Passos Para Uma Ecologia Da Mente - Bateson

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Passos para uma Ecologia da Mente Ensaios reunidos sobre antropologia, psiquiatria, evolução e epistemologia Gregory Bateson Traduzido por: Helder Mourão 1 Introdução A ciência da mente e da ordem 2 O título deste livro, de ensaios reunidos e conferencias, é precisamente planejado para definir conteúdos. Os ensaios, expandidos em mais de trinta e cinco anos, combinam o propósito de um novo caminho para pensar as ideias e conjunto de ideias que chamo de “mentes”. Esse caminho de pensamento eu chamo de “ecologia da mente”, ou ecologia das ideias. É uma ciência que ainda não existe como um corpo organizado de teoria ou conhecimento. Mas a definição de “ideia” que esse artigo combina para propor é maior e mais formal do que convencional. Os ensaios tem que falar por si próprios, porém, aqui no começo deixem-me declarar minha convicção do que o que importa inicialmente tal como a simetria bilateral de um animal, o arranjo padronizado das folhas de uma planta, a escalação de uma raça de armamentos, os processos de namoro, a natureza de jogo, a gramática de uma oração, o mistério de evolução biológica, e as crises contemporâneas na relação de homem para ele ambiente, só podem ser entendidos nos termos de uma ecologia das ideias, como eu proponho. Os questionamentos que se levantamos nesse livro são ecológicos: Como as ideias interagem? Há algum tipo seleção natural que determina a sobrevivência de algumas ideias e a extinção ou morte de outras? Que tipo de economia limita a multiplicidade de ideias em uma determinada região da mente? Quais são as condições necessárias para a estabilidade (ou sobrevivência) de um sistema ou subsistema? 1 Tradução feita para a disciplina Ecossistemas Comunicacionais, do Programa de Pós-graduação em Ciências da Comunicação da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). 2 Este ensaio, escrito em 1971, não foi publicado em outro lugar. Algumas dessas questões são abordadas nos ensaios, mas a ideia principal do livro é limpar o caminho para que tais questões possam ser significativamente indagadas. Foi apenas no final de 1969 que eu me tornei plenamente consciente do que eu estava fazendo. Com a redação da palestra de Korzybski, “Forma, substância, e Diferença”, eu encontrei no meu trabalho com os povos primitivos, esquizofrenia, simetria biológica, e no meu descontentamento com as teorias convencionais de evolução e aprendizado, eu tinha identificado um amplo conjunto disperso de pontos de referência ou pontos de referência a partir do qual um novo território científico poderia ser definido. Esses pontos de referência eu tenho chamado de “passos” no título do livro. Na natureza do acaso, um explorador nunca pode saber o que ele está explorando até que tenha sido explorado. Ele não carrega nenhum Baedeker 3 no bolso, sem guia que irá lhe dizer que ele deve visitar igrejas ou em que hotéis ele deveria descansar. Ele tem apenas o ambíguo folclore de outros que já passaram por esse caminho. Sem dúvida, os níveis mais profundos do guia mental do cientista ou do artista em direção a experiências e pensamentos, que são relevantes para os problemas que são de alguma forma deles, e a orientação parece operar muito antes do cientista ter qualquer conhecimento consciente de seus objetivos. Mas como isso acontece, não sabemos. Tenho sido muitas vezes impaciente com os colegas que pareciam incapazes de discernir a diferença entre o trivial e o profundo. Mas quando os alunos me pediram para definir essa diferença, eu fui mudo. Eu disse vagamente que qualquer estudo que lança luz sobre a natureza da “ordem” ou "padrão" no universo é certamente não trivial. Mas essa resposta só levanta a questão. Eu costumava ministrar um curso informal para os residentes psiquiátricos no Hospital de Administração Veterana em Palo Alto, tentando levá-los a refletir alguns dos pensamentos que estão nestes ensaios. Eles iriam participar obedientemente e mesmo com intenso interesse para o que eu estava dizendo, mas a cada ano a questão surgiria após três ou quatro sessões da classe: “O que é este curso sobre tudo?”. 3 Guia de viagem, pioneiro no negócio das viagens, escrito por Karl Baedeker. Nota do Tradutor.

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Tradução livre da introdução do livro de Gregory Bateson. Usada apenas para fins de estudos e não comerciais.

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  • Passos para uma Ecologia da Mente Ensaios reunidos sobre antropologia,

    psiquiatria, evoluo e epistemologia

    Gregory Bateson

    Traduzido por: Helder Mouro1

    Introduo

    A cincia da mente e da ordem2

    O ttulo deste livro, de ensaios reunidos e conferencias, precisamente planejado

    para definir contedos. Os ensaios, expandidos em mais de trinta e cinco anos, combinam o

    propsito de um novo caminho para pensar as ideias e conjunto de ideias que chamo de

    mentes. Esse caminho de pensamento eu chamo de ecologia da mente, ou ecologia das

    ideias. uma cincia que ainda no existe como um corpo organizado de teoria ou

    conhecimento.

    Mas a definio de ideia que esse artigo combina para propor maior e mais

    formal do que convencional. Os ensaios tem que falar por si prprios, porm, aqui no

    comeo deixem-me declarar minha convico do que o que importa inicialmente tal como a

    simetria bilateral de um animal, o arranjo padronizado das folhas de uma planta, a escalao

    de uma raa de armamentos, os processos de namoro, a natureza de jogo, a gramtica de

    uma orao, o mistrio de evoluo biolgica, e as crises contemporneas na relao de

    homem para ele ambiente, s podem ser entendidos nos termos de uma ecologia das ideias,

    como eu proponho.

    Os questionamentos que se levantamos nesse livro so ecolgicos: Como as ideias

    interagem? H algum tipo seleo natural que determina a sobrevivncia de algumas ideias

    e a extino ou morte de outras? Que tipo de economia limita a multiplicidade de ideias em

    uma determinada regio da mente? Quais so as condies necessrias para a estabilidade

    (ou sobrevivncia) de um sistema ou subsistema?

    1 Traduo feita para a disciplina Ecossistemas Comunicacionais, do Programa de Ps-graduao em

    Cincias da Comunicao da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). 2 Este ensaio, escrito em 1971, no foi publicado em outro lugar.

    Algumas dessas questes so abordadas nos ensaios, mas a ideia principal do

    livro limpar o caminho para que tais questes possam ser significativamente indagadas.

    Foi apenas no final de 1969 que eu me tornei plenamente consciente do que eu

    estava fazendo. Com a redao da palestra de Korzybski, Forma, substncia, e Diferena,

    eu encontrei no meu trabalho com os povos primitivos, esquizofrenia, simetria biolgica, e

    no meu descontentamento com as teorias convencionais de evoluo e aprendizado, eu

    tinha identificado um amplo conjunto disperso de pontos de referncia ou pontos de

    referncia a partir do qual um novo territrio cientfico poderia ser definido. Esses pontos

    de referncia eu tenho chamado de passos no ttulo do livro.

    Na natureza do acaso, um explorador nunca pode saber o que ele est explorando

    at que tenha sido explorado. Ele no carrega nenhum Baedeker3 no bolso, sem guia que ir

    lhe dizer que ele deve visitar igrejas ou em que hotis ele deveria descansar. Ele tem apenas

    o ambguo folclore de outros que j passaram por esse caminho. Sem dvida, os nveis mais

    profundos do guia mental do cientista ou do artista em direo a experincias e

    pensamentos, que so relevantes para os problemas que so de alguma forma deles, e a

    orientao parece operar muito antes do cientista ter qualquer conhecimento consciente de

    seus objetivos. Mas como isso acontece, no sabemos.

    Tenho sido muitas vezes impaciente com os colegas que pareciam incapazes de

    discernir a diferena entre o trivial e o profundo. Mas quando os alunos me pediram para

    definir essa diferena, eu fui mudo. Eu disse vagamente que qualquer estudo que lana luz

    sobre a natureza da ordem ou "padro" no universo certamente no trivial.

    Mas essa resposta s levanta a questo.

    Eu costumava ministrar um curso informal para os residentes psiquitricos no

    Hospital de Administrao Veterana em Palo Alto, tentando lev-los a refletir alguns dos

    pensamentos que esto nestes ensaios. Eles iriam participar obedientemente e mesmo com

    intenso interesse para o que eu estava dizendo, mas a cada ano a questo surgiria aps trs

    ou quatro sesses da classe: O que este curso sobre tudo?.

    3 Guia de viagem, pioneiro no negcio das viagens, escrito por Karl Baedeker. Nota do Tradutor.

  • Tentei vrias respostas para essa pergunta. Uma vez eu elaborei uma espcie de

    catecismo e ofereci-o classe como uma amostra das questes que eu esperava que eles

    fossem capazes de discutir depois de completar o curso. As perguntas vo desde O que

    um sacramento? at O que entropia? e O que brincar?. Como uma manobra

    didtica, meu catecismo foi um fracasso: ele silenciou a classe. Mas uma pergunta foi til:

    Certa me recompensa habitualmente seu filho pequeno

    com sorvete depois que ele come seu espinafre. Que

    informao adicional que voc precisa para ser capaz de

    prever se a criana: a. Venha amar ou odiar espinafre; b.

    Amar ou adiar sorvete; ou c. Amar ou odiar a Me?

    Dedicamos um ou dois grupos da classe para explorar as muitas ramificaes

    desta questo, e tornou-se claro para mim que todas as informaes adicionais necessrias

    concentram-se no contexto do comportamento da me e do filho. De fato, o fenmeno do

    contexto e a intima relao com o fenmeno do sentido definiu uma diviso entre as

    cincias duras e o tipo de cincia que eu estava tentando construir.

    Aos poucos, descobri que o que tornava difcil dizer classe sobre o que foi o

    curso foi o fato de que a minha maneira de pensar difere da deles. Uma pista para essa

    diferena veio de um dos alunos. Foi a primeira sesso da turma e eu tinha falado sobre as

    diferenas culturais entre Inglaterra e Estados Unidos uma questo que deve ser sempre

    tocada quando um ingls ensinar americanos sobre a antropologia cultural. No fim da

    sesso, um residente veio. Ele olhou por cima do ombro para ter certeza de que todos os

    outros foram embora, e ento disse sim, hesitante: Eu quero fazer uma pergunta. Sim.

    Voc quer que aprendamos o que voc est nos dizendo? Hesitei um momento, mas

    ele correu com Ou tudo uma espcie de exemplo, uma ilustrao de outra coisa? Sim,

    verdade!.

    Mas um exemplo de qu?

    E ento havia, quase todos os anos, uma queixa vaga que geralmente vinha a mim

    como um boato. Foi alegado que Bateson sabe de alguma coisa que ele no diz, ou H

    algo por trs do que Bateson diz, mas ele nunca diz o que .

    Evidentemente, eu no estava respondendo a pergunta: Um exemplo de qu?

    Em desespero, eu constru um diagrama para descrever o que eu concebo a ser a tarefa do

    cientista. Com o uso desse diagrama, ficou claro que existe uma diferena entre os meus

    hbitos de pensamento e as de meus alunos, pelo do fato de que eles foram treinados para

    pensar e argumentar indutivamente a partir de dados de hipteses, mas nunca para testar

    hipteses contra conhecimentos derivados por deduo, dos fundamentos da cincia ou da

    filosofia.

    O diagrama tinha trs colunas. esquerda, listei vrios tipos de dados no

    interpretados, como um registro de filme do comportamento humano ou animal, uma

    descrio de um experimento, uma descrio ou fotografia do p de um besouro, ou uma

    expresso humana registrada. Sublinhei o fato de que "os dados" no so eventos ou

    objetos, mas sempre registros ou descries ou lembranas de eventos ou objetos. Sempre

    h uma transformao ou recodificao do evento cru que intervm entre o cientista e seu

    objeto. O peso de um objecto medido contra o peso de algum outro objeto ou registrado

    em um metro. A voz humana transformada em magnetizaes variveis de fita. Alm

    disso, sempre e inevitavelmente, h uma seleo de dados, pois do universo total, o passado

    e o presente, no esto sujeitos observao de qualquer posio do observador.

    Em sentido estrito, portanto, no h dados verdadeiramente crus, e cada

    registro foi de alguma forma sujeitos a edio e transformao,

    quer pelo homem ou por seus instrumentos.

    Mas ainda assim os dados so a fonte mais confivel de informaes, e a partir

    deles o cientista tem de comear. Eles fornecem a sua primeira inspirao e para eles, ele

    deve retornar mais tarde.

    Na coluna do meio, listei uma srie de definies imperfeitas de noes

    explicativas que so comumente usadas no comportamento cientifico ego, ansiedade,

    instinto, propsito, esprito, eu, padro de ao fixo, inteligncia, estupidez,

  • maturidade, e afins. Por uma questo de cortesia, eu chamo esses conceitos heursticos;

    mas, em verdade, a maioria deles so to vagamente derivada e assim mutuamente

    irrelevantes que eles se misturam para fazer uma espcie de nevoeiro conceitual que faz

    muito para retardar o progresso da cincia.

    Na coluna da direita, listei o que eu chamo de fundamentos. Estes so de dois

    tipos: proposies e sistemas de proposies que so bvias4 e proposies ou leis que

    geralmente so verdade. Entre as proposies bvias eu incluo as Verdades Eternas da

    matemtica, onde a verdade tautologicamente limitada aos domnios dentro do quais

    conjuntos artificiais de axiomas e definies obtm: Se os nmeros so apropriadamente

    definidos e, se a operao de adio adequadamente definida; ento 5 + 7 = 12. Entre as

    proposies que eu descreveria como cientificamente ou geralmente e empiricamente

    verdade, eu iria listar as leis de conservao de massa e energia, a Segunda Lei da

    Termodinmica, e assim por diante. Mas a linha entre

    verdades tautolgicas e generalizaes empricas no nitidamente definvel, e, entre os

    meus fundamentos, existem muitas proposies cuja verdade nenhum homem sensato

    pode duvidar, mas que no pode ser facilmente classificadas como empricas ou

    tautolgicas. As leis de probabilidade no podem ser declaradas como entendidas e no

    acreditadas, mas no fcil decidir se elas so empricas ou tautolgicas; e isto tambm

    verdade dos teoremas de Shannon na Teoria de Informao.

    Com a ajuda deste diagrama, muito pode ser dito sobre o esforo cientfico todo e

    sobre a posio e direo de qualquer pea particular de inqurito dentro dele. Explicao

    o mapeamento de dados para a fundamentos, mas o objetivo final da cincia o aumento

    do conhecimento fundamental.

    Acreditamos que o avano cientfico predominantemente indutivo e deve ser

    indutivo. Em termos do diagrama, eles acreditam que o progresso realizado atravs do

    estudo dos dados brutos, levando a novos conceitos heursticos.

    4 O autor original usa o termo ingls Truistical, sem traduo para o portugus. O termo usado para

    definir uma verdade bvia, um clich ou uma verdade redundante, em muitos casos com ironia. Nota

    do Tradutor.

    Os conceitos heursticos sero considerados como hipteses de trabalho e

    testados contra mais dados. Aos poucos se espera que os conceitos heursticos venham a ser

    corrigidos e melhorados, at que finalmente eles meream um lugar digno na lista dos

    fundamentos. Cerca de cinquenta anos de trabalho em que milhares de homens inteligentes

    tiveram sua participao, de fato, se produziu uma rica colheita de vrias centenas de

    conceitos heursticos, mas, infelizmente, dificilmente um nico princpio digno de lugar na

    lista de fundamentos.

    evidente em demasia que a grande maioria dos conceitos contemporneos de

    psicologia, psiquiatria, antropologia, sociologia e economia, so totalmente desligados da

    rede de fundamentos cientficos.

    Moliere h muito tempo, descreveu um exame oral de doutorado, em que os

    mdicos aprenderam arguir ao candidato a declarar a causa e razo por que o pio faz as

    pessoas dormirem. O candidato responde triunfante em latim cachorro5, porque h nisso

    um princpio dormitivo (virtus dormitiva).

    Caracteristicamente, o cientista enfrenta um complexo interativo sistema neste

    caso, uma interao entre o homem e o pio. Ele observa uma mudana no sistema o

    homem adormece. O cientista em seguida, explica a mudana, dando um nome a um fictcio

    causa, localizado em um ou outro componente do sistema de interao. Ou o pio contm

    um princpio dormitivo reificado, ou o homem contm uma necessidade reificada para

    dormir, um adormitosis, que expresso em sua resposta ao pio.

    E, caracteristicamente, todas essas hipteses so "dormitivo" no sentido de que

    eles colocaram para dormir a "faculdade crtica" (outra causa fictcia reificada) dentro do

    prprio cientista.

    O estado de esprito ou hbito de pensamento que vai dos dados para a hiptese

    dormitivo e de volta para os dados autoreforo. Existe, entre todos os cientistas, um alto

    5 Trata-se da criao de uma frase ou jargo em imitao ao Latim, frequentemente traduzindo

    palavras inglesas (ou de outros idiomas) para o latim conjugando ou tratando-as como se fossem palavras latinas. s vezes o latim cachorro pode ser uma tentativa de pobre-qualidade em escrever genuinamente o latim. Nota do tradutor.

  • valor de previso, e, de fato, ser capaz de prever fenmenos uma coisa boa. Mas predio

    um teste muito pobre de hipteses, e isto especialmente verdadeiro para a hiptese

    dormitivo. Se afirmarmos que o pio contm um principio dormitivo, podemos dedicar

    uma vida inteira de pesquisa para estudar as caractersticas desse princpio. estabilidade

    trmica? Em que fraco a destilao est localizada? Qual a sua frmula molecular? E

    assim por diante. Muitas destas questes sero responsabilizadas no laboratrio e sero

    conduzidas a hipteses derivativas no menos dormitivo do que a que comeamos.

    Na verdade, a multiplicao das hipteses dormitivas um sintoma de preferncia

    excessiva para a induo, e essa preferncia deve ser sempre levar a algo como o estado

    atual da cincia comportamental a massa de especulao quase-terica alheia qualquer

    ncleo de conhecimento fundamental.

    Por outro lado, eu tento ensinar os alunos e esta coleo de ensaios muito

    preocupada com a tentativa de comunicar essa tese que em pesquisa cientfica voc

    comea a partir de dois princpios, cada qual tem seu prprio tipo de autoridade: as

    observaes no podem ser negadas, e os fundamentos devem ser montados. Voc deve

    obter um tipo de pina de manobrar.

    Se voc est examinando um pedao de terra, ou mapeando as estrelas, voc tem

    dois corpos de conhecimento, nenhum dos quais pode ser ignorado. Tem suas prprias

    medies empricas em uma mo e a Geometria Euclidiana, de outro. Se estes dois no

    pode ser encaixados juntos, em seguida, ento ou os dados esto errados ou voc discutiu

    injustamente um deles ou voc fez uma descoberta central que conduz a uma reviso de

    toda a geometria.

    Quem pretende ser cientista comportamental e nada sabe da estrutura bsica da

    cincia e nada dos 3000 anos de cuidadosa filosofia e do pensamento humanista sobre o

    homem que no se pode definir entre entropia ou sacramento seria melhor manter a sua

    paz, em vez de adicionar a selva existente de hipteses mal passadas.

    Mas o abismo entre a heurstica e o fundamental no o nico, devido ao

    empirismo e o hbito indutivo, nem mesmo para as sedues da aplicao rpida e do

    sistema de ensino deficiente que faz cientistas profissionais separado de homens que se

    importam um pouco com a estrutura bsica da cincia. devido tambm circunstncia de

    que grande parte da estrutura bsica da cincia do sculo XIX foi inadequada ou irrelevante

    para os problemas e fenmenos que confrontou o bilogo e o cientista comportamental.

    Por pelo menos 200 anos, dizem desde o tempo de Newton ao final do sculo

    XIX, a preocupao dominante da cincia era com essas correntes de causa e efeito que

    poderiam ser encaminhadas a foras e impactos. A matemtica disponvel para Newton era

    preponderantemente quantitativa, e este fato, combinado com o foco central sobre as foras

    e impactos, levaram os homens a medir com preciso notveis quantidades de distncia,

    tempo, matria e energia.

    Com as medidas do agrimensor6 se deve combinar a Geometria Euclidiana,

    pensamento to cientfico que teve que combinar com a lei maior da conservao. A

    descrio de qualquer evento examinado por um fsico ou qumico deveria ser fundada

    sobre os balanos de massa e energia, e esta regra deu um tipo particular de rigor para todo

    o pensamento nas cincias duras.

    Os pioneiros da cincia do comportamento no estranhamente comearam suas

    pesquisas de comportamento por desejar uma base rigorosa semelhante para orientar a suas

    especulaes. Comprimento e massa eram conceitos que dificilmente poderiam usar para

    descrever o comportamento (qualquer que seja), mas a energia parecia mais acessvel. Era

    tentador relacionar energia para j existentes metforas como fora de emoes ou

    carter ou vigor. Ou pensar energia, como de alguma forma o oposto de fadiga ou

    apatia. Metabolismo obedece a um balano de energia (no sentido estrito de energia) e

    a energia gasta no comportamento certamente deve ser includa neste balano; portanto,

    parecia sensato pensar a energia como determinante do comportamento.

    Teria sido mais proveitoso pensar em falta de energia como preventivo de

    comportamento, uma vez que, no final, um homem faminto deixar de se comportar. Mas

    mesmo isso no vai fazer: uma ameba, privada de alimentos, tornar-se por mais ativa um

    tempo. O gasto de energia uma funo inversa da entrada de energia.

    6 Profissional que mede e divide propriedades rurais e urbanas. Nota do tradutor.

  • Os cientistas do sculo dezenove (nomeadamente Freud) que tentaram estabelecer

    uma ponte entre os dados comportamentais e os fundamentos da cincia fsica e qumica

    foram, certamente, corretos em insistir na necessidade de tal ponte, mas, creio eu, errado na

    escolha da energia, como a base para essa ponte.

    Se a massa e o comprimento no so apropriados para a descrio do

    comportamento, ento improvvel que seja mais adequada que energia. Afinal de contas,

    a energia Massa x Velocidade, e nenhum cientista comportamental realmente insiste que

    energia psquica uma dessas dimenses.

    necessrio, portanto, olhar novamente entre os fundamentos para um conjunto

    apropriado de ideias contra a qual podemos testar as nossas hipteses heursticas.

    Mas alguns argumentam que o tempo ainda no est maduro; que certamente os

    fundamentos da cincia foram todos obtidas por raciocnio indutivo de experincia, por

    isso, devemos continuar com a induo at chegarmos a uma resposta fundamental.

    Eu acredito que ele simplesmente no verdade que os fundamentos da cincia

    comearam na induo da experincia, e eu sugiro que na busca por uma ponte entre os

    fundamentos, devemos voltar para os primrdios do pensamento cientfico e filosfico;

    certamente um perodo antes da cincia, filosofia e religio se tornou independente

    atividade exercida buscando separar em profissionais, disciplinas separadas. Consideremos,

    por exemplo, o mito de origem central dos povos judaico-cristos. Quais so os problemas

    filosficos e cientficos fundamentais com que este mito est em causa?

    No princpio, Deus criou o cu e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia

    trevas sobre a face do abismo. E o Esprito de Deus se movia sobre a face das guas.

    E disse Deus: Haja luz, e houve luz. E Deus viu que a luz era boa, e Deus separou

    a luz da escurido. E Deus chamou luz de dia, e s trevas chamou Noite. E foi a tarde e a

    manh, o primeiro dia.

    E disse Deus: Haja uma expanso no meio das guas, e haja separao entre guas

    e guas. E Deus fez o firmamento, e dividiu as guas que estavam sob o firmamento das

    guas que estavam acima do firmamento, e assim foi. E chamou Deus expanso Cus. E

    foi a tarde e a manh, o segundo dia.

    E Deus disse: Que as guas debaixo dos cus renam-se em um s lugar, e

    deixem a terra seca aparecer: e assim foi. E chamou Deus Terra terra seca; e ao

    ajuntamento das guas chamou Mares; e Deus viu que isso era bom.

    Verso Autorizada

    Fora destes dez primeiros versos de prosa estrondosa, podemos tirar algumas das

    premissas ou fundamentos do pensamento caldeu antigo e estranho, quase lgubre, notar

    como muitos dos fundamentos e problemas da cincia moderna esto prenunciados no

    antigo documento.

    (1) O problema da origem e natureza da matria sumariamente demitido.

    (2) A passagem lida longamente com o problema da origem da ordem.

    (3) A separao , portanto, gerada entre os dois tipos de problemas. possvel que esta

    separao de problemas tenha sido um erro, mas erro ou no a separao mantida nos

    fundamentos da cincia moderna. As leis de conservao da matria e a energia so, ainda,

    separadas das leis da ordem, entropia negativa, e informao.

    (4) A ordem vista como uma questo de triagem e de diviso. Mas a noo essencial em

    toda classificao que algumas diferenciaes devem causar algumas outras diferenas em

    um momento posterior. Se, estamos classificando bolas pretas de bolas brancas, ou bolas

    grandes de bolas pequenas, uma diferenciao entre as bolas pode ser separa-las de acordo

    com sua localizao bolas de uma classe para um saco e bolas de outra classe para outra.

    Para tal operao, precisamos de algo como uma peneira, um limiar, ou, por excelncia, um

  • rgo sensorial. Compreende-se, portanto, que uma entidade de percepo deve chamar a

    esta funo de criar outra forma ordem improvvel.

    (5) Intimamente ligada com a ordenao e a diviso o mistrio da classificao, a ser

    seguido mais tarde pelo extraordinrio humano nomeador.

    No de todo claro que os vrios componentes deste mito so todos produtos de

    raciocnio indutivo a partir da experincia. E o assunto torna-se ainda mais intrigante

    quando esse mito de origem comparado com outros que abrangem diferentes premissas

    fundamentais.

    Entre os Iatmul da Nova Guin, o mito de origem central, como a histria do

    Gnesis, lida com a questo de como a terra seca foi separado de gua. Dizem que, no

    incio do crocodilo Kavwokmali remou com as patas dianteiras e com as patas traseiras; e

    sua remada manteve a lama suspensa na gua. A grande cultura heri, Kevembuangga, veio

    com sua lana e matou Kavwokmali. Depois que a lama foi estabelecida a terra seca foi

    formando. Kevembuangga ento carimbado com o p sobre a terra seca, ou seja, ele

    orgulhosamente demonstrado que isso era bom.

    Aqui h um caso forte para derivar o mito da experincia combinado com o

    raciocnio indutivo. Depois de tudo, a lama se mantm em suspenso, se agita

    aleatoriamente e se instala quando a agitao cessa. Alm disso, o povo Iatmul vive nos

    grandes pntanos do Sepik River Valley, onde a separao da terra da gua imperfeita.

    compreensvel que eles poderiam estar interessados na diferenciao de terra a partir da

    gua.

    Em qualquer caso, os Iatmul chegaram a uma teoria de ordem, que est quase em

    dilogo exato em relao ao livro de Gnesis. No pensamento Iatmul, a classificao

    ocorrer se a randomizao for impedida. Em Gnesis, um agente chamado para fazer a

    triagem e a diviso.

    Mas ambas as culturas assumem igualmente uma diviso fundamental entre os

    problemas da criao material e os problemas de ordem e diferenciao.

    Voltando agora questo de saber se os fundamentos da cincia e/ou filosofia

    esto em nvel primitivo, chegamos por raciocnio indutivo a partir de dados empricos, a

    crer que a resposta no simples. difcil ver como a dicotomia entre substncia e forma

    pode ser alcanada pelo argumento indutivo. Nenhum homem, afinal, jamais viu ou

    experimentou matria informe e domstica; assim como nenhum homem jamais viu ou

    experimentou um evento de aleatrio. Se, portanto, a noo de um universo sem forma e

    vazio foi obtida pela induo, foi por um monstruoso e talvez errneo salto de

    extrapolao.

    E mesmo assim, no claro que o ponto de partida a partir do qual os filsofos

    primitivos partiram foi observao. pelo menos igualmente provvel que aquela

    dicotomia entre forma e substncia era uma deduo inconsciente da relao de assunto-

    predicado na estrutura de idioma primitivo. Porm, esta uma questo alm do alcance de

    especulao til.

    Seja como for, o central mas geralmente no explcito tema das palestras que

    eu usei para dar aos residentes psiquitricos, e desses ensaios, a ponte entre os dados

    comportamentais e os fundamentos da cincia e da filosofia; e os meus comentrios

    crticos acima sobre o uso metafrico de energia nas cincias do comportamento at

    simplificam acusao de muitos dos meus colegas, que eles tentaram construir a meio

    errada da antiga dicotomia entre forma e substncia. As leis de conservao de energia e

    matria preocupam-se com substncia em vez da forma. Mas os processo mentais, as ideias,

    comunicao, organizao, diferenciao, padro, e assim por diante, so questes de forma

    e no de substncia.

    Dentro do corpo de fundamentos, o qual a metade que trata sobre a forma foi

    enriquecida drasticamente nos ltimos 30 anos, pelas descobertas da ciberntica e da teoria

    dos sistemas. Este livro est em causa com a construo de uma ponte entre os fatos da vida

    e do comportamento e o que sabemos hoje sobre a natureza do padro e da ordem.