Passeio de barco

Jéssica Colaço de Freitas

18 // DIÁRIO DO NORDESTE FORTALEZA, CEARÁ DOMINGO, 17 DE JUNHO DE 2012 @revistasiara

navegarÉ PRECISO Um passeio de barco pelas águas do Rio Ceará

ou pelo mar pode revelar paisagens únicas,

seja pela imponência da orla de Fortaleza ou

pela exuberância do mangue

VIDAURBANA


navegarÉ PRECISO Um passeio de barco pelas águas do Rio Ceará

ou pelo mar pode revelar paisagens únicas,

seja pela imponência da orla de Fortaleza ou

pela exuberância do mangue

VIDAURBANA

@revistasiara DOMINGO, 17 DE JUNHO DE 2012 FORTALEZA, CEARÁ DIÁRIO DO NORDESTE // 19

O mar, que circunda parte da cidade, é um dos grandes atrativos turísticos da nossa metrópole. Porém,

mais do que se banhar nas águas revoltas da Praia do Futuro ou perder-se admirando o vai e vem das ondas em um fim de tarde na Avenida Beira-Mar, é possível conhecer a cidade sob uma outra perspectiva: navegando. Para os aventureiros das águas, Fortaleza oferece diferentes pas-seios náuticos. Se a opção for as ondas do mar, basta embarcar em uma escuna na Praia do Mucuri-pe. Mas quem preferir a calmaria das águas pluviais, pode rumar em uma travessia de chalana ao longo do Rio Ceará.

No embalo das ondas

Quem quiser começar o roteiro pela praia, o passeio marítimo custa R$ 35,00 por pessoa, e cada embarcação comporta, em média, 60 passageiros. Embala-do pelo movimento das ondas, o veleiro percorre parte da orla cearense, partindo pontualmen-

LUCAS DE MENEZES

te às 16 horas, da Avenida Beira--Mar (antes dos boxes de venda de peixe fresco), aproveitando os melhores raios das tardes sempre ensolaradas na cidade da luz.

A beleza litorânea e a vastidão do mar encantam tanto a visitan-tes quanto aos fortalezenses. A aventura começa ainda na traves-sia da beira da praia até a escuna, feita em uma embarcação peque-na, semelhante a uma jangada, onde é possível já ir treinando o equilíbrio com o balanço das on-das. A bordo do “Dragão do Mar”, é hora de escolher o melhor lugar para ficar durante a viagem e se preparar para duas horas de um passeio com direito a forró pé de serra e ataque pirata.

Durante o roteiro marítimo, o guia explica aos passageiros as histórias e curiosidades dos ele-mentos que fazem parte da pai-sagem, como as construções que adentram o mar (espigões) e as embarcações encalhadas na costa há mais de 25 anos, a exemplo do petroleiro Mara Hope.

Saindo da Praia de Irace-ma, segue-se pelo cais pes


VIDAURBANA

queiro e o cais do porto. O barco passa pela Praia Man-

sa, onde, às vezes, é possível ver alguns golfi nhos, até fazer uma pausa na marina do hotel Marina Park, onde os passageiros podem descer da embarcação e aprovei-tar o banho de mar.

Calmaria

Turistas de Curitiba, a enfermeira obstetra Flávia Vilela, 36 anos, e o consultor Luiz Fernando Ma-chado, 30, esticaram a viagem a trabalho para desfrutar um pou-co mais de Fortaleza, na primei-ra viagem que fazem juntos. Os namorados, com casamento pre-visto para breve, aproveitaram o romantismo do pôr do sol no pas-seio de barco para deixar ainda mais bonita a lua de mel anteci-pada. “É bom porque fi m de tarde é fresquinho, e a gente conhece um pouco da história da cidade”, destaca Flávia. Ansioso, o casal

esperava o momento de o barco parar e assim aproveitar o banho nas águas mornas, um atrativo adicional na visão dos sulistas cujo mar é de águas gélidas.

Nos passeios durante a tarde, o banho de mar dura cerca de 20 minutos. Quem não arrisca o pulo na água, pode fi car apreciando as edifi cações imponentes da cida-de, a exemplo da Catedral Metro-politana e do Mercado Central.

A promoter paulista, Edna Nogueira, 25 anos, preferiu, do cantinho do barco, apreciar aten-tamente toda a vista do passeio. Ela e o marido, o analista de sis-temas André José das Neves, 35, trouxeram a pequena Sabrina, de três anos, para navegar nas águas da Capital. “Eu vim pela primeira vez quando estava grávida dela. Depois, a Sabrina viu as fotos e fi cou empolgada, querendo vir andar de barco também”, revela Edna Nogueira.

1

2

Diversão(1) O guia do barco

passa as instruções

de segurança aos

viajantes. (2) O

transporte até o

veleiro é feito em

uma embarcação

semelhante à jan-

gada. (3) Casal de

São Paulo aprecia,

com a filha, a vista

do passeio. (4) Até

um pirata surge

para animar o

trajeto

3


BEIRA-MAR

• A CONSTRUÇÃO da Avenida Beira-Mar aconte-

ceu em 1963 sendo ponto de partida para a

instalação de clubes sociais no litoral leste

• NOS ANOS de 1990, a orla da Beira-Mar pas-

sou a ser o metro quadrado mais caro da

Cidade

• EM SEUS 3,5Km, a orla da Beira-Mar é um

dos principais pontos turísticos de Fortaleza

• OBSERVAR ao longe os destroços do petro-

leiro Mara Hope, que encalhou há mais de

25 anos em um barranco de areia próximo

ao estaleiro na Praia de Iracema, é uma das

atrações do passeio de barco pela orla

Serviços de bordo

Durante a viagem, são oferecidos vários serviços na escuna, desde a venda de salgadinhos e refrige-rantes até pacotes de fotografi as, para que ninguém se preocupe em fi car registrando imagens e aprecie a paisagem.

As fotos são feitas pelo próprio guia do barco, Francisco Alves, 36 anos, que acompanha os pas-seios há cinco anos. Neste paco-te, que custa R$ 25,00, o cliente tem direito a cerca de 40 imagens do passeio, e também de outros pontos turísticos do Estado, num total de 260 fotografi as.

“O CD vem com a capa perso-nalizada, com a foto da família, e a gente manda deixar no hotel”, garante Francisco. O passeio pela orla dura, em média, duas horas e pode ser feito no período da manhã, com saída às 10 horas, ou durante a tarde, para quem pre-fere acompanhar o pôr do sol a partir de um ângulo diferenciado.

A aventura marítima também pode ser feita à noite, agradando ao público adepto das baladas. Viagens noturnas de veleiro, com direito a DJ, barman e garçon são realizadas todas as sextas-feiras, saindo do Mucuripe. O veleiro zarpa sempre às 21 horas e re-torna à meia-noite, tendo como cenário o refl exo prateado da luz da orla sobre as águas escuras do oceano. O roteiro inclui o cais pesqueiro, o pier, a Praia Mansa e

o espigão da Beira Mar. A embar-cação comporta até 60 pessoas e o passeio sai por R$ 25,00.

Mangue à vista

Partindo para o litoral oeste, em direção à Barra do Ceará, o rotei-ro turístico ganha o diferencial das águas do Rio Ceará. Famosa pela vista proporcionada do en-contro do rio com o mar, a Barra é considerada o Marco Zero da ci-dade e reúne história e beleza de encher os olhos de turistas e ce-arenses. “É o lugar onde Martim Soares Moreno se apaixonou pela índia Iracema”, orgulha--se o empresário Francisco Al-berto de Souza, 52 anos, que nasceu e cresceu na região.

Há 50 anos, a família de Seu Alberto, como é mais conhecido no bairro, realizava a tra-vessia de barco de Fortaleza até Cau-caia, cortando o Rio. Depois, com a cons-trução da ponte que liga os dois municípios, o trajeto começou a ser feito de carro. Ainda assim, permaneceu a

CONTEMPLAR a paisagem, tendo

ao fundo o navio

Mara Hope, aguça

a curiosidade dos

passageiros

tradição de fazer a travessia de barco, incentivada, principal-mente, pelas crianças, como afi r-ma Alberto.

Além de manter a tradição, Seu Alberto também oferece pas-seios de chalana ao longo do Rio Ceará, permitindo aos passagei-ros vislumbrar a encanta-dora paisagem de mangue,

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VIDAURBANA

NO BALANÇOdas águas calmas do

Rio Ceará é possível

observar a paisagem

única do mangue na

Barra do Ceará

Encanto (5) Na chala-

na todos os

passageiros

usam os coletes

salva-vidas.

(6) Estudantes

fotografam me-

xilhões recolhi-

dos no mague,

e aproveitam

o contato com

os pescadores

da região. (7)

O guia Alberto

Filho orgulha-

-se por ajudar

a divulgar as

belezas do Rio

Ceará

desconhecida pela maioria das pessoas. Mais do que ser

apenas um atrativo turístico, a intenção do passeio de barco, se-gundo o empresário, é despertar a consciência para a preservação do Rio Ceará e suas margens.

Os passeios na chalana têm que ser agendados com antece-dência. O aluguel do barco custa R$ 200,00, valor que pode ser di-vidido entre um grupo de amigos ou uma família inteira, já que o barco comporta até 30 pessoas. A embarcação parte de um pe-queno píer instalado às margens do rio e tem o ritmo lento, o que permite apreciar com calma as belezas da região.

Antes de desbravar a vegeta-çaão de mangue, a chalana passa próximo do estaleiro e dos anti-gos paredões de salina que movi-mentavam a economia do Estado décadas atrás. À medida que a ponte vai sumindo da vista, o ver-de do mangue vai tomando conta da paisagem e adentrando em um cenário pouco usual nas referên-

cias do Ceará. Ao longe, é possí-vel ver alguns pescadores que, de forma hospitaleira, acenam para os passageiros da chalana. Quando a embarcação passa bem próximo da margem, é possível apreciar de perto as diversidade sde aves que pousam por lá e os pequenos caranguejos vermelhos que povoam o solo.

Conhecimento

O grupo de estudantes de Licen-ciatura em Geografi a da Univer-sidade Federal do Ceará (UFC) escolheu o passeio de chalana para realizar a aula de campo da turma. Na viagem, aprenderam sobre a vegetação nativa do Rio para, depois, repassar o conhe-cimento a turmas de alunos do Ensino Básico, como explica o es-tudante Wallason Farias, 19 anos, integrante da equipe.

Encantada com o verde da paisagem, a estudante Ana Nery Amaro, 20 anos, não sabia do potencial turístico do Rio Ceará. “Além da beleza, achei muito in-

RODRIGO CARVALHO

FO

TO

S: W

ALLA

SO

N F

AR

IAS

5

6

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VIDAURBANA

NO BALANÇOdas águas calmas do

Rio Ceará é possível

observar a paisagem

única do mangue na

Barra do Ceará

Encanto (5) Na chala-

na todos os

passageiros

usam os coletes

salva-vidas.

(6) Estudantes

fotografam me-

xilhões recolhi-

dos no mague,

e aproveitam

o contato com

os pescadores

da região. (7)

O guia Alberto

Filho orgulha-

-se por ajudar

a divulgar as

belezas do Rio

Ceará

desconhecida pela maioria das pessoas. Mais do que ser

apenas um atrativo turístico, a intenção do passeio de barco, se-gundo o empresário, é despertar a consciência para a preservação do Rio Ceará e suas margens.

Os passeios na chalana têm que ser agendados com antece-dência. O aluguel do barco custa R$ 200,00, valor que pode ser di-vidido entre um grupo de amigos ou uma família inteira, já que o barco comporta até 30 pessoas. A embarcação parte de um pe-queno píer instalado às margens do rio e tem o ritmo lento, o que permite apreciar com calma as belezas da região.

Antes de desbravar a vegeta-çaão de mangue, a chalana passa próximo do estaleiro e dos anti-gos paredões de salina que movi-mentavam a economia do Estado décadas atrás. À medida que a ponte vai sumindo da vista, o ver-de do mangue vai tomando conta da paisagem e adentrando em um cenário pouco usual nas referên-

cias do Ceará. Ao longe, é possí-vel ver alguns pescadores que, de forma hospitaleira, acenam para os passageiros da chalana. Quando a embarcação passa bem próximo da margem, é possível apreciar de perto as diversidade sde aves que pousam por lá e os pequenos caranguejos vermelhos que povoam o solo.

Conhecimento

O grupo de estudantes de Licen-ciatura em Geografi a da Univer-sidade Federal do Ceará (UFC) escolheu o passeio de chalana para realizar a aula de campo da turma. Na viagem, aprenderam sobre a vegetação nativa do Rio para, depois, repassar o conhe-cimento a turmas de alunos do Ensino Básico, como explica o es-tudante Wallason Farias, 19 anos, integrante da equipe.

Encantada com o verde da paisagem, a estudante Ana Nery Amaro, 20 anos, não sabia do potencial turístico do Rio Ceará. “Além da beleza, achei muito in-

RODRIGO CARVALHO

FO

TO

S: W

ALLA

SO

N F

AR

IAS

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PASSEIOS DE BARCO

Associação dos Veleiros de

Fortaleza

• ENDEREÇO Avenida Beira-Mar, 4293 -

Mucuripe

• TEL 3263-1085

PH Passeios de Veleiro

• ENDEREÇO Avenida Monsenhor Tabosa,

388 - Centro

• TEL 3082-8420 / 8531-0790

Albertu’s - passeio de chalana no

Rio Ceará

• ENDEREÇO Praça Alberto de Souza,

nº 1 - Barra do Ceará

• TEL 3485-6945/ 8753-3940

teressante o conhecimento que os moradores daqui têm, e essa troca com eles é muito impor-tante pra gente”, diz a estudante, referindo-se às histórias contadas por Seu Alberto e os demais tripu-lantes do barco durante a viagem.

Foi a partir do conhecimento adquirido com a população ri-beirinha que o guia de turismo Alberto Filho, 44 anos, aprendeu sobre a história e as particulari-dades do mangue . Depois, ele resolveu se profi ssionalizar para acompanhar os passageiros que se aventuram pelas águas salga-das do rio.

Alberto Filho lamenta, porém, a falta de divulgação das ativida-des que podem ser realizadas nas águas da Barra do Ceará. “O Rio Ceará ainda não está no roteiro turístico, e isso é ruim. Quando as pessoas fi cam sabendo e vêm

Paisagens do mangue

“O passeio de barco pelo rio é importante para nós sabermos que tem outros espaços turísticos em Fortaleza, e também do ponto de vista ambiental, para conhecer as diversas pai-

sagens que o Ceará possui. O turismo aqui é só praia, mas é im-portante conhecer o que vem antes da praia, essas paisagens de mangue, que são muito ricas.

HEITOR MAIA, 19 anos, estudante de �eografi a

BARRA DO CEARÁ

• È O BAIRRO mais antigo da Capital. É consi-

derado o berço histórico do Estado por ter

sido o local onde o Capitão-mor Pero Coe-

lho começou a colonização do território ao

construir o Fortim de São Tiago, em 1604

• LIMITANDO-SE com o município de Caucaia, o

acesso ao bairro se dá por meio da ponte

sob o Rio Ceará, onde se chega ao litoral

oeste do Estado

• O PASSEIO ao longo da orla da Barra do Ceará,

entrecortando suas largas faixas de areia cla-

ra e águas tranquilas, é uma volta a história

• NA BARRA é possível assistir a um dos mais

belos pôr-do-sol da Cidade

pra cá, elas se surpreendem com a beleza do lugar. Muita gente nem imagina o que tem de belo por aqui”, salienta Alberto Filho.

O roteiro do passeio de barco pelo rio é defi nido pelo próprio cliente. “Pode ir até a praia e voltar, pode passar o dia inteiro no barco, parar para comer me-xilhão nas barracas da vila de pescadores de Iparana ou ainda escolher a viagem como roteiro de meditação para grupos reli-giosos”, enumera Seu Alberto.

O percurso pode contar com a presença de um índio da tribo Tapeba, cuja comunidade se lo-caliza no município de Caucaia. Ele apresenta a dança do Toré, manifestação para invocar os an-tepassados, e enriquece o passeio com seus relatos da relação com o Rio e a Cidade.

RO

DR

IGO

CA

RV

ALH

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Passeio de barco

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