está magro- se o animal está com outras doençasNestes casos, deve-se dar mais atenção àqueles animais na fase em que

estão mais propensos a ficar doentes.Porém, existem animais que SEMPRE são resistentes, que não ficam do-

entes nunca. Em média, há 15 a 20% dos animais com esta característica. Oque se deve fazer é identificar quais são estes animais e escolhê-los para fica-rem no rebanho. Ou seja, é preciso selecionar os animais mais resistentes,eliminando os que sempre estão doentes e com parasitoses. É exatamente amesma coisa que se faz quando se seleciona os animais que ganham maispeso, produzem mais leite etc.

Mas há também outro tipo de animal, o chamado RESILIENTE. Osresilientes são animais que apesar de estarem parasitados (com parasitas) con-tinuam produzindo bastante. É como se os parasitas não conseguissem preju-dicar estes animais.

Ao comparar um animal resistente com um resiliente, pode-se dizer que oresistente é melhor, porque não fica doente e também não elimina ovos deparasitas pelas fezes. O animal resiliente, apesar de não ficar doente, podeestar contaminando a pastagem, pois elimina ovos de parasitas nas fezes. Maso animal resiliente é muito melhor que o animal totalmente susceptível, por-que este animal fica doente e pode até morrer. Além disso, o resiliente, por nãoprecisar ser desverminado constantemente, ajuda a preservar a população re-fúgio, pois quando elimina ovos de parasitas são somente de parasitas sensí-veis aos vermífugos.

Então, resumindo, há três tipos de animais (ovinos e caprinos):

- O RESISTENTE: não tem pa-rasitas, não fica doente, não conta-mina a pastagem; não precisa serdesverminado

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Esta situação é pior no Paraná, que tem um clima quente e úmido e ondeovinos e caprinos são criados em pequenas áreas de pastagem, principalmentede gramíneas, que ficam repletas de fezes e, consequentemente, de larvasinfectantes. Esta condição ambiental levou ao surgimento de graves proble-mas com as parasitoses, resultando no uso excessivo de vermífugos, em al-guns casos com mais de 15 tratamentos por ano. Isto deveria ter acabado como problema das parasitoses, mas infelizmente para ovinos, caprinos e produto-res, os parasitas adquiriram resistência aos vermífugos.

Atualmente convive-se com a seguinte situação: as condições ambientais(temperatura, umidade e característica das pastagens) são muito favoráveisaos parasitas, o que acarreta grande contaminação das pastagens, e os vermí-fugos são parcialmente eficientes no controle das parasitoses.

É necessário que o produtor tenha consciência de que não é mais possívelcontrolar as parasitoses somente usando vermífugos. Portanto, para diminuir oimpacto deste problema sobre a produção, não há uma solução pronta, e sim,propõe-se uma série de ações que devem ser desenvolvidas para controle dasparasitoses gastrintestinais.

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Uma vez que há esses três tipos de animais (resistentes, resilientes e sus-ceptíveis) é possível optar quais serão mantidos no rebanho e quais serão des-cartados. E sabe por quê? Porque estas características são herdáveis, ou seja,passam de pai para filho. Se for escolhido um animal mais resistente àverminose, os filhos deste animal serão, na média, também, mais resistentesque os filhos dos outros animais.

Portanto, os mais susceptíveis devem ser descartados sempre. Mas, quemsão estes animais? São aqueles que sempre estão com verminose, os que ficamdoentes primeiro e os que demoram mais para se recuperarem.

Os animais resistentes e resilientes devem ser os escolhidos para permane-cer no rebanho. Eles quase não têm verminose e, quando têm, geralmente serecuperam rapidamente.

Mas como é possível diferenciar o animal resistente do resiliente? Paraisto, basta fazer o exame de fezes e contar o número de ovos nas fezes (OPG)de cada animal.

- O RESILIENTE: não fica doen-te, mas tem parasitas e, portanto, con-tamina a pastagem; porém não precisaser desverminado e ajuda a preservar apopulação refúgio

- O SUSCEPTÍVEL: tem pa-rasitas, fica doente, contamina apastagem e sempre precisa serdesverminado, aumentando o pro-blema da resistência aos vermí-fugos.

Este animal deve ser descar-tado do rebanho.

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termo parasitose quebra o estigma da terminologia verminose, que remete auma falsa idéia de contaminação dos vermes dos ovinos e caprinos para oshumanos.

A criação de ovinos e caprinos só pode se expandir com o comércio decarnes com nome, isto é, com uma marca forte e a garantia de qualidade aoconsumidor. Este tem sido o escopo da ação das instituições e da Câmara Setorialque orientam a organização das cadeias produtivas dos ovinos e caprinos.

Este manual não pretende encerrar a discussão sobre os procedimentosadotados para combater as parasitoses gastrintestinais, mas espera despertar aatenção de criadores e técnicos para a importância do problema.

3. AS PARASITOSES DOS OVINOS E CAPRINOSSÃO UM PROBLEMA?Todos os criadores de ovinos e caprinos já devem ter enfrentado proble-

mas importantes em sua criação devido aos parasitas gastrintestinais. Normal-mente, estes problemas são mais visíveis quando o animal está doente ou mor-re. Porém, outras perdas importantes podem ser calculadas quando se observacom cuidado os índices produtivos e reprodutivos: as parasitoses causam di-minuição no ganho de peso, baixas taxas reprodutivas, menor aproveitamentodos alimentos, entre tantos outros problemas, e ainda aumentam os custos como tratamento dos animais doentes e as constantes desverminações.

Para entender por que ovinos e caprinos são tão sensíveis às parasitoses, épreciso voltar um pouco no tempo e olhar de onde vieram estas duas espéciese há quanto tempo convivem com o homem. Ovinos e caprinos surgiram emuma região desértica da Ásia Central e foram as primeiras espécies de produ-ção a serem domesticadas pelo homem. Portanto, na sua origem, viviam emum ambiente desfavorável para os parasitas, pela falta de umidade e porquepastavam mais arbustos (no caso dos caprinos) do que gramas. Estes fatosdeterminaram que os ovinos e caprinos não desenvolvessem defesas naturais(imunidade) muito embora os ovinos sejam mais tolerantes contra as infec-ções parasitárias do que os caprinos.

Na natureza, estes animais tinham comportamento migratório, ou seja,percorriam grandes áreas em busca da melhor pastagem e raramente pastejavamno mesmo local (uma ovelha caminha entre 6 e 15 quilômetros por dia). Quan-do surgiram os sistemas mais intensivos de criação, os parasitas foram benefi-ciados, pois os ovinos e caprinos passaram a pastar nos mesmos locais, o quepermite maior contaminação do meio e maior nível de infecção dos animais.

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8.2.4 Manejo de vermífugosOs vermífugos foram utilizados duran-

te muito tempo como única maneira decombater a verminose. Hoje já se sabe quese os vermífugos forem usados indiscrimi-nadamente eles não funcionarão mais.

Portanto, a partir de hoje, comece a prestar atenção em seus animais e aidentificar quais são os mais resistentes. E não esqueça de incluir esta caracte-rística na lista de objetivos a serem alcançados pelo seu rebanho.

Em alguns países, como Aus-trália e Nova Zelândia, existemprovas oficiais (como as provasde ganho de peso) para determi-nar quem são os animais maisresistentes à verminose.

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2. INTRODUÇÃOA verminose gastrintestinal é considerada o principal problema enfrentado

pelos criadores de ovinos e caprinos. Mesmo com a existência de inúmerostratados técnicos sobre o assunto, o conhecimento disponível é pouco aplicadona prática para o controle eficaz dos parasitas.

A utilização de métodos inadequados no combate à verminose vem geran-do a resistência dos parasitas aos vermífugos. Nessa luta travada todos os diasno campo, o criador ainda está perdendo para um adversário que ele mal con-segue ver, seja do ponto de vista econômico ou ambiental.

Diante desse quadro, quais os rumos que o controle parasitário está toman-do na atualidade? Cada vez são mais frequentes questões relacionadas ao bemestar animal e às possibilidades de existência de resíduos de vermífugos nossubprodutos dos animais, como carne, leite e derivados, bem como no ambi-ente. As criações orgânicas estão ganhando espaço em função de uma popula-ção consumidora mais exigente e se veem carentes de tecnologias relaciona-das ao controle de doenças para sua sustentabilidade.

O controle parasitário por meio de vermífugos comerciais é a forma maiscomum de tratamento dos animais infectados. Na atualidade, observa-se arealização intensa de pesquisas que buscam alternativas de controle como ava-liação de fitoterápicos ou da ação de substâncias isoladas de plantas, além deestudos com homeopatia e fungos nematófagos. Novos vermífugos surgirãono mercado e, mesmo que alternativas a esse controle químico também sejamdisponibilizadas, seu uso inadequado fará com que em pouco tempo perca-sea eficácia no controle parasitário. Portanto, é importante entender que o suces-so do controle dependerá de um conjunto de ações dentro da propriedade e,para que esse sucesso de fato ocorra, a informação é a melhor ferramenta detrabalho.

Este manual, elaborado por um grupo de profissionais especializados naárea oferece, à classe produtora e aos técnicos, alguns caminhos alternativos,visando a reversão desta situação. O objetivo é fazer com que o criador consi-ga melhores resultados no manejo do rebanho, com ganhos na atividade pro-dutiva, melhoria na qualidade da carne e leite e preservação ambiental. Paraque isso ocorra efetivamente, é importante que se tenha acesso às informaçõestécnicas e que se percebam as particularidades de cada propriedade relaciona-das ao sistema de produção, à raça, ao clima e à infraestrutura.

Vale ressaltar que o presente trabalho propõe substituir o termo verminosepor parasitose. A razão está no mercado. Não é raro ouvir comentários deconsumidores afirmando que as ovelhas e os cabritos têm muitos vermes, com-prometendo parte do crescimento do consumo das carnes. Portanto, utilizar o

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Quadro 3 - Grupos e princípios ativos dos principais vermífugos utilizadosem ovinos e caprinos, com as respectivas doses recomendadas*

1 - Benzimidazóis 3 - Lactonas Macrocíclicas - Albendazol (10 mg/kg) - Ivermectin (0,2 mg/kg) - Fenbendazol (7,5 mg/kg) - Abamectin (0,2 mg/kg) - Oxfendazol (7,5 mg/kg) - Doramectin (0,2 mg/kg)

- Moxidectin (0,2 mg/kg)

2 - Imidazotiazóis 4 - Salicilanilídeos

- Tetramisol (8 mg/kg) - Closantel (7,5 a 10 mg/kg) - Levamisol (7,5 mg/kg) - Disofenol (7,5 mg/kg)

- Nitroxinil (13 mg/kg)*doses para ovinos

Portanto, atenção:

OS VERMÍFUGOS NÃO DEVEM SER USADOS COMO A ÚNICAFORMA DE CONTROLE DAS PARASITOSES DOS

OVINOS E CAPRINOS.

Os vermífugos podem ser de amplo espectro, ou seja, que têm ação sobrevárias espécies de parasitas, ou de ação específica (curto espectro) que agemsobre um número menor de espécies. No mercado existe um grande númerode vermífugos à disposição do criador, mas todos eles pertencem a apenasquatro grandes grupos químicos, que são: benzimidazóis, imidazotiazóis,lactonas macrocíclicas (amplo espectro) e salicilanídeos/substitutos fenólicos(curto espectro) (Quadro 3). Estas informações encontram-se na bula dovermífugo. O grupo químico representa a forma de ação da droga sobre oparasita, o que faz com que, quando os parasitas se tornem resistentes a umvermífugo de determinado grupo, fiquem resistentes a todas as outras drogasdaquele mesmo grupo.

Existem características do vermífugo que são inerentes ao princípio ativoe ao veículo que compõe a formulação comercial. Desta forma, um mesmoprincípio ativo pode ser apresentado da forma oral ou injetável, bem comoapresentar diferentes períodos de carência para a carne ou leite. Por isso, éconveniente consultar os períodos de carência diretamente na bula do medica-mento utilizado.

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1. APRESENTAÇÃO

Em 2009, teve início o projeto “Treinamento de pequenos produtores deovinos e caprinos na utilização do método FAMACHA© como auxiliar no con-trole da verminose gastrintestinal”, projeto este financiado pela FundaçãoAraucária, dentro do Programa Universidade Sem Fronteiras - ExtensãoTecnológica Empresarial da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Paraná(SETI).

Ao se estabelecerem as parcerias entre os executores do projeto (PontifíciaUniversidade Católica do Paraná - PUC-PR, Instituto EMATER, Secretaria deEstado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná - SEAB e Associação dosEspecialistas em Pequenos Ruminantes do Paraná - AVEPER), optou-se pelaampliação do projeto original, que previa somente o treinamento do métodoFAMACHA©, passando a englobar ações gerais de controle das parasitosesgastrintestinais.

O projeto atual prevê a realização de seminários nas diferentes regiões doEstado do Paraná sobre o tema “Parasitoses Gastrintestinais dos Ovinos eCaprinos: Alternativas de Controle” e treinamento do método FAMACHA©

para criadores de ovinos e caprinos. Esses encontros serão compostos por au-las teóricas e pela aula prática do treinamento do método FAMACHA©,totalizando 12 horas. A proposta é buscar a adesão da classe produtora às no-vas técnicas de controle da parasitose gastrintestinal, visando à obtenção deum alto padrão sanitário, impulsionando ganhos para a atividade de ovinocul-tura e caprinocultura.

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Outro cuidado que se deve ter é prestar atenção ao nome do princípio ati-vo, não ao nome comercial do vermífugo. Para um mesmo princípio ativo,podem existir dezenas de produtos comerciais. Portanto, a escolha do vermífugodeve ser orientada por um profissional qualificado.

Atualmente existem no mercado muitos produtos comerciais, que são as-sociações de princípios ativos. Esses vermífugos devem ser utilizados comcautela, pois quando desenvolvem resistência, atingem dois ou três princípiosativos, o que pode se tornar um sério problema para os programas de controleda propriedade. Esses produtos só devem ser utilizados após um teste de vermí-fugos indicar que princípios isolados não são eficientes.

Pode-se concluir que a utilização de um vermífugo de maneira eficiente,depende de vários fatores, entre eles: a qualidade do produto, a dose e a eficá-cia do produto no rebanho em que está sendo utilizado. Para que se tenhacerteza de que o produto é eficaz, deve-se realizar periodicamente um teste deeficácia de vermífugos e, com base nisto, escolher o princípio a ser utilizado.

O mais importante, é ter em mente que os vermífugos, quando bem utiliza-dos, fazem parte das estratégias de controle da verminose, mas nunca devemser utilizados como a única ferramenta de controle. Para o emprego do vermí-fugo de forma correta é importante considerar que:

a) A forma com que se utilizam os anti-helmínticos será decisiva para pro-longar o tempo de uso deste vermífugo. É necessário testar os princípiosativos antes de decidir qual será o utilizado, devido ao problema de resis-tência já citado. Há necessidade de que este teste seja realizado em todasas propriedades, pois nem sempre a droga que funciona em uma proprie-dade também funciona na outra. Deve-se somente utilizar vermífugos queapresentem redução de OPG superior a 90%. Ou seja, se antes do trata-mento a média de ovos por grama de fezes era de 1.000, depois do vermífugopode ser de, no máximo, 100. Caso isto não ocorra, deve-se testar associ-ações de princípios ativos sob orientação técnica (usar mais de umvermífugo ao mesmo tempo). O teste de vermífugos deve ser realizadotodos os anos.

b) Usar a dose correta do vermífugo. As dosagens dos principais princípiosativos, recomendadas para ovinos, estão listadas no Quadro 3. Muitas ve-zes, utilizam-se estas mesmas dosagens para caprinos, ainda que algunsconsiderem que estas devem ser mais altas. O exemplo do princípio ativolevamisol ilustra esta situação. Enquanto o levamisol é indicado na dosede 7,5 mg/kg para ovinos, há citações de doses de 10 mg/kg e até 12 mg/

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kg, quando se trata de caprinos. Outro cuidado a ser tomado é verificar seas doses indicadas nas bulas dos medicamentos estão corretas.Sabe-se, também, que erros de dosagem podem ser cometidos por falhasna estimativa dos pesos. Sempre que possível, deve-se pesar os animaisantes da desverminação. Quando isto não for viável, pode-se pesar o mai-or animal do lote e utilizar este valor como padrão para os demais. Casoexista muita diferença entre animais do mesmo lote é necessário dividir acategoria em leves, medianos e pesados, cada um com a sua dosagem.

c) Rotação de princípios ativos. Após o teste de vermífugos, sabe-se quais osprincípios ativos que podem ser utilizados. A rotação destes princípios ati-vos deve ser feita de forma lenta, sendo que o produtor pode manter omesmo principio por até três anos.

d) Utilização de vermífugos de curto espectro. Uma vez que Haemonchus é oprincipal parasita, sempre que possível, deve ser utilizado um princípioativo de curto espectro (como o closantel e nitroxinil) que atingem maisespecificamente este parasita. Desta forma, há uma diminuição na pressãode seleção para cepas resistentes dos demais parasitas presentes.

e) Momento e frequência de desverminações. O número de desverminaçõesdeve ser o menor possível, uma vez que está comprovada a associaçãoentre resistência e número de tratamentos com anti-helmínticos. O critériopara determinar o momento do tratamento é muito importante e deve serfeito somente quando realmente houver necessidade. O exame de conta-gem de ovos nas fezes (OPG) pode ser utilizado para esta finalidade. Amédia de OPG acima da qual há a necessidade de desverminação dependeda categoria animal e do sistema de produção. Geralmente, médias abaixode 1.000 OPG não requerem tratamento. Tratamentos com curtos interva-los (a cada mês, ou a cada 15 dias, por exemplo) devem ser proibidos paraque não se reforce a resistência dos parasitas aos vermífugos.

Para ovinos e caprinos, o método FAMACHA© tem permitido a identifica-ção individual dos animais que precisam ser tratados. Aprenda mais sobre estemétodo no item 8.2.5 – tratamento seletivo.

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SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO ................................................................................................ 5

2. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 6

3. AS PARASITOSES DOS OVINOS E CAPRINOSSÃO UM PROBLEMA? ...................................................................................... 7

4. PRINCIPAIS PARASITAS DOS OVINOS E CAPRINOS EO QUE ELES CAUSAM ...................................................................................... 9

5. CICLO DE VIDA DOS PARASITAS ................................................................. 15

5.1 Fase de vida livre ............................................................................................... 16

5.2 Fase parasitária .................................................................................................. 17

6. FATORES QUE INTERFEREM NAS PARASITOSES ..................................... 18

6.1 Clima ................................................................................................................. 18

6.2 Suscetibilidade do hospedeiro ........................................................................... 19

6.3 Sistemas de produção ........................................................................................ 20

6.4 Vermífugos......................................................................................................... 20

7. RESISTÊNCIA DOS PARASITAS AOS VERMÍFUGOS ................................. 21

7.1 População refúgio .............................................................................................. 22

8. FORMAS DE CONTROLE DAS PARASITOSES EMOVINOS E CAPRINOS ..................................................................................... 24

8.1 Controle nas pastagens ...................................................................................... 24

8.2 Controle nos animais ......................................................................................... 27

8.2.1 Adequada alimentação e condição sanitária ................................................... 27

8.2.2 Divisão em categorias ..................................................................................... 27

8.2.3 Seleção de animais resistentes aos parasitas ................................................... 27

8.2.4 Manejo de vermífugos .................................................................................... 30

8.2.5 Tratamento seletivo ......................................................................................... 34

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8.2.5 Tratamento seletivoO tratamento seletivo consiste em desverminar somente animais que apre-

sentem algum sinal de anemia, diarreia, queda na produção de carne ou leite,deixando os outros sem tratar. O objetivo disto é preservar a população emrefúgio, ou seja, aumentar o número de parasitas sensíveis nas pastagens.

Há várias formas de fazer o tratamento seletivo. O melhor seria conseguiridentificar, dentro de um rebanho ou de um lote, quais são os animais querealmente precisam de vermífugos.

O exame de fezes (OPG), por exemplo, poderia ser um destes critériospara o tratamento seletivo. O problema do exame de fezes (OPG) é que fazer oexame de todos os animais é muito demorado e caro. Se for feito o exame desomente alguns animais não se saberá como está o nível de infecção dos ou-tros, o que não ajuda a identificar quem realmente precisa ser desverminado.

Existe uma metodologia nova, desenvolvida por cientistas sul-africanos,que consegue identificar de forma rápida, eficiente e praticamente sem custonenhum, quais são os animais que realmente precisam ser desverminados, naspropriedades em que o Haemonchus é o principal parasito presente. Este mé-todo chama-se FAMACHA©.

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GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁInstituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão RuralVinculado à Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná

Série Informação Técnica nº 080, 2009

Elaboração Técnica:Médica Veterinária, MSc, Doutor Cristina Santos Sotomaior, Pontefícia Universidade Católica do ParanáMédica Veterinária, MSc, Doutor Fernanda Rosalinski Moraes, Pontefícia Universidade Católica do ParanáMédico Veterinário, MSc Felipe Pohl de Souza, Membro do Conselho Consultivo da AVEPERMédica Veterinária, MSc Viviane Milczewski, Faculdade Integradas “Espírita”Médico Veterinário, Especialista Agronegócio Cezar Amin Pasqualin, Instituto Emater

Executores do Projeto:Cristina Santos Sotomaior - PUC-PRFernanda Rosalinski Moraes - PUC-PRJosé Antonio Garcia Baena - SEAB-PRCezar Amin Pasqualin - Instituto Emater

Colaboradores Técnicos:Ana Carolina de Souza Chagas - EMBRAPA Pecuária SudesteAngelo Garbossa Neto - Instituto EMATERDemétrio Reva - Iniciativa PrivadaElza Maria Galvão Ciffoni - Universidade TUIUTIJannifer Silva Caldas - Autônoma - DUOVET - Medicina e Produção de Ovinos e CaprinosJoão Ari Gualberto Hill - IAPAR-PRLuiz Augusto Pfau - Instituto EMATERLuiz Danilo Muehlmann - Instituto EMATERMarcelo Molento - UFPRMaria da Graça Schwartz - Autônoma - DUOVET - Medicina e Produção de Ovinos e CaprinosOdilei Rogério Prado - Iniciativa PrivadaTarcísio Nicolau Bartmeyer - Cooperativa CASTROLANDAValéria Camacho - Instituto EMATERWillis Adolfo Amatneeks Junior - Instituto EMATER

Revisão Instituto EMATER:José Renato Rodrigues de Carvalho

Designer/Diagramação Arte Final - Instituto EMATER:Marlene Suely Ribeiro Chaves e Roseli Rozalim Silva

Tiragem: 7.000 exemplares

Exemplares desta publicação podem ser adquiridos junto ao:Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural - EMATERServiço de Atendimento ao Cliente - SACE-mail: [email protected] http://www.emater.pr.gov.brRua da Bandeira, 500 Cabral - CEP 80035-270 - Caixa Postal 1662Telefone(041) 3250 2100 - Curitiba - Paraná - Brasil

I59 INSTITUTO EMATERParasitoses gastrintestinais dos Ovinos e Caprinos:

alternativas de controle / Cristina dos Santos Sotomaior,Fernanda Rosalinski Moraes, Felipe Pohl Souza, VivianeMilczewski e Cezar Amin Pasqualin - Curitiba: InstitutoEmater, 2009.

36 p. : il. (Informação Técnica, 080).1. Caprinos. 2. Ovinos. 3. Vermifugos. 4. ControleParasitose. 5. Alimentação Adequada I. Sotomaior, Cristinados Santos. II. Moraes, Fernando Rosalinski. III. Souza,Felipe Pohl. IV. Milczewski, Viviane. V. Pasqualin, CezarAmin. VI. Título.

CDU 636.3:616.34Maria Sueli da Silva Rodrigues, CRB 9/1.464

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Figura 11 - Método FAMACHA©

* considerando um valor fictício de R$ 2,00 por animal desverminado

O método FAMACHA© con-siste em avaliar a cor da mucosado olho de cada um dos animais dorebanho e, ao comparar esta corcom a cartela do método, decide-se se o animal deve ser desvermi-nado ou não.

Portanto, esta metodologiapossui várias características dese-jadas para um controle eficiente dasparasitoses gastrintestinais. Em pri-meiro lugar, ela é uma avaliaçãoindividual dos animais, sem a ne-cessidade de estimar o grau de infecção parasitária do rebanho pela média depoucos animais. Ou seja, avalia-se cada animal para saber se ele precisa ounão ser desverminado.

Exatamente por ser individual, o número de animais desverminados é muitopequeno. Às vezes, menos de 10% do rebanho precisa receber vermífugo. Eisto traz muitas vantagens: a primeira é que desverminando menos, há menosresistência dos parasitas aos vermífugos; segundo, gasta-se menos porque amaioria dos animais não recebe o vermífugo; terceiro, há menos resíduos devermífugos na carne e no leite dos animais.

Por exemplo, veja a comparação de dois rebanhos com 100 ovinos: umcom desverminações mensais de todos os animais (método antigo e errado!) eoutro utilizando o método FAMACHA©, com avaliações clínicas quinzenaisdos animais. Observa-se a diminuição do número de doses de vermífugos usa-das no rebanho que utiliza o método FAMACHA©:

Rebanho 1 Rebanho 2Número de animais 100 100Número médio de animaisdesverminados a cada mês 100 8 a 10 em médiaNúmero médio de doses devermífugos por ano 1200 108Gasto médio comvermífugos por mês* R$ 200,00 R$ 18,00Gasto médio comvermífugos por ano R$ 2.400,00 R$ 216,00

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PARASITOSES GASTRINTESTINAISDOS OVINOS E CAPRINOS:

ALTERNATIVAS DE CONTROLECristina Santos Sotomaior 1

Fernanda Rosalinski Moraes 2Felipe Pohl de Souza 3

Viviane Milczewski 4Cezar Amin Pasqualin 5

Curitiba, 2009

1 Médica Veterinária, MSc, Doutor - Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUC-PR2 Médica Veterinária, MSc, Doutor - Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUC-PR3 Médico Veterinário, MSc, Membro do Conselho Consultivo da AVEPER4 Médica Veterinária, MSc, Doutor - Faculdade Integradas “Espírita”5 Médico Veterinário, Esp. Agronegócio Instituto Emater

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A possibilidade de tratar seletivamente os animais usando o métodoFAMACHA© é a principal estratégia para preservar os vermífugos que aindaestão funcionando. O FAMACHA© preserva a população refúgio, por desvermi-nar menos, o que permite a utilização dos vermífugos de forma mais eficientee responsável.

Outra vantagem do método é permitir que se identifique os animais maissusceptíveis às parasitoses (os que mais vezes tiveram que ser desverminadosnum determinado tempo de utilização do método) para descartá-los. Ou seja, amédio e longo prazo, consegue-se selecionar os animais mais resistentes eresilientes do rebanho.

É um método bastante simples, mas somente pessoas que foram treinadasestão aptas e autorizadas a utilizar o método. Porque, apesar de simples, estametodologia tem algumas características que precisam ser entendidas e apren-didas e somente no treinamento o criador vai conhecer de fato como funcionao método, quais são as suas vantagens e possíveis limitações. Após um perío-do de prática a pessoa reduz a possibilidade de erro. O método FAMACHA©

possui uso seguro e para que os intervalos de avaliações do rebanho sejamestabelecidos, deve-se levar em consideração as condições climáticas de cadaregião.

Da mesma forma, somente quem faz o treinamento pode adquirir a cartelado método.

AGORA QUE VOCÊ CONHECE MELHOR OS PARASITAS

DAS OVELHAS E DAS CABRAS

E COMO FAZER O CONTROLE, MÃOS À OBRA.

A SANIDADE DE SEU REBANHO

E O LUCRO OBTIDO EM SUA PROPRIEDADE

DEPENDEM DE VOCÊ!

Page 38: parasitoses ovinos e caprinos GASTRINTESTINAIS DOS OVINOS E CAPRINOS: ALTERNATIVAS DE CONTROLE Cristina Santos Sotomaior 1 Fernanda Rosalinski Moraes 2 Felipe Pohl de Souza 3 Viviane

PRODUTOR RURAL:

NÃO HÁ MUDANÇASEM AÇÃO,

NEM CONQUISTA SEMTRABALHO CONJUNTO.

ORGANIZEM-SE EMASSOCIAÇÕES E/OUCOOPERATIVAS, E

ESTRUTUREM AS CADEIASPRODUTIVAS DOS

OVINOS E CAPRINOS.