Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química,...

57
Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR 81531-990, Brasil Centro Politécnico, Curitiba, PR 81531-990, Brasil

Transcript of Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química,...

Page 1: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos

Joaquim D. Da Motta NetoJoaquim D. Da Motta Neto

Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081,Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081,

Centro Politécnico, Curitiba, PR 81531-990, BrasilCentro Politécnico, Curitiba, PR 81531-990, Brasil

Page 2: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #4 2

Resumo

Teoria de perturbaçõesTeoria de perturbações Correções para a energiaCorreções para a energia Oscilador harmônico perturbadoOscilador harmônico perturbado Átomo de hélioÁtomo de hélio Átomo de lítioÁtomo de lítio Técnicas diagramáticas Técnicas diagramáticas ConclusõesConclusões

Page 3: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #4 3

Motivação:

Suponha que se quer estudar um problema físico cuja equação de Schrödinger

0000~nnn EH

foi resolvida, ou seja, foi obtido um conjunto completo de autofunções ortonormais tais que

nmmn

00

Page 4: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #4 4

Se perturbamos o potencial levemente, provavelmente (aliás,

quase certamente) o Hamiltoniano resultante não tem solução exata.

Teoria de Perturbações é um procedimento sistemático para

obter soluções aproximadas para este novo Hamiltoniano.

Page 5: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #4 5

Existem diversas formulações de Teoria de Perturbações.

Neste curso é conveniente examinar uma que é

particularmente apropriada para nossos objetivos...

Page 6: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #4 6

John William Strutt, 3rd Baron of Rayleigh (1842-1919)

Em 1865, formou-se em matemática no Trinity College. Em 1894 descobriu o elemento argônio (com Ramsay). Em 1897 sugeriu (com Jeans) a distribuição da energia dos osciladores no problema do corpo negro. Em 1904 ganhou o Prêmio Nobel de Física.

Page 7: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #4 7

Erwin Schrödinger (1887-1961)

Inventou sua famosa equação no Natal de 1925.

Em 1926 publicou a solução da equação para o átomo de hidrogênio.

Em 1933 recebeu (com Dirac) o Prêmio Nobel de Física.

Page 8: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #4 8

Teoria de Perturbações

Se o Hamiltoniano completo pode ser desmembrado em uma parte não-perturbada 0~

H

e uma perturbação pequena em comparação com , e se conhecemos a solução exata da parte não-perturbada , então podemos imaginar que a perturbação é aplicada de modo a variar continuamente:

0~H

VHH~~~ 0

onde o parâmetro varia de 0 (perturbação desligada) até 1 (perturbação ligada).

Page 9: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #4 9

A função de onda de qualquer nível n pode ser expandida em uma série de Taylor:

...2210 nnnn ...332210 nnnnn EEEEE

Substituindo estas expressões na equação de Schrödinger, vem

......

...~~

22102210

3322100

nnnnnn

nnnn

EEE

VH

Page 10: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #4 10

Agrupando os termos de mesma potência de , vem

0...

...~~

...~~

...~

02112001202

10001

0000

nnnnnnnnn

nnnn

nnn

EEEVVH

EHEV

EH

Se esta série for convergente, então os coeficientes de cada potência de devem ser nulos.

Page 11: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #4 11

Correções de primeira ordem

O coeficiente de nos dá a equação

0011010 ~~nnnnnn VEEH

Para resolvê-la usamos o teorema da expansão: consideramos que as funções desconhecidas podem ser expandidas em termos das funções do Hamiltoniano de ordem zero, logo

k

kkn a 01

Page 12: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #4 12

k

kkkk

kkn EaHaH 000010 ~~

e a equação do coeficiente toma então a forma

01000 ~nn

kknkk VEEEa

Page 13: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #4 13

Multiplicando à esquerda por e integrando ao longo do espaço de configurações, a expressão à esquerda desaparece pois as autofunções não-perturbadas são ortonormais. Após alguma álgebra, chegamos à correção de primeira ordem da energia,

dVVE nnnnn0*0001 ~~

0n

Page 14: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #4 14

Correção para a função de onda

nmdVEEa nmnmm ,~ 0*000

Por hipótese, o nível En é não-degenerado, logo

00

00 ~

mn

nm

m EE

Va

Page 15: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #4 15

A correção de primeira ordem para a função de onda é

m

mmn a 01

E a função de onda perturbada é então

0

00

00

0

~

mnm mn

nm

nn EE

V

Page 16: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #4 16

A correção em segunda ordem

O próximo termo da expansão é o de segunda ordem. Do coeficiente de 2 tiramos a correção

nk kn

nk

n EE

VE

00

200

2

~

e a energia fica então

210nnnn EEEE

Page 17: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #4 17

Esta formulação deve ser satisfatória se escolhermos uma função de ordem zero

apropriada...

Se quisermos calcular sistemas de N elétrons, por exemplo moléculas,

que tipo de função é esta?...

Page 18: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #4 18

Christian Møller (1904-1980)Milton S. Plesset (1908-1991)

Escolheram o Hamiltoniano de Hartree & Fock como o Hamiltoniano de ordem zero.

Page 19: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #4 19

Existem várias formulações diferentes de Teoria de Perturbação. A que tratamos aqui é a de

Rayleigh-Schrödinger.

Para que os conceitos fiquem mais claros, é conveniente apresentar neste ponto alguns exemplos de aplicações...

Page 20: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #4 20

Oscilador harmônico perturbadoSuponha que queremos obter níveis de energia aproximados para um sistema cuja equação é

02

8 432

2

2

2

2

nn

n bxaxkx

Eh

m

dx

d

É fácil reconhecer que, se a e b fossem zero, esta seria a equação do oscilador harmônico, cujas soluções já conhecemos. Se a e b são pequenos, podemos tratar estes termos como perturbações:

43~bxaxV

Page 21: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #4 21

Precisamos então calcular as integrais

dxxbdxxaV nnnnnn

04*003*0

A primeira integral é zero. A segunda integral é calculada usando-se como funções de ordem zero as soluções do oscilador harmônico não-perturbado,

nnn HeNx 2/2

x onde

Page 22: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #4 22

Da já conhecida fórmula de recorrência

022 11 nnn nHHH

é fácil reconhecer que 112

1 nnn nHHH

A seguir aplica-se esta relação a e1nH1nH

e somam-se os termos semelhantes. O resultado é:

Page 23: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #4 23

222 1

2

1

4

1

nnnn HnnHnHH

Elevando-se ao quadrado esta expressão, a integral vira uma soma de integrais da forma

nmsen

nmsedHHe nmn

!2

02

E após alguma álgebra chegamos a:

!221!22

1!2

16

2 22222

nnnnnnN

I nnn

Page 24: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #4 24

Ou simplificando

1224

3 22

nnI

e portanto a correção é

1224

3 22

1 nnb

En

Page 25: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #4 25

Átomos de dois elétrons

O operador Hamiltoniano para este sistema é

rr 21210

222

21

2 1

42

~~~

r

Z

r

Ze

mVTH

o qual pode ser reescrito como

VHVHHH ee

~~~~~~ 021

Page 26: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #4 26

Albrecht Otto Unsöld (1905-1995)

Estudou Mecânica Quântica com A. Sommerfeld na Universidade de Munich. Em 1927 começou a estudar atmosferas estelares.

Em 1932 tornou-se professor de Astrofísica na Universidade de Kiel.

Em 1939 analisou o espectro da estrela B0 Tau Scorpii. Em 1956 recebeu a medalha Bruce.

Page 27: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #4 27

Aqui a solução de ordem zero (não-perturbada) é apenas a superposição de duas funções de onda hidrogenóides,

021 /

30

3

21001100210

8, arrZe

a

Z

rrrr

e a energia não-perturbada é...

eVEEEEZZ HHH 8,10884442 02

A correção de primeira ordem é

2

344

5

48

5~

0

2

0

ZeVE

Ze

a

ZV H

Page 28: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #4 28

Egil Hylleraas mostrou que é possível obter correções de ordem superior combinando os métodos variacional e perturbativo. Até terceira ordem,

eVE

eVeVeVeVE

EEEEE

0,79

1,03,4348,108

3210

e a energia total em primeira ordem é

eVeVeVEEE 8,74348,10810

Page 29: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #4 29

Átomos de três elétrons

rr rr rr 3231213210

2

23

22

21

20

111

4

...2

~~~

r

Z

r

Z

r

Ze

mVHH

Considere um átomo de lítio, consistindo de três elétrons orbitando um núcleo com três prótons mais alguns nêutrons. O operador Hamiltoniano “completo” para este sistema é

Page 30: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #4 30

VHVHHHH~~~~~~~ 0

321

Este Hamiltoniano pode ser reescrito como

O Hamiltoniano total é então a soma de dois termos, um Hamiltoniano “de ordem zero” ou “não-perturbado” (os três átomos hidrogenóides “independentes”) mais a perturbação

rr rr rr 3231210

2 111

4

~

e

V

De novo, este é o termo que torna o problema impossível de resolver analiticamente...

Page 31: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #4 31

No estado fundamental (2S1/2) do lítio temos dois elétrons

ocupando um orbital 1s, mais um elétron ocupando um orbital 2s. Se a solução fosse apenas a superposição destas três funções de onda hidrogenóides, ou seja o produto de Hartree

03

21 /2

0

32/9

0

2/9

3210 2

2,,

ar

rrZ

ea

Zr

a

Z

rrr

a energia seria dada por

eVE

EEEEZZ

H

HHH

5,2754

814

99993 02

Page 32: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #4 32

Usando como função tentativa o determinante de Slater

332331331

222221221

112111111

6

10

sss

sss

sss

pode-se demonstrar, usando argumentos de ortogonalidade das funções de spin, que a correção de primeira ordem é

ssssss KJJE 211121

1 2

Page 33: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #4 33

As integrais de dois elétrons são

0

2

11 8

5

a

ZeJ ss

0

2

21 81

17

a

ZeJ ss

0

2

21 729

16

a

ZeK ss

e portanto eVa

eE 5,83

2972

5965

0

21

logo a energia até primeira ordem é

eVeVeVEEE nnn 0,1925,835,27510

Page 34: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #4 34

Outros exemplos de aplicação:

Acoplamento spin-órbita Efeito Zeeman Efeito Stark Acoplamento Russell-Saunders Acoplamento j-j

Page 35: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #4 35

Átomos de muitos elétrons

Lembra-se do espectro do rubídio?

4150 Å 7800 Å5600 Å

A que transição se refere cada linha? Como isso nos ajuda a entender a estrutura eletrônica?

Page 36: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #4 36

Partição do Hamiltoniano atômico

O Hamiltoniano é muito complicado. Mas podemos usar Teoria de Perturbação e particioná-lo em vários termos diferentes. A partição usual é:

BOSrep HHHHH~~~~~

...0

O maior termo é o Hamiltoniano de ordem zero, que se refere apenas à energia da configuração. Ele supõe uma superposição de hidrogênios.

Page 37: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #4 37

BOSrep HHHHH~~~~~

...0

O segundo termo (que é muito menor que o primeiro) se refere à repulsão eletrônica.

O terceiro termo (que é muito menor que o segundo) se refere à interação spin-órbita

N

iiiiOS SLH

1..

~~

~

Page 38: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #4 38

BOSrep HHHHH~~~~~

...0

Finalmente, o último termo se refere à interação com um campo magnético externo.

BBH SLB

~

Este é o termo revelado pelo efeito Zeeman (aplicação de um campo magnético).

Page 39: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #4 39

...0 ~

~

~~

OSrep HHHH

Page 40: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

XXIX ENEQui, Curso 9, Aula #4 40

Teoria de perturbação é o método apropriado quando se consegue particionar o Hamiltoniano em

partes que têm ordens de grandeza muito diferentes (como os átomos),

pois nestes casos a expansão converge muito rapidamente.

Page 41: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

Curso 9, Aula #4 41

Mesmo para o caso simples de um sistema com dois estados, as fórmulas das correções da energia em ordem superior são bastante complicadas.

Seria interessante se houvesse uma maneira simples de representar e classificar os vários termos que aparecem em diferentes

ordens de perturbação...

Page 42: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

Curso 9, Aula #4 42

Richard Feynman (1918-1988)

Entrou para o MIT em 1935. Foi recrutado para o Projeto Manhattan.

Após a Guerra, fez a revisão da Eletrodinâmica Quântica. Por ela recebeu o Prêmio Nobel de Física em 1965.

Para isso, inventou os famosos diagramas...

Page 43: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

Curso 9, Aula #4 43

Sistemas com dois estadosA “perturbação” ( V ) é representada por um ponto, e os dois “estados” de ordem zero

1 2e

são representados por linhas apontando para baixo e para cima, respectivamente. Uma linha com uma flecha apontando para baixo é chamada “linha buraco”, e uma linha com uma flecha apontando para cima é chamada “linha partícula”.

Page 44: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

CQ757, Aula #13 44

Cada ponto tem uma linha entrando e uma linha saindo, e o elemento de matriz correspondente é  < label da linha que entra | V | label da linha que sai

> As expressões matemáticas de cada termo na energia de n-ésima ordem contêm um produto de n elementos de matriz de V no numerador.

Page 45: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

CQ757, Aula #13 45

Regras para desenhar diagramas

1) desenhar n pontos verticalmente ordenados.

2) conectar todos os pontos com uma linha contínua, de modo que cada ponto tenha uma linha passando por ele.

3) fazer isso de todas as maneiras possíveis. Dois diagramas são equivalentes (i.é. o mesmo) se todo e cada ponto é conectado a um par idêntico de pontos nos dois diagramas.

Page 46: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

CQ757, Aula #13 46

A segunda regra nos força a desenhar apenas diagramas que sejam completamente conectados ou fechados ( linked ). Diagramas de quarta ordem não-ligados ( unlinked ) tais como

não são permitidos.

Page 47: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

CQ757, Aula #13 47

A terceira regra nos diz que os diagramas

são o mesmo, por que estão conectados da mesma maneira.

Page 48: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

CQ757, Aula #13 48

Usando estas regras, podemos desenhar os seguintes diagramas até quarta ordem:

Page 49: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

CQ757, Aula #13 49

Page 50: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

CQ757, Aula #13 50

Observe que para primeira ordem ( n=1 ) aparece uma ambigüidade porque a linha é circular. Resolvemos isto definindo linhas circulares como “linhas buraco”. É fácil mostrar que os diagramas que podem ser gerados desta maneira são

1a. ordem 2a. ordem

Page 51: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

CQ757, Aula #13 51

3a. ordem

Page 52: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

CQ757, Aula #13 52

Agora postulamos que existe uma correspondência biunívoca entre os desenhos acima com n pontos e os termos que contribuem para a energia de n-ésima ordem.

É notável observarmos que tal correspondência existe!

Page 53: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

CQ757, Aula #13 53

A seguir, precisamos definir as regras que transformam cada diagrama numa expressão algébrica. As regras são as seguintes:

 1) cada ponto contribui com um fator < label da linha que entra | V | label da linha que sai

> dentro do numerador.

2) cada par de pontos adjacentes contribui com o fator

00partículaburaco EE

no denominador.

Page 54: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

É fácil usar estas regras e escrever as expressões algébricas. Por exemplo, o único diagrama de primeira ordem que aparece é fechado, e é o relativo à fórmula

ji

N

i

N

jjiE

1

)1(0 2

1

Por isso o método SCF é extensivo em tamanho!

Page 55: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

Em segunda ordem, só há um diagrama

que corresponde à fórmula

. . . .

. . . .2

0

2

1

2

1

oc

a

oc

b

virt

r

virt

s srba

oc

a

oc

b

virt

r

virt

s srba

abrssrab

abrsrsabE

Page 56: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

Em ordens superiores, o número de diagramas aumenta bastante. Para desenhá-los basta seguir as regras aqui listadas... e praticar!

É fácil verificar que em métodos variacionais como CISD ou MCSCF aparece um monte de diagramas não-ligados... A inclusão de vários milhões de configurações é necessária exatamente para se livrar da contribuição destes diagramas não-ligados. Esta é uma das razões para os métodos variacionais convergirem tão devagar em comparação com os perturbativos.

Page 57: Parte IV Teoria de Perturbação de Muitos Corpos Joaquim D. Da Motta Neto Departamento de Química, UFPR, P.O. Box 19081, Centro Politécnico, Curitiba, PR.

A seguir, veremos uma alternativa interessante: somar uma classe de diagramas até ordem infinita.