parousia-perfeccionismo

18
RESENHA CRÍTICA DO LIVRO P ERFECTION & P ERFECTIONISM NATANAEL B. P. MORAES, DOUTOR EM T EOLOGIA PASTORAL Professor de teologia aplicada no Salt, Unasp, Campus Engenheiro Coelho RESUMO: Este artigo apresenta uma resenha crítica do livro Perfection & Perfectionism, 4ª ed. (Berrien Springs, MI: Andrews University Press, 1984), de autoria de Hans K. LaRondelle. Pri- meiramente, o artigo considera o con- texto do perfeccionismo em diversos momentos históricos, inclusive o atual da igreja adventista. Depois, analisa cri- ticamente a obra do autor. Maior aten- ção é dedicada ao estudo exegético do livro em função da clareza do texto e da elucidação provida sobre o tema. ABSTRACT: This article presents a cri- tical review of Perfection & Perfectio- nism, 4th edition (Berrien Springs, MI: Andrews University Press, 1984), by Hans K. LaRondelle. First, the article considers the context of perfectionism in various historical aspects, including the current reality which faces the Se- venth-day Adventist Church. After that, the text deals with an overview about the author’s writing. A special attention is dedicated to the exegetic study of the book in the light of clarity and elucida- tion given on such topic. INTRODUÇÃO Hans K. LaRondelle escreveu sua tese doutoral sobre o tópico do per- feccionismo. É um trabalho exaustivo que responde a diversas questões cru- ciais sobre o “ensino teológico de que a perfeição moral não é apenas um ideal a ser atingido pelo cristão, mas é alcançável nesta vida”. 1 Contudo, julgou-se oportuno, antes da análise propriamente dita, apresentar-se uma breve exposição dos antecedentes históricos do perfeccionismo. Isto se justifica principalmente pelo debate atual, existente em alguns meios ad- ventistas. É relevante que se estude as raízes do perfeccionismo para que se compreenda a problemática e não se repita os enganos do passado. O trabalho de LaRondelle fornece ao leitor, além de uma abordagem his- tórica, dentro e fora dos círculos cris- tãos, uma visão abrangente do tema da perfeição ao longo das Escrituras Sagradas. As principais passagens onde aparece o conceito de perfeição são analisadas com profundidade e erudição teológica. É, de fato, um ex- celente trabalho sobre o tema a que se propõe elucidar. CONTEXTO HISTÓRICO DO PERFECCIONISMO A problemática não é recente. Um dos sistemas perfeccionistas mais an- tigos foi desenvolvido pelo judaísmo.

description

Parousia

Transcript of parousia-perfeccionismo

  • Resenha cRtica do livRo Perfection & Perfectionism / 77

    Resenha cRtica do livRo Perfection & Perfectionismnatanael B. P. MoRaes, doutoR eM teologia PastoRalProfessor de teologia aplicada no Salt, Unasp, Campus Engenheiro Coelho

    ResuMo: Este artigo apresenta uma resenha crtica do livro Perfection & Perfectionism, 4 ed. (Berrien Springs, MI: Andrews University Press, 1984), de autoria de Hans K. LaRondelle. Pri-meiramente, o artigo considera o con-texto do perfeccionismo em diversos momentos histricos, inclusive o atual da igreja adventista. Depois, analisa cri-ticamente a obra do autor. Maior aten-o dedicada ao estudo exegtico do livro em funo da clareza do texto e da elucidao provida sobre o tema.

    aBstRact: This article presents a cri-tical review of Perfection & Perfectio-nism, 4th edition (Berrien Springs, MI: Andrews University Press, 1984), by Hans K. LaRondelle. First, the article considers the context of perfectionism in various historical aspects, including the current reality which faces the Se-venth-day Adventist Church. After that, the text deals with an overview about the authors writing. A special attention is dedicated to the exegetic study of the book in the light of clarity and elucida-tion given on such topic.

    INTRODUO

    Hans K. LaRondelle escreveu sua tese doutoral sobre o tpico do per-

    feccionismo. um trabalho exaustivo que responde a diversas questes cru-ciais sobre o ensino teolgico de que a perfeio moral no apenas um ideal a ser atingido pelo cristo, mas alcanvel nesta vida.1 Contudo, julgou-se oportuno, antes da anlise propriamente dita, apresentar-se uma breve exposio dos antecedentes histricos do perfeccionismo. Isto se justifica principalmente pelo debate atual, existente em alguns meios ad-ventistas. relevante que se estude as razes do perfeccionismo para que se compreenda a problemtica e no se repita os enganos do passado.

    O trabalho de LaRondelle fornece ao leitor, alm de uma abordagem his-trica, dentro e fora dos crculos cris-tos, uma viso abrangente do tema da perfeio ao longo das Escrituras Sagradas. As principais passagens onde aparece o conceito de perfeio so analisadas com profundidade e erudio teolgica. , de fato, um ex-celente trabalho sobre o tema a que se prope elucidar.

    contexto histRico do PeRfeccionisMo

    A problemtica no recente. Um dos sistemas perfeccionistas mais an-tigos foi desenvolvido pelo judasmo.

  • 78 / PaRousia - 2 semestRe de 2008

    A igreja catlica elaborou o seu prprio conjunto de crenas e prticas. Os pro-testantes tiveram os seus proponentes e praticantes. Por sua vez, a igreja ad-ventista tambm enfrentou e continua a se debater com dificuldades suscitadas pelos pressupostos do perfeccionismo.

    A doutrina judaica da salvao en-sina que os homens estabelecem sua prpria justia atravs de obras merit-rias.2 A dificuldade surgida por oca-sio do julgamento, quando o prato da balana dos mritos ficar em equilbrio com o das transgresses, solucionada pelo perdo de Deus ou pela retirada de ms obras pelo prprio Deus.3 Este o nico momento em que Deus toma parte do processo salvfico, pois nas demais fases, o que define a salvao ou a perdio so as obras humanas.

    A histria da igreja crist, ao longo dos sculos, registra diversos momen-tos de nfase perfeccionista. Um dos primeiros foi o pelagianismo. Seu ori-ginador, Pelgio, nascido na Inglater-ra, posteriormente fixou residncia em Roma l pelo ano de 405 d.C. Quando Roma foi saqueada pelos Godos em 410, ele fugiu para a frica, vindo a morrer no Egito, no ano 424 d.C.4

    Para o pelagianismo, no havia pecado original e nenhuma culpa he-reditria. Afirmava que Ado, por sua desobedincia, estabeleceu um mau exemplo que exerce uma m influ-ncia sobre sua posteridade. Admitia uma crescente corrupo da humani-dade, embora a atribusse apenas aos maus hbitos. Tambm ensinava que os seres humanos no nascem com natureza pecaminosa. Simplesmente nascem sem virtude e sem vcio, mas

    com a capacidade de desenvolv-los. Deste modo, a universalidade do pe-cado deve ser atribuda ao poder do mau exemplo e dos maus costumes.5

    Quanto condio moral, o pela-gianismo defendia que os seres hu-manos eram semelhantes a Ado an-tes da queda, assim, cada criana que nasce tem as mesmas habilidades do primeiro homem criado por Deus.6

    Poderia parecer que a suficincia da razo natural e da vontade humana no sistema pelagiano tornasse supr-flua a graa de Deus, mas isto Pelgio no admitia. Na verdade, para ele ha-via dois tipos de graa, uma natural e outra sobrenatural. esta graa so-brenatural que confere o benefcio do perdo dos pecados passados, noutras palavras, da justificao, compreen-dida por Pelgio conforme o modo protestante no qual o pecador de-clarado justo, e no como Agostinho e no catolicismo, em que o homem tornado justo.7 Portanto, a graa til como um auxlio externo para o desenvolvimento dos poderes natu-rais, mas no absolutamente neces-sria. Deste modo, o pelagianismo uma heresia antropolgica que nega a necessidade humana de redeno.8

    O semipelagianismo outro tipo de sistema perfeccionista. Consiste numa tentativa de reconciliao entre as idias de Pelgio e Agostinho. O termo foi introduzido durante o per-odo da escolstica, contudo os pon-tos essenciais surgiram na Frana, ainda no quinto sculo. A principal idia que a graa divina e a von-tade humana realizam juntamente a obra da converso e da santificao e

  • Resenha cRtica do livRo Perfection & Perfectionism / 79

    que normalmente o ser humano pode dar o primeiro passo. O semipelagia-nismo rejeita a doutrina pelagiana defensora da incorruptibilidade mo-ral do ser humano ao nascer e tam-bm rejeita a doutrina agostiniana da completa corrupo e escravido do homem natural. Tambm repudiava o conceito pelagiano de graa como um mero auxlio externo; renegava, igualmente, a doutrina agostiniana da soberania, irresistibilidade e limita-o da graa. Afirmava a necessidade da operao interna da graa atravs do agente humano, uma expiao ge-ral atravs de Cristo e a predestinao para a salvao, condicionada pela prescincia da f. O semipelagianis-mo se encaixava bem na piedade as-ctica e legalista da idade mdia. Na verdade, permaneceu no interior da igreja catlica sem nunca haver pro-duzido uma seita independente.9

    No sculo XVII surgiu outro mo-vimento perfeccionista, o arminianis-mo. Seu proponente foi Jac Armnio, um reformador holands que enfati-zava o livre arbtrio em oposio ao credo calvinista da eleio incondi-cional e da graa irresistvel. A po-sio arminiana foi estabelecida for-malmente em 1610.10 Os arminianos argumentam que a liberdade humana no incompatvel com a soberania divina e que Jesus Cristo morreu por todos, no apenas pelos eleitos.11

    A seguir, alguns dos princpios de-fendidos pelos arminianos: 1) os seres humanos so agentes livres e os even-tos humanos so intermediados pela prescincia divina; 2) os decretos de Deus so condicionais, no absolu-

    tos; 3) Deus criou Ado inocente; 4) o pecado consiste em atos da vontade; 5) apenas a poluio, no o pecado de Ado, foi imputado aos seus descen-dentes; 6) a depravao do homem no total, e sua vontade se inclina para Deus e para o bem; 7) a expiao no era necessria, mas uma vez que foi oferecida est disponvel a todos; 8) a expiao no efetua a salvao dos seres humanos, apenas torna-a possvel; 9) a salvao s efetiva quando aceita voluntariamente pelo pecador penitente; 10) a regenerao determinada pela vontade humana, no por um decreto; 11) em si mesma a f uma boa obra; 12) no existe distino entre graa comum e graa especial; 13) a graa pode ser resisti-da; 14) a justia de Cristo nunca im-putada; 15) o crente pode atingir plena conformidade com a vontade divina nesta vida, mas tambm pode cair da graa e se perder eternamente.12

    O perfeccionismo catlico pode ser percebido atravs desta seqn-cia: Por sua vontade, ela [a pessoa humana] capaz de ir ao encontro de seu verdadeiro bem. Encontra sua perfeio na busca e no amor da ver-dade e do bem.13 J a perfeio moral consiste em que o homem no seja movido ao bem exclusivamente por sua vontade, mas tambm por seu apetite sensvel.14 A graa, no cato-licismo necessria para suscitar e manter nossa colaborao na justifi-cao pela f e na santificao pela caridade.15 A colaborao humana tambm est presente na noo dos mritos humanos, O mrito do ho-mem diante de Deus, na vida crist,

  • 80 / PaRousia - 2 semestRe de 2008

    provm do fato de que Deus livre-mente determinou associar o homem obra de sua graa. A ao paternal de Deus vem em primeiro lugar por seu impulso, e o livre agir do homem, em segundo lugar, colaborando com ele, de sorte que os mritos das boas obras devem ser atribudos graa de Deus, primeiramente, e s em segun-do lugar ao fiel.16

    A Igreja Adventista do Stimo Dia no est livre do perfeccionismo. o que indica a pesquisa realizada na classe de eventos finais entre alu-nos da Southern Adventist Universi-ty que apresentou o seguinte dado, 37% acreditavam que poderiam entrar no cu atravs do sacrifcio de Cristo e por suas boas obras.17 A pesquisa foi realizada em meados da dcada de 1990.18

    Entre os anos de 1950 e 1970 hou-ve uma discusso teolgica, cujo piv central foi Robert D. Brinsmead. Ver-sava sobre o tema do santurio e um tipo de perfeccionismo nos ltimos dias da histria terrestre. Brinsmead nasceu na Austrlia em 1934. Seus pais haviam pertencido ao movimen-to de reforma o que contribuiu para forjar nele certo ceticismo em relao liderana da igreja.19 Ele estudou no Avondale College, mas no chegou a se graduar, tampouco serviu a organi-zao adventista.20

    Brinsmead tomou o santurio le-vtico como uma lio sobre soterio-logia. Para ele, o ptio representava a justificao, o primeiro compartimen-to do santurio simbolizava a santi-ficao e o santssimo antecipava a perfeio. Ele ligou o conceito ad-

    ventista de juzo a se realizar no san-turio celestial depois de 1844 com o ministrio de Cristo no segundo com-partimento do santurio. Ele dizia que os justos vivos receberiam a perfeio no juzo pr-advento.21

    Em seu livro Gods Eternal Pur-pose, Brinsmead declarou: Atravs do ministrio de Cristo no santo dos santos, a humanidade deve se unir plenamente (casar-se) com a divinda-de. Da o significado do juzo final... verdade que o cristo se casa com Cristo na converso, mas a unio no completamente realizada at o ju-zo. Quando a sua f alcanar o ltimo e supremo ato de expiao, ele esta-r plenamente unido (casado) com a divindade pela eternidade. Ento ele estar sem pecado na carne como Cristo no tinha pecado na carne.22

    Ao falar dos santos de todas as po-cas, Brinsmead diz que eles no foram completamente purificados pelo san-gue de Cristo. Ele defende que preci-sam uma obra de purificao adicional a ser realizada por eles uma expiao final para purific-los de todos os rela-tos de pecado no templo da alma.23

    Os escritos de Brinsmead se es-palharam da Austrlia para outros pases, conseguindo muitos adeptos. Dentre eles, houve um casal que pos-teriormente renunciou aos seus ensi-nos. John A.Slade, o esposo, escreveu um documento onde explica os resul-tados prticos do perfeccionismo de Brinsmead na vida deles: Ns nos esforamos para fazer isto para en-trar e esperar. Contudo, para a nossa consternao, e tambm para a cons-ternao de muitas outras pessoas

  • Resenha cRtica do livRo Perfection & Perfectionism / 81

    sinceras que tentaram honestamente fazer o mesmo, ns descobrimos que impossvel, espiritualmente, perma-necer nesta condio dia aps dia, se-mana aps semana e ms aps ms. O resultado prtico para uma pessoa que honestamente seguiu a teoria de Brinsmead concernente ao juzo final o de viver numa condio suspensa de entusiasmo espiritual ao mesmo tempo em que negligencia os deveres dirios do tempo presente. Para dizer a verdade, a experincia nos mostrou que a doutrina no suportou a prova de autenticidade o teste da prova no dia a dia. Como no era uma doutrina correta, no poderia produzir uma ex-perincia correta.24

    Como amostra de que a contro-vrsia perfeccionista estava em fran-co andamento, apresentamos o regis-tro da revista Ministry em maio de 1969. Era um artigo de Robert Span-gler, editor da revista.25 Em outubro do mesmo ano, a revista menciona Robert Brinsmead como proponente do ensino perfeccionista.26 A contro-vrsia continuou na dcada de 1970 e 1980, o que comprovado por v-rios artigos sobre o tema da perfei-o crist e os enganos do perfeccio-nismo.27 interessante lembrar que os primeiros oponentes dos ensinos perfeccionistas de Brinsmead foram Desmond Ford, Hans K. LaRondel-le28 e Edward Heppenstall.29 Por sua vez, Heppenstall demonstrou clara-mente que as idias de um estado de impecabilidade atingido pelo povo de Deus no tempo do fim, antes da vinda de Cristo, no tem apoio bblico nem do Esprito de Profecia.30

    Naturalmente o propsito do pre-sente trabalho o de comentar o con-tedo do livro de LaRondelle. Contu-do, para a igreja adventista atual, que tem visto surgir novos movimentos perfeccionistas, julgou-se necessrio apresentar o contexto histrico que motivou a elaborao da tese doutoral de LaRondelle sobre perfeccionismo. evidente que seu trabalho esclare-cedor se constituiu numa resposta abalizada aos ensinos de Brinsmead.

    Resenha cRtica

    A tese de LaRondelle responde s perguntas mais relevantes sobre o per-feccionismo. Ele comea abordando a problemtica atual da perfeio crist e do perfeccionismo, sem deixar de expor os conceitos no-cristos do mesmo.31 No primeiro captulo, LaRondelle dis-corre sobre a noo de perfeccionismo na Mesopotmia, no Egito e no mundo greco-romano. No segundo captulo, o autor elabora a idia da perfeio divi-na no Antigo Testamento (AT).

    a idia distintiva de PeRfeio divi-na no antigo testaMento

    LaRondelle justifica o estudo do perfeccionismo a partir do AT com base numa perspectiva histrica, no lgi-ca. Outro aspecto por ele apresentado para iniciar pelo AT, de que o prprio Novo Testamento (NT) enfatiza a sua harmonia e a sua unidade com o AT.32

    A problemtica do perfeccionis-mo, como a da teologia do NT, deve ser resolvida pelo estudo das promes-sas do concerto do AT e o cumprimen-to destas em Jesus Cristo. Assim, se-

  • 82 / PaRousia - 2 semestRe de 2008

    gundo o autor, o estudo da perfeio bblica deve ser feito a partir das se-guintes categorias bsicas do kerigma bblico: criao-pecado-redeno-tr-mino, e o fim, telos, isto , a perfeio escatolgica (p. 36-37).

    A perfeio divina (tamim, sha-lem) nunca vista como perfeio em si mesma. Ela descrita em ter-mos de relacionamento com o ser hu-mano e, particularmente, com Israel, o povo com quem Deus fez um con-certo (Israel, o povo pactual). Des-te modo, a idia de uma tica auto-existente ou de uma norma apenas um conceito grego que se apresenta como uma anttese do testemunho bblico de perfeio do AT, por sua vez, uma auto-revelao dinmica e histrica de Deus para Israel e seus patriarcas (p. 38-39).

    Tome-se a revelao de Deus aos patriarcas. Eles o conheciam como o Todo-Poderoso (Gn 17:1), Criador e Juiz de toda a terra (Gn 18:25). Para Moiss e Israel, Deus Se revelou como Aquele que cumpre fielmente as promessas feitas aos patriarcas (x 3:6-8), ou seja, o nome de Deus pleno de significado: Eu sou fiel s minhas promessas, Eu sou dig-no de confiana, Eu no irei falhar convosco, Eu estarei convosco, Eu irei cumprir as promessas do meu concerto (p. 41-42). O nome de Yahweh no revela a sua miste-riosa essncia, mas o seu dinamismo como o Deus presente que compro-va serem verdadeiras as suas pro-messas. Ele cumpre o seu juramento atravs da eleio, livramento e con-certo com Israel (p. 42).

    A compreenso de perfeio di-vina para LaRondelle, se encontra na vontade salvadora e santificante de Deus, no permanecer em companhei-rismo e comunho com o seu povo pactual e, atravs deles, com o mun-do. E desde que amor uma deciso para comunho e inter-relacionamen-to, a perfeio de Deus pode ser de-nominada de o seu constante amor que redime, o seu amor perfeito ou amor inamovvel (chesed [na verso Almeida Revista e Atualizada, chesed traduzida por misericrdia, Gn 19:9; favor, Gn 20:13; bondade, Gn 21:23; benignidade, Gn 24:27; benevolncia, Gn 24:49; benefi-cncia, x 15:13]), que novamente normatizado pelo seu concerto. Por-tanto, o chesed de Yahweh freqen-temente acompanhado pelos adjeti-vos explanatrios emet ou emunah, fidelidade. Podemos dizer que o termo perfeio, quando se refere a Deus, no , primariamente, uma pa-lavra tica, mas uma palavra que tem a noo de conhecimento religioso. O conhecimento tico de Deus est enraizado na experincia religioso-soteriolgica (2Sa 22:31 d como explanao de o caminho de Deus perfeito: ele escudo para todos os que nele se refugiam). Isto faz com que a ordem tico-religiosa seja de mxima importncia. Primariamente, a perfeio de Deus significa a quali-dade da salvao definida pela natu-reza e pela vontade de Deus expres-sos no concerto. Contudo, o concerto com Israel um concerto de graa. Portanto, no concerto que a perfei-o de Deus revelada primeiramen-

  • Resenha cRtica do livRo Perfection & Perfectionism / 83

    te como uma obra de graa que salva. A perfeio de Deus a sua vontade perfeita, plena, completa, indivisvel, fiel, dedicada ao homem, para salv-lo, para revivific-lo, para mant-lo salvo no caminho da santificao, em companheirismo e parceria com o amorvel Criador, mesmo quando o homem infiel e se afasta dAquele que perfeitamente amorvel (cf. Os 11:1-7; Ez 16), (p. 43-44).

    A palavra tamim, geralmente tra-duzida por perfeito, no serve para descrever a essncia de Deus, mas a sua obra, o seu caminho, as promes-sas do seu concerto. Portanto, tamim aponta para uma noo de funciona-lidade da relao de Deus com Isra-el, mais especificamente, o ato pelo qual Deus livrou Israel da escravido do Egito como um completo cumpri-mento das promessas do concerto; que o seu modo de conduzir e prote-ger Israel o fiel cumprimento de sua palavra; que a sua Torah ou instruo a Israel plenamente eficaz. Tamim funciona somente num sentido, para indicar a plenitude, a inteireza, a esta-bilidade e confiabilidade da vontade de Deus, o seu amor e a sua obra para redimir o seu povo pactual de um modo perfeito. Pode-se dizer que esta perfeio divina perfeita em seu es-copo de pretender a perfeio do ho-mem e do mundo (p. 45).

    Visto que a perfeio divina percebida na sua completa dedicao ao homem, este redimido a fim de viver inteiramente para Deus e com-pletamente para o seu semelhante (Dt 6:4ss; Lv 19:18). Contudo, a perfei-o divina no definida apenas em

    funo do seu amor. H outra palavra relacionada com a sua perfeio e esta santidade. Por sua vez, o Is-rael redimido convocado a temer a Deus, o que se constitui numa expe-rincia dinmica com o Deus santo e amorvel. Esta experincia com Deus definida em termos de andando em todos os seus caminhos, e a ele vos achegardes (Dt 11:22), noutras pala-vras, imitando a Deus na tica social, em justia e em misericrdia, Santos sereis, porque eu, o SENHOR, vosso Deus, sou santo (Lv 19:2). Assim, a santidade, esta qualidade divina (qo-desh) denota uma categoria completa-mente sui generis, no pertencente ao meio do pensamento filosfico-abstra-to, pois supera as noes prprias da competncia da tica. A santidade per-tence ao ambiente da experincia reli-giosa do corao, confrontao com a realidade da personalidade de Deus, pela qual uma nova luz procedente de cima ilumina o corao, a conscincia e os valores morais. somente nesta experincia com a santidade de Deus que o homem pode avaliar a si pr-prio perante o Deus santo e perceber a hediondez do seu pecado. atravs desta percepo da santidade de Deus que o pecado qualificado no ape-nas como uma transgresso do cdigo moral, mas como uma rebelio contra a Pessoa de Deus (Jr 14:20; Sl 51:4), como desobedincia ao Doador da lei, como abandono do concerto com Deus (Jr 2:13; Is 1:3; Os 4:7), como prevaricao contra o Deus santo (Dt 32:51), (p. 45-47).

    H outras palavras diretamente ligadas noo de perfeio divina:

  • 84 / PaRousia - 2 semestRe de 2008

    justia (mishpat), justo (tsaddiq) e reto (yashar). bom lembrar que os atos de Deus em favor de Israel, retirando-os do Egito e conduzindo-os para a terra da promessa so de-nominados de atos de justia do SE-NHOR (Mq 6:5). Logo, os atos de justia de Deus podem ser qualifica-dos como a sua fidelidade ao concerto com Israel. O resultado prtico disto que em tempos de dificuldade, Israel pode invocar a justia de Deus como um meio de salvao e libertao. Desta maneira, Deus justo quando Ele concede misericrdia. Ele no parcialmente justo e parcialmente mi-sericordioso, mas plenamente justo e misericordioso, ou seja, perfeito, em ambos os sentidos (p. 48).

    A perfeio divina, tamim, deve ser analisada em conexo com os ter-mos santo (qodesh), justo (tsa-ddiq) e misericrdia (chesed). a esta perfeio que o ser humano convocado a seguir, no no sentido de esforo por alcanar um ideal ina-tingvel, mas no sentido de imitao de Deus, a ser concretizada somente em comunho com o seu Criador, no andar com Ele, o Deus Todo-Pode-roso do concerto. deste modo que as Escrituras descrevem a perfeio de No (Gn 6:9), Abrao (17:1), J (J 1:1) e Israel (Sl 84:11; 119:1; Pv 11:20), (p. 48-49).

    a noo de PeRfeio huMana no antigo testaMento

    O terceiro captulo de Perfection & Perfectionism est dividido em duas partes, a primeira discute a perfeio humana e a segunda parte discorre so-

    bre a perfeio humana no culto e na tica de Israel, ambos no AT.

    Na primeira parte, LaRondel-le discorre sobre o fato de Gnesis 1-2:1 contar a histria da criao. Ela se justifica em funo de que Israel conhecia a Deus como o Senhor da histria, ao mesmo tempo em que Ele transcende tanto a natureza quanto a histria (p. 53). Por sua vez, a reden-o de Deus pressupe a sua criao, assim como o evangelho pressupe a lei. Contudo, o ponto de partida para a verdadeira adorao e para a obe-dincia a Deus a experincia da re-deno. Por isso, h um duplo aspecto no culto de Israel a Deus que se torna explcito na dupla motivao de Israel para a guarda do sbado: o Declogo introduz a Yahweh como o Redentor de Israel, enquanto o mandamento do sbado est baseado na criao do mundo por Deus. Ento, isto descre-ve a obedincia a Deus, e a guarda do sbado, em particular, no como uma religio de lei e legalismo, mas como uma religio de graa (p. 53-54).

    Na protologia33 de Israel, o re-lacionamento do homem com Deus apresentado como o caminhar ou companheirismo de vida e vontade moral com Deus, tal como o de um filho com o seu pai (Gn 5:22, 24), (p. 65). Outro aspecto relevante da protologia de Israel o conceito de imagem de Deus. Segundo LaRon-delle, esta noo tinha o propsito de manter Israel livre dos conceitos mitolgicos sobre Deus e o homem, to comuns nas naes vizinhas. Nele havia uma nova perspectiva da transcendncia teolgica de Deus,

  • Resenha cRtica do livRo Perfection & Perfectionism / 85

    sem perder a sua comunho com os homens (p. 66).

    Pela perspectiva de LaRondelle, a qualificao teolgica do ser humano como imagem de Deus est implcita no kerigma religioso-moral pelo qual o homem convocado a refletir e hon-rar pelo seu carter e pela sua vida, em sua autoridade e domnio sobre a ter-ra, conforme a perfeio do carter do seu Criador. Assim como o Criador, que coroou o ser humano com glria e honra e o exalta como aquele que atua totalmente perfeito, assim o homem chamado a seguir e imitar a Deus, a reunir toda a criao para proclamar a glria de Deus, para louvar a beleza e a majestade da perfeio do carter de Deus (Sl 19; 113; 148), (p. 68).

    A existncia de um mandamento que probe ao homem o comer da r-vore do conhecimento do bem e do mal (Gn 2:16-17) aponta para a deci-so autnoma de Deus de modo que o propsito educativo do teste pode ser descrito como o despertamen-to da conscincia moral do homem, como uma motivao a seguir ao seu Criador pela f. Nesse sentido, o de-senvolvimento da perfeio humana no se encontra no caminho da deso-bedincia e do afastamento de Deus, noutras palavras, pelo comer da r-vore do conhecimento do bem e do mal, mas na senda da obedincia consciente pela f e pela confiana no Criador e Pai (p. 90-91).

    Na protologia de Israel em Gne-sis, o pecado no visto como impul-so impessoal e pecaminoso da nature-za humana, mas como desobedincia, emancipao e autonomia, como o

    voltar as costas para Deus, como o deixar de andar com Deus, como uma negao da verdadeira humanidade, visto que o homem, criado imagem de Deus, deve obedincia e confiana implcita ao seu Criador (p. 93).

    A resposta do Criador queda do homem vista em Gnesis 3:21, e pode ser melhor compreendida luz de sua conexo teolgica com o con-certo divino com Israel, fundamenta-do em graa e esperana messinica. O ato divino pelo qual Ele providen-cia vestimentas de pele para Ado e sua mulher, para que se vistam e cubram a sua pecaminosidade, aponta para a cobertura divina do pecado e da culpa humana (p. 97-98).

    A chave para desvendar o signifi-cado da protologia de Israel em Gne-sis 1-11 se encontra em Gnesis 12:3, com o chamado e a eleio de Abrao por Yahweh para ser uma bno a todas as famlias da terra que se en-contram sob maldio (Gn 3:17; 4:11; 9:25), (p. 95-96).

    PeRfeio huMana no culto e na tica de isRael

    Segundo LaRondelle, o culto em Israel determinado pela histria da salvao, ou seja, o livramento espe-cial do Egito, a histria do xodo e o concerto no Sinai, o que constituiu a Israel como o povo peculiar e santo de Yahweh. Esta salvao perfeita do po-der escravizante do Egito, bem como a posterior constituio de Israel como uma nao no Monte Sinai, foi intro-duzida, acompanhada e comemorada por sacrifcios clticos, especialmente pelo ritual do cordeiro pascal. A inter-

  • 86 / PaRousia - 2 semestRe de 2008

    pretao religiosa e o testemunho da lei, dos profetas e dos Salmos o de que a salvao do xodo criou o re-lacionamento cltico-religioso nico com Yahweh, o Deus de Abrao, Isa-que e Jac. Por esses eventos, nasceu a vida religiosa de Israel com sua vida centralizada no santurio (p. 99).

    Toda a tica de santidade, toda a obedincia e toda a justia social eram condicionadas por e fundamen-tadas no ato preveniente34 e salvador de Yahweh para Israel, em fidelidade sua promessa. Portanto, a tica de Israel era motivada pela resposta de um amor agradecido, por confiana e fidelidade (p. 100).

    A qualificao dinmica da per-feio de Israel entendida como uma obedincia amorvel a Deus (Dt 11:22. Cf. 6:12, 20-23). Deve-se res-saltar que essa resposta de perfeito amor a Yahweh no uma mera rpli-ca psicolgica de Israel ao livramen-to divino, mas um dom religioso, na verdade uma criao de Yahweh no corao do seu povo, O SENHOR, teu Deus, circuncidar o teu corao e o corao de tua descendncia, para amares o SENHOR, teu Deus, de todo o corao e de toda a tua alma, para que vivas (Dt 30:6. Cf. 30:14; Jr 32:39ss.), (p. 100).

    A discusso de LaRondelle sobre Deuteronmio 18:13 bem elucidati-va: Perfeito [tamim] sers para com o SENHOR, teu Deus. A declarao se encontra num contexto cltico, em contraste com as prticas abominveis das naes circunvizinhas. Contudo, a perfeio de Israel, isto , sua res-posta de perfeito amor e obedincia

    enfatizada no como um pr-requisito para a sua eleio, mas como conse-qncia dos poderosos atos de justia de Yahweh, pelos quais Ele libertou Israel, no apenas do poder da escra-vido, mas, tambm, para caminhar, para compartilhar a vida com Deus, a nova tica de obedincia, a vida santi-ficada (Lv 26:12-13), (p. 100).

    A perfeio que Deus requer de Israel descrita em Deuteronmio 11:22, Porque, se diligentemente guardardes todos estes mandamentos que vos ordeno para os guardardes, amando o SENHOR, vosso Deus, an-dando [halak] em todos os seus cami-nhos, e a ele vos achegardes. Aqui se observa uma continuidade bsica com o chamado de Abrao da Caldia, Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda [ha-lak] na minha presena e s perfeito [tamim] (Gn 17:1); e, tambm, com a vida aceitvel de No perante Yahweh, No era homem justo e ntegro [ta-mim] entre os seus contemporneos; No andava [halak] com Deus (Gn 6:9). Dessas descries de perfeio humana, percebe-se que aqui perfei-o no tem a conotao de um ideal divino a ser alcanado, mas como o caminhar [halak] obediente, de todo o corao, ou companheirismo com Deus. Vale destacar que tamim apa-rece continuamente associada com halak, como uma chave hermenutica para a compreenso da realidade b-blica da perfeio (p. 101).

    O imperativo da imitao de Deus, santificai-vos e sede san-tos, pois eu sou o SENHOR, vosso Deus (Lv 20:7) est enraizado no tema histrico-salvfico e motivado

  • Resenha cRtica do livRo Perfection & Perfectionism / 87

    pelo concerto de amor que deve ser vivenciado de todo o corao, com confiana e obedincia a Yahweh. Assim, a perfeio de Israel deve ser vista na imitao de Deus, isto , no seguir a Deus atravs com uma tica cltico-religiosa (p. 104-105).

    PoRventuRa o antigo testaMento define PeRfeio coMo iMPecaBili-dade?

    Os Salmos reproduzem e conser-vam a Torah no culto de Israel, em sua liturgia, suas canes, em suma, em sua vida religiosa e na sua tica (p. 110). comum nos Salmos e na li-teratura sapiencial a diviso de todos os homens em duas classes: os justos (tsaddiqim) e mpios (reshaim). Jus-tos so aqueles que amam e temem Yahweh e que fazem o que reto aos seus semelhantes, vivendo em amo-rvel obedincia a toda a lei (Sl 1:2; 15:4; 18:1ss; 119:14-16, 35), (p. 111). Os mpios se caracterizam, no por sua imoralidade, mas por sua irreli-giosidade; eles dizem no seu corao: No h Deus (Sl 14:1), isto , eles no reconhecem a Deus (p. 112).

    Outra caracterstica bsica nos Sal-mos e na literatura sapiencial a ex-perincia do temor de Deus, ou seja, o conhecimento espiritual de Deus atravs da Torah e a experincia cl-tica do concerto com a graa expiat-ria de Yahweh (Sl 25:14; 102:15; 111; 119:38; 130:4; J 28:28; Pv 1:7; 3:7; 9:10; Ec 5:7; 12:13). Tudo isso carac-teriza o justo, no como virtuoso ou eticamente perfeito, mas como um ser religioso que, motivado pelo amor re-dentivo de Yahweh, por um amor de

    todo o corao, confia e obedece a Yahweh de acordo com os mandamen-tos clticos e scio-ticos do concer-to divino. Isto significa que a tica da justia social de Israel condicionada e qualificada pela redeno cltica e pela bno (Dt 25:13-16; Lv 19:36; Pv 11:1; J 31:6), (p. 112).

    Na vida de Israel h uma unio indissolvel entre o culto e a tica. O que caracteriza a justia do justo a sua atitude em cultuar, no sua mora-lidade como tal, ou sua perfeio ti-ca, ou sua impecabilidade, visto que o culto determina a qualidade de sua ti-ca, decidindo seu destino, sua vida e sua morte (Sl 15; 24; 5:4-7), (p. 113).

    Os Salmos e a literatura sapien-cial associam perfeio com justia de um modo to ntimo que justia e perfeio ou inculpabilidade so usa-dos como sinnimos (Gn 6:9; J 12:4; Sl 7:9; 15:2; 18:22-23; 37:17-18; Pv 11:5). Isto indica que os termos per-feio, inculpabilidade, integridade e justia so todos termos ticos defini-dos pelo concerto cltico-religioso de Israel com Yahweh (p. 113).

    PeRfeio no culto e na tica: iMPecaBilidade?

    Nem a Torah, nem os Salmos se baseiam num dogmatismo a prio-ri pelo qual o israelita sincero pode viver em obedincia lei de Yahweh sem expiao, sem a necessidade de perdo, isto , sem pecado (Gn 8:21; Lv 4ss; Sl 14:1-3; 40:7ss; 143:2; 130:3ss; cf. J 14:4; 1Rs 8:46), (p. 113). Ao contrrio, os Salmos reve-lam a necessidade do contnuo perdo de Yahweh e da contnua necessidade

  • 88 / PaRousia - 2 semestRe de 2008

    de graa redentiva (Sl 25:10; 103:8, 17ss; 89:1ss, 14), (p.113-114).

    Nesta seo de sua tese, LaRon-delle faz referncia aos denominados Salmos anti-clticos (Sl 40:6ss; 50:14; 51:16-19). No que nestes Salmos os sacrifcios fossem rejeitados, mas que mesmo o sacrifcio de um animal perfeito no era aceitvel a Deus. So-mente quando os sacrifcios fossem acompanhados pela atitude de um co-rao dedicado e consagrado, ou seja, por arrependimento, confisso, repara-o, abandono dos pecados e louvor a Yahweh que poderiam ser aceitveis (cf. 1Sa 3:14; 15:24ss; 7:5ss; Lv 5:5; 16:21; Nm 5:7; Jr 3:24; 2:35; J 42:8). Em outras palavras, apenas aqueles sa-crifcios que fossem apresentados pelo participante no esprito do Salmo 4:5; 19:12ss; 50:5; 66 e, principalmente, o Salmo 51:17, Sacrifcios agradveis a Deus so o esprito quebrantado; cora-o compungido e contrito, no o des-prezars, Deus (p. 131-132).

    Perfeio, portanto, no uma re-alizao individualstica de um ideal humano ou uma virtude, mas o cami-nhar cltico-religioso com o Deus do concerto, manifestado no caminhar scio-tico com os semelhantes, numa obedincia moral de todo o corao ao concerto de Yahweh (p. 137).

    Quase no fim do seu terceiro ca-ptulo, LaRondelle discorre sobre a combinao de dois motivos: a falsa acusao e a perfeio. Para tanto, ele comenta o quadro grfico apresen-tado em Zacarias 3. Nesse captulo, Satans acusa o sumo sacerdote Jo-su, que se encontra diante do anjo do SENHOR (3:1). A perfeio de Israel

    perante Deus retratada no como uma perfeio tica inerente, mas pela justia imputada e pela pureza, de acordo com o culto pactual. Por ordem de Yahweh, as vestes sujas, ou seja, as iniqidades de Israel so re-movidas de Josu e trocadas por tra-jes finos e um turbante limpo. Outro fato relevante a comisso e a pro-messa feita a Josu: Se andares nos meus caminhos e observares os meus preceitos, tambm tu julgars a minha casa e guardars os meus trios, e te darei livre acesso entre estes que aqui se encontram (Zc 3:7), (p. 154).

    Com uma clareza indiscutvel o profeta revela a dupla mensagem de que Yahweh fiel ao Seu concerto atravs do perdo concedido e pela perfeio imputada ao seu povo pac-tual, mas, ao mesmo tempo, que a justificao no significa quietismo. tica e culto ainda continuam num relacionamento dinmico e indissol-vel, no qual a tica do viver obedien-te, ou santificao, est fundamentada e enraizada no dinamismo cltico da justificao divina. Mas, sobretudo, que os pecados de fraqueza que so trazidos em arrependimento perante Yahweh (as vestes sujas) nunca podem ser a causa de condenao ou rejeio de Israel por Yahweh, mesmo quando o acusador Satans (p. 154).

    cRisto e PeRfeio

    A palavra teleios, normalmente traduzida por perfeito no Novo Tes-tamento, aparece trs vezes no evan-gelho de Mateus (5:48 e 19:21). No caso do imperativo de Cristo em Ma-teus 5:48, sede vs perfeitos como

  • Resenha cRtica do livRo Perfection & Perfectionism / 89

    perfeito o vosso Pai celeste, este se constitui no clmax de uma srie de declaraes (vv. 43-47), por sua vez em contraste com a piedade legalsti-ca dos escribas e fariseus (p. 159).

    O contexto de Mateus 5:48 indi-ca que o Sermo da Montanha no foi proferido para os gentios ou para os judeus que se consideravam jus-tos, mas para os filhos piedosos do Pai celestial (Mt 6:9ss; 7:7-11; Lc 11:13). Esses no se orgulham de sua condio, mas tm fome e sede de justia, buscam primeiro o reino de Deus e sua justia, amam e servem a Deus de todo o corao (Mt 5:6; 6:33; 6:24). Jesus os descreve como os mansos que herdaro a terra (Mt 5:5). Com essa descrio, Jesus os identi-fica com os mansos ou justos (tsadi-qim) ou inculpveis (temimim, per-feitos!) do Salmo 37:30, 31, 37). E quando Ele os denomina de limpos de corao (Mt 5:8), Ele os identi-fica com os adoradores de Deus no santurio que so limpo[s] de mos e puro[s] de corao (Sl 24:4) e que caminham perfeitamente (tamim, Sl 15:2) de acordo com as orientaes do concerto para o culto (p. 162).

    A ntima relao entre o Sermo da Montanha e o estilo de vida do AT, caracterizada pelo culto no santurio, impede que se tome o imperativo da perfeio de Cristo em Mateus 5:48 como perfeccionismo teolgico. Ou seja, o imperativo da perfeio de Cristo tambm pressupe o indicati-vo redentivo, isto , o perfeito perdo dos pecados. Tal como nos Salmos, o requisito religioso-moral de perfeio como imitao de Deus condiciona-

    do e motivado pela salvao histri-ca, alcanada pela libertao divina do xodo; assim, tambm, o chama-do de Cristo perfeio condicio-nado e motivado pelos Seus prprios atos redentores de cura, expulso de demnios e perdo dos pecados (Mt 4:23ss; 8:16ss, 28ss; 9:5). com base em Sua autoridade e redeno messi-nica que Jesus identifica o chamado perfeio com o chamado a segui-lo em novidade de vida, com uma obe-dincia de todo o corao (Mt 4:19-22; 9:9; Mc 2:14), (p. 162-163).

    A passagem paralela de Lucas no emprega o termo teleios, mas oi-ktirmon, misericordioso (Lc 6:36), Pois ele benigno at para com os ingratos e maus (Lc 6:35). O paralelo lucano concorda com a interpretao mateana de que a perfeio de Deus uma manifestao ativa de amor per-doador para todos os povos, o ingra-to, ou injusto, em particular (Mt 6:12; 18:21-22; At 14:27), (p. 173).

    Para Mateus, a palavra teleios de vital importncia, pois indica que a verdadeira justia e o amor no inter-rompem, mas cumprem a Torah, isto , cumpre a perfeita justia sempre pretendida pela lei. Desse modo, o conceito mateano de teleios no est voltado para o sentido de impecabili-dade tica, mas para uma consagrao cltico-religiosa ao amoroso Deus de Israel e ao escopo universal de sua misericrdia. Tal perfeio pode ser caracterizada dinamicamente como amor santo ou misericordioso (Lc 15:20-24; Rm 11:30-33), (p. 173-174). Assim, teleios, em Mateus 5:48, aponta para o amor individido para

  • 90 / PaRousia - 2 semestRe de 2008

    com os inimigos, enraizado no amor do Pai; enquanto teleios, em Mateus 19:21, significa o amor perfeito ou in-dividido a Cristo, como manifestao do amor supremo a Deus (p. 182).

    a qualificao cltica da tica aPostlica de PeRfeio e santidade

    Nos escritos paulinos, os termos teleios e hagios aparecem, geralmen-te, no motivo soteriolgico centrali-zado em Cristo e no motivo do culto (Rm 12:2; 1Co 2:6; 13:10; 14:20; Ef 4:13; Fp 3:12, 15; Cl 1:28; 3:14; 4:12). O relacionamento tico-cltico mais explicitamente expresso em 2 Corn-tios 6:16-7:1, onde a igreja descrita pelo termo templo (naos) em rela-o com a sua tica de santidade. Ao apelar para Levtico 26:11ss e Eze-quiel 37:27, onde a presena cltica de Yahweh est enraizada na reden-o histrica do Deus pactual, Paulo aplica esta realidade da salvao cl-tica do velho concerto habitao do Esprito de Cristo na igreja crist do novo concerto, ns somos santurio do Deus vivente (1Co 6:16b; cf. 2Co 3:18; 13:5; 1Co 3:16-17; Gl 2:20; Ef 3:16-18; 5:18; 2:19-22), (p. 183).

    LaRondelle destaca que 2Co 7:1, Tendo, pois, amados, tais promes-sas, purifiquemo-nos de toda impure-za, tanto da carne como do esprito, aperfeioando a nossa santidade no temor de Deus, manifesta uma con-tinuidade com o dinamismo tico-cl-tico do AT, particularmente Levtico 19:2 e Salmos 15 e 24. A santidade apresentada, novamente, como um

    dom um estado de santidade e a comisso aos crentes em Cristo, os santos, a se purificarem de toda impu-reza do corpo e do esprito. Mas, se-melhantemente ao culto do velho con-certo, a tica de santidade permanece condicionada e motivada pela reden-o cltico-cristolgica (p. 184-185).

    De modo breve, sem ser super-ficial, LaRondelle discute o tema da perfeio em outros livros e passa-gens do NT. Por outro lado, o estudo sobre a milcia crist em Romanos 7, mais abrangente, merece destaque.

    a Milcia cRist eM RoManos 7

    O contedo de Rm 7:14-25 tem sido interpretado de duas maneiras abrangentes, ou se aplicando pessoa no convertida, moralmente cnscia, que deseja e luta para ser boa at che-gar ao desespero consigo mesma, ou ao cristo que, atravs do poder efeti-vo da lei, ainda percebe uma discor-dncia interior entre o seu corao convertido e sua carne, isto , suas paixes corrompidas (p. 211-212).

    Quando Romanos 7:14-25 apli-cado ao crente cristo, todo tipo de perfeccionismo que defende uma transformao para uma santidade inerente ou a possibilidade de viver uma vida sem pecado antes da se-gunda vinda de Cristo considerado como um sonho; por outro lado, isto no significa que todos os intrpretes que preferem a primeira interpretao a de que Rm 7:14ss esboa a luta do homem natural defendem algum tipo de perfeccionismo (p. 212).

    Nas pginas seguintes, LaRondel-le procura demonstrar que Romanos

  • Resenha cRtica do livRo Perfection & Perfectionism / 91

    7:14-25 se aplica ao crente em sua luta espiritual contra a natureza carnal que aguada pela lei de Deus. O au-tor se detm a analisar o contexto de Romanos 7, ou seja, os captulos 6 e 8, alm de outras passagens de Paulo em outras epstolas.

    A certa altura de sua discusso, La-Rondelle argumenta que Romanos 8:23 parece resumir, num nico verso, a di-nmica de Romanos 7:14-25, ou seja a luta espiritual do cristo: E no so-mente ela, mas tambm ns, que temos as primcias do Esprito, igualmente gememos em nosso ntimo, aguardan-do a adoo de filhos, a redeno do nosso corpo. Aqui, Paulo aborda a autoconscincia crist, onde o crente simultaneamente se rejubila no Esp-rito e geme internamente por causa do corpo. Sobretudo porque a santificao bblica no significa o sentimento de santidade e justia, ao contrrio, exa-tamente o oposto! Quanto mais uma pessoa se aproxima de Deus e anda com Ele, mais profundamente as san-tas reivindicaes da lei so escritas no corao e na conscincia; mais o cren-te impressionado com sua prpria pecaminosidade inerente e indignida-de, conduzindo-o a um arrependimen-to que est sempre se aprofundando, em humildade e louvor dAquele que nico (Cf. Ap 15:4) e de sua santa lei (Rm 7:13-14, 16, 22), (p. 223).

    Ao final de sua discusso sobre Romanos 7, LaRondelle cita dois autores proeminentes, John Wesley e Martinho Lutero, para corroborar sua tese de que neste captulo Paulo se refere milcia crist. Por questo de espao, ele resume a exposio de

    Lutero em poucas linhas. Por uma questo de clareza e melhor compre-enso, optou-se por citar diretamente de Lutero, em virtude da lucidez do seu argumento:

    Esta a passagem [Rm 7:25] mais clara de todas, e dela aprendemos que a mesma pessoa (crente) serve, ao mesmo tempo, a Lei de Deus e a Lei do pecado. Ao mesmo tempo ele est justificado, mas ainda um pecador (simul iustus est et peccat); porque ele no diz: Minha mente serve a Lei de Deus; tampouco ele diz: Minha car-ne serve a lei de Deus; mas ele diz: de mim mesmo. Isto , todo o ho-mem, a mesma pessoa, em sua dupla servido. Por esta razo ele agradece a Deus por servir a lei de Deus, ao mes-mo tempo em que pede misericrdia por servir a lei do pecado. Mas nin-gum pode falar de uma pessoa carnal (no convertida) que serve a Lei de Deus. O apstolo quer dizer: observe, exatamente isto o que eu disse antes: os santos (crentes) so, ao mesmo tem-po, pecadores e justos. Eles so justos porque eles crem em Cristo, cuja justia lhes cobre e -lhes imputada. Mas eles so pecadores, visto que eles no cumprem a Lei, e ainda possuem concupiscncia pecaminosa. Eles so como pessoas enfermas que esto sen-do tratadas pelo mdico. Esto de fato enfermos, mas esperam e esto come-ando a obter, ou esto sendo curados. Eles esto perto de recuperar a sade. Tais pacientes sofreriam um grande prejuzo se arrogantemente dissessem que esto bem, pois poderiam sofrer uma recada, que seria pior (do que a sua primeira doena).35

  • 92 / PaRousia - 2 semestRe de 2008

    consideRaes soBRe o teMa da PeRfeio eM outRos livRos neo-testaMentRios

    Na parte final do quarto captulo, LaRondelle se detm a esclarecer al-guns textos do NT que versam sobre perfeio crist. Em sua anlise do tema no livro de Hebreus, ele cita e comenta com propriedade alguns ver-sos do capitulo 10 (p. 194-195). Con-tudo, o autor poderia ter mencionado os versos 14-16, que dizem, Porque, com uma nica oferta, aperfeioou [grego teteleioken] para sempre quan-tos esto sendo santificados. E disto nos d testemunho tambm o Esprito Santo; porquanto, aps ter dito: Esta a aliana que farei com eles, depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei no seu corao as minhas leis e sobre a sua mente as inscreverei. Observe-se que a referncia perfeio/santifica-o est presente. Em suas considera-es sobre a motivao para a obedi-ncia no AT, LaRondelle destacara que a qualificao dinmica da perfeio para o povo israelita era compreendi-da como uma obedincia amorvel a Deus (Dt 11:22. Cf. 6:12, 20-23), ao mesmo tempo em que ele lembra que a resposta de perfeito amor a Yahweh um dom religioso, na verdade uma criao de Yahweh no corao do seu povo (Dt 30:6. Cf. 30:14; Jr 32:39ss.), (p. 100). Ele se esqueceu de mostrar que na nova aliana de Cristo com a igreja, o mtodo idntico, uma vez que a obedincia tambm motivada por uma resposta de obedincia amo-rvel, pois Deus quem coloca a sua lei no corao do crente. E Ele o faz em cumprimento das promessas an-

    teriormente feitas atravs do profeta Jeremias (Jr 31:33). Ou seja, como no AT, a obedincia do cristo no NT no legalstica, ou meritria, mas desper-tada pelo prprio Deus que afixa sua lei no corao humano regenerado.

    O quinto captulo se debrua so-bre uma anlise e uma avaliao da comunidade de Qunram, alm de ou-tros momentos histricos onde ocor-reram nfases perfeccionistas. O au-tor preferiu colocar este captulo no final de sua tese. Quem sabe, apenas por uma questo de contextualizao da problemtica, o autor poderia ter alocado o mesmo no princpio de sua tese, at porque ele abordou vrios conceitos perfeccionistas no primeiro captulo. Contudo, esta ordem, prefe-rida pelo autor, no diminui em nada a relevncia do seu excelente traba-lho, especialmente o exegtico.

    consideRaes finais

    A primeira parte do presente ar-tigo, oferece um breve estudo das principais manifestaes perfeccio-nistas ao longo da histria da igreja crist, sem a pretenso de ser exaus-tivo, at porque este no o prin-cipal objetivo do trabalho. Optou-se por esta iniciativa, a fim de melhor situar o leitor no contexto em que foi escrita a tese doutoral de LaRondel-le. Na ocasio em que foi publicada, fervilhava o movimento perfeccio-nista, liderado por Robert Brinsme-ad. Juntamente com Desmond Ford e Edward Heppenstall, LaRondelle foi um dos principais opositores dos ensinos de Brinsmead. A divulgao da tese de LaRondelle serviu para

  • Resenha cRtica do livRo Perfection & Perfectionism / 93

    esclarecer categoricamente o tema que era discutido. Trinta e sete anos depois da primeira exposio de sua tese, seu contedo volta a ser rele-vante para o estudante do tema da perfeio e do perfeccionismo no presente, quando ressurgem focos perfeccionistas aqui e acol.

    Para mim, foi um privilgio ler pela primeira vez a obra de LaRon-delle no ano de 2001. Em vrias oca-sies fui tocado profundamente pelo contedo do seu trabalho. Como te-nho o hbito de dialogar com os autores que leio, reencontrei, agora, na releitura desta obra, anotaes por mim feitas. Tomo a liberdade de compartilhar com o leitor o coment-rio feito na margem lateral da pgina 150: Muito obrigado, Senhor. Quan-do li essa sntese, fui tocado pelo teu Esprito e me emocionei!.

    Bom mesmo seria que o leitor pudesse conferir pessoalmente a obra original de LaRondelle, mas espera-se que a leitura deste artigo j lhe possa ser til para obter uma melhor noo sobre o tema da per-feio e do perfeccionismo.

    Ao concluir este trabalho, apresen-tam-se as palavras finais do autor em seu livro: o fato mais impressivo a respeito da perfeio bblica que ela no se concentra na natureza humana, mas no relacionamento perfeito entre Deus e seus filhos aqui, agora, e no tempo por vir. De fato, a Bblia revela que a perfeio compartilha do mes-mo modo de ser do reino de Deus: presente e futura [j, mas ainda no]. No pode haver soluo definitiva do problema do pecado at que Cristo subjugue todos os seus inimigos sob os seus ps (1Co 15:28), (p. 327).

    RefeRncias 1Perfectionism, Nelsons Dictionary

    of Christianity (NDC), ed. George T. Kurian (Nashville, TN: Thomas Nelson, 2005), 542.

    2 Aecio E. Cairus, Is the Adventist Faith Legalistic?, Journal of the Adventist Theo-logical Society, 7/2 (Autumn 1996): The Ad-ventist Task, pesquisa feita na internet, no site http://www.atsjats.org/publication.php?pub_id=276&journal=1&cmd=view&hash=, acessa-do em 16 de setembro de 2008.

    3 Ibidem.4 Pelagius, NDC, 539.5 Philip Schaff, II. The Fall of Adam and

    its Consequences, History of the Christian Church (HCC), vol. 3, pesquisa realizada na internet, no site, http://www.ccel.org/ccel/schaff/hcc3.txt, acessado em 23 de setembro de 2008.

    6 Ibidem, S: 151. The Pelagian System Continued.

    7 Ibidem, IV. The doctrine of the Grace of God.

    8 Ibidem. 9 Ibidem, S: 159. Semi-Pelagianism.10 Para uma melhor noo sobre a opera-

    o da graa divina conforme expressa pelo arminianismo, ver The Five Articles of Ar-minianism, em Remonstrants, New Schaff-Herzog Encyclopedia of Religious Knowled-ge, vol. 9, pesquisa feita na internet, no site, http://www.ccel.org/ccel/schaff/encyc09.html?term=remonstrants, acessado em 23 de setembro de 2008.

    11 Arminianism, NDC, 47.12 Ibidem.13 Catecismo da igreja catlica (So Pau-

    lo: Editora Vozes, 1993), pargrafo () 1704, 467.

    14 Ibid., 1770, 479-480.15 Ibid., 2001, 527.16 Ibid., 2008, 530. Grifos originais.17 Norman R. Gulley, Good News About

    the Time of Trouble, Journal of the Adven-tist Theological Society, 7/2 (Autumn 1996):

  • 94 / PaRousia - 2 semestRe de 2008

    125-141, pesquisa realizada na internet, no site http://www.atsjats.org/publication.php?pub_id=281&journal=1&cmd=view&hash=, aces-sado em 16 de setembro de 2008.

    18 Ibidem.19 Robert Brinsmead, pesquisa feita na

    internet, no site http://www.nationmaster.com/encyclopedia/Robert-Brinsmead, acessado em 23 de setembro de 2008.

    20 Claude Webster, Crosscurrents in Ad-ventist Christology, pesquisa realizada na internet, no site http://www.sdanet.org/atissue/books/webster/ccac01b.htm#99, acessado em 23 de setembro de 2008.

    21 Ibidem.22 Robert Brinsmead, Gods Eternal Pur-

    pose, 199, citado em The History and Teach-ing of Robert Brinsmead (Washington D.C.: Review and Herald Publishing Association, 1962), 18.

    23 Idem, The Third Angels Message, 4, citado em The History and Teaching of Robert Brinsmead, 20.

    24 John A. Slade, Lessons from a Detour a Survey of My Experience in the Brinsmead Movement (Engenheiro Coelho, SP: Docu-mento disponvel no Centro de Pesquisas Ellen G. White), 4.

    25 J. R. Spangler, Ministry, maio, 1969, 34, pesquisa feita na internet, no site, http://www.adventistarchives.org/docs/MIN/MIN1969-05/index.djvu?djvuopts&page=34, acessado em 16 de setembro de 2008.

    26 J. L. Shuler, The Remnant Sinless When? How? (Part 1), Ministry, outubro de 1969, 9, pesquisa realizada na internet, no site http://www.adventistarchives.org/docs/MIN/MIN1969-10.pdf, acessado em 7 de outubro de 2008.

    27 Para uma melhor noo sobre os arti-gos publicados em Ministry a fim de escla-recer os leitores sobre o tema da perfeio crist, ver, Wayne Willey, Be Ye Therefore Perfect, Ministry, maro, 1979, 7, 8, pes-quisa realizada no site http://www.adventis-tarchives.org/docs/MIN/MIN1979-03/index.djvu,; Eric C. Webster, Contradiction or Di-vine Paradox?, Ministry, dezembro de 1980, 10-11, pesquisa realizada no site http://www.adventistarchives.org/docs/MIN/MIN1980-12/index.djvu?djvuopts&page=11; Morris L. Venden, What Jesus Said About Perfec-tion, Ministry, julho, 1982, 8-9, pesquisa realizada no site http://www.adventistar-

    chives.org/docs/MIN/MIN1982-07/index.djvu?djvuopts&page=8; J. Robert Spangler, Justification, Perfection, and the Real Gos-pel, Ministry, Junho, 1988, 20-22, 27, pes-quisa realizada no site http://www.adventis-tarchives.org/docs/MIN/MIN1988-06/index.djvu?djvuopts&page=21.

    28 Robert Brinsmead, pesquisa feita na internet, no site http://www.nationmaster.com/encyclopedia/Robert-Brinsmead, acessado em 23 de setembro de 2008.

    29 Hans LaRondelle, pesquisa feita na internet, no site http://en.wikipedia.org/wiki/Hans_LaRondelle, acessado em 23 de setem-bro de 2008.

    30 Para uma melhor noo sobre a condio dos salvos no tempo do fim, aps o fechamen-to da porta da graa, ver Edward Heppenstall, Some Theological Considerations of Perfec-tion, Biblical Research Institute, pesquisa fei-ta na internet, no site http://www.adventistbi-blicalresearch.org/documents/perfection%20Heppenstall.htm; idem, How Perfect Is Per-fect Or Is Christian Perfection Possible?, Biblical Research Institute, pesquisa feita na internet, no site http://www.adventistbiblical-research.org/documents/How%20Perfect%20Is%20Perfect.htm, acessado em 16 de setem-bro de 2008.

    31 A presente resenha baseia-se na quarta impresso da tese, editada no ano de 1984.

    32 Hans K. LaRondelle, Perfection & Perfectionism (Berrien Springs, MI: Andrews University Press, 1984), 35, 36.

    33 Protologia a cincia dos princpios do conhecimento e da realidade. Protolo-gia, Jos Ferrater Mora, Dicionrio de fi-losofia (So Paulo: Edies Loyola, 2001), 3:2.398, pesquisa realizada na internet, no site http://books.google.com.br/books?id=aOsOq8UfSwIC&pg=PA2398&lpg=PA2398&dq=protologia&source=web&ots=Xrt1swz5p9&sig=sWxVlUxuGStpdsRnillxpVQwoW8&hl=pt-BR&sa=X&oi=book_result&resnum=9&ct=result, acessado em 14 de outubro de 2008.

    34 Preveniente o que nos induz prtica do bem (falando-se da graa divina). Preve-niente, Aurlio B. de H. Ferreira, Novo dicio-nrio da lngua portuguesa (Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1986).

    35 Martinho Lutero, Commentary on Ro-mans (Grand Rapids, MI: Kregel Publications, 1995), 114-115.