Parque do Carmo, São Paulo/SP: avaliação da infraestrutura ...

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Trabalho Inscrito na Categoria de Artigo Completo ISBN - 978-65-86753-02-8 1045 EIXO TEMÁTICO: ( ) Acessibilidade e Mobilidade Urbana ( ) Bacias Hidrográficas, Planejamento e Gestão dos Recursos Hídricos ( ) Biodiversidade e Unidades de Conservação ( ) Campo, Agronegócio e as Práticas Sustentáveis ( x ) Cidade, Arquitetura e Sustentabilidade ( ) Educação Ambiental ( ) Gestão dos Resíduos Sólidos ( ) Gestão e Preservação do Patrimônio Arquitetônico, Cultural e Paisagístico ( ) Novas Tecnologias Sustentáveis ( ) Saúde, Saneamento e Ambiente Parque do Carmo, São Paulo/SP: avaliação da infraestrutura e percepção dos frequentadores Parque do Carmo, São Paulo/SP: evaluation of infrastructure and perception of frequenters Parque do Carmo, São Paulo/SP: evaluación de la infraestructura y percepción de los frecuentes Fabio Arivabene de Oliveira Biólogo, Bacharel em Ciências Biológicas, Brasil [email protected] Milena de Moura Régis Professora Mestre, UNINOVE, Brasil. [email protected] Ana Paula Branco do Nascimento Bióloga, Doutora em Ecologia, Brasil. [email protected]

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EIXO TEMÁTICO: ( ) Acessibilidade e Mobilidade Urbana ( ) Bacias Hidrográficas, Planejamento e Gestão dos Recursos Hídricos ( ) Biodiversidade e Unidades de Conservação ( ) Campo, Agronegócio e as Práticas Sustentáveis ( x ) Cidade, Arquitetura e Sustentabilidade ( ) Educação Ambiental ( ) Gestão dos Resíduos Sólidos ( ) Gestão e Preservação do Patrimônio Arquitetônico, Cultural e Paisagístico ( ) Novas Tecnologias Sustentáveis ( ) Saúde, Saneamento e Ambiente

Parque do Carmo, São Paulo/SP: avaliação da infraestrutura e percepção

dos frequentadores

Parque do Carmo, São Paulo/SP: evaluation of infrastructure and perception of frequenters

Parque do Carmo, São Paulo/SP: evaluación de la infraestructura y percepción de los frecuentes

Fabio Arivabene de Oliveira Biólogo, Bacharel em Ciências Biológicas, Brasil

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Milena de Moura Régis Professora Mestre, UNINOVE, Brasil.

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RESUMO Com os problemas ambientais cada vez mais frequentes e crescentes, as áreas verdes se tornam cada vez mais importantes para melhoria da qualidade de vida da população urbana, promovendo bem-estar, saúde e lazer, dentre outros benefícios. Tais benefícios despertam o interesse da população urbana a frequentar áreas verdes situadas em meio a urbanização desordenada, pois são locais de refúgio e tranquilidade. Sendo assim, compreender a percepção de frequentadores de parques urbanos, buscando investigar as necessidades, atitudes, opiniões e usos que determinados grupos fazem da paisagem local justificam o desenvolvimento desse estudo, que buscou identificar a quantidade e a qualidade dos equipamentos e infraestrutura disponíveis no Parque do Carmo, no Município de São Paulo/SP, além de levantar a percepção dos frequentadores em relação ao Parque. Foi aplicado um questionário contendo 10 assertivas, sobre características do Parque, baseadas em uma escala likert com cinco opções de respostas. Foram entrevistados 100 frequentadores do Parque, 49 mulheres e 51 homens. Dentre os aspectos avaliados, alguns foram percebidos pelos entrevistados como boa e muito boa, como por exemplo a qualidade das áreas verdes e a infraestrutura do Parque. Enquanto outros foram percebidos como razoável e ruim. Apontar aspectos negativos demonstra que a percepção dos frequentadores de parques urbanos está relacionada com as experiências e as interações estabelecidas com essas áreas verdes A variedade e quantidade de equipamentos e infraestrutura disponíveis no Parque do Carmo revelam que espaço proporcionar interação ambiental e social e pode ser usado para realização de atividades físicas, culturais e de recreação. PALAVRAS-CHAVE: Percepção, Parque do Carmo, Infraestrutura, Áreas Verdes Urbanas. ABSTRACT With environmental problems becoming more frequent and growing, green areas become increasingly important for improving the quality of life of the urban population, promoting well-being, health and leisure, among other benefits. Such benefits arouse the interest of the urban population to frequent green areas located in a disorganized urbanization, as they are places of refuge and tranquility. Thus, understanding the perception of urban park goers, seeking to investigate the needs, attitudes, opinions and uses that certain groups make of the local landscape justify the development of this study, which sought to identify the quantity and quality of equipment and infrastructure available in the Park do Carmo, in the city of São Paulo/SP, in addition to raising the perception of regulars in relation to the Park. A questionnaire containing 10 statements about the Park's characteristics was applied, based on a likert scale with five answer options. 100 park goers were interviewed, 49 women and 51 men. Among the aspects evaluated, some were perceived by the interviewees as good and very good, such as the quality of the green areas and the infrastructure of the Park. While others were perceived as reasonable and bad. Pointing out negative aspects shows that the perception of urban park goers is related to the experiences and interactions established with these green areas The variety and quantity of equipment and infrastructure available at Parque do Carmo reveal that space can provide environmental and social interaction and can be used to perform physical, cultural and recreational activities. KEYWORDS: Perception, Parque do Carmo, Infrastructure, Green Areas. RESUMEN Con los problemas ambientales cada vez más frecuentes y crecientes, las áreas verdes se vuelven cada vez más importantes para mejorar la calidad de vida de la población urbana, promoviendo el bienestar, la salud y el ocio, entre otros beneficios. Dichos beneficios despiertan el interés de la población urbana por frecuentar áreas verdes ubicadas en una urbanización desorganizada, ya que son lugares de refugio y tranquilidad. Por lo tanto, la comprensión de la percepción de los visitantes del parque urbano, que buscan investigar las necesidades, actitudes, opiniones y usos que ciertos grupos hacen del paisaje local justifican el desarrollo de este estudio, que buscó identificar la cantidad y calidad de equipos e infraestructura disponibles en el Parque do Carmo, en la ciudad de São Paulo / SP, además de elevar la percepción de los clientes habituales en relación con el parque. Se aplicó un cuestionario que contenía 10 declaraciones sobre las características del Parque, basado en una escala likert con cinco opciones de respuesta. Se entrevistó a 100 visitantes del parque, 49 mujeres y 51 hombres. Entre los aspectos evaluados, algunos fueron percibidos por los entrevistados como buenos y muy buenos, como la calidad de las áreas verdes y la infraestructura del Parque. Mientras que otros fueron percibidos como razonables y malos. Señalar aspectos negativos muestra que la percepción de los visitantes del parque urbano está relacionada con las experiencias e interacciones establecidas con estas áreas verdes. La variedad y cantidad de equipos e infraestructura disponibles en el Parque do Carmo revelan que el espacio puede proporcionar interacción ambiental y social y puede ser utilizado para realizar actividades físicas, culturales y recreativas. PALABRAS CLAVE: Percepción, Parque do Carmo, Infraestructura, Zonas Verdes.

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1 INTRODUÇÃO

A importância das áreas verdes públicas tem valor crescente com o aumento drástico da

urbanização e dos problemas ambientais. Estas áreas desempenham um papel significativo na

melhoria do ambiente urbano, por isso a população humana emprega diversos usos à essas

áreas e, consequentemente, percebem esses espaços de maneiras distintas (COSTA; COLESANTI,

2011). As áreas verdes urbanas desempenham funções ecológicas, sociais, além de possibilitar

lazer e descanso ao ar livre. Tais aspectos promovem melhorias a saúde, bem-estar físico e

psicológico de seus frequentadores. Pois, a vegetação funciona como um refúgio do caos urbano

(MASCARÓ; MASCARÓ, 2005; SANTOS et al., 2019).

As áreas verdes urbanas na configuração de parques estão associadas aos fragmentos florestais

resultantes da degradação causada pelas ações humanas. Esses espaços públicos são

fundamentais para se alcançar objetivos socioambientais, além de sua fauna e flora prestarem

serviços ecossistêmicos aos centros urbanos, principalmente nas regiões que perderam grande

parte da vegetação nativa (FURLAN, 2004) e consequentemente da biodiversidade.

Assim como em outros modelos de áreas verdes urbanas, os parques promovem benefícios aos

frequentadores, tais como: equilíbrio físico-ambiental; atributo ambiental (OLIVEIRA et al.,

2013), melhoria da qualidade do ar; redução de poluição sonora e visual; conforto térmico;

evapotranspiração; embelezamento da cidade; prazer estético com texturas, formas e cores

diferentes; conservação da flora nativa e estabilidade do solo (CECCHETTO et al., 2015). Além

de fornecer valor e status ao espaço, frequentemente associando o local à boa qualidade de

vida e tranquilidade. Tais aspectos podem aumentar o número de pessoas que frequentam o

parque (CEMIG, 2011).

Todavia, com o aumento da urbanização e a carência de espaços verdes é observado negligência

de investimento na manutenção, preservação e expansão destas áreas, que em algumas cidades

acabam sendo destinadas as novas edificações, assim o local deixa de ofertar benefícios à

população humana que reside nas áreas urbanizadas (COSTA e COLESANTI, 2011).

Desse modo, os fatores que levam o ser humano a utilizar ou degradar ambientes naturais

merecem maior atenção, pois, a forma como a comunidade percebe o ambiente pode ajudar no

manejo e preservação das áreas verdes urbanas (TERAMUSSI, 2008). Para Melazo (2005), a

percepção da população humana deve estar centrada nas diferenças entre os valores, culturas,

interesses e estilo de vida, num sentido amplo de discussão de importância individual e coletiva.

Cabe destacar que a falta de planejamento urbano, principalmente na cidade de São Paulo,

contribui para a eliminação da maior parte da cobertura vegetal, por meio de ocupação

irregular, desmatamento, invasão de áreas legalmente protegidas, dentre outros (SILVA et al.,

2006). Nesse sentido, as pesquisas sobre percepção geram uma nova consolidação teórica,

principalmente voltada a educação ambiental - que pode alcançar outras áreas de

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conhecimento, fazendo-se necessário a discussão sobre uso coletivo dos espaços verdes

urbanos, tais como os parques, por seus visitantes (JACOBI, 2003).

Pois, esses espaços são utilizados de formas diferentes, de modo único para cada indivíduo que

os frequenta, de maneira conjunta ou não, as atividades e percepção estão relacionados com as

diferentes idades, experiências, educação e aspectos socioambientais. Portanto, o estudo da

percepção desses indivíduos auxilia no entendimento das suas necessidades, buscando

melhorar e disponibilizar um ambiente agradável a todos (MELAZO, 2005).

Sendo assim, compreender a percepção de frequentadores de parques urbanos, buscando

investigar as necessidades, atitudes, opiniões e usos que determinados grupos têm da paisagem

local, na qual estão inseridas (SANTOS et al., 2019), se faz necessário para entender como cada

indivíduo valoriza e contribui para preservação desses fragmentos florestais.

Tais aspectos justificam o desenvolvimento desse estudo, que buscou identificar a quantidade

e a qualidade dos equipamentos e infraestrutura disponíveis no Parque do Carmo – Olavo Egydio

Setúbal, no Município de São Paulo/SP, além de levantar a percepção dos frequentadores sobre

tais aspectos desse fragmento florestal.

2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Local de estudo

O Parque do Carmo está localizado na Zona Leste do Município de São Paulo/SP, sob as

coordenadas -23.581756, -46.462341. Este foi inaugurado em 1976, oferecendo estrutura

completa ao visitante, contando hoje com diversas fontes de entretenimento com o Museu do

Meio Ambiente, anfiteatro, Monumento à Imigração Japonesa, Viveiro Arthur Etzel, Bosque de

Leitura e com o famosa Festa das Cerejeiras que acontece desde 1978, evento este que

comemora a florada da árvore símbolo do Japão (SÃO PAULO, 2010).

Em domínio da Subprefeitura de Itaquera/Parque do Carmo com divisa em São Matheus dentro

da APA do Carmo (Área de Proteção Ambiental) regulamentada pelo decreto nº 37.678, uma

reserva natural que tem abrangência territorial de 449,78 hectares destinados à preservação

ambiental. O perímetro do Parque comporta o SESC – Itaquera, Parque Natural Municipal

Fazenda do Carmo, Parque do Carmo, antiga usina de compostagem e aterro sanitário São

Matheus, que na atualidade está desativado e a administração do local é feita pela EcoUrbis

Ambiental S.A – empresa licitada pela Prefeitura de São Paulo/SP para realizar a gestão de

resíduos no Município. Na figura 1 é possível observar a divisão territorial do Parque, que é

considerado a maior área verde urbana da Zona Leste de São Paulo/SP (SÃO PAULO, 2014).

Cabe destacar que, em 1989 a Área de Proteção Ambiental do Carmo foi criada pelo governo

estadual, com restrições de uso para proteger áreas naturais frágeis, que consiste em abrigar

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uma abundante biodiversidade de plantas e animais nativos, assim possibilitando a recuperação

das características dos ecossistemas originais (SÃO PAULO, 2015).

Figura 1. Região e divisão territorial da APA do Carmo.

Fonte: UNICAMP, 2019.

Os nomes Parque do Carmo e Fazenda do Carmo estão diretamente conectados à história da

região, sendo o maior fragmento de mata atlântica da zona leste de São Paulo destinados à

preservação ambiental, abrange parte da antiga fazenda de Oscar Americano, com mais de 100

espécies nativas de mamíferos, aves, repteis e anfíbios. Parte da área de proteção ambiental já

foi desmatada e ocupada com bairros, empresas e casas de shows (SÃO PAULO, 2018). O Parque

do Carmo – Olavo Egydio Setúbal está inserido na maior cidade de área urbana do Brasil, com

11.753.659 habitantes no município, 210,158 no distrito de Itaquera e 71.087 no distrito do

Parque do Carmo (SEADE, 2018). A região de Itaquera é valorizada por comportar essa reserva,

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com seu entorno urbanizado caracterizando ainda mais a necessidade de preservação e

manutenção deste patrimônio natural.

2.2 Procedimentos de campo

Para realizar o levantamento da quantidade e da qualidade dos equipamentos e infraestrutura

disponíveis no Parque do Carmo, foi utilizada a metodologia proposta por De Angelis et al.

(2004). A contagem foi realizada por meio manual com anotação em prancheta, que foram

preenchidas de acordo com a observação do pesquisador (SANTOS et al., 2016). Cabe informar

que, o Parque do Carmo é mapeado com diversos pontos de referência bem didáticos para

auxiliar seus frequentadores, por isso optou-se por iniciar a contagem da infraestrutura em 2

pontos: o planetário e a administração do Parque.

Para investigar e analisar a percepção dos frequentadores sobre os equipamentos e

infraestrutura disponíveis no Parque, foi utilizado um roteiro de entrevista adaptado de Régis et

al. (2016). O roteiro contém 10 assertivas, baseadas em uma escala likert com cinco opções de

respostas (1.muito ruim; 2.ruim; 3.regular; 4.boa; 5.muito boa). A participação dos

frequentadores nas entrevistas ocorreu de forma voluntária (GODOI et al., 2010).

Aos entrevistados que aceitaram participar da pesquisa, foi fornecido um Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido, para que os mesmos pudessem conferir e assinar

autorizando a participação na pesquisa, uma cópia deste termo foi entregue a cada voluntário,

assim como realizado por Mota et al. (2019), Santos et al. (2016) e Régis et al. (2016).

2.3 Análise dos resultados

Para analisar os dados obtidos por meio do levantamento da qualidade e da quantidade dos

equipamentos e infraestrutura disponíveis no Parque, foram utilizados os métodos propostos

por De Angelis et al. (2004) que possibilitam analisar as condições desses fatores observados.

Os dados quantitativos, obtidos por meio do levantamento da percepção dos frequentadores,

foram submetidos a estatísticas básicas, com a ajuda do software Microsoft Excel (2013), os

resultados gerados foram categorizados segundo as respostas dos entrevistados, como no

estudo de Mota et al. (2019).

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Levantamento da quantidade e da qualidade dos equipamentos e infraestrutura

disponíveis no Parque do Carmo

O levantamento qualitativo e quantitativo dos equipamentos e infraestrutura disponíveis no Parque do Carmo revelou que o Parque possui de 1406 elementos. Os itens avaliados como “Ótimo” (nota 4) de acordo com as métricas propostas por De Angelis et al. (2004), foram: 42 painéis solares; 16 edificações; 5 portarias. Enquanto onze itens foram avaliados como “Bom” (notas entre 2,5 e 3,5), são eles: bancos (221 de madeira e 6 de pedra); 681 equipamentos de iluminação; 119 lixeiras; 13 sanitários; 7 telefones públicos; 23 bebedouros; 13 áreas destinadas à prática de esportes e exercícios; 5 parques infantis; 31 quiosques; trilhas (11 de concreto e 28 de terra); 97 churrasqueiras (tabela 1). O Parque também possui 61 placas de identificação, 49 delas apresentam informações – por isso foram avaliadas como bom – e 12 não apresentam informações – por isso foram avaliadas como péssimo (nota 0,5). Além disso, as 4 câmeras presentes no local, também foram avaliadas como péssimo (nota 0,5). Outros equipamentos e infraestrutura foram avaliados como regular (as notas variaram entre 1,7 e 2,2), tais como: estacionamento para carros (8 áreas) e motos (2 áreas); 1 ponto de táxi; brejos (3 áreas). Por fim, alguns foram avaliados como ruim (as notas entre 1 e 1,5), como: 4 obras de arte; 3 pontos de ônibus; 2 coretos (tabela 1).

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Tabela 1 - Levantamento da qualidade e quantidade dos equipamentos e infraestrutura do Parque do Carmo

Equipamentos Quantidade Qualidade

Painéis Solares 42 Ótimo Edificações Portarias

16 5

Ótimo Ótimo

Bancos 227 Bom Equipamentos de iluminação Lixeiras Sanitários Telefone públicos

681 119 13 7

Bom Bom Bom Bom

Bebedouros 23 Bom Quadras Parques infantis/Brinquedos Quiosques Trilhas/Pista de caminhada

13 5

31 39

Bom Bom Bom Bom

Churrasqueiras 97 Bom

Placas de identificação Estacionamento para carros Estacionamento para motos

49 8 2

Bom Regular Regular

Ponto de táxi 1 Regular

Brejos Obras de arte

3 4

Regular Ruim

Pontos de ônibus 3 Ruim Coretos Placas de identificação

2 12

Ruim Péssimo

Câmeras de segurança 4 Péssimo AUTORES, 2018. Os bancos estão dispersos em todo o parque, próximos a churrasqueiras, pista de caminhada e quadras de esporte, de madeira ou de concreto estão em boa qualidade, assim atendendo a necessidade dos usuários. Em relação aos equipamentos de iluminação, dentre pontos altos e baixos, localizados em postes para quadras esportivas e poucos pontos em pista de caminhada, há uma preservação em bom estado, dispersos e atendendo a necessidade dos frequentadores. Nota-se uma falta de atenção, precariedade e má manutenção com os estacionamentos, obras

de arte, câmeras de vigilância e algumas placas de identificação, estas que estão quebradas em

pontos chaves do Parque, como inícios de trilhas e locais com grande quantidade de

frequentadores. A avaliação negativa, sobre esses elementos, apresenta aspectos que podem

influenciar os visitantes a deixarem de frequentar o Parque, por conta da precariedade ou da

falta de equipamentos e serviços que possibilitam interações, como ressaltou Régis et al. (2016).

A satisfação dos frequentadores e uso maior como de lazer mostra resultados semelhantes ao

trabalho de Teramussi (2008), realizado no Parque Ecológico do Tietê, parque este que também

se encontra na Zona Leste da cidade de São Paulo, onde mais de 50% dos frequentadores

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relataram sentir satisfação em frequentar o parque. Além disso, também mostram que os

visitantes percebem o local prioritariamente como área lazer em relação a outras funções.

Cabe destacar que Parque do Carmo implantou e utiliza painéis solares, sendo este o único

parque da Zona Leste de São Paulo a investir em energia sustentável, e os painéis estão em

ótimo estado de conservação. A análise dos dados demonstrou que o Parque Olavo Egydio

Setúbal dispõe de uma grande quantidade e variedade de equipamentos e infraestrutura, estes

estão bem conservados e em bom estado. Na figura 2 é possível visualizar alguns dos elementos

presentes no Parque e avaliados neste estudo.

Estes resultados são importantes porque, de acordo com Régis et al. (2020), no momento que

escolhem qual modelo de parque desejam acessar, alguns critérios são importantes para os

frequentadores de parques urbanos. Dentre esses critérios estão a quantidade e a qualidade

dos equipamentos e infraestrutura disponíveis no local e seu estado de conservação.

Figura 2. Infraestrutura do Parque do Carmo - Olavo Egydio Setúbal: A – Área verde, B – Brinquedos

(Playground), C – Banco, D – Banheiros, E – Equipamentos de ginastica, F – Entrada principal do Parque, G – Churrasqueiras, H – Poste de iluminação, I – Pista de caminha pavimentada, J – Estacionamento, K – Bebedouro,

L – Pista de caminhada não pavimentada (AUTORES, 2018).

AUTORES, 2018.

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3.2 Perfil dos frequentadores do Parque do Carmo

Foram entrevistados 100 frequentadores do Parque do Carmo, sendo 49 (49%) mulheres e 51

(51%) homens. Sobre a faixa etária 43% dos participantes tinham entre 18 e 29 anos, quanto a

escolaridade, 61% dos entrevistados tinham o ensino médio completo ou incompleto. Com

relação a situação conjugal, 50% dos entrevistados eram solteiros (Tabela 2). Tais dados são

importantes porque segundo Tuan (2012), é importante investigar a formação, ensino e

ocupação de uma determinada pessoa, para compreender as escolhas ambientais dela.

Tabela 2: Perfil socioambiental dos frequentadores do Parque do Carmo

Variáveis N %

GÊNERO Feminino Masculino

49 51

49% 51%

FAIXA ETÁRIA 18 a 29 anos 30 a 39 anos 40 a 49 anos 50 anos ou mais

43 24 13 20

43% 24% 13% 20%

NÍVEL DE ESCOLARIDADE Ensino fundamental Ensino médio Ensino superior Pós-Graduação

12 61 26 1

12% 61% 26% 1%

SITUAÇÃO CONJUGAL

Solteiros (as) Casados (as) Divorciados (as)

50 43 7

50% 43% 7%

FILHOS Sim Não

50 50

50% 50%

HABITANTES POR RESIDÊNCIA Um a três Quatro ou mais

58 42

58% 42%

FREQUENCIA DE USO DO PARQUE De segunda à sexta Só aos finais de semana e feriados Primeira vez

11 46 43

11% 46% 43%

COMPANHIA Sozinho (a) Acompanhado (a)

25 75

25% 75%

PERÍODO QUE FREQUENTA O PARQUE Manhã Tarde

60 40

60% 40%

AUTORES, 2018.

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Quando questionados sobre filhos, 50% dos entrevistados responderam que têm filhos,

enquanto 50% disseram que têm filhos. Com relação ao número de habitantes por residência,

58% responderam que em seu lar, moram de 1 a 3 pessoas, incluindo ela mesma. Sobre a

frequência que os entrevistados visitam o Parque, 46% responderam fins de semana e feriados

(Tabela 2). Resultados semelhantes foram são descritos no trabalho de Mota (2019) no Parque

Trianon, onde a maioria dos entrevistados pelas autoras também frequenta o parque aos fins

de semana e feriados.

Ao serem interrogados se frequentam o local acompanhados ou sozinhos, 75% responderam

que o visitam acompanhados. Em relação ao período que frequentam o parque, 60% dos

entrevistados preferem visitar o parque no período matutino (Tabela 2). Nas visitas realizadas

ao Parque, estejam os frequentadores sozinhos ou acompanhados, o espaço será percebido de

maneiras distintas. A variação na maneira como o local é percebido ocorre porque, de acordo

com Tuan (2012), dois grupos sociais e duas pessoas não visualizam o mesmo fato, assim

também, como não fazem a mesma análise sobre o meio ambiente.

3.3 Percepção dos frequentadores do Parque do Carmo sobre a infraestrutura e os

equipamentos disponíveis nesse fragmento florestal

Os dados levantados demonstram que a qualidade das áreas verdes do Parque do Carmo é

percebida pelos frequentadores entrevistados como um local de boa conservação, pois houve

um empate nas notas atribuídas à essa característica do Parque: 37% dos frequentadores

relataram que a qualidade das áreas verdes é boa e 37% relataram que é muito boa, conforme

figura 3A. A pista de caminhada também foi considerada muito boa por 26% entrevistados

(figura 1H). Enquanto a disponibilidade de equipamentos de ginastica, a disponibilidade de

estacionamento e a segurança do Parque foram avaliados como boa por, respectivamente, 32%,

32% e 28% dos frequentadores, conforme figuras 3G, 3I e 3J.

Perceber parte dos equipamentos e infraestrutura disponíveis no Parque como boa e muito boa,

segundo Brito et al. (2016), destaca a importância que o Parque tem para os frequentadores

entrevistados, além de demonstrar a satisfação dos mesmos sobre o espaço e meio ambiente.

Além disso, conhecer a maneira como os frequentadores de parques percebem os

equipamentos e infraestrutura disponíveis nesses espaços, viabiliza a identificação dos critérios

adotados pelos visitantes quando escolhem acessar esses fragmentos florestais. Sendo assim,

de acordo com Régis et al. (2020), conhecer os principais quesitos que influenciam na escolha

de parques urbanos por seus frequentadores, são informações que permitem melhor identificar

os cuidados a serem tomados com esses ecossistemas terrestres.

A infraestrutura do parque foi avaliada como razoável por 35% dos frequentadores do Parque

(figura 3B). Com relação aos banheiros, 28% dos entrevistados avaliaram como razoável (figura

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3C). Assim como a infraestrutura e os banheiros, os bebedouros e os bancos foram percebidos

como razoável por 33% e 31% dos entrevistados, respectivamente (figura 3D e 3F). O único item

avaliado como ruim, por 27% dos frequentadores, foi a qualidade dos brinquedos (Playgrounds,

figura 3E).

Figura 3 – Percepção dos frequentadores sobre a infraestrutura e equipamentos disponíveis no Parque do Carmo. A: Áreas Verdes; B: Infraestrutura; C: Banheiros; D: Bebedouros; E: Brinquedos (Playgrounds); F: Bancos; G:

Equipamentos de Ginástica; H: Pista de caminhada; I: Estacionamento e J: Segurança do parque.

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Fonte: AUTORES, 2018.

Apontar aspectos negativos na avaliação da infraestrutura, dos equipamentos e serviços

demonstra que, a forma como os frequentadores de parques urbanos percebe esses espaços

está relacionada com as experiências e as interações estabelecidas com essas áreas verdes

(RÉGIS et al., 2016). Por isso, sugere-se que gestores de parques urbanos desenvolvam

estratégias de gestão baseadas na percepção dos frequentadores desses espaços verdes e

busquem realizar manutenções contínuas, para os parques estejam sempre bem conservados.

Pois, de acordo com Loboda e De Angelis (2005), quando os parques estão abandonados, com

má funcionalidade e manutenção precária de equipamentos e infraestrutura, logo diminui a

quantidade de frequentadores. Por isso, se faz relevante realizar constante manutenção dessas

áreas verdes urbanas, pois, esses espaços são fundamentais para a qualidade de vida da

população que reside nas grandes cidades (MOTA et al., 2019).

5 CONCLUSÃO

A variedade e quantidade de equipamentos e infraestrutura disponíveis no Parque do Carmo

revelam que este fragmento florestal pode ser usado para realização de atividades físicas,

culturais e de recreação. Além de proporcionar interação ambiental e social. No entanto, ao que

se refere à qualidade desses elementos, alguns foram percebidos pelos frequentadores e

avaliados pelos autores como regular, ruim e muito ruim, assim mostrando a necessidade de

melhorar a manutenção desses itens. Pois, a qualidade dos equipamentos e infraestrutura

influenciam na escolha dos frequentadores em visitar, permanecer e conservar o espaço.

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6 AGRADECIMENTOS

À Prefeitura do Município de São Paulo, Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA), ao Departamento de Parques e Áreas Verdes, Divisão Técnica de Gestão de Parques (DEPAVE 5), que autorizaram a realização de pesquisas em parques municipais. Aos Gestores e Funcionários do Parque do Carmo – Olavo Egydio Setúbal que permitiram o desenvolvimento dessa pesquisa. Principalmente aos Frequentadores do Parque, que aceitaram, voluntariamente, participar do levantamento de dados desse estudo.

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Trabalho Inscrito na Categoria de Artigo Completo

ISBN - 978-65-86753-02-8

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