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Pare que eu quero descer do mundo! E outras deliciosas reflexões... Este E-book é uma coleção de crônicas do cotidiano, viagens, angústias, tristezas e alegrias. Divirta-se, reflita e compartilhe. Jorge Mauricio de Castro JMC Consultoria e Educação Corporativa www.jorgemauricio.com.br

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Pare que eu quero

descer do mundo! ... e outras reflexões

Jorge Mauricio de Castro

Pare que eu quero descer do mundo!

E outras deliciosas reflexões...

Este E-book é uma coleção de crônicas do cotidiano, viagens, angústias, tristezas e alegrias. Divirta-se, reflita e compartilhe.

Jorge Mauricio de Castro

JMC Consultoria e Educação Corporativa

www.jorgemauricio.com.br

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Introdução

Gosto muito de escrever. Dividir ideias me conecta às pessoas!

E esta conexão é a inspiração para escrever mais e mais.

Já escrevi 6 livros e inúmeros artigos que dividi com o mundo.

E agora compartilho este e-book com você!

Algumas destas crônicas foram escritas para compor os

informativos que a JMC Consultoria envia a seus clientes, amigos

e “prospects”. Caso queira passar a recebê-los, logo abaixo estão

os meus contatos.

Obrigado e boa leitura!

Jorge Mauricio Apoio cultural:

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Índice

Vampiros emocionais no trabalho, 04

Cigarras e formigas modernas, 06

Planejar é preciso, viver não é preciso, 08

Pare que eu quero descer do mundo!, 10

Ano novo. Vida nova?, 12

Temos nosso próprio tempo, 14

Guiana ou Goiânia?, 16

Efeito bumerangue, 18

Desabafo de um pai triste e feliz, 20

Existe um lugar assim!, 22

Black Friday: prazer ou loucura?, 24

Você me decepcionou, mas eu te perdoo, 26

As perdas necessárias, 28

Temos mesmo que nos conformar?, 30

Aposentar é preciso?, 32

Em que tempo você vive?, 34

Prefiro Punta Cana, 36

Quero ter meu “Califado”, 38

Sobre casamentos e tecnologias, 40

Um sabático ou um novo propósito de vida?, 42

Comportamento viajante, 44

O que a Olimpíada nos ensina, 46

Metamorfose humana, 48

Cheio ou vazio? Você decide!, 50

A pobreza me abandonou, 52

Na beira do Douro, sentei e chorei, 54

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Vampiros emocionais no trabalho

Há alguns dias, durante uma longa conexão no aeroporto de

Brasília, reencontrei um colega de Faculdade que não via desde

2010. Tínhamos 3 horas para colocar em dia 6 anos de

distância. E ele falou quase o tempo todo. Precisava desabafar

e me dispus a ouvi-lo.

Ele disse: "Quando me olho no espelho sinto raiva de mim

porque me culpo pelo acontecido. Eu não devia ter acreditado

cegamente nas pessoas que me decepcionaram, nem devia ter

dedicado tanto tempo a um trabalho que não me satisfazia.

Devia ter sido mais previdente e cuidadoso.”.

Foi fácil perceber sua angústia, oriunda de problemas

profissionais. Confiou em quem não merecia, tentou ser

autêntico, não se conformava em fazer do ambiente de

trabalho um teatro de aparências. Se deu mal!

Ambientes de trabalho estão geralmente repletos de hipocrisia.

São pessoas dançando o "Baile das Máscaras", sem assumirem

sua verdadeira identidade. Alguns até se transformam em

vampiros emocionais, sugando a energia daqueles que estão a

sua volta. Conheço vários...

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Por outro lado, bons ambientes de trabalho são fundamentais

para a produtividade pessoal. Somos mais ou menos sensíveis à

influência do meio sobre nosso desempenho profissional, mas

não conheço ninguém que goste de trabalhar em um ambiente

onde a falsidade esteja sempre em alta. Líderes precisam estar

atentos e atuar decididamente para melhorar a qualidade das

relações internas.

E você, o que pode fazer? Olhe em volta. Procure conhecer as

pessoas que te cercam. Fique atento, analise friamente seus

comportamentos assumidos e escusos. Seja cuidadoso. E

proteja-se. A próxima vítima pode ser você!

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Cigarras e formigas modernas

Você provavelmente conhece a fábula de La Fontaine sobre a cigarra que vive de prazer enquanto a formiga trabalha duro para suportar o inverno rigoroso. Será possível interpretá-la nos dias de hoje de forma tão maniqueísta? Penso que não. No mundo atual, não é mais plausível vivermos a realidade do "ou" - somos um pouco formiga e cigarra ao mesmo tempo. Salvo exceções, claro. Conheço pessoas que só enxergam o trabalho e a filha de uma amiga angustiada, aos 30 anos, é plena cigarra. Mas estes não são a regra.

Estou atualmente no meu momento "cigarra responsável", após décadas incorporando muito mais a formiga. Uma formiga viajadeira, é verdade. Alada, mas sempre com os pés no chão. Trabalho duro há mais de 30 anos. Perdi a conta das vezes em que viajei durante a noite para trabalhar no dia seguinte, entre outros malabarismos que fiz para proporcionar uma sobrevivência digna. Acumulei atividades e responsabilidades com o prazer inerente aos que constroem algo com significado maior: dar o máximo de oportunidades à família.

Hoje meus filhos estão criados. Ambos independentes e bem sucedidos nas suas escolhas pessoais e profissionais, felizes com a vida, viajando pelo mundo e me presenteando com algo que dinheiro nenhum pode comprar: a sensação do dever cumprido!

Aí pensei: tenho uma carreira estruturada, algum patrimônio para dar segurança, enxergo felicidade nas coisas simples da vida e já vivi 2/3 do tempo provável que me será concedido por Deus. Não estará na hora de agradecer à formiga e incorporar a cigarra?

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Como escrevi no início, não uma cigarra plena, mas responsável. Até porque amo meu trabalho. Presenteando-me com mais tempo livre, podendo escolher o que fazer e, principalmente, o que não quero fazer. Simplificando, desapegando, viajando mais, me aproximando só do que agrega valor à vida.

Assim como as cigarras, cantando ao cair da tarde pela alegria de ter vivido mais um dia!

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Planejar é preciso, viver não é preciso

Há alguns dias, durante uma conversa descontraída com amigos

e conhecidos, fui perguntado sobre qual seria minha próxima

viagem – meus amigos sabem o quanto gosto de viajar!

Respondi prontamente: em maio vamos fazer um cruzeiro pelo

Mar Adriático, passando pela Itália, Eslovênia, Croácia e

Montenegro. E na volta curtir um pouco de Veneza e Paris.

Um dos presentes, a quem eu acabara de ser apresentado,

identificou-se prontamente com este meu gostar e passamos

então a conversar sobre viagens. Ele, ainda jovem, mostrava-se

ávido por informações, experiências e possibilidades. Começou

a perguntar.

Algumas das minhas respostas o deixaram intrigado. Quis saber

quantos Estados brasileiros eu conhecia. “Todos, e cada um

deles mais de uma vez” foi o que eu disse. “E quantas viagens

internacionais você já fez?” Respondi sem titubear: 60!

Num misto de espanto e incredulidade, meu novo amigo

desiste das perguntas e exclama: “Então você é rico!” Ficamos

mais uns 30 minutos conversando, na tentativa de convencê-lo

de que não sou rico. “Vivo do meu trabalho e, se parar de

trabalhar, eu quebro” foi o que disse. Fui extremamente

sincero e contei a ele quanto ganho por mês, o que gerou uma

derradeira pergunta: “Como você consegue?”.

Fidelidade aos valores e planejamento foi a minha resposta.

Nesta altura da vida, já sei o que quero e o que não quero no

mundo.

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O que me faz feliz e ao que sou indiferente. Moro na mesma

casa, simples e confortável, há mais de 20 anos. Dirijo um carro

que não chama a atenção de ninguém. Não tenho coragem de

comprar nada somente pela grife e meu celular vai fazer este

mês seu 6º aniversário. Mas viajo “pra caramba”, que é o que

me importa.

E todas são planejadas, buscando sempre as melhores condições,

ofertas, bônus e promoções. Já cheguei a comprar passagem e

reservar hotel com 280 dias de antecedência. Paguei por eles

30% do que pagaria se o fizesse 15 dias antes da viagem.

Não só para viajar, mas defendo que estes hábitos podem nos

ajudar em tudo na vida. Já que viver não é preciso, pois a vida

flui e não temos como precisar cada nova experiência a ser

vivida, ser fiel ao que nos faz a diferença e dar uma ajudinha ao

destino, planejando o que queremos ser, ter e fazer, é uma

ótima estratégia para transformamos a vida numa prazerosa

viagem dos sonhos.

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Pare que eu quero descer do mundo!

Acordo cedo para atender à exigência do cliente: a reunião

começará às 8 horas, impreterivelmente. No caminho de muito

trânsito, o individualismo está presente nas manobras

arriscadas pelo ganho de alguns segundos.

Na reunião o cliente reclama da crise, da queda nas vendas, e

propõe uma diminuição dos honorários do contrato de

consultoria. No almoço de preço majorado pela febril

necessidade de lucro fácil, um telejornal insiste em notícias

repetidamente ruins: corrupção, inflação, indecisão.

Telefono para minha mãe, 82 anos, que sente dor nas pernas –

viajou 40 minutos de metrô sem que alguém cedesse o lugar

sentado. Dormiam o sono fingido e conveniente.

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Chego em casa no fim da tarde. A conta de energia

superfaturada me aguarda na caixa de correio. Desisto da TV e

lembro que hoje é dia de apresentação da Orquestra Sinfônica.

Apesar da conexão com a internet disponível ser muito menor do

que a contratada, consigo comprar um dos poucos ingressos

restantes.

E lá vou eu, ainda feliz, para o teatro. Consigo estacionar num

mundo quase sem vagas, apesar do achacador apelidado de

guardador cobrar um valor aviltante para não cuidar do meu

carro. Luto para não contrair a doença social batizada por

Roberto Crema de “normose”: achar normal aquilo que não

deveria ser normal.

Disparam selfies e conversas no whatsapp antes do início do

espetáculo. E as conversas virtuais continuam durante a

apresentação. E conversas ao vivo também. E fotos para postar.

E a orquestra tocando. Será que essa gente veio aqui para curtir

a boa música?

Confesso que quase fui embora. Chega deste mundo de

vaidades e aparências – eu quero descer! Felizmente persisti. E

como valeu persistir! As agruras de um dia ruim se diluíram a

cada nota do violino, do fagote, do oboé e do piano.

Não há dia ruim que resista a Chopin. E durmo com a sensação

de que não quero mais “descer do mundo”, apesar de tudo.

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Ano novo. Vida nova?

O ano novo chegou e com ele nossas inevitáveis reflexões a

respeito da vida. Pensamentos que normalmente trazem à tona

a questão das escolhas que fazemos e da nossa

responsabilidade sobre elas.

Nos meus “balanços pessoais” sempre surgem acertos e erros,

objetivos atingidos e outros nem tanto, imperfeições inerentes

ao ato de ser humano. Geralmente fecho este balanço com a

alma leve da certeza que a minha vida hoje é fruto das escolhas

que fiz, nem sempre muito sensatas, mas amplamente refletidas.

Por isso, mesmo que algo dê errado, já deu certo.

Poucos sabem que já fui Auditor Fiscal do Governo Federal,

talvez um dos únicos do Brasil a pedir demissão de uma carreira

almejada por tantos. Qual o motivo de ter saído? Livrar-me do

maniqueísmo do certo ou errado, tão cobrado pela Sociedade,

e decidir sobre a lógica do “o que eu quero de verdade para a

minha vida”.

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Como diz M. Medeiros, “optar por alternativas não abençoadas

pelo senso comum pode ser apenas uma maneira de levar a vida

como se gosta”.

Aproveite este início de ano meio morno e pense nisso: Você

está vivendo a SUA vida ou a vida que disseram que você

deveria viver?

Feliz vida que sempre se renova!

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Temos nosso próprio tempo

Acordei cedo numa quinta-feira. Pelo piar dos pássaros e a

posição do sol, estimei o horário: deviam ser seis e quinze,

pouco mais, pouco menos. Há tempos não uso relógio. É um

simbolismo de uma atitude quanto ao processo de deixar ciclos,

movimentos e acomodações acharem seus ritmos.

Céu azul, dia perfeito para várias atividades. Menos enfiar-me

em uma sala fechada em frente à tela de um computador. E

resolvi dedicar este dia inteiramente a mim. Lembrei-me do

Semler, que diz: “Lamentamos a falta de liberdade. Falamos

muito sobre o quanto valorizamos nosso tempo livre, mas

raramente fazemos dele uma prioridade de vida.” Estamos sem

tempo para o ócio, para relaxar e deixar a mente divagar à

vontade. Até nossas férias são planejadas, agendadas, quase

obrigadas.

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Na trajetória da vida, “normalmente” temos tempo e

disposição quando não temos dinheiro. Na vida adulta falta-nos

o tempo e na velhice a disposição para aproveitar a natureza e

as viagens. Essa é a “reflexão de travesseiro” de hoje!

Resolvi então que este seria um dia de luxo do século XXI. E luxo

nesses novos tempos não tem nada a ver com grifes ou qualquer

tipo de ostentação. Luxo é ter à sua disposição o que a grande

maioria não tem: tempo para usufruí-lo como achar melhor! Li

em algum lugar que a qualidade de vida está muito mais próxima

das estrelas que você consegue ver no céu do que no número de

estrelas do hotel em que você se hospeda...

Harmonize-se com o tempo, seu bem mais precioso. Elimine o

estresse da agenda sobrecarregada, ajuste a semana de

trabalho de modo a respeitar seu biorritmo e não o do relógio.

Cuide de você, esteja atento aos seus valores e lembre-se

sempre que, se não temos o controle sobre a quantidade do

nosso tempo neste mundo, podemos atuar de forma decisiva

na qualidade da sua utilização.

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Guiana ou Goiânia?

O cenário era muito agradável. Estava com 2 amigos em um

momento “happy hour”, saboreando aquele chope geladinho.

A TV do bar estava ligada e transmitia o jornal. Uma

reportagem nos chamou a atenção.

Um professor de Gana, na África, estava viajando para a Guiana

Francesa, onde faria um curso. O voo era via São Paulo. Sem

dominar bem o português, ao desembarcar em Guarulhos, disse

que estava indo para a Guiana. Foi prontamente embarcado em

um voo para Goiânia.

A solidariedade do brasileiro deu a esta estória um final feliz.

Mas o que me impressionou foi a reação dos meus amigos no

bar.

Amigo 1, meio bravo: “Que irresponsabilidade da Cia. aérea.

Como pode? Alguém tem que ser punido!”

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Amigo 2, rindo: “Esse cara de Gana devia aproveitar o erro e se

dar bem. Goiânia tem muita mulher bonita!”

Por que opiniões tão diferentes? Provavelmente porque um

enxerga a parte vazia do copo enquanto o outro se concentra

na parte cheia (acho que você conhece essa metáfora).

Inúmeras pesquisas mostram que quem tem uma visão mais

leve da vida e encara os fatos cotidianos com mais humor e

menos amargor vive mais – mais tempo e com mais qualidade!

Não estou defendendo o “jeito Poliana de ser”, que enxerga o

mundo com lentes cor de rosa. É preciso ter senso crítico, lutar

contra as injustiças, não se conformar com os absurdos. Mas

acredito que tudo que nos afeta na vida tem 2 lados: um mais

positivo, outro menos. Até ganhar na Mega Sena gera esta

dualidade. Casamento, emprego, viagens e os mais simples

acontecimentos da vida podem gerar no protagonista um foco

no lado bom. Ou não.

Conheço gente que faz do mau humor um hábito, que carrega

mágoas por décadas, que ama criticar, apontar erros e que

acredita piamente que o mundo conspira contra sua felicidade.

Pelo seu bem, espero que você não seja assim.

Viajar pela vida de forma mais leve, exigindo pouco do mundo

para ser feliz e maximizando todas as coisas boas que

certamente acontecem com você é uma ótima maneira de

agradecermos a Deus por nossa existência. E como disse o

filósofo alemão Friedrich Hegel, “somente das alturas do infinito

bom humor é que você pode observar a eterna tolice dos

homens, ... e rir dela.”

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Efeito bumerangue

Esta estória começou há mais de uma década, quando me

encontrei com outro palestrante em um evento. Ele, na época

presidente de uma poderosa associação com grande estrutura

de marketing, cobrava 3 vezes mais que eu para ministrar uma

palestra. Ao me encontrar no evento, disse de forma arrogante:

“Vou tentar arranjar uma palestra em que te paguem ao menos

metade do que eu cobro”.

Fiquei tão chocado com o comentário “sem noção” que só

consegui esboçar um tímido “obrigado”. Como arrogância é uma

característica que tenho dificuldade em lidar, fiquei incomodado

com aquele comentário por alguns dias.

Mas o tempo passa, o mundo dá suas voltas e acredito

fortemente que você colhe aquilo que planta. Quem age com

amor, vai receber amor de volta. É o famoso efeito

bumerangue.

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Passaram-se muitos anos e atualmente aquele profissional

arrogante está preso. Ocupou um cargo público, fez o que não

devia e está pagando pelos atos cometidos. Passei outro dia por

ele no Fórum. Algemado, era conduzido a uma audiência.

Acho que você já sabe o que me deu vontade de dizer a ele

neste momento. Mas não o fiz. Apenas um rápido cumprimento

com o olhar foi suficiente. Se eu resolvesse “dar o troco” e

fizesse uma afirmação parecida com a que ouvi há mais de dez

anos, aproveitando-me de sua fragilidade, estaria me igualando

a ele na arrogância que tanto rejeito.

Aja sempre de forma correta, esteja você em um bom ou mau

momento. Seja solidário, se não por convicção, ao menos por

inteligência. Acredite no efeito bumerangue. Quando fui diretor

de uma faculdade, minha assistente era acadêmica e trabalhava

em troca de uma bolsa de estudos. Formou-se e hoje é

coordenadora de pós-graduação de uma universidade em que

leciono. Praticamente invertemos os papeis. Imagine se eu fosse

um “chefe carrasco”?

Fazer o bem é bom. Não custa nada e você só tem a ganhar.

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Desabafo de um pai triste e feliz

Hoje estou triste e feliz. Com saudades antecipadas da minha "garotinha" de 30 anos, que vai partir em busca de seus sonhos. Hoje estou triste e feliz também porque a história se repete. Há mais de uma década, meu "garotinho", recém-formado Piloto Comercial, veio novamente morar comigo e por aqui iniciar sua bem sucedida carreira. Saiu daqui para voos literalmente mais altos e hoje corta os céus como Comandante de Airbus.

Senti sua falta, pois formávamos uma boa dupla de, naquela época, "solteiros". A casa ficou vazia demais na sua partida, mas me consolava ao dizer e repetir, para mim e para os outros: "Criamos os filhos para o mundo, não para nós." Falar é tão fácil...

Hoje estou triste e feliz por sentir novamente esta mesma dor, antes mesmo dela se concretizar. Será esse o meu destino paterno? Abrigar de volta filhos que saíram para estudar, viver intensamente a presença deles ao meu lado e depois vê-los partir novamente, em busca de seus sonhos, ideais e da própria vida?

Estou triste por mim, feliz por eles. Uma tristeza egoísta, mas doída. Preocupações tolas me tomam de assalto: Quem vai acordar cedo e preparar o café que ela tanto gosta? Quem vai esperá-la à noite com uma taça de vinho para ouvir as novidades do dia? Alguém, provavelmente. Não eu.

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Apego-me a Khalil Gibran: "Vossos filhos não são vossos filhos. São os filhos e filhas da ânsia da vida por si mesma. (...) Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas." Esse é meu doce consolo, que aplaina a saudade dos filhos e da vida.

Ficarão definitivamente incorporadas à minha existência as lembranças dessa amorosa parceria, imunes à distância física e à falta da convivência diária. Há mais de dez anos me enchi de coragem e disse: "Vai Rafael, corre atrás dos teus sonhos." Hoje olho para a Renata e repito a frase.

E eles são corajosos e foram. E com a sensação do dever cumprido, mesmo com o queixo tremendo, posso dizer que hoje estou feliz....e feliz.

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Existe um lugar assim!

Sempre amei meu “lado professor”. É bem verdade que

abandonei a confortável e estressante carreira executiva para

realizar o sonho de trabalhar como consultor de empresas. Faço

isso há mais de 20 anos e continuo me sentindo muito

estimulado a abraçar projetos de consultoria, conhecer

empresas e ajudá-las no seu desenvolvimento.

Mas a docência é arrebatadora por nos dar a chance de interferir

diretamente na trajetória pessoal e profissional de cada um. A

consultoria é para a empresa, a docência é para o indivíduo. E

fazer diferença positiva na vida das pessoas é minha missão

pessoal.

Semana passada estive em uma cidade do Brasil, bonita por

natureza, realizando um treinamento. Semana árdua de

trabalho delicioso com encerramento em um dos mais

frequentados restaurantes do local, com direito a música ao

vivo e merecido relax.

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E de repente apareceu uma pessoa e pediu para bater uma foto

comigo. E um casal se animou e também pediu. E mais um...

Espera aí! Não sou artista da Globo nem cantor sertanejo. Sou

professor! O que está acontecendo?

Já vivi muito para me deslumbrar com este tipo de situação, mas

não nego o afago que estas experiências produzem na

autoestima. Reconhecimento pelo bom trabalho e a certeza de

ter feito diferença na vida das pessoas são, para mim, a matéria

prima do que chamo de “felicidade profissional”.

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Black Friday: prazer ou loucura?

Almocei hoje com um amigo que está horrorizado com a

loucura que se faz para participar da Black Friday. Gente que

acorda de madrugada, no frio de Nova York, e fica horas na fila

apenas para comprar produtos com desconto. Ele me disse:

“Parece loucura!”

Vou além: é loucura mesmo. Não aquela diagnosticada como

distúrbio psiquiátrico, mas uma loucura comportamental,

baseada em pseudo necessidades, em ilusões, em frustrações

mal resolvidas e na busca de uma pretensa felicidade que só é

possível quando se materializa em objeto do desejo.

O que mais pode explicar você fazer um esforço pessoal, até

físico, para comprar um produto que não precisa e que, muitas

vezes, vai deixa-lo endividado? Será o desejo de status? Ou é

simplesmente o tradicional comportamento de massa, onde a

lógica se instala no “se está todo mundo comprando, eu

também vou comprar?” Há algo de estranho neste

comportamento compulsivo.

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E no Brasil, onde a Black Friday é de mentira? Fiz uma pesquisa

hoje em diversos sites de empresas de renome e encontrei

preços muito próximos da sexta-feira passada. Talvez um ou

dois produtos com desconto real, como chamariz, mas nada

que justifique tamanho estardalhaço.

Soube de gente que faltou ao trabalho, acordou de madrugada,

enfrentou chuva e está neste momento comprando sua 4ª

televisão de LCD. “Por quê?” “Tá barato, é a maior liquidação do

ano!” “E como você vai fazer para pagar?” “Ah, isso eu vejo

depois”.

Loucura, irresponsabilidade, compulsão – chame do que quiser.

E se puder me explique, pois confesso que tenho dificuldade de

entender este modelo mental.

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Você me decepcionou, mas eu te perdoo

O fim do ano se aproxima e com ele as inevitáveis reflexões

sobre o que somos, o que faremos da vida e como

administramos as emoções no ano que termina.

É uma época em que muitos têm sua espiritualidade elevada e o

pensamento se volta para a harmonia das relações humanas.

Ficamos mais generosos, afetivos e sensíveis. É a hora do perdão.

É muito pouco provável que passemos pela vida sem magoar ou

ser magoado, sem prejudicar ou ser prejudicado.

Intencionalmente ou não, estes verbos algum dia acabam

sendo conjugados. E, neste caso, o substantivo “perdão” tem

de ser chamado a compor o texto, sob pena da vida não

completar sua sintaxe.

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Como diz meu amigo Eugenio Mussak, “perdoar é o ato de

libertar o outro da culpa, mas é mais que isso. Em sua função

libertária, o perdão liberta quem o pratica. É um ato de grandeza

de espírito, que representa, acima de tudo, uma doação”.

Perdoar é digno, grande e belo. Pense nisso neste ano. Quem

você precisa perdoar? Como fará isso? Uma conversa franca,

uma carta, um presente. Com espírito desarmado, lembrando

sempre que o ser humano é imperfeito e que devemos viver a

vida em toda sua plenitude.

Perdoe. Inclusive perdoe-se. E tenha uma excelente vida!

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As perdas necessárias

Aprender a lidar com as perdas é uma competência que

precisamos sempre desenvolver. Reconheço que em algumas

situações, como por exemplo, a perda de um filho, torna-se um

ato quase de heroísmo. Mas, ainda assim, é necessário reagir.

Serei mais ameno na dor: vamos falar de trabalho. Esta semana

um de meus mais antigos clientes solicitou a rescisão do nosso

contrato de consultoria. Coisas da crise. O baque inicial é grande

e a notícia nos atordoa, principalmente quando inesperada.

Negação, rejeição, raiva. E a autoestima despenca.

É nesta hora que devemos viver o luto da perda. Não pule esta

etapa! Reconheça seu sofrimento, não se engane, até chore, se

isto te fizer bem. Alivie seu coração de mágoas, de culpas, mas

dê espaço ao sofrimento: estou triste e pronto!

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Passada esta fase, é hora de reagir. Veja o lado bom da perda –

sempre há um lado bom. Ela te tira da zona de conforto, cutuca

sua criatividade, faz enxergar novas possibilidades, desengaveta

aquele sonho que estava adiado. Você retoma projetos, sua vida,

e começa a perceber que nada é em vão.

Quanto tempo leva cada fase? Impossível pré determinar.

Depende da perda, de você, dos influenciadores externos.

Administre o seu tempo. Sofra, mas não mais que o necessário.

Reaja, coloque energia na sua vida, reflita sobre os

aprendizados da perda, renove seus projetos e vá em frente.

Afinal, o mundo te espera.

A vida de todos nós começa com uma grande perda. Sair do

aconchego do útero materno, onde tudo é fácil, ganhar uma

palmada e começar a se defender das agressões do mundo dos

homens é nossa primeira experiência de perda. E ainda assim

não é tão fascinante viver?

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Temos mesmo que nos conformar?

Sou muito mais diurno que noturno. Acordo normalmente às

05h30min na pretensão de caminhar pela praça do bairro. Mas

confesso que ultimamente ando meio preguiçoso e o que me

seduz de verdade é fazer o café, servi-lo fartamente numa

velha caneca de ágata e sentar-me no quintal, sob as árvores,

para ver o dia, geralmente multicolorido nesta época do ano, ir

aos poucos surgindo.

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São apenas 30 minutos, mas sinto que bem vividos. A

passarinhada indócil, o sol acordando o céu, aquele frescor típico

do alvorecer e, pasmem, eventualmente araras e papagaios

ajudando a tecer a manhã. É bom viver próximo ao pantanal. Já

tentei ler, ouvir música, de alguma forma ser “produtivo” neste

momento lúdico. Desisti. O que me fascina é olhar em volta,

para cima, refinar os sentidos e receber a energia da manhã.

O cheiro, a luz, o som e o paladar do café coado

complementando a obra de Deus. Não há como não começar

bem o dia assim. Comunhão total com a Natureza e comigo.

Tomo um banho, me arrumo e sento para comer uma fruta ou

tapioca. Às vezes a TV está ligada no jornal matutino e é

impossível não prestar atenção às notícias deste nosso tão

maltratado Brasil. Nestas horas geralmente quero voltar no

tempo. Não séculos ou décadas, bastam alguns minutos. Preferia

ouvir o canto dos pássaros às manchetes do dia. Sentir o cheiro

do café é muito melhor que o odor fétido das nossas usuais

práticas políticas.

Então desligo a TV, mas, nesta hora, o mal já está feito. É a vida

real. Ou não.

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Aposentar é preciso?

Sábado de manhã. Fui o primeiro professor a chegar e minha sala era a primeira de um corredor de outras onze, todas destinadas às pós-graduações do fim de semana.

Deixei a porta aberta e comecei a me entender com o emaranhado de cabos e fios que ligam o notebook ao data show, ao som e à eletricidade. Os demais professores foram chegando (sempre antes dos alunos!) e com um rápido “bom dia Jorge, tudo bem?”, também assumiam suas salas.

Seria uma cena absolutamente corriqueira se não fosse por um detalhe: entre os onze demais professores, sete já haviam sido meus alunos!

Num primeiro momento, o fato me alegrou. O ex-aluno e atual colega certamente se inspirou em alguns mestres ao decidir abraçar a carreira docente. Cheguei a cogitar, no auge da explosão de autoestima, ter sido eu essa fonte de inspiração para ao menos uma parte deles. Mas fui dormir preocupado.

Terá chegado a hora de parar ou ao menos diminuir a quantidade de aulas? Dar espaço aos novos talentos? Focar mais nas atividades de consultoria, fisicamente menos desgastantes, em detrimento do treinamento e da docência? Ou ainda, esta uma verdadeira dúvida cruel: devo começar a pensar em me aposentar?

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Voltei domingo para a sala de aula disposto a buscar o feedback dos alunos. E fizemos dinâmicas, debatemos temas interessantes, analisamos casos empresariais e o dia passou rápido. No caminho de volta pra casa me indaguei: caso pudesse escolher, onde eu teria passado esse domingo? A resposta veio fácil. Seria ali mesmo, interagindo, trocando, crescendo e fazendo crescer.

E nesse momento tive a certeza de que, enquanto for este o meu sentimento e Deus me der forças, a palavra “parar” estará excluída do meu dicionário. Porque cada vez mais, nestes momentos de reflexão, percebo que é através do trabalho que realizo a minha missão pessoal.

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Em que tempo você vive?

Acompanhando suas postagens nas redes sociais, percebi que um amigo estava gastando acima do seu padrão usual. Muitas viagens, reforma na casa e outras extravagâncias. Conheço-o há muito tempo, sei que é um bom profissional, bem remunerado, mas normalmente comedido nos gastos. Por isso estranhei seus, digamos, "pequenos exageros".

Coincidentemente encontrei-o em um evento. Depois das conversas iniciais e superficiais, tomei a liberdade de perguntar sobre aqueles novos hábitos. Sua resposta me surpreendeu ainda mais.

Disse-me que havia comprado um carro novo por 60 mil reais. Retirou-o da concessionária na 4ª feira à tarde, programando fazer emplacamento, seguro e som na 5ª logo cedo. Ele e a esposa resolveram comemorar a aquisição e foram jantar fora. Na saída do restaurante, o susto que logo virou desespero: haviam furtado seu carro novo. Que prejuízo!

Minha reação foi um mix de emoções: senti pena do amigo pelo azar, critiquei-o internamente pela imprudência e, mais que tudo, não consegui entender a lógica entre este episódio do furto e a explicação prometida pelos gastos excessivos.

Antes que eu pudesse falar alguma coisa, ele disse: "Isso podia ter acontecido, né? Mas felizmente não aconteceu. Nem comprei o carro." E finalmente me explicou sua métrica tão particular. Trabalhou a vida inteira e, nesta trajetória, experimentou muita coisa boa, sem exageros. Em um determinado momento percebeu-se felizardo pois, durante seus quase 50 anos, nada de muito ruim havia acontecido com ele. Os ganhos haviam superado as perdas.

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Depois de ler uma reportagem sobre pessoas que haviam perdido a poupança de uma vida inteira em negócios mal sucedidos justamente na semana da morte de um colega de trabalho vítima de infarto fulminante, ele resolveu que era hora de pensar mais no hoje que no amanhã. E despediu-se de mim com uma frase enigmática: "Hoje eu sei que existe. E se não houver o amanhã?”.

Fiquei vários dias pensando nesta conversa. Meu amigo encontrou-se no desejo e no direito de transgredir, de ousar, de surpreender. Mas o fez de forma refletida e calculada. Percebeu que a vida acontece agora e é no "carpe diem" que está a nossa felicidade. Sem ser irresponsável ou leviano, ousou. Interpretou, do seu jeito, a divertida frase do escritor Ruy Castro: "Não me incomodo que as pessoas pensem que há vida depois da morte. O difícil é convencer algumas que também há vida ANTES da morte".

Não escrevo para que possamos julgá-lo. O objetivo de dividir com você esta experiência é refletirmos juntos sobre as importantes decisões que tomamos em nossas vidas. Estamos realmente decidindo ou dependentes do piloto automático, do “deixa a vida me levar”?

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Prefiro Punta Cana

Viajar aos Estados Unidos está cada vez mais complicado.

Apesar das inúmeras tentações que este país gera nos

brasileiros, além de excelentes ofertas de passagens aéreas que

surgem quase todos os dias, o trabalho a que somos

submetidos para ter o direito de pisar em solo americano é

digno de se pensar em Fortaleza como opção.

Tudo começa com o visto. Parece que você está sendo indiciado

pela Polícia Federal. Além do alto custo, principalmente para

quem mora onde não há consulado, você precisa escancarar sua

vida pessoal, profissional e financeira para tentar convencer os

“avaliadores” que sua intenção é só passear e gastar seus

dólares.

Ainda assim, na hora da entrevista, ele pode olhar para você e

dizer simplesmente que “seu visto foi negado”. E não adianta

ponderar que tem emprego, patrimônio e família no Brasil. Está

negado e pronto. Ao invés de espernear, é melhor sair do

consulado, entrar em uma agência de viagens e comprar uma

passagem para Paris.

Mas você conseguiu o visto e vai viajar. Prepare-se! Ainda no

Brasil o embarque para os EUA é muito mais complicado que

para qualquer outro lugar. Até o cadeado da sua mala deve ser

como eles querem. E ao chegar lá, prepare-se de novo: são raios-

X, scanners, revista de malas, filas intermináveis, novas

perguntas na imigração e o risco de, mesmo com visto,

encrencarem com você.

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Já viajei muitas vezes aos Estados Unidos, nunca tive visto

negado e admiro este país. Lugares como Nova York ou Las

Vegas merecem ser conhecidos. Sem falar na Disney, em São

Francisco e Nova Orleans, entre outras. É um país que deu

certo!

Mas confesso que ando meio cansado de tantos procedimentos.

Como um dos meus lemas de vida é “simplificar sempre”, tudo o

que complica me causa rejeição. Melhor ir à Punta Cana. Da

última vez que estive por lá, minha experiência na imigração foi

bem diferente.

Apresentamos os passaportes ao oficial de imigração da

República Dominicana e, ao constatar que éramos brasileiros,

ele nos pergunta se gostávamos do Roberto Carlos. Dissemos

que sim e aí, ao estilo Luiz Miguel, ele cantou um trecho de

“Amada Amante” e, com um sorriso agradável nos disse:

“Benvenidos à Punta Cana!”. Quanta diferença!

Viajar é sempre bom. Ainda mais quando as únicas preocupações

são bater boas fotos e escolher em qual restaurante vamos

jantar.

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Quero ter o meu Califado

Temos lido e ouvido ultimamente que estão se proliferando, de forma alarmante, as tentativas de criação de novos países, ou guetos, chamados de Califados. Os maiores genocídios da humanidade, atualmente, propagam este objetivo maior como justificativa - isto está ocorrendo na Síria e região e também na África.

Grupos de pessoas, certamente sem escrúpulos e que acreditam que os fins justificam os meios, sob o falso manto da religiosidade (o Islamismo é uma religião que prega o amor), decidem que querem, a ferro, fogo e bala, criar um novo país onde se pode tudo, desde que o "dono" permita, ou também nada se pode que contrarie o Califa.

Pois bem, já que está "na moda", quero ter também o meu Califado. Vou chamá-lo de Novo Planeta. Lá cada um poderia crer no seu Deus, ou em nenhum, e teríamos tolerância com as escolhas. Haveria ricos e pobres, pois a igualdade absoluta contraria a natureza humana. Mas nunca muito ricos nem muito pobres. Educação, saúde e segurança não seriam problemas emergentes no Novo Planeta, pois seu líder reverteria a grande maioria das contribuições justas e voluntárias da Sociedade para estes setores, sem admitir qualquer desvio.

Não haveria políticos (reconheço que o Novo Planeta não seria muito democrático) e servidores públicos serviriam ao público. Simples assim. Orientação de gênero livre, todos trabalhariam e as palavras da nossa bandeira seriam "Respeito e Amor". Respeito e amor ao outro e a um bem maior chamado Mãe Natureza.

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Vamos à luta! Pegue suas armas mais poderosas - sua inteligência, seu livre arbítrio e sua generosidade, carregue-as com todo o amor que estiver guardado dentro de você e vamos juntos construir um novo jeito de viver a vida.

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Sobre casamentos e tecnologias

Meus amigos são sempre pródigos em me abastecer de

histórias interessantes. Esta é de um aluno da pós-graduação

que por acaso encontrei em um evento de degustação de

vinhos italianos da Toscana. Nada mal ouvir boas histórias em

um ambiente desses.

Reconhecemos-nos e sentamos juntos na grande mesa de

madeira, tentando identificar os odores e taninos dos Brunellos,

Chiantis e outros que eram servidos. Terminada a degustação,

escolhemos um deles para apreciar mais detalhadamente,

acompanhado de bruschettas quase tão boas quanto aquelas

preparadas pela Carol.

Depois da segunda taça as emoções começaram a aflorar.

Confidenciou-me que amava a esposa, mas reclamou do

casamento. Culpa da tecnologia, segundo ele. A esposa dedica

boa parte do tempo ao celular, seja no Whatsapp, Facebook,

Instagram ou qualquer outro aplicativo sequestrador de

atenção.

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Tentava conversar, falar sobre seu dia, angústias e perspectivas,

mas raramente encontrava interlocação. Talvez sua vida não seja

tão interessante quanto imaginava que fosse. O dedilhar dela no

teclado do smartphone sempre vencia. Aí ele resolveu fazer um

teste: percebendo-a entretida com as inúmeras mensagens

“certamente muito importantes que teimavam em chegar” (disse

isso em tom irônico), ele falou: “o Flamengo perdeu”. Não

obteve nenhuma reação.

Diante disso resolveu radicalizar: “Sua mãe morreu”. Reação

zero novamente. Uns 5 minutos mais tarde, ela perguntou: “O

que foi que você disse? Minha mãe perdeu? Perdeu o que? E o

que o Flamengo tem a ver com isso?”.

Ele pensa em desistir, talvez encorajado pela 4ª taça de vinho.

Não se termina uma relação afetiva bacana por uma bobagem

dessas. Mas deixou clara a insatisfação com sua inadequação ao

“novo mundo”. Ela adora receber vídeos e piadinhas pelo

Whatsapp, mas gosta mais ainda de “interromper meu trabalho

para mostrar aquele monte de bobagens”.

Desta vez fiquei sem saber o que dizer a ele. Queria fugir do

lugar comum do “tenha paciência, isso é fase”, ou “já

experimentou ter uma conversa franca com ela” ou ainda “faça

do mesmo jeito, quem sabe ela percebe o incômodo”. Ele

provavelmente já havia pensado nestas alternativas. Preferi

quase calar-me e ser solidário, dizendo apenas: “é amigo, eu te

entendo...”.

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Um sabático ou um novo propósito de vida?

Confesso que ousei. Até extrapolei. Definitivamente foi um

primeiro semestre diferente para mim. Decidi me presentear

com uma das moedas mais valiosas do mundo moderno:

tempo. Contribuiu para esta decisão uma decepção que tive

com seres humanos que julguei serem amigos, mas confesso

que sou um incorrigível: continuo teimando em acreditar

sempre no lado bom das pessoas.

Comecei este ano com a determinação de experimentar seis

meses de uma rotina mais leve, resgatando alguns prazeres

outrora esquecidos. Mais tempo para ler, estar com pessoas

queridas, renovar, reciclar, aprender, conhecer lugares e

também me permitir prazeres mundanos como regar as plantas

ao nascer do sol, subir para a Chapada dos Guimarães na 4ª feira

ou ainda comprar pão quente no fim da tarde e observar, ao lado

de quem amo, a manteiga nele se derretendo, enquanto o cheiro

do café compõe o cenário de felicidade.

A proposta não era parar de trabalhar neste período, pois o

trabalho é fundamental para que me sinta vivo e pleno. Apenas

retirei-o do eixo central da minha vida. O que coloquei no

lugar? Eu! Foi uma espécie de semestre sabático com marca

própria e definição absolutamente pessoal.

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Nesta nova lógica de uso do tempo, viajei bem mais que o de

costume. De janeiro a junho fomos (com ela é muito melhor) três

vezes à Europa, além de África do Sul e Caribe. No Brasil

finalmente conheci lugares sonhados como Cambará do Sul e

Inhotim, quase sempre trocados por compromissos profissionais.

Sem falar de Maricá.

De que adianta ter uma casa de praia se usufruí-la não é a

prioridade? Deixei no passado a necessidade de ter por ter.

Hoje tenho menos e aproveito mais. Estive por lá várias vezes

neste período, dormindo na rede e embalado pelo cheiro e o

barulho do mar.

Foram seis meses intensos de vida. Consegui conjugar no mesmo

verbo o trabalhar e o aproveitar. Uma experiência única para

mim, além de deliciosa e tentadora. A partir de agora me sinto

impelido a retornar ao que as pessoas chamam de “vida normal”.

O único problema é que gostei demais dessa tal de “vida

anormal”.

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Comportamento viajante

“Pense e responda: Você andaria seminu em um país árabe?

Daria um amasso na sua namorada dentro do Vaticano?

Cumprimentaria um japonês com dois beijinhos? Espero que

não!”

Desta forma divertida e questionadora minha amiga blogueira

Adriana Setti começa seu artigo “Gentileza gera gentileza”.

Identifiquei-me com ele, pois ela aborda um aspecto que tem me

incomodado quando viajo para outros países: o comportamento

de alguns brasileiros no exterior.

Diversos amigos estrangeiros espalhados pelo mundo

normalmente comentam que conheceram brasileiros “exóticos,

engraçados, bem humorados” e outros adjetivos politicamente

corretos que demonstram seu espanto e o quanto estranham a

forma peculiar e muitas vezes pouco educada com que alguns

conterrâneos agem em suas viagens de férias a outros países.

Dizem que o parisiense é mal educado. Nunca vivenciei este

suposto clichê. Estive diversas vezes na Cidade Luz e sempre fui

muito bem tratado por onde passei. Fiz até um “quase amigo” –

o Pierre, atendente de um típico Café parisiense que gostamos

de frequentar. Já próximo aos 60 anos, é extremamente

educado, polido e formal, como são a grande maioria dos

franceses.

Mas sua polidez não é mal humorada, é só discreta. Sempre

que vamos embora, após o tradicional “merci”, ele se esforça e

nos devolve um “obrigado” carregado de sotaque e doçura.

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Certa vez presenciei neste Café uma cena no mínimo esdrúxula.

Estávamos apreciando uma “bièrre” num fim de tarde quente

quando surgiu um grupo de conterrâneos com inúmeras sacolas,

crianças agitadas, falando alto, chamando o garçom de garçom

(?!) e fazendo seu pedido em português, tudo sob o olhar

assustado do Pierre que, com os olhos, me pediu socorro.

Intermediei a conversa e tudo correu bem. Pierre sorriu e

atendeu ao grupo de forma simpática. Assim que se foram (era

só um pit stop antes de continuarem com a fúria comprista) ele

se aproximou de nossa mesa e disse: “Fique tranquilo, Jorge. Os

chineses até cospem no chão”.

Amo o Brasil e amo ser brasileiro. Nossa espontaneidade e

alegria de viver são características apreciadas em todo o mundo.

Mas geralmente nos falta uma visão mais ampliada dos

diferentes hábitos culturais e o entendimento de que poucos são

como nós. É preciso entender que, em visita a outros países, nós

é que devemos nos adaptar aos costumes locais e não eles a nós.

Alegria pode combinar com educação e bom humor com

respeito. Agindo de maneira civilizada, o brasileiro será bem

recebido em qualquer lugar do mundo, espalhando no planeta,

de forma suave, a felicidade de viver que tanto nos caracteriza.

Garanto que funciona.

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O que a Olimpíada nos ensina

Estamos no hiato entre a Olimpíada e a Paralimpíada. A

primeira nos gerou enorme expectativa, apreensão, vibração,

orgulho e saudade, nesta ordem. Preparemos nossas emoções

para a “Para”, onde superação e resiliência serão as palavras de

ordem.

Quanto aprendizado o mundo corporativo pode ter no esporte!

Vou citar apenas alguns deles, mais evidentes, mas a pesquisa

pode se aprofundar e novos exemplos certamente irão surgir.

PLANEJAMENTO é fundamental. Erramos na hospedagem dos

atletas na Vila Olímpica, acertamos em cheio na cerimônia de

abertura. ÉTICA é um bom negócio. Que o diga a nadadora que

estava em terceiro e quase afogou a provável segunda colocada

na Maratona Aquática, querendo a medalha de prata a

qualquer preço e ficando sem nenhuma, desclassificada.

ARROGÂNCIA atrapalha. Como o francês do salto com vara, que

de tão certo da vitória enxergou fracasso na prata. SUPERAÇÃO é

fundamental e os exemplos são inúmeros. Rafaela e Diego

saíram arrasados de Londres em 2012 e, como a Fênix,

ressurgiram inteiros no Rio, nos emocionando.

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COMPAIXÃO também tem seu lugar no mundo organizacional.

Como o belo ato do nosso Thiago de ouro, que deixou de lado a

comemoração pelo salto de 6,03 metros para ajudar ao atleta

derrotado a levantar sua autoestima. BRIO como o de Novak

Djokovic, o melhor tenista do mundo que saiu de quadra

chorando por não ter conquistado uma medalha para o seu

país.

A VERDADE deve sempre prevalecer, por mais dolorida que seja.

Os nadadores americanos do revezamento certamente se

arrependeram das mentiras sobre o suposto assalto. LIDERANÇA

forte, tão bem exercida pelo mega campeão Bernardinho no

comando do vôlei brasileiro.

COMEMORAR E VIBRAR como fizeram Kahena e Martine, que

depois de uma vitória apertada jogaram-se nas águas não tão

limpas da Baía de Guanabara, assim como Isaquias, o baiano

mais rápido que conheço, que fez história com suas 3 medalhas

e está comemorando até hoje.

Para finalizar, “ele” não poderia faltar. Palavras como

competência, preparação, superação e tantas outras certamente

comporão sua biografia. Mas quero ressaltar uma em especial.

Tenho a convicção de que seremos extremamente realizados no

trabalho no dia em que, como Usain Bolt, conseguirmos nos

DIVERTIR com ele.

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Metamorfose humana

Um dos males do nosso tempo é o ativismo. As pessoas, de

uma maneira geral, “precisam” estar sempre de prontidão,

conectadas e ativas, encontrando dificuldade em usufruir de

momentos de reflexão, introspecção, meditação e

relaxamento.

Eu também vivi esta síndrome. Já fui “workaholic”, querendo

sempre mais e mais, criando necessidades não tão necessárias e,

claro, encontrando obstáculos para visitar-me e praticar o

autoconhecimento. Não dava tempo...

Até que um “insight” me perguntou: Por quê? Para que? E

percebi que para vencer o vício do ativismo eu deveria buscar

inspiração, informação e introspecção. Segui então a proposta

da Bíblia – “trabalhamos no campo durante seis anos e

dedicamos o sétimo ao Senhor como ano sabático”. Durante

seis anos a terra é ativa e produtiva, dá frutos, e durante o

sétimo permanece totalmente em pousio.

Em outras palavras: durante nossos anos produtivos,

construímos nossa carreira e criamos nossa família. Agora,

durante um merecido período sabático, podemos recuperar o

fôlego e ouvir meditativamente o que diz nossa intuição.

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Este ano está diferente. Novos valores incorporados, alguns

descartados. Outra proposta de vida se apresenta e um novo

mundo começa a abrir as cortinas. Romper com paradigmas,

recontextualizar sua vida e fazer a necessária metamorfose são

o percurso necessário para dar vida à vida.

Sigo em frente com a bagagem mais leve. Nela carrego a certeza

de que tudo valeu a pena, que o “se” não existe de fato e que

nós somos os pilotos dessa grande e curta viagem. Com

esperança, coragem e determinação.

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Cheio ou vazio? Você decide!

Você já leu neste e-book aquela estória de metade cheia e

metade vazia do copo. Que algumas pessoas preferem focar

mais no lado positivo dos acontecimentos e situações,

enquanto outras fazem o contrário. E que toda situação pode

sempre ser vista por diferentes ângulos. Pois é.

Os extremos são perigosos, em alguns casos até patológicos.

Enxergar o mundo com as lentes cor de rosa que te impedem de

encarar os problemas que inevitavelmente surgem é ruim. Você

acaba criando uma bolha de perfeição que não existe na vida

real. Vira alienação.

O outro extremo também aliena, acho que de maneira até mais

sofrida. Achar que tudo é ruim, que nada vale a pena, enxergar

só a mazela e não a possibilidade certamente deixa a pessoa

mais travada e, sem grandes esperanças, com a chance de

acreditar que não vale a pena viver.

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Resolvi refletir sobre este tema novamente porque há algumas

semanas, após uma seção de coaching de carreira, eu e minha

coachee emendamos um café + broa de milho + bate papo amigo

que girou sobre suas angústias. Ela estava desconsolada com a

forma extremamente pessimista com que seu companheiro

enxergava o mundo.

Ela disse: Uma vez, em Praga, na República Tcheca, fomos a

uma cervejaria especial degustar talvez uma das melhores

cervejas do mundo. Ele provou, aprovou e comentou: “Nossa,

como as cervejas brasileiras são ruins!” Uma experiência

positiva gerou uma percepção e um comentário negativo.

Outra. Trouxemos algumas mudas da Chapada para serem

transplantadas em nosso jardim. As coitadinhas ficaram dois

meses esperando pelo transplante até que um dia acordei bem

cedo, cheia de determinação, e fiz os esperados transplantes.

Pouco mais tarde, ao perceber que as mudas já estavam

plantadas em seu lugar definitivo, ele comentou: “Esta semana

vamos viajar. Era melhor você ter feito isso na volta!”.

Esta minha amiga, que esperava um elogio pela atitude, se

frustrou com o comentário. Mas absorveu e relevou – não

queria conflitos às vésperas de uma viagem romântica.

Terminamos nosso café sem chegar a nenhuma conclusão. Nem

era esse o objetivo. No fundo o que ela queria era desabafar e

eu, como amigo, me dispus a ouvi-la. Tem solução? Acredito

que sim.

Ver o mundo de uma forma mais amplificada, sem blindar as

coisas boas que sempre acontecem e vão acontecer, é um bom

combustível para aumentar nossa taxa de felicidade. Quem tem

sempre uma visão mais amarga da vida sofre mais e nós estamos

aqui é para curtir cada momento que Deus nos concedeu.

Acredite na vida, em você e seja feliz!

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A pobreza me abandonou

Tenho uma amiga e cliente (atualmente mais amiga que

cliente) com a qual me identifico bastante. Compartilhamos

uma visão de mundo e de vida muito parecida e nossas

conversas fluem de forma leve e tranquila.

Da última vez que nos encontramos ela comentou sobre seus

costumes quase espartanos, deixando claro que, apesar de ser

uma empresária de sucesso, não adquiriu hábitos de ostentação

e que gosta de viver a vida de forma bem simples: “sabe Jorge, a

pobreza me abandonou, mas eu não abandonei a pobreza.”

Rimos muito desta frase espirituosa!

Nossa conversa enveredou por esta área devido a uma situação

cada vez mais comum: fomos interrompidos em nosso

cafezinho por uma empregada de sua empresa que precisava

“desesperadamente” de um adiantamento salarial.

Este exemplo individual reflete uma chaga da sociedade

materialista: pessoas com emprego e bons salários se “apertam”

por absoluto descontrole do orçamento e começam a se

endividar em um círculo vicioso que muitas vezes leva à falência

pessoal.

O que mais me espanta são as causas destas dívidas muitas

vezes impagáveis: o celular mais moderno, a roupa da butique

da moda, a balada que todos frequentam e que precisa ser

postada nas redes sociais além de outras futilidades afins.

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Minha amiga empresária, depois que voltamos ao cafezinho,

comentou: “Gosto de viver bem. Meu celular é bom, mas não é o

top. Meu carro não é do ano e frequento restaurantes bons e

baratos. Não preciso, não devo e não gosto de mostrar para

ninguém que sou bem sucedida.” Concordei integralmente com

ela.

Dinheiro é servo e não senhor. Se nossa felicidade e prazer de

viver dependem exclusivamente da conta bancária, passamos a

vida correndo atrás do vil metal, numa verdadeira corrida de

ratos (leia “Pai rico, pai pobre”). E aí, provavelmente, a vida vai

passar correndo por nós, sem nos dar tempo de percebê-la nas

suas belezas simples e essenciais.

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Na beira do Douro, sentei e chorei

Àqueles que me conhecem sabem o quanto as viagens me

emocionam. Descobrir novos lugares, não importa se a 100 ou a

10 mil km de casa é para mim uma renovação da vida, um

redespertar para o mundo, uma oportunidade única de, como

disse Mário Quintana, “trocar a roupa da alma”.

Viagens me tiram da zona de conforto do cotidiano, exigem

pesquisa e planejamento prazeroso desta etapa do porvir. São

tantos lugares me aguardando com seus mistérios que dúvidas

deliciosas me invadem – planejo umas 10 para cada viagem

efetivamente realizada.

Na volta, vivo a terceira etapa igualmente saborosa. Baixar e

selecionar as fotos, reler as anotações, viajar novamente nas

lembranças e retornar à rotina com a sensação de que agora

sou um ser humano mais completo. E começar a planejar a

próxima, num profícuo círculo virtuoso.

Tenho viajado bastante ultimamente e as cidades cortadas por

caudalosos rios me encantam. Amo o mar, as montanhas e tudo

que a Mãe Natureza nos oferece de presente. Mas rios me

emocionam, por razões que a própria razão desconhece.

A vida, sempre generosa comigo, já me possibilitou conhecer

alguns ícones da hidrografia mundial. Já estive junto ao Tibre,

Sena, Tamisa, Neva (São Petersburgo), Nilo, Bósforo, Mississipi,

Danúbio, Tejo, além dos nossos queridos Amazonas e São

Francisco. Entre tantos outros.

No Amazonas me permiti navegar por 20 horas seguidas, de

Macapá à Belém, em uma das mais ricas experiências sensoriais

da minha vida. Céu, água e floresta no mesmo cenário de

contemplação.

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Há algumas semanas conheci mais um que planejava há

tempos: O famoso Rio Douro, que atravessa a cidade do Porto,

em Portugal. No primeiro dia de viagem, passeando no entorno

da Catedral, de repente percebi meus olhos se encontrarem

com ele, majestoso e lindo, caminhando sem pressa em direção

à sua foz.

Pensei em pegar a máquina para fotografar, mas não consegui.

Estava totalmente tomado por uma emoção já velha conhecida,

que chega arrastando um misto de prazer e gratidão. Feliz por

estar ali, sentei e chorei, deixando fluir a manifestação da vida e

seus muitos mistérios..

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Obrigado!