PARTE 01 Libras on LINE Geral Com Capa Em Baixa

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HISTÓRIA , CULTURA, E LINGUÍSTICA DA LIBRAS Parte 01

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LIBRAS pela UNIT SERGIPE

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H I S T Ó R I A,CULTURA, E LINGUÍSTICADA LIBRAS

Parte 01

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Neste tema, vamos estudar o que é a disciplina de Metodologia Científica e por que ela é importante para a sua formação acadêmica e profissional. Como estamos no início dos conte-údos da disciplina, estudaremos também técnicas e procedimentos para organização dos estudos e um melhor aproveitamento no estudo de textos.

É importante destacar que o seu suces-so nos estudos e, consequentemente, profissional, depende apenas de você, da sua capacidade de ir em frente e de buscar “aprender a aprender”. Você perceberá que a Metodologia Científica vai se tor-nar uma auxiliar fundamental em seus estudos.

Objetivos da AprendizagemAo terminar a leitura e as atividades do Tema 1, você deverá ser capaz de:

D entender a importância da disci-plina para a formação acadêmica e profissional;

D adotar procedimentos e técnicas na organização dos estudos;

D desenvolver o hábito pela leitura, realizando análises de texto;

D praticar as técnicas de sublinhar, esquematizar, resumir e fichar no estudo de texto.

METODOLOGIA CIENTÍFICA E TÉCNICAS DE ESTUDO

Diante do tema, iremos conhecer os conceitos culturais e históricos da Língua de Si-nais e dos surdos com seus aspectos biológicos e linguísticos.

Na perspectiva de apoiar a Educação Es-pecial tão enfocada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LBD), a Língua Brasileira de Sinais (Libras) surgiu não somente com a expec-tativa de colaborar com a LDB, mas também para possibilitar a comunicação como direito de todos. O Poder Público instituiu a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, regulamentada pelo Decreto nº 5626, de 22 de dezembro de 2005, que dispõem sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras. Tal Lei rege a Língua Brasileira de Sinais como língua oficial no Brasil e como disciplina curricular obri-gatória, assegurando aos surdos uma comunicação eficaz e objetiva. Dentro deste contexto, alicerça-se uma proposta inovadora sempre com o objetivo de consolidar a comunicação e a efetiva integração na vida em sociedade.

Objetivos da Aprendizagem

Conhecer os conceitos culturais e históricos da Língua de Sinais e dos surdos com os seus aspec-tos biológicos, patológicos e linguísticos.

ASPECTOS HISTÓRICOS, CONCEITUAIS E SOCIAIS

Tema

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1.1 Nomenclaturas e conceitos sobre língua e linguagem

Libras ou LSB?Eis aí uma grande dúvida entre estas duas siglas. Qual é a correta ou a

mais utilizada?Libras é pronunciada nacionalmente como Língua Brasi-leira de Sinais difundida pela Federação Nacional de Edu-cação e Integração de Surdos (FENEIS), instalada como matriz na cidade do Rio de Janeiro e tem como meta prin-cipal disseminar esta língua pelo Brasil. Popularmente conhecida, a Libras vem ganhando seu es-paço e não é mais confundida com moeda ou horóscopo.

A Língua de Sinais é a língua natural, materna, ou seja, primeira língua (L1) dos surdos e é usada pela maioria deles no Brasil, assim como o português é a língua materna para os ouvintes. No Brasil, há somente duas línguas reco-nhecidas pela República Federativa do Brasil: o Português e a Libras, porém, há alguns municípios brasileiros que co-oficializaram outros dialetos devido ao grande número de grupos indígenas.

Conforme Capovilla (2006, p. 1479), “Língua de Sinais é o verdadei-ro equipamento da vida mental do Surdo; ele pensa e se comunica apenas por este meio.” O surdo utiliza a modalidade linguística quiroarticulatória-visual, ou seja, através das mãos para passar as informações e dos olhos para receber e não oroarticulatória-auditiva, que se dá através da oralização (boca) para passar elementos e do ouvido para receber informações.

A Libras é também conhecida como LSB (Língua de Sinais Brasileira), sigla que segue padrões internacionais de denominação das Línguas de Sinais, assim como, a American Sign Language (LSA), ou seja, Língua de Sinais Ameri-cana, bem como, a Língua de Sinais Francesa (LSF), Língua de Sinais Mexicana (LSM) e assim por diante.

Vamos entender melhor. Há uma grande confusão sobre as nomencla-turas e sua forma de pronunciar, assim, Língua Brasileira não existe, filosofica-mente falando, o correto é “Língua de Sinais Brasileira”, pois, o termo “Língua de Sinais” constitui uma unidade vocabular, ou seja, funciona como se as três

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palavras (língua, de e sinais) fossem uma só. Não existe uma Língua Brasileira (em sinais ou falada).

Além das formas de escrever ou proferir a Libras ou LSB, temos que atentar para seu significado.

A correta é “Libras” e não “LIBRAS”. Quando foi divulgado o uso da sigla “LIBRAS”, explicava-se esta sigla da seguinte forma: LI de Língua, BRA de Brasileira, e S de Sinais. Com a grafia “LiBras”, a sigla significa: Li de Língua de Sinais, e Bras de Brasileira, assim, deixa claro que Libras não são simplesmente gestos, é uma língua com estruturas linguísticas que compreende e comunica através das mãos, do corpo e da face.

Muitos imaginam que a Libras é constituída apenas pelo :"alfabeto ma-nual, números" e de alguns movimentos. Ela é como outro idioma reconhecido oficialmente, ou seja, é uma língua com regras, com estruturas gramaticais pró-prias e ainda necessita de um vasto apoio corporal e facial para que sua intera-ção seja eficaz e completa.

A Libras foi oficializada como língua oficial não apenas por ser um meio de interação e comunicação de um grupo de pessoas, mas também, por obter seus próprios planos linguísticos como o sistema morfológico, fonológico, sintático e semântico, planos estes que contém em qualquer língua oralizada.

Ronice Quadros (2003) deixa claro a diferença entre as línguas orais--auditivas e gesto-visuais fazendo uma comparação se significados onde uma palavra na Língua Portuguesa é designado sinal em Libras.

O maior diferencial entre língua de sinais e línguas orais é a sua forma de interatuar. Assim, quem utiliza a Libras "fala com as mãos" e quem utiliza a língua oralizada apoia-se na "fala com a boca".

A Língua de Sinais Brasileira e a Língua Portuguesa têm uma vasta diferença desde a pronuncia até a escrita.

Muitas diferenças são intensas como a modalidade de utilização da lín-gua e outras são percebíveis quanto a sua gramática. Vamos conferir algumas delas apresentadas por Quadros (2004, p. 84):

D a Língua de Sinais é baseada nas experiências das comunidades surdas mediante as interações culturais surdas, enquanto a Língua Portuguesa constitui-se baseada nos sons.

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D a Língua de Sinais apresenta uma sintaxe espacial incluindo os chamados classificadores. A Língua Portuguesa usa uma sintaxe linear utilizando a descrição para captar o uso de classificadores.

Os Classificadores são recursos visuais da Libras que utilizamos para deixar a sinalização com mais vida, ou seja, ela é feita de forma que fique clara e objetiva a mensagem.

D a Língua de Sinais utiliza a estrutura tópico-comentário, enquanto a Língua Portuguesa evita este tipo de construção;

D a Língua de Sinais utiliza a estrutura de foco através de repetições sistemáticas. Este processo não é comum na Língua Portuguesa;

D a Língua de Sinais utiliza referências anafóricas1 através de pontos estabelecidos no espaço que exclui ambiguidades que são possíveis na Língua Portuguesa;

D a Língua de Sinais não tem marcação de gênero como a Língua Por-tuguesa. O gênero é marcado ao ponto de ser redundante, o que en-volve na última letra como “a” para feminino e “o” para masculino;

D a Língua de Sinais atribui um valor gramatical às expressões faciais. Esse fator não é considerado como relevante na Língua Portuguesa, apesar de poder ser substituído pela prosódia;

1 Referência anafórica é trocar palavras ou ideias para que não se repitam no texto, porém, deverá ter o mesmo sentido.

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D coisas que são ditas na Língua de Sinais não são ditas usando o mesmo tipo de construção gramatical na Língua Portuguesa. Assim, encontramos diversos contextos que em Português consi-deramos comprido, enquanto que em Libras pode ser feito com apenas um sinal;

D a escrita da Língua de Sinais não é alfabética.

Intérprete

O Intérprete é a pessoa que faz a transmissão de duas línguas distintas. Assim, passa a língua fonte para a língua alvo. É como se houvesse uma palestra discorrida em Português (no caso língua fonte) e este profissional a interpreta em Libras (língua alvo).

Língua Fonte é a língua que o Intérprete ouve ou vê para, a partir dela, fazer a interpretação e atingir a língua alvo, ou seja, a língua para a qual queremos que os outros recebam as informações.

Intérprete de Língua Brasileira de Sinais

Profissional que transforma uma língua oral ou outra língua de sinais qualquer que não seja brasileira para a Língua de Sinais Brasileira ou da Língua de Sinais para uma outra determinada língua.

A pessoa pode saber Libras e não ser capaz de realizar uma interpretação. O fato de a pessoa saber Libras, não quer dizer que ela é Intérprete.

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É fundamental que se considere, também, que o profissional inter-mediador ou Intérprete de Libras é apenas um elemento para que se garanta a acessibilidade. Sempre deverão lembrar que os surdos precisam de tempo para olhar no ouvinte e Intérprete, para as ano-tações, caso houver. Outro aspecto importante é a garantia da parti-cipação do surdo através de perguntas e respostas que exigem tempo para pensar, para que a interação se dê efetivamente. (CAS, 2007, p. 3).

Língua

Conjunto de palavras e expressões com regras gramaticais utilizadas por uma nação, conhecida também como idioma. Ela pode ser verbal ou sina-lizada, porém, à língua deve ser sancionada por lei e deve haver estudos rela-cionados a sua ampliação e melhora. A linguagem própria de uma pessoa ou familiar não é uma língua, pois, permite várias interpretações e se restringe a um pequeno grupo. A língua permite a comunicação comum entre os indivíduos de sua natureza como um fato social, ou seja, um sistema coletivo de uma de-terminada comunidade linguística. É a expressão linguística tecida em meio a trocas sociais, culturais e políticas, visto que:

As línguas naturais apresentam propriedades específicas da espécie humana: são recursivas a partir de um número reduzido de regras, produz-se um número infinito de frases possíveis, são criativas, dis-põem de uma multiplicidade de funções argumentativas, poéticas, conotativas, informativas, persuasivas e original que apresentam formas e significados. (QUADROS, 2003, p. 7).

Portanto, o correto é “Língua de Sinais” porque trata-se de uma língua viva, sancionada por Lei e, logo, a quantidade de sinais está em aberto, podendo ser acrescentados novos sinais.

O sinal de “idade” representado abaixo é uma língua e não linguagem.

Idade

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Língua oral-auditiva

Modalidade em que utilizamos a voz (oralização) para oferecer informa-ções e a audição para receber elementos de outra pessoa. É uma língua ‘falada com a boca’ utilizada pelos ouvintes. Temos como exemplo a Língua Portuguesa.

Língua visual- espacial

Refere-se à língua sinalizada, ‘falada com as mãos’. Utiliza a visão para receber/compreender as informações e o espaço para produzir/passar as ideias.

Linguagem

São formas de comunicação sem regras ou gramáticas próprias. Tudo é válido para que a informação seja passada para expressar ideias, sentimentos, modos de comportamento etc. Este sistema serve como meio de comunicação entre indivíduos de grupos pequenos ou meio familiares.

“São diversas formas de transmissão como sistema de símbolos, signos con-vencionais, sonoros, gráficos, gestuais, entre outros, o que leva a distinguirem-se vá-rias espécies de linguagem: visual, auditiva, tátil etc.” (MARCHESI, 1995, p. 24).

Há surdos que criam sua própria linguagem para conseguir comunicar--se em casa. Esta comunicação é restrita a sua família e não são compreendida por pessoas de fora.

Este sinal na figura ao lado tem o significado de “água” em um grupo familiar em que não há uma língua desti-nada à comunicação, mas, somente este grupo entende o seu significado, assim, este sinal não é língua e sim linguagem.

Já nesta figura é o sinal de “água” em Libras, ou seja, deixou de ser linguagem por se tratar de um significado concreto e conhecido pela comunidade surda brasileira.

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Tradução

A tradução é a atividade que envolve a alteração, mudança de um texto em certo idioma para outro. A escrita original (língua fonte) que será modifica-do para língua alvo poderá ser de qualquer modalidade comunicativa, seja oral ou em sinais. O tradutor que irá fazer a ponte entre as duas línguas terá tempo hábil para finalizar a tradução, assim sendo, o profissional poderá pesquisar livros, dicionários, internet e até mesmo outros profissionais para que o texto saia adequadamente.

Interpretação

A interpretação é a ação que estabelece a transição comunicativa de um idioma para outro, seja ela: língua oral para outra língua oral, língua oral / língua de sinais, língua de sinais / língua oral ou até mesmo língua de sinais / língua de sinais de outro país. Na interpretação não há tempo para pesquisa, o profissional que faz esta mudança de idiomas deverá estar seguro e ser fluente nas duas línguas e ainda deverá manter o mesmo tipo de interpretação do início ao fim da fala. Há três tipos de interpretação: a simultânea, a intermitente e a consecutiva.

Interpretação Simultânea

Interpretação simultânea é a transposição que acontece simultanea-mente à fala da língua fonte, ou seja, sucede ao mesmo tempo. O intérprete ouve ou vê a informação da língua fonte, processa a informação e, posteriormente, faz a passagem para a língua alvo. Neste caso, o intérprete utiliza o lag-time, que é o intervalo entre a recepção da língua e o processamento até repassar para a língua alvo. Este processo leva de 4 segundos a um minuto e meio, dependendo do profissional e da complexidade do texto.

Interpretação Intermitente

Já a interpretação intermitente é o processo de interpretação feita blo-co por bloco, ou seja, o enunciador passa sua ciência em trechos enquanto o

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intérprete processa a informação, faz a interpretação e, logo após, o enunciador entra novamente com sua oração e assim sucessivamente. Um sempre espera o outro para completar a informação.

Interpretação Consecutiva

A interpreteação consecutiva é a forma interpretativa mais utilizada para textos ou informações sucintas (breves), ou seja, a passagem para a língua alvo acontece somente após a conclusão do enunciador da língua fonte, sem a necessidade de ser uma comunicação completa ou detalhada.

Surdos ou deficientes?

“Sinal de surdo” Até o fim dos anos 90, a nomenclatura “deficiente au-ditivo” ou “DA” era muito utilizada e referenciada por todos aqui no Brasil, ganhando posteriormente outras terminologias até chegar a “Surdo”. O uso da expres-são deficiente auditivo já foi muito criticado, refletindo uma visão preconceituosa. Nela, o surdo é visto como portador de uma enfermidade localizada que precisa ser tratada, para que seus efeitos sejam sobrepujados. Já os profissionais ligados às áreas médicas científicas

têm ainda utilizado largamente este termo "Deficiente Auditivo (DA)". Todas as investigações atuais têm chamado a atenção para a adequação

do emprego do termo “Surdo”. Expressão esta optada pelos próprios surdos e comunidades surdas do Brasil.

É muito importante considerar que o surdo difere do ouvinte, não ape-nas pela ausência da audição, mas porque desenvolve uma percepção vibratória muito elevada e principalmente pelas potencialidades psicoculturais próprias.

No plano pessoal, a decisão quanto a usar o termo “pessoa com defi-ciência auditiva” ou os termos “pessoa com surdez” e ”surda”, fica por conta de cada pessoa. Geralmente, pessoas com surdez leve, moderada ou acentuada referem-se a si mesmas como tendo uma deficiência auditiva. Já as que têm sur-

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dez severa, profunda ou anacusia2 preferem ser consideradas surdas, mas não há nada especificamente condizendo ou detalhando quem é surdo ou quem é deficiente, o que realmente deverá acontecer é o respeito e condito em apontá--los como surdos.

Surdo ou mudo?

Surdo - mudo, provavelmente, é a mais antiga e incorreta designação atribuída aos surdos. O fato de uma pessoa ser surda não significa que ela seja muda. Pessoas surdas que não desenvolveram a fala, provavelmente não tive-ram condições terapêuticas de aprenderam a falar com profissionais responsá-veis pela dicção e expansão oral. Hoje em dia, muitos fazem a leitura labial, e podem emitir diversos sons com a boca como rir, chamar etc., afinal, os surdos não são mudos.

Quanto à pessoa surda:Como mencionaremos sobre estas pessoas? Surdo, Deficiente auditivo, D.A. , Mudo ou Surdo-mudo ?E quanto aos termos Linguagem de Sinais e Língua de Sinais? Qual é a corre-ta quando falamos sobre Libras?

Você acabou de conhecer as diversas terminologias e conceitos relacio-nados aos surdos e sua língua materna. Já no próximo conteúdo, conhecerá a história dos surdos desde os tempos antigos até o dia de hoje.

2 Anacusia consiste na perda auditiva devido ao fator idade.

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No Ambiente Virtual de Aprendizagem você encontrará uma atividade rela-cionada aos tipos de interpretação. Não deixe de ativar este interativo. Certa-mente será muito útil em sua formação.Neste mesmo ambiente, você encontrará um vídeo no qual poderá perceber melhor a diferença entre surdo e deficiente, fato tão discutido hoje em dia. Não deixe de assistir.

Uma boa indicação de filme para este capítulo é Mr. Holland “Adorável pro-fessor” em que um professor vem a ter um filho surdo e se dedica a dar toda sua atenção, deixando de lado um grande sonho.

MR. Holland “Adorável professor”. Direção de Stephen Herek. Estados Unidos: Buena Vista Picture, 1995. 140 min., color. legendado.

1.2 Fundamentos históricos e culturais da língua brasileira de sinais

A Língua de Sinais não é universal e cada país possui a sua própria língua, que sofre as influências culturais. A nossa Língua Brasileira de Sinais (Libras) é originada pela influência francesa.

Como qualquer outra língua, ela também possui expressões que dife-rem de região para região (os regionalismos), o que a legitima ainda mais como língua.

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Fundamentos históricos

Como todo povo há sua história, os surdos não poderiam ficar de fora. Mas, infelizmente, as vidas das pessoas que não escutavam eram totalmente sombrias, pois, historiadores trazem relatos que, em sua maioria, eram pessoas amaldiçoadas e assim sacrificadas.

Ao longo dos tempos os surdos tiveram que correr atrás de seus direi-tos e sua identidade até firmarem a estaca do reconhecimento de sua língua e cultura próprias.

Até a Idade Média

De acordo com o site da AMPID, na maioria das regiões do mundo, os surdos eram sacrificados por entenderem que eram pessoas amaldiçoadas devi-da sua falta de linguagem e comunicação.

No Egito

Os Surdos eram considerados deuses e a população egípcia os respeita-va, pois serviam como intercessores aos faraós.

China

Os chineses lançavam os surdos em alto mar para não deixar marcas ou chances de se reproduzirem.

Gália

Os gauleses sacrificavam os surdos para o deus Teutates a fim de rece-ber bens.

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Esparta

Os surdos eram atirados do alto dos rochedos para não terem como sobreviver. Historiadores dizem ainda que, após o choque ao chão, os surdos eram lançados às águias e aos leões famintos a fim de não haver chances de sobreviver.

Grécia

Por não possuírem uma linguagem, os surdos eram vistos como pesso-as sem condições de raciocinar, tachados como criaturas incapazes de realizar qualquer atividade, chegando ao holocausto por desamparo ou arremetidos em abismo.

Os Romanos

Influenciados pelo povo grego, tinham ideias semelhantes acerca dos surdos, vendo-os como seres imperfeitos, sem direito a pertencer à sociedade. Era comum lançar as crianças surdas (especialmente as pobres) ao rio Tigre. Isso era feito pelos próprios pais.

Turquia

Em Constantinopla (hoje Istambul), os surdos realizavam algumas ta-refas, tais como o serviço de corte, como pajens das mulheres, ou como bobos, para entretenimento do sultão.

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Igreja Católica

A igreja católica, através de Santo Agostinho, colocava aos seus segui-dores que a surdez de um filho era um castigo aos pais devido a algum pecado realizado por eles. Assim, os pais trancafiavam seus filhos surdos em casa para não apresentarem à sociedade e se resguardarem de algum comentário.

EVANGELHO – Jo 9, 1-41 Apud AMPID

Naquele tempo, Jesus encontrou no seu caminho um cego de nas-cença. Os discípulos perguntaram-Lhe: “Mestre, quem é que pecou para ele nascer cego? Ele ou os seus pais?” Jesus respondeu-lhes: “Isso não tem nada que ver com os pecados dele ou dos pais; mas aconteceu assim para se mani-festarem nele as obras de Deus”. [...]

Curiosidade

A primeira pessoa a ensinar um surdo a falar que se tem registro foi John Beverley, em 700 d.C.,

Fim da Idade Média e início do Renascimento

Época onde a surdez passou a ser analisada mais detalhadamente por juntas médicas e científicas.

Idade Moderna

Distinguiu, pela primeira vez, surdez de mudez. A expressão surdo-mudo deixou de ser a cognome do Surdo.

França

Primeiro país a fundar uma instituição de ensino direcionada somente à surdos: o “Instituto Nacional de Surdos-Mudos” (1712 – Paris)

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O surdo foi reconhecido como ser humano e a partir deste momento entendera que ensinar ao surdo a falar seria perda de tempo, que o ensino prin-cipal deveria ser a língua gestual. Jean Massieu: um dos primeiros professores de surdos do mundo.

Idade Contemporânea até os dias de hoje

Estados Unidos

O norte americano Gallaudet, foi quem deu o início à educação de sur-dos nos Estados Unidos. Estabeleceu a ASL (Língua de Sinais Americana) como língua das pessoas com surdez. A instituição Galleudet é uma referência em educação de surdos, onde atende este grupo de pessoas a partir do nascimento até à universidade.

Alemanha

Destaque de superação, Hellen Keller ficou cega e surda logo aos 19 meses de idade. Teve como referência pessoal a professora Anne Sullivan, que a ensinou a ler e a escrever. Hellen virou escritora e conferencista e ainda descre-veu que “a surdez é o mais infortune dos sentidos humanos”.

Itália

Em 1880, aconteceu o Congresso de Milão, que deixou confusa a histó-ria dos surdos. Um grupo de ouvintes tomou a decisão de excluir a língua gestu-al do ensino de surdos, substituindo-a pelo oralismo. A partir deste momento, a oralização e a leitura labial foram os métodos mais utilizados na educação dos surdos entre os séculos XIX e XX, quase abominado de toda Europa.

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BrasilO Brasil só passou a ter uma referência no ensino de surdos a partir do momento em que o francês Hernest Huet chegou por intermédio de D. Pedro II para ga-rantir o ensino ideal aos surdos brasileiros. Logo fun-daram a primeira escola de surdos: a “Imperial Ins-tituto de Surdos – Mudos”, atualmente o “Instituto Nacional de Educação de Surdos” (INES) situada no Rio de Janeiro.Desde o século XIX, as escolas tradicionais existen-tes no método oral mudaram de filosofia e, até hoje, boa parte delas vêm adotando a comunicação total.

Comunicação Total: Expõe a criança à língua oral acompanhada simultane-amente da língua de Sinais, da escrita e de quaisquer outros meios que se considerem importantes para o seu desenvolvimento. “O importante é comu-nicar, independente do modo”.

Em 1988, realizou-se o I Encontro Nacional de Intérpretes de Língua Brasileira de Sinais, organizado pela FENEIS. Foi a primeira vez que houve um intercâmbio entre Intérpretes do Brasil e a avaliação sobre ética do profissional Intérprete.

Você deve lembrar sempre que a Libras não é universal e sim nacional, e ainda contém seus regionalismos.

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Somente em 24 de abril de 2002 foi reconhecida a Língua Brasileira de Sinais como língua oficial das comunidades surdas no Brasil através da Lei nº 10436. Este foi o primeiro e grande passo para o reconhecimento e formação do profissional Intérprete de Libras.

A língua de sinais teve um desenvolvimento muito grande até os dias de hoje apesar do pouco tempo de legalização.Como você tem discernido a Língua de Sinais para seu crescimento pessoal?Em sua comunidade, trabalho ou bairro há surdos? Tente conversar com eles, a prática é a melhor maneira de aprender a Língua Sinalizada.Como os surdos têm sido vistos e, consequentemente, tratados na sociedade brasileira?

Aparelhos auditivos

Em 1898, os aparelhos usados eram cornetas ou tubos acústicos e so-mente em 1948 surgiram aparelhos com pilhas incorporadas e em 1953 come-çou a ser usado o transistor em próteses.

Os primeiros implantes “cocleares” ocorreram em 1970. Cirurgia deli-cada que, de início, gerou muita discussão em relação ao surdo e à reabilitação da audição, pois, quem fizesse este implante deveria se sujeitar a não pular, nadar e outras atividades comuns de criança. Hoje, esta cirurgia está disponível pelo SUS, porém, há uma grande fila de espera.

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Cultura surda e sua identidade

Ao longo dos séculos os surdos foram formando uma cultura própria centrada principalmente em sua forma de comunicação. Hoje, no Brasil, encon-tramos em todos os grandes polos Associações de Surdos, onde eles se reúnem e convivem socialmente.

Os surdos têm uma cultura e característica própria, são utilizadores de uma comunicação espaço-visual, ou seja, comunicam-se através da visão e de sinais explorados no espaço.

O processo de busca por uma identidade de uma pessoa com surdez pode ser afetado desde o seu processo de aprendizagem, pois, é o período em que os pais descobrem a surdez.

O condicionamento do surdo junto à sociedade tem se tornado cada vez mais comum, porém, muitos ainda têm o olhar de “deficiente” quando re-lacionados a certas ocasiões como profissões, atividades escolares e até mesmo posições afetivas dentro de um lar onde os pais os superprotegem com medo das afrontas e até mesmo dos preconceitos que seu filho surdo venha receber. Outros encaram a Língua de Sinais como primitiva, ou inferior, à língua falada. Não é de admirar que, com tal ignorância, alguns surdos se sintam oprimidos e incompreendidos.

Todos sentem a necessidade de ser entendidos. A comunicação e a in-teração são essenciais para qualquer ser humano. Por estarmos em um país com uma vasta cultura trazida de décadas passadas influenciados por ouvintes, os surdos acabam se auto ofuscando as verdadeiras habilidades característicos que este grupo têm em contraste. A comunicação fluente entre surdos existe, fal-tando desenvolver sua própria autoestima que busque novos ares acadêmicos, sociais e profissionais, pois, historicamente e culturalmente já há uma grande registro e conhecimento. Hoje ainda há certa desconfiança dos surdos em re-lação aos ouvintes. Isso se dá desde o “Congresso de Milão”, onde os ouvintes respondiam pelos surdos.

O contato com o surdo sinalizado é exclusivamente através da visão, o contrário de uma pessoa ouvinte, que utiliza a modalidade oral-auditiva para se comunicar.

Agora lhe faço uma pergunta: Se você tivesse que chamar um surdo e este está de costas para você, o que você faria?

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Não adianta gritarmos ou chamá-los pelo nome. Seria em vão, pois, como sabemos o surdo não ouve. Assim, o mais correto é tocá-lo ou fazer um movimento com o braço onde ocorreria uma sobra e se caso estivesse um pouco mais distante, o melhor procedimento é pedir que outra pessoa o indicasse.

Dependendo da situação, em termos de distância e local físico, pode-se dar umas pisadas com uma certa força no chão ou fazer piscar a luz do ambien-te. Esses e outros métodos apropriados para captar a atenção dão reconheci-mento à experiência dos surdos e fazem parte de sua cultura.

Quando dirigir-se ao surdo, nunca use os termos: Deficiente Auditivo, D.A., Surdo-mudo, Surdinho e Mudinho. Estes termos NÃO são corretos.

Esta oportunidade que tens através desta leitura, certamente não ficará mais confusa assim que encontrar ou atender um surdo. O que poderia ser “di-ferente” no tratamento será uma ótima oportunidade de aproximação e contato direto com ele. Não se exime em interagir. No momento em que o surdo percebe sua intenção e que você conhece o mínimo da Libras, ele irá lhe ajudar na comu-nicação, tornando-a fácil e prazerosa.

A visão crítica às vezes pode ser confundida com a visão do conheci-mento e tratar um surdo como se não houvesse nada de diferente estaríamos ignorando sua característica pessoal, se é um fato, existe, devemos tentar ao máximo comunicar através das mãos.

Por causa da surdez, é evidente que o surdo venha a ter dificuldades para desempenhar algumas atividades. Mas, por outro lado, poderá ter uma extraordinária habilidade para fazer outras coisas como por exemplo: promover diversas prestezas em relação à arte que os ouvintes normalmente têm dificul-dades.

A maioria das pessoas com surdez não se importa de responder per-guntas a respeito da sua característica ou sobre como realiza algumas tarefas. Quando alguém deseja alguma informação de uma pessoa surda, o correto seria dirigir-se diretamente a ela, e não a seus acompanhantes ou Intérpretes.

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Para os ouvintes, o tom da voz é um diferencial e um fator determinante quando expressa sentimentos ou expansão de raiva e alegria. Já para os surdos, esta possibilidade não se tornaria enérgica, mas se a gradação da voz for bem substituída pela expressão corporal e facial, terá a mesma significação e eficácia.

No Brasil, há uma lei que resguarda o direito igualitário e acessibilida-de (nº 10.098), assim, devemos lembrar que os ouvintes não são diferentes dos surdos, eles têm os mesmos direitos. Devemos propor aos surdos uma comuni-cação real e um tratamento que os levam ao mesmo objetivo dos ouvintes.

Dentro da comunidade surda, existem três tipos de surdos: surdos si-nalizadores, surdos oralizadores e surdos bimodais.

De acordo com o censo demográfico de 2000 realizado pelo IBGE, no Bra-sil, existem aproximadamente 5,7 milhões de surdos dos quais quase 777 mil estão em idade de escolarização e apenas 70 mil estão nas escolas se-gundo Inep.E de acordo com um levantamento acadêmico que acompanho e oriento em Sergipe, mais de 90% dos surdos estão irregulares nas escolas em re-lação à idade/série escolar.

Surdos sinalizadores

São os surdos que utilizam única e exclusivamente a modalidade qui-roarticulatória-visual (Libras) como meio de comunicação. Quando houver a comunicação com este tipo de surdo, a pessoa deverá ficar em lugar iluminado, evitando também ficar contra a luz (de uma janela, ou refletor, por exemplo), assim, pode dificultar a visão das mãos. Quando o surdo não oralizado estiver acompanhado de um Intérprete, dirigir-se sempre a ele (ao surdo), não ao intérprete.

Sinal de “AMIGO”

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Caso necessário, comunique-se com o surdo através de bilhetes. O importan-te é comunicar, independente do método.

Surdos oralizados

São os surdos que comunicam apenas pela oralização, ou seja, pela lei-tura labial e fala. Estes surdos desenvolveram sua técnica vocal através da ajuda de profissionais que abordam a saúde vocal. Com os surdos, devemos falar de maneira clara, pronunciando bem as palavras, sem exageros nas articulações da boca, usando a velocidade normal, a não ser que ela peça para falar mais deva-gar. Falar diretamente com a pessoa surda e de frente para ela. Fazer com que a boca esteja bem visível. Qualquer objeto e até mesmo se a mão estiver próxima à boca, tornará dificultoso a leitura labial.

Como as pessoas surdas não podem ouvir mudanças sutis de tom de voz, que indicam sentimentos ou expressões de agressividade ou mansas, as expressões faciais, gestos ou sinais e o movimento do corpo são excelentes in-dicações do que se quer dizer ou destacar. Concluindo, no fim de uma conversa com um surdo você terá um feedback positivo ou negativo que é o retorno visual se ele compreendeu ou não.

Não necessita gritar com um surdo oralizado, ele vai ler os lábios e não lhe ouvir.

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Surdos bimodais

São os surdos que utilizam a comunicação através da sinalização e oralização concomitante-mente como recurso e auxílio para o entendimento. Ele sinaliza e oraliza no mesmo instante, ou seja, é o uso de duas línguas distintas ao mesmo tempo. E é diferente do Bilinguismo, que é o conhecimento e o domínio de dois idiomas diferentes.

Você deve lembrar sempre que a Libras não é universal e sim nacional e, ain-da contém seus regionalismos.

No exemplo ao lado veja o sinal de “CASA” + o uso da oralização de “CASA”.

Isso é bimodalismo.

Para o próximo conteúdo, você co-nhecerá todos os aspectos biológicos da audi-ção, como: aparelho auditivo, causas da surdez, diagnósticos, entre outros.

No Ambiente Virtual de Aprendizagem você encontrará situações pro-blemas nas Rotas de Consolidação de Aprendizagem (RCA) que nos auxiliará com as condições históricas dos surdos que até hoje os aflinge.

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Vale a pena conhecer a história de Helen Keller desde sua infância. Mulher que ficou cega e surda ainda quando criança e conseguiu ser alfabetizada e ainda virou escritora e conferencista. Para conhecer melhor, veja através dos vídeos em historinha em qualquer site de procura e digite “Helen keller PT parte 1” e “Helen keller PT parte 2” ou então copie estes links em seu navegador.

Helen Keller Pt Parte 1. Disponível em: < http://www.youtube.com/watch?v=hs_c0EEHrGg >. Acesso em: 29 mar. 2012.

Helen Keller Pt Parte 2. Disponível em: < http://www.youtube.com/watch?v=GpvQnqWHH6g&feature=related>. Acesso em: 29 mar. 2012.

1.3 Aspectos biológicos e suas definições

Antes de conhecer as verdadeiras patologias3 da surdez, é importante buscar e compreender as funções básicas da audição, sentido esse que controla a linguagem e a fala.

Localização e identificação

Estabelece de onde vem a direção e a fonte sonora. Quando queremos fazer um teste ou até mesmo um exame clínico em uma criança para saber se há algum problema de audição, basta chamá-la, se ela não responder ou não voltar para onde vem a voz pode ser um sinal de surdez. Para intensificar a certeza faça um barulho mais intenso como bater panelas por trás da criança, caso ela não se assuste ou não vire procurando de onde vem o som, deve-se procurar com urgência um médico especialista (Otorrinolaringologista).

3 Estudo das doenças

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Alerta

Esta possibilita atentar os estímulos de curiosidade e periculosidade que nos rodeia como, por exemplo, uma moto em nossa direção.

Socialização

Ao nascermos, damos o início à socialização, onde adquirimos hábitos, habilidades paralelas e estimas de cada situação.

Para Barreto, 2012, “[...] existem etapas pelas quais o homem passa para se transformar em um ser cultural e social. Socialização primária são as funções aprendidas no seio familiar.”

Comunicação

Visto que a fala é um dos instrumentos de comunicação mais utilizados no mundo, sua compreensão depende de um nível de audição.

Os sons percorrem um caminho que compreende desde o meio am-biente, passando pelo ouvido externo, médio, interno, nervo auditivo e seguin-do até o cérebro.

Com base no site de medicina da USP (otorrinousp.org.br), no livro de Sobotta (1995) e Pedroso (2006) apresenta-se a parte biológica do ouvido humano.

Ouvido externo

É constituído pelo pavilhão auricular(1), pelo conduto auditivo(2) e pela membrana timpânica(3). Estas

estruturas são responsáveis pela captação e con-dução dos sons.

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Ouvido médio

Nele encontramos os ossículos, ou seja, os três menores ossos do corpo humano: martelo, bigorna e estribo. A orelha média é responsável pela trans-formação da energia sonora em energia mecânica, e pela proteção da orelha in-terna de sons muito intensos, por meio da contração de um músculo chamado estapédio.

Ouvido interno

Possui formato de caracol e compreende a có-clea(1) e os canais semicirculares(2). Nestes canais, encontram-se as estruturas responsá-veis pelo equilíbrio e na cóclea há o órgão de Corti, que transforma a energia mecânica em impulso nervoso. Do ouvido interno, o som é conduzido pelo nervo auditivo e demais estruturas da via audi-tiva até chegar ao córtex cerebral.

Para ter uma compreensão mais clara do funcionamento destes três ouvidos, vamos unir estas informações.

O som é captado pelo pavilhão auricular, passa pelo canal auditivo e é transmitido à membrana timpânica, fazendo-a vibrar. Essa vibração é transmi-tida aos ossículos. O estribo provoca a movimentação da membrana da janela oval, que liga o ouvido médio ao ouvido interno. Esta movimentação provocada pelo estribo faz com que ocorra um deslocamento nos líquidos que se encon-tram dentro da cóclea, estimulando o órgão de Corti, ocorrendo a transmissão do impulso nervoso para o nervo auditivo. A partir desta transmissão, o som passa por diversas estruturas, até o cortex cerebral, onde é interpretado.

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Se vier a acontecer alguma lesão em algumas dessas estruturas, poderá haver danos na sensibilidade auditiva.

A surdez consiste em um impedimento para detectar a energia sonora e, com isso, há graus de perdas auditivas, quais sejam:

Perda Leve ou Ligeira (26 a 40 dB)

A palavra é ouvida, mas certos elementos fonéticos ficam complicados de entender. Tem, por exemplo, dificuldade em compreender uma conversa a uma distância superior a 3 metros. Neste grau, a surdez não provoca atraso na aquisição da linguagem, pode haver dificuldades de articulação e dificuldades em ouvir a voz em tom natural (são pessoas tidas como muito distraídas). Ne-cessitam de ensino de leitura da fala e de estimulação da linguagem. Deve-se ob-servar também uma posição adequada para conversar, ou seja, frente a frente.

Perda Moderada (41 a 70 dB)

Só consegue ouvir a palavra quando esta é de intensidade forte, alta.Esta perda traz dificuldades na linguagem, tanto na escrita quanto na

leitura. A pessoa que tem uma surdez moderada utiliza-se muito do apoio visual dos lábios para facilitar no entendimento. Certamente, há a necessidade de um acompanhamento fonoaudiológico para que seja feito o treino auditivo e esti-mulação da linguagem.

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Pergunta-se muito “hein, o quê”? Troca palavras foneticamente seme-lhantes como (linha/pinha, mão/não, pão/cão).

Perda Severa (71 a 90 dB)

A pessoa que obtém a perda auditiva severa, não é capaz de entender uma palavra em seu tom normal. Será necessário agravar a voz. O uso do apa-relho auditivo é indicado, nestes casos, para que facilite o entendimento. Estas pessoas escutarão somente sons intensos como furadeira, escapamento de moto ou então gritos ao pé do ouvido.

Perda profunda (superior a 90 dB)

A audição, neste caso, está totalmente comprometida. Não é capaz de reagir de forma adequada aos sons ambientais, pois

escuta somente sons graves que transmitam vibrações, como trovão, aviões, ex-plosões, foguetes etc.

As perdas auditivas podem ter diversas origens: congênitas, quando o problema ocorreu antes do nascimento ou adquiridas quando acontece no Peri (durante) ou pós-natal.

Para conhecer as causas da surdez, teremos como auxílio os sites (www.abcdasaude.com.br) e (www.otorrinousp.org.br).

Durante este capítulo, podemos conhecer a classificação da surdez e os tipos de surdos. Pois bem, para todo esse retrospecto, há motivos para que essas reduções ou perdas auditivas aconteçam e para cada uma questionamos: Quando?

Causas pré-parto

As causas pré-parto são aquelas ocasionadas antes do nascimento, e a principal delas é a hereditariedade, que é transmitida geneticamente de geração em geração, particularmente quando existem casos de surdez na família a qual também seja por causa hereditária. Quando o pai e a mãe são surdos e a causa dessa surdez não é hereditária, seus filhos não serão surdos. Mas ainda há ou-tros destaques como:

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D rubéola: vírus que é transmitido por via respiratória infectada por mulheres grávidas. É a principal causa congênita;

D sífilis: adquirida na relação sexual, esta bactéria pode causar várias consequências ao bebê, inclusive a surdez;

D toxoplasmose: parasita presente em animais domésticos, como cachor-ro, gato etc. A gestante contamina o feto através da placenta, provocan-do sérias complicações, principalmente nos três primeiros meses de gestação e pode acontecer de o bebê nascer com deficiência múltipla como surdez, retardo mental e visão subnormal;

D citomegalovírus: vírus herpes que predomina principalmente em regiões mais pobres. Dá-se por contágio principalmente por falta de cuidados higiênicos. Sua contaminação pode acontecer ainda na gravidez ou durante sua passagem através do canal do parto;

D anomalias craniofaciais: anormalidades morfológicas do pavilhão auricular e do canal auditivo;

D medicamentos Oto tóxicos: a ingestão de drogas por mulheres grávidas leva à lesão do ouvido do bebê. Antibióticos, diuréticos e anti-hipertensivos. Além destas medicações, algumas outras subs-tâncias são perigosas e estão presentes nas fórmulas de produtos domésticos como: monóxido de carbono, tabaco, mercúrio, álcool, arsênio e chumbo;

D exposição aos Raios X: A maioria dos exames de raios X com fina-lidade diagnóstica (no dentista, por exemplo) expõe o feto a níveis elevados de radiação para que haja consequências negativas, por isso, mas, no dia do exame, não se pode deixar de mencionar uma grávidez, assim poderá ser melhor protegida com uma espécie de colete de chumbo.

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Peri parto (durante o parto)

Neste momento, a surdez é originada no momento do parto e, geral-mente o médico aconselha que o “parto normal” seja substituído pela cesárea.

A herpes, doença sexualmente transmissível (DST), é o que mais se destaca neste período. A transmissão acontece durante o nascimento e pode até levar o bebê à morte.

Pós parto

As causas pós-parto direcionam a surdez quando o bebê já nasceu. É neste período que se desenvolvem as maiores ocorrências, e podemos destacar:

D ruído ocupacional: perda auditiva induzida por ruído (PAIR), que é um distúrbio auditivo que afeta boa parte da população devido à exposição diária a sons graves e estrondos, a exemplo das músicas através dos fones de ouvido;

D hipóxia: diminuição da oferta de oxigênio para o feto no momento do nascimento;

D medicamentos Oto tóxicos: quando utilizados em múltiplas doses ou em combinação com diuréticos;

D ventilação mecânica: quando o bebê fica exposto por cinco dias ou mais;

D infecção por vírus ou bactérias: além da meningite, que é o maior causador da surdez em bebês, há outros como sarampo, caxumba e a otite média recorrente ou persistente por mais de três meses;

D lesões traumáticas: mais comum em traumatismos crânio-encefá-licos;

D presbiacusia: perda auditiva gradual devido ao fator idade, ocor-rência mais comum em pessoas com mais de 65 anos.

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D amamentação4: na ingestão do leite com o bebê deitado sem qual-quer inclinação. O leite passa pela Trompa de Eustáquio e chega ao ouvido médio, provocando uma otite média.

Surdez por condução

A surdez por condução, por muito das vezes há possibilidades de re-versão, a depender de sua gravidade e o causador pode ser a própria pessoa e podemos citar:

D excesso de cerúmen (cera no ouvido);

D limpeza incorreta do ouvido;

D secreção na orelha média (Otite Secretora ou Otite Serosa);

D infecções agudas ou crônicas do ouvido (Otite Média Aguda ou Crônica);

D perfuração timpânica, erosões dos ossículos;

D otosclerose ou aderências: Imobilização de um ou mais ossos do ou-vido;

D tumores na orelha média.

Northern e Downs (1996 apud Pedroso, 2006, p. 48) uma em cada mil crianças nasce com surdez. Além disso, duas em mil adquirem a surdez na infância. No caso de as crianças possuírem fatores de risco para a surdez, essa proporção aumenta para uma criança em cinquenta.

4 Para evitar a surdez por este meio é muito simples. Basta não cortar o bico da mamadeira e dar uma pequena inclinação no bebê ao amamentar.

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Como vimos, são muitas as doenças que podem induzir a surdez em crianças e adultos. Percebe-se que boas incidências são através da mãe, a qual deve manter seus cuidados até mesmo antes da gravidez.

Hoje, há vários diagnósticos e avaliações para um atendimento mais eficaz e preventivo. A detecção precoce é de fundamental importância para mi-nimizar suas consequências.

Após o nascimento de um bebê, deve ser feito, de preferência em sua primeira semana de vida, o Teste do Pezinho, que é um exame de prevenção realizado no recém-nascido com a finalidade de detectar e prevenir o desen-volvimento de doenças doenças graves que podem causar na criança. Hoje em dia, também é disponibilizado por todos os municípios brasileiros o “Teste da Orelhinha” em recém-nascidos, gratuitamente. Esse teste é uma (triagem au-ditiva neonatal), é indolor e de rápido diagnóstico.

Este sim é o primeiro exame a ser feito que possa diagnosticar a surdez ou um futuro problema de audição. Quando precocemente diagnosticada a sur-dez, a criança terá maiores condições no seu desenvolvimento linguístico.

Além destes exames, vamos conhecer outros que poderão ser indicados:

D audiometria de tronco cerebral (BERA): avalia a audição periféri-ca e a condução nervosa até o colículo inferior. É uma técnica não invasiva e objetiva, que pode ser aplicada em adultos e crianças de qualquer idade. O BERA é realizado dentro de uma cabine acústica, e utiliza 3 eletrodos de superfície, colocados na fronte e mastoides. O resultado é expresso em um audiograma, que é um gráfico que revela as capacidades auditivas do paciente;

D imitanciometria: neste exame, uma pequena sonda é posicionada, de forma indolor, na entrada do conduto auditivo do paciente.

D timpanometria: avalia a complacência da orelha média, ou seja, a condutância sonora das estruturas das orelhas externa e média.

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D reflexo estapédico: avalia a integridade do arco reflexo estapediano e, por consequência, de forma indireta, as estruturas das orelhas mé-dia e interna, nervo auditivo e tronco cerebral. É de extrema utilida-de para o diagnóstico das otites catarrais crônicas em crianças.

As classificações da surdez dependem da lesão no ouvido e de acordo com seu período ou época em que ocorreu a perda da audição.

Se você perceber alguém que troca de letras na fala e na escrita, com dificul-dade de aprendizado, desatento, sem amizades e estão sempre isolados, isto pode ser um indicativo de um problema na audição. Encaminhe-o para um especialista em otorrinolaringologia.

Tipos de surdez

Surdez Pré Verbal

São os surdos que nasceram ou perderam a audição antes mesmo de desenvolverem a fala e a linguagem.

Surdez Pós Verbal

São aqueles que perderam a audição após o desenvolvimento da lin-guagem, ou seja, aprenderam a falar e entender outra língua oral antes de ficar surdo.

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Surdo-cegueira

Independente do tipo de surdez, o essencial é que o surdo aprenda a Libras, pois, será o melhor meio de comunicação e interação.

Surdo-Cegueira

É uma deficiência múltipla que apresenta a perda da audição e da visão simultaneamente, impossibilitando o uso dos sentidos, criando necessidades especiais de comunicação e causa extrema dificuldade na conquista de metas educacionais, vocacionais e sociais.

Algumas pessoas surdas-cegueira são retraídas e isoladas, pois se de-param com a dificuldade de se comunicar, não apresentam curiosidade, nor-malmente apresentam problemas de saúde que acarretam sérios atrasos no de-senvolvimento, não gostam do toque das pessoas, não conseguem se relacionar com as pessoas e encontram dificuldade na habilidade com a alimentação e com a rotina do sono, têm problemas de disciplina, atrasos no desenvolvimento so-cial, emocional e cognitivo e, o mais importante, desenvolvem estilo único de aprendizagem. (HONORA, s/d, p. 122).

Nesta foto ao lado representa o ato de comunicar com uma pessoa sur-do-cegueira. A utilização da Libras é indispensável, também é necessá-rio o uso do tato sobre as mãos, que acompanhará toda movimentação dos sinais.

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HONORA (s/d, 25-35), em diversos momentos apresenta algumas in-formações quanto a surdo-cegueira:

Classificação: D surdo cegueira total; D surdez profunda com resíduo visual; D surdez moderada ou leve com cegueira; D surdez moderada com resíduo visual; D perdas leves, tanto auditivas quanto visuais.

Tipos: D cegueira congênita e surdez adquirida; D cegueira e surdez adquirida; D surdez congênita e cegueira adquirida; D baixa visão com surdez congênita ou adquirida; D cegueira e surdez congênita.

Causas:Alguns problemas e doenças podem causar surdo cegueira, como:

D icterícia; D prematuridade; D sífilis congênita; D meningite; D síndrome de West; D anóxia; D fator RH negativo; D glaucoma; D síndrome de Usher; D toxoplasmose; D consanguinidade.

Fatores de risco: D epidemias de doenças como rubéola, sarampo, meningite; D doenças venéreas; D infecções hospitalares; D gravidez de risco; D Falta de saneamento básico.

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Diante de tantas situações que podem provocar a surdez, às vezes afirmamos: É muito difícil nascer ouvinte! São muitas as doenças que podem gerar esta carência sensorial e mesmo assim é possível prevenir para evitar a surdez e até mesmo amenizar os problemas de desenvolvimento linguístico, familia-res, comunicativos e sociais.Como podemos contribuir para que a prevenção da surdez seja eficaz e como cooperar para que o surdo não tenha atraso cognitivo?

No próximo capítulo, iremos abordar o início da prática desta língua visual. Lembre-se: Você deverá acompanhar com as mãos para facilitar o apren-dizado.

No Ambiente Virtual de Aprendizagem você encontrará um vídeo feito espe-cialmente para você mostrando detalhadamente todo o percurso que o som faz dentro do ouvido e ainda pode entender um pouco mais no pod cast dis-ponível deste conteúdo.

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Doenças do ouvido. [online] Disponível em: <HTTP://abcdasaude.com.br>. Acesso em: 29 mar. 2012.

MEDICINA USP. O ouvido. Disponível em: <HTTP://otorrinousp.org.br>. Acesso em: 29 mar. 2012.

Nestes dois sites, você poderá rever detalhadamente todas as particularida-des do ouvido humano.

1.4 Iniciação à língua

Neste conteúdo, iniciaremos os conceitos práticos da Língua de Sinais propriamente dita, necessitando de sua intensa leitura e movimentação manual sobre as informações aqui expostas.

Alfabeto Manual

O alfabeto manual é determinado por diversos formatos das mãos, que representam as letras do alfabeto em português. Ele é um recurso da Língua Bra-sileira de Sinais e não a língua por completo. Assim, tem função específica nos contextos e não tem a papel em bancar toda uma conversa ou interpretação. Em geral, é um grande erro comparar o alfabeto manual com a Língua de Sinais.

Este recurso é muito utilizado para explorar nomes próprios, palavras científicas, lugares ou elementos que ainda não têm sinal. Utilizar este meio sig-nifica que estaremos soletrando as palavras através do alfabeto manual, a qual também chamamos de DATILOLOGIA.

Você verá em algumas bibliografias e vídeos pela internet e até mesmo no uso por Intérpretes e surdos o “empurro das palavras” que é um “tapinha no ar” como se estivesse passando a linha de baixo através da antiga máquina de

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escrever. Este tal tapinha servia para separar vocábulos, mas este método não se usa mais.

Quando houver necessidade de fazer a datilologia de palavras compos-tas ou de duas ou mais palavras seguidas, entre uma palavra e outra, dê uma pequena pausa (conte mentalmente até dois) e faça a palavra seguinte.

Inicialmente, logo quando se aprende o alfabeto, as pessoas costumam lançar a mão configurada na letra do alfabeto para frente, esta atitude não é cor-reta, uma vez que a datilologia deverá ser feita a frente do tronco ou do ombro, com a mão parada e a modificação da estrutura (configuração) da mão deverá ser feita sutilmente e sem pressa, muito das vezes a velocidade faz com que as pessoas não compreendam as palavras e, também, velocidade não é resultado de sabedoria ou alto conhecimento.

Alfabeto Manual não é tudo na Libras, ele é apenas um recurso da lín-gua que facilitará a comunicação. Podemos compará-la com a soletração de uma palavra em português e a utilizamos para explorar nomes próprios ou palavras que ainda não têm sinais.

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Vamos conhecer o Alfabeto Manual?

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Para desenvolver com mais agilidade o alfabeto manual, pegue um livro e acompanhe o texto com as mãos. Você deverá fazer a datilologia de todas as palavras. Faça de forma clara e sem pressa. Rapidez nas mãos não é prova de conhecimento. As configurações bem feitas em suas mãos valem mais que a agilidade.

Além do alfabeto manual, existe o alfabeto em sinais que é realizados pelo pés. Este alfabeto é destinado às pessoas com surdez que não possuem os membros superiores ou que não tenham mobilidade nas mãos. Para conhe-cer este recurso, acesse o blog “Nosso mundo / alfabeto com os pés”.

A acentuação não é muito utilizada ao fazer a datilologia das palavras em um contexto interpretativo e até mesmo em diálogos informais, porém, não se deve deixar de lado na alfabetização, pois, é um meio de conhecer as palavras e suas acentuações.

Os sinais de cada acentuação são bem representativos e destacáveis. Para cada letra, a acentuação deverá ser feito logo após a datilologia da letra com acentuação.

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Conheça o movimento certo para sinalizar as acentuações:

´ ` ^ ~

Veja o exemplo de como ficaria uma palavra

B R A ´ S

Percebe-se que após a letra “A” vem a acentuação aguda para formar o nome “BRáS”.

Você acha que apenas com o alfabeto manual nas mãos é o suficiente para atingirmos a comunicação ideal para com os surdos?

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Forma correta Forma errada

Outra forma de expressar os números é através dos “numerais”.

Veja como é feita a datilologia destes numerais:

Este números são utilizados exclusivamente em contextos relaciona-dos a quantidades como, por exemplo: 2 lápis, 5 livros, 1 casa, 3 amigos etc.

Esta maneira de perpetrar é mais utilizada em interpretações.

No próximo Tema, faremos uma abordagem sobre a gramática da Libras com todas as suas características e exemplos para facilitar o conhecimento.

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No Ambiente Virtual de Aprendizagem você poderá desenvolver o alfabeto manual e os números através dos conteúdos interativos. Não perca a opor-tunidade de explorar o AVA, ele é feito para que você tenha o máximo de aproveitamento.

Para um conhecimento geral da Língua Brasileira de Sinais, é importante co-nhecer e até obter o livro de:

CAPOVILLA, Fernando Cesar; RAPHAEL, Walkiria Duarte. Dicionário enciclopédico ilustrado trilingue: e língua brasileira de sinais por-tuguês/inglês/libras. 3. ed. São Paulo: EDUSP, 2006.

Neste livro, você encontra toda parte inicial da Libras, como também teorias e sinais, além de servir como dicionário trilíngue: Português / Libras / Inglês.

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Diante de tantas informações e curiosidades buscadas para atender o pro-cesso de aquisição de conhecimento, comunicação e atendimento às pessoas com surdez, podemos perceber que a Língua Brasileira de Sinais vem, histo-ricamente, ganhando seu espaço junto à comunidade brasileira obtendo suas nomenclaturas atualizadas a favor de conceitos e de uma nova ideologia vol-tada aos surdos. A anatomia do ouvido e suas patologias são inegavelmentes necessários para nosso conhecimento, pois, trazem respostas importantes para o desenvolvimento e aprendizado das pessoas com surdez, além de au-xiliar na prevenção e detecção da surdez. Observa-se que estamos iniciando a prática para nos comunicar com os surdos e, é através do alfabeto manual e dos números que podemos inicialmente estimular um contato com a língua. É importante que esta iniciação seja plena para podermos prosseguir nos es-tudos linguísticos da Língua Brasileira de Sinais.

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Através da Libras é possível fazer a interpretação para outra língua por três técnicas diferentes. Quais são elas e como são suas diferenças?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Quais as diferenças entre um surdo sinalizador e surdo oralizador?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Quais são as principais patologias que ocasionam a surdez nos períodos pré, peri e pós-natal.______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Em que momento utilizamos o "Alfabeto Manual"?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Qual o significado da sigla Libras?

Língua Brasileira dos surdos-mudos.Linguagem dos Surdos Brasileiros.Linguagem Brasileira dos Surdos.Língua Brasileira de Sinais.Linguagem dos Surdos-mudos Brasileiros.

abcde

Verifique no AVA as respostas do exercício.

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Marque a resposta INCORRETA em relação à Libras.

a) É a língua materna dos surdos brasileiros, assim como, o Português é dos ouvintes.b) A maior diferença em Libras e português é que a primeira 'fala-se com as mãos' e com o corpo e a segunda 'fala-se com a boca'.c) O maior usuário da Libras são os surdos.d) A Libras é totalmente sinalizada e utiliza as mãos como seu maior instru-mento de comunicação.e) Classificadores na Libras é um ato de soletrar as palavras através do alfa-beto manual quando necessário.

Em qual ano a Libras foi reconhecida como língua oficial no Brasil?

a

b

cd

e

a

b

c

d

e

Verifique no AVA as respostas do exercício.

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abcde

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Qual é a melhor forma de chamar um surdo quando ele se encontra distan-te de ti, porém, no mesmo ambiente?

Piscando a luz do local.Gritando o máximo possível.Batendo palmas.Ligando para o celular dele.Jogando uma bolinha de papel.

Uma criança de 10 anos teve uma grande infecção no ouvido (otite), e a partir deste momento ele tornou-se surdo. Esta surdez foi uma surdez...

Pré-parto.Peri-parto.Pós-parto.Ainda não determinada.Pré-parto com complicações Peri-parto.

O que se entende por Presbiacusia?

Doença hereditária em que a pessoa nasce sem o tímpano.Perda da audição devido ao fator idade.Nome da doença ocasionada pela DST “sífilis”.Traumas dos distúrbios metabólicos.Peso no nascimento inferior a 1,3 quilos.

abcde

abcde

Verifique no AVA as respostas do exercício.

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Diante das palavras em Libras, assinale a opção em que as palavras este-jam em português sequencialmente.

abcde

a

c

b

Verifique no AVA as respostas do exercício.

Rota; prato; pata; pato; carro; caro; viajar; vigiar. Rato; prato; pato; pata; caro; carro; viajar; vigiar. Rota; prata; pata; pato; carro; caro; vigiar; viajar. Rato; prata; pata; pato; carro; caro; viajar; vigiar. Rata; prato; pato; pata; caro; carro; viajar; vigiar.

Diante dos dados na tabela, assinale a opção que traga os mesmos dados CORRETAMENTE e sem erro ortográfico.

Edvania 6 anos 9 amigos

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d

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