Parte 2 - Cristo se refere ao princípio
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Transcript of Parte 2 - Cristo se refere ao princípio
“Não foi assim desde o princípio”
Durante a conversa com os fariseus, que o interrogam sobre a
indissolubilidade do matrimônio, duas vezes se referiu Jesus Cristo
ao “princípio”. O diálogo decorreu da seguinte maneira:
Alguns fariseus aproximaram-se de Jesus e, para experimentá-lo,
perguntaram: “É permitido ao homem despedir sua mulher por
qualquer motivo?” Ele respondeu: “Nunca lestes que o Criador,
desde o princípio, os fez homem e mulher e disse: ‘Por isso, ohomem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois
formarão uma só carne’? De modo que eles já não são dois, mas
uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe”.
Perguntaram: “Como então Moisés mandou dar atestado de
divórcio e despedir a mulher?”. Jesus respondeu: “Moisés permitiu
despedir a mulher, por causa da dureza do vosso coração. Mas
não foi assim desde o princípio” (Mt. 19, 3-8; cf. Mc.10, 2ss.).
“Períodos Teológicos”
• “Princípio”
• “Homem Original”
• Gênesis –“Paraíso”
• Antes do pecado original
• “História”
• “Homem Histórico”
• Após o pecado original
• Tríplice concupiscência
• Redenção de Cristo
• “Ressurreição”
• Homem Escatológico”
• Visão beatífica de Deus “face-a-face”
• “Núpcias do Cordeiro”
• Comunhão dos Santos
Laço entre os estados
• A teologia sistemática descobrirá nestas duas situações antitéticas
dois estados diversos da natureza humana: status naturae (estado
de natureza íntegra) e status naturae lapsae (estado de natureza
decaída). Quando Cristo, referindo-se ao “princípio”, manda os
seus interlocutores para as palavras escritas em Gn 2, 24, ordena-
lhes, em certo sentido, que ultrapassem o confim que se interpõe
entre a primeira e a segunda situação do homem. Não aprova o
que “por dureza de coração” Moisés permitiu, e refere-se às
palavras da primeira ordem divina, ligada ao estado de inocência
original do homem. Isso significa isto que tal ordem não perdeu o
seu vigor, ainda que o homem tenha perdido a inocência
primitiva. (TdC 3)
• (...) As palavras de Cristo, que se referem ao “princípio”, permitem-
nos encontrar no homem certa continuidade essencial e um laço
entre estes dois estados diversos ou duas dimensões do ser
humano. (TdC 4)
Aspecto da Subjetividade Humana
• Jesus, na sua resposta aos fariseus, evitase embrenhar em controvérsias jurídicasou casuísticas; em vez disso, fazreferência duas vezes ao “princípio”.“Princípio” significa, portanto, aquilo deque fala o Livro do Gênesis. (TdC 1)
• Na presente análise procuramos, sobretudo, tomar em consideração o aspecto da subjetividade humana. (TdC18)
Dois Relatos da Criação
Primeiro relato (Gen 1)
• “Elohim” – tradição sacerdotal
• Caráter teológico: definição do
homem (homem e mulher)
baseada na sua relação com
Deus
• Caráter Metafísico: “ens et bonun
convertuntut”
• Sete dias da criação, ser humano
criado “à imagem e semelhança
de Deus”
• O homem não é criado de
acordo com uma sucessão natural
Segundo relato (Gen 2)
• “Iaveh” – Javé
• Caráter de
subjetividade/psicológico
• Homem criado do pó, mulher
criada da costela do homem
• Mais antigo relato da
“consciência humana”
• Linguagem “Mítica”
• Consciência do corpo
O que o “Princípio” nos ensina
• Solidão original
• Unidade original
• Nudez original
• Significado esponsal do
corpo
• Inocência original
• Ciclo “Conhecimento –
procriação”
Solidão Original
• Essa solidão tem 2 significados: um que deriva da própria criatura do homem, isto
é, da sua humanidade (o que é evidente na narrativa de Gn 2), e o outro que
deriva da relação macho-fêmea, o que é evidente, de certo modo, com base
no primeiro significado. (TdC 5)
PRIMEIRO SIGNIFICADO DA SOLIDÃO ORIGINAL:
“´SÓ” DIANTE DOS OUTROS SERES VIVOS E DE DEUS
• O homem está só, porque é “diferente” do mundo visível, do mundo dos seres
vivos. (TdC 5)
• “Então o Senhor deus formou da terra todos os animais selvagens e todas as aves
do céu, e apresentou-os ao homem para ver como os chamaria; cada ser vivo
teria o nome que o homem lhe desse. E o homem deu nome a todos os animais
domésticos, a todas as aves do céu e a todos os animais selvagens, mas não
encontrou uma auxiliar que lhe correspondesse.” (Gn 2, 19-20)
• O homem está “só”: isto quer dizer que, através da própria humanidade, através
daquilo que ele é, o homem é constituído em uma relação com o próprio Deus
que é única, exclusiva e irrepetível. (TdC 6)
Solidão Original
SEGUNDO SIGNIFICADO DA SOLIDÃO ORIGINAL:
O HOMEM AINDA NÃO TEM “AUXILIAR QUE LHE CORRESPONDA”
• “E o Senhor Deus disse: ‘Não é bom que o homem esteja só. Vou
fazer-lhe uma auxiliar que lhe corresponda’” (Gn 2, 18)
• É significativo que o primeiro homem (‘ādām), criado do “pó daterra”, só depois da criação da primeira mulher seja definido
como “varão” ou “macho” (‘îš). Assim, portanto, quando Deus-
Javé pronuncia as palavras a respeito da solidão, refere-se à
solidão do “ser humano” (tanto o homem quanto a mulher)
enquanto tal, e não só do “macho” ou “varão”. (TdC 5)
Unidade Original
• “Então o Senhor Deus fez vir sobre o homem um profundo sono, e
ele adormeceu. Tirou-lhe uma das costelas e fechou o lugar com
carne. Depois, da costela tirada do homem, o Senhor Deus
formou a mulher e apresentou-a ao homem.” (Gn 2, 21-22)
• (...) não há dúvida que o homem cai nesse “profundo sono” com
o desejo de encontrar um ser semelhante a si. (TdC 8)
• “E o homem exclamou: ‘Desta vez sim, é osso dos meus ossos e
carne da minha carne! Ela será chamada ‘humana’ porque dohomem foi tirada’”. (Gn 2,23)
• Deste modo o homem (macho) manifesta pela primeira vez
alegria e até mesmo de exultação, de que anteriormente não
tinha motivo, por causa da falta de um ser semelhante a si. (TdC8)
Unidade Original
• Por isso deixará o pai e a mãe e se unirá à sua mulher, e eles
serão uma só carne. (Gn 2, 24)
• A unidade, de que fala Gênesis 2, 24 (“os doid serão uma só
carne”), é sem dúvida aquela que se expressa e se realiza no ato
conjugal. (TdC 10)
• Criados à imagem de Deus também na medida em que formam
autêntica comunhão de pessoas, o primeiro homem e a primeiramulher devem constituir o início e o modelo dessa comunhão
para todos os homens e mulheres que, em qualquer época, se
unem entre si tão intimamente que formam “uma só carne”.
(TdC 10)
Unidade Original
(...) O homem se tornou “imagem
e semelhança de Deus não só
mediante a própria
humanidade, mas ainda
mediante a comunhão de
pessoas, que o homem e a
mulher formam desde o “princípio”. O homem torna-se
imagem de Deus não tento no
momento da solidão quanto
no momento da comunhão,
(...) como imagem de uma
imperscrutável comunhão divina de Pessoas. (TdC 9)
Nudez Original
• “Homem e mulher estavam nus, mas não se
envergonhavam.” (Gen 2, 25)
• Devemos estabelecer, primeiramente, que se tratade verdadeira
não-presença da vergonha, e não de uma falta ou
subdesenvolvimento dela. As palavras “não se envergonhavam”
servem para indicar a plenitude de compreensão do significado
do corpo, ligada ao fato de “estarem nus”. (TdC 12)
• A “nudez” significa a bondade original da visão divina. Significa
toda a simplicidade e plenitude dessa visão, que mostra o valor
“puro” do homem como macho e fêmea, o valor puro do corpo
e do [seu] sexo. (TdC 13)
Nudez Original
A situação que é indicada ...em particular
de Gênesis 2,25 (...) não conhece ruptura
interior nem contraposição entre o que é
espiritual e o que é sensível.
(TdC 13)
Na experiência da vergonha (ou pudor), o
ser humano experimenta medo em face
do “segundo eu” (assim, por exemplo, a
mulher diante do homem), e isso é
substancialmente medo quanto ao
próprio “eu”. Com a vergonha, o ser
humano manifesta “instintivamente” a
necessidade daafirmação e da
aceitação deste “eu” de acordo com o seu justo valor. (TdC 12)
Significado Esponsal do Corpo
• “Sozinho” o homem não realiza totalmente a sua essência. Ele só a realiza
existindo “com alguém” – e, ainda mais profunda e completamente, existindo
“para alguém”. (TdC 12)
• Atravessando a profundidade da solidão original, o homem surge agora na
dimensão do dom recíproco, cuja expressão é o corpo humano em toda a
verdade original da sua masculinidade e feminilidade. (TdC 12)
• O corpo humano, com o seu sexo – a sua masculinidade e feminilidade – visto nopróprio mistério da criação, é não só fonte de fecundidade e de procriação,
como em toda a ordem natural, mas encerra desde “o princípio” o atributo
“esponsal”, isto é, a capacidade de expressar amor: exatamente aquele amor
em que a pessoa humana se torna um dom e – mediante este dom – realiza o
próprio sentido do seu ser e existir. (TdC 15)
O dom era livre do pecado, livre da vergonha, livre do egoísmo.
Homem e mulher livremente se davam um para o outro.
Isso requer domínio de sí mesmo.
Significado Esponsal do Corpo
A perspectiva “histórica” (depois do
pecado original), se constituirá de
modo diverso do que era no
“princípio” beatífico. Mas nela o
homem não deixará de conferir um
significado esponsal ao próprio corpo.
Mesmo que esse significado sofra e
venha a sofrer muitas distorções, ele
sempre permanecerá o nível mais
profundo, que exige ser sempre
revelado em toda a sua simplicidade
e pureza, e se manifestar em toda a
sua verdade, como sinal da “imagem
de Deus”. Por aqui passa também o
caminho que leva do mistério da
criação à “redenção do corpo”.
(TdC 15)
Inocência Original
• A inocência original é, portanto, o que
“radicalmente”, isto é, nas suas próprias raízes, exclui
a vergonha do corpo na relação entre homem e
mulher, que elimina a necessidade dessa vergonha
em ambos, em seu coração, ou consciência. (TdC 16)
• Depois do pecado original, o homem e a mulher
perderam a graça da inocência original. (...) Reduzir
o ser humano (o homem para a mulher e a mulher
para o homem) interiormente a puro “objeto para
mim”, deve assinalar o princípio da vergonha. (TdC 18 e
19)
Conhecimento e Procriação
O homem se uniu (conheceu) a Eva, sua mulher, e ela
concebeu e deu à luz Caim, dizendo: “Ganhei
um homem com a ajuda do Senhor” (Gen 4, 1)
“O marido conhece a mulher” ou ambos “se
conhecem” reciprocamente. Então eles revelam-se um ao
outro com aquela específica profundidade do próprio “eu” humano,
que por sinal se revela também mediante os
sexos, masculinidade e feminilidade. (TdC 20)
O estudo destes capítulos, talvez mais do que outros, torna-nos
conscientes do significado e da necessidade da “teologia do corpo”.
Penso que entre as respostas que Cristo daria aos homens do
nosso tempo e às suas interrogações, muitas vezes tão
impacientes, seria ainda fundamental a que deu aos
fariseus. Respondendo àquelas interrogações, Cristo iria se
referir antes de qualquer coisa ao “princípio”. E isto, ainda mais no contexto de uma
civilização que permanece sob a pressão de um modo de
pensar e de julgar materialista e utilitário. (TdC 23)
Nossa Senhora,
auxílio dos cristão, rogai por nós e ajudai-nos a
Conhecer o plano original de
Deus e dizer “fiat”
a ele em
Nossas vidas!
Amém