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Abril • Maio • 2010 • Ano XVI • Número 134 L EITE COM VALOR AGREGADO PÁGINA 42 DESIGN NA FUNDIÇÃO PÁGINA 62 A CONTABILIDADE DO SUCESSO PÁGINA 36 CRESCIMENTO COM MOEDA PRÓPRIA PÁGINA 20

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Revista Sebrae-MG Abr-Mai 2010

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Novo tempo dediálogo e cooperação

RobeRto SimõeS PReSidente do conSelho delibeRativo do SebRae-mG

O SEBRAE-MG está em processo de renovação. Nos últimos três anos, concentrou esforços no desenvolvimento e apresentação de soluções inovadoras e eficazes para os pequenos negócios do Es-tado. Trata-se de trabalho complexo, que envolveu amplo planeja-mento, a elaboração do mapa estratégico, a estruturação de novas unidades e o incentivo à capacitação de equipes.

O objetivo é a preparação dos empresários mineiros para um novo tempo, em que o diálogo e a cooperação são essenciais à consoli-dação das micro e pequenas empresas. O que há de mais inovador em estratégia empresarial já está à disposição dos empreendedores. Nesta edição, o SEBRAE-MG mostra como os Arranjos Produtivos Locais (APLs) e os pequenos negócios mineiros podem ser levados à vanguarda da competitividade.

No agronegócio, também há bons exemplos de projetos que moder-nizam a gestão das empresas rurais, ampliam o acesso a mercados e estimulam a promoção dos produtos. A matéria de capa destaca a di-ferença que o Educampo faz numa propriedade rural. Os resultados da pecuária leiteira servem de referência para que outros produtores tomem a decisão de também adotar técnicas de produção e gestão capazes de consolidar suas atividades.

Em sintonia com o processo de renovação do SEBRAE-MG, a re-vista Passo a Passo adota atualizado projeto gráfico e editorial. Pu-blicação tradicional da instituição, a revista mantém a proposta de levar informações de qualidade aos empreendedores e de valorizar o papel das micro e pequenas empresas na economia mineira.

O maior número de páginas e a mudança de formato permitem a divulgação de mais casos de sucesso, a ampliação da cobertura de projetos e o aumento das sugestões de oportunidades de capacitação profissional. Dessa forma, o leitor pode percorrer caminhos capazes de aumentar sua competitividade empresarial e melhorar os resulta-dos dos negócios.

Boa leitura!

Carta ao Leitor

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ÍndiCeexpediente

Passo a Passo é uma publicação do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (SEBRAE-MG). Registro no Cartório Jero Oliva nº 931.

Conselho Deliberativo do SEBRAE-MG BB, BDMG, CDL-BH, CEF, Cetec Ciemg, Faemg, Fapemig, Fecomércio-MG,

Federaminas, Fiemg, Indi, Ocemg, Sebrae e Sede

Presidente do Conselho Deliberativo do SEBRAE-MG: Roberto Simões

Superintendente: Afonso Maria Rocha

Diretor Técnico: Luiz Márcio Haddad Pereira Santos

Diretor de Operações: Matheus Cotta de Carvalho

Conselho Editorial Albertino Corrêa, Aline de Freitas, Andréa Avelar, Luciana Patrícia Rezende da Silva, Carolina Xavier, Daniela Almeida Toccafondo, Danielle Fantini, Edelweiss Petrucelli, Victor Antônio de Almeida, Gustavo Moratori, Jefferson Ney Amaral, José Márcio

Martins, Karinne Mendes, Léa Paula fonseca Ribeiro, Lilian Botelho, Március Marques Mendes, Maria Gorete Cordeiro Neves, Paulo César Barroso Veríssimo e Regina Vieira.

Coordenação editorial: Lauro Diniz

Jornalista responsável: Andréa Avelar

Gestão Editorial: Margem 3 Comunicação Estratégica

Editor Executivo e Chefe de Reportagem: Wagner Concha

Colaboraram nesta edição: Ana Paula Soares, Bianca Alves, Carla Medeiros, Frederico Alberti e Juliana Garcia

Projeto Gráfico e Diagramação: Carla Marin/ Jumbo

Fotografia - capa: Gustavo Black

Ilustrações: Lucas Costa Val/ Jumbo

Impressão: Bigráfica

Periodicidade Bimestral

Tiragem: 15 mil exemplares

Cartas para a redação [email protected]

Endereço: Av. Barão Homem de Melo, 329 Nova Suíça – Belo Horizonte – Minas Gerais

CEP: 30460-090 – Telefone: 0800-5700800 www.sebraemg.com.br

14 pingue-pongue: Marcelo Franco fala sobre oportunidades no setor de bioenergia.

16 Mercado: B2ML Sistemas, de Itajubá, conquista o Oscar da excelência empresarial.

20 econoMia: Chapada Gaúcha cria moeda própria como forma de estimular o comércio local.

26 eMpreendedorisMo: Kapeh, de Três Pontas, investe em cosméticos a base de café.

28 conecte-se: Mídias sociais permitem relacionamento sustentável com clientes.

36 antes e depois: Contabilistas de Uberlândia encaram mudança de postura e nova visão empresarial.

42 agronegócio: Educampo Leite capacita produtores rurais, que se tornam fornecedores de grandes empresas.

50 entrevista: Matheus Cotta apresenta nova metodologia do SEBRAE-MG, baseada em competitividade e sustentabilidade.

54 contra o desperdício: Qualidade por Excelência diminui perdas em estabelecimentos de São João Del-Rei e Tiradentes.

62 design: Metais de Minas orienta empresas de móveis e utensílios domésticos a investir em inovação e qualidade.

68 eMpreendedor individual: Empresário de Uberaba descobre nova pimenta e incentiva agricultura familiar.

74 perfil: Famosa pelo artesanato e cafeicultura, macrorregião Leste é berço de artistas e políticos.

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Campeões

Pelo terceiro ano consecutivo alunos da ETFG-BH vencem o desafio internacional de empreendedorismo, o Global Business Challenge. Três estudantes fizeram parte das equipes que conquistaram os três primeiro lu-gares na competição. Os alunos integraram o grupo de sete mineiros que concorreram com mais de 73 jovens de 13 países, entre os dias 22 a 24 de março, em Nova York.

Vencedores1º - Matheus Vaz de Melo Gomes2º - Erica Yuri Ioshiwara3º - Gabriel Chagas Brasil

Outros participantes da ETFG:Cristiano Carvalho LacerdaIsadora Valle SouzaRaquel Siqueira da SilvaRodrigo Dias Ferreira

Notasnotas

Desafio SEBRAE

Já estão abertas as inscrições para o Desafio SEBRAE 2010. Estudantes de todo o país podem participar da competição, um jogo virtual que simula o dia a dia de uma empresa e testa a capacidade dos alunos em admi-nistrar um negócio. O objetivo é disseminar a cultura empreendedora e conceitos de competitividade, tra-balho em equipe e ética empresarial. Cada equipe deve ter entre três e cinco participantes, sendo to-dos do mesmo Estado brasileiro. Os estudantes das equipes vencedoras em cada Estado receberão um troféu e a participação gratuita em um curso ofere-cido pelo SEBRAE.

Mais informações: www.desafio.sebrae.com.br.

Feira do Empreendedor 2010

A sétima edição da Feira do Empreendedor será realizada entre os dias 31 de agosto e 5 de setem-bro no Expominas, em Belo Horizonte. O evento estimula o empreendedorismo e oferece ideias de negócios e orientação gerencial. A programação abrange palestras, rodadas de negócios, consul-torias, clínicas tecnológicas, empresas simuladas, mostra de franquias, oficinas de artesanato, ati-

vidades culturais e missões empresariais. A feira, que deve atrair mais de 100 mil pessoas este ano, também sediará o Encontro Mineiro de Negó-cios em Artesanato, a Feira de Oportunidade de Mercado e o Encontro do Jovem Empreendedor. A edição de 2008 recebeu mais de 60 mil visitan-tes, promoveu 762 palestras, seminários e ofici-nais (foram mais de 26 mil pessoas capacitadas), além de ter gerado uma expectativa de negócios da ordem de R$ 121 milhões.

Meu Primeiro Negócio

Dedicado a orientar potenciais empreendedores e empresários iniciais, o Meu Primeiro Negócio já tem seu cronograma definido para 2010. A primeira cidade a receber o evento é Uberaba. Na sequência serão Governador Valadares, Pouso Alegre, Muriaé, Conselheiro Lafaiete, Itaúna e Montes Claros. Em 2009 o evento passou por seis cidades, recebeu mais de 16 mil visitantes, promoveu 784 atividades e capacitou mais de 20 mil pessoas.

Mais informações: www.sebraemg.com.br/meuprimeironegocio.

Encontro de Negóciosdo Brasil Central 2010

O Center Convention de Uberlândia recebe entre os dias 08 e 10 de junho o Encontro de Negócios do Brasil Central 2010. Realizado em parceria com a prefeitura da cidade, o evento vai oferecer diver-sas atividades, como Fomenta Minas, Cine Sebrae, palestras, orientação empresarial, clínica tecnológi-ca, consultorias de gestão, seminários e mostra de artesanato. O encontro também promoverá a 12ª Rodada de Negócios do Brasil Central.

Consultorias noturnas

O SEBRAE-MG oferece consultorias gra-tuitas sobre marketing e finanças em horário diferenciado. A partir do dia 22 de março até 30 de abril os interessados em abrir ou me-lhorar a gestão do negócio também poderão esclarecer dúvidas das 20h às 22h, no site www.sebraemg.com.br. Para participar, o interessado deve acessar o site do SEBRAE-MG, clicar nas consultorias online, selecio-nar o tema desejado e se cadastrar. Cada assunto tem horário e dia estabelecidos. Nas salas de bate-papo o especialista pode aten-der até cinco participantes.

Programação:• Consultorias de Marketing: 12, 15 e 20 de abril.• Consultorias Finanças: 5 a 9 de abril; 13, 14, 16, 19, 24 de abril; e 26 a 30 de abril.

prograMação estadual eM 201006 a 9 de abril - Uberaba27 a 29 de abril - Governador Valadares04 a 06 de maio - Pouso Alegre08 a 10 de junho - Muriaé16 a 18 de junho - Conselheiro Lafaiete05 a 07 de outubro - Itaúna11 a 13 de outubro - Montes Claros

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notas notas

Sociedades de Garantia de Crédito As Sociedades de Garantia de Crédito (SGC) são entidades empresariais e mutualistas que têm como objetivo principal oferecer ga-rantias complementares para as empresas associadas que pleiteiam financiamentos junto aos agentes financeiros onde estão lo-calizadas. Em Minas Gerais, esse mecanismo facilitador para o acesso ao crédito está em fase de implantação em quatro regiões: Les-te (Governador Valadares, Teófilo Otoni e Vale do Aço), Sul (Monte Sião, Santa Rita do Sapucaí e Pouso Alegre), Alto Paranaíba (Araxá, Patos de Minas e Patrocínio) e em

Belo Horizonte. A Garantia dos Vales, SGC do Leste do Estado, iniciará suas atividades até maio deste ano. As SGC do Sul e do Alto Paranaíba também serão inauguradas ainda no primeiro semestre. Estima-se que mais de 300 empresas sejam atendidas no primeiro ano de atividade. Com o aumen-to do poder de barganha junto aos agentes financeiros, as micro e pequenas empresas associadas às SGC terão redução dos custos e melhoria do acesso ao crédito.

Mais informações: www.sebrae.com.br/custo-mizado/uasf/sistemas-de-garantias/socieda-de-de-garantia-de-credito

Prêmio Sebrae de JornalismoA premiação dos vencedores da segunda edição do Prêmio Sebrae de Jornalismo está prevista para o dia 1º de junho, em Brasília. Ao todo são R$ 93,5 mil em prêmios. Participam 875 jornalistas de to-das as regiões do país. Oferecido pelo Sebrae em parceria com a Revista Imprensa, o prêmio bus-ca reconhecer e valorizar traba-lhos jornalísticos que tratam dos micro e pequenos negócios.

1 milhão de empreendedores individuais

A meta de um milhão de empreendedores formalizados como Empreendedor Indi-vidual até o final de 2010 será facilmente alcançada. A avaliação é do ministro da Previdência, José Pimentel, a partir de balanço realizado no dia 23 de março que teve a participação de representantes do Ministério da Indústria e Comércio Exte-rior e de órgãos e instituições envolvidos no processo, como o Sebrae. Em vigor desde julho de 2009 no Distrito Federal e em mais oito Estados, o acesso ao cadas-tramento foi ampliado para todo o país.

Mais informações:www.portaldoempreendedor.gov.br

Salão do Móvel de Milão

Vencedor do 1º Prêmio Se-brae Minas Design de 2008, o designer Sérgio Matos partici-pa em abril da Feira de Móveis de Milão, na Itália, considera-do o maior evento de design de móveis do mundo. Sérgio exibirá o banco Ianomâmi em um espaço dedicado a produ-tos desenvolvidos por jovens designers. O Salão do Móvel reúne 1,5 mil expositores de todo o mundo em uma área de 200 mil metros quadrados. O prêmio integra o design ao universo das micro e peque-nas empresas. Profissionais e estudantes podem competir ao inscrever produtos feitos a partir de matérias-primas características de polos indus-triais mineiros.

Mais informações: www.sebra-emg.com.br/premiodesign.

Lei Geral da Micro e Pequena Empresa

O mais recente levantamento sobre a regulamentação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa em Minas Gerais aponta que 60 municípios mineiros já implementaram a lei e 13 implantaram o decreto de Compras, totalizando 73 localidades. Muriaé, na Zona da Mata, é o único município do Estado que implantou a lei e o decreto, enquanto Itaú-na inaugurou no ano passado a Sala do Empreendedor, um espaço para orientar empresários e empreendedores sobre abertura de empresas.

Mais informações: www.leigeral.com.br.

Paulo Okamotto, presidente do SEBRAE Nacional, e José Pimentel, ministro da Previdência, avaliam meta de formalização.

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ConsuLtoria

investimento necessáriopara abrir uma empresa seja criativo

e conquiste mais

clientesToda empresa precisa de algum tipo de investimento, seja recurso próprio ou de terceiros – financiamentos e empréstimos familiares, por exemplo. Segundo o analista de Atendimento do SEBRAE-MG, Arnou dos Santos, é preciso fazer um levantamento de todas as contas em função do ramo de atividade. O primeiro passo é projetar os investimentos fixos (compra de equipamen-tos, móveis, utensílios, imóveis, entre outros). Determine custos para compras de mercadorias do estoque inicial em função da projeção de vendas e avalie a necessidade de capital de giro. Levante os desembolsos para legali-zação do negócio junto a entidades federais, estaduais e municipais e demais investimentos pré-operacionais. Avalie se você conta com recurso próprio suficiente para o desenvolvimento do projeto e quais são as fontes de recursos de terceiros que poderá utilizar. Por fim, elabo-re um plano de negócio, coloque seu empreendimento no papel. Isso permitirá analisar a viabilidade do negó-cio. Se necessário, revise e faça os ajustes necessários.

Esta é uma das etapas mais importantes da elaboração de um plano estratégico, pois sem clientes não há negócios. Com poucos clientes, a empresa não atinge os resultados esperados. De acordo com Beatriz de Carvalho, analista de Aten-dimento do SEBRAE-MG, os clientes não compram apenas produtos, mas so-luções para algo que precisam ou desejam. Identifique essas soluções, conheça melhor seus clientes com ferramentas como a Bússola Sebrae (www.bussola.sebrae.com.br) e defina a melhor estratégia de divulgação de seus produtos ou serviços – propaganda em rádio, jornal, amostras grátis, catálogos, participação em eventos etc. Lembre-se que toda forma de divulgação implica custos. Leve em conta também o retorno que essa estratégia trará, seja na imagem do negó-cio, no aumento do número de clientes ou no acréscimo de receita da empresa. Há várias formas de divulgação. Seja criativo e encontre a melhor maneira, sempre observando o que seus concorrentes fazem.

A nota fiscal eletrônica (NF-e) foi criada em 2005 e é um documento

emitido e armazenado eletronicamente, de existência apenas digital. Ela tem

validade jurídica garantida pela assina-tura digital do emitente e autorização de uso pela administração tributária. Para emissão da NF-e o contribuinte

deverá solicitar seu credenciamento no Estado, sendo condição obrigatória

a utilização de sistema eletrônico de processamento de dados. A transmis-são do arquivo digital da NF-e deverá ser efetuada via internet, por meio de

protocolo de segurança ou criptografia, com utilização de software desenvol-vido ou adquirido pelo contribuinte

ou disponibilizado pela administração tributária. Para saber se está obrigado a emitir NF-e, o contribuinte deverá

consultar o site da Secretaria de Estado da Fazenda de Minas Gerais: http://

portalnfe.fazenda.mg.gov.br/. Consulte também os protocolos ICMS 10/2007 e

42/2009. O analista do SEBRAE-MG, Sebastião Moreira, lembra que o porte

do estabelecimento não é levado em conta na determinação da obrigatorie-

dade de emissão de NF-e.

nota fiscaleletrônica contempla micro

coNsultoria

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Livros

História e SaborP a r a o p e b a | M i n a s G e r a i s

Paraopeba – História e SaborParaopeba é um exemplo de empreendedorismo,

por ter a primeira fábrica de tecidos de Minas Gerais instalada em pleno sertão e ainda no século XIX. A cidade posteriormente dedicou-se à agro-

pecuária e cresceu de forma rápida. A boa música e a culinária também acompanharam essa expansão. Paraopeba – História e Sabor é o registro das tra-

dições, gentilezas, saberes e prazeres do município, maior produtor nacional de quiabo. A publicação é resultado do empenho de donas de casas, empresá-rios locais e produtores de quiabo, hortaliça de ori-gem africana, que encontrou no município perfeita

condição para se desenvolver.

ETFG – 15 anosA publicação faz parte das comemorações

dos 15 anos da Escola Técnica de Formação Gerencial (ETFG). Por se tratar de uma escola

pioneira, o livro registra a evolução do empreen-dimento, bem como os seus resultados. A partir

da pesquisa, a história da escola é contada por meio de documentos, fotos e depoimentos dos

fundadores e responsáveis pela administração da ETFG nesse período. Também participaram

professores, pessoas importantes para a insti-tuição e alunos que por lá passaram e que hoje

são empresários bem-sucedidos, confirmando o acerto da iniciativa do SEBRAE-MG ao investir

na formação de empreendedores.

A Gastronomia no Vale –Alecrim / Bonfim / Capivari / MendanhaGastronomia no Vale é um precioso registro das tradições de Ale-crim, Bonfim, Capivari e Medanha. Coordenado pela arte-educadora Maria Sônia Madureira de Pinho, são quatro livros, resultado de seis meses de pesquisas com mulheres dessas comunidades, que reve-laram elementos da gastronomia e da cultura locais. Se uma erva é usada para temperar uma carne, ela também é associada a rezas, bênçãos e limpeza da alma. As publicações permitirão, ainda, ampliar os atrativos e roteiros turísticos, potencializando o desenvolvimento econômico das localidades.

PII na UFMGO livro reúne 20 projetos científicos de base tecnológica desenvol-vidos nos laboratórios da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que foram selecionados pelo Programa de Incentivo à Ino-vação (PII). Iniciativa da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais (Sectes) e do SEBRAE-MG, o programa apoia pesquisas científicas desenvolvidas no Estado com potencial de serem transferidas para o mercado. Com tiragem de 3 mil exemplares, a publicação será distribuída entre potenciais investi-dores para captação de recursos. Os projetos da UFMG compreen-dem as áreas de química, farmácia, bioengenharia, mecânica, eletrôni-ca, nanotecnologia e computação.

Catálogo Artesanato – Madeira / Têxtil / Fibras / MineraisToda a riqueza da produção artesanal de Minas Gerais pode ser confe-rida nos quatro livros que integram a coleção Catálogos de Artesanato. Cada publicação aborda uma tipologia (Fibras, Madeira, Minerais e Têxtil), com a seleção de alguns dos melhores artesãos de todas as re-giões do Estado. Em português e em inglês, os livros trazem informa-ções sobre produtos e artesãos mineiros, com o objetivo de divulgar o artesanato do Estado para o Brasil e o mundo. As publicações também são ferramenta preciosa para lojistas, decoradores e arquitetos. A cole-ção faz parte do Programa SEBRAE de Artesanato (PSA), que inclui ações de capacitação gerencial, técnica (design e estudo de matérias-primas diferenciadas), bem como apoio para a inserção dos produtos nos mercados nacional e internacional.

livros

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15abr•mai•201014

AA produção e utilização de energia renovável tornaram-se um dos maiores desafios

do novo século. Uma das fontes ener-géticas alternativas que vêm sendo desenvolvidas por pesquisadores é a bioenergia, que possibilita transfor-mar resíduos agropecuários ou urba-nos em energia. A partir dessa ten-dência focada na sustentabilidade, os pequenos empresários podem desen-volver um importante papel na cadeia produtiva da bioenergia, informa o coordenador do Programa de Energia do Governo de Minas, Marcelo Fran-co, da Secretaria de Estado de Ciên-cia, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais (Sectes). Engenheiro agrônomo formado pela Universidade Federal de Viçosa, com mestrado para áreas de Solos e Nutri-ção de Plantas, e MBA em Negocia-ção Agrícola, Marcelo ocupou recen-temente o cargo de Secretário-adjunto da Secretaria de Estado de Agricultu-ra, Pecuária e Abastecimento de Mi-nas Gerais (Seapa) e ressalta, nesta entrevista, que os micro e pequenos empreendedores têm a oportunidade de se tornarem fornecedores de maté-ria-prima para grandes empresas, que transformarão os insumos em energia limpa e renovável.

pingue-pongue

produção debioeNergiagera NegóciosCadeia produtiva de fonte energética limpa e renovável pode ter a participação de pequenos empresários como fornecedores de matéria-prima para empresas responsáveis pela conversão de resíduos em energia

Marcelo Franco

PoR ana Paula SoaReS

Foto: Giovanni FonSeca/ SecteS

O que é a bioenergia?A bioenergia é a energia advinda do aproveitamento da biomassa, que tem papel destacado com o fornecimento de 28% de toda a energia consumida no país. A produção de energia a partir da biomassa vem emergindo como uma alternativa para o enfrenta-mento das questões associadas ao aumento da demanda por bases sustentáveis e para a redução dos impactos ambientais. Com o uso da bioenergia, esses problemas são praticamente eliminados, pois a biomassa utilizada como matéria-prima representa um grande reser-vatório renovável de energia solar.

Qual é a principal vantagem da bioenergia?É ser uma energia limpa e reno-vável, com grande potencial de crescimento econômico. Outra grande vantagem é que a bioe-nergia possibilita a conversão de resíduos agropecuários ou ur-banos em energia aproveitável. A possibilidade desse aproveita-mento permite que os resíduos se transformem em insumos (ou coprodutos), contribuindo para a sustentabilidade econômica da ca-deia produtiva da bioenergia.

De que maneira as micro e pe-quenas empresas podem se be-neficiar dessa tecnologia? A grande oportunidade de ne-gócio para as micro e pequenas empresas na área da bioener-gia está exatamente no fato de ela ser renovável, ou seja, uma energia que pode ser produzida continuamente. É esse processo que possibilita a participação dos empresários. Posso dizer que a bioenergia permite que o empre-

endedor a use de forma indepen-dente. É produzir e consumir. Essa é a grande oportunidade de negócio para o empresário, por-que ele pode gerar energia e utili-zá-la sem muito investimento.

O senhor pode citar exemplos de como um pequeno empresário pode criar oportunidades de ne-gócio com bioenergia?O pequeno empresário pode atu-ar na cadeia produtiva agrícola, como produtor e empresário. Na cadeia agroindustrial, no proces-samento da matéria-prima e de seus coprodutos com destaque para unidades produtoras de eta-nol, de biodiesel e de rações. E na cadeia industrial, como fornece-dor de matéria-prima para gran-des conglomerados, a exemplo das indústrias siderúrgicas, papel e celulose, e grandes empresas pro-dutoras de etanol.

Qual o maior desafio nessa área?É a conscientização da socieda-de de que a bioenergia não é um substituto para as fontes tradi-cionais de energia, mas um com-plemento. Isso pode representar uma série enorme de oportuni-dades como perspectivas de no-vos conhecimentos, geração de emprego e redução dos proble-mas ambientais.

Como os coprodutos são gera-dos e qual é a sua utilização?Os coprodutos são originados do processo produtivo e do uso do biocombustível advindo da biomassa. O uso da energia pro-veniente da biomassa é uma ati-vidade que pode ser menos cen-tralizada e mais intensiva em mão de obra. Os quatro setores mais

importantes da bioenergia são biodiesel, etanol, biogás e carvão vegetal, sendo todos praticamen-te isentos de enxofre e com um único objetivo: melhor aprovei-tamento e contribuição para a sustentabilidade dessas cadeias. A glicerina, usada em sabonetes, é o principal coproduto do biodiesel, que atualmente tem sido tema de muitas pesquisas que visam ao desenvolvimento de novos pro-dutos e mercados capazes de ab-sorver os grandes volumes gera-dos nas indústrias. O etanol gera o bagaço de cana e a vinhaça. O bagaço é aproveitado na própria usina para produção de vapor e eletricidade, enquanto a vinhaça tem o uso difundido na prática de fertirrigação. Já o biogás é uma mistura de gases normalmente gerados em aterros sanitários e em alguns processos utilizados para tratamento de esgoto do-méstico. O esterco de animais também pode ser utilizado para produzir biogás e fertilizante de excelente qualidade. O carvão vegetal, por sua vez, produz um líquido durante a transformação da madeira em carvão. Esse líqui-do possui várias aplicações, entre elas está o uso como fertilizante.

Qual o papel relevante dos co-produtos?O reaproveitamento dos coo-produtos auxilia na redução dos impactos ambientais. Em Belo Horizonte há dois laboratórios-âncoras da Rede de Controle de Biocombustíveis – na Universi-dade Federal de Minas Gerais (UFMG) e na Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (Ce-tec) – que realizam pesquisas em biocombustíveis.

pingue-pongue

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MerCado MerCado

parceriapremiada

Jovens empreendedores criam a B2ML Sistemas, de Itajubá, que cresce a cada ano e já possui filial em Campinas (SP). Empresa conquistou etapa estadual do MPE Brasil 2009, o Oscar da excelência empresarial

PoR Juliana GaRcia

FotoS: divulGação

Há quatro anos, ainda cursando a faculdade de Engenharia da Computação na Uni-versidade Federal de Itajubá (UNIFEI),

Bernardo Vasconcelos de Carvalho decidiu abrir o próprio negócio. Ao lado de quatro amigos (três engenheiros e um administrador), Bernardo pes-quisou carências no mercado e percebeu que havia poucas soluções na plataforma Java, uma linguagem de programação que permite o desenvolvimento de aplicativos. “Não sei bem quando tivemos a primeira ideia de empreender, mas sei que desde o começo da nossa amizade brincávamos com a possibilidade de abrirmos uma empresa de software”, lembra Ber-nardo. “Hoje contamos com mais de 30 colaborado-res, um faturamento considerável e um crescimento sempre na faixa de 100% ao ano”, orgulha-se.

Sócios da B2ML na entrega do Prêmio MPE Brasil 2009

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MerCadoMerCado

A B2ML Sistemas é graduada pela Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de Itajubá (INCIT) e conta com uma equipe multidisciplinar, com pro-fissionais de destaque que procuram qualificar-se cada vez mais. Antes de abrir a própria empresa, Bernardo participou de vários cursos oferecidos pelo SEBRAE-MG, como o Iniciando um Pequeno Grande Negócio, Aprender a Empreender e Como Vender Mais e Melhor. “Esses cursos nos ajudaram a montar o plano de negócios da empresa. No ano passado eu e meu sócio Leandro também fizemos o Empretec, que serviu para criar novas atitudes den-tro da empresa”, completa.

Outras parcerias foram fundamentais para a cria-ção e para o crescimento da B2ML. A empresa teve apoio da INCIT, da Universidade Federal de Itajubá, da Prefeitura Municipal e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

Os produtos desenvolvidos pela B2ML são feitos para funcionar em qualquer plataforma disponível no mer-cado, seja ela Windows, Unix, MacS, Linux ou BSDs. “Buscamos soluções que se adaptam às necessidades

de nossos clientes”, afirma Bernardo. A B2ML oferece uma gama de serviços na administração, suporte e ma-nutenção de sistemas corporativos, além de implantar, desenvolver e manter soluções completas para com-putadores pessoais, internet e intranet – desde um site comum até sistemas complexos de informação.

A B2ML possui uma equipe de pessoas graduadas e pós-graduadas em Ciência da Computação, Enge-nharia da Computação, Engenharia de Produção e Administração. Os diretores também se dispuseram a fazer cursos de gestão e marketing, para clarear a visão empresarial e empreendedora. “Visualizamos novos mercados, acertamos as engrenagens da nos-sa gestão e nos tornamos uma empresa muito me-lhor”, reflete Bernardo.

O reconhecimento pelo esforço dos sócios logo apareceu. Em 2008, segundo ano de atuação da em-presa no mercado, a revista INFO Exame elegeu os aplicativos produzidos pela B2ML como o melhor do Brasil em sua área e a revista Pequenas Empresas Grandes Negócios não economizou elogios aos ser-viços prestados pela empresa.

Expansão

A fábrica de softwares da B2ML tem por objetivo atender à de-manda do mercado por sistemas confiáveis e eficientes de tecnolo-gia da informação (TI). Prova da visibilidade nacional foi a inaugu-ração da primeira filial da empre-sa, em Campinas (SP), importan-te centro nacional de tecnologia. Dois sócios, Leandro Morais e Allan Mobley, se mudaram para a cidade para gerenciar a nova es-trutura. “Percebemos que 35% de nossos clientes eram do Estado de São Paulo e por isso resolve-

mos ampliar nossa atuação na re-gião”, explica Bernardo.

Os profissionais envolvidos estão comprometidos em oferecer a seus clientes as melhores práticas e processos de desenvolvimento de softwares existentes. Os proprietá-rios não se deixam intimidar pelo amplo mercado e também não se iludem com o rápido crescimento da empresa. “Para mim e todos da B2ML, é uma satisfação muito grande ver o nosso trabalho sendo valorizado e reconhecido, um sinal de que estamos no caminho cer-to”, diz Leandro Morais, um dos

sócios. “Porém, temos a convic-ção de que ainda podemos fazer muito mais. É essa superação que buscamos todos os dias.”

Elaine de Fátima Rezende, técni-ca do SEBRAE-MG em Itajubá, explica que um dos objetivos da instituição é contribuir para o de-senvolvimento tecnológico das empresas de Tecnologia da Infor-mação do município. “Para este ano teremos uma série de ações como missões técnicas, rodadas de negócios e projeto Sebraetec, focados em design e inovação tec-nológica para esse setor”, diz.

A B2ML oferece uma gama de serviços na administração, suporte e manutenção de sistemas corporativos. Também implanta e desenvolve

soluções para computadores pessoais, internet e intranet

saibamaisoscar empresariaL

A B2ML foi a vencedora da 14ª edição do Prêmio de Competitividade para Micro e Pequenas Em-presas – MPE Brasil. Promovido pelo SEBRAE, o prêmio é considerado o Oscar da excelência em-presarial e reuniu 1.558 empresas do Estado.

A iniciativa reconhece o compromisso das micro e pequenas empresas com a qualidade dos produtos e serviços oferecidos ao consumidor, o aprimora-mento das relações com seus diversos públicos e com o desenvolvimento sustentável.

Para os diretores da B2ML, a vitória trouxe satis-fação e ânimo para continuarem investindo no su-cesso da empresa. “A premiação veio coroar nossa busca pela excelência na gestão do nosso empre-endimento”, descreve Bernardo de Carvalho.

O diretor superintendente do SEBRAE-MG, Afonso Maria Rocha, ressalta a importância do MPE Brasil como estímulo para que as pequenas empresas invistam em qualidade, produtividade e competitividade. “Os vencedores devem se sentir privilegiados, já que a cada ano a disputa é mais acirrada.”

O que a B2ML oferece B2Mlportal: Sistema de Gerenciamento

de Conteúdos (SGC) para Internet.

B2Mlvarejo: Ferramenta de gestão em-presarial destinada ao mercado varejista.

eMpreenda!: Ferramenta que permite ao empresário a avaliação de um novo empreendi-mento sob vários pontos de vista, tornando mais segura a tarefa de iniciar um novo negócio.

e-Mercado: Serviço que oferece a tercei-rização do setor de aquisição de materiais de grupos de empresas do mesmo segmento.

WeB de resultado: Serviço de tecnolo-gia, gestão, logística e marketing em comércio eletrônico.

fáBrica de softWares: Atendimento à demanda por sistemas confiáveis e eficientes.

outsourcing: Serviço que oferece infraes-trutura de TI para que empresas possam dis-ponibilizar na Internet informações relevantes a sua cadeia corporativa.

prêmios2006: Prêmio Empresa do Ano2007: Prêmio Empresa do Ano2008: Escolha Info Exame (software Empreenda!)2009: Prêmio de Competitividade para Micro e Pequenas Empresas

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21abr•mai•201020

eConoMia eConoMia

moeda própriaNa estratégia do crescimeNto

População de Chapada Gaúcha cria seu próprio dinheiro como forma de estimular a economia local. Ação se espalha pelo Brasil e tem o aval do Banco Central

PoR FRedeRico albeRti

FotoS: GuStavo black

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23abr•mai•201022

Chapada Gaúcha

Entretanto, o novo dinheiro ainda gera resistências. Simone Friedrich, proprietária de uma sorveteria, diz que aceita as Veredas porque sabe da importân-cia para o comércio da cidade, mas que evita usá-las como troco. “A maioria das pessoas não aceita a mo-eda por causa da qualidade ruim do papel. Alguns têm medo que as notas se desfaçam e acabem fican-do no prejuízo”, conta.

A solução do problema, de acordo com Paulo Car-neiro, gerente do banco chapadense, depende de o Banco Central do Brasil aceitar substituir as notas de papel comum por outras em papel-moeda, mais resistentes e duráveis. “Enquanto isso, as pessoas podem aceitar as Veredas sem medo. Se as notas estiverem muito velhas, é só passar aqui no banco que trocamos por outras novinhas”, sugere.

Ações coordenadas

A moeda social é apenas uma das iniciativas em prol do desenvolvimento de Chapada Gaúcha. Conforme explica o prefeito José Raimundo Gomes, conhecido como Mundinho, há várias forças da cidade atuando com o mesmo propósito. A cooperativa de agriculto-res familiares Coopsertão, por exemplo, tem ajudado os pequenos produtores a melhorar seus procedi-mentos e a ampliar a comercialização dos produtos. A Uneprec, recém-criada associação de empreen-dedores participantes do seminário Empretec, vai

disponibilizar linhas de créditos para os agricultores mecanizados e, em breve, o banco comunitário vai oferecer microcrédito produtivo para que pequenos comerciantes e agricultores possam investir na me-lhoria dos seus negócios.

“O município tem grande potencial em várias áreas: produção mecanizada de grãos, agricultura familiar, serviços e o turismo ecológico e cultural. O que nos falta é a capacitação para realizarmos os investimen-tos necessários. E nisso o SEBRAE-MG tem nos ajudado bastante”, afirma o prefeito.

Além do apoio aos projetos da moeda social e das cooperativas de crédito, o SEBRAE-MG patrocina o Encontro dos Povos do Sertão Veredas, a princi-pal celebração popular da região, realiza o seminário Empretec e oferece pelo menos cinco cursos de ca-pacitação em gestão, turismo, agronegócios, finanças, cooperativismo e associativismo todos os anos.

eConoMia eConoMia

Em quase todo o comér-cio da pequena Chapa-da Gaúcha, município

de 11 mil habitantes, adesivos informam aos clientes que as compras podem ser pagas com Veredas. A curiosa opção de paga-mento, que causa estranhamento aos turistas desavisados, é a nova aposta da comunidade chapaden-se para alavancar o desenvolvi-mento econômico local.

Criada pela Agência de Desenvol-vimento Integrado e Sustentável de Chapada Gaúcha (Adisc), em parceria com a Fundação Banco do Brasil e o Instituto Palmas e apoio do SEBRAE-MG, a Vereda é a pri-meira moeda social implementada em Minas Gerais. Ela foi instituída em julho de 2009 com o propósi-to de assegurar que o dinheiro de Chapada Gaúcha circule na própria cidade, já que seu uso é restrito aos moradores da localidade.

A lógica do projeto é simples. “Sem comércio diversificado e agências bancárias, as pesso-as precisavam se deslocar até os municípios vizinhos para buscar dinheiro e realizar suas compras. Com isso, havia escassez de recur-sos circulando em Chapada, o que enfraquecia o comércio e o desen-volvimento em geral”, explica o

presidente da Adisc, Luciano dos Anjos da Silva.

Com a adoção da moeda social, a Adisc pretende criar uma rede de consumo interna, que tende a se fortalecer à medida que as notas sejam difundidas e os empreendi-mentos locais cadastrados. “Para incentivar o uso das Veredas, o comércio dá descontos em torno de 8%. Mas, o maior incentivo é o comprometimento da popu-lação em optar pela nova moeda por saber que ela estimula o de-senvolvimento da cidade, gerando trabalho, renda e benefícios para todos”, acrescenta Luciano.

Com validade apenas no muni-cípio, as Veredas são indexadas e lastreadas em reais. Significa que para cada Vereda emitida, um real é depositado no caixa do recém-ins-talado Banco Comunitário Chapa-dense, instituição que administra os recursos e funciona como corres-pondente do Banco do Brasil na ci-dade. Dessa forma, o cidadão pode efetuar a troca quando quiser, pois sempre haverá a quantidade equivalente de reais dis-ponível. Atualmente há 30 mil Veredas em circulação e a meta é colocar mais 300 mil nos próximos anos.

Primeira moeda social implementada em

Minas Gerais, a Vereda tem uso restrito aos

moradores de Chapada Gaúcha, assegurando

que o dinheiro circule na própria cidade

Uneprec vai disponibilizar linhas de créditos para agricultores mecanizados.

Banco comunitário oferecerá microcrédito produtivo para pequenos comerciantes

“Moeda social é uma iniciativa em prol do desenvolvimento”, diz o prefeito Mundinho

Uso das Veredas oferece descontos de 8% no comércio local

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25abr•mai•201024

eConoMia eConoMia

seminário transformador

A empresária Rosana Gobira, proprietária de um supermercado em Chapada Gaúcha, registrou aumento de 30% no faturamento nos úl-timos meses. O crescimento nas vendas, segundo ela, se deve às me-lhorias físicas e operacionais que realizou no estabelecimento após ter participado do primeiro seminário Empretec na cidade, em setembro do ano passado. “Reformei a fachada, diversifiquei o mix de produtos e melhorei a gestão contábil e de recursos humanos, tudo graças às orientações e esclarecimentos do Empretec. Sou assídua participante dos cursos e eventos do SEBRAE-MG na cidade e posso assegurar que este é realmente transformador”, afirma a empresária.

Outros 27 empresários de diversos setores da economia local participaram do seminário. “O Empretec tem por objetivo despertar nos participantes suas potencialidades e habilidades empreendedoras. Ele enfoca o lado comportamental, de forma a identificar os pontos fortes e fracos de cada um”, explica o instrutor do programa, Leandro Haddad. “Esse autoconhecimento ajuda o empresário a atuar diretamente naquilo que pode melhorar seus resultados, gerando mais trabalho, mais renda e mais riquezas para sua comunidade”, completa.

Ao final do evento, os participantes criaram a Uneprec, União dos Empreendedores Participantes do Empretec. A associação vem atu-ando em parceria com a prefeitura e a Adisc na identificação e na elaboração de soluções para as demandas locais. Uma das ações em andamento é a criação de uma cooperativa de crédito – a exemplo da existente em São Roque de Minas – para estimular a produção mecanizada de grãos, uma das principais atividades econômicas do município.

Na avaliação de Emerson Gonçalves, técnico do SEBRAE-MG em Unaí, a cooperativa de crédito será importante não só para Chapada Gaúcha, mas para outras localidades próximas. “A maioria dos mu-nicípios da região não tem qualquer tipo de instituição financeira, o que causa um entrave no desenvolvimento econômico”, afirma. “O papel da cooperativa vai ser justamente fomentar o acesso a crédito na região e estimular o desenvolvimento econômico.”

parque

grande sertão veredas

Ex-distrito de São Francisco, Chapada Gaúcha foi alçada à condição de município em dezembro de 1995. Vinte anos antes, a região havia sido ocupada por agricultores do Rio Grande do Sul, graças a um projeto federal que buscava transferir o conhecimento agrário dos gaúchos para o nor-te de Minas. Atualmente a cidade conta com uma popula-ção de 11 mil pessoas, sendo 60% rural e 40% urbana – um terço é formado por imigrantes do sul e descendentes.

O Produto Interno Bruto (PIB) gira em torno de R$ 45 milhões, segundo o IBGE. O setor de serviços responde por metade do PIB, seguido pela agropecuária. A soja é o principal produto agrícola, com 60% da produção. Em seguida vem a semente de capim, cuja produção cresce a cada ano. A pecuária também tem papel importante na economia, com destaque para a criação de boi e frango.

No município, distante 850 quilômetros de Belo Horizon-te, fica o Parque Nacional Grande Sertão Veredas, o maior parque nacional de cerrado do Brasil, com 230 mil hectares de área. O nome do local é uma homenagem ao escritor João Guimarães Rosa, que ambientou nele uma das mais famosas e importantes obras da literatura brasileira.

Com grande potencial turístico, o parque é administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodi-versidade, mas ainda depende de autorização do Ibama para ser aberto à visitação pública.

Supermercado de Rosana Gobira teve aumento de 30% nas vendas

Fotos: Paula Leão Ferreira

Moedassociais

brasileirasA primeira moeda social do Brasil foi criada no Ceará pelo Instituto Palmas, uma organi-zação sem fins lucrativos que atua na difusão de práticas de economia solidária. Reconheci-da pelo Banco Central, a inicia-tiva contribui para o desenvol-vimento de pequenas cidades por meio da redistribuição dos recursos nas próprias comuni-dades. Atualmente há 51 mo-edas sociais no Brasil. O lastro dos bancos comunitários é de R$ 1,5 milhão.

O Empretec desperta nos participantes

potencialidades e habilidades

empreendedoras, com foco no lado comportamental.

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27abr•mai•201026

eMpreendedorisMo

A ideia inovadora de apli-car todo o potencial do café em cosméticos fez

com que Vanessa Vilela Araújo se tornasse a única representante brasileira na final do Empretec Women in Business Award 2010. Ela concorre, em abril, ao prêmio de melhor caso de sucesso no em-preendedorismo feminino.

Formada em farmácia e bioquí-mica, Vanessa fez o curso di-recionada ao sonho de ter uma empresa de cosméticos. Inspira-da no tradicional cultivo de café de Três Pontas, ela dedicou-se a desvendar os possíveis benefícios do fruto na estética.

Durante três anos constatou as ricas propriedades do café para a pele. “O café é extremamente an-tioxidante, revitalizante e energi-zante. Eu tive a certeza que uma linha de cosméticos, tendo como base o café, seria uma forma de agregar valor ao principal produ-to da economia da região”, res-salta. O município de Três Pon-tas é o maior produtor de café do país, enquanto o sul de Minas Gerais é responsável por grande parcela da produção estadual.

Em meio à promissora novidade, Vanessa criou, em 2007, a marca de cosméticos Kapeh – café no idioma maia. A Kapeh oferece uma linha de produtos diferen-ciados, compostos de extrato de café certificado e cultivado de forma sustentável e rastreada. “Temos como princípio a res-ponsabilidade social, oferecendo produtos que de alguma forma contribuam com a preservação

cosméticosdifereNciados

Ao apostar em óleos, hidratantes e sabonetes a base de café, a Kapeh, de Três Pontas, conquista reconhecimento internacional

PoR caRla medeiRoS

Foto: GuStavo black

ambiental e a valorização do ser humano”, explica.

A marca possui mais de 180 pon-tos de venda espalhados pelo Bra-sil (metade deles em Minas Gerais), exporta seus produtos para países como Portugal e Holanda, e tem planos de expandir sua área de atu-ação para outros continentes. Os produtos podem ser encontrados em lojas, farmácias e drogarias, clí-nicas de estética, cafeterias e hotéis.

Para aprimorar seus conhe-cimentos gerenciais, Vanessa participou do curso Empretec, do SEBRAE-MG. “Desenvol-vemos um trabalho muito inte-ressante de suporte, fomento e empreendedorismo”, lembra a empresária, destacando os ensi-

namentos que agora regem sua vida profissional: superar de-safios, correr riscos calculados, planejar e estabelecer metas. “Devo toda a gestão da Kapeh ao Empretec, que lapidou o meu espírito empreendedor.”

De acordo com Juliano Corné-lio, técnico do SEBRAE-MG em Varginha, o Empretec despertou em Vanessa características empre-endedoras e a capacidade de fazer planejamentos. “A Kapeh é um grande exemplo de empreendedo-rismo, tendo em vista a inovação aplicada no desenvolvimento dos produtos, promovendo a agrega-ção de valor ao café e, sobretudo, descobrindo com este empreendi-mento o seu valor competitivo no segmento”, comenta.

eMpreendedorisMo

saibamais

prêmio ao empreendedorismo

Organizado pela Conferência das Nações Unidas para o Desenvol-vimento do Comércio (Unctad), o Empretec Women in Business Award 2010 acontece entre os dias 26 e 30 de abril em Gene-bra, na Suíça. O pré-requisito para competir é ter participado do Empretec, promovido nos países em desenvolvimento, que visa a motivar, formar e promover empreendedores.

No Brasil, o programa é organizado e oferecido pelo SEBRAE, que também é responsável por indicar os candidatos por Estado. Antes da etapa internacional há as seleções estaduais, regionais e nacio-nal. Das 27 concorrentes internacionais, dez foram classificadas para a final – dentre elas, Vanessa. “Estou na expectativa de trazer esse prêmio para o Brasil”, orgulha-se.

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29abr•mai•201028

ConeCte-se ConeCte-se

divulgaçãoa custo zeroMídias sociais permitem criar um relacionamento sustentável com clientes. Ferramentas também são utilizadas pelo SEBRAE-MG no rápido atendimento às dúvidas dos empreendedores

PoR ana Paula SoaReS

Para quem considera Twitter, Orkut, Face-book e blogs coisas de

adolescentes, vai uma outra vi-são: esse turbilhão de recursos oferecido pelas novas tecnologias pode ser uma boa alternativa de crescimento e lucro para as mi-cro e pequenas empresas. Muitos aderem às ferramentas para uso pessoal, mas os empreendedores podem e devem utilizá-las para uso empresarial com eficiência e sem custo na interação com clientes, ampliação ou realização de vendas, agilidade no atendi-mento e na divulgação de infor-mações como endereços, telefo-nes e eventos.

Segundo Gabriela Godoy, analis-ta técnica da Unidade de Aten-dimento Individual ao Empre-endedor do SEBRAE-MG, as empresas se beneficiam ao usar essas ferramentas, já que investir em novas tecnologias é uma estra-tégia para o crescimento do negó-cio. “São mídias gratuitas e de fácil acesso que dão a oportunidade de divulgar as empresas a custo zero e de criar um relacionamento sus-tentável com os clientes”, afirma.

“Muitos empresários mandam dúvidas via sites de relacionamen-to (Orkut e Facebook, por exem-plo), blog e e-mail. Respondemos rapidamente, criando assim mais um canal de comunicação com as pessoas”, complementa.

Um dos exemplos de interação foi o atendimento oferecido ao pintor Fernando José Amaral, de Belo Horizonte, que formalizou seu negócio após solicitar informações via Orkut. “É isso que nós que-remos: ajudar pessoas e empresas por meio das mídias sociais, pois assim fica mais fácil atender ao cliente”, destaca a analista.

Vale ressaltar que não bastam simplesmente esses canais de co-municação, pois o objetivo não é somente estar conectado com as pessoas, mas se comunicar e conhecer melhor os clientes pessoalmente. “O contato pes-soal nos Pontos de Atendimento ainda é muito importante, pois o SEBRAE-MG saberá com mais detalhes as necessidades dos em-preendedores”, lembra Gabriela.

Para gerar novas oportunidades

por meio das mídias sociais, é im-portante que o empresário e seu negócio estejam conectados ao meio virtual. Para isso, uma dica prática é disponibilizar conteúdo em sites como Youtube, Yahoo! e Facebook. “O empresário pode gravar um vídeo dos produtos ou da loja e disseminar a empresa gratuitamente pela web”, exempli-fica Daniela Toccafondo, respon-sável pelo Atendimento Virtual do SEBRAE-MG.

Microblogs como o Twitter, que permitem o envio de mensagens de até 140 caracteres, também devem ser explorados, tendo em vista a rápida adesão dos in-ternautas a esse tipo de mídia. Além disso, documentos e ima-gens podem ser armazenados em bibliotecas gratuitas como Slideshare e Scribd, que com-partilham livros, arquivos e apre-sentações empresariais. “Com essas ferramentas, o empreende-dor pode divulgar lançamentos, eventos, convites, newsletters, vagas, propagandas sazonais, promoções instantâneas e ainda captar o cadastro de novos clien-tes”, destaca Daniela.

saibamaisfaLe com o sebrae-mg

rss (canal de notícias atualizadas diariamente):http://feeds.feedburner.com/sebraemg

orkut(canal de relacionamento com a instituição e outras empresas):http://www.orkut.com.br/Main#Profile?uid=9362811332860321116&rl=t

faceBook(canal de relacionamento com a instituição e outras empresas):http://www.facebook.com/sebrae.minas

Blog (publicações sobre abertura e gestão de empresas):http://sebraemgcomvoce.wordpress.com

tWitter (microblog com novidades do SEBRAE-MG):http://twitter.com/SEBRAE_MG

1) Monitore sua MarcaO passo inicial é criar uma forma de monitoramen-to simples da sua marca. Procure saber o que estão falando sobre seu negócio nas mídias sociais. Dessa forma é possível compreender o status de sua marca na internet.

2) defina sua equipeEscolha as pessoas que atuarão nas mídias sociais. Normalmente são profissionais de marketing ou co-municação que conhecem bem o negócio da empresa e podem representá-la nas novas mídias.

3) defina sua linha de coMunicaçãoTenha cuidado ao definir a estratégia a ser usada nas mídias sociais. Escolha uma linguagem (formal ou informal) para ser utilizada sempre na comunicação, o público alvo, o tipo de abordagem (mais pessoal ou institucional), a periodicidade das mensagens e um tempo máximo para responder os usuários. Seja sempre transparente.

4) crie seus canais sociaisEsteja presente onde estão seus clientes. Ou seja, se os usuários gastam grande parte do tempo visitando

canais sociais (Twitter, blog, YouTube etc.), esteja presente nesses locais, mas com uma preocupação: atualize o conteúdo e se relacione com os usuários.

5) interaja coM os usuáriosAo inserir seu negócio nas mídias sociais, é essencial interagir com os usuários. Dessa forma eles saberão que as opiniões deles são importantes para a empresa. Dê atenção especial aos usuários mais ativos, tanto os evangelizadores quanto os destruidores de marca.

6) produza conteúdoGere conteúdo para estreitar a relação com os usu-ários, mantendo-os informados sobre as novidades do seu negócio. Assim eles saberão que o empreen-dimento é vivo e dinâmico. Replique o conteúdo nos canais sociais de acordo com a linha de comunicação adotada pela empresa.

7) acoMpanhe o Mercado e seus concorrentesMonitore os comentários sobre palavras-chave relacionadas a seu negócio. Essas informações podem resultar em importantes pesquisas e em oportunida-des para identificar clientes potenciais.

Fonte: Computerworld

Como usar as mídias sociais

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31abr•mai•201030

radarradar

1 Torcidas dos participantes na entrada do Minascentro2 Os 32 finalistas do 6º Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor3 Abertura da solenidade de entrega dos prêmios4 Nilton dos Santos Coimbra, prefeito de Fanciscópolis, vencedor na categoria Caminhos para o Desenvolvimento5 Maria do Carmo Lara, prefeita de Betim, 2ª colocada e vencedora nas categorias Compras Governamentais e Desburocratização6 Paulo César Silva, prefeito de Poços de Caldas, 3º colocado

O SEBRAE-MG divulgou no dia 17 de março os ganhadores do 6º Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor, realizado no Minascentro, em Belo Horizonte. Participaram 224 prefeituras do Estado. Fotos: Gláucia Rodrigues e Ronaldo Guimarães.

1 Agostinho da Silveira, vice-prefeito de Contagem, representando a prefeita Marília Campos, vencedora na categoria Educação Empreendedora2 Wagner Figueiredo Dutra, prefeito de Miradouro, 1º colocado3 Torcidas organizadas lotaram o auditório do Minascentro4 Vladimir de Faria Azevedo, prefeito de Divinópolis, vencedor na categoria Médios e Grandes Municípios5 Alexandre Berquó Dias, prefeito de Tupaciguara, menção honrosa pela criatividade empreendedora6 Secretário municipal de Indústria, Comércio, Turismo e Serviços de Ituiutaba, representando Públio Chaves, vencedor na categoria Formalização

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1 A presidente do Servas, Andrea Neves2 Alunos da ETFG-BH participam da cerimônia3 Alunos da ETFG-BH e do Núcleo de Empreendedorismo do Plug Minas4 O apresentador Dudu, da TV Alterosa, e o aluno Túlio Fernandes 5 O presidente do Conselho Deliberativo do SEBRAE-MG, Roberto Simões6 O vice-governador Antônio Augusto Anastasia e o presidente do SEBRAE-MG, Roberto Simões, na cerimônia de inauguração

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Maior produtor nacional de leite e queijos, Minas Gerais recebeu, entre os dias 22 e 25 de março, o 11º Congresso Pan-Americano do Leite. O evento foi realizado no Minascentro, em Belo Horizonte.Fotos: Netun Lima

Foi inaugurado no dia 23 de fevereiro o Núcleo de Empreendedorismo Juvenil

do Plug Minas, resultado da parceria entre o SEBRAE-MG e o Governo do

Estado. O núcleo vai oferecer curso técnico a alunos da rede pública.

Fotos: Alessandro Carvalho

1 Abertura do 11º Congresso Pan-Americano do Leite2 Roberto Simões, presidente do Conselho Deliberativo do SEBRAE-MG e presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg)3 Apresentação da Vesperata, de Diamantina, na programação do evento4 Estande do SEBRAE-MG5 / 6 Congresso reúne profissionais especializados, em BH

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como lidar comfuNcioNários 2.0

Quando falamos sobre inovação, exis-te a tendência de ficarmos focados nos avanços tecnológicos ou na me-

lhoria da produtividade. No entanto, a inovação traz consequências sociais, educacionais e traba-lhistas. Encontramos uma amostra dessa ten-dência nos nativos digitais e nas mudanças que eles estão provocando no ambiente corporativo.

Nativos digitais são pessoas que conhecem o uso das novas tecnologias. Geralmente, nas-ceram nos anos 90 e cresceram rodeados por computadores, internet, celulares. Porém, o ter-mo engloba qualquer indivíduo que interage de forma natural com a tecnologia, independente-mente da idade. Chama-se de imigrante digital às pessoas não educadas no ambiente tecnoló-gico, mas que foram se adaptando, enquanto aquelas que não têm nenhuma intimidade com as novas tecnologias são analfabetas digitais.

Como a grande maioria dos nativos digitais ainda está na faculdade ou no colégio, há um grande debate sobre os métodos e a forma de educação para esses estudantes, já que mui-tos dominam as novas ferramentas tecno-lógicas melhor que seus professores. O que acontecerá nos próximos anos quando esses estudantes entrarem no mercado de trabalho de forma massiva? As empresas estão prepa-radas para aproveitar o potencial desse novo tipo de profissional? Estão dispostas a reali-zar uma série de mudanças para se tornarem atraentes para esse novo funcionário?

Nas empresas em que os nativos digitais já estão atuando, podem-se notar características diferentes: a percepção da privacidade mudou, pois em muitos casos a identidade pessoal está ligada à informação digital (uso de redes so-ciais); a forma como realizam seu aprendizado ou a sua formação é mais ágil e normalmen-te on-line, por isso não entendem o ambiente

de trabalho sem ferramentas colaborativas (chat, p2p, blogs, fóruns, wikis); buscam e precisam de mais autonomia; e por último, possuem um sistema diferente de valores trabalhistas, com mais ênfase na colaboração e na inovação, mas, também, visando a uma maior capacidade de mobilidade.

Muitas empresas ainda estão criando sua identidade corporativa na rede ou adaptando-se à chamada web 2.0. No entanto, não podem ficar limitadas a isso, já que devem enfrentar as mudan-ças, tanto em nível organizacional como no técnico para não ficarem ancoradas no passado e perderem competitividade.

Sobre as mudanças no aspecto puramente tecnológico, as empresas devem se perguntar: considerando as ferramentas à disposição dos funcionários, faz sentido manter determinados serviços corporativos? Por exemplo, oferecer uma conta de e-mail corporativo quando todos os colaboradores já possuem contas pessoais e estão totalmente identificados com elas. Se os empregados estão cada vez mais acostumados ao uso dos ambientes virtuais e das ferramentas colaborativas, por que não usá-los de forma efetiva, permitindo reduzir custos em reuniões e em cursos de formação? Se há trabalhadores já habituados ao uso de novos dispositivos móveis, não haveria a possibilidade de implantar soluções de mobilidade e de trabalho remoto?

Se pensarmos no terreno organizacional, há que se adaptar a mentalidade e a filosofia corporativa: as empresas devem se posicionar mais como redes e menos como hierarquias para aproveitarem as melhores características desse novo traba-lhador. As redes sociais passam a ter um papel fundamental na seleção de talentos e é nesse ambiente que devem se mos-trar atraentes aos olhos dos novos trabalhadores. Deve-se adotar um modelo de “empresa 2.0”, criando um diálogo entre direção, trabalhadores e clientes. O objetivo é criar uma comunidade, na qual a empresa se apresenta a seus futuros funcionários e possíveis novos clientes.

Considerando as mudanças educacionais e trabalhistas que os nativos digitais estão causando, as empresas têm que se atualizar e lutar para diminuir a defasagem que existe entre o uso das últimas tecnologias por parte dessa nova geração e o modo de trabalho mais tradicional, uma diferença que repercute na eficiência de todos.

PoR tabatha dutRa*Foto: divulGação eveRiS

* GeRente ReSPonSável Pela áRea de RecuRSoS humanoS da conSultoRia multinacional eveRiS bRaSil.

artigo

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37abr•mai•201036

coNtadoresde sucesso

Capacitação do SEBRAE-MG incentiva a mudança de postura e visão empresarial de contabilistas de Uberlândia

De um escritório de contabilidade de fundo de gara-gem, com mobiliário ultrapassado, muitos clientes (mas pouca lucratividade e atendimento restrito),

para um escritório com identidade, em bairro nobre, es-trutura física moderna, demandas organizadas e eficientes, equilibrado número de clientes e serviços em assessoria, advocacia, consultoria, contabilidade e planos de negócios. Esses progressos são frutos da dedicação do contabilista Noé Gomes Neto, de Uberlândia, sócio da empresa Gomes Suporte Empresarial.

Com formação técnica em contabilidade, Noé começou cedo a seguir a profissão do pai. Porém, somente essa função não o satisfazia; ele pro-curava algum meio de expandir seus horizontes. Foi quando conheceu o SEBRAE-MG e participou do Contabilizando o Sucesso. “Logo no princípio percebi que era exatamente isso que estava procurando há um bom tempo”, lembra. Para o contabilista, o curso foi um grande apren-dizado e uma experiência de vida que o permitiu ampliar sua atuação na área contábil.

Para o empresário, o conteúdo do curso o incentivou a especializar-se cada vez mais, gerou oportunidades e profissionalmente o ajudou a de-senvolver um método novo de trabalho. Ao perceber a necessidade de uma evolução, Noé propôs sociedade ao seu irmão André, formado em Direito. Assim, a Gomes Suporte Empresarial teve sua gestão comple-tamente modificada, com foco voltado para a consultoria. “Começamos a ir atrás do cliente e não mais esperá-lo. Agora prestamos consultorias para abertura de empresas, instruímos os clientes na busca de informa-ções sobre o novo empreendimento”, explica.

PoR caRla medeiRoS

FotoS: GuStavo black

antes e depois

Noé Gomes Neto

Noé Neto, da Gomes Suporte Empresarial, possui 86 clientes e não mais 170. A lucratividade aumentou, pois a dedicação resultou em proximidade, credibilidade e qualidade do serviço junto ao cliente.

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39abr•mai•201038

Após o curso, Noé Neto perce-beu a necessidade de aprofundar e aprimorar seus conhecimentos. Graduou-se em Administração com ênfase em Finanças, fez pós-graduação e MBA (Master of Bu-siness Administration). Além dis-so, conclui, neste ano, o mestrado em Empreendedorismo.

Junto ao seu irmão, Noé mudou a cultura do escritório, alcançan-do notáveis melhorias. Paralela-mente, surgiram novos desafios. Os funcionários, por exemplo, reivindicaram melhorias salariais. Entretanto, o contabilista, naque-le momento, não podia atender a solicitação. Esses contratempos quase arrefeceram os ânimos de Noé, mas com a eleição para Contabilista do Ano, um reconhe-cimento local, ele refez a trajetó-ria. “Fiquei mais animado.” Após as dificuldades iniciais, agora Noé só contrata pessoas que realmente queiram trabalhar na área e todos os seus empregados – inclusive o office boy – cursam Ciências Contá-beis ou Administração.

O empresário também participou do programa Empretec, do SE-BRAE-MG. Na época, abriu mão de um projeto de reforma do es-critório para fazer o curso. “Tive a complementação da vivência do que queria aplicar na contabilida-de com a veia do empreendedoris-mo”, revela Noé, que se destacou profissionalmente e é facilitador do Empretec em Uberlândia.

Hoje, a Gomes Suporte Empre-sarial conta com 86 clientes e não mais 170. No entanto, a lucrativi-dade aumentou, pois a dedicação se reverteu em proximidade, cre-dibilidade e qualidade do serviço junto ao cliente. Com um público diferenciado, a empresa tem aten-dido às expectativas e necessida-des dos irmãos.

A trajetória profissional do contabilista Diógenes de Sousa, de Uber-lândia, também deu um salto depois de participar do Contabilizando o Sucesso. Graduado em Ciências Contábeis, Diógenes tinha um escritó-rio com atendimento dedicado à contabilidade. Após as orientações da capacitação, ele percebeu um novo futuro para sua empresa Ascert, que oferece, ainda, atendimentos de auditoria e consultoria.

“O curso foi um marco na minha vida profissional, pois de lá pra cá as portas se abriram e o meu empenho também foi bem diferente. Otimiza-mos o trabalho por meio do conteúdo completo e direcionado, que possi-bilitou também uma visão ampla e empreendedora da atividade”, explica. Diógenes fez, ainda, duas pós-graduações e se insere cada vez mais no mercado e no meio contábil. Há dois anos é delegado do Conselho Re-gional de Contabilidade de Minas Gerais (CRC), para Uberlândia. Na avaliação do empresário, o curso lhe mostrou a importância do empe-nho pessoal e da especialização profissional. De acordo com Fabiana Queiroz, técnica do SEBRAE-MG em Uber-lândia, a principal importância do curso é incentivar uma mudança de postura e de visão, além de ampliar o papel do contabilista junto ao cliente. “Os profissionais deixam de ser um mero cumpridor de exigên-cias do governo e passam a ser parceiros dos seus clientes”, destaca.

A Ascert, de Diógenes de Sousa, tinha atendimento dedicado à contabilidade. Depois

do Contabilizando o Sucesso, a empresa passou a oferecer auditoria e consultoria.

antes e depois

Diógenes de Sousa

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41abr•mai•201040

Com a conclusão do Contabilizando o Sucesso, os contabi-listas de Uberlândia formaram a Rede Integrar e o Núcleo Empreender de Contabilistas, para troca de experiências e discussão de ideias e legislações da área.

A Rede Integrar surgiu pela parceria dos primeiros alunos do curso e hoje possui 37 contabilistas. Já o Núcleo Empreen-der foi criado em 2008, por meio do programa de mobili-zação Empreender, da Associação Comercial e Industrial de Uberlândia (ACIUB), e conta com 40 participantes. “Em pouco tempo de atividade, tornou-se um dos grupos mais expressivos e atuantes na ACIUB, comprovando, na prática, a força do associativismo”, afirma Rosalina Vilela, presiden-te da entidade.

Força associativa Para Noé Neto, que atualmente é diretor do Sindica-to dos Contabilistas de Uberlândia, o núcleo tornou os profissionais muito mais parceiros que concorren-tes. “Temos uma rede de relacionamento via e-mail para troca de informações e discussão de dúvidas so-bre assuntos comuns, com o objetivo de tornar tudo o mais claro e preciso”, diz. O Núcleo de Contabilistas lançou, em março, o Ma-nual de Procedimentos, uma cartilha elaborada para facilitar o cotidiano contábil das empresas que atuam no setor. A cartilha será um instrumento para ajudar os contabilistas – assim como os empresários – a compreenderem melhor o universo das finanças e

dos trâmites burocráticos que os cercam. O conteúdo orienta procedimentos contábeis e fiscais e também a rotina administrativa. Com distribuição gratuita, a expectativa é que a publicação seja anual e acompa-nhe as mudanças tributárias do segmento.

Na avaliação de Marlos Vinícius, gestor do programa Empreender em Uberlândia, o lançamento da cartilha coroa com êxito o empenho de dois anos de trabalho para melhorias do setor. “Aconteceram muitas ações significativas durante todo esse tempo, que alteraram a prática contábil. É o resultado do envolvimento e dedi-cação dos profissionais do setor em um esforço coletivo, exatamente como prevê o objetivo do Empreender.”

antes e depoisantes e depois

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Em Uberlândia, evento estimula a trocade experiências entre empreendedores

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43abr•mai•201042

agronegóCio

iNovação e tecNologiaiNcremeNtam a produção do leite

PoR FRedeRico albeRti

FotoS: GuStavo black e divulGação

Graças ao projeto Educampo, mais de 3 mil empresários rurais já modernizaram e melhoraram a produção em suas propriedades

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agronegóCioagronegóCio

O cenário mudou radicalmente a partir de 2004, quando o empresário decidiu abrir a porteira de sua fazenda para o Educampo, um projeto de capacitação gerencial e tecnoló-gica desenvolvido pelo SEBRAE-MG com apoio da Univer-sidade Federal de Viçosa (UFV). Como os demais partici-pantes do Educampo, o produtor passou a contar com o acompanhamento permanente de um técnico especializado, que avalia e sugere melhorias em todas as variáveis que en-volvem qualidade, produção, rentabilidade e produtividade da fazenda, desde a escolha do adubo ao armazenamento do leite na propriedade.

Os resultados impressionam. Nos seis anos de parceria com o SEBRAE-MG, a fazenda de Herbert, fornecedora da Danone, vem dobrando a produção ano a ano. Atualmente o rebanho de 64 vacas produz em torno de 1,2 mil litros de leite por dia e deve chegar a 2,5 mil até 2012. E os ganhos não foram apenas em volume. Nos três principais critérios que atestam a qualidade do leite – unidade formadora de colônia (UFC), contagem de cé-lulas somáticas (CCS) e proteínas – o produto de Rocha supera, com folga, os índices exigidos pela legislação.

“Estamos em outro patamar”, diz Herbert Rocha

Ordenha mecanizada melhora produção

“Comparando com nosso trabalho antes da chegada do Educampo, fica claro que estamos em outro patamar. Com o auxílio dos pro-fissionais do projeto, temos hoje controle total do processo”, avalia o fazendeiro, que nesse período substituiu o rebanho misto por uma raça de gado mais indicada à produção leiteira; alterou o ma-nejo e a alimentação dos animais; implementou técnicas de insemi-nação artificial; passou a monito-rar os indicadores zootécnicos e econômicos; e, mais recentemente, instalou uma ordenhadeira com fosso, equipamento que tecnifica e otimiza a ordenha das vacas.

Graças à organização e à moder-nização do trabalho, o produtor nem ao longe foi afetado pela crise econômica do ano passado e que atingiu em cheio a cadeia produtiva do leite. Pelo contrário: em 2009, Herbert Rocha saltou de 700 litros produzidos diariamente em janeiro para mil litros em dezembro, um crescimento superior a 40%.

Fazenda de Herbert Rocha produz cerca de 1,2 mil litros de

leite diariamente e deve alcançar 2,5 mil litros ainda em 2010

O empresário rural Herbert Ferreira Rocha lembra sem saudades da época em que

produzia 200 litros de leite diariamen-te na fazenda da família, de 57 hecta-res, em Alfenas. Era o início da déca-da e seus procedimentos não levavam em consideração cuidados com a qua-lidade e a quantidade da produção. “O rebanho era formado por gado leiteiro e de corte, o manejo dos ani-mais era totalmente inadequado e a ordenha ainda era no sistema balde ao pé ”, recorda.

Alfenas, Boa Esperança

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47abr•mai•201046

Planejamento da produção

A história se repete na Agropecuária JM, de Boa Esperança, onde o empresário José Marcelo Araújo produz leite desde 1961. Apesar de quase meio século de vivência no setor, o produtor recebeu o projeto Educampo de braços abertos em 2006, e diz não ter se arrependido. “Mesmo com 50 anos de experiência produzindo leite, a chegada do SEBRAE-MG trouxe novos conhecimentos que têm nos ajudado no controle mais efetivo do processo. Se antes nossas decisões eram todas baseadas no instinto, agora temos análises científicas, organização, planejamento e metas a cumprir”, explica.

As melhorias são perceptíveis. A fazenda, que tam-bém fornece para a Danone, conseguiu reduzir os custos de mão de obra e de concentrado em relação à renda bruta de 14% para 9%, e de 48% para 36%, respectivamente. Em relação à qualidade do produto, os índices de proteínas, CCS e UFC estão dentro dos parâmetros da legislação. Sem falar que todos os 200 animais do rebanho foram certificados pela Associa-ção Brasileira dos Criadores de Bovinos da Raça Ho-landesa como puro de origem, o que rendeu à fazen-da a sexta colocação entre os melhores rebanhos do Estado. “Quando o Educampo chegou, produzíamos cerca de 800 litros por dia. Hoje nossa produção passa dos dois mil litros, em média, e almejamos chegar a cinco mil litros diários nos próximos anos”, anuncia José Marcelo. Com isso, a Agropecuária JM, que ope-rava no vermelho até o fim de 2008, agora contabiliza uma remuneração do capital entre 14% e 25%.

Em Abaeté, o empresário rural Ricardo Assis dos Santos também comemora os resultados da parceria com o Educampo, iniciada há cerca de dois anos. Na última década, Santos vinha produzindo em torno de 400 litros de leite por dia. Com o acompanhamen-to, a produção – toda fornecida para a Itambé – já subiu para mil litros e tende a melhorar ainda mais. “Percebo que o mercado do leite vem se tornando cada vez mais exigente. Se eu não tivesse o apoio do Educampo na modernização da gestão, do controle dos indicadores de qualidade e dos cuidados com o gado, provavelmente já não estaria mais atuando no setor”, comenta.

Parceria com empresas

O Educampo conta com o apoio de mais de 30 cooperativas e em-presas de laticínios em todo o Es-tado. Elas participam ativamente do suporte técnico dado aos fazen-deiros e, como forma de incentivo, oferecem benefícios aos associa-dos. “Além de garantir a aquisição total da produção dos respectivos grupos, as empresas bonificam os produtores de acordo com a qua-lidade do leite. Quanto melhor forem os índices de UFC, CCS e proteínas, maior o valor pago por litro”, explica o consultor da Da-none Roberto Costa. Os valores adicionais podem chegar a 20% do preço original.

agronegóCio

José Marcelo Araújo atua há 50 anos no setor e

produzia 800 litros por dia. Com o Educampo Leite, a produção saltou para 2 mil litros e poderá chegar

a 5 mil litros diários nos próximos anos

A Agropecuária JM, de José Marcelo, contabiliza lucro entre 14% e 25%

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49abr•mai•201048

O Educampo é uma metodologia de gestão rural que contempla todos os aspectos do processo produtivo do leite. Aplicado desde 1996, o projeto já atendeu 3 mil produto-res rurais em mais de 200 municípios mineiros.

Técnicos especializados, geralmente profissionais das áreas de veterinária, agronomia e zootecnia, acompanham permanentemente a rotina das fazendas voltadas à produção leiteira oferecendo consultoria em todas as etapas do processo. Cada técnico coordena as ações em até dez propriedades de uma mesma região. Eles avaliam todos os critérios que envolvem a qualidade da produção, a rentabilidade e a produtividade das fazendas. Os dados são enviados para especialistas da Universidade Federal de Viçosa, responsá-veis por analisar e sugerir os pontos a serem melhorados em cada propriedade.

De acordo com o coordenador do Educampo em Minas, Rogério Nunes Fernandes, as ações previstas para 2010 devem priorizar a melhoria de eficiência da mão de obra e a redução de gastos com concentrado, além de continuar estimulando e promovendo o incremento da produção média e da qualidade de leite das propriedades. “Aumentando o volume e a qualidade de leite produzido diariamente, melhorando a eficiência da mão de obra e reduzindo os gastos com concentrado, os custos fixos por litro serão reduzidos. Isso acarreta, consequentemente, o aumento da margem de lucro das fazendas”, explica.

Melhoria contínua na produção leiteiraBelo Horizonte sediou, entre os dias 22 e 25 de março, o maior evento lácteo da América Latina: o Congresso Pan-Americano do Lei-te. O encontro é organizado pela Federação Pan-Americana do Leite (Fepale) em parce-ria com a Federação da Agricultura e Pecu-ária do Estado de Minas Gerais (Faemg) e tem apoio do SEBRAE-MG.

Em sua 11ª edição, o congresso terá como foco quatro áreas temáticas: a produção primária, a industrialização de produtos, o mercado do leite e derivados e a realidade atual do consumo. O encontro será uma oportunidade para os profissionais do setor – importante segmento do agronegócio – debaterem e planejarem os rumos da cadeia leiteira na região.

São esperadas cerca de 2,5 mil pessoas, entre compradores internacionais, expor-tadores, produtores, comerciantes e repre-sentantes de cooperativas e de entidades de pesquisa e apoio. “O cenário é ideal para promover as relações interpessoais, forta-lecer os vínculos de amizade e cooperação entre a comunidade técnica e empresarial e, principalmente, para a atualização de conhe-cimentos”, enfatiza Vicente Nogueira, presi-dente da Fepale.

Minas Gerais foi escolhida como sede por ser o maior produtor nacional de leite (cerca de 30% do total) e pela qualidade do trabalho de entidades públicas e privadas em pesqui-sa, fomento e modernização da produção e beneficiamento.

BH sedia congresso do leiteagronegóCioagronegóCio

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entrevista

posicioNameNtocompetitivoe susteNtávelNova metodologia do SEBRAE-MG busca atender aos empresários coletivamente, estabelecendo ações com maior poder de mudança nos polos produtivos

PoR bianca alveS

FotoS: GuStavo black

Matheus Cotta de Carvalho é diretor de Operações do SEBRAE-MG e desde 2007

é um dos coordenadores do realinha-mento estratégico da instituição. Um trabalho que teve como uma de suas definições abordar as empresas coleti-vamente, de maneira a mudar cenários e intervir concretamente no panorama econômico de Minas Gerais, trazendo mais competitividade e sustentabilida-de aos pequenos negócios.

O número de empresas reunidas em Arranjos Produtivos Locais (APLs) trabalhados pelo SEBRAE-MG é calculado por Matheus em mais de 6 mil em todo o Estado. É para elas que se dirigem as ações do Foco Com-petitivo, uma nova metodologia que, utilizando experiências vitoriosas no mundo, proporciona um novo posi-cionamento de negócio, mais compe-titividade e sustentabilidade às micro e pequenas empresas.

Qual o objetivo do realinhamento estratégico que o SE-BRAE-MG vive desde 2007?É focar todos os nossos esforços em busca de maior com-petitividade e sustentabilidade para os pequenos negócios do Estado. Para isso, foi necessário restabelecer toda a base de conhecimentos do SEBRAE-MG, inclusive por meio da in-tegração a uma rede internacional de conhecimento.

Qual é o fundamento básico dessa readequação?Duas palavras-chave nos orientam neste processo: competi-tividade, que é a capacidade das micro e pequenas empresas mineiras de ganharem maior participação nos mercados; e sus-tentabilidade, ou seja, que isso se dê de maneira sustentável no tempo – sustentabilidade econômica, social, ambiental e cultu-ral. Hoje não basta ganhar mercado em curtíssimo prazo sem ser capaz de manter uma produção competitiva no tempo.

Esse processo culminou em uma nova metodologia de abordagem das empresas – o Foco Competitivo. O que é e como ela é aplicada?O SEBRAE-MG tem, basicamente, duas formas de atendi-mento: coletivo, voltado para Arranjos Produtivos Locais (APLs), formados por empresas do mesmo segmento e com uma localização física pré-determinada; e individual, voltado para as necessidades de empreendedores que nos procuram individualmente. O Foco Competitivo foi criado para atender ao coletivo. É baseado na metodologia da empresa espanho-la Competitiveness, com quem fizemos uma primeira expe-riência em Nova Serrana. É uma metodologia participativa, na qual os técnicos do SEBRAE-MG têm um papel decisivo. Eles levam um conjunto de conhecimentos que permite um diálogo com os empresários para definir o posicionamento es-tratégico daquele APL. Trata-se da definição do negócio com que vamos trabalhar, da maneira como vamos explorar as van-tagens competitivas, que nos permitirá eleger um conjunto de ações com maior poder de mudança da realidade local. Em suma, saímos de uma realidade em que estávamos muito mais respondendo a uma demanda do empresário para uma ação que reflete um pensamento estratégico.

Matheus cotta de carvalho

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Como a metododologia possibi-lita o conhecimento de merca-dos no mundo?É preciso ver o que está aconte-cendo com a indústria mundial-mente, inclusive visitando APLs que passaram por processos de modernização similares àqueles que estamos propondo. No caso de Nova Serrana, fomos à Espa-nha, porque ali ocorreu um pro-cesso semelhante, com a entrada do produto chinês e a abertura do mercado europeu. A produção local foi dizimada, foi toda trans-ferida para a Ásia e para o norte da África. Hoje, os espanhóis têm outros modelos de negócios. Toda essa informação permite calibrar de maneira mais precisa nossas ações.

Além de Nova Serrana, onde mais esta metodologia está sen-do aplicada em Minas Gerais? Estamos trabalhando no polo de eletroeletrôncios, em Santa Rita do Sapucaí; com manga, no Jaí-ba; com turismo das Águas, no Sul de Minas; e com móveis em Ubá. O caso de Jaíba é interessan-te. Tínhamos um projeto de fru-ticultura no norte de Minas, que envolvia manga, limão e banana. O Foco Competitivo nos permi-tiu observar que cada um desses “negócios” tem uma dinâmica e realidade próprias, um mercado específico, com exigências distin-tas. Manga é um produto voltado para o mercado exportador, então temos que pensar na logística pró-pria, uma certificação que atenda às exigências do comprador sofis-ticado na Europa ou nos Estados Unidos. Banana, por sua vez, é para o mercado interno, onde os compradores e suas exigências são muito diferentes. Quando tra-balhávamos conjuntamente todas essas frutas, éramos incapazes de precisar um modelo de ação com poder de mudança naquela reali-dade local. O que a nova meto-dologia nos traz é a possibilidade de definir esses negócios que, em

alguns setores, são coisas muito diferentes.

A ideia então é ter um olhar mais amplo, de toda a cadeia produtiva?Exato. Você deixa de fazer apenas uma análise setorial e passa a fa-zer uma análise que vai do forne-cedor até o comprador final, que nos dá uma visão de negócio. O empresário entende do processo produtivo, mas muitas vezes tem deficiências no entendimento da dinâmica do negócio. Exemplo: Minas Gerais produz quase 20% do café mundial, somos experts, mas quando analisamos a ca-deia de geração de valor do café, o dinheiro não fica em Minas, mas em outros lugares. No final da cadeia estão aqueles que co-mercializam o café. Se ficarmos presos apenas aos aspectos técni-cos da produção do café, nunca seremos capazes de dar um salto do ponto de vista de negócio, de nos reposicionarmos de maneira a absorver a maior parte do valor gerado por ela.

E os outros APLs, como estão indo?Nos polos em que fizemos a in-tervenção, apresentamos rumos e caminhos que eles ainda não tinham vislumbrado. O Circuito das Águas, por exemplo, vinha recebendo investimentos de infra-estrutura do Governo do Estado,

mas não havia uma preocupação de renovar o modelo de negócio. Não adianta mudar a infraestrutu-ra se não há um modelo de negó-cio inovador que permita àquelas empresas – hotéis, restaurantes, prestadores de serviços – se mo-bilizarem em torno de um obje-tivo comum. Ali há aquele posi-cionamento tradicional, de ser um lugar de cuidar da saúde, de tra-tamento terapêutico. Precisamos aproveitar outros produtos, como as fazendas históricas de café ou o turismo de aventura, que são vantagens que o polo tem. Outro problema é que aquelas cidades estavam muito submetidas aos preços definidos por grandes ope-radoras. Estamos propondo fazer a divulgação pela internet, assim você capta diretamente o cliente e consegue preços melhores. Outro direcionamento é o turismo inter-no. Minas é o maior polo turístico brasileiro se você pensar nas pes-soas que são daqui e não conhe-cem o Estado.

Quanto tempo leva para o traba-lho apresentar resultados?A metodologia demanda seis meses de trabalho. Depois vêm as ações, durante mais dois anos. Queremos mudar a realidade local e isso só se dá a médio e a lon-go prazos. Tudo está organizado em forma de um projeto estru-tural, com objetivo, indicadores e avaliação anual. Estamos dando oportunidade à pequena empresa de ter a mesma informação que a grande empresa tem. O que a grande empresa faz é contratar consultorias internacionais, que vão ajudá-la a definir o posiciona-mento no mercado e as estratégias para conquistá-lo. Esse modelo competitivo é muito mais que uma metodologia, é um esforço do SEBRAE-MG para por em prática o seu novo posicionamen-to estratégico. O que queremos é mudar a realidade da economia mineira, torná-la mais competitiva e sustentável.

entrevistaentrevista

Como funciona essa metodologia?Reuniões e estudos são feitos pelos técnicos do SEBRAE-MG para verificar o que está acon-tecendo com aquela indústria globalmente. Levantamos as grandes tendências que estão in-fluenciando a indústria no mun-do, no Brasil e em Minas Gerais, compreendendo as características da nossa realidade para distinguir aquilo que seria vantagem com-petitiva. Procuramos segmentar e descobrir negócios com potencial de desenvolvimento, definir for-ças que afetam aquele mercado e, a partir daí, saberemos em qual negócio temos maior capacidade de competir e melhorar a rentabi-lidade dos negócios.

De que maneira isso se diferen-cia de como o SEBRAE-MG tra-balhava?Até então não tínhamos toda essa parte analítica do potencial que estava ali colocado, da dinâmica global da indústria e dos elemen-tos que seriam essenciais para uma estratégia competitiva.

Como são as ações que integram o Foco Competitivo?São ações mais poderosas do ponto de vista de mudança da re-alidade local. Quando você já tem definido o segmento no qual vai competir, você conhece a reali-dade das empresas localmente e os elementos importantes dessa dinâmica competitiva, é possível definir suas ações de forma tal que atinge com muito mais força

o alvo de mudança estrutural da-quele polo.

Em qual APL esse trabalho teve início e como as ações estão sen-do aplicadas?A nossa primeira experiência foi em Nova Serrana. O APL tinha um posicionamento de merca-do como centro produtor de calçados esportivos masculinos. Depois dos estudos e avaliações, concluímos por um posiciona-mento mais relacionado à moda e à prestação de serviços. Moda porque você cria uma barreira natural ao produto estrangeiro, já que existe uma série de elemen-

tos da moda que são resultado de fatores que estão presentes no universo cultural brasileiro, por exemplo, nas novelas. Você incor-pora uma série de informações aos produtos locais, difícil de ser trazida do exterior.

O que mais está sendo trabalha-do em Nova Serrana?Também sugerimos a produção de sapatos femininos, que é um mercado muito maior que o de calçados masculinos, e aproxima-mos a cadeia produtiva dos gran-des atacadistas. Os fabricantes tinham uma tradição de vender para pequenas sapatarias por in-termédio de agentes. Mostramos a esses empresários como seria importante se aproximarem dos grandes compradores, enten-dendo quais são suas exigências. Como havia intermediários, não tinham diálogo com o comprador final. Todas essas ações permiti-ram um novo posicionamento, relacionado com serviços. Eles es-tão tendo um conjunto maior de informações para entender os re-quisitos básicos para vender para grandes redes, estão sendo capa-zes de incorporar elementos de design de maneira mais dinâmica, evitando a competição dos pro-dutos chineses. Estamos também desenvolvendo uma plataforma de negócios na Ásia, para que eles possam conhecer insumos, tendências no setor calçadista, já que a Ásia, além de ser um grande produtor, é também um lançador de tendências.

Estamos trabalhando no polo de eletroeletrôncios, em Santa Rita do Sapucaí; com manga, no Jaíba; com turismo das Águas, no Sul de Minas; e com móveis em Ubá. O caso de Jaíba é interessante. Tínhamos um projeto de fruticultura

no norte de Minas, que envolvia manga, limão e

banana. O Foco Competi-tivo nos permitiu observar que cada um desses “ne-

gócios” tem uma dinâmica e realidade próprias.

Esse modelo competitivo é muito mais que uma

metodologia, é um esforço do SEBRAE-MG para por em prática o seu novo po-sicionamento estratégico. O que queremos é mudar a realidade da economia mineira, torná-la mais

competitiva e sustentável.

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Contra o desperdÍCio Contra o desperdÍCio

mais qualidade, sabor, ecoNomia

e proteção ambieNtalPrograma Qualidade por Excelência mostra a empresários de São João Del-Rei e Tiradentes como diminuir perdas e acabar com gastos extras, contribuindo para um desenvolvimento sustentável

PoR Juliana GaRcia

FotoS: GuStavo black

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Contra o desperdÍCioContra o desperdÍCio

Serviço de qualidade, ampla variedade de alimentos e consciência ambiental podem caminhar juntos rumo ao sucesso de um

empreendimento. É o que mostra o programa Qualidade por Excelência, desenvolvido pelo SEBRAE-MG. A atenção ao desperdício, à quantidade de água utilizada e ao lixo gerado é hoje prioridade no restaurante Pelourinho, em São João Del-Rei. Para o proprietário Tadeu Cláudio Pires, a preocupação com esses quesitos trouxe economia e agilidade na rotina de trabalho. “Observamos quais alimentos eram mais consumidos no bufê e medimos esse gasto. Com isso tivemos uma melhor percepção das reposições que eram realmente necessárias no decorrer do dia para atender à demanda, sem desperdiçar ou diminuir a variedade”, diz. Com isso, o restaurante reduziu o desperdício de 20 quilos de alimento diários para 4 quilos, tendo uma economia mensal de R$ 5 mil.

Ao todo, 14 estabelecimentos, entre bares, restaurantes, padarias e pousadas, de São João Del-Rei e Tiradentes participaram do Qualidade por Excelência, nome criado pelo grupo para as ações realizadas. O objetivo foi orientar os participantes a potencializar seus serviços por meio de um conjunto de ações: gestão financeira; cursos Sabor e Gestão e Como Vender Mais e Melhor; e programas 5 Menos Que São Mais; e Alimentos Seguros (PAS).

O restaurante Chafariz, em São João Del-Rei, passou a economizar R$ 3 mil por mês em gastos com alimentos. “Com pequenas ações conquistamos grandes vantagens econômicas”, relata a proprietária Olga Silva. “Em um país onde tantas pessoas passam fome, era triste saber que desperdiçávamos 210 quilos de comida todo mês”, completa.

A preocupação de Olga faz sentido, uma vez que a desnutrição e o desperdício de alimentos são dois dos mais relevantes problemas existentes no Brasil. Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o Brasil produz 27,5% a mais de alimentos do que necessita para alimentar toda a população e ainda assim enfrenta sérios problemas para combater a fome.

Tadeu Pires mede o consumo de alimentos para administrar as reposições

Olga Silva preocupa-se com o desperdício de alimentos

Olga Silva, do Restaurante Chafariz, economiza R$ 3 mil mensais em gastos com alimentos e deixou de desperdiçar

210 quilos de comida por mês

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Contra o desperdÍCioContra o desperdÍCio

Por conta disso, união e trabalho em equipe são premissas básicas para o bom resultado de todas as fases do Qualidade por Excelência. “A diminuição do desperdício só foi possível porque todos se empenharam nas instruções passadas e se dispuseram a ajudar”, assegura Olga, do Chafariz. No restaurante Pelourinho não foi diferente. “Existe hoje uma colaboração de todos os funcionários em diminuir desperdícios. Essa consciência conjunta é a chave do negócio”, destaca Tadeu, que depois do programa percebeu um maior envolvimento dos colaboradores. “Se o planejamento da produção é feito de forma participativa, com certeza há aumento na lucratividade.”

A preocupação com a administração de materiais de limpeza também fez parte do programa. No Buffet Cecília Resgalla, em São João Del-Rei, novas formas de trabalho foram criadas para reduzir o consumo desses produtos. Hoje, eles são diluídos em água pela mesma funcionária que os utiliza, garantindo o controle semanal e evitando perdas. “Conseguimos reduzir em 40% nossos gastos mensais”, destaca a empresária Patrícia Resgalla. A economia do Buffet chegou a R$ 500 mensais só com produtos de limpeza. “Com a gestão financeira aprendemos a planejar melhor nossas despesas.”

Restaurante Chafariz: redução do desperdício

Funcionárias do Buffet Cecília Resgalla diluem produtos de limpeza em água

O Qualidade por Excelência buscou adaptar os conceitos e a metodologia aplicada à realidade de cada estabelecimento, sempre mencionando a importância da continuidade dos processos. Na pousada Ouro de Minas, em Tiradentes, as mudanças já estão sendo aplicadas diariamente. “Aprendemos a fazer uma manipulação correta dos alimentos, a gerir gastos e a controlar o consumo de água e luz”, revela a proprietária Patrícia Garcia.

Alexandra Chitarra, técnica do SEBRAE-MG responsável pelo Qualidade por Excelência, conta com satisfação os objetivos alcançados. “Conseguimos diminuir substancialmente o reprocessamento de produtos e gastos desnecessários, o que corresponde a um aumento de produtividade com qualidade, segurança e sustentabilidade”, comemora. Segundo ela, a redução do desperdício de alimentos nos 14 estabelecimentos gerou uma economia média de aproximadamente R$ 30 mil mensais.

Os materiais de limpeza do Buffet Cecília Resgalla são diluídos pela mesma funcionária, o que garante um controle semanal e evita perdas. A economia já alcançou R$ 500 mensais

Manipulação de alimentos na Pousada Ouro de Minas

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Contra o desperdÍCioContra o desperdÍCio

O compromisso com o meio ambiente foi atitude constante nas diversas ações do Qualidade por Excelência. Os empresários perceberam como é possível obter mais lucro, competitividade e qualidade levando em consideração os conceitos de sustentabilidade. “Adquirimos consciência ambiental e percebemos a importância de reduzir o consumo desnecessário de matéria-prima. Essa diminuição traz resultados positivos para nós e para o meio ambiente”, conta o empresário Tadeu Cláudio, do restaurante Pelourinho.

No Chafariz, o programa não tratou apenas da economia financeira. “Aprendemos também a valorizar a sustentabilidade em nosso trabalho”, diz Olga. Para evitar gastos extras de energia, ela fez a manutenção dos refrigeradores e geladeiras, registrando as datas sugeridas para as próximas revisões técnicas e a temperatura que deve ser mantida por cada aparelho.

Todos os envolvidos no programa mostraram-se empenhados em alterar o que fosse necessário para serem ‘ecologicamente corretos’. “Trocamos os refrigeradores por modelos mais econômicos, instalamos sensores de iluminação nos banheiros e adquirimos uma lavadora industrial que lava 18 pratos num ciclo de 3 minutos, diminuindo pela metade o

consumo de água”, enumera Tadeu, do Pelourinho.

Envolvido no processo de mudança iniciado em seu restaurante, o empresário ainda foi mais longe: pesquisou o que poderia ser feito com o óleo de cozinha e encontrou uma fábrica que recebia o material para produzir sabão. Tadeu passou, então, a doar todo o óleo que antes era jogado no lixo.

A coleta seletiva foi outra ação aplicada nos bares e restaurantes da região. A separação do lixo orgânico e do chamado lixo seco (recicláveis) é indispensável nesse caminho rumo à sustentabilidade. “A quantidade de lixo produzida reduziu significativamente, pois com a coleta seletiva percebemos que a maior parte dos materiais jogados fora são recicláveis e serão reaproveitados de alguma forma.”

De acordo com Luciana Rezende, técnica do SEBRAE-MG na Unidade de Acesso à Inovação e Tecnologia, os resultados do programa foram percebidos em suas diversas áreas de atuação. “Observamos uma grande mudança no ambiente de trabalho dos empresários. Isso resultou na otimização de processos e na redução de custos operacionais, além de melhorar o desempenho ambiental das empresas”, explica.

Compromisso ambiental O desperdício no mundo

O desperdício no Brasil • Quase 44% do que é plantado se perde na produção, distribuição e comercialização.• Cerca de 20% é perdido no processamento culinário e nos hábitos alimentares.• Estudos da Embrapa mostram que, do campo à comercialização, as perdas do tomate chegam a 14%, as da ce-noura a 12% e as do pimentão a 18%.• Estudo da Secretaria de Abastecimento e Agricultura de São Paulo revela que a quantidade de alimentos que vai para o lixo corresponde a 1,4% do PIB, ou R$ 17,25 bilhões.• Os supermercados da cidade de São Paulo descartam 13 milhões de toneladas de alimentos por ano.• As feiras livres jogam no lixo mais de 1.000 toneladas em frutas, legumes e verduras por dia.• Cálculos da Secretaria de Agricultura e do IBGE mostram que de 20% a 30% dos alimentos comprados para abastecer uma casa acabam indo para o lixo.• Cerca de 50% do peso do lixo doméstico corresponde a alimentos descartados, ou 26,3 milhões de toneladas.

Fonte: Caderno Temático – A Nutrição e o Consumo Consciente (Instituto Akatu), página 45. Disponível em: www.akatu.org.br

30% de toda a comida produzida nos Estados Unidos é

jogada fora, equivalente a48,3 bilhões de dólares

O Reino Unidodesperdiça aproximadamente

6,7 milhõesde toneladas de alimentos por ano(um terço de toda a produção)

61% do desperdício alimentar no Reino Unido

poderia ser evitado.

No Quênia,

95 milhõesde litros de leite

(22,4 milhões de dólares) são jogados fora anualmente

Na Índia,23 milhões de toneladas de cereais, 12 milhões de toneladas de frutas

e 21 milhões de verduras são desperdiçados todos os anos

Fonte: Relatório A Crise Ambiental dos

Alimentos (Programa Ambiental das Nações

Unidas), 2009, página 32. Disponível em:

www.grida.no/publications/.

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design

iNovaçãoe qualidade Na fuNdição

Programa Metais de Minas orienta empresas de móveis e utensílios domésticos em alumínio e ferro do centro-oeste no planejamento e criação de produtos diferenciados

PoR Juliana GaRcia

FotoS: GuStavo black

Investir em criatividade, inovação e qualidade. Essas são as novas estratégias adotadas pelas empresas do ramo de fundição na região centro-oeste do

Estado. A partir das orientações do Programa Metais de Minas, promovido pelo SEBRAE-MG em parceria com o Centro Minas Design e o Sindicato da Indústria da Fundição de Minas Gerais (Sifumg), a Belga Móveis, localizada no município de Cláudio, pretende realizar parcerias com designers e trabalhar a troca de informa-ções para melhorar os processos produtivos. “Quere-mos inovar a nossa produção”, revela o gerente admi-nistrativo João Carlos da Silva.

“A partir do curso identificamos e entendemos melhor a necessidade de um planejamento no desenvolvimento de produtos. Hoje não conseguimos imaginar um lançamen-to sem essa metodologia que nos foi ensinada”, acrescenta Fábio Rodrigues, proprietário da Quality Móveis e Obje-tos, fabricante de móveis em alumínio de Cláudio.

Conjunto de panelas em alumínio injetado da AluferroAutores: Fernando Casanova, Pedro Nascimento, Bruna Trotta, Emanuel Lucas,

Leonardo Müller, Caroline Pagnan, Hemilly Brugnara e Natália Morita

O SEBRAE-MG trabalhou a criação de produtos Premium para ampliar o mercado e atingir um novo público

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O objetivo do projeto foi con-solidar o planejamento de ações nos processos de design indus-trial, oferecendo ferramentas para a aplicação de uma Gestão de Desenvolvimento de Produtos (GDP). “As empresas formali-zaram uma estratégia e um pro-cesso estruturados, que permitiu uma melhor gestão, treinamento e concentração de esforços nas ati-vidades de inovação”, destaca Le-onel Del Rey de Melo, consultor que desenvolveu e implementou a metodologia de GDP junto às empresas contempladas no Me-tais de Minas. “Isso possibilitou a criação de produtos com maior valor agregado e menor custo, ele-vando a competitividade e a pro-babilidade de sobrevivência das empresas no futuro.”

Agora, as fabricantes estão cien-tes da importância de desenvolver produtos criativos, com um di-ferencial diante da concorrência, para conquistar mercado. É o caso da Aluferro, de Divinópolis, que há 25 anos fabrica panelas, frigideiras e outros utensílios domésticos em alumínio fundido. “Nossos pro-dutos sempre foram os mesmos e não entendíamos a forte queda nas vendas que sofremos nos últimos anos”, explica o gerente adminis-trativo Alex Júnior da Silva. “Com a compreensão das técnicas de GDP, tivemos a percepção de que a plataforma utilizada na produção estava defasada. Isso tornava nos-sos produtos cada vez mais caros e sem nenhum diferencial mercado-lógico”, completa.

Além disso, o projeto sinalizou a importância de a cópia infor-mal deixar de ser uma prática no desenvolvimento dos produtos. Como o problema atingia 100% das empresas envolvidas, o SE-BRAE-MG trabalhou a criação de produtos premium, com o intuito de ampliar o mercado e atingir um novo público. Os participantes analisaram, ainda, objetos simila-res oferecidos pela concorrência, tendências de mercado e possíveis adequações à tecnologia disponí-vel em cada empresa.

De acordo com o designer e con-sultor do programa Carlos Alber-to Silva de Miranda, coordenador

do curso de Design de Produto da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), o desenvolvi-mento de produtos nas empresas era feito de forma descoordenada e, muitas vezes, sem foco ou sem a aplicação de uma metodologia eficiente. A perda de mercado era decorrente da falta de conheci-mento de ferramentas relaciona-das ao lançamento de produtos, como marketing, comunicação e imagem corporativa.

A parceria com o Centro Minas Design promoveu a criação e re-vitalização da identidade visual, a produção de banners e folders de divulgação de produtos e a mo-

dernização da marca e do nome das empresas. Segundo Nádia Pontelo, coordenadora do pro-jeto pelo Centro Minas Design, o maior desafio foi a carência de desenvolvimento gráfico. “Muitos empresários estavam apegados ao que foi criado anteriormente. Eles estavam no momento de inovar e mudar”, explica. A parceria criou, ainda, o design de ambientes nas empresas, como forma de faci-litar o acesso de compradores e funcionários. “A nova disposição dos produtos e do maquinário, além de melhorar a comunicação visual, possibilitou um ambiente de trabalho agradável a todos”, destaca Nádia.

Alex Júnior da Silva

Alex Júnior conta que os produtos da Aluferro, de Divinópolis, sempre foram iguais e a empresa não entendia a forte queda nas vendas nos últimos anos

designdesign

Proposta para Espaço Administrativo da A&CAutoras: Emely Gaspar, Flávia Monique e Gabriela Helena

Conjunto de panelas em alumínio injetado Aluferro

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design

A falta de maior conhecimento do mercado também era uma deficiência, pois a produção acontecia sem que antes fosse feita uma pesquisa de aceitação do produto. “Sempre trabalhamos com protótipos sem antes pesquisarmos a opinião de nossos clientes em relação ao nosso produto. O Metais de Minas fez com que percebêssemos a importância de enten-der o mercado, buscar tendências e acompanhar os detalhes de produção”, conta João Carlos, da Belga Móveis. “Estamos muito otimistas com os futuros resultados, já que uma possível demanda do produto é levantada antes da produção efetiva”, ressalta.

Na Quality Móveis não foi diferente. “Aprendemos a identificar a classe consumidora de nossos produtos, o posicionamento da nossa empresa e das concor-rentes no mercado e obtivemos uma melhora signifi-

cativa na gestão de custos e de criação”, afirma Fábio Rodrigues. “Percebemos nossa capacidade produtiva e vimos todas as possibilidades que tínhamos para agregar valor ao nosso produto, tornando-o mais atraente ao mercado consumidor”, acrescenta Alex Júnior, da Aluferro. Para Simone Mendes, técnica do SEBRAE-MG na unidade de Indústria e Território, o projeto foi imprescindível para a ampliação de mercado. “As empresas de fundidos em móveis e utensílios do-mésticos buscam aprimoramento para oferecer ao consumidor produtos de qualidade e praticidade vol-tados às exigências do dia a dia. Trabalhamos a imple-mentação do GDP nessas empresas, desenvolvendo novas linhas de produtos visando a um redireciona-mento estratégico de mercado.”

João Carlos da Silva

Programa Metais de Minas gestão de desenvolviMento de produtos (gdp)

- 38% das empresas afirmaram possuir um planejamento estratégico para desenvolvimento de novos produtos. Esse percentual subiu para 90% após as ações de capacitação e consultoria- Nenhuma das empresas possuía um processo formal de desenvolvimento de produtos. Após a capacitação, 80% das empresas passaram a ter um procedimento formal.

design industrial- 6 meses de projeto- 29 profissionais de design envolvidos- 15 empresas atendidas- 60 visitas realizadas- 15 linhas de produtos premium- 71 produtos em desenvolvimento

saibamais

Claudio, Divinópolis

Mesa e cadeira residencial da Belga MóveisAutores: Marcelo Souza Manhago, Richter Queiroz e Lucas Resende

João Carlos da Silva, da Belga Móveis, reconhece que a falta de

conhecimento do mercado era uma deficiência. Agora a possível

demanda por um produto é analisada antes da fabricação

Conjunto de panelas em alumínio injetado Aluferro

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eMpreendedor individuaL

pimeNta solidáriaO primeiro empreendedor individual de Uberaba descobre nova variedade de condimento e realiza sonho de incentivar a agricultura familiar

PoR caRla medeiRoS

Com uma história de vida guiada pela preocupação social, o técnico agrícola

Leonam Moreira, de Uberaba, no Triângulo Mineiro, sempre buscou algum meio de garantir o sustento de famílias carentes. Durante um experimento com várias pimentas, ele descobriu uma nova espécie originada pela polinização cruzada das pimentas malagueta e bode-ro-xa. Batizada de Pimenta Uberabi-nha, a planta possui características interessantes e diferenciadas.

A descoberta tem ampliado as ações e sonhos do mineiro a favor da igualdade. Ao se tornar o pri-meiro empreendedor individual cadastrado em Uberaba, Leonam cria oportunidades e beneficia fa-mílias da região, com a agricultura familiar, por meio do Projeto Ube-rabinha, de cunho social.

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Técnico agrícola Leonam cria pimenta com sabor especial e resistente a pragas

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eMpreendedor individuaLeMpreendedor individuaL

Leonam seguiu os passos do pai na Polícia Militar durante 15 anos. Largou a farda para se dedicar ao trabalho humanitário. Para seu autossustento, ele dá aulas particulares de violão. Com um grupo de voluntários, viajou pelo interior de Minas Gerais. “Passamos muito tempo viajando, ajudando as pessoas necessitadas, distribuindo comida, roupa e lazer”, lembra. O empreendedor conta que na época, mesmo abraçado à causa social, sentia que suas ações eram paliativas. “Eu tinha um ímpeto de descobrir uma forma de as pessoas garantirem o seu sustento de forma independente.”

Instigado, Leonam voltou aos estudos, terminou o ensino médio, formou-se Técnico de Agricul-tura e Zootecnia e este ano se gradua em Ciências Sociais. Em 2006, bolsista de Iniciação Científi-ca da Fapemig Júnior, enquanto fazia testes de polinização cruzada, com diferentes espécies de pimentas em seu quintal, notou que uma das va-riedades era diferente das demais. “Fui orientado a isolar a planta, concentrar meus estudos nela e supervisioná-la durante dois anos. Com isso ob-tive resultados maravilhosos e um fruto diferen-ciado”, explica.

A descoberta, que homenageia a cidade de Ube-raba, teve grande reconhecimento e despertou a curiosidade em todo o Brasil. O sucesso da Pi-menta Uberabinha é fruto de um trabalho expe-rimental desenvolvido entre 2006 e 2008. Nesse período, Leonam percebeu que cada vez mais conseguia um fruto aprimorado, resistente a pra-gas e que produzia quase o dobro de frutos, com periodicidade maior que as pimentas tradicionais, sem o uso de agrotóxicos em todo o processo.

Sem burocracia

O primeiro empreendedor individual de Uberaba lembra que o processo de legaliza-ção, destinado aos trabalhadores informais que pretendem legalizar seus negócios, foi simples e sem burocracia. Agora, ele tra-balha apoiado por parceiros-sócios na pro-dução, comercialização e distribuição da Pimenta Uberabinha e dos condimentos artesanais feitos a base da nova espécie.

De acordo com Sabina de Oliveira, técni-ca do SEBRAE-MG em Uberaba, Leonam recebeu orientações sobre como se tornar um micro empreendedor individual (MEI) em seu primeiro contato com a instituição. Com as instruções, ele optou por formali-zar seu negócio.

Desenvolvida entre 2006 e 2008, a Pimenta Uberabinha teve grande

repercussão e despertou a curiosida-de em todo o Brasil. A descoberta de

Leonam é resistente a pragas e possui periodicidade maior que as pimentas

tradicionais – sem usar agrotóxicos

Com as orientações do SEBRAE-MG, Leonam formalizou o seu negócio de pimentas e condimentos artesanais e

tornou-se o primeiro empreendedor individual de Uberaba

Fotos: divulgação

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eMpreendedor individuaL

bem à saúde

No Brasil, as pimentas são cultivadas principalmente em Minas Gerais, Bahia e Goiás. Dentre as variedades mais desenvolvidas estão a pimenta malagueta, comari, de cheiro e chifre de veado. As pimentas são consumidas principal-mente na forma de conserva de fruto inteiro em vinagre ou azeite. No ano passado foram produzidas 65 mil toneladas de pimenta o Brasil; Minas Gerais produziu 1,6 mil toneladas.

A pungência ou picância das plantas deve-se à presença da capsaicina. Essa substância química, apesar de agregar um caráter ardido às pimentas, é be-néfica à saúde. As propriedades medicinais da capsaicina são comprovadas e atuam como cicatrizante de feridas, antioxidante e dissolve coágulos sanguí-neos. Também previne a arteriosclerose, controla o colesterol, evita hemor-ragias e aumenta a resistência física ao influenciar a liberação de endorfinas, que causam sensações de bem-estar e na elevação do humor.

Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Sonho socialLeonam Moreira tinha o propósito de criar uma forma sustentável e geradora de renda para famílias carentes do campo e dos centros urbanos. Com o Projeto Uberabinha, alguns produtores da região já cultivam a pimenta por meio da agricultura familiar, e têm, assim, uma renda comple-mentar. Mudas prontas para o solo são oferecidas aos inte-ressados, que aprendem o manejo da cultura e recebem um valor estipulado, de acordo com a quantidade e tamanho da lavoura.

Ele escolheu a pimenta para seus experimentos porque o cultivo é feito basicamente pela agricultura familiar e por-que a demanda pelo produto é alta. Outro diferencial da Pimenta Uberabinha, na visão do empreendedor, é que os consumidores saberão, ao comprar o produto, os trabalhos sociais desenvolvidos em Uberaba.

Pimenta em Minas Gerais

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diversidade ecoNômica Naterra de ilustres

Projetos da Macrorregião Leste apoiam os mais variados setores, como o artesanato na Zona da Mata e a cafeicultura em Caratinga. Região é berço de artistas do porte de Ary Barroso, Carlos Drummond de Andrade e Ziraldo

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Foto: Carlos Alberto - SECOM - MG

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A Zona da Mata e o Rio Doce são regiões que têm em comum um forte viés industrial. Os setores de alimen-tos, têxtil, de confecções e moveleiro destacam-se em

cidades como Juiz de Fora, Ubá e Muriaé, enquanto a metalur-gia concentra-se no Vale do Aço, onde pontificam os municípios de Ipatinga, Itabira, João Monlevade e Timóteo. Elas guardam, porém, algumas diferenças, que só confirmam a diversidade das Minas Gerais. A Zona da Mata é tradicional produtora de arroz, café, leite e carnes de porco e aves. Já a região do Rio Doce tem amplas áreas reflorestadas para a produção de celulose e uma for-te pecuária bovina.

Juntas, as duas regiões formam a Macrorregião Leste, divisão re-gional do SEBRAE-MG que atende a 269 municípios. São cida-des como Barbacena, Caratinga, Coronel Fabriciano, Governador Valadares, Ponte Nova e Viçosa, entre várias outras. Terra de gen-te famosa, como o aviador Santos Dumont, cuja cidade-natal – Palmira – mudou de nome em sua homenagem; o compositor Ary Barroso, de Ubá; o poeta Carlos Drummond de Andrade, de Itabira; e o fotógrafo de fama internacional Sebastião Salgado, de Aimorés. E berço de políticos importantes, como os presidentes Artur Bernardes, de Viçosa, ou Itamar Franco, de Juiz de Fora; o vice-presidente José Alencar, de Muriaé; os governadores Bias Fortes, de Barbacena, e Milton Campos, de Ponte Nova, além de artistas como Ziraldo, de Caratinga, e Humberto Mauro, o céle-bre cineasta de Cataguases. A macrorregião abriga um importante patrimônio natural, que inclui o Parque Estadual de Ibitipoca, o Pico da Bandeira, o Parque Estadual do Rio Doce e a Serra do Brigadeiro, além de trecho expressivo da Estrada Real.

O SEBRAE-MG realiza e apoia na região 41 projetos finalísticos individuais e coletivos (veja box). Assessorar empresários poten-ciais na identificação de oportu-nidades de negócios e orientá-los no planejamento, formalização e implantação de novos empreen-dimentos é uma vocação natural da instituição que se repete em to-dos os municípios atendidos pela Macrorregião Leste. E é o caso de André Luiz dos Santos, um dos sócios da Laura e Miguel Bolsas e Acessórios. Desde o início do negócio, em 2008, ele recorre ao Ponto de Atendimento de Ipatin-ga. André Luiz não é um leigo – “leio, estudo, sempre vou atrás de informações” – e procurou o SE-BRAE-MG para confirmar que estava no caminho certo. Depois de alguns cursos, porém, viu que alguma coisa tinha que ser muda-da. “Quando fazia o cadastro das minhas revendedoras, não pedia cópia dos documentos, o que po-deria me trazer problemas se pre-cisasse de um serviço de proteção ao crédito”, exemplifica. Entu-siasmado, neste ano André quer participar do Empretec. “Hoje eu só comercializo, mas agora quero fabricar. E é claro que eu preten-do continuar com o SEBRAE-MG ao meu lado.”

Ponte Metálica de Cataguases

SEBRAE-MG realiza e apoia 41 projetos, assessorando empresários potenciais na identificação de oportunidades e

orientando no planejamento, formalização e implantação de novos empreendimentos

Foto: Ernani

SEBRAE-MG apoia polo moveleiro de Ubá

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ção

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Um dos projetos da macrorregional aconte-ce junto aos artesãos que utilizam palha de milho em Brás Pires, pequeno município na Zona da Mata de cerca de 5 mil habitantes. O objetivo é aumentar a cultura do empre-endedorismo dos artesãos, criando produtos diferenciados em acessórios femininos para a conquista de novos mercados.

“O artesanato em palha de milho tem um potencial junto a um público com visão socioambiental ou a empresas que querem adquirir brindes. Iniciamos um trabalho de profissionalização da associação, com logo-marca, identidade visual e, com a credibilida-de que o SEBRAE-MG tem, participamos de feiras e eventos. Tivemos encomendas de várias empresas, inclusive internacionais”, comemora Vivian Ramos, diretora de as-suntos institucionais do instituto Xopotó, ONG que acompanha o projeto.

Segundo ela, o SEBRAE-MG apoia o pro-jeto desde 2008 com cursos de capacitação, indicações e contribuição financeira em fei-ras e eventos. “Tais atividades têm profissio-nalizado nossa associação, gerado mais visi-bilidade no mercado e aumentado a renda das artesãs. Várias já têm o artesanato como principal fonte de renda em casa”, completa.

Projeto do SEBRAE-MG em Brás Pires, na Zona da Mata, dissemina a cultura do

empreendedorismo entre artesãos que utilizam palha de milho para produzir

acessórios femininos diferenciados

Artesãos de Brás Pires

Parque Estadual do IbitipocaFoto: Gustavo Andrade

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A meta da macrorregião em 2010 é, segundo seu gerente, João Ro-berto Marques Lobo, atender 12 mil pessoas jurídicas e 18 mil em-preendedores. “Ao longo desses anos em que o SEBRAE-MG am-pliou sua atuação na Macro Leste, muitas vitórias foram conquista-das. Desde um pequeno empre-endedor que contou com nossa ajuda para orientá-lo na abertura de sua empresa, e depois tornou-se uma empresa referência no segmento de farmácia de manipu-lação, até um grupo de fabricantes de móveis que precisava mudar o modelo de negócios e, após nossa contribuição, está se reestruturan-do para ganhar competitividade”, afirma Lobo.

perfiL perfiL

Ibitipoca

Caratinga

Ibitipoca

Com o apoio de técnicos especializados, empreendedores aumentam produtividade

Principais Projetos do SEBRAE-MG na Macro LesteApicultura no Vale do Aço - ampliação de mercados externo e interno Aprimoramento do ambiente legal Macrorregião LesteArtesanato de palha de milho de Brás PiresAtendimento a empreendedores e empresáriosAudiovisual em Cataguases e regiãoCafé do Comércio Justo nos municípios de Manhuaçu e CaratingaCaminhos para o desenvolvimento no Leste de MinasCapacitação para emigrantes brasileiros e seus beneficiários de remessasComercialização de mudas frutíferas de Dona EuzébiaComércio varejista de equipamentos, componentes e serviços de manutenção de informática de Viçosa e regiãoComércio varejista de supermercados e minimercados de Governador ValadaresConfecções em Muriaé e regiãoConfecções de Juiz de ForaConfecções de lingerie de São João do Manteninha e MantenaConfecções de UbáDesenvolvimento da cultura empreendedora e tecnológica em ItabiraFortalecimento da cadeia da construção da região LesteInd. Confecção de São João Nepomuceno, Descoberto e Rio Novo que comercializam marca própriaInd. moveleiras de Ubá e região com produtos seriados focados nas classes sociais B, C e DLeite em Itambacuri e regiãoLeite em Antônio Carlos e regiãoLeite em Mantena e regiãoMetalmecânico do Vale do AçoPolíticas Públicas para o Desenvolvimento do Município de Ponte NovaSociedade de Garantia de Crédito da Região Leste de MGT.I. e Biotecnologia integrados ao sistema local de inovação de ViçosaTurismo de negócios em Juiz de ForaTurismo na rota do Caparaó

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Em Campo Belo, e em mais de 800 cidades mineiras, quem quer abrir, ampliar ou diversificar o seu

próprio negócio tem todo o apoio do Sebrae/MG. Uma instituição que oferece desde ideias de novos

negócios a cursos, treinamentos e consultorias na área gerencial, além de incentivar e facilitar a

formalização de empresas. Para quem está começando, é um estímulo ao empreendedorismo,

mais oportunidade e competitividade. E, para a cidade que você ama, é

desenvolvimento econômico e social para ela crescer cada dia melhor.

0800 570 0800 | www.sebraemg.com.br

Aqui as micro e pequenas empresas têm o apoio do Sebrae.

Campo BeloNeuromarketiNge o coNsumo

O sucesso de um negócio não depende apenas de um bom produto, mas também da capacidade de provocar a vontade de comprar, por meio de

ferramentas de propaganda e marketing. Às velhas técnicas somou-se uma nova ciência dedicada a desvendar as raízes dessa resolução tão séria. Segundo o psicólogo Dan Arie-ly, da Universidade Duke, nos Estados Unidos: “Comprar é uma decisão pouco racional. Nos negócios, sai-se melhor quem consegue provocar emoções positivas”.

Muitos pesquisadores vêm estudando e desenvolvendo ferramentas para auxiliar as empresas a aumentar suas vendas. O Neuromarketing, ciência que estuda as emoções vividas pelos consumidores durante as experiências de consumo, surgiu no final da década de 1990 a partir de um grupo de pesquisadores norte-americanos da Universidade de Harvard. A ideia de um dos pesquisadores, Gerald Zaltman, era usar aparelhos de ressonância magnética para ações de Marketing em vez de estudos médicos.

Essa ciência estuda o estado neurológico de uma pessoa quando exposta a mensagens relacionadas a experiências de consumo, tornando possível a identificação das zonas do cérebro estimuladas. Os aparelhos de ressonância magnética fazem esse trabalho, conseguindo traçar as atividades cere-brais, a formação de sinapses e suas reações.

Uma linha da programação neurolinguística, ciência criada na década de 70 pelos ameri-canos Richard Bandler e John Grinder, vem desenvolvendo técnicas de comunicação e mudança comportamental a fim de maximi-zar os resultados nas empresas.

A linha defende a tese de que as pessoas to-mam decisões baseadas no seu sistema repre-sentacional preferencial, ou seja, se uma pes-soa desenvolveu mais seu sentido visual, suas decisões são tomadas preferencialmente pelos estímulos visuais que ela recebe no momento da compra. Da mesma maneira, as pessoas que desenvolveram mais os sentidos auditivos ou cinestésicos irão preferir o de maior influência para a compra, criando assim uma emoção sa-tisfatória e positiva na decisão.

A novidade é que as Micro e Pequenas Em-presas (MPEs) poderão usufruir dessas técni-cas por se tratarem de ferramentas aplicáveis a todos os tipos de empresas. Os planos de marketing e de vendas poderão adotar esse conhecimento para maximizar os resultados, criando campanhas promocionais e estraté-gias de comercialização congruentes com es-sas informações. Os pesquisadores afirmam que os estudos são extremamente complexos, mas quando mapeados e traduzidos para o meio empresarial, são de extrema simplicida-de e baixo custo.

Todas as técnicas encontram-se no mesmo ponto: são uma tentativa de incentivar o con-sumo pela emoção e pelos cinco sentidos. Reafirmam o entendimento de que a decisão de consumir está mais relacionada às emo-ções que à razão, caindo por terra a idéia de que as pessoas tomavam decisões de comprar depois de pesar prós e contras num ato de profunda racionalidade.

PoR ÉveRton Saulo SilveiRa*Foto: GuStavo black

* adminiStRadoR com mba em GeStão emPReSaRial e maRketinG, conSultoR de maRketinG do SebRae-mG

“As pessoas tomam decisões baseadas

no seu sistema representacional.”

artigo

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