Passear Dezembro 2011

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passear sente a natureza by Nº.9 . Ano I . 2011 Évora e Montemor-o-Novo M ONUMENTOS GRANDIOSOS Caminhada Nas margens do rio Lizandro Crónicas do Gerês O trilho de Carris Contato GARMIN Montana 650T 100% recomendado

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Passear, Revista Digital Edição Número 9

Transcript of Passear Dezembro 2011

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passearsente a natureza

byNº.9 . Ano I . 2011

Évora e Montemor-o-Novo MonuMentos GRANDIOSOS

CaminhadaNas margens do rio Lizandro

Crónicas do GerêsO trilho de Carris

ContatoGARMIN Montana 650T

100% recomendado

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Registada na Entidade Reguladorapara a Comunicação Socialsob o nº. 125 987

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Capa Fotografia Évora

(pág.48)

Praceta Mato da Cruz, 182655-355 Ericeira - PortugalCorrespondência - P. O. Box 242656-909 Ericeira - PortugalTel. +351 261 867 063www.lobodomar.net

Director Vasco Melo GonçalvesEditor Lobo do MarResponsável editorial Vasco Melo GonçalvesColaboradores Catarina Gonçalves, Luisa Gonçalves....

Grafismo

Direitos Reservados de reprodução fotográfica ou escrita para todos os países

Publicidade Lobo do MarContactos +351 261 867 063 + 351 965 510 041e-mail [email protected]

Contacto +351 965 761 000email [email protected]/lobodomardesign/comunicar

www.passear.com

Um ano intenso2011 foi, sem dúvida, um ano intenso para a editora Lobo do Mar ao lançarmos o projeto editorial Passear (versão paginada). Ao longo de 10 edições temos vindo a crescer em número de leitores situando a média mensal nos 7500.Em 2012 iremos aprofundar este projeto, implementar algumas alterações e esperamos continuar a ter a adesão dos nossos leitores. Vamos estar presentes na Nauticampo que terá lugar de 8 a 12 de Fevereiro, em Lisboa onde iremos desenvolver algumas acções de divulgação das actividades de ar livre em estreita colaboração com a organização do certame.

Nesta edição continuamos a publicar a nossa iniciativa de descobrir os Castelos de Portugal a partir da utilização e bicicleta. Rui Barbosa volta com as suas Crónicas sobre o Gerês, João Pimenta antecipa o grande raid no Tua e Jonas Oliveira continua à descoberta do rio Douro.Como estamos na época natalícia apresentamos-lhe algumas sugestões de presentes de Natal.

Boas caminhadas e pedaladas e um bom ano de 2012

[email protected]

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Edição Nº.9 Dezembro 2011

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PUB

Sumário04 Notícias06 Sugestões de Natal12 Passeio: À volta do Rio Lizandro24 Antevisão: Caminhada no Vale do Tua28 Crónicas do Gerês38 Canoagem42 Contacto Garmin Montana 65048 Passeio bicicleta

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Escalar por uma causaÂngelo Felgueiras está na América do sul a preparar subida ao Vinson

O escalador Ângelo Felgueiras está no continente sul-americano a treinar para a subida ao Monte Vinson, na Antárctida. O comandante da TAP, em fase de pre-paração, vai escalar o Aconcágua, partin-do depois para Patriot Hills (Antárctida), para o desafio da montanha gelada.Tal como nas duas escaladas anteriores, o Comandante da TAP, apoia novamente uma causa social com o objectivo de ‘vender’ cada metro de ascensão por um euro, para ajudar instituições de solida-riedade: Associação do Moinho da Ju-ventude, na Cova da Moura, Amadora (2007) e Escolinha de Rugby do ATL da Galiza, do Bairro do Fim do Mundo, em S. João do Estoril (2010).Desta vez o desafio, ao qual se juntaram novamente a GROUPAMA Seguros (par-ceiro desde 2007) e a Fundação EDP (vai contribuir com um euro por cada euro as-

notí

cias

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sociado), é apoiar o projecto Escolinha de Rugby da Damaia.A trabalhar o projecto da Escolinha de Rugby da Damaia está a Organização Não Governamental (ONG) Máquina do Mundo, presidida por Frederico Martins e que tem como coordenadora de projecto Filipa Gon-çalves. Esta ideia partiu do presidente da or-ganização, adepto de rugby, que se inspirou na Escolinha de Rugby da Galiza e teve em conta os poucos espaços para os miúdos do Bairro 6 de Maio (Damaia) brincarem e praticarem desporto.Depois de conquistadas as seis maiores montanhas de cada continente, Ângelo Fel-gueiras parte agora para o sétimo e último desafio: o Monte Vinson, na Antárctida. A escalada dos 4.897 metros de altitude, o pon-to mais alto de todo o Continente Antárctico, marca a conquista das sete montanhas mais altas de cada continente.

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Festival da Bicicleta Solidária

Encontro de Bicicletas Clássicas, Bici-cletas Convencionais, Passeio para todas as Bicicletas, Alley Cat Race, Cicloficina e animaçãoO objectivo do Festival é a angariação de géneros alimentares para instituições que se encarregarão de distribuir aos necessi-tados. Os participantes deverão oferecer alimentos não perecíveis (por exemplo: enlatados, arroz, massa, leite, etc.) en-tregando-os neste dia à organização.

Encontro de Bicicletas ClássicasPasseio para todas as bicicletas – nível fácilAnimação de rua com a Kumpania Al-gazarraEvento de orientação Alley Cat - percor-rer uma determinada distância pelas ruas de Lisboa, com partida e chegada ao Ter-reiro do PaçoMonociclosCicloficina – reparação e aconselhamen-to em pequenas avariasApoios: CM Lisboa; Kumpania Al-gazarra; Cicloficina dos Anjos; Camisola Amarela, Lisbon Cycle Chic, Scott.Domingo, 18 de Dezembro • 10:00 - 23:30Local: Terreiro do Paço - LisboaOrganização: FPCUB - Federação Portu-

guesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta

Organização - FPCUB: 213159648, 213561253 (fax), 912504851, [email protected], www.fpcub.pt

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100%

recomendado

BerninaPolainas básicas, impermeáveis e transpiráveis, adequadas para

utilização em neve, com um largo fecho em velcro. Também são

adequadas para a prática de ski.

Pode ser ajustada à perna, uma vez que na parte superior da

polaina existe um elástico regulável. Para além disso, devido a

possuir uma fivela, pode ser adaptada à bota calçada. Possui

também um elástico na parte inferior e média da polaina, o qual

aumenta o conforto aquando da sua utilização.

- Peso - 260g (tamanho L)

Marca: Vaude. Preço: €31.39.

Comercialização: Strail / [email protected]

Bolsa AGU Navigator 235 lateral pretoAlforge para a frente ou para trás fabricado em tecido po-

liester repelente à água 600-D com a capacidade de 17

litros.

Dimensões: 28 x 25 x 12 cm por alforge e um peso de 1250

g por conjunto.

Marca: AGU. Preço: 40,90€ (Ref: X2415235).

Comercialização: MoveFree / [email protected]

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Actives Liner GloveLuva interior elástica, desenvolvida em Po-

lartec® Power Dry®, com excelente relação

entre peso e capacidade de aquecimento.

Características:- Peso - 25g (tamanho M);

- Excelente relação entre peso e capacidade

de aquecimento;

- Acabamento interior suave;

- Bastante respiráveis, para manter a pele

seca e cómoda;

- Desenvolvidas com número mínimo de

costuras;

- Costuras lisas para aumentar o conforto e

a durabilidade;

- Desenvolvidas em Polartec® Power Dry®

e tecido reciclado.

Marca: Haglöfs. Preço: €24.99.

Comercialização: Strail / [email protected]

Evolution S17Canivete suiço multifunções.

Características:- Peso - 97,5g;

- Tamanho - 85mm;

- Cor -Vermelho.

Marca: Wenger. Preço: €39.93.

Comercialização: Strail / [email protected]

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100%

recomendado

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Edge 800 BlundleÉ um parceiro ideal de treino e aventuras em

bicicleta. É um GPS muito completo, numa uni-

dade compacta vai encontrar mapas, opções de

registo e seguimento de trajectos e funcionali-

dades de criação e registo de todos os seus trei-

nos. É um aparelho que vem actualizar a conhe-

cida gama EDGE 705, acrescentando:

Ecrã táctil, facilitando muito a utilização do

aparelho;

Aviso de que se esqueceu de fazer “start” (não

se esquecendo assim de gravar o percurso e os

dados do seu treino);

Suporta mapas Birdseye (visualização de mapas

do google Earth no GPS);

Suporta “custom mapas” - adição de mapas

raster feito pelo utilizador - como sejam cartas

militares digitalizadas e geo-referenciadas (no

Google Earth);

Calcula as calorias gastas baseando-se também

nos dados do sensor cardíaco (o 705 só faz uma

média com o seu peso, altura e distância percor-

rida).

Marca: Garmin. Preço: 379.00 Euros.

Comercialização:

Ciclonatur / [email protected]

Ferramenta BlackBurn Toolmanator 17 FunçõesCanivete Multifuncional Toolmanator

da Blackburn.

Características:- Chaves alens 2,3,4,5,6,8mm;

- Chave hexagonal 8 e 9mm;

- Chave de boca 10mm;

- Chave de fenda;

- Chave philips;

- Extrator de corrente;

- 02 espátulas para remover pneus;

- 02 chaves de aperto de raio;

- Suporte para remendar corrente.

Preço: 28,01€ (Ref: 66520001).

Comercialização: MoveFree /

[email protected]

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AQUAPAC Mini StormproffA Aquapac tem desenvolvido os seus

produtos num conceito assente na quali-

dade e na simplicidade de funcionamento.

Este é um equipamento para aqueles que

gostam de actividades de ar livre sem se

terem de preocupar com as condições at-

mosféricas. A bolsa fabricada a partir de

TPU revestido Ripstop Nylon, possui uma

impermeabilização completa para IPX6.

Marca: Aquapac. Preço: 17,00 €.

Comercialização: Lobo do Mar /

[email protected]

Steiner SkyHawk Pro 8 x 32A gama SkyHawk Pro é vocacionada para a

observação de aves combina ópticas de topo,

robustez e uma facilidade de utilização a um

preço excepcional. Binóculos prismáticos com

um design esguio extremamente ergonómico

vão ao encontro das exigências dos observa-

dores que confiam plenamente no seu desem-

penho.

Principais características:Ampliação – 8;

Diâmetro objectiva (mm) – 32;

Distância de focagem ao perto (m) - 2,2;

Pupila de saída – 4;

Campo de visão a 1000m – 112;

Luminosidade – 16;

Factor “twilight” – 16;

Peso gr - 570;

Marca: Steiner. Preço: €349,00.

Comercialização: Lobo do Mar /

[email protected]

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Quechua FORCLAZ 400Concebido para proteger da chuva ou do ven-

to e manter o corpo seco durante as grandes

caminhadas. Um casaco 3 camadas leve, im-

permeável, respirante, ventilado e extensível.

Tamanhos : S, M, L, XL, XXL, XXXL

Cores : preto.

Preço: 79.95 €.

Comercialização: Decathlon

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Saco El GordoSaco robusto, ideal para viagem e para uti-

lização diária. Possui uma tira de ombro al-

mofadada e removível, pegas de transporte

superiores almofadadas e pegas laterais, que

possibilitam um maior conforto e versatilidade

no seu transporte.

Para além disso, possui um fundo almofa-

dado, para proteger objectos mais frágeis e

tiras de compressão na parte superior do saco.

Devido a possuir pegas superiores reguláveis,

pode ser utilizado como mochila.

Características:- Tamanho disponível – L;

- Peso - 1134 g (tamanho L);

- Capacidade - 64 Litros (tamanho L);

- Medidas - L: 34cm x 61cm x 33cm;

- Material - 1260D Ballistics;

- Tira de ombro almofadada e removível;

- Fundo almofadado;

- Tiras de compressão superiores;

- Bolso lateral com fecho, para transportar

pequenos objectos.

Marca: Northe Face. Preço: €81.12.

Comercialização: Strail / [email protected]

100%

recomendado

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Vango Freedom 60+20Esta mochila de viagem é muito versátil com

muitos usos e destinos possíveis. Espaçosa e

com a possibilidade de utilizar apenas a mo-

chila mais pequena (acopolada), sendo ainda

muito resistente e confortável para as suas ex-

pedições e passeios.

Características:Capacidade: 60 + 20 L

Peso: 3100 g

Material exterior: Excel 600D poliester ripstop

Ajuste de costas: sim

Apoio lombar pré-formado

Rede nos pontos de contacto com o corpo

Mochila de 20 litros (acopolada)

Acesso ao interior com fechos

Fitas laterais de compressão

Fitas internas para arrumação

Compartimento principal com divisória

Ponto de transporte com borracha na parte

superior

Marca: Vango. Preço: 80,67 €.

Comercialização: Go Outdoor Stor

Magellan eXplorist 510GPS portátil

Características:Padrão ambiental/estanquicidade: IPX-7

Duração da bateria (autonomia): 16 horas

Saída Áudio: Bips e altifalante

Coordenadas, Datums, Grelha Utilizada: Mais

de 100

Tipo de expansão de memória: micro SD™

Memória interna: 2G

Comando do utilizador: Ecrã táctil

Ecrã: 3.0” WQVGA

Resolução: 200 x 400 pixéis

Dimensão: 6,5 cm x 3,7 cm x 12,8 cm

Câmara fotográfica: 3.2M

Waypoints / Pontos: 2 000

Geocaches: 10 000

Vista a 3D: Sim

Mapas: Mundo

Marca: Magellan.

Preço: 359,00€. Importador: Nautel

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pass

eio

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A parte final do rio Lizandro foi o cenário escolhido para uma caminhada de cerca de 15 quilómetros onde as paisagens se alteram com frequência ao longo de uma linha condutora que é o rio.

CaminhadaÀ volta do rio LizandroTexto e Fotografia: Vasco de Melo Gonçalves

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Ericeira Carvoeira Pobral F. Boa Brincosa

Duração4 horasDistância 14,7 KmDificuldade

Tipo: Circular Localização: EriceiraApreciação Geral: Dificuldade média

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14 Depois de uma semana de chuvas

intensas e trovoadas que assola-

ram o país no mês de Novembro

vi, no meteo.pt, uma aberta e decidi ir

fazer uma caminhada junto à foz do rio

Lizandro, ali para as bandas da Ericeira.

Rumo ao PobralA caminhada começa num parque de es-

tacionamento, junto à EN247, com uma

vista privilegiada sobre o Atlântico, Praia

do Lizandro e S. Julião. Depois de algum

tempo passado a observar, através de

binóculos, o Atlântico e o nosso próxi-

mo destino liguei o aparelho de GPS e

procurei o trajeto que previamente tinha

descarregado. O delinear do trajeto foi

feito através do site RideWithGPS e, é

sempre interessante de ver se que o que

programámos é exequível na prática.

As primeiras dezenas de metros do per-

curso são feitos na movimentada EN247 e

todo o cuidado é pouco pois, o peão não

tem qualquer proteção! Na descida são já

visíveis as numerosas hortas que se desen-

volvem ao longo das margens do rio Lizan-

dro. A qualidade dos terrenos e o fácil aces-

so à água para a rega fazem com que estas

hortas sejam exploradas intensamente e

com os mais diversos produtos hortícolas.

Quando já caminhamos na margem es-

querda em direção à foz é interessante de

ver o serpentear do rio e a atividade das

aves nesta zona. Corvos marinhos e gaivo-

tas alimentam-se numa grande azáfama en-

quanto, numa toada mais calma, podemos

ver o voar majestoso da garça-real.

Chegamos à costa e a vegetação quase

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A água

do ri

o

Lizand

ro é u

ma ben

são

para a

s suas

marge

ns

transf

ormada

s pelo

homem

em gra

ndes

hortas

.

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16 desaparece devido à exposição permanente,

desta zona, aos fortes ventos de N e NW

que sopram ao longo de todo o ano. Daqui

podemos ver bem a povoação da Ericeira e o

seu porto. Caminhamos um pouco mais para

Sul em direção ao casario composto por uma

pequena capela pertencente já a S. Julião.

Voltamos, momentaneamente, à estrada de

alcatrão e iniciamos a subida que nos levará

ao Pobral, o ponto mais alto a cerca de 140

m de altitude. Caminhamos por caminhos

largos observando antigos campos aurículos

e está bem patente a pressão urbanística que

esta região sofre. Apesar da beleza natural da

região, alguns dos habitantes das aldeias e

povoações pensam que a Natureza lhes per-

tence e depositam nos seus terrenos frigo-

ríficos, televisões, móveis, etc.!!! Felizmente

neste trajeto não foi muito frequente.

Regresso ao valeNo Pobral voltamos a ter contacto com

a EN247 mas, só para a atravessar e en-

trarmos novamente em caminhos fora de

estrada. Há uns dois anos tinha feito parte

deste percurso e lembrava-me que a desci-

da até ao vale é feita por um bosque com

uma paisagem de exceção. Qual foi o meu

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Em S. Julião

despedimo-nos do Atlântico para encetermos a subida que nos levará à

povoação do Pobral.

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espanto ao verificar que grande parte do

bosque tinha sido devastado por um in-

cêndio recente… Mas, mesmo assim, o

local encerra uma beleza relevante e é in-

teressante ver a azáfama nas hortas que

os agricultores, na sua maioria já com

uma idade avançada, teimam em cultivar.

No vale, grande parte do percurso é feito

junto ao rio, foi interessante observar os

efeitos causados pela força da água que

alargou margens e até deitou árvores

abaixo e amontoou canas. O silêncio

domina este vale e é quase impossível

imaginar que a menos de um quilómetro

temos estradas… O nosso próximo des-

tino é a pequena Igreja da Senhora do

Ó. Este local é aprazível e ideal para uma

pequena pausa para descanso e explorar.

Já estamos perto do final da nossa cami-

nhada. A ideia inicial era a de caminhar-

mos ao longo da margem do rio até à

pequena ponte da EN247 mas, as obras

de construção da estação de tratamento

de águas impediu a nossa passagem. Não

sei se no futuro poderemos passar! Tive-

mos que criar uma alternativa e a mais

prática foi a de subir até à povoação

Fonte Boa da Brincosa e depois descer,

por estrada, até o local de partida. Este

pequeno troço não tem nada de interes-

sante mas foi a solução encontrada para

este imprevisto.

Rio LizandroO Lizandro, também conhecido por Lisan-

dro é um rio do distrito de Lisboa, Portu-

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gal, que desagua na praia foz do Lizan-

dro junto à Carvoeira, perto da Ericeira no

concelho de Mafra. Em diferentes alturas

do ano a barra encontra-se fechada por

uma língua de areia, sendo necessária a

abertura por meios mecânicos. Nasce na

freguesia de Almargem do Bispo no con-

celho de Sintra e possui uma extensão de

cerca de 30 km, tendo como principais

afluentes, na margem direita, a ribeira de

Cheleiros e na margem esquerda, a Ribei-

ra da Garganta.

Aves no rio LizandroNa nossa caminhada levámos connosco

a mais recente edição da Lynux, o livro

sobre as Aves de Portugal, que comple-

mentado pelos binóculos Steiner foram

uns preciosos auxiliares na identificação e

localização das aves durante o nosso per-

curso. Posteriormente recorremos ao site

www.avesdeportugal.info é um local na

Internet onde temos acesso a uma infor-

mação (texto e fotografias) rigorosa sobre

as aves que podemos avistar em Portugal

e respetivos lugares de observação.

Em pleno mês de Novembro conseguimos

identificar as seguintes espécies: Garça-real Ardea cinerea mais no interior do rio;

Corvo-marinho-de-faces-brancas Phalac-

rocorax carbo, na foz; Águia-d’asa-redon-

da Buteo buteo, junto aos campos agríco-

las; Gaivota-argêntea Larus michahellis, na

foz; Peneireiro-vulgar Falco tinnunculus,

junto aos campos agrícolas.

Tenho conhecimento que a região é muito boa para a observação de aves. O próprio site da C.M. de Mafra tem um espaço dedicado à observação com sugestão de percursos.

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Informações úteis

Guarda Nacional RepublicanaEriceira – 261 866 700Mafra – 261 815 124

BombeirosEriceira – 261 863 334Mafra – 261 812 100

Descarregar e ver o percurso: http://ridewithgps.com/routes/823863

AlojamentoEriceiraCamping*** Parque de CampismoEstrada Nacional 247, km 49,42655-319 EriceiraTel.: 261 862 706/ 261 862 513Fax: 261 866 798E-mail: [email protected]: www.ericeiracamping.com

Ecolodges EriceiraEstrada do RegoEco-Club Raphaelis 2655 [email protected]

Igreja Nossa Srª. do Ó

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ANTEVISÃO

Caminhada no Vale do TuaDENTRO DAS COMEMORAÇÕES DOS 26 ANOS DO CLAC, CLUBE DE LAZER,

AVENTURA E COMPETIÇÃO – ESTE VAI ORGANIZAR UMA MEGA AVENTURA,

UMA AUTÊNTICA EXPEDIÇÃO AO VALE DO TUA QUE TERÁ LUGAR NOS DIAS 9 E

10 DE DEZEMBRO.

Texto e fotografia: João Pimenta*

* (Coordenador dos passeios pedestres do CLAC.)

Esta iniciativa é aberta a todos os simpatizantes do pedestrianismo, amantes dos

comboios e das suas vias.

Este evento será em autonomia total para 2 dias e terá o seu início no dia 9 de

Dezembro ás 6.45 h na estação de Mirandela, onde apanharemos o metro até

Cachão.

Seguidamente teremos a linha como guia e o vale do Tua por nossa conta.

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1º DIA – 30 KMUma tirada de aproximadamente de 30

km espera-nos até S. Lourenço e como

reza a historia não há trabalhos fáceis

nesta linha.

Por ser Outono as condições atmosfé-

ricas podem fazer das suas! O cuidado

tem que ser redobrado, caminhar por

pedras e travessas molhadas requer um

bom calçado (botas) devido não só à ir-

regularidade do piso como também ao

facto de estar escorregadio.

O equipamento terá que ser o indispen-

sável porque mesmo ás costas a mochila

vai moendo, quilómetro a quilómetro.

Perante tanta beleza e tanta história mui-

to está escrito, desde a formação geo-

lógica à valentia do homem em desbra-

var a natureza.

Dos castores ás aves de rapina, da en-

genharia das pontes ao sofrimento dos

túneis em xisto.

Sem dúvida uma viagem que alerta os

sentidos e sensibiliza-nos por serem lu-

gares tão belos.

Depois de passarmos uma série de es-

tações e apeadeiros, vamos pernoitar na

estação de S. Lourenço conhecida pelas

suas águas termais.

Por serem pequenos os dias, é imperativo

que à chegada se procure um local para

montar a tenda.

As condições físicas poderão não ser as

melhores mas iremos fazer antecipada-

mente uma visita ao local, devido a este

já ter sido frequentado por pessoas com

vários problemas de saúde (pele, estôma-

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go, etc.).

Ao cair da noite, não se pode perder um

jantar aquecido no calor de uma fogueira.

Uns enchidos no pão, um copo de vinho

e conversas do acaso, não há melhor para

apurar um serão no meio de tudo e no

meio do nada.

São música para os ouvidos os sons do rio

Tua que nas pedras se alonga e embala

numa noite escura, até adormecer.

2º DIADia 10, sábado esperamos o melhor e pior.

Convém levantarmo-nos cedo para fazer-

mos os restantes 16km com calma. Depois

de petiscar qualquer coisa, iniciamos a

caminhada com alguma expectativa e an-

siedade em relação ao que iremos encon-

trar mais á frente.

O Vale aperta e a paisagem geológica é

magnífica, até dantesca.

As pontes e os túneis, as estações aban-

donadas e os carris achatados pelo tempo,

são uma realidade.

Entramos na zona zero, numa despedida

anunciada e vê-la-emos provavelmente

pela última vez. Parte do Vale do Tua irá

submergir, são 14km que fazem a dife-

rença entre o natural e a mão do homem.

Por curiosidade iremos até ao limiar da

segurança, até onde for permitido. A al-

ternativa será a subida até à aldeia do

Fiolhal lá no alto do monte onde avis-

taremos a estação de Tua. Que por sinal

é nossa.

No fim desta aventura espera-se que to-

dos os participantes tenham compreen-

dido a beleza ímpar do Vale do Tua e so-

bre ele as amizades que se fomentaram

que não serão esquecidas certamente.

Cada um irá regressar a casa mais rico,

mas com uma riqueza que alguns não

querem compreender.

É o que espero deste sonho, um Raid

de fim de semana excelente com muita

fraternidade e cumplicidade

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ALGUMAS DICASAlimentação:– Como a caminhada é em autonomia total cada um deve levar comida suficiente para si durante o percurso. Muito importante é o transporte da água pois não abunda durante o trajeto. As re-feições são tipo volante (ir andando e comendo) exceto o jantar do dia 9 em S. Lourenço. Fica aqui a ideia no ar, podemos acender uma pequena fogueira e assar uns enchidos e beber um bom vinho e pão etc. Um serão de convívio.

Equipamento:- Mochila – Anatómica não superior a 50lt, ter a-tenção ao peso e se possível com proteção para a chuva. - Tenda – Se possível pequena e leve de 1 ou 2 pessoas.- Saco de cama – Quente, pois a noite pode ar-refecer aos 4°C / 5°C.- Esteira/colchonete de esponja – Chão duro.- Manta – Dá sempre jeito na rua como no interior da tenda.- Bastão – Fica ao critério de cada um. - Frontal e/ou lanterna – É sempre importante andarmos iluminados.- Algo refletor – para o corpo ex. colete. Segu-rança acima de tudo.- Máquina fotográfica – Não pode faltar, atenção ás baterias.- Prato/tacho/marmita, talheres, copo, toalha, etc. – principalmente para a janta.- Material de higiene pessoal - papel higiénico e toalhetes. - Telemóvel - Não há rede praticamente em todo o

percurso exceto em alguns pontos altos – Vodafone - “no phone no stress”.

Vestuário:O Vestuário está condicionado ao estado do tempo ficando assim ao critério de cada um.- Botas - devido ao piso pedregoso e ás passagem das travessas.- Impermeável – Com a chuva ou muita humidade dá sempre jeito. - Chapéu para a chuva ou gorro – Faça sol ou faça chuva estamos no Outono.- Muda de roupa ligeira – Caso uma fique molhada.- Roupa interior e meias suplentes – Pode fazer a diferença no andar.- Casaco quente e fato de treino - para dormir quentinho(a) a ouvir o rio.

Inscrição e taxa:

Taxa de inscrição – 2€ inc/seguro (necessário o

nome e data de nascimento)

Todos os participantes devem inscrever-se por e-

mail, telefone ou mesmo pelo Facebook pelas men-

sagens, para que o CLAC possa fazer o respetivo

seguro. Dar o nome e data de nascimento.

[email protected]

960007711 – Sede do clube

911161683 – João Pimenta

Fb – João Pimenta

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Page 28: Passear Dezembro 2011

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Crónicas do GerêsSubindo aos Carris, o trilho

pelo Vale do Alto Homem

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A curiosidAde por cArris surge-nos porque Alguém já ouviu fAlAr ou esteve numAs ruínAs nos píncAros geresiAnos. nA reAlidAde, não existe quAlquer in-dicAção bem visível que nos mostre o cAminho certo pArA cArris, e AindA bem que Assim é!!!!

Texto e fotografia: Rui Barbosa

A única indicação do trilho de Carris que

pode estar visível ao observador minima-

mente atento, encontra-se no início do tri-

lho, mesmo antes da cancela e ao lado da

ponte sobre o Rio Homem. Uma indicação

pintada a tinta branca indica “Carris” e

uma seta aponta na direção do caminho.

O trilho para Carris inicia-se a uma altitude

de 720 metros e rapidamente nos aper-

cebemos que não será um caminho fácil

para os mais desprevenidos. A sua dificul-

dade vai aumentando ao longo do percur-

so não tanto pela inclinação, mas mais pelo

estado do próprio trilho. Em quase 9,8 km

de extensão, o trilho é na sua maioria com-

posto por pedra solta que dificulta a pro-

gressão. São escassas as extensões em que

o terreno é suave.

Na quase totalidade do seu comprimento

o trilho é acompanhado pelo jovem Rio

Homem e ouvimos quase sempre o seu ru-

mor por entre as rochas.

Convém salientar que o trilho para Car-

ris está inserido num vale de extrema im-

portância para o Parque Nacional da Pene-

da-Gerês e que está integrado numa das

duas áreas de proteção total existentes

Page 30: Passear Dezembro 2011

naquela área protegida.

Tenho por hábito dividir o trilho em duas

partes que considero de dificuldade dis-

tinta. A primeira parte termina no que eu

considero ser a metade do caminho na

ponte junto do Cabeço do Modorno e

após se ter vencido já cerca de 300 met-

ros de altitude por entre pedra solta e al-

guma vegetação. A fase inicial da segun-

da parte do trilho é muito semelhante à

primeira parte, mas este vai-se tornando

mais suave há medida que nos aproxi-

mamos da Ponte das Águas Chocas,

sendo um trilho fácil

a partir daí e até ao

final do planalto onde

se inicia a subida final

para Carris, passando

nas Abrótegas e já

na Corga da Carvoe-

irinha (ou da Carvoeira). A passagem

pela Ponte das Abrótegas é muito fácil e

somos presenteados por uma paisagem

única que nos leva desde o Alto do Pás-

saro até às alturas do Altar de Cabrões

já na raia.

No início dos anos 90 ainda era pos-

sível observar ao longo do Vale do Alto

Homem uma linha de postes de madeira

sobre os quais assentava o cabo metáli-

co de telégrafo, que permitia as comu-

nicações com o complexo mineiro. Nos

nossos dias são raros os sinais, ao longo

do caminho, daquilo que mais tarde

iremos encontrar no sopé de Carris. Ti-

rando os trabalhos mais recentes levados

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a cabo pelo Parque Nacional da Peneda-

Gerês, com o objetivo de melhorar o

caminho para a reflorestação de zonas de

alta montanha, é possível observar, mesmo

no início do trilho, conjuntos alinhados de

rochas que marcam o que então teria sido

uma estrada em terra batida que permitia

a passagem de camiões para o transporte

do minério e não só. Esta estrada teria sido

bastante melhorada já na segunda fase de

exploração de Carris. Como curiosidade,

posso referir que no início da sua cons-

trução existia um pequeno caminho que

ligaria a Portela de Leon-

te a Carris e pelo qual as

largas telhas que iriam

cobrir as casas de Carris

eram transportadas em

ombros pela quantia de

2$50 nos idos anos de

40. Voltando aos nossos sinais... ao longo

do trilho vamos observando um ou outro

pequeno muro, ou um ou outro alinha-

mento de pedras que nos podem sugerir a

existência de uma rude estrada serrana. O

primeiro sinal sólido da existência de algo

mais complexo na serra surge-nos junto da

zona que dá pelo nome de ‘Água da Pala’.

Aqui, e já coberta pela vegetação, obser-

vamos à nossa esquerda (não se esqueçam

de que estamos a subir o trilho, cansados...

mas a subir!!!) uma área delimitada por um

pequeno e baixo muro. Em tempos terá

servido de curral para abrigo dos rebanhos

(tal como é referido num artigo publicado

no Século Ilustrado em 1955). Do lado di-

Tenho por hábito dividir o trilho em duas partes

que considero de dificuldade distinta.

Page 31: Passear Dezembro 2011

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Na Água da Pala iniciava-se um trilho de pé posto que atravessava

o Rio Homem

Page 32: Passear Dezembro 2011

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Page 33: Passear Dezembro 2011

O seu delimitar pelos picos das

serras leva-nos a imaginar, sonhar um

mundo antigo.

reito podemos observar, também por en-

tre a vegetação, uma pequena construção

com tijolos de cimento que nos dá a ideia

de ser uma pequena guarita, mas que já

foi referenciada como um pequeno abri-

go dos cantoneiros que mantinham o es-

tradão em estado de circulação. Esta zona

antecede uma ponte de pedra. Toda este

lugar é extremamente peculiar e bucólico.

Na Água da Pala iniciava-se um trilho de

pé posto que atravessava o Rio Homem e

subia ao longo do rio pela sua margem di-

reita no sopé da Encosta do Sol até atingir

o topo do Cabeço do Madorno, algumas

centenas de metros após

atravessar novamente o

Homem sensivelmente à

cota de 1050 metros de

altitude. Não havendo

registos cartográficos

deste trilho em direção a

Carris, documentos fotográficos atestam a

sua continuação para as zonas mais eleva-

das da serra. Quem observa a Encosta do

Sol a partir da Água da Pala, terá a sen-

sação de ainda puder vislumbrar o traçado

deste pequeno trilho que, sem dúvida, nos

proporcionaria uma visão distinta do vale.

Porém, e após várias tentativas de obser-

var no terreno a sua progressão, cheguei

à conclusão de que este trilho já desa-

pareceu e será extremamente difícil tentar

seguir o seu antigo percurso, senão mes-

mo impossível.

Após passar a Água da Pala, o trilho para

Carris entra numa zona mais plana. Até

aqui, e olhando para a nossa direita,

temos a oportunidade de observar os

picos escarpados que delimitam os Pra-

dos Caveiros ou Caveiros. Esta fase mais

plana do trilho segue pela Ponte do Ca-

garouço sobre a Ribeira do Cagarouço,

um pequeno afluente do Rio Homem.

É nesta fase que o caminho se volta a

inclinar ligeiramente e ouvimos o rugido

do jovem rio a poucos metros de distân-

cia. Por entre a vegetação é por vezes

fácil ter um olhar sobre lagoas que no

Verão são sempre uma forma de retem-

perar forças.

O trilho ultrapassa a

cota dos 1000 me-

tros de altitude, a

poucos metros de

entrarmos numa

fase do caminho

onde vamos superar

vários metros de altitude em pouca dis-

tância, ultrapassando assim um bom

declive. O trilho flete para a direita no

que são conhecidas como as ‘Curvas

das Febras’ e em pouca distância subi-

mos 30 metros em altitude antes de fle-

tir para a nossa esquerda. Nesta parte

do caminho podemos ter uma imagem

do Vale do Homem só superada pela

paisagem que nos aguarda poucos

metros após a passagem da Ribeira do

Madorno. Poucos metros mais à frente

entramos numa parte do caminho que

é ladeado, à direita, por uma parede

sólida de granito e, à esquerda, por

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Page 34: Passear Dezembro 2011

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uma queda de 50 metros que termina no

Rio Homem. O declive aqui é acentuado

e notório, mas o esforço para chegar à

meia distância merece a pena.

Somos chegados a meio do caminho

e o descanso na Ponte do Madorno é

merecido. A água da ribeira é sempre

fresca e corrente, mesmo no Verão. Ao

entrar neste pequeno vale temos a visão

de uma pequena queda de água por

debaixo da ponte e são poucos os que

resistem a uma fotografia. Situados na

ponte em direção ao final do vale, por

onde vemos o Rio Homem, temos à nos-

sa direita o imponente Cabeço do Mo-

dorno, uma escarpa granítica que atinge

os 1317 metros de altitude. Conheci to-

das as pontes até ao Madorno já em ci-

mento, mas o meu fascínio por este vale

e por Carris começou a ser despertado

pelas velhas pontes de madeira que anti-

gamente permitiam a passagem célere e

um tanto ou quanto aventureira.

É sempre bom descansar e retemperar

forças junto do Cabeço do Modorno,

mas é hora de prosseguirmos pois, logo

ali à frente, temos uma surpresa à nos-

sa espera. Prossigamos então a nossa

caminhada. Logo após abandonar a Pon-

te do Modorno e seguindo o nosso tri-

lho, vamos encontrar uma das mais fan-

tásticas paisagens que a Serra do Gerês

e o Parque Nacional têm para nos ofe-

recer. É com deslumbre que observamos

o Vale do Alto Homem e a forma como

este se projeta no céu. O seu delimitar

pelos picos das serras leva-nos a imagi-

nar, sonhar um mundo antigo. Atenção ao

vocabulário, pois é aqui que nos começam

a faltar as palavras... Ao longe vemos a Ser-

ra Amarela e com bom tempo facilmente

se vislumbram as antenas do Muro localiza-

das em Louriça. Saindo do pequeno vale da

Ribeira do Modorno entramos novamente

no vale do Alto Homem e logo ali à nos-

sa frente observamos uma estreita queda

de água com uma altura superior a 110

metros. Toda este zona nos dá paisagens

deslumbrantes em, ou após, dias de chuva

com as paredes rasgadas pelos cursos de

água que se precipitam no vale, ou então

nos frios dias de Inverno com a imagem das

quedas de água geladas que se amarram às

paredes graníticas.

Prosseguindo o trilho ao longo do vale va-

mos ganhando altitude, atingindo os 1200

metros de forma suave. Nesta fase o tril-

ho chega a complicar-se devido ao estado

do «pavimento». O Rio Homem é, nesta

fase, constituído por uma série de peque-

nos ribeiros que têm origem nos inúmeros

vales que golpeiam o topo da serra. Aos

1200 metros de altitude, na zona do Teixo

(que assim se chama porque se diz que

antigamente ali existia uma árvore desta

espécie), o trilho flete ligeiramente para a

direita seguindo um dos pequenos riachos

que, juntamente com o riacho do Corgo

dos Salgueiros da Amoreira, irá mais tarde

formar o Rio Homem. O nosso trilho segue

a base da Rocha da Água do Cando, pas-

sando pela Ponte das Águas Chocas (1285

metros) e entrando nas Abrótegas até atin-

gir a Ponte das Abrótegas (1325 metros).

Page 35: Passear Dezembro 2011

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As Abrótegas definem, juntamente com o

Outeiro Redondo, um pequeno planalto

que é atravessado pelo trilho até atingir e

seguir ao longo da base do contraforte de

Carris. Foi neste planalto onde esteve mon-

tado nos dias 17 a 19 de Setembro de 1908

o acampamento da primeira expedição ve-

natória levada a cabo na Serra do Gerês.

Neste planalto têm origem vários trilhos

de pé posto, sendo o mais interessante

aquele que segue para as Minas das Som-

bras (Galiza, Espanha) e para os Cocões

do Concelinho (através das Lamas de

Homem) e, mais tarde, Minas do Bor-

rageiro e Lagoa do Marinho. Na Ponte

das Abrótegas somos interrogados por

umas peculiares construções semelhan-

tes a pequenos pilares de rocha e ci-

mento que tinham essa mesma função.

Estas construções serviriam de ponto de

apoio, certamente de uma conduta me-

tálica para transportar água desde uma

Page 36: Passear Dezembro 2011

pequena represa ali existente até à lavaria

nova situada no topo da Corga de Lama-

longa. A paisagem aqui permite-nos ob-

servar o marco geodésico de Carris (1508

metros), o Altar de Cabrões ou Altar dos

Cabros. Neste planalto podemos tam-

bém observar vários currais destinados às

pastagens de altitude e à transumância

ainda levada a cabo na Serra do Gerês,

que sim... ainda tem pastores!!!!

A zona das Abrótegas permite o descanso

antes da subida final, verdadeiro calvário

para quem já está cansado da subida.

Ao percorrer o início da subida, um por-

menor passa desperce-

bido à quase totalidade

das pessoas. Logo no

início do declive a an-

tiga estrada dividia-se

em duas, com uma a

seguir a direção do Sal-

to do Lobo, local onde

decorreram as primei-

ras extrações de volfrâmio tirando par-

tido do aluvião vindo da Corga da Car-

voeirinha. No terreno é difícil vislumbrar

sinais desta parte da estrada e só andan-

do alguns metros no caminho principal

que segue em direção a Carris, e depois

olhando para trás, é que se vê a antiga

estrada já coberta de vegetação. Nesta

área não existem construções ou edifí-

cios, excetuando uma ou outra pequena

construção de pastores (os formos) ou

outros abrigos. Esta zona provavelmente

teria o apoio de edifícios de madeira dos

quais não existem quaisquer sinais. Por

esta zona deveria passar uma conduta de

água que teria a sua origem numa peque-

na represa próximo da Ponte das Abróte-

gas e que, apoiada em pilares feitos com

aglomerados de pedra, atravessava o

pequeno planalto para lá das Abrótegas.

Mais pilares são visíveis no extremo deste

planalto, que serve de pastagem de alti-

tude ao gado que nos meses da vezeira

passeia pela serra, já próximo do caminho

antes deste fletir para a esquerda para ini-

ciar a subida final. Seguindo o prolonga-

mento deste caminho secundário e depois

entrando em trilhos de

pé posto, chega-se às

Minas de Carris pela

sua zona inferior junto

da lavaria nova, no ex-

tremo topo do vale da

Corga de Lamalonga.

Mas voltemos à estrada

principal e iniciemos a

subida final para Carris. A parte final da

estrada vence um declive de 70 metros

ao longo da Corga da Carvoeirinha e sem

dúvida que é para muitos a parte mais

complicada de todo o trajeto. No entanto,

o final do árduo caminho é sempre uma

motivação forte para vencer estes últimos

metros.

No troço final o declive torna-se menos

intenso, com a estrada a tornar-se quase

plana mesmo a chegar ao muro que de-

limitava a entrada no complexo mineiro

de Carris.

A zona das Abrótegas permite o descanso antes da subida final, verdadeiro

calvário para quem já está cansado da

subida.

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Page 37: Passear Dezembro 2011

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Edição nº18

Page 38: Passear Dezembro 2011

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RESERVA NATURAL DO DOURO INTERNACIONAL

Canoagem

Texto e Fotografia: Jonas Oliveira*

PERCURSO 3 BARRAGEM DO PICOTE-BARRAGEM DE BEMPOSTA

ESTE PERCURSO INICIA-SE A DOIS QUILÓMETROS A JUSANTE DA BARRAGEM DO PICOTE, NUM LOCAL USADO PARA A PESCA DESPORTIVA. O ACESSO A ESTE LOCAL É FEITO PELA ALDEIA DE PICOTE, SEGUINDO AS PLACAS INDICATIVAS DE RIO/PESCA. AINDA NA ALDEIA, ACONSELHO UMA VISITA Á FRAGA DO PUIO, UM MIRADOURO COM VISTA PRIVILEGIADA PARA O RIO.

* aKademia do Kayak

Page 39: Passear Dezembro 2011

RESERVA NATURAL DO DOURO INTERNACIONAL

Canoagem

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Page 40: Passear Dezembro 2011

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O percurso deve ser feito em regime de pas-

seio, com tempo para desfrutar da rica fauna e

flora local. As barragens distam entre si aproxi-

madamente vinte quilómetros, pelo que é a-

conselhado o uso de pelo menos duas viaturas

automóveis para efeitos de resgate.

Iniciando o percurso, vale a pena subir, condi-

cionados á cota e caudal existente, o rio até á

Barragem de Picote. Será conveniente contudo

verificar se está a ser efetuada descarga ou não,

uma vez que tal situação poderá alterar a cota

e ou o caudal, aumentando assim a corrente

ou fazer com que momentaneamente este

pequeno trajeto fique sem água para navegar.

No percurso entre barragens, a paisagem é,

nos primeiros dez quilómetros, caracterizada

pelas altas encostas e rio estreito. É um per-

curso muito agradável de se fazer, com o rio

calmo e com pouca incidência de vento. Se for

num dia solarengo e quente, existem muitos

locais de paragem onde se podem dar uns mer-

gulhos para refrescar.

Aos poucos o rio vai alargando e a paisagem

muda. As altas fragas dão lugar a extensos

montes, com estradas em terra, como que

desenhadas na paisagem. O vento, na última

parte do percurso, incide com alguma intensi-

dade. A forma de o evitar será navegar junto á

margem, permitindo que a densa vegetação a-

tenue o efeito desagradável do vento contrário.

Há medida que nos vamos aproximando da

barragem da Bemposta aparecem algumas

casas de férias, principalmente na parte espa-

nhola. Existem ainda algumas praias fluviais

com kayaks e gaivotas para alugar.

É normal encontrarmos embarcações de pes-

Page 41: Passear Dezembro 2011

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ca e de recreio neste percurso. Existem ao longo

do trajeto alguns cais de amarração para embar-

cações. O local onde termina este passeio é um

desses cais e fica a cerca de quinhentos metros da

Barragem de Bemposta, num dos braços de rio na

margem portuguesa.

Informações:- Parque Natural Douro Internacional - (http://por-

tal.icnb.pt/ICNPortal/vPT2007-AP-DouroInterna-

cional );

- Câmara Municipal Miranda do Douro – (http://

www.cm-mdouro.pt/)

- Sistema Nacional de Informação de Recursos

Hídricos (http://snirh.pt/) – Informação detalhada

sobre caudal, cota, descargas, etc.

Conselhos úteis:- Utilizar pelo menos duas viaturas, sendo que

uma será para o resgate (colocação da viatura no

final do percurso);

- Iniciar o passeio durante a manhã, podendo as-

sim apreciar com mais tempo a fauna e flora local;

- Colocar protetor solar com abundância e usar

chapéu;

- Não esquecer de levar agua e uma ou duas bar-

ras energéticas;

- Em caso de almoço levar comida ligeira;

- Levar máquina fotográfica e binóculos;

- Levar uma muda de roupa;

Coordenadas GPS- Inicio (41°23’37.78”N / 6°21’56.11”W )

- Final (41°18’14.54”N / 6°27’43.90”W)

Page 42: Passear Dezembro 2011

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con

tact

o

Garmin Montana 650

A nova geraçãoOS MODELOS DA SÉRIE MONTANA TÊM UM ECRÃ DE 4”, A CORES (65K), TFT DE DUPLA ORIENTAÇÃO, COM MAPA BASE INCLUÍDO E UM RECETOR GPS DE ALTA SENSIBILIDADE COM HOTFIX®. PARA ALÉM DISTO, TODOS OS MODELOS VÊM COM RANHURA PARA CARTAS MICROSD, BÚSSOLA DE 3 EIXOS E ALTÍMETRO BAROMÉTRICO.

Texto e fotografia: Lobo do Mar

Tendo como base o modelo Montana 600, o 650 acrescenta uma câmara digi-tal de 5 megapixéis, com focagem au-tomática que georreferencia imagens, permitindo de futuro, aos utilizadores, marcar, relembrar e navegar até ao ponto exato que pretendem. Ao ligar o Mon-tana a um computador através do cabo

USB vá a https://my.Garmin.com, onde todas as fotos serão automaticamente de-tetadas. O intuitivo site myGarmin, torna simples a escolha, upload e arquivo de fo-tos. Pode também planear e rever a locali-zação da sua última aventura ao utilizar o software gratuito Garmin Basecamp. Em acréscimo à câmara de 5 megapixéis, o

Page 43: Passear Dezembro 2011

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Montana 650t, vem pré-programado com o mapa topográfico europeu detalhado a uma escala 1:100k, com detalhes de es-trada, contornos de elevação, pontos de interesse e dados relativos ao terreno.Todas as unidades da série Montana são compatíveis com a cartografia City Navi-gator ®, Garmin Custom Maps, imagens de satélite BirdsEye, imagens Birdseye Select e mapas BlueChart® g2. Receba instruções de mudança de direção com “text-to-speech” quando navega com os mapas City Navigator, utilizando o su-porte de automóvel opcional. A cartogra-fia BlueChart® g2 é obrigatória para navegação marítima.O Garmin Custom Maps permite aos utilizadores de equipamentos Garmin, transformar de forma simples, mapas eletrónicos e de papel, em cartografia dis-ponível para download de forma gratuita. As imagens de satélite BirdsEye são um serviço de subscrição que permite aos utilizadores visualizar imagens aéreas do seu destino. O Birdseye Select é um serviço que lhe permite selecionar e fazer o download de áreas personalizáveis de alguns dos seus mapas “raster” favoritos, incluindo para o Reino Unido, França, Alemanha, Áustria e Suíça.NO TERRENO

A nossa utilização do Montana 650T foi,

essencialmente, em caminhadas quer através da gravação de percursos como seguimento de percursos previamente estabelecidos em computador.O equipamento é extremamente fácil de operar e muito intuitivo. O ecrã de grandes dimensões e os símbolos com boa qualidade gráfica permitem trabal-har com facilidade e efetuar uma nave-gação segura. O conforto de utilização deve-se também, à capacidade de leitura horizontal ou vertical da imagem no ecrã (à semelhança dos mais recentes smart-phones). A qualidade gráfica dos mapas é boa e trabalhar no computador, com o BaseCamp, é muito simples.Um outro ponto forte deste equipamento é o da autonomia da bateria de iões de lítio.A máquina fotográfica de 5 megapixeis cumpre bem as suas funções mostrando contudo, alguma falta de qualidade nas imagens capturadas com grandes dife-renças de tons claros e escuros. A geor-referenciação das imagens é muito útil na organização do passeio.A possibilidade de personalização da in-formação a aparecer no ecrã é uma ca-racterística útil e boa. O equipamento é ergonómico, não é pesado mas um pouco grande demais.

Page 44: Passear Dezembro 2011

con

tact

o

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A georefrenciação das imagens obtidas com o Montana 650t são de qualidade e ajudam em navegações futuras.

Page 45: Passear Dezembro 2011

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Page 46: Passear Dezembro 2011

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con

tact

o

ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS

- Ecrã tátil brilhante de 4”, legível sob luz solar direta, 65k cores TFT, com 272 x 480 pixéis;- Recetor GPS de alta sensibilidade, compatível WAAS com HotFix® ;- Partilha sem fios de rotas, trajetos, pontos de utilizador e geocaches, entre unidades compatíveis;- Mapa base mundial interno com re-levo sombreado;- Mapa base topográfico Europeu com uma escala aproximada de 1:100k (ape-nas o 650);- Bússola de três eixos e altímetro baro-métrico; - Ranhura para cartas microSD para mapas opcionais;- Câmara digital com auto focagem de

5 megapixéis com georreferenciação automática (650 e 650t);- Saída áudio de 3.5mm;- Ligação USB de alta velocidade e in-terface de série;- Robusto, à prova de água (IEC 60529 IPX7); - Múltiplas opções de bateria: três pi-lhas substituíveis AA (até 22h) ou ba-teria de iões de lítio recarregável (até 16h) incluída.Preço Garmin Portugal: de 599,00 a 649,00 EurosPreço Ciclonatur: 549.00 EurosA Ciclonatur possui cartografia topográfica própria, num cartão memória 2Gb, Topo.Portugal comer-cializado a €25.00

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pass

eio

bici

clet

a

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De Bicicleta à Descoberta dos Castelos de Portugal

Page 49: Passear Dezembro 2011

De Bicicleta à Descoberta dos Castelos de Portugal

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Évora Montemor-o-Novo

Duração+/- 3 horasDistância 35,7 KmDificuldade

Tipo: LinearLocalização: AlentejoApreciação Geral: Dificuldade baixa

Évora e Montemor-o-Novo

Pelas planícies

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50 Com Monsaraz na minha

memória, saí do Monte do La-

ranjal pelas 9 horas e o meu

destino era agora a monumental cidade

de Évora. Com os diversos furos que me

atormentaram na anterior jornada de-

cidi, fazer o trajeto de ligação a Évora

pelas estradas nacionais para passar em

Reguengos de Monsaraz e tentar com-

prar uma câmara de ar suplente. Percor-

ridos os cerca de 16 km que separam as

duas povoações, lá estava eu à porta da

loja/oficina de bicicletas para comprar a

dita câmara de ar mas, nada feito, o azar

parece que me perseguia e o estabeleci-

mento não tinha câmaras com a dimen-

são pretendida! Como o que não tem

remédio, remediado está voltei á estrada

rumo a Évora... O trajeto de 60 km não

A cidade de Évora e Montemor-o-Novo foram os nossos destinos na descoberta dos castelos de Portugal em bicicleta. Duas realidades diferentes mas ambas com uma beleza própria.

tem qualquer dificuldade e o pedalar pelas

bermas é seguro e, ao final da manhã já

tinha chegado ao meu destino.

Em Évora fiquei instalado no Parque de

Campismo da Orbitur que fica situado nos

limites da cidade e foi onde me dirigi para

me instalar e aliviar a carga da bicicleta an-

tes de iniciar a visita à cidade. No mês de

Outubro a taxa de ocupação do parque não

é elevada e os ocupantes são, maioritaria-

mente, estrangeiros. Cumpridas as formali-

dades de registo fui á procura do meu alo-

jamento, uma casa prefabricada com todos

os requintes desde quartos, a sala, cozinha,

casa de banho e alpendre para guardar a

bicicleta. Um luxo!

Com o duche já tomado fui à procura de

uma loja de bicicletas para ver se conseguia

resolver, definitivamente, o meu problema

com a câmara de ar. Nem de propósito, a

cerca de 500 m de distância do parque ti-

nha uma loja da Specialized onde solucio-

nei o meu problema.

Évora, Património MundialA volta por Évora, Património Mundial des-

de 1986, foi feita meia de bicicleta meia a

pé com a bicicleta ao lado.

Deambular pela cidade à procura de por-

menores arquitetónicos, recantos fora do

circuito turístico, monumentos carregados

de história e simbolismo, ruas estreitas e

por vezes labirínticas, montras pelo qual o

tempo não passou, descansar nos jardins

frondosos… Évora, apesar da pressão turís-

Texto e Fotografia: Vasco de Melo Gonçalves

Page 51: Passear Dezembro 2011

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tica, consegue oferecer ainda qualidade

e autenticidade ao visitante.

O tempo voa e há que regressar ao

parque de campismo para preparar uma

refeição com as compras feitas no super-

mercado (existem diversos estabeleci-

mentos relativamente perto do parque).

No final do dia passei pela sala de con-

vívio que possui Wi-Fi gratuito para ver

os meus emails e atualizar o Facebook

da revista. Numa troca de mensagens

com o Paulo Guerra dos Santos (Projeto

Ecovias) fiquei a saber que o comboio

regional de Coruche para Lisboa tinha

acabado! Coruche era a povoação onde

eu tomaria o comboio, no dia seguinte

para regressar a Lisboa, depois de visitar

Montemor-o-Novo. Consultas no mapa

e na internet e consigo arranjar uma

solução que passava por pedalar até ao

Montijo para apanhar o barco para Lis-

boa. Mais alguns quilómetros mas, não

tinha alternativa.

Page 52: Passear Dezembro 2011

52

A volta

por Évora, Património

Mundial desde 1986, foi feita

meia de bicicleta meia a pé com a bicicleta ao

lado.

Page 53: Passear Dezembro 2011

53

Page 54: Passear Dezembro 2011

54

Rumo a Montemor-o-NovoPor volta das 9 horas deixo o parque

de campismo em direção a Montemor-

o-Novo. A quilometragem que tinha de

fazer nesse dia (cerca de 130 km) não

me deixava grande tempo e, por isso,

decidi manter-me pela EN 114.

Passados alguns quilómetros e depois de

S. Matias vi uma placa que me indicava

a existência de monumentos pré-históri-

cos nas proximidades. Decidi ir averiguar

e desviei-me do meu trajeto inicial mas,

como é costume em Portugal não há

qualquer informação adicional como,

por exemplo, a que distância estão os

monumentos, etc. Fui pedalando e pas-

sados cerca de 3 km encontrei, na povoa-

ção de Guadalupe, o Circuito Megalítico

dos 3 Cromeleques todo ele em terra

batida. Só fiz uma parte do circuito mas

terei de lá voltar pois, pela informação

que recolhi merece uma exploração mais

pormenorizada. De regresso à EN114 foi

pedalar até Montemor-o-Novo debaixo

de um calor pouco vulgar para a época

do ano.

A cidade de Montemor-o-Novo - sede

de concelho, povoação de origem muito

antiga, situava-se inicialmente na parte

interior da muralha do Castelo, expan-

dindo-se posteriormente pela encosta

virada a norte, onde atualmente se loca-

liza. A povoação possui uma organização

urbana muito característica do Alentejo

com casas de grande porte, ruas estrei-

Page 55: Passear Dezembro 2011

tas, uma praça principal, jardins e um

castelo sempre presente.

A subida para o castelo vai-nos

mostrando o monumento de dife-

rentes ângulos. O castelo tem a

funcionar, no seu interior, diversos

serviços instalados no Convento da

Saudação e um pequeno museu. As

ruínas proporcionam cenários es-

tranhos e potenciam a nossa imagi-

nação.

BalançoNeste passeio de Bicicleta à Des-

coberta dos Castelos de Portugal tive-

mos duas realidades bem distintas,

por um lado Évora cada vez mais cos-

mopolita e onde se denota um cui-

dado apurado com o seu património

e por outro lado, Montemor-o-Novo,

um lugar típico alentejano com traços

senhoriais e com um Castelo onde as

ruínas convivem com edificações bem

conservadas.

É um passeio bem agradável de se fa-

zer e que é exequível todo o ano sen-

do que no Verão deverá ser penoso

devido às altas temperaturas que se

fazem sentir na região.

Ao nível do alojamento, o Parque de

Campismo da Orbitur em Évora é uma

excelente escolha devido à relação

preço/qualidade e à sua situação geo-

gráfica. Em Montemor-o-Novo temos

algumas pensões com a possibilidade

de acolher as bicicletas.

55

Page 56: Passear Dezembro 2011

56

Sobre a Muralha de ÉvoraA muralha da cidade de Évora, com carac-

terísticas da baixa Idade Média, mantém-se

nas suas linhas essenciais, com troços bem

conservados e elementos arquitetónicos si-

gnificativos. Destacam-se a chamada Porta

de Avis (referida em 1353), a Porta de Men-

do Estevens (Porta do Moinho de Vento), a

Porta da Alagoa (defendida por uma torre),

a Porta de Alconchel (a principal da cidade,

protegida por dois grandes torreões). O troço

de muralha entre as Portas da Alagoa e do

Raimundo manteve-se íntegro durante as

épocas posteriores, não sendo alterado nas

campanhas de obras dos

séculos XVII e XVIII. A Porta

da Alagoa, entretanto, en-

contra-se atualmente muito

descaracterizada por reedi-

ficações sucessivas. A cha-

mada Porta do Raimundo,

demolida em 1880, foi re-

constituída como uma composição revivalista.

Segundo o IGESPAR, “…Ainda que se

desconheça o momento específico da 1ª Di-

nastia portuguesa em que se decidiu dotar

Évora de novas muralhas, tudo aponta para

o reinado de D. Afonso IV, monarca que re-

sidiu na cidade durante largos períodos e de

onde partiu para a Batalha do Salado.

O burgo, entretanto, havia crescido em im-

portância e em área urbana, não apenas

beneficiando do fim da Reconquista no

ocidente peninsular, mas também do am-

plo programa reordenador de D. Dinis. Uma

breve análise à planta de Évora revela

bem a dimensão dos novos bairros sur-

gidos em torno do primitivo centro de

origem romana e islâmica. Devido à am-

plitude desta iniciativa, as obras arras-

taram-se durante muito tempo, sendo

concluídas no reinado de D. Fernando,

razão por que alguns autores a referem

como cerca fernandina.

Esta estrutura baixo-medieval mantém-

se nas suas linhas essenciais, com troços

bastante bem conservados e peças de

arquitetura verdadeiramente significati-

vas na dinâmica urbanística da cidade.

As Portas de Avis (referidas em 1353), de

Alconchel, de Mendo

Estevens ou do Moinho

de Vento, apesar das

transformações poste-

riores, constituem pon-

tos fundamentais para

a compreensão desta

muralha medieval”.

Ainda segundo o IGESPAR, “…A re-

volução militar proporcionada pela desc-

oberta da pólvora obrigou à redefinição

das estruturas defensivas herdadas da

Idade Média. Das muitas cidades e vi-

las portuguesas que durante o século

XVI foram objeto de obras, a cidade de

Évora viu o seu espaço extramuros subs-

tancialmente transformado, adquirindo

uma fisionomia marcadamente militar,

de acordo com as novas exigências de-

rivadas do uso sistemático de armas de

fogo.

“A muralha da cidade de Évora,

com características da baixa Idade Média, mantém-

se nas suas linhas essenciais,...”dent

Page 57: Passear Dezembro 2011

57

Page 58: Passear Dezembro 2011

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Em 1518 D. Manuel I deu início à cons-

trução do Castelo Novo, segundo um pro-

jeto de Diogo de Arruda. Concluído sete

anos mais tarde, este castelo instituiu-se

como verdadeira cidadela militar, facto

que não impediu, no entanto, as sucessivas

transformações e atualizações ao longo dos

séculos XVI, XVII e XVIII.

Mas a verdadeira mutação da fisionomia

militar de Évora surgiu nos meados do

século XVII, altura em que D. João IV encar-

regou Carlos Lassart, engenheiro-mor do

reino, para examinar o estado da fortaleza.

Produto da Restauração, as dificuldades

económicas por que o reino passou nesses

anos, levou a que o início das obras demo-

rasse algum tempo. Assim, foi apenas na

década de 60 que se reuniram as condições

para empreender a obra, sendo o projeto,

ao que tudo indica, atribuível a Luís Serrão

Pimentel.

Como sistema defensivo moderno, o plano

desenvolveu-se com dois objetivos funda-

mentais: por um lado, reforçar a antiga cin-

ta medieval, com junção de alguns fossos

e baluartes menores; por outro, proceder a

uma defesa ativa da cidade, com uma rede

de fortes mais distantes mas suficiente-

mente perto uns dos outros e em contacto

com o burgo. Deste duplo objetivo resul-

tou a construção dos baluartes de Nossa

Senhora de Machede (o primeiro a ser con-

struído), dos Apóstolos ou o do Príncipe, e

os fortes de Santo António e dos Penedos”.

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Sobre o Castelo de Montemor-o-NovoO castelo é considerado, pelo IGESPAR, Monumento Nacional. Nas

notas Históricas-Artísticas refere o seguinte: “ A região de Montemor-

o-Novo, de remotíssima ocupação humana, chegou a integrar um cas-

tro romanizado, e possivelmente uma fortificação muçulmana. Com o

avanço da Reconquista cristã peninsular, a povoação foi conquistada

por D. Sancho I, no início do século XIII, estando então praticamente ar-

ruinada. Visando o seu repovoamento, essencial à defesa do território,

o mesmo monarca outorgou-lhe um primeiro foral logo em 1203, na

sequência do qual se terá começado a erguer de novo uma fortificação.

A alcáçova, hoje em ruínas, parece datar ainda desta época. Mas será

com D. Dinis que, à semelhança do sucedido em todo o Alentejo, se

efetuaram grandes obras no castelo, incluindo a construção da mu-

ralha da vila. No século XIV, no reinado de D. João I, Montemor-o-Novo

foi integrado no senhorio doado a D. Nuno Álvares Pereira.

As obras no castelo continuaram ao longo do tempo, sendo de realçar

a intervenção levada a cabo em finais do século XV, a cargo de Afonso

Mendes de Oliveira, mestre de pedraria, a quem D. Manuel encarregou

de vários trabalhos do género (incluindo o reforço do Castelo de Oli-

vença). O local foi palco das Cortes de 1496, estando este facto na

origem da tradição que sustenta ter sido neste castelo que o almirante

Vasco da Gama ultimou os planos para a histórica viagem à Índia (justa-

mente decidida nas Cortes). A vila, então a viver um período de grande

prosperidade, e já francamente expandida para lá do inicial abrigo da

cerca, estendendo-se pela encosta voltada a Norte, é agraciada com

Foral Novo, dado por D. Manuel em 1503. Desta época data o início da

construção do Convento da Saudação, junto às muralhas.

O castelo teve seguidamente um papel preponderante no combate à

ocupação castelhana e ao longo da Guerra da Restauração, quando

D. João IV determinou novo reforço da fortificação, de forma a poder

enfrentar as modernas táticas militares. Voltou a ser objeto de ataques

no início do século XIX, durante as invasões francesas, quando já se en-

contrava em estado de alguma degradação, acentuada pelo terramoto

Page 60: Passear Dezembro 2011

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de 1755, que determinou vários trabalhos

de consolidação ainda durante o século

XVIII.

Presentemente, e após aceleração do es-

tado de ruína ao longo do século XX, o

castelo conserva essencialmente o lanço

principal da muralha dionisina, de planta

aproximadamente triangular, protegida

por onze torreões cilíndricos, com barbacãs

do século XIV. A alcáçova, ou Paço dos

Alcaides, já referida como construção de

inícios do século XIII, em ruínas, tem planta

retangular e é protegida por duas torres

redondas. O acesso faz-se pela muralha a

Norte, voltada para a vila, através da Porta

da Vila ou Porta Nova, anteriormente co-

nhecida por Porta de Santarém. Aí se lo-

caliza igualmente a Torre do Relógio e a

Casa da Guarda, onde se destaca o brasão

de armas de D. Manuel. Subsistem ainda

vestígios de habitações sobre os cubelos

da fortificação, bem como a cisterna, na

praça do castelo. Dentro do perímetro das

muralhas ficam ainda as Igrejas de São

João Baptista e de Santiago, e as ruínas

da Igreja de Santa Maria do Bispo, para

além do Convento de Nossa Senhora da

Saudação, incluídos na classificação do

castelo”.

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Informações úteis

Proteção à Floresta: 117

Alojamento

Parque ORBITUR ÉVORAEstrada de Alcáçovas – Herdade da Esparragosa 7005-206 ÉvoraGPS: N-38º 33’ 27’’ W-007º 55’ 35’’Tel. +351 266 705 190 / Fax. +351 266 709 830e-mail: [email protected]

Posto de TurismoPraça do Giraldo, nº 737000 - 508 ÉVORA

Percurso para descarregar no equipamento GPS: http://ridewithgps.com/routes/838784